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RELAÇÃO SOLO-PLANTA INTRODUÇÃO Do ponto de vista físico-químico, o solo pode ser considerado um sistema aberto, trifásico e multicomponente Fração sólida Fração líquidaFração gasosa Solo Interface dos três sistemas Composição do solo 25% 45 - 48% 2-5% 25% Água Ar Minerais Matéria Orgânica 50 % fase sólida 50 % de poros ± 25 % ± 25 % ± 2 – 5 % INTRODUÇÃO Dinâmica dos nutrientes no solo Impacto do Manejo da Fertilidade do Solo e do Uso Eficiente de Corretivos e Fertilizantes nas Lavouras, Perspectivas Formas em que os nutrientes são absorvidos em condições de solo. NUTRIENTE FORMAS NUTRIENTE FORMAS Nitrogênio NO3 - e NH4 + Boro H3BO3 Fósforo H2PO4 - Cloro Cl- Potássio K+ Cobre Cu++ Cálcio Ca++ Ferro Fe++ e Fe+++ Magnésio Mg++ Manganês Mn++ Enxofre SO4 = Molibdênio MoO4 = Zinco Zn++ Cobalto Co++ M.O. fresca M.O. humus Sólidos areia Comp. mineral silte argila Macro – 17% Poros Micro – 33% Limite dos tamanhos das partículas dos solos Classes texturais Argila Silte Areia Muito Fina Areia Fina Areia Média Areia Grossa Areia Muito Grossa Cascalho 0 - 0,002 0,002 - 0,02 0,02 - 0,05 0,05 - 0,02 0,2 - 0,5 0,5 -1 1 - 2 > 2 mm |-------------------------Terra fina-------------------------| SISTEMA COLOIDAL 3.1. Propriedades de um sistema coloidal a) Grande Superfície Específica (m2/g) Variações devidas a: - * Textura - * Tipos de mineral argila - * Teor de matéria orgânica 5 cm 5 cm 5 cm 1 cm 1 cm ÁREA SUPERFICIAL DAS PARTÍCULAS Comparação do Tamanho Relativo das Particulas do Solo Bola de basquete frisbee Areia (granulado ao tato) Silte (farinhado ao tato) moeda Argila (liso ao tato) 2.00 - 0.05 mm 0.05 - 0.002 mm < 0.002 mm Superfície Específica dos principais componentes da fração argila do solo Constituintes da fração argila Superfície específica (m2 g-1) Gibsita 1-2,5 Caulinita 10-30 Goethita 30 Mica hidratada 100-200 Clorita 100-175 Óxidos de ferro 100-400 Sílica amorfa 100-600 Vermiculita 300-500 Alofana 400-700 Montmorilonita 700-800 Matéria orgânica ± 700 * * Muito variável b) Cargas Elétricas + adsorve íons opostos - c) Cinética ❖ - Movimento Browniano ❖ - Movimento Difusão ❖ - Movimento causado Força gravitacional. Mineralogia da Fração Argila Argilas Silicatadas Duas unidades estruturais básicas: 1 tetraedro de sílica e um octaedro de alumina Origem das argilas silicatadas Alteração 2KAlSi3O8 + 9H2O + 2H + → Al2(Si2O5).(OH)4 + 4SiO2 + 2KOH Ortoclásio (Feldspato de potássio) Caulinita – argila 1:1 Insolúvel - residuo Solúveis - removidos Recristalização Caulinita Representação esquemática das argilas do grupo da caulinita (tipo 1:1) Montmorilonita Representação esquemática das argilas do grupo da montmorilonita (tipo 2:1) Argilas não silicatadas: Óxidos de Fe e Al Predominantes: Gibgsita (Al2O3.3 H2O) e a Goethita (Fe2O3.H2O) Substituição isomórfica (cargas permanentes) Origem das cargas elétricas Negativas (-) Al OH Al OH OH OHOO Sem substituição Mg OH Al OH OH OHOO 1/2 1/2 Com substituição Exemplo de substituição isomórfica (Mg → Al nos octaedros de Al e Al → Si nos tetraedros de Si) Origem das cargas elétricas Negativas (-) Cargas variáveis - dissociação dos grupos OH nas bordas de um cristal de argila. R C OH O R C O + H2O O + OH (1) Carboxílicos (2) Fenólicos Elevação do pH (Dissociação) (Dissociação) Formação de cargas negativas dependentes de pH OH O + H2O + OH Matéria orgânica + 3OH OH Al Al O OH OH (Dissociação)(3) Óxidos Elevação do pH Exemplos de formação de cargas dependentes de pH + 3H2O OH Al Al O OH OH (4) Complexos (Desobstrução) Elevação do pH Exemplos de formação de cargas dependentes de pH (Fonte: Lopes & Guidolin, 1989) Al R C O O R C O O R C O O + Al(OH)3 R C O O R C O O R C O O + 3OH Positivas (+) As cargas positivas têm sua origem nos óxidos e hidróxidos de ferro e de Al, preferencialmente. De maneira mais significativa em condições mais ácidas de solo. OH Al Al O OH OH OH2 + Al Al O OH2 + OH2 + 3H+ + Diminuição do pH