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UNIVERSIDADE CESUMAR UNICESUMAR CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE A CIRURGIA ESTÉTICA DAS MAMAS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA MARINA HELENA GODOY AMANDA FRACARO NEVES MARINGÁ – PR 2020 Marina Helena Godoy Amanda Fracaro Neves PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE A CIRURGIA ESTÉTICA DAS MAMAS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA) Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Medicina da Universidade Cesumar – UNICESUMAR como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Medicina, sob a orientação do Prof. Dr. Mirian Ueda Yamaguchi. MARINGÁ – PR 2020 FOLHA DE APROVAÇÃO MARINA HELENA GODOY AMANDA FRACARO NEVES PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE A CIRURGIA ESTÉTICA DAS MAMAS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Medicina da Universidade Cesumar – UNICESUMAR como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Medicina, sob a orientação da Prof. Dr. Mirian Ueda Yamaguchi. Aprovado em: ____ de _______ de _____. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Raiane Caroline Garcia – (Prof. Me. – Universidade Cesumar – UNICESUMAR). __________________________________________ Mirian Ueda Yamaguchi. – (Prof. Dr. – Universidade Cesumar – UNICESUMAR). Marina Helena Godoy Novembro Marina Helena Godoy 09 Marina Helena Godoy 2020 PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE A CIRURGIA ESTÉTICA DAS MAMAS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA Marina Helena Godoy Amanda Fracaro Neves RESUMO Nos últimos anos houve um aumento importante no número de cirúrgias estéticas, com destaque para cirurgias de mamas. Devido à popularização destes procedimentos, este estudo teve como objetivo demonstrar a percepção das mulheres submetidas às cirurgias estéticas de mama, sob o ponto de vista da promoção da saúde. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura na base de dados PubMed, realizada segundo a metodologia PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Foram identificados 2.673 estudos científicos, dos quais 33 foram selecionados por preencherem os critérios de inclusão. Os artigos foram agrupados em 7 eixos temáticos: qualidade de vida, autoestima, saúde mental, sintomas físicos, sexualidade, imagem corporal e satisfação com a cirurgia. Conclui- se que as pacientes melhoraram significativamente a qualidade de vida e demais eixos temáticos após a cirurgia. Entretanto, são escassos na literatura estudos longitudinais de acompanhamento avaliando a satisfação das pacientes por longos períodos. Palavras-chave: Cirugia plástica; Qualidade de vida; Saúde da mulher; Satisfação do paciente. PERCEPTION OF WOMEN ABOUT THE AESTHETIC BREAST SURGERY: SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW ABSTRACT In recent years, there has been an important increase in the number of aesthetic surgeries, with emphasis on breast surgeries. Due to the popularization of these procedures, this study aimed to demonstrate the perception of women who underwent aesthetic breast surgery, from the point of view of health promotion. This is a systematic review of the literature in the PubMed database, according to the PRISMA metodology (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyzes). 2,673 scientific studies were identified, of which 33 were selected to fulfill the inclusion criteria. The articles were grouped into 7 thematic areas: quality of life, self-esteem, mental health, physical symptoms, sexuality, body image and satisfaction with the surgery. It is concluded that the patients significantly improved quality of life and other thematic areas after surgery. However, longitudinal follow-up studies evaluating patient satisfaction over long periods are scarce in the literature. Keywords: Plastic surgery; Quality of life; Woman’s health; Patient satisfaction. 5 1 INTRODUÇÃO A preocupação com a beleza está presente na humanidade há milhares de anos, desde o Antigo Egito. Ao longo dos séculos, os padrões de beleza sofreram mudanças influenciados por fatores religiosos, étnicos e sociais (Oumeish, 2001). Na Idade Contemporânea, com o advento da globalização e o surgimento de tecnologias de informação, a mídia presente nos veículos de comunicação como jornais, revistas, televisão e redes sociais, passou a propagar constantemente um padrão de beleza irreal, estruturado em corpos extremamente magros e atléticos (Aparicio-Martinez, Perea-Moreno, Martinez-Jimenez, Redel-Macías, Pagliari & Vaquero-Abellan, 2019). Além da mídia social, celebridades também contribuem para a perpetuação desses ideais; estão frequentemente divulgando imagens e vídeos nas redes sociais, expondo o corpo, considerado perfeito, simplesmente para obter elogios, publicidade, fama e prestígio social (Gracindo, 2015). Entretanto, esses fatores muitas vezes impactam negativamente na vida das pessoas, especialmente das mulheres que almejam ser incluídas e aceitas socialmente, e podem acabar ultrapassando os limites de seu corpo na tentativa de alcançar uma perfeição inatingível. Em alguns casos, essa obsessão com a aparência física pode provocar danos à saúde do indivíduo, como transtornos alimentares, lesões por excesso de atividade física, consequências danosas pelo uso de anabolizantes e medicamentos anorexígenos, além dos riscos das intervenções cirúrgicas estéticas, os quais podem apresentar complicações pela anestesia, infecções, hemorragias e cicatrizes indesejáveis. Com isso, o equilíbrio entre saúde e beleza frequentemente é desafiado, enquanto são cometidos verdadeiros exageros na tentativa de atingir os padrões de beleza definidos pela sociedade (Leal, Catrib, Amorim & Montagner, 2010). A American Medical Association (AMA) define as cirurgias plásticas estéticas como cirurgias realizadas para remodelar estruturas normais do corpo a fim de melhorar a aparência 6 