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DIREITO_CONSTITUCIONAL_AVANCADO_-_LD1406 (1)

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Prévia do material em texto

autor 
GUILHERME SANDOVAL GÓES
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2018
DIREITO CONSTITUCIONAL 
AVANÇADO
Conselho editorial roberto paes e gisele lima 
Autor do original guilherme sandoval góes 
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção gisele lima, paula r. de a. machado e aline karina 
rabello
Projeto gráfico paulo vitor bastos
Diagramação bfs media
Revisão linguística bfs media
Revisão de conteúdo mariana de freitas rasga
Imagem de capa dm_cherry | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2018.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
G389d Góes, Guilherme Sandoval
 Direito constitucional avançado / Guilherme Sandoval Góes.
 Rio de Janeiro : SESES, 2018.
 176 p: il.
 isbn: 978-85-5548-541-1.
 1. Neoconstitucionalismo. 2. Dogmática pós-positivista. 3. Constitucio-
 nalismo democrático. 4. Ativismo judicial. 5. Área metajurisdicional. 
 I. SESES. II. Estácio. cdd 342
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7
1. Teoria geral do controle de constitucionalidade 9
As premissas do controle de constitucionalidade 10
Tipos de inconstitucionalidade 16
Inconstitucionalidade quanto ao objeto: formal ou material 17
Inconstitucionalidade quanto à conduta: por ação ou por omissão 20
Inconstitucionalidade quanto à relação que mantém com 
a Constituição: direta ou indireta (por derivação ou reflexa) 23
Espécies de controle de constitucionalidade. 27
Controle preventivo de constitucionalidade 29
Controle repressivo de constitucionalidade 36
2. Controle difuso de constitucionalidade 43
A influência do sistema norte-americano (Judicial Review) 44
Efeitos da decisão final de mérito do STF em sede difusa 49
A legitimação para o controle difuso de constitucionalidade 50
A arguição incidental de inconstitucionalidade como causa de pedir 52
A decisão final de mérito do STF e o papel do Senado Federal 
em sede de controle difuso 54
A cláusula de reserva de plenário e a cisão funcional de competência 59
O controle difuso de constitucionalidade em sede de ação civil pública 63
3. Controle abstrato de constitucionalidade 69
A influência do sistema kelseniano-austríaco 70
Elementos comuns das ações de controle abstrato de 
constitucionalidade 74
 A legitimação para o controle abstrato de constitucionalidade 76
A decisão final de mérito do STF no controle abstrato e a 
possibilidade de modulação temporal dos seus efeitos 79
A ação direta de inconstitucionalidade genérica (ADI) 83
Objeto da ação direta de inconstitucionalidade 85
O papel do Advogado-Geral da União (AGU) e do Procurador-Geral 
da República (PGR) em sede de ADI 86
A ação declaratória de constitucionalidade (ADC) 87
Objeto e pressuposto da ação declaratória de constitucionalidade 88
A natureza dúplice da ADI e da ADC 90
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 90
Espécies ou modalidades de ADPF: autônoma e incidental 92
Da aplicação do princípio da subsidiariedade em sede de ADPF 94
A ação direta interventiva (ADINT) 95
Competência para o julgamento da ADINT 96
Legitimação em sede de ADINT 96
Hipóteses de ADINT 97
4. Remédios constitucionais 101
A figura jurídica do habeas corpus 102
A doutrina brasileira do habeas corpus 104
O conceito constitucional e as hipóteses de cabimento do HC 106
Legitimidade ativa e passiva em sede de habeas corpus 108
As modalidades de habeas corpus (preventivo e repressivo) 110
O instituto jurídico do habeas data 110
O conceito constitucional, modalidades e hipóteses de cabimento 111
A legitimação ativa e passiva em sede de habeas data 113
O habeas data como uma das exceções ao princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional 115
O remédio constitucional do mandado de segurança (MS) 116
O conceito constitucional do mandado de segurança 116
Legitimidade ativa e passiva em sede de mandado de segurança 118
Características e hipóteses de cabimento do mandado de segurança 120
As modalidades de mandado de segurança 121
A figura jurídica da ação popular (AP) 124
Conceito constitucional e características da ação popular 125
Legitimidade ativa e passiva em sede de ação popular 126
Competência em sede de ação popular 127
O mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade 
por omissão em perspectiva comparada 129
Características principais da ação direita de inconstitucionalidade 
por omissão (ADO) 129
Características principais do Mandado de Injunção (MI) 131
Comparando os efeitos da ADO e do MI 132
5. Neoconstitucionalismo e dogmática 
pós-positivista 137
A teoria constitucional e seu perfil de evolução 139
O constitucionalismo garantista e o Estado Liberal de Direito 140
O constitucionalismo welfarista e o Estado social de Direito 142
O neoconstitucionalismo e a superação do positivismo jurídico 145
Força normativa da Constituição, paradigmas de racionalidade 
discursiva e fatos portadores de juridicidade 146
A insuficiência do positivismo jurídico na solução dos problemas 
constitucionais da atualidade 149
A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia 152
A estratégia hermenêutica da ponderação harmonizante e 
o princípio da concordância prática 153
A estratégia hermenêutica da ponderação excludente e 
o princípio da proporcionalidade 155
O ativismo judicial e a área metajuriscional do legislador democrático 158
7
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
O presente livro foi planejado para apresentar os principais elementos teóricos 
da disciplina direito constitucional avançado. 
Nesse intuito, foram estabelecidos cinco capítulos que abordam três grandes 
eixos epistemológicos do direito constitucional contemporâneo, quais sejam: o 
controle de constitucionalidade, os remédios constitucionais e o neoconstitucio-
nalismo edificado na dogmática pós-positivista. 
Assim sendo, os três primeiros capítulos examinam as diferentes vertentes ine-
rentes ao complexo sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, cujo mo-
delo de fiscalização de compatibilidade vertical com a Constituição incorporou, a 
um só tempo, tanto o paradigma difuso estadunidense (judicial review) quanto o 
modelo concentrado europeu (kelseniano-austríaco). Além disso, diversos temas 
relevantes serão estudados, dentre eles, as premissas do controle de constituciona-
lidade, os diferentes tipos de inconstitucionalidade, as principais espécies de con-
trole de constitucionalidade, a comparação com o conceito de “stare decisis” dos 
Estados Unidos da América, a cisão funcional de competência e a chamada mo-
dulação temporal dos efeitos da decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal.
Na sequência dos estudos, estudar-se-á a dinâmica jurídica de proteção das 
garantias processuais ativas, também conhecidas como remédios constitucionais. 
Nesse sentido, serão examinados os seguintes writs constitucionais: habeas corpus, 
habeas data, mandado de segurança, ação popular e mandado de injunção. 
Finalmente, no capítulo denominado neoconstitucionalismo e dogmática pós
-positivista, serão abordados os seguintes tópicos: o perfil de evolução do constitu-
cionalismo democrático (liberal e social), as bases epistemológicas que informam 
a chamada reconstrução neoconstitucionalista do direito e a insuficiência do po-
sitivismo jurídico para resolver os problemasconstitucionais hodiernos, notada-
mente, os casos difíceis (hard cases). Por último, o presente livro vai destacar a 
importância da área metajurisdicional na contenção do decisionismo solipsista do 
juiz positivista, reconhecendo um espaço normativo reservado exclusivamente ao 
legislador democrático. 
Bons estudos!
Teoria geral 
do controle de 
constitucionalidade
1
capítulo 1 • 10
Teoria geral do controle de 
constitucionalidade
Neste capítulo, você estudará as bases teóricas que fundamentam o controle 
de constitucionalidade, cuja origem remonta aos primórdios da Revolução france-
sa de 1789. A partir desse grandioso evento, a Constituição passa a ser percebida 
como norma de caráter superior, colocando-se acima de todos os poderes consti-
tuídos do Estado. Nascia assim o constitucionalismo democrático e, na sua esteira, 
o conceito de Estado de Direito como uma resposta ao absolutismo monárquico. 
Nesse sentido, a concepção de um documento escrito e com supremacia passa a 
limitar o poder do Estado perante os indivíduos, institucionalizando um sistema de 
controle de constitucionalidade necessário para conter o arbítrio do Estado. Portanto, 
essa ideia de supremacia da Constituição vai, juntamente, com o conceito de rigidez 
constitucional, possibilitar a guarda dos valores constitucionais da sociedade me-
diante o controle de constitucionalidade, notadamente a jurisdição constitucional.
O controle de constitucionalidade é gênero, enquanto a jurisdição constitu-
cional é espécie, ou seja, existem outras espécies de controle de constitucionalida-
de que não se confundem com a jurisdição, daí a necessidade de estudar os dife-
rentes tipos de inconstitucionalidade, bem como as diferentes espécies de controle 
de constitucionalidade.
OBJETIVOS
• Compreender as premissas do controle de constitucionalidade;
• Examinar os diferentes tipos de inconstitucionalidade;
• Analisar as diferentes espécies do controle de constitucionalidade. 
 
As premissas do controle de constitucionalidade
Para que se possa falar em controle judicial de constitucionalidade, é necessário 
observar dois conceitos fundamentais, quais sejam a supremacia da Constituição e 
a rigidez constitucional. Ou seja, as premissas do controle de constitucionalidade 
são exatamente estes dois conceitos.
capítulo 1 • 11
A ideia de que a Constituição é dotada de supremacia em face das demais 
normas infraconstitucionais que integram a ordem jurídica como um todo é um 
fenômeno que somente se consolida com a famosa decisão do Juiz Marshall, nos 
Estados Unidos da América, no caso Marbury v. Madison, em 1803.