Formação de cargas positivas no solo pela protonação de hidroxilas (OH) dos óxidos e hidróxidos de Fe e Al. TROCA IÔNICA: é a reação de troca entre íons de mesma carga a) Troca Catiônica ADSORÇÃO E TROCA IÔNICA (Adsorção não específica) a) Troca Aniônica CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC) CTC Permanente CTC dependente de pH CTC Efetiva Princípios Básicos do Fenômeno de Troca Catiônica a) É reversível b) É estequiométrico c) É um processo rápido Características da CTC do Solo a) CTC efetiva (t) SB + Al3+ b) Potencial a pH 7,0 (T) SB + Al3+ + H+ b) Soma de Bases (SB) Ca2++ Mg2++ K+ + Na+* + NH4 +* c) Saturação por Bases (V) V = SB/T * 100 Características da CTC do Solo d) Acidez Trocável Representada pelo Al 3+ e) Acidez Potencial Representada pelo (H + Al) f) Saturação por Alumínio m = Al3+/(SB+Al3+) * 100 Expressão da CTC CTC centimolesc (10 - 2 moles de carga) por dm3 (cmolc/dm 3) ou milimolesc (10-3 moles de carga) por dm3 ( mmolc/dm 3) Recordando: o que é 1 milimolc de um cátion? É igual a 1 miligrama (1 mg) de hidrogênio ou seu equivalente; ou, é igual ao peso atômico em g / valência / 1000. Logo: 1 centimolc de hidrogênio é igual a 10 miligramas (10 mg) de H + ou seu equivalente; ou, peso atômico em g / valência / 100. Resumindo: reage desloca cmolc de A cmolc de B troca substitui Exemplo: qual é o centimolc de cálcio em relação ao hidrogênio, ou seja, qual a quantidade de cálcio necessária para deslocar 10 mg de hidrogênio? 1 centimolc H + = Peso atômico / valência / 100 = 1,008g / 1 / 100 = 0,01008 g ou 10,08 mg de H+ 1 centimolc Ca 2+ = Peso atômico / valência / 100 = 40,08 / 2 / 100 = 0,2004 g ou 200,4 mg de Ca2+ 200 mg de Ca2+ deslocam 10 mg de H+ e 1 cmolc de Ca 2+ equivale a 200 mg Exemplo: Qual o centimol de carga do potássio, do alumínio e do magnésio? Potássio = 39,102 / 1 / 100 = 391,02 mg Alumínio = 26,981 / 3 / 100 = 89,94 mg Magnésio = 24,312 / 2 / 100 = 121,56 mg Variação da CTC em função do pH do meio Tipo de argila pH 2,5 a 6,0 pH 7,0 Aumento % aumento Caulinita 4 10 6 150,0 Montmorilonita 95 100 5 5,3 Fonte: Russel e Russel, 1968. --------------------cmolc/kg----------------- CTC Potencial a pH 7,0, de alguns materiais trocadores constituintes do solo. Material CTC (cmolc/kg) Matéria orgânica Vermiculita 150-400 100-150 Montmorilonita Ilita 80-150 20-50 Clorita 10-40 Haloisita . 4H2O 40-50 Haloisita . 2H2O 5-10 Caulinita 3-15 Óxidos de Fe e Al 4-10 Wutke ; Camargo (1972) Capacidade de troca de cátions de alguns materiais Material CTC Superfície específica Tamanho cmolc/kg m 2/g Mat. Org. humificada 100 - 250 - Vermiculita 100 - 150 - - Montmorilonita 80 - 120 800 0,01 - 1,0 Ilita 30 - 50 100 0,1 - 2,0 Clorita 10 - 40 - - Glauconita 5 - 40 - - Haloisita 5 - 10 - - Caulinita 3 - 15 3 0,1 - 5,0 Óxidos de Fé e Al 2- 5 - - Fonte: Adaptado de Fassbender, 1980. u - Solo Prof. Argila MO CTC Total da MO cm ----------- % --------- - ----cmolc/kg----- % PVLs 0-6 5 0,8 3,2 2,2 69 Pml 0-15 6 0,6 3,3 2,1 64 Pln 0-14 12 2,5 10,0 8,2 82 Pc 0-16 19 2,4 7,4 6,0 81 PV 0-12 13 1,4 3,7 2,7 73 E 0-15 64 4,5 24,4 15,0 62 LR 0-18 59 4,5 28,9 16,1 56 LEa 0-17 24 1,2 3,9 2,9 74 Capacidade de troca de cátions de amostras de solos, total e da matéria orgânica. Fonte: Raij, 1981. Devida à MO Série preferencial de troca H+ >>> Al3+ > Ca2+ > Mg2+ . K+ > Na+ Capacidade de troca de ânions a) Não existe um mecanismo totalmente definido b) NO3 - extremamente móvel c) SO4 2- pode ser retido fracamente sob certas condições d) Em valor baixo de pH, arestas quebradas de argila e óxidos, hidróxidos e oxi-hidróxidosde Fe e Al podem gerar cargas positivas Delta pH ( pH) Sistemas de argilas silicatadas - } H+ + H2O - } H + + H20 - } H+ + KCl - } K+ + Cl - + H+ Sistemas oxídicos + } OH- + H2O + } OH - + H20 + } OH- + KCl + } Cl- + OH- Exemplos: pH = pH KCl – pH H20 - 1,0 = 4,0 – 5,0 0 = 5,0 – 5,0 +1,0 = 5,0 – 4,0 A adsorção específica é de baixa reversibilidade e é bem conhecida para o P, principalmente