e autoestima do paciente (Nahai, 2010). Mais de 85% desses procedimentos são realizados em mulheres, que buscam a cirurgia de aumento de mamas para se sentirem melhor com sua aparência física e melhorar a forma como se sentem sobre si mesmas (International Society of Aesthetic Plastic Surgery, 2018; Gladfelter & Murphy, 2008). Diferentemente, outras procuram a redução de mamas com o objetivo de aliviar os sintomas da macromastia (dores nos ombros, coluna, pescoço, seios), melhorar a qualidade de vida e reduzir o desconforto emocional (Rogliani, Gentile, Donfrancesco & Cervelli, 2009). Por outro lado, algumas pacientes podem desenvolver distúrbios de imagem pelo excesso da procura por intervenções estéticas, a fim de corrigir imperfeições de seu corpo (Coelho, Carvalho, Paes & Ferreira, 2017). Nesse sentido, nos últimos anos a medicina apresentou inúmeros avanços, essencialmente na área estética, capazes de promover a modificação de porções corporais por meio de procedimentos cirúrgicos invasivos e não invasivos. Em consequência, houve um aumento exponencial no número de intervenções cirúrgicas estéticas globalmente. Conforme dados do International Society of Aesthetic Plastic Surgery (2018), o número de cirurgias plásticas estéticas (CPE) teve um aumento de 15% desde 2014. Dentre elas, a cirurgia de aumento de mama recebe destaque, sendo esta, a mais realizada no mundo (17,6%); enquanto a cirurgia de redução de mama está em oitavo lugar (5%). Devido à popularização das cirurgias estéticas, surge o interesse pela percepção das mulheres que se submetem a esses procedimentos. No meio científico, há poucos estudos que investigam a satisfação pós-operatória das mulheres sujeitas a procedimentos cirúrgicos de mama e como isso afeta sua qualidade de vidae autoestima. A maior parte dos estudos, em geral, tem enfoque em complicações cirúrgicas, inovações e técnicas operatórias (Qureshi, Myckatyn & Tenenbaum, 2018; Chen, Sinelnikov & Nikolenko. 2019; Ceccarino, Di Micco & Cappelletti, 2019; Chopra, Kokosis, Slavin, Williams & Dellon, 2019). 7 Neste cenário, o objetivo desta revisão de literatura científica é identificar a percepção das mulheres que já realizaram CPE de mama, visando despertar o interesse de profissionais da área da saúde e da população científica sobre esta temática no contexto da promoção da saúde. 2 METODOLOGIA Este trabalho consiste em uma revisão sistemática de literatura cujo objeto de análise é a produção científica sobre a satisfação das mulheres após CPE de mama. A pesquisa foi realizada entre os meses de março e junho de 2020, nos periódicos indexados no banco de dados da U.S. National Library of Medicine (Pubmed). Foram utilizadas as recomendações metodológicas da declaração prisma (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses) para trabalhos de revisão sistemática de literatura, na qual aplicou-se os seguintes descritores: “cosmetic surgery patient-reported satisfaction”, “cosmetic surgery elderly women self esteem”, “cosmetic surgery midlife women self esteem” e “cosmetic surgery woman reported outcomes” (Moher, Liberati, Tetzlaff & Altman, 2009; Liberati, Altman, Tetzlaff, Mulrow, Gøtzsche & Ioannidis, 2009). Essas buscas permitiram, em um primeiro momento, a identificação de 2.673 estudos científicos. Em seguida, foram analisados os títulos e resumos das publicações de forma independente por dois pesquisadores, segundo os critérios de inclusão: publicações no idioma inglês ou português, que abordaram a percepção das mulheres sobre as CPE de mama, sem data específica. Foram excluídos os artigos de revisão de literatura, relato de caso e aqueles que tangem técnicas e complicações cirúrgicas. Após a avaliação de títulos e resumos, foram selecionados 35 artigos, destes, dois estavam indisponíveis no formato completo, resultando em 33, os quais foram incluídos no estudo e classificados segundo ano, autores, país de 8 publicação, tema central e objetivo da cirurgia (Figura 1). Os resultados encontrados nesta análise estão apresentados na próxima sessão. Figura 1 – Representação esquemática de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão de artigos, adaptada de acordo com o PRISMA Flow Diagram. 3 RESULTADOS Foram identificados 33 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. Observa-se que a partir de 2005 houve um crescimento significativo no número de publicações científicas relacionadas a percepção das mulheres sobre CPE de mamas, que se manteve constante até o ano de 2019 (Figura 2). 9 Figura 2 – Representação gráfica do número de artigos publicados na base de dados PubMed segundo o ano de publicação. No Quadro 1, estão os artigos selecionados e classificados em relação aos seguintes aspectos: ano de publicação, autores, país de pesquisa, eixos temáticos e tipo de cirurgia de mama. Observou-se predomínio no número de estudos realizados nos Estados Unidos (45,4%), seguido do Brasil (9%) e Itália (9%). Dentre estes, 54,5% eram referentes à mamoplastia redutora, 36,3% à mamoplastia de aumento e 9% referente a mais de um tipo de cirurgia (correção de ptose mamária, mastopexia vertical, mamoplastia de aumento com mastopexia). Quadro 1 - Artigos incluídos segundo ano de publicação, autores, país de pesquisa, eixos temáticos e tipo de cirurgia. Ano Autores País Eixos Temáticos Cirurgia 1987 Meyer L. e Ringberg A. Suécia Saúde Mental [CMPS; MNT] Mamoplastia de aumento 1996 Klassen A. et al. Inglaterra Saúde mental [GHQ], autoestima [RSES] e qualidade de vida [SF-36] Mamoplastia redutora 1999 Glatt B.S. et al. EUA Sintomas físicos [questionário próprio], imagem corporal [BCRS], saúde mental e imagem corporal [BDDE-SR] Mamoplastia redutora 10 2004 Breiting V.B. et al. Dinamarca Sintomas físicos [questionário próprio/autoadministrado] Mamoplastia de aumento 2005 Miller B.J .et al. Canadá Qualidade de vida [SF-36], autoestima [RSES], sintomas físicos [SIQ] Mamoplastia redutora 2005 Cerovac S. et