No âmbito do constitucionalismo democrático moderno, tal decisão é a ori-
gem do controle de constitucionalidade, na medida em que selou, definitivamente, 
o princípio da supremacia da Constituição, cuja efetividade passou a ser garantida 
pela intervenção do Poder Judiciário nos casos de violação ao texto constitucional. 
Assim, ficou consolidada a competência da Suprema Corte para invalidar to-
dos os atos do Poder Público que, por ventura, vierem a contrariar a Constituição, 
norma suprema que se coloca acima dos poderes constituídos do Estado. 
Coloca-se assim a Constituição fora da esfera de atuação da vontade circuns-
tancial das maiorias legislativas. 
Portanto, a ideia de controle de constitucionalidade está vinculada ao conceito 
de Estado de Direito, aqui vislumbrado como principal produto do constitucio-
nalismo democrático, cujas origens remontam aos grandes movimentos revolu-
cionários liberais do século XVIII (Revolução americana de 1776 e Revolução 
francesa de 1789). 
Em linhas gerais, o constitucionalismo democrático e, na sua esteira, o Estado 
de Direito, surgem como reação ao Estado Absoluto, com o objetivo específico 
de limitar o exercício arbitrário do poder estatal. Nesse sentido, o leitor vai com-
preender facilmente que a limitação do poder do Estado ocorre a partir de dois 
grandes eixos propulsores, a saber:
a) separação de poderes, ou seja, poderes independentes e harmônicos en-
tre si;
b) positivação de um catálogo de direitos fundamentais do cidadão 
comum. 
Observe, aqui, com atenção, que não haverá Estado de Direito se não houver 
o equilíbrio entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (princípio da se-
paração de poderes). Da mesma forma, não haverá Estado de Direito sem o esta-
belecimento de um regime jurídico de proteção dos direitos fundamentais, que se 
coloque acima das razões de Estado. 
Em consequência, o princípio da supremacia da Constituição pressupõe 
verticalidade normativa que se impõe aos atos emanados do Poder Constituinte 
Derivado Reformador, que não podem contrariá-la. Portanto, há que se 
capítulo 1 • 12
compreender que a supremacia da Constituição é fruto de uma estratégia herme-
nêutica liberal de limitação do poder do Estado. 
Cabe ao Poder Constituinte Originário (único detentor de legitimidade para 
criar o novo Estado e a nova Constituição) estabelecer as limitações constitucionais 
que serão impostas ao Poder Constituinte Derivado Reformador (poder constituído). 
Tais limitações constitucionais são:
a) de ordem material (cláusulas pétreas);
b) de ordem formal (observância das regras do processo legislativo 
constitucional);
c) de ordem circunstancial (proibição de Emendas Constitucionais du-
rante uma Intervenção Federal, Estado de Defesa ou Estado de Sítio). 
Assim, observe, com atenção, que, quando o Poder Constituinte Derivado 
Reformador viola direitos fundamentais do cidadão comum ou fere de morte a 
supremacia de uma Constituição rígida e escrita, o mecanismo de controle de 
constitucionalidade é acionado como elemento garantidor da restauração de equi-
líbrio do sistema jurídico, retirando o ato inconstitucional do mundo jurídico.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho destaca as diferenças entre rigidez e flexibili-
dade constitucionais, bem como as diferenças entre Poder Constituinte Originário 
e Poder Constituinte Derivado, valendo, pois, reproduzir suas palavras:
A distinção entre Constituição rígida e Constituição flexível, entre Poder Constituinte 
originário e Poder Constituinte derivado, implica a existência de um controle de consti-
tucionalidade. De fato, onde este [controle de constitucionalidade] não foi previsto pelo 
constituinte, não pode haver realmente rigidez constitucional ou diferença entre o Poder 
Constituinte originário e o derivado. Em todo Estado onde faltar controle de constitucio-
nalidade, a Constituição é flexível; por mais que a Constituição se queira rígida, o Poder 
Constituinte perdura ilimitado em mãos do legislador. (FERREIRA FILHO, 2009, p. 34)
De tudo se vê, portanto, que os conceitos de rigidez constitucional e suprema-
cia da Constituição estão associados diretamente à ideia de controle de constitu-
cionalidade, ou seja, a supremacia e a rigidez constitucionais são as duas premissas 
imprescindíveis para o controle de constitucionalidade.
A questão que se impõe agora é saber se é o controle de constitucionalidade que ga-
rante a rigidez constitucional e a supremacia da Constituição, ou, o contrário, isto é, se 
são estas que garantem aquele? 
capítulo 1 • 13
Hans Kelsen muito se aproxima de tal questionamento quando alerta que 
“uma Constituição que não dispõe de garantia para anulação de atos inconstitu-
cionais não é, propriamente, obrigatória, (...) não passa de uma vontade despida 
de qualquer força vinculante”. (MENDES & BRANCO, 2013, p.1003-1004). 
Assim, a grande reflexão que a questão encerra é a visão de que a plastici-
dade constitucional (flexibilidade constitucional) inviabiliza um sistema judicial 
de controle de constitucionalidade, na medida em que o Poder Constituinte 
Derivado Reformador continuará atuando como se Poder Originário fosse, ou 
seja, de modo soberano, ilimitado, incondicionado.Portanto, sob os influxos de uma Constituição flexível, não escrita, o legislador ordinário, 
sem nenhum tipo de limitação, tem o poder de alterar a Constituição da mesma forma 
com que edita uma lei infraconstitucional, uma vez que o poder constituinte ilimitado e 
incondicionado continua em suas mãos. Trata-se da supremacia do Parlamento e, não, 
da Constituição.
Assim, já não resta mais nenhuma dúvida de que a rigidez constitucional e a 
supremacia da Constituição são pressupostos do controle de constitucionalidade, 
da mesma forma que o controle de constitucionalidade feito por um órgão cons-
titucionalmente competente é premissa para uma Constituição rígida e suprema.
Não existirá controle de constitucionalidade se não houver uma Constituição 
rígida e com supremacia, da mesma forma que não haverá supremacia consti-
tucional e nem Constituição rígida se não houver controle de constitucionali-
dade. Além dessa conexão direta entre rigidez constitucional e supremacia da 
Constituição, é importante destacar, ainda, que o controle de constitucionalidade 
configura-se como garantia dos direitos fundamentais do cidadão comum, bem 
como da delimitação da fronteira de atuação do Estado a partir das limitações ma-
teriais, formais e circunstanciais ao Poder Constituinte Derivado (Reformador e 
Decorrente), perfazendo as características da vida democrática em um verdadeiro 
Estado de Direito. 
Em outros termos, pode-se afirmar que os conceitos de rigidez constitucio-
nal, supremacia da Constituição, limitações constitucionais ao Poder Constituinte 
Derivado Reformador estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário (nítida 
distinção entre poder originário e poder derivado) e controle de constitucionali-
dade estão umbilicalmente interligados; formam um único corpo epistemológico. 
capítulo 1 • 14
A figura a seguir sintetiza tais ideias.
OBS: 1
OBS: 2
O controle de constitucionalidade possui duas premissas: a rigidez 
constitucional e a supremacia da Constituição. Da mesma forma que a 
inexistência de um órgão constitucionalmente competente inviabiliza o
controle de constitucionalidade, que é pressuposto dos conceitos de
Constituição rígida e supremacia da Constituição.
Sem rigidez constitucional não há imposição de limitações materiais,
formais e circunstanciais ao poder constituinte derivado, e, portanto, não
supremacia formal da Constituição. Ou seja, em regime de flexibilidade
constitucional, não existe controle de constitucionalidade, pois o poder
constituinte derivado também é originário.
CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
RIGIDEZ
CONSTITUCIONAL
LIMITAÇÕES
AO PODER
DERIVADO
SUPREMACIA
DA
CONSTITUIÇÃO
Fonte: Elaborado pelo autor.
Assim sendo, o leitor haverá de concordar que os conceitos de rigidez cons-
titucional, supremacia da Constituição, limitações constitucionais ao Poder 
Constituinte Derivado Reformador e controle de constitucionalidade, são mutua-
mente dependentes, sendo irrelevante determinar quem é pressuposto de quem. 
Como já se viu, sem um órgão controlador da constitucionalidade das leis não 
se pode falar em rigidez constitucional, supremacia da Constituição e distinção 
entre poder constituinte originário e derivado. 
Firme é a convicção de que a existência de um órgão constitucionalmente competente 
para exercer o controle de constitucionalidade é a condição de possibilidade da rigidez 
constitucional, da supremacia da Constituição e da distinção entre poder originário so-
berano e poder derivado limitado.
Com rigor, somente é correto falar em Estado Democrático de Direito se a 
supremacia da Constituição puder ser garantida por órgão competente (Poder 
Judiciário) com força de fiscalização sobre os atores responsáveis pela elaboração 
normativa ordinária (Poder Constituinte Derivado Reformador).
capítulo 1 • 15
Para que haja controle de constitucionalidade, é necessário que a Constituição 
determine qual é o órgão ou quais são os órgãos com legitimidade democrática 
para aferir possíveis violações à Constituição. Realmente, se não houver tal órgão 
próprio destinado a negar validade às leis atentatórias aos princípios e regras da 
Constituição, não há como resguardar sua superioridade perante as leis ordinárias. 
Em um verdadeiro Estado Democrático de Direito, devem existir meios de 
aferição da compatibilidade vertical dos atos estatais inferiores com a Constituição 
por órgão próprio destinado para esta finalidade, ou pelo Poder Judiciário, sendo 
que este último apresenta a vantagem de não participar da produção de leis. 
