Buscar

Competências-necessárias-para-os-pedagogos-do-século-XXI-algumas-reflexões

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
130 
 
 
COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA OS PEDAGOGOS DO SÉCULO XXI: ALGUMAS 
REFLEXÕES 
 
Ieda Maria Cassuli Bianchini1 
 
RESUMO 
Este estudo, de cunho qualitativo baseado em pesquisa bibliográfica,refere-se à formação de Pedagogos para o 
século XXI. A escolha dessa temática é motivada pela caminhada profissional dos últimos anos e por 
experiências que fizeram e fazem sentidos na constituição da trajetória da pesquisadora seja como docente ou 
como coordenadora pedagógica. Além disso, este estudo vai ao encontro da demanda de discussões que 
emergem nas políticas de formação de acadêmicos de um curso de Pedagogia e suas práticas pedagógicas, 
procurando organizar espaços de discussões em que a teoria e a prática se consolidam, e, principalmente, 
podendo abrir campo de reflexão sobre caminhos atuais e pertinentes à formação profissional dos discentes 
de cursos de licenciaturas, visando a identificar quais competências são imprescindíveis à formação desses 
profissionais.Isso implica em reconhecer momentos de transição e de crises paradigmáticas que caracterizam a 
realidade atual, exige do professor mudanças de posturas,bem como exige um repensar crítico sobre a 
educação, incluindo as práticas educacionais cotidianas. 
 
Palavras-chave: Formação de professores. Competências. Práticas educativas. 
 
 
ABSTRACT 
This study, a qualitative research-based literature, refers to the formation of Educators for the XXI century. The 
choice of this subject is motivated by professional walk the last few years and experiences that made and make 
sense of the trajectory in the constitution of the researcher is as a teacher or as educational coordinator. 
Furthermore, this study meets the demand for political discussions that emerge in the formation of an 
academic course in pedagogy and pedagogical practices, seeking to organize spaces for discussions in the 
theory and practice are consolidated, and, especially, may open field of reflection on ways current and relevant 
professional training of students for undergraduate courses in order to identify which skills are essential to the 
formation of these profissionais. It entails recognizing moments of transition and paradigmatic crises that 
characterize the present situation requires the teacher changes in the positions and requires a critical 
rethinking about education, including educational practices daily. 
 
Keywords: Training of teachers. Skills. Educational practices 
 
 
 
 
1
 Graduada em Pedagogia, Especialista em Supervisão Escolar e Mestranda em Educação no UNILASALLE 
E-mail: ieda.coordenacao@domalberto.edu.br. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
131 
INTRODUÇÃO 
 
No campo das reflexões acerca da formação de professores oportunizada em cursos 
de graduação para atuar na Educação Básica, torna-se relevante discutir o processo de 
formação desses profissionais e práticas pedagógicas, nos cursos desenvolvidos. 
Nesse percurso de formação de professores, observa-se que “o saber fazer” na 
formação do professor e práticas pedagógicas é um processo muito maior, muito mais 
intenso e complexo. A reflexão deve fazer parte do processo de ensinar, de aprender, de 
formar-se e, conseqüentemente, de se desenvolver profissionalmente, auxiliando a 
observação da atuação como professor. Eis o grande desejo que acompanha a 
pesquisadora,seja no exercício da profissão, seja na formação continuada: estar em busca 
de possíveis respostas para o problema e sua pesquisa de mestrado, voltada à reflexão 
sobre formação de professores, tendo como recorte a formação no curso de Pedagogia. 
Além disso, este estudo vai ao encontro da demanda de discussões que emergem nas 
políticas de formação de acadêmicos de um curso de Pedagogia e suas práticas pedagógicas, 
procurando organizar espaços de discussões em que a teoria e a prática se consolidam, e, 
principalmente, podendo abrir campo de reflexão sobre caminhos atuais e pertinentes à 
formação profissional dos discentes de cursos de licenciatura. Sendo assim, reafirma-se o 
desejo de pesquisar sobre esse tema, pois se acredita que a formação profissional oferecida 
aos graduandos do curso de Pedagogia, abordando competências fundamentais para ensinar 
no século XXI, pode contribuir muito para uma educação de qualidade no ensino superior. 
 Ao delimitar esse enfoque, este trabalho tem por objetivo identificar as 
competências necessárias à formação dos pedagogos para o século XXI. Para tanto, o artigo 
apresenta seção que discute o processo de formação de professores e as competências que 
se exige do pedagogo no contexto atual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
132 
FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS PARA O SÉCULO XXI: QUE COMPETÊNCIAS DEVEM SER 
DESENVOLVIDAS? 
 
 A formação profissional de professores tem sido, ao longo dos últimos anos, fonte de 
palestras, encontros pedagógicos e muitos investimentos financeiros no campo educacional. 
Mas afinal, o que significa formação? Segundo dicionário Luft “formação é o ato ou efeito 
de formar; constituição de um ser ou de uma sociedade; maneira pela qual se constitui uma 
personalidade, um caráter, uma mentalidade; educação” (2001, p. 335). O mesmo autor diz 
que formar é dar forma a algo, criar, constituir, dar formação a alguém, educar, desenvolver-
se, diplomar-se, graduar-se. 
Zabalza (2011, p. 38-39) questiona ao referir-se à formação de professores: 
 
O que esta formação deve oportunizar aos sujeitos para que efetivamente 
possam denominá-la assim? Competências necessárias para o século XXI? 
Como podemos dizer que alguém se formou como consequência da 
experiência ou programa que lhe foi oferecido? Ou dito de outro modo, que 
condições qualquer programa de formação(universitário 
ou não deve reunir para ser, de fato realmente formativo? 
 
 
Relevante a observação do autor quando se refere à formação de professores como 
oportunidades de crescimento e aperfeiçoamento de pessoas, num sentido global, tendo em 
vista que essa integração é fundamental para a formação do docente. Nesta perspectiva, as 
trajetórias pessoais e profissionais são fatores importantes, definidores e apontam para as 
formas como o professor vai atuar, suas concepções sobre o fazer pedagógico. O docente 
deve buscar aprender de forma contínua, visando ao seu aprimoramento. Cada professor 
apresenta um histórico de vida, possui sua individualidade e, ao longo de sua trajetória 
docente, vai se formando e se transformando, cabe a ele aceitar as oportunidades e 
transformá-las na prática. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
133 
Zabalza (2011, p.29) “afirma de que a importância da formação deriva da 
necessidade da vinculação ao crescimento e ao aperfeiçoamento das pessoas, 
aperfeiçoamento este que tem de ser entendido no sentido global. Crescer como pessoa”. 
É relevante pontuar que a formação de docentes têm sido objeto de análise e 
estudos a partir do movimento de transformação do ensino superior no Brasil. Atualmente, 
espera-se dos docentes universitários que eles formem profissionais competentes e 
comprometidos socialmente, que formem alunos que disponham dos saberes e