al. Inglaterra Saúde mental [GHQ; HADS] e sexualidade [FSFI], outros [questionário semiestruturado] Mamoplastia redutora 2007 Figueroa-Haas C.L. EUA Autoestima [RSES] e sexualidade [FSFI] Mamoplastia de aumento 2007 Hölmich L.R et al. Dinamarca Satisfação com a cirurgia e Imagem corporal [questionário próprio] Mamoplastia de aumento 2007 Woodman R. e Radzyminski S. EUA Sintomas físicos, imagem corporal, autoestima, satisfação com a cirurgia [entrevista pessoal] Mamoplastia redutora 2008 Gladfelter J. e Murphy D. EUA Imagem corporal [questionário próprio] Mamoplastia de aumento 2008 Sabino Neto M. et al. Brasil Autoestima [RSES], sintomas físicos [Rolland-Morris; VAS] Mamoplastia redutora 2009 Rogliani M. et al. Itália Saúde Mental e Imagem corporal [BDDE- SR], qualidade de vida [SF-36] e sintomas físicos [SIQ] Mamoplastia redutora 2009 Saariniemi K.M. et al. Finlândia Saúde Mental [RDBI] Mamoplastia redutora 2009 Klassen A. et al. Canadá Satisfação com a cirurgia e qualidade de vida [entrevista pessoal] Mamoplastia de aumento, redutora e reconstrução 2010 Singh K. et al. EUA Qualidade de vida [questionário próprio] Mamoplastia redutora 2010 Romeo M. et al. Itália Saúde mental [Ham-A; Ham-D], qualidade de vida [SF-36] e sexualidade [FSFI] Mamoplastia redutora 2012 Gonzalez M.A et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia redutora 2012 Saariniemi K.M.M. et al. Finlândia Qualidade de vida [15D], saúde mental [RBDI; EDI] Mamoplastia de aumento 2012 McCarthy C.M .et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia de aumento 2013 Coriddi M. et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia redutora 2013 Coriddi M. et EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia de 11 al. aumento 2013 Swanson E. EUA Satisfação com a cirurgia, autoestima, qualidade de vida, sintomas físicos [entrevista pessoal] Mastopexia vertical, mamoplastia de aumento/mastopexia, mamoplastia redutora. 2013 Swanson E. EUA Satisfação com a cirurgia, autoestima, qualidade de vida, [entrevista pessoal] Mamoplastia de aumento 2014 Rzepa T. et al. Polônia Qualidade de vida, imagem corporal [questionário próprio] Mamoplastia de aumento 2015 Kececi Y. et al. Turquia Qualidade de vida [SF-36; BRASS] e autoestima [RSES] Mamoplastia redutora 2016 Duraes E.F.R. et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia de aumento, redutora e correção de ptose mamária 2016 Cohen W.A. et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia redutora 2016 Correia-Sá I. et al. Portugal Satisfação com a cirurgia [dados de prontuário] Mamoplastia de aumento 2016 Alderman A. et al. EUA Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia de aumento 2017 Cogliandro A. et al. Itália Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia redutora 2017 Cabral I.V. et al. Brasil Qualidade de vida [BREAST-Q] Mamoplastia redutora 2018 Fonseca C.C. et al. Brasil Saúde mental e Imagem corporal [BDDE], Imagem corporal [BIS; BEQ55] Mamoplastia redutora 2019 Nuzzi L.C. et al. EUA Qualidade de vida [SF-36], sintomas físicos [BRSQ], autoestima [RSES], saúde mental [EAT-26] Mamoplastia redutora CMPS = Cesarec-Marke Personality Scheme; MNT = Marke-Nyman Test; GHQ = General Health Questionnaire; RSES = Rosenberg Self-Esteem Scale; SF-36 = Short Form-36 Health Survey; BCRS = Breast Chest Ratings Scale; BDDE-SR = Body Dysmorphic Disorder Examination Self-Report; SIQ = Symptoms Inventory Questionnaire; HADS = Hospital Anxiety and Depression Score; FSFI = Female Sexual Function Index; RMQ = Rolland-MorrisQuestionnaire; VAS = Visual Analog Scale; RBDI = Raitasalo’s modification of the Beck Depression Inventory; HAM-A = Hamilton Anxiety Rating Scale; HAM-D = Hamilton Depression Rating Scale; 15D = HRQoL- Health Related Quality Of Life Instrument; EDI = Eating Disorder Inventory; BRASS = Breast Reduction Assessed Severity Scale; BDDE = Body Dysmorphic Disorder Examination; BIS = Body Investment Scale; BEQ55 = Breast Evaluation Questionnaire; BRSQ = Breast Chest Ratings Scale; EAT-26 = Eating Attitudes Test. 12 Os estudos foram agrupados em sete eixos temáticos de acordo com os principais conteúdos abordados: qualidade de vida (21 artigos; 32,81%), saúde mental (10 artigos; 15,62%), autoestima (9 artigos; 14,06%), sintomas físicos (8 artigos; 12,50%), imagem corporal (7 artigos; 10,93%), satisfação com a cirurgia (6 artigos; 9,37%), sexualidade (3 artigos; 4,68%). No geral, cada artigo abordou mais de um tema. O eixo temático relacionado à saúde mental incluiu fatores psicossociais e distúrbios psiquiátricos (ansiedade, depressão, transtornos alimentares, transtorno dismórfico corporal). Os questionários utilizados para avaliar esse tópico foram: Raitasalo’s modification of the Beck Depression Inventory (RBDI), General Health Questionnaire (GHQ) e Body Dysmorphic Disorder Examination Self-Report (BDDE-SR). O tema qualidade de vida contemplou vários domínios ligados à saúde: satisfação com os resultados da cirurgia em geral, bem-estar físico, sexual e psicossocial, entre outros. O questionário mais utilizado para avaliar esse eixo temático foi o BREAST-Q. Identificado em nove publicações científicas; esse instrumento quantificou o impacto de diversos tipos de cirurgia de mama (reconstrução, aumento e redução de mamas) no bem-estar físico, psicossocial e sexual; e na satisfação da paciente com os seios, resultado e cuidados após a cirurgia (Pusic, Klassen, Scott, Klok, Cordeiro & Cano, 2009). Seis estudos usaram o SF-36 (Short Form-36 Health Survey), questionário que abrange oito domínios da qualidade de vida: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental (Saris- Baglama, Dewey & Chisholm, 2010). Na temática sobre imagem corporal, foram abordados os fatores relacionados à satisfação com o corpo e aparência das mamas no geral; sobre sexualidade, três estudos utilizaram o Female Sexual Function Index (FSFI). A autoestima foi avaliada pelo questionário Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES) em seis artigos. Entrevista pessoal, dados 13 de prontuários e outros questionários, foram os mecanismos utilizados nos trabalhos para avaliar a satisfação com a cirurgia. Entrevistas pessoais e o Symptoms Inventory Questionnaire (SIQ) foram os métodos mais utilizados para avaliar a percepção das pacientes relacionada aos sintomas físicos, que apresentaram-se associados à macromastia, como por exemplo dores no pescoço, nas costas, ombros e mamas (Cerovac, Ali, Blizard, Lloyd & Butler, 2005). 