O legislador ordinário poderá modificar a seu talante as regras constitucionais, se não 
houver órgão destinado a resguardar a superioridade destas sobre as ordinárias. Mas 
ainda, órgão com força bastante para fazê-lo. Isto não quer dizer que é preciso prever 
expressamente a Constituição esse controle, para que ela seja de fato rígida. Basta que 
de seu sistema tal deflua. (FERREIRA FILHO, 2009, p. 34).
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder cons-
tituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional, obra 
do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um poder 
inferior, de competência limitada pela Constituição mesma. As Constituições rígidas, 
sendo Constituições em sentido formal, demandam um processo especial de revisão. 
(BONAVIDES, 2010, p. 296).
Com efeito, de nada adiantaria a imposição de limites materiais ao Poder 
Constituinte Derivado Reformador, se Emendas Constitucionais violadoras de 
cláusulas pétreas não fossem declaradas inconstitucionais, por órgão constitu-
cionalmente competente para tanto. Da mesma forma, de nada adiantariam as 
limitações formais, se os atos legiferantes dos Poderes Legislativo e Executivo 
desrespeitassem o processo legislativo constitucional e não fossem retirados do 
mundo jurídico. Finalmente, de nada adiantaria estabelecer limitações de ordem 
circunstancial, se Emendas Constitucionais fossem promulgadas durante uma 
Intervenção Federal, Estado de Defesa ou Estado de Sítio e, mesmo assim, conti-
nuassem a gerar efeitos no ordenamento jurídico. 
É de se concluir, portanto, que as limitações materiais, formais e circuns-
tanciais que informam a rigidez e a supremacia constitucionais seriam inócuas 
se não existisse órgão constitucionalmente competente para realizar o controle 
capítulo 1 • 16
de constitucionalidade das leis. Sem fiscalização por órgão independente, não há 
controle de constitucionalidade, sem controle de constitucionalidade, não há ri-
gidez constitucional, não há distinção entre poder originário e derivado, não há 
supremacia da Constituição, não há efetiva separação de poderes e não há garantia 
dos direitos fundamentais. Logo, não há Estado Democrático de Direito. 
Uma vez examinadas as premissas do controle de constitucionalidade, é preci-
so agora estudar os diferentes tipos de inconstitucionalidade. 
Tipos de inconstitucionalidade
No âmbito da teoria constitucional contemporânea, deve prevalecer como um 
dos grandes pilares de um verdadeiro Estado de Direito o princípio da separação 
de Poderes, que juntamente com o catálogo de direitos fundamentais do cidadão 
comum irão perfazer a essência do constitucionalismo democrático.
Em consequência, o equilíbrio entre os três poderes e o respeito ao texto cons-
titucional tornam-se o eixo central do Estado de Direito, sem o qual não haverá 
verdadeira sociedade democrática e plural. 
Portanto, quando um dos Poderes do Estado extrapola as fronteiras que lhe 
foram traçadas pela Constituição, cria as condições de possibilidade para os de-
mais Poderes agir no sentido de restaurar a ordem constitucional. 
Isto significa dizer que existe uma série de atos que se caracterizam como 
inconstitucionais, devendo, pois, serem retirados do mundo jurídico.Um ato in-
constitucional nada mais é do que a ação ou omissão que não se coaduna, total ou 
parcialmente, com o texto constitucional, seja formal, seja materialmente. 
É correto afirmar, portanto, que a inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo pode ser aferida a partir de diferentes critérios, como, por exemplo, 
quanto ao objeto (inconstitucionalidade material ou formal), quanto à condu-
ta (inconstitucionalidade por ação/comissiva ou por omissão/omissiva), quanto 
à relação que mantém com a Constituição (inconstitucionalidade direta ou por 
derivação/reflexa); quanto ao tempo (inconstitucionalidade originária ou superve-
niente) e muitos outros. 
Portanto, não resta nenhuma dúvida de que a inconstitucionalidade de um 
determinado ato estatal poderá se manifestar de várias maneiras. Daí a importân-
cia de uma sistematização acerca de suas principais espécies. 
capítulo 1 • 17
Inconstitucionalidade quanto ao objeto: formal ou material 
A inconstitucionalidade quanto ao objeto pode ser decomposta em dois tipos, 
a saber: inconstitucionalidade material e a inconstitucionalidade formal. A figura 
a seguir sintetiza tal divisão.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
Quanto ao
objeto
INCONSTITUCIONALIDADE
MATERIAL
INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL
Violação ao texto
constitucional
Vícios: iniciativa,
competência e processo
legislativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
A inconstitucionalidade material ocorre quando há violação ao conteúdo do 
texto constitucional, ou seja, quando uma norma fere, por exemplo, um princípio 
ou preceito constitucional ou um direito fundamental. 
Assim sendo, uma norma que, por exemplo, afronte o núcleo essencial do prin-
cípio da dignidade da pessoa humana seria materialmente inconstitucional. Observe, 
com atenção que a ofensa ao conteúdo da Constituição representa um vício insa-
nável, vale dizer, essa norma sempre seria considerada inconstitucional, mesmo que 
tivesse cumprido rigorosamente todas as etapas formais do processo legislativo. 
O vício material de inconstitucionalidade pressupõe a violação de uma con-
duta imposta pela Constituição, ou seja, há um descompasso entre o conteúdo 
do ato público e a Constituição. Isto significa dizer que a inconstitucionalidade 
material da lei ou ato normativo surge com a discrepância entre o ato do legislador 
(em sua substância) e as regras e princípios constitucionais. 
capítulo 1 • 18
Em termos simples, a inconstitucionalidade material, também denominada de 
inconstitucionalidade de conteúdo ou substancial, está relacionada à "matéria" do 
texto constitucional, ao seu conteúdo jurídico-axiológico. No dizer do Min. Barroso:
A inconstitucionalidade material expressa uma incompatibilidade de conteúdo, subs-
tantiva entre a lei ou ato normativo e a Constituição. Pode traduzir-se no confronto 
com uma regra constitucional - e.g., a fixação da remuneração de uma categoria de 
servidores públicos acima do limite constitucional (art. 37, XI) - ou com um princí-
pio constitucional, como no caso de lei que restrinja ilegitimamente a participação de 
candidatos em concurso público, em razão do sexo ou idade (arts. 5º, caput, e 3º, IV), 
em desarmonia com o mandamento da isonomia. O controle material de constitucio-
nalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas constitucionais: de 
organização, definidoras de direitos e programáticas. (BARROSO, 2009, p. 29)
Em síntese, a inconstitucionalidade material, diferentemente da formal, diz 
respeito ao mérito conteudístico da Carta Ápice, não podendo, por via de conse-
quência, ser sanada. Nesse sentido, a inconstitucionalidade material envolve a afe-
rição do desvio de poder ou do excesso de poder legislativo a partir da aplicação do 
princípio da proporcionalidade e seus subprincípios da adequação e necessidade.
O vício de inconstitucionalidade substancial por violação ao subprincípio da adequa-
ção ocorre quando se constata a incompatibilidade da lei com os fins constitucional-
mente previstos.
Já a inconstitucionalidade substancial por violação ao subprincípio da necessidade 
ocorre quando a lei impugnada não é aquela que traz a menor restrição ao outro direito 
constitucional em colisão. 
Já a inconstitucionalidade formal pressupõe a violação das normas do devido 
processo legislativo (seja um vício de iniciativa, seja outro vício qualquer do curso 
normal de feitura da norma), bem como a violação das normas determinantes do 
sistema constitucional de repartição de competências. 
Observe, com atenção, que a institucionalidade formal se configura quando 
uma regra qualquer do devido processo legislativo deixa de ser observado, seja 
um vício de iniciativa, como, por exemplo, os projetos de iniciativa privativa do 
Presidente da República, seja um quórum qualificado que deixa de ser cumprido, 
como, por exemplo, a maioria absoluta para um projeto de lei complementar.
Quando o vício de inconstitucionalidade é relativo à violação do sistema cons-
titucional de repartição de competências, temos a chamada inconstitucionalidade 
capítulo 1 • 19
formal orgânica. Assim, observe que a inconstitucionalidade formal orgânica é 
apenas uma espécie do gênero inconstitucionalidade formal. Sua caracterização 
ocorre quando um ente federativo legisla na competência de outro. 
Como exemplos de inconstitucionalidade formal orgânica, podemos citar uma lei federal 
que regula o tempo de espera em filas de banco em determinado município, ou, então, 
lei estadual que legisla sobre direito penal sem autorização de lei complementar federal.
Além da inconstitucionalidade formal orgânica atrelada ao vício de competên-
cia dos entes federativos, existem ainda duas outras modalidades de inconstitucio-
nalidade formal propriamente dita e que são:
a) a inconstitucionalidade formal subjetiva (vício de iniciativa no pro-
cesso legislativo);
b) a inconstitucionalidade formal objetiva (qualquer outro vício do 
processo legislativo, exceto o vício de iniciativa). 
A figura a seguir sintetiza tal tipo de sistematização.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
Quanto à
conduta
INCONSTITUCIONALIDADE
POR AÇÃO
INCONSTITUCIONALIDADE
POR OMISSÃO
Ação positiva ensejar a
incompatibilidade vertical
Objeto: normas de
eficácia limitada
Fonte: Elaborado pelo autor.