em solos ricos em óxidos de Fe e Al. Forma Simplificada, Mengel e Kirkby (1982) ADSORÇÃO ESPECÍFICA Convenientemente denominada ADSORÇÃO ANIÔNICA Íon - Fase Sólida ( Q ) ( Q / I ) Íon - Fase Líquida ( I ) Perdas Q CT I Transporte Perdas Visão hidrodinâmica das inter-relações entre os fatores Quantidade (Q), Intensidade (I) e Capacidade Tampão (CT). Alvarez, 1986. Não Lábil TRANSPORTE DE NUTRIENTES NO SOLO MOVIMENTO IÔNICO PARA AS RAÍZES ◼ O nutrientes podem atingir as raízes através de diferentes processos: (1) Interceptação radicular (2) por fluxo em massa (3) por difusão RAIZ Argila, Matéria orgânica M M H2O M Fluxo de massa Difusão Contato Mecanismos de contato de nutrientes com as raízes Características gerais de absorção iônica - Seletividade - Acumulação contra um gradiente de concentração - Variabilidade de germoplasma ◼ O caminho dos solutos do meio exterior para o apoplasto da raiz ◼ A fase líquida do solo penetra livremente o espaço livre aparente (ELA) ou apoplasto ◼ As interações entre os componentes da P.C. e os íons da fase líquida do solo são reduzidas ◼ As pectinas da lamela média possuem cargas negativas (-COOH) que trocam H+ por cátions da fase líquida do solo. INTERCEPTAÇÃO RADICULAR À medida que a raiz cresce no solo ela encontra, ao longo da sua trajetória, nutrientes que são então absorvidos. Este processo, embora seja conseqüência do crescimento radicular apenas, ele facilita aquele dois mecanismos de transporte, principalmente a difusão, por diminuir as distâncias entre os elementos e a raiz. A quantidade de nutriente interceptado é aquela encontrada em um volume de solo = ao volume de raízes. É variável com o elemento e suas interações com o solo e quantidade de raízes por unidade de volume de solo. De modo geral, a contribuição da interceptação de raízes comparada aos mecanismos de fluxo de massa e difusão, é pequena. Nutrientes Solução do Solo Interceptação de Raízes Fluxo de Massa Difusão µg/mL --------------------- % -------------------- Fósforo 0,35 3,5 2,6 93,9 Potássio 12,4 0,9 10,1 89,0 Cálcio 168,2 20,1 79,9 ------ FONTE: Vargas et al. (1983) Teores médios de P, K e Ca na solução de amostras de 12 solos do Rio Grande do Sul e contribuição relativa da interceptação de raízes, fluxo de massa e difusão no suprimento destes nutrientes para plantas de milho, em casa de vegetação. O fluxo de massa é conseqüência da existência de um potencial hídrico no solo maior que aquele junto à raiz. Esta diferença de potencial causa um movimento de massa de água em direção à raiz, arrastando nela os íons que se encontram em solução. É causada pela transpiração da planta. FLUXO DE MASSA Este tipo de transporte ocorre quando a absorção é superior à chegada do elemento à superfície da raiz, criando-se um gradiente de concentração que proporciona a difusão dos nutrientes. Relação entre o processo de contato e a localização de adubos Elem. Processo de contato Aplicação de adubos Interceptação Fluxo de massa Difusão (% do total) N 1 99 0 Distante, em cobertura (parte) P 2 4 94 Próximo das raízes K 3 25 72 Próximo das raízes, em cobertura Ca 27 73 0 A lanço Mg 13 87 0 A lanço S 5 95 0 Distante, em cobertura (parte) B 3 97 0 Distante, em cobertura (parte) Cu 70 20 10 A lanço, localizado Fe 50 10 40 A lanço, localizado Mn 15 5 80 Próximo das raízes Mo 5 95 0 A lanço Zn 20 20 60 Próximo das raízes Fonte: MALAVOLTA et al., 1997. Para elementos como o P e o Zn, que se encontram fortemente adsorvidos ao solo e, portanto, com baixo teor na solução, a DIFUSÃO torna-se o mecanismo de transporte responsável pela quase totalidade absorvida destes elementos (Barber, 1974; Nye e Tinker, 1977) Valores médios dos coeficientes de difusão (DI) de alguns íons no solo (Barber, 1974) ÍON Dl (cm2 s-1) Na+ 1,0 x 10-5 NH4 + 0,3 a 0,4 x 10-7 K+ 2,3 x 10-7 Ca2+ 3,2 a 7,4 x 10-8 Zn2+ 3,1 a 266,0 x 10-10 NO3 - 0,5 a 5,0 x 10-6 H2PO4 - 2,0 a 4,0 x 10-11
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