4 DISCUSSÃO 4.1 QUALIDADE DE VIDA Qualidade de vida (QV) é uma expressão de grande complexidade que abrange diversos fatores na vida de um indivíduo, dentre eles, aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais (Gordia, 2011). Neste estudo identificou-se que, dentre os artigos selecionados, foram utilizados diferentes instrumentos para mensurar a QV relacionada à CPE de mamas. Uma análise retrospectiva utilizando o instrumento BREAST-Q, demonstrou uma melhora significativa na QV das mulheres após a cirurgia de redução de mamas, independente do índice de massa corporal (IMC) pré-operatório ou da quantidade de tecido mamário removido (Gonzalez, Glickman, Aladegbami & Simpson, 2012). Outro estudo realizado por meio do questionário BREAST-Q, o qual foi aplicado aos 3 meses e 1 ano após a cirurgia, mostraram que as mulheres percebiam os benefícios da mamoplastia redutora na QV (Cohen, Homel & Patel, 2016). Em outro estudo, no qual utilizou-se o instrumento Short Form-36 Health Survey (SF- 36), foi demonstrado que mulheres que se submetem à mamoplastia redutora tiveram uma piora na qualidade de vida relacionada à saúde após a cirurgia, mas afirmam também que essa condição se normalizou após 6 meses. Além disso, pela ausência de mudanças na pontuação 14 do domínio de saúde mental e aumento significativo na pontuação de saúde física, foi sugerido que o benefício mais evidente da cirurgia foi físico (Miller, Morris & Sigurdson, 2005). Em avaliações pós-operatórias da redução de mamas, vários estudos demonstraram, por meio do SF-36, melhorias significativas em todos os domínios da escala, variando os períodos de acompanhamento desde quatro meses até sete anos, com pacientes de diferentes idades (Miller, Morris & Sigurdson, 2005; Rogliani et al., 2009; Kececi, Sir & Gungor, 2015; Nuzzi, Firriolo, Pike, DiVasta & Labow, 2019). Da mesma forma, os estudos que utilizaram o BREAST-Q revelaram que após a mamoplastia redutora houve aumento em todos os domínios da escala (satisfação com a aparência da mama, bem-estar psicossocial, sexual e físico), possibilitando sugerir que há uma melhora na qualidade de vida desde o primeiro mês até cinco anos de pós-operatório (Coriddi, Nadeau, Taghizadeh & Taylor, 2013; Cohen et al., 2016; Cogliandro, Barone, Cassotta, Tenna, Cagli & Persichetti, 2017; e Cabral, Garcia & Sobrinho, 2018). Mulheres que acreditavam que a cirurgia de redução de mamas motivaria a perda de peso, tiveram uma perda significativa de peso, redução do tamanho do vestuário e se exercitaram mais no pós-operatório. Além disso, essas mulheres tiveram níveis de satisfação e QV significativamente maiores após a cirurgia, permitindo inferir que a motivação é um fator importante para atingir os melhores resultados (Singh, Pinell & Losken, 2010). Em relação à mamoplastia de aumento, Swanson (2013a), em seu estudo, identificou que as mulheres, em geral, consideraram a realização do procedimento por cinco anos antes de realizá-lo, mostrando que a decisão não foi impulsiva. Uma decisão bem pensada de se submeter à CPE de mamas parece afetar positivamente várias esferas do funcionamento psicossocial, autoavaliação e satisfação com a QV (Rzepa, Grzesiak, Zaborski, Modrzejewski & Pastucha, 2014). Seis meses após a mamoplastia de aumento, as mulheres apresentaram uma melhoria significativa, principalmente nos domínios de satisfação com os seios, bem- 15 estar psicossocial e funcionamento sexual (McCarthy, Cano & Klassen, 2012; Coriddi et al., 2013). Entretanto, em relação ao bem-estar físico, foi identificado na literatura científica que após a mamoplastia de aumento, existe a possibilidade de desenvolver a curto prazo, (seis semanas) desconforto, dor ou aperto na área das mamas, relatado por 19% das pacientes; e a longo prazo, dor crônica, com prevalência cumulativa de 31% nas pacientes e incidência maior em mulheres jovens ou com mamas pequenas (Coriddi, Angelos, Nadeau, Bennet & Taylor, 2013; Van Elk, Steegers, Van Der Weij, Evers & Hartman, 2009). Ambas condições, de certa forma, afetam a QV. Do ponto de vista das pacientes, a dor do pós-operatório a curto prazo se mostrou mais tolerável, por ser transitória e compensada pelos efeitos benéficos da cirurgia na aparência dos seios e em outros aspectos da vida da mulher (Coriddi et al, 2013). Um estudo realizado na Finlândia, com o instrumento 15D, não demonstrou qualquer mudança na QV desde o início até sete meses de acompanhamento após a mamoplastia de aumento (Saariniemi, Hellen, Salmi, Peltoniemi, Charpentier & Kuokkanen, 2012). Este fato pode ser decorrente da menor sensibilidade do 15D na detecção dessas mudanças em comparação aos instrumentos mais específicos para avaliar esta condição, quando comparado ao BREAST-Q, por exemplo (Cano, Klassen & Pusic, 2009). Por meio de 106 entrevistas em consulta,durante um mês de acompanhamento, três tipos de cirurgias de mama (mastopexia vertical, aumento/mastopexia, redução) mostraram proporcionar um alto nível de satisfação da paciente (94,3%), melhora da autoestima (89,3%) e qualidade de vida (69,5%) (Swanson, 2013b). Entretanto, em comparação com outras CPE, Duraes EF, Durand e Duraes LC (2016), em um estudo transversal, apontam que as mulheres que procuram CPE de mama (redução, aumento e correção de ptose), apresentam escores mais baixos em todos os domínios do BREAST-Q quando comparadas àquelas que procuram 16 a CPE não mamária, sugerindo, portanto, que as pacientes que pretendem fazer CPE de mamas, apresentam pior QV quando comparadas às que buscam por CPE não-mamária. 