Finalmente, é importante destacar que a Súmula número cinco não mais vigo-
ra, pois, o atual entendimento do STF é no sentido de que a sanção do Presidente 
da República não sana o vício de iniciativa, isto é, o fato de o Chefe do Poder 
Executivo ter sancionado uma lei cuja iniciativa legislativa era sua, não livra tal 
ato de ser declarado inconstitucional por vício de iniciativa (inconstitucionalidade 
formal subjetiva).
capítulo 1 • 20
Inconstitucionalidade quanto à conduta: por ação ou por omissão
A inconstitucionalidade quanto à conduta pode ser decomposta em dois ti-
pos, a saber: inconstitucionalidade por ação (comissiva) e a inconstitucionalidade 
por omissão (omissiva). A figura a seguir sintetiza tal classificação.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
Quanto à
conduta
INCONSTITUCIONALIDADE
POR AÇÃO
INCONSTITUCIONALIDADE
POR OMISSÃO
Ação positiva ensejar a
incompatibilidade vertical
Objeto: normas de
eficácia limitada
Fonte: Elaborado pelo autor.
A inconstitucionalidade por ação surge quando uma lei ou ato normativo 
viola o texto constitucional, extrapolando os limites jurídicos impostos por ela. 
Portanto, a inconstitucionalidade por ação pressupõe um ato positivo contrário à 
Constituição. 
Ou seja, diferentemente da inconstitucionalidade por omissão que pressupõe 
uma inação estatal relativa a um dever constitucional de legislar, a inconstitucio-
nalidade por ação é aquela que nasce com uma ação positiva do Estado, que por 
algum motivo afronta a Constituição. 
Em linhas gerais, a inconstitucionalidade por ação temum campo de atuação 
que projeta a imagem de atos estatais reais incompatíveis com a Carta Ápice, não 
importando a caracterização dessa violação, seja relativa à forma ou conteúdo. O 
que importa aqui ressaltar é que esse tipo de inconstitucionalidade requer uma 
conduta ou ação positiva do Estado-legislador, cujo conteúdo ou forma são in-
compatíveis com a ordem constitucional. 
capítulo 1 • 21
Já a inconstitucionalidade por omissão será configurada quando o Estado dei-
xar de agir positivamente diante de um comando constitucional. 
A omissão inconstitucional, seja do legislador/administrador democrático, 
seja do juiz contramajoritário, pressupõe um “não fazer” do Estado, que neutraliza 
a eficácia positiva ou simétrica da norma constitucional em tela. 
Com rigor, somente pode ser objeto de uma declaração de inconstitucionali-
dade por omissão, um não fazer do Estado relativo a uma norma de eficácia limi-
tada, na medida em que tais normas têm sua efetividade ou eficácia social atrelada 
a uma ação legiferante superveniente do legislador democrático.
Nesse sentido, a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal entende que 
a inconstitucionalidade por omissão somente se caracteriza quando o “não fazer estatal” 
deixa de regulamentar normas constitucionais de eficácia limitada, exatamente porque 
são as únicas cuja aplicabilidade depende da intervenção legislativa superveniente do 
legislador. (STF, Pleno, ADO n. 297, julgamento em 25/04/96, rel. Min. Octávio Gallotti)
Observe que as normas de eficácia plena e as normas de eficácia contida, cuja 
característica em comum é a entrada no mundo jurídico com aplicabilidade direta 
e imediata, vale explicitar, a entrada no mundo jurídico com eficácia positiva ou 
simétrica, não são suscetíveis de gerar a declaração de inconstitucionalidade por 
omissão. Em termos simples, contra normas de eficácia plena ou normas de eficá-
cia contida, não cabe a declaração de inconstitucionalidade por omissão. 
Além disso, a doutrina costuma também classificar a inconstitucionalidade 
por omissão em dois subtipos, a saber: a omissão total ou omissão parcial. Na 
omissão total ou absoluta, o non facere do Estado atinge por completo o man-
damento constitucional, que deixa de ser cumprido integralmente. Ou seja, não 
existe nenhuma norma regulamentadora do dispositivo constitucional em apreço. 
Já a inconstitucionalidade por omissão parcial ocorre quando houver o des-
cumprimento parcial da norma constitucional, vale dizer, quando a lei regula-
mentadora até existe, porém regula de modo deficiente ou insuficiente a norma de 
eficácia limitada paradigma do controle. 
Nesse sentido, é importante destacar que o STF já reconheceu a inconstitu-
cionalidade por omissão parcial no caso da lei que regulamentou o salário mínimo 
(artigo 7°, IV, da CRFB/88). Entendeu a Corte Suprema Constituição que a lei 
fixou o salário mínimo em condições insatisfatórias em relação ao determinado no 
mandamento constitucional. 
capítulo 1 • 22
Salário Mínimo. Valor Insuficiente. Situação de Inconstitucionalidade por Omissão Par-
cial. A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido em importân-
cia que se revele incapaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e 
dos membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da 
Constituição da República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o 
sujeito concretizante do postulado constitucional que garante à classe trabalhadora um 
piso geral de remuneração (CF, art. 7º, IV), estará realizando, de modo imperfeito, o pro-
grama social assumido pelo Estado na ordem jurídica. (...) As situações configuradoras 
de omissão inconstitucional – ainda que se cuide de omissão parcial, derivada da insu-
ficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma impositiva 
fundada na Carta Política, de que é destinatário – refletem comportamento estatal que 
deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como um dos 
processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à cen-
sura do Poder Judiciário. (STF, Ação Direta de Inconstitucionalidade – Medida Cautelar 
n. 1.458, julgada em 23/05/96).
Mas o que significa dizer que a lei regula de modo deficiente, imperfeito ou insuficiente? 
A não observância do princípio da isonomia pode ser enquadrada como uma regulamen-
tação deficiente, imperfeita ou insuficiente?
Significa dizer que a regulamentação de modo deficiente, imperfeito ou in-
suficiente não viabiliza o pleno gozo dos efeitos pretendidos pela norma consti-
tucional de eficácia limitada. Portanto, a resposta ao segundo questionamento é 
afirmativa, ou seja, a omissão parcial também estará caracterizada quando a lei 
existente violar o princípio da isonomia, não permitindo que a regulamentação 
integral seja aproveitada por todos os beneficiários possíveis. 
Em outros termos, a regulamentação será deficiente, imperfeita ou insuficien-
te, por exemplo, quando determinada lei regulamentadora conceder benefícios 
apenas a determinado grupo, não incluindo outros. Nesse sentido, a exclusão 
implícita de benefícios, embora não tenha sido positivada pela lei que outorga 
benefícios a certo grupo, caracteriza também a regulação deficiente, imperfeita ou 
insuficiente, na medida em que exclui sua aplicação a outros segmentos. 
Em suma, é a própria Lei nº 13.300/16 (Lei que disciplina o processo e o 
julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo) que, inovando a 
ordem jurídica, faz referência direta à expressão “falta total ou parcial de norma 
regulamentadora”, expressão esta que não se encontra positivada na Constituição 
de 1988. Portanto, agora, a figura jurídica do Mandado de Injunção também é 
instrumento hábil para combater a omissão parcial, vale repetir, situações em que, 
capítulo 1 • 23
apesar da existência de regulamentação, esta for insuficiente, nos termos do art. 
2º, caput, e parágrafo único da referida lei. (GÓES & MELLO, 2016, p. 101).
Art. 2º da Lei nº 13.300/16. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta 
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e li-
berdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e 
à cidadania. 
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes 
as normas editadas pelo órgão legislador competente.
Em síntese, resta indubitável que o reconhecimento da existência de omissão 
parcial representa um grande avanço no combate à síndrome de inefetividade das 
normas constitucionais de eficácia limitada. 
A figura jurídica do Mandado de Injunção é vocacionada para suprimir 
omissões normativas do legislador democrático, que tenham latitude para esva-
ziar completamente direitos e liberdades dos cidadãos, como no caso das normas 
constitucionais de eficácia limitada, em que a garantia de sua eficácia positiva ou 
simétrica fica dependente, necessariamente, de lei regulamentadora ulterior. Com 
isso, o direito que é garantido pela Constituição fica sem ser exercido porque con-
dicionado à edição normativa superveniente. 
Eis aqui a importância do Mandado de Injunção: combater a síndrome de 
inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada a partir da concreti-
zação do direito faltante no caso concreto. 
Inconstitucionalidade quanto à relação que mantém com a Constituição: direta ou 
indireta (por derivação ou reflexa)
A inconstitucionalidade quanto à relação que mantém com a Constituição 
pode ser classificada em duas categorias, a saber: inconstitucionalidade direta e 
inconstitucionalidade indireta, também chamada de inconstitucionalidade por 
derivação ou inconstitucionalidade reflexa. 
Para compreender melhor esses dois tipos de inconstitucionalidade, é impor-
tante examinaros conceitos de atos primários e atos secundários, dentro da pirâ-
mide normativa de Hans Kelsen. 
capítulo 1 • 24
A figura a seguir mostra tal pirâmide de modo detalhado.
CONSTITUIÇÃO
Norma Suprema
ATOS PRIMÁRIOS
ATOS SECUNDÁRIOS OU INFRALEGAIS
VERTICALIDADE FUNDAMENTADORA KELSENIANA
.
Leis complementares, leis ordinárias
medidas provisórias, leis delegadas, decretos
legislativos, resoluções, decretos autônomos, etc.
Decretos regulamentadores de lei, portarias de ministérios,
resoluções do Banco Central, etc.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Observe, com atenção, pela pirâmide hierárquica (verticalidade fundamenta-
dora kelseniana), que existe uma linha vertical de hierarquia, na qual uma norma 
constitui o fundamento de validade de outra. Ou seja, uma norma encontra fun-
damento naquela outra que lhe é imediatamente superior. 