4.2 AUTOESTIMA Existem diferentes maneiras de conceituar autoestima. Ela pode ser definida como uma orientação positiva ou negativa em relação a si mesmo, uma avaliação geral do próprio valor, na qual é possível observar o quanto uma pessoa se valoriza ou se aceita por quem ela é (Rosenberg, 1965; Sarwer, Nordmann & Herbert, 2000). Flynn (2004), afirma que a autoconfiança e a satisfação com a aparência física afetam a percepção de si mesmo e a interação com os outros, acrescentando que as mulheres, quando restauram sua plenitude e a forma de seus seios, obtém uma melhora na autoestima, bem-estar e feminilidade. Entre os estudos selecionados nesta revisão, a escala Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES) foi o instrumento mais utilizado para avaliar a autoestima; tem sido amplamente aceito e utilizado em diversas populações (Cheng & Furnham, 2003). Observou-se que as mulheres que buscam CPE de mama, geralmente tem autoestima pré-operatória baixa. Muitas delas relataram que antes da cirurgia, se sentiam envergonhadas com o tamanho das mamas e pouco atraentes (Klassen, Fitzpatrick, Jenkinson & Goodacre, 1996; Kececi, Sir & Gungor, 2015). Após o procedimento, as pacientes relataram, de modo geral, que se sentiram mais autoconfiantes, mais atraentes e bem consigo mesmas, verificando, assim, uma melhora significativa na autoestima. Os estudos que utilizaram o questionário RSES conseguiram comprovar essa melhoria ao verificarem um aumento da pontuação obtida no pós-operatório, em comparação ao pré- operatório (Miller, Morris & Sigurdson, 2005; Figueroa-Haas, 2007; Woodman & Radzyminski, 2007; Klassen, Pusic, Scott, Klok & Cano, 2009; Swanson 2013a; 2013b). 17 Além disso, em outro estudo, Alderman, Pusic & Murphy (2016) verificaram que a melhora na autoestima das mulheres parece se manter ao longo do tempo após o aumento de mamas. Um outro estudo que avaliou complicações cirúrgicas em adolescentes e mulheres jovens submetidas à mamoplastia redutora, identificou que a melhora da autoestima ocorreu tanto nas pacientes que sofreram alguma complicação cirúrgica, como cicatriz hipertrófica e deiscência da ferida, quanto naquelas que não tiveram nenhuma complicação. Apenas as pacientes com crescimento mamário pós-operatório não alcançaram melhorias na pontuação do questionário RSES (Nuzzi et al., 2019). Kececi, Sir e Gungor (2015), utilizando a versão turca do RSES, constataram que as pacientes com baixo IMC pré-operatório tiveram um maior aumento na autoestima em relação àquelas com IMC maior. Mulheres magras com macromastia podem se sentir envergonhadas por julgar suas mamas desproporcionais, e essa percepção pode contribuir para que o aumento da autoestima seja maior nestas pacientes. Uma pesquisa multicêntrica e observacional ao longo de 10 anos, identificou que para a mamoplastia de aumento, as mulheres que receberam implantes mamários com preenchimento de silicone, tiveram uma melhora no bem-estar psicossocial consideravelmente maior quando comparadas às que receberam implantes preenchidos com solução salina (Alderman, Pusic & Murphy, 2016). Independente deste achado, não foram encontradas discordâncias na literatura com relação às CPE de mama e a melhora significativa da autoestima das pacientes. 4.3 SAÚDE MENTAL Saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais, é parte integrante da saúde, constitui um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue lidar com as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e 18 contribuir para sua comunidade, dependendo de fatores socioeconômicos, biológicos e ambientais (WHO, 2014). No contexto da mamoplastia de aumento e a relação com a saúde mental, estudos realizados em diferentes épocas mostraram resultados distintos. No acompanhamento de um ano após a mamoplastia de aumento, dentre 36 mulheres, 33% relataram reação depressiva e 19% apresentaram aumento dos sintomas somáticos relacionados à ansiedade (Meyer & Ringberg, 1987). Entretanto, em um estudo mais recente realizado com diferentes instrumentos de avaliação, sete meses de acompanhamento e uma amostra maior de pacientes (65 mulheres), a mamoplastia de aumento relacionou-se à redução percentual de 8% e 3% dos sinais de ansiedade e depressão, respectivamente. Após a cirurgia, houve também redução significativa nos sintomas relacionados aos transtornos alimentares (Saariniemi et al, 2012). Por outro lado, um estudo com um período mais longo de acompanhamento (20 anos), observou que mulheres com implante estético de mama utilizavam mais medicamentos antidepressivos e ansiolíticos em comparação àquelas que realizaram redução de mamas e à população feminina geral (Breiting, Hölmich & Brandt, 2004). Da mesma forma, a mamoplastia redutora mostrou ter impactos psicológicos benéficos após seis meses de acompanhamento; a proporção de casos com possível morbidade psiquiátrica caiu 30%. Assim como em um estudo clínico randomizado mais recente, realizado na Findândia, com o mesmo tempo de seguimento, identificou que no pré-operatório metade das mulheres apresentavam-se deprimidas ou ansiosas, enquanto que após a cirurgia 80% delas não mostraram quaisquer sinais de depressão ou ansiedade (Klassen et al., 1996; Saariniemi, Joukamaan, Raitasalo & Kuokkanen, 2009). Mulheres mais jovens com macromastia tendem a relatar principalmente sintomas psicológicos (nervosismo, sintomas depressivos, auto-atitude negativa, baixa autoestima, entre outros); enquanto mulheres mais velhas se queixam mais de sintomas físicos (dor nas 19 costas, pescoço e ombros, problemas de postura, dificuldades para dormir, erupções cutâneas sob os seios, entre outros (Behmand, Tang & Smith, 2000; Sigurdson, Mykhalovskiv, Kirkland & Pallen, 2007). A cirurgia estética de redução de mamas mostra-se relacionada à melhora tanto dos sintomas físicos, quanto dos psicossociais, independente da idade das pacientes submetidas à cirurgia (Nuzzi et al, 2019). 4.4 SINTOMAS FÍSICOS Os sintomas físicos estão intimamente ligados à hipertrofia mamária. Pacientes com essa condição tem um grande sofrimento com o tamanho aumentado de suas mamas (macromastia). Além das queixas de dores na coluna, ombros e seios prejudicando sua postura, essas pacientes relataram dificuldades para realizar exercícios físicos, encontrar roupas de tamanho adequado, e em graus mais avançados, até mesmo prejuízo nas suas atividades da vida diária, como diminuição da sua produtividade no trabalho (Pérez-Panzano et al, 2017; Neto, Abla & Lemos, 2012; Cabral, Garcia & Sobrinho, 2017; Benditte-Klepetko, Leisser & Paternostro-Sluga, 2007; Freire, Neto, Garcia, Quaresma & Ferreira, 2002). Um estudo retrospectivo demonstrou que mulheres obesas com macromastia tendiam a relatar maiores queixas relacionadas aos sintomas físicos, como irritação de pele, dor no pescoço e nos seios sem se exercitar; e mulheres não obesas tendiam a relatar mais sintomas psicológicos, como vergonha e constrangimento em público pelo tamanho dos seios (Glatt, Sarwer, O'hara, Hamori, Bucky & LaRossa, 1999). Outros estudos mostraram quea mamoplastia redutora melhora significativamente os sintomas físicos relacionados à macromastia (Woodman & Radzyminski, 2007; Sabino Neto, Demattê, Freire, Garcia, Quaresma & Ferreira, 2008; Rogliani et al., 2009; Coriddi, Nadeau, Taghizadeh & Taylor, 2013; Swanson, 2013a; Cabral, Garcia & Sobrinho, 2018). Enquanto o tratamento conservador como perda de peso, fisioterapia, uso de sutiãs especiais e medicamentos não são 20 medidas tão benéficas para o alívio dos sintomas (Collins, Kerrigan, Kim, Lowery, Striplin & Cunningham, 2002), estudos demonstraram que os benefícios da redução de mamas no alívio dos sintomas e promoção de bem-estar no paciente ocorreram mesmo após pequenas reduções (Gonzales et al., 2010; Saariniemi, Luukkala & Kuokkanen, 2011). Em consulta de acompanhamento entre cinco meses e três anos após a cirurgia, nove mulheres foram entrevistadas com perguntas abertas e subjetivas, e relataram diversas melhorias na saúde física, como diminuição do uso de analgésicos pela eliminação ou redução dos sintomas de dor, ausência de alterações cutâneas, diminuição da frequência ou intensidade de enxaquecas, postura melhorada, redução da fadiga e mais disposição para realizar exercícios físicos e atividades com seus filhos, mais facilidade de trabalho, perda de peso, cessação do tabagismo, entre outros (Woodman & Radzyminski, 2007). Em um estudo prospectivo realizado com seis meses de acompanhamento, com a utilização de instrumentos validados, foi observado que, de um modo geral, o benefício da mamoplastia redutora foi mais significativo nos sintomas físicos do que na saúde mental (Miller, Morris & Sigurdson, 2005). Breiting, Hölmich e Brandt (2004), realizaram um estudo com o objetivo de comparar a saúde a longo prazo de três grupos de mulheres: aquelas submetidas à mamoplastia de aumento, redução, e mulheres da população geral. Em um período pós-operatório médio de vinte anos, foi encontrado que mulheres com implantes mamários relataram ter dores nas mamas quase três vezes mais do que aquelas submetidas à mamoplastia redutora. Além disso, as pacientes que fizeram redução ou aumento de mamas relataram ter mais sintomas cognitivos, fadiga, e sintomas do tipo Raynaud, em comparação ao grupo da população geral. Aproximadamente 80% das mulheres em cada grupo do estudo relataram pelo menos um sintoma. 21 4.5 SEXUALIDADE Sexualidade é um conceito muito mais amplo do que meramente "fazer sexo". Pode contribuir significativamente para a qualidade de vida, realização pessoal, saúde física e emocional da mulher. Desempenha continuamente um papel importante na saúde e no bem- estar das mulheres ao longo de toda a vida (Michelmore, 2005). Neste contexto, os seios são admirados como características sexuais e estéticas e apresentam um papel importante na saúde sexual da mulher (Beraldo, Veiga & Veiga-Filho, 2016; Bozola, Longato & Bozola, 2011). Além disso, um estudo qualitativo revelou que sentimentos negativos da mulher sobre os seios podem interferir na forma como uma mulher se sente, quanto sua sexualidade e prazer sexual (Klassen et al., 2009). Apesar da importância desse aspecto na vida da mulher, foram encontrados poucos artigos na literatura científica que se preocuparam em avaliar a percepção relacionada à sexualidade feminina no contexto das CPE de mama. Dentre os artigos que abordaram esse tema, foi observado que o principal questionário utilizado foi o Female Sexual Function Index (FSFI), o qual tem como objetivo avaliar a disfunção erétil, sendo subdividido em seis domínios: desejo, excitação, lubrificação, dor, orgasmo e satisfação durante atividade ou relação sexual (Rosen, Brown, Heiman, Leiblum, Meston & Shabsigh, 2000). Um estudo retrospectivo avaliou a função sexual após um ano da mamoplastia redutora; das 75 mulheres incluídas (idade média de 36,7 anos), apenas 28% relataram melhora na função sexual (Cerovac et al, 2005). Em contrapartida, um estudo com grupo controle mostrou que em oito meses de pós-operatório, as mulheres que fizeram mamoplastia redutora atingiram o mesmo nível de satisfação sexual que mulheres na amostra da população média saudável (grupo controle) (Romeo, Cuccia, Zirilli, Weiler-Mithoff & Stagno d'Alcontres, 2010). Porém, as pacientes se sentiram mais seguras e sexualmente atraentes quando sem roupas, no pós-operatório (Klassen et al, 2009; Coriddi et al, 2013). 22 Outra questão relacionada à sexualidade refere-se à sensação dos mamilos, que está intimamente ligada à satisfação sexual e foi considerada importante durante a relação sexual por cerca de 80% das mulheres. Na mamoplastia redutora, 41% tiveram essa sensação reduzida com a cirurgia (Cerovac et al, 2005). Entretanto, alguns estudos realizados com base em testes sensoriais objetivos demonstraram que a sensação do mamilo retorna aos níveis pré- operatórios dois anos após a cirurgia em 85% das pacientes (Harbo, Jorum & Roald, 2003; Hamdi, Greuse, DeMev & Webster, 2001; Nahabedian & Mofid, 2002). Por outro lado, através de outros métodos de avaliação (entrevista), estudos mostraram melhora da sensação mamilar tanto após a mamoplastia redutora, quanto após a mamoplastia de aumento. Essa melhora pode ser atribuída ao curto período de tempo de acompanhamento (um mês), devido à autoimagem aprimorada relacionada as mamas (Swanson, 2013a, 2013b). Na mamoplastia de aumento, em comparação aos dados obtidos no pré-operatório, num estudo descritivo com 84 participantes, foi percebido que as mulheres tiveram um aumento significativo nos níveis de sexualidade com um a dois meses de pós-operatório, sendo que o domínio da excitação foi aquele que mais aumentou (Figueroa-Haas, 2007). Tanto a redução quanto o aumento de mamas, mostraram melhorar a autoconfiança da mulher com o parceiro em situações íntimas, além de proporcionar com que elas se sintam mais sexualmente atraentes quando sem roupas e mais satisfeitas com sua vida sexual (Klassen et al., 1996; Cerovac et al., 2005; Klassen et al., 2009; Coriddi et al., 2013). 4.6 IMAGEM CORPORAL A imagem corporal pode ser definida como a representação da aparência física de um indivíduo, resultante da combinação entre fatores ambientais, sociais, psicológicos e neuro- perceptuais, e se expressa através do nível de cuidado e satisfação com o próprio corpo (Sarwer & Polonsky, 2016). A insatisfação com o tamanho ou formato das mamas, leva 23 muitas mulheres à buscarem a CPE de mamas na expectativa de melhorar sua autoimagem e se sentir melhor com sua aparência física. Pacientes com macromastia relataram ser motivadas a realizar a cirurgia pela vergonha que sentiam em atividades sociais devido ao grande tamanho de suas mamas. Mulheres que buscaram a cirurgia de aumento mamário, no pré-operatório estavam pouco satisfeitas com diversos aspectos de suas mamas e com a forma como os sutiãs e roupas se ajustavam no corpo (Glatt et al, 1999; Gladfelter & Murphy, 2008; McCarthy, Cano & Klassen, 2012; Rzepa et al, 2014). Diversos estudos com diferentes metodologias, observaram que as pacientes submetidas à mamoplastia redutora demostraram uma redução significativa na insatisfação com a imagem corporal, em comparação com a avaliação pré-operatória. Elas relataram que a cirurgia diminuiu o constrangimento com suas mamas, se sentiram mais confortáveis com sua aparência corporal, e ficaram felizes porque os outros não olhavam para o tamanho de seus seios (Glatt et al., 1999, Woodman & Radzyminski 2007; Rogliani et al. 2009; Cogliandro et al., 2017; Cabral, Garcia & Sobrinho 2018). Kececi, Sir e Gungor (2015), utilizando os escores do Breast Reduction Assessed Severity Scale (BRASS) observaram que as pacientes mais jovens tiveram melhora na percepção da autoimagem em relação às pacientes mais velhas. Em outra pesquisa, Fonseca, Veiga e Garcia (2018), compararam dois grupos:mulheres com mamas de tamanho normal não submetidas à cirurgia e aquelas que realizaram mamoplastia redutora. Os autores verificaram que o primeiro grupo apresentava mais sintomas positivos em relação à imagem corporal, enquanto o segundo, antes da cirurgia, estava insatisfeito com a mesma. Após o procedimento, as mulheres apresentaram um nível de satisfação ainda maior que o primeiro grupo, inclusive aquelas que apresentavam sintomas de transtorno dismórfico corporal, as quais, agora, mostraram melhora da imagem corporal e remissão dos sintomas. 24 Em investigação de pacientes por meio do questionário Breast Chest Ratings Scale (BCRS), o qual avalia a preferência de tamanho da mama, verificou-se que após a redução de mama, as mulheres ainda identificavam o tamanho de suas mamas como maior do que o das outras mulheres, e julgaram o tamanho ideal da mama e o tamanho preferido pelas mulheres consideravelmente menores do que o apresentado pela amostra normativa. Isso sugere que as pacientes submetidas à mamoplastia redutora preferem mamas ainda menores, o que pode resultar do grande sofrimento psicológico que experienciaram quando tinham mamas grandes (Glatt et al., 1999). A mamoplastia de aumento também melhorou significativamente a satisfação geral das pacientes com a mama, com relação ao tamanho, formato e sensação (Gladfelter & Murphy, 2008; Coriddi et al., 2013). As mulheres demonstraram grande satisfação com a forma e tamanho das mamas, relatando que após a cirurgia, obtiveram mais opções de tipos de sutiã, lingerie e maiô (Klassen et al., 2009; McCarthy, Cano & Klassen, 2012). As melhorias observadas na imagem corporal no pós-operatório permanecem estáveis ao longo do tempo por pelo menos quatro anos, como verificou Alderman, Pusic e Murphy (2016). Da mesma forma, mulheres polonesas relataram no pré-operatório da mamoplastia de aumento que nenhuma delas se considerava muito atraente; um ano após a cirurgia, a maioria dessas mulheres se sentiu mais atraente, enquanto poucas avaliaram sua atratividade como média ou negativa, refletindo como a cirurgia melhorou a autoimagem (Rezpa et al., 2014). Em um estudo de longo prazo, que utilizou de avaliação clínica após a ciurgia de aumento realizada por dois cirurgiões examinadores, observou-se que mais de um terço das mulheres avaliaram a aparência de suas mamas mais positivamente que os médicos examinadores, sugerindo, dessa forma, que a cirurgia de implante de mama pode trazer resultados de melhora psicológica e de imagem corporal (Hölmich, Breiting & Fryzek, 2007). 