Assim, os atos secundários (decretos regulamentadores de leis, ordens de ser-
viço e portarias de Ministérios e Secretarias dos Estados, resoluções do Banco 
Central etc.) encontram seu fundamento de validade no âmbito normativo dos 
atos primários, que, por sua vez, se subordinam diretamente à Constituição, nor-
ma superior, ocupando o vértice da pirâmide hierárquica.
Pela figura, fácil é perceber que os atos normativos primários (leis complemen-
tares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos, reso-
luções do poder legislativo, decretos autônomos do Presidente da República, tra-
tados internacionais que não versem sobre direitos humanos, regimentos Internos 
dos tribunais, resoluções do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional 
do Ministério Público) retiram seus fundamentos diretamente da Constituição. 
Tais atos primários são considerados atos normativos dotados de autonomia 
nomológica, isto é, são atos normativamente autônomos, na medida em que, na 
pirâmide kelseniana, estão localizados imediatamente abaixo da Constituição. Ou 
capítulo 1 • 25
seja, o fundamento direto e imediato de validade desses atos primários é a própria 
Carta Magna. É nesse sentido que parte da doutrina entende que a Constituição 
atua como fundamento de validade, engate lógico, enfim razão de ser dos atos 
primários. Em termos figurados, os atos primários bebem diretamente na norma 
superior constitucional, sua nascente e fonte geradora.
Os atos normativos primários possuem força normativa capaz de criar, modificar ou re-
vogar relações jurídicas, desde que observadas as diretrizes constitucionais. São atos 
com autonomia monológica que se caracterizam por possuir aptidão normativa capaz de 
inovar a ordem jurídica como um todo. Podem, portanto, alterar o universo normativo-po-
lítico do Estado, gerando direitos e deveres em nível infraconstitucional.
O mesmo não acontece com os secundários, que podem, no máximo, regular a apli-
cação desses direitos e deveres, mas, nunca, determinar sua criação, modificação ou 
revogação no mundo jurídico.
Assim sendo, fácil é perceber que os atos secundários, também denominados 
atos infralegais ou atos não-primários, estão localizados em patamar inferior aos 
atos primários, que lhes servem de nascente e engate lógico. Ou seja, os atos nor-
mativos secundários encontram como fundamento direto de validade os atos nor-
mativos infraconstitucionais, não havendo, portanto, nenhum vínculo direto com 
a Constituição. Tais atos estão direta e materialmente atrelados aos atos primários 
e não à Constituição, ou seja, para os atos infralegais, a Constituição aparece ape-
nas como fundamento indireto, reflexo. 
É por isso que surge a classificação de inconstitucionalidade direta e indire-
ta/reflexa/indireta, ou seja, a inconstitucionalidade direta caracteriza a violação da 
Constituição por intermédio de um ato primário, enquanto a inconstitucionalidade 
indireta ocorre quando uma norma secundária viola indiretamente a Constituição.
Na primeira modalidade, a norma primária viola a Constituição sem inter-
mediação de qualquer outro ato ou veículo normativo. Há, portanto uma relação 
direta com a Constituição. É o caso, por exemplo, de lei estadual criando tipo 
penal, ou, então, medida provisória versando sobre direitos políticos. A afronta 
dessas espécies normativas é direta à Constituição (art. 22, I, a / art. 62, § 1º, I, a, 
ambos da CRFB/88).
Diferente é a inconstitucionalidade indireta como, por exemplo, na hipótese de 
um decreto editado pelo Presidente da República para regulamentar uma determi-
nada lei infraconstitucional e feito de forma incompatível com a Constituição. 
capítulo 1 • 26
Observe, com atenção, que nessa hipótese, o controle não é de constituciona-
lidade e, sim, controle de ilegalidade. O decreto regulamentador de lei não violou 
diretamente a Constituição. 
Assim sendo, é correto afirmar que o direito brasileiro não admite a existência 
de uma inconstitucionalidade por derivação, indireta, derivada, mediata, uma vez 
que a norma fundamentadora não é a Constituição, mas, sim, a lei infraconsti-
tucional sendo regulamentada. É por isso que o conflito das normas infralegais 
com a Constituição caracteriza o vício de ilegalidade, que, em última instância, 
equivale à inconstitucionalidade indireta, reflexa ou oblíqua. 
Em linhas gerais, pode-se afirmar que a inconstitucionalidade indireta ou por 
derivação não deixa de representar uma violação de norma jurídica por ato de 
poder, porém não se confunde com a inconstitucionalidade direta, exatamente 
pela dignidade normativa do preceito violado, qual seja uma norma de dignidade 
normativa infraconstitucional. No Brasil, jurisprudência e doutrina não admitem 
a inconstitucionalidade indireta, reflexa, oblíqua, mediata ou por derivação, na 
medida em que o conceito de inconstitucionalidade fica restrito à inconstituciona-
lidade direta, deixando-se a inconstitucionalidade indireta o campo da ilegalidade. 
A figura a seguir, retirada da obra “Controle de Constitucionalidade” dos au-
tores Guilherme Sandoval Góes e Cleyson de Moraes Mello, mostra com precisão 
a diferença entre controle de constitucionalidade e controle de legalidade.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONSTITUIÇÃO
LEIS INFRACONSTITUCIONAIS
INCONSTITUCIONALIDADE
INDIRETA OU REFLEXA
ATOS
NORMATIVOS
PRIMÁRIOS
ATOS
SECUNDÁRIOS
OU INFRALEGAIS INCONSTITUCIONALIDADE
DIRETA
CONTROLE DE
LEGALIDADE
Fonte: GÓES & MELLO, 2016, p. 85.
capítulo 1 • 27
Com a devida sensibilidade acadêmica, o leitor haverá de compreender que os concei-
tos de “inconstitucionalidade” e “ilegalidade” não se confundem. Com efeito, o controle 
que incide sobre atos infralegais (atos normativos secundários que retiram sua fonte de 
validade diretamente das leis infraconstitucionais) não é propriamente de constituciona-
lidade, mas sim de legalidade. (GÓES & MELLO, 2016, p. 85)
Em conclusão, de tudo se vê, portanto, que o controle de legalidade é feito 
contra atos secundários ou infralegais e transita no campo do direito administra-
tivo, enquanto que o controle de constitucionalidade é feito contra atos primários 
e milita no campo do direito constitucional.
Uma vez examinada a diferença conceitual entre controle de constitucionali-
dade e controle de legalidade, é importante agora examinar as espécies do controle 
de constitucionalidade no âmbito do direito constitucional brasileiro. 
CONEXÃO
 
Acesse o link para ouvir o MP4 e assistir o vídeo sobre fenômeno da inconstitucionali-
dade através de:
http://portaldoaluno.webaula .com.br/Cursos/gen_aula_mais/jur isdicao_ 
constitucional/mp3/arq/aula_1.mp3
h t t p : / / p o r t a l d o a l u n o . w e b a u l a . c o m . b r / C u r s o s / p o a 0 0 8 / c o n t e u d o /
aula_mais.htm#myModal
Espécies de controle de constitucionalidade.
Nesta parte, você estudará as espécies de controle de constitucionalidade. 
O primeiro ponto a ser destacadodeve ser o fato de que o sistema de controle 
de constitucionalidade das leis pode ser classificado segundo três grandes critérios, 
a saber:
a) Quanto ao momento de realização do controle: controle preventivo ou 
repressivo;
b) Quanto à natureza do órgão de controle: controle político ou judicial; 
c) Quanto ao órgão judicial que exerce o controle: controle difuso ou 
concentrado. 
capítulo 1 • 28
O sistema brasileiro adotou diferentes modelos estrangeiros de controle de 
constitucionalidade, bem como criou diversas ações genuinamente brasileiras, que 
foram sendo concebidas após a redemocratização do País a partir da promulgação 
da Constituição de 1988. 
Com isso, temos um dos sistemas mais complexos do mundo, que engloba tanto 
o modelo repressivo quanto o modelo preventivo. O primeiro é uma espécie de con-
trole que é feito após a norma entrar no mundo jurídico, já o segundo é o controle 
que é feito durante as fases de elaboração da norma, isto é, a norma ainda se encontra 
em fase de elaboração (projeto), mas já é objeto de controle de constitucionalidade.
Da mesma forma, quanto à natureza do órgão de controle, o sistema brasileiro 
adotou tanto o controle político feito pelos Poderes Legislativo e Executivo, quan-
to o controle judicial feito pelo Poder Judiciário em determinada ação judicial. 
Finalmente, com relação ao critério relativo ao órgão judicial que exerce o 
controle, nosso sistema optou pelos dois modelos existentes, quais sejam, o siste-
ma norte-americano do Judicial Review (controle difuso) e o sistema kelseniano
-austríaco (controle concentrado). 
O sistema difuso norte-americano, também denominado de Judicial Review, é 
um sistema que se caracteriza pelo controle de constitucionalidade feito por qual-
quer um dos órgãos do Poder Judiciário (daí a designação de controle difuso) a partir 
de um determinado caso concreto (daí a designação de controle concreto ou subjeti-
vo), tendo-se a questão de inconstitucionalidade como uma questão incidental (daí 
a designação de controle incidental). Portanto, o Judicial Review norte-americano 
projeta, a um só tempo, a ideia de controle difuso, concreto e incidental. 
Já o sistema concentrado, também denominado de sistema kelseniano-aus-
tríaco, é um sistema que se caracteriza pelo controle de constitucionalidade feito 
por apenas um órgão de cúpula do Poder Judiciário (daí a designação de controle 
concentrado no Tribunal Constitucional) sem depender de nenhum caso concreto 
(daí a designação de controle abstrato ou objetivo), tendo-se a questão de incons-
titucionalidade como uma questão principal da ação (daí a designação de controle 
principal). Portanto, o sistema kelseniano-austríaco projeta, a um só tempo, a 
ideia de controle concentrado, abstrato e principal. Além disso, como bem desta-
cam os professores Guilherme Sandoval Góes e Cleyson de Moraes Mello:
Resta indubitável, portanto, os fatores que permitem afirmar que o Brasil ostenta o mais 
perfeito sistema de controle de constitucionalidade do mundo, sem rival em perspectiva 
comparada com o direito de outros Estados nacionais. Sem nenhuma dúvida, existem
capítulo 1 • 29
diversos mecanismos, situações, oportunidades e instrumentos de controle de constitu-
cionalidade que só se encontram no Brasil, não se tendo notícia de similares no resto do 
mundo. O quadro a seguir mostra, em visão panorâmica, as diferentes modalidades de 
controle de constitucionalidade do nosso sistema. (GÓES & MELLO, 2016, p. 126/127)
QUANTO AO 
MOMENTO DE 
REALIZAÇÃO DO 
CONTROLE
Controle Preventivo
(feito antes de a norma 
entrar no mundo jurídico)
Controle Repressivo
(feito depois de a norma 
ter entrado no mundo 
jurídico)
QUANTO À NATUREZA 
DO ÓRGÃO 
CONTROLADOR
Controle Político
(feito pelos poderes 
legislativo e executivo)
Controle Judicial 
ou jurídico
(feito pelo poder 
judiciário)
QUANTO AO 
ÓRGÃO JUDICIAL 
QUE EXERCE O 
CONTROLE
Controle difuso
(feito por qualquer órgão 
do poder judiciário)
Controle concentrado
(feito exclusivamente 
pelo Supremo Tribunal 
Federal)
QUANTO À FORMA 
DE CONTROLE 
JUDICIAL
Controle por 
via incidental
(feito a partir de um caso 
concreto)
Controle por 
via principal
(feito de forma abstrata 
de lei ou ato normativo 
em tese)
Uma vez examinados os principais critérios e modelos de controle de consti-
tucionalidade, você deve agora estudar, com maiores detalhes, o complexo sistema 
brasileiro, valendo, pois, começar com o controle preventivo de constitucionalida-
de, seja o controle político, seja o controle judicial.
Controle preventivo de constitucionalidade 
Como já visto, o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, quanto 
ao momento de sua realização, pode ser classificado como preventivo ou repressivo. 
O controle será preventivo quando a tarefa de aferição de compatibilidade vertical 
Constituição-ato normativo for desempenhada durante o processo de elaboração do 
respectivo ato normativo, ou seja, antes mesmo de ele adentrar ao mundo jurídico. 
capítulo 1 • 30
Você pode verificar facilmente que tal tipo de controle incide, portanto, so-
bre projetos, sejam projetos de emenda constitucional (PEC), sejam projetos de 
lei (PL) ou qualquer outro ato normativo, passível de sofrer controle prévio ou 
preventivo. 
O fato é que, diferentemente das normas já formadas, cujo controle será re-
pressivo, os projetos de emendas constitucionais e de leis ordinárias e complemen-
tares sofrerão controle preventivo, com o objetivo de impedir que atos normativos 
inconstitucionais entrem em vigor. 
Observe, com atenção, que o objetivo do controle preventivo ou prévio é 
evitar a publicação e promulgação de normas suscetíveis de serem declaradas in-
constitucionais. Portanto, a tarefa de fiscalização da constitucionalidade de pro-
jetos de emendas e leis é realizada ainda durante o processo de elaboração do ato 
legislativo correspectivo, isto é, antes mesmo de ele se completar; de adentrar ao 
mundo jurídico. Sua finalidade principal é evitar a entrada em vigor de um ato 
inconstitucional antes do término do devido processo constitucional legislativo.
O controle preventivo é típico do direito francês, ou pelo menos, a França 
é o país mais citado por adotar tal tipo de controle. Com efeito, em França, o 
controle preventivo de constitucionalidade é feito exclusivamente pelo Conselho 
Constitucional, órgão encarregado de examinar previamente a constitucionalida-
de dos projetos de lei que tramitam no Parlamento, o que evidente faz com que o 
controle francês seja classificado como controle preventivo. 
O Conselho Constitucional é composto por nove Conselheiros escolhidos 
pelo Presidente da República e pelo Parlamento, tendo como membros natos os 
ex-Presidentes. Com rigor, não é propriamente um órgão de jurisdição constitu-
cional, na medida em que se manifesta previamente à promulgação das leis, em 
regra. Isto significa dizer por outras palavras que não há controle jurisdicional feito 
pelo Poder Judiciário, inabilitado que está para declarar a inconstitucionalidade 
das leis francesas. Nesse sentido, Luis Roberto Barroso mostra que:
Embora o modelo francês seja frequentemente referido como o arquétipo do controle 
político de constitucionalidade das leis, afigura-se mais apropriada a designação de 
controle não judicial. É que, no fundo, é o fato de não integrar o Poder Judiciário e 
de não exercer função jurisdicional o que mais notadamente singulariza o Conseil 
Constitutionnel – junto com o caráter prévio de sua atuação. (BARROSO, 2009, p. 43)
capítulo 1 • 31
De tudo se vê, portanto, que o Conselho Constitucional francês, nos termos 
do artigo 62 da Constituição de 1958, é o órgão responsável pelo controle preven-
tivo de constitucionalidade, não podendo nenhuma lei ser promulgada nem posta 
em vigorse for declarada inconstitucional por ele. Em termos simples, o Conselho 
Constitucional afere previamente as propostas legislativas com o objetivo de veri-
ficar se existe alguma inconstitucionalidade. 
Entretanto, essa ideia de exclusividade do controle preventivo está sendo des-
feita a partir do artigo 61-1 da Constituição de 1958 que autoriza o Conselho 
Constitucional a realizar o controle repressivo de determinada lei que “atente con-
tra os direitos e liberdades que a Constituição garante”, desde que os pedidos 
de inconstitucionalidade sejam feitos pelo Conselho de Estado ou pela Corte de 
Cassação. 
No dizer de Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi: “A exclusividade do controle 
judicial preventivo não existe mais na França. O art. 61-1 da Constituição, (...), 
prevê que o Conseil Constitutionnel pode realizar controle repressivo a pedido dos 
Tribunais Superiores”. (DIMOULIS & LUNARDI, 2017, p. 91). 
Em suma, um ponto importante que deve ser destacado é o fato de que o 
sistema de controle de constitucionalidade da França já não é mais exclusivamente 
preventivo a partir da Emenda Constitucional n. 724, de 23 de julho de 2008, que 
trouxe uma nova realidade para o modelo francês. 
Outro ponto importante a destacar é a ideia de que o controle preventivo ou 
prévio de constitucionalidade tanto pode ser exercido pelos Poderes Legislativo 
e Executivo, quanto pelo Poder Judiciário, daí sua divisão em duas modalidades 
distintas: controle preventivo político e controle preventivo judicial. 
Controle preventivo político
Em linhas gerais, o controle preventivo político é aquele que é exercido pelos 
poderes do Estado encarregados das decisões de caráter político-democrático, legi-
timados pelo voto popular, ou seja, pelos Poderes Legislativo e Executivo.
Trata-se, portanto, do controle preventivo político, que é feito durante o pro-
cesso de criação de lei ou ato normativo, seja pelo Chefe do Poder Executivo, seja 
pelo Congresso nacional. A doutrina costuma destacar duas grandes modalidades 
desse tipo de controle, a saber:
a) controle preventivo político feito pelo Poder Legislativo a partir das 
Comissões de Constituição e Justiça (CCJ);
capítulo 1 • 32
b) controle preventivo político feito pelo Poder Executivo a partir do veto 
do Chefe do Poder Executivo. A figura a seguir sintetiza tal tipo de controle.
CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE
Controle Político
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO
E JUSTIÇA (CCJ)
VETO JURÍDICO DO CHEFE
DO PODER EXECUTIVO
Decisão da CCJ não é
vinculante
Veto jurídico pode ser
rejeitado pelo Congresso
em Sessão Conjunta
Observe, com atenção, que o sistema constitucional brasileiro comporta duas 
hipóteses de controle preventivo político, nos moldes do sistema francês.
A primeira hipótese surge com a atuação das Comissões Permanentes de 
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que tem sua base jurídica fincada no art. 
58 da CRFB/88. Com efeito, durante o processo legislativo, a função da CCJ é ava-
liar previamente a compatibilidade dos projetos que serão apreciados pelo Plenário 
das respectivas Casas Legislativas, ou seja, julgam preliminarmente a constitucio-
nalidade dos projetos que serão enviados para a sessão plenária do Parlamento, nos 
termos do Regimento Interno de cada uma das duas Casas Legislativas.
Em termos gerais, cabe à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania ana-
lisar os aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa 
de projetos, emendas ou substitutivos sujeitos à apreciação do Plenário, bem como 
assunto de natureza jurídica ou constitucional que lhe seja submetido, em consul-
ta, pelo Presidente da Casa Legislativa, pelo Plenário ou por outra Comissão, ou 
em razão de recurso previsto no próprio Regimento.
Questão fundamental que surge é saber se o parecer dessas Comissões tem sempre 
força vinculante, ou seja, o que acontece quando a CCJ decide pela inconstituciona-
lidade de um projeto qualquer?
capítulo 1 • 33
A resposta é negativa. Com efeito, o parecer da CCJ não tem efeito vinculan-
te, uma vez que tal parecer é suscetível de revisão pelo Plenário da Casa Legislativa. 
Assim, por exemplo, nos termos do art. 101, §§ 1º e 2º do Regimento Interno 
do Senado Federal, quando os projetos receberem pareceres contrários da CCJ, 
quanto ao mérito, serão tidos como rejeitados e arquivados definitivamente, salvo 
recurso de um décimo dos membros do Senado no sentido de sua tramitação. 
Além disso, tratando-se de inconstitucionalidade parcial, a Comissão poderá 
oferecer emenda corrigindo o vício. Trata-se da assim chamada Emenda Saneadora 
de Inconstitucionalidade. 
Em consequência, não obstante o parecer negativo da CCJ, seja do ponto de 
vista formal ou material, tal pronunciamento não tem força vinculante absoluta, 
podendo, assim, ser derrubado em certas situações. É exatamente por isso que par-
te da doutrina (posição minoritária) entende que o parecer da CCJ não caracteriza 
realmente um controle preventivo político de constitucionalidade.
Finalmente, é importante salientar que não existe controle preventivo político 
exercido pela CCJ nos projetos de medidas provisórias, resoluções dos tribunais e 
decretos autônomos do Chefe do Poder Executivo.
Além do controle da CCJ, existe, também, uma segunda modalidade de con-
trole preventivo político feito Poder Executivo e que é o veto do Presidente da 
República na elaboração das leis infraconstitucionais (leis complementares e leis 
ordinárias), conforme o art. 66, § 1º, da Constituição de 1988. 
Observe, com atenção, que o veto do Chefe do Poder Executivo, durante 
a criação da lei ou do ato normativo, caracteriza uma modalidade específica de 
controle preventivo político. Aqui, a atuação do Presidente da República e demais 
Chefes de Governo de âmbito estadual e municipal (Governador e Prefeito) no 
âmbito de controle preventivo político ocorre a partir do chamado veto jurídico.
Somente o veto jurídico pode ser caracterizado como sendo um controle preventi-
vo político, uma vez que é baseado na inconstitucionalidade do projeto de lei, total ou 
parcialmente. Ou seja, a compreensão de que um determinado projeto de lei aprovado 
pelo Poder Legislativo não se coaduna com o interesse público (veto político) não tem 
o condão de caracterizar controle de constitucionalidade, na medida em que não existe 
nenhuma incompatibilidade vertical com a Constituição. 
Trata-se de juízo estritamente político de conveniência e oportunidade. (BARROSO, 
2009, p. 68). Em consequência, a figura do veto político, que é oferecido em virtude de 
contrariar o interesse público, não viabiliza controle preventivo de constitucionalidade 
pelo Presidente da República. 
capítulo 1 • 34
Diferentemente do que ocorre com a atuação das Comissões de Constituição, 
Justiça e Cidadania, a atuação do Presidente da República tem o condão de im-
pedir que o projeto inconstitucional se converta em lei, não havendo, por isso, 
dúvidas quanto à caracterização do veto jurídico como modalidade de controle de 
constitucionalidade preventiva. 
No entanto, não há, por outro lado, nenhuma dúvida de que o veto do 
Presidente da República pode vir a ser derrubado pela maioria absoluta das Casas 
do Congresso Nacional, em sessão conjunta, nos termos do art. 67 da Constituição 
da República federativa do Brasil. 
Controle preventivo judicial
Em regra, o controle preventivo no Brasil é político, ou seja, feito pelos Poderes 
Legislativo e/ou Executivo. Normalmente, não se atribui ao Poder Judiciário a 
competência para o exercício do controle preventivo de constitucionalidade.
Entretanto, existe uma hipótese na qual o controle preventivo será jurisdicio-
nal e não político. Trata-se aqui de mandado de segurança impetrado por parla-
mentar em nome de seu direito líquido e certo de participar do devido processo 
legislativo.Ou seja, somente o parlamentar tem esse direito de participação em 
processo legislativo hígido, no qual as limitações constitucionais do poder consti-
tuinte derivado reformador serão observadas.
Em consequência, toda vez que as limitações constitucionais (materiais, formais 
e circunstanciais) não forem observadas durante a execução de um projeto de lei ou 
ato normativo, surge para o parlamentar (deputado ou senador) a legitimidade ad 
causam para impetrar mandado de segurança. (GÓES & MELLO, 2016, p. 142).
Ou seja, somente o parlamentar é legitimado para pleitear, mediante a im-
petração de mandado de segurança em defesa de seu direito líquido e certo de 
participar do devido processo legislativo, o trancamento do processo legislativo 
que viole uma cláusula pétrea ou que deixe de observar as regras atinentes ao 
processo legislativo constitucional ou, ainda, que não cumpra as limitações de 
ordem circunstancial (proibição de aprovar emendas constitucionais durante uma 
intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio). Veja a questão a seguir.
Na hipótese de apresentação de um projeto de emenda constitucional (PEC) que vise trans-
formar o Brasil em um Estado Unitário, poderá determinado parlamentar impetrar mandado 
de segurança perante o STF solicitando a imediata interrupção da votação de tal PEC, ar-
guindo violação de seu direito líquido e certo de participar do processo legislativo hígido?
capítulo 1 • 35
A resposta é afirmativa, pois, essa hipótese não caracterizaria uma questão 
“interna corporis” e, sim, violação de uma cláusula pétrea. Assim, é importante 
compreender que, muito embora ao Poder Judiciário, em geral, não se atribua 
competência para o exercício do controle preventivo de constitucionalidade, o 
direito brasileiro admite tal hipótese nos projetos de emenda à Constituição que 
vão de encontro às cláusulas pétreas. Nesse sentido, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal é firme no sentido de afirmar que os parlamentares estão legi-
timados para pleitear, mediante a impetração de mandado de segurança peran-
te aquela Corte, o trancamento do processo legislativo nessas hipóteses, ou seja, 
deputados federais e senadores da República têm o direito público subjetivo de 
não deliberar sobre qualquer proposta de emenda tendente a abolir qualquer das 
cláusulas pétreas.
A figura a seguir sintetiza os elementos essenciais do controle preventivo exer-
cido pelo Poder Judiciário em uma ação judicial. 
Controle Preventivo
Judicial
Mandado de Segurança
impetrado por Parlamentar (MS)
Violação do Direito Líquido e Certo de
“Participar do Devido Processo Legislativo”
 Inobservância das limitações constitucionais ao Poder
 Constituinte Derivado Reformador:
a) Limitações materiais: Cláusulas Pétreas;
b) Limitações formais: regras do processo legislativo;
c) Limitações circunstanciais: Intervenção Federal, Estado de
defesa e Estado de Sítio
 Não se admite MS para as questões “Interna Corporis”..
.
Em suma, é correto afirmar que existem três modalidades de controle preventi-
vo, duas do controle político (veto jurídico do Chefe do Poder Executivo e parecer 
capítulo 1 • 36
negativo das Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania) e uma do controle 
judicial (Mandado de Segurança impetrado por Parlamentar perante o STF).
Uma vez examinadas as espécies do controle preventivo, resta, agora, estudar 
as modalidades do controle repressivo ou posterior de constitucionalidade, cujo 
objetivo é retirar do ordenamento jurídico uma norma inconstitucional.
Controle repressivo de constitucionalidade 
O controle repressivo também pode ser dividido em duas modalidades, quais 
sejam o controle repressivo político feito pelos Poderes Executivo e Legislativo e 
o Controle repressivo judicial feito pelo Poder Judiciário, seja em sede difusa, seja 
em sede abstrata. Vale, pois, iniciar, agora, o estudo do controle repressivo político. 
Controle repressivo político
O controle repressivo político é aquele que é exercido, depois de completo o 
processo de elaboração legislativa, pelos Poderes Executivo e Legislativo. 
Existem duas grandes modalidades desse controle, quais sejam: 
a) controle repressivo político feito pelo Poder Legislativo: exercido a 
partir de um Decreto Legislativo do Congresso Nacional que suspende a 
eficácia de um ato do Poder Executivo que tenha exorbitado de sua função 
regulamentar ou extrapolado os limites de delegação legislativa recebida, 
com amparo no art. 49, V, da CRFB/88; 
b) controle repressivo político feito pelo Poder Executivo: exercido a 
partir de um Decreto autônomo do Chefe do Poder Executivo, nas esferas 
federal, estadual e municipal, que suspende a aplicação de uma lei conside-
rada inconstitucional, sob pena de crime de responsabilidade.
A primeira modalidade mostra que o Poder Legislativo exerce o controle repressivo 
político quando resolve suspender a eficácia de um ato normativo do Poder Executivo 
que tenha exorbitado de sua função regulamentar (Decreto Regulamentador de Lei) 
ou extrapolado os limites de delegação legislativa concedida (Lei Delegada), com am-
paro no art. 49, V, da CRFB/88. Observe que nesta modalidade de controle repressi-
vo, um determinado ato normativo do Poder Executivo (Decreto Regulamentador de 
capítulo 1 • 37
Lei ou Lei Delegada) está sendo privado de sua regular produção de efeitos pelo fato 
de ter invadido a esfera de competências do Poder Legislativo. 
A espécie normativa que susta os atos normativos do Poder Executivo (Decreto Regu-
lamentador de Lei ou Lei Delegada) é um Decreto Legislativo do Congresso Nacional.
Nesse sentido, a questão que se impõe, agora, é saber se tal Decreto Legislativo editado 
pelo Congresso Nacional pode ser objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI) perante o Supremo Tribunal Federal?
A resposta deve ser afirmativa, na medida em que o Decreto Legislativo editado 
pelo Congresso Nacional é um ato normativo primário e federal, previsto no art. 59, 
VI, da CRFB/88, logo, ato passível de ser objeto de uma ADI. Em termos simples, 
cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade de Decreto Legislativo que sustou um 
Decreto Regulamentador de Lei ou uma Lei Delegada do Chefe do Poder Executivo. 
Além desse caso, parte da doutrina também entende que fica caracterizado 
o controle repressivo político feito pelo Poder Legislativo quando o Congresso 
Nacional rejeita uma Medida Provisória em razão de algum vício de inconsti-
tucionalidade, seja material ou formal. Com efeito, nos termos do art. 62, §5.º, 
da Constituição de 1988, o Poder Legislativo tem competência para proceder a 
rejeição de uma Medida Provisória no prazo de 60 dias, prorrogável uma única 
vez por mais 60 dias. 
Entretanto, aqui, o leitor deve observar, com atenção, que não há consenso na 
doutrina, com grandes dificuldades para a aceitação desta tese (que reconhece tal 
tipo de modalidade de controle repressivo político). Ou seja, há uma controvérsia 
acerca da classificação desse tipo de controle: seria controle preventivo ou repres-
sivo. Parte da doutrina entende que:
Neste último caso, contudo, não há consenso doutrinário, bem como existem também 
algumas dificuldades para se aceitar essa tese. Em primeiro lugar, tem-se dificulda-
de de se concluir que a rejeição se deu por motivo de inconstitucionalidade, espe-
cialmente porque as decisões legislativas, nestes casos, não vêm acompanhadas de 
fundamentação ou de motivação eminentemente políticas que são. Por outro lado, 
temos dúvidas em afirmar que essa seria uma hipótese de controle repressivo. Nesta 
perspectiva, interessa saber se o controle de constitucionalidade que incide sobre uma 
medida provisória seria preventivo ou repressivo. (GÓES & MELLO, 2016, p.146)
capítulo 1 • 38
Com isso, fica claro que o controle repressivo político comporta duas modali-
dades,que a figura a seguir ressalta com precisão.
CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE
Controle Político
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO
E JUSTIÇA (CCJ)
VETO JURÍDICO DO CHEFE
DO PODER EXECUTIVO
Decisão da CCJ não é
vinculante
Veto jurídico pode ser
rejeitado pelo Congresso
em Sessão Conjunta
Fonte: Elaborado pelo autor.
Observe, com atenção, que o sistema constitucional brasileiro comporta duas 
hipóteses de controle preventivo político, nos moldes do tradicional sistema po-
lítico francês.
Controle repressivo judicial
O controle judicial leva em consideração a natureza do órgão que exerce o 
controle e que no caso é o Poder Judiciário, daí a denominação de controle técnico 
como sinônimo de controle judicial, jurisdicional ou jurídico. 
Como toda decisão judicial, de caráter técnico, o ato de controle de cons-
titucionalidade necessita de fundamentação jurídica, daí a ideia de que o siste-
ma de controle de constitucionalidade judicial representa a chamada jurisdição 
constitucional. 
A questão que agora se impõe é saber se o ato judicial de controle de constitucionalida-
de é exclusivo do Supremo Tribunal Federal ou não?. Nesse mesmo sentido, é importan-
te questionar quais são as duas modalidades do controle repressivo judicial?
capítulo 1 • 39
Em termos simples, a resposta à primeira pergunta é negativa, ou seja, o sis-
tema brasileiro tanto admite o controle jurisdicional feito pelo Supremo Tribunal 
Federal quanto por qualquer outro órgão do Poder Judiciário com função 
jurisdicional. 
Ou seja, já respondendo o segundo questionamento, pode-se afirmar que o 
controle repressivo judicial tem duas modalidades, a saber: o controle difuso feito 
por qualquer juiz ou tribunal e o controle concentrado feito exclusivamente pelo 
Supremo Tribunal Federal.
Em consequência, o controle judicial concentrado, também denominado con-
trole abstrato ou principal, tem como característica marcante o fato de que cabe ao 
órgão de cúpula do Poder Judiciário a tarefa de controlar a constitucionalidade das 
leis num processo abstrato e cuja questão principal da ação é exatamente a decla-
ração ou não de inconstitucionalidade dessas leis supostamente inconstitucionais. 
Observe, com atenção, que o controle concentrado de constitucionalidade 
fica restrito às hipóteses nas quais as ações serão propostas pelos legitimados do 
art. 103 da CRFB/88 e apresentadas diretamente ao órgão de cúpula do Poder 
Judiciário, isto é, o Supremo Tribunal Federal. Enquadram-se na modalidade de 
controle repressivo judicial concentrado, as seguintes ações: 
a) ação direta de inconstitucionalidade (ADI);
b) ação declaratória de constitucionalidade (ADC);
c) arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF);
d) ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO). 
Alguns autores ainda incluem a chamada ação direta interventiva (ADINT) 
como uma quinta modalidade de controle concentrado efetuado pelo STF. Todas 
essas modalidades serão examinadas com mais detalhes no capítulo 3 do presente 
Livro Didático.
Já o controle repressivo judicial difuso de constitucionalidade das leis se carac-
teriza pela possibilidade de qualquer juiz ou tribunal aferir – de forma incidental 
- a questão da inconstitucionalidade a partir de um determinado caso concreto. 
Assim, sendo, em sede de controle difuso, admite-se que qualquer órgão juris-
dicional exerça essa tarefa de fiscalização de compatibilidade vertical com a Carta 
Ápice. 
Tal questão surge naturalmente durante a apreciação da causa como uma 
questão incidental, nunca como questão principal da lide, daí a designação de 
controle incidental de constitucionalidade. Portanto, observe, com atenção, que o 
capítulo 1 • 40
controle difuso no Brasil é exercido no bojo de ações comuns, como, por exemplo, 
os mandados de segurança, as ações de conhecimento, de execução, cautelares 
etc. Ou seja, a atuação fiscalizadora do juiz ou tribunal não é a questão principal 
do processo, figurando, apenas, como um incidente que o magistrado deve antes 
aferir para poder apreciar o pedido formulado pelo autor da ação.
CONEXÃO
Acesse o link para ouvir o MP4 e assistir o vídeo sobre sobre as modalidades de controle 
da constitucionalidade.
http://portaldoaluno.webaula .com.br/Cursos/gen_aula_mais/jur isdicao_ 
constitucional/mp3/arq/aula_3.mp3
h t t p : / / p o r t a l d o a l u n o . w e b a u l a . c o m . b r / C u r s o s / p o a 0 0 8 / c o n t e u d o /
aula_mais.htm#myModal
No próximo capítulo, você vai estudar com maiores detalhes esse tipo de con-
trole de constitucionalidade. 
ATIVIDADES
O Presidente da República, amparado pelo artigo 68 da Constituição da República, soli-
cita delegação ao Congresso Nacional para legislar sobre direito civil, matéria não vedada a 
tal espécie normativa. Após apreciação da solicitação feita pelo Presidente da República, o 
Congresso Nacional editou a Resolução competente (delegação externa corporis), na forma 
do art. 68, § 2.º, da Constituição da República, autorizando que o Presidente da República 
disciplinasse a matéria, sem, contudo, tratar de questões relativas a relações contratuais 
entre particulares. 
A despeito da reserva feita pela Resolução do Congresso Nacional, o Presidente da 
República disciplinou mediante lei delegada questões relativas a relações contratuais entre 
particulares, extrapolando, pois, os limites da delegação legislativa recebida. 
A partir da situação descrita, responda justificadamente:
a) Poderia o próprio Congresso Nacional tomar alguma providência contra o ato do Pre-
sidente da República (providência motu próprio) ou deveria o Congresso Nacional recor-
rer ao Poder Judiciário para que este tome as providências que forem necessárias?
capítulo 1 • 41
b) A delegação legislativa feita mediante Resolução do Congresso Nacional está de 
acordo com a Constituição de 1988? 
c) O ato que susta a lei delegada também seria uma Resolução do Congresso Nacio-
nal?
d) Poderia o Presidente da República impugnar perante o Poder Judiciário o ato que 
sustou a lei delegada? 
REFLEXÃO
Neste capítulo, você estudou as bases teóricas que informam o controle de constitucio-
nalidade. Inicialmente, foram examinadas as premissas do controle de constitucionalidade 
e que são a supremacia da Constituição e a rigidez constitucional. Nesse contexto, ficou 
claro que a ideia de uma Constituição rígida, escrita e com supremacia é a condição de 
possibilidade da jurisdição constitucional. Na sequência dos estudos, foram identificados 
os diferentes tipos de inconstitucionalidade, bem como as principais espécies de controle 
de constitucionalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. Exposição 
sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2009. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 25 ed., São Paulo: Malheiros,2010.
DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Curso de processo constitucional. Controle de 
constitucionalidade e remédios constitucionais. 5 ed., São Paulo: Atlas, 2017.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 35 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
GÓES, Guilherme Sandoval, MELLO, Cleyson de Moraes. Controle de Constitucionalidade. Rio de 
Janeiro: Freitas Bastos, 2016. 
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8 ed. 
São Paulo: Saraiva, 2013.
capítulo 1 • 42
Controle difuso de 
constitucionalidade
2
capítulo 2 • 44
Controle difuso de constitucionalidade
Neste capítulo, você estudará as bases teóricas que fundamentam o controle 
difuso de constitucionalidade no Brasil. O controle difuso, também denominado 
incidental, concreto, indireto, de exceção, de defesa, é aquele

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