25 4.7 SATISFAÇÃO COM A CIRURGIA A satisfação das pacientes com os resultados da cirurgia de redução de mamas parece estar relacionada à satisfação com a aparência das mamas, bem-estar sexual, físico e psicossocial, satisfação com a informação recebida sobre o procedimento, e com o cirurgião (Coriddi et al., 2013). A maioria das mulheres que se submeteram à mamoplastia redutora ficaram satisfeitas, mesmo quando passaram por experiências negativas relacionadas a cirurgia. Além disso, a melhora na satisfação não é afetada de forma substancial com o passar do tempo (Woodman & Radzyminski, 2007; Gonzalez et al., 2012; Cohen, Homel & Patel, 2016). Entretanto, um estudo fenomenológico realizado por meio de entrevista pessoal com nove mulheres, observou que todas ficaram insatisfeitas com alguns aspectos da cirurgia ou do pós-operatório, e relataram não estar preparadas para a anestesia, para o nível de dor que sentiram, as complicações, o longo tempo de recuperação, dificuldade para dormir, entre outros. Porém, a alta frequência de problemas na recuperação pode ter sido influenciada pela metodologia utilizada neste estudo, pois difere da literatura. A insatisfação relacionada à falta de preparação e informação das pacientes evidencia a importância de uma boa educação pré- operatória nos diversos tipos de cirurgias de mama, preparando-as para possíveis experiências negativas e complicações (Woodman & Radzyminski, 2007). Outro aspecto importante relatado pelas pacientes foi o relacionamento com o cirurgião plástico, considerando se respondia às perguntas, se foi atencioso e tranquilizador (Klassen et al, 2009). Cerovac et al (2005), encontraram um nível maior de satisfação com a mamoplastia redutora entre as pacientes que estavam em um relacionamento estável, em comparação com aquelas em um relacionamento instável ou solteiras. Observaram ainda, que as pacientes com ansiedade tinham tendência três vezes maior de ficar insatisfeitas com os resultados, e as 26 pacientes com depressão, cinco vezes maior. Outro estudo verificou que mulheres que utilizam drogas psicotrópicas tem chance três vezes maior de ficarem insatisfeitas com a cirurgia de redução de mama (Correia-Sá, Cordeiro, Amarante & Marques, 2017). As cicatrizes são um motivo comum de insatisfação no pós-operatório, preocupando principalmente as pacientes mais jovens. Entretanto, outro estudo mais recente revela que apesar das cicatrizes, há ainda uma melhora relevante na satisfação com as mamas (Cerovac et al, 2005). Da mesma forma, na mamoplastia de aumento, os achados foram consistentes entre os artigos da literatura revisada, demonstrando que a maioria das pacientes ficaram satisfeitas com a cirurgia e repetiriam o procedimento (Hölmich, Breiting & Fryzek, 2007). A satisfação geral com o procedimento foi muito associada àquela com a aparência das mamas, e não se relacionou com o bem-estar físico (Coriddi et al, 2013). Estudo realizado na população polonesa, percebeu que houve maior satisfação com o aumento de mama entre as mulheres solteiras, entre 25 e 35 anos de idade, residentes de cidades grandes e com pelo menos 2 filhos (Rzepa et al, 2014). Hölmich, Breiting e Fryzek (2007), mostraram que as mulheres submetidas à cirurgia de aumento de mama há um tempo médio de 19 anos (variação entre 5 e 35 anos), apresentaram um nível de satisfação de 60% com os resultados gerais da cirurgia. Destaca-se o fato da maioria delas indicarem satisfação, considerando que a maior parte das pacientes teve contratura capsular. Observaram ainda que, ao longo do tempo a satisfação com a cirurgia melhorou em 6% das mulheres, entretanto, piorou para 21% delas. A literatura sugere uma correlação importante entre a satisfação da paciente e a taxa de complicações, especialmente a contratura capsular, a qual esteve muito associada à insatisfação com a cirurgia de implante mamário (Swanson, 2013a; 2013b). 27 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS De modo geral, os estudos que investigaram a percepção das mulheres após a realização de CPE de mama, foram realizados entre um mês a sete anos após os procedimentos cirúrgicos. Neste cenário, para a maioria das mulheres, os benefícios da CPE de mamas ultrapassaram os efeitos de melhora na aparência, proporcionando também a restauração do bem-estar físico, sexual, psicossocial, da autoestima e um consequente aumento na QV. Para as pacientes submetidas à redução de mamas, o benefício mais significativo identificado foi referente às condições físicas; enquanto que para aquelas submetidas à cirurgia de aumento, se destacou a imagem corporal relacionada à aparência das mamas. Ambas cirurgias ocasionaram redução no grau de constrangimento público relacionado ao tamanho de suas mamas, e consequentemente, benefícios psicossociais. Entretanto, deve-se analisar estes resultados com cautela, uma vez que apenas dois estudos avaliaram a satisfação geral das mulheres após períodos mais longos das CPE de mama, e tais pesquisas apontaram importante porcentagem de mulheres que relataram diminuição da satisfação ao longo dos anos. Deste modo, em consequência da expectativa de vida aumentada e a busca pelo envelhecimento ativo por esta população, futuros estudos que avaliem a satisfação no contexto longitudinal da vida dessasmulheres devem ser incentivados, a fim de se obter respostas mais assertivas, considerando a longevidade e os aspectos ampliados da promoção da saúde no ciclo de vida das mulheres. Ainda, deve-se considerar a relevância da investigação referente à percepção e satisfação relacionada às CPE de mamas para todos profissionais da saúde, uma vez que possibilita reconhecer os possíveis impactos físicos e psicológicos que estes procedimentos geram na vida dessas mulheres. 28 REFERÊNCIAS Alderman A., Pusic A. & Murphy D.K. (2016). Prospective Analysis of Primary Breast Augmentation on Body Image Using the BREAST-Q: Results from a Nationwide Study. Plast Reconstr Surg, 137 (6), 954e-60e. Aparicio-Martinez P., Perea-Moreno A.J., Martinez-Jimenez M.P., Redel-Macías M.D., Pagliari C. & Vaquero-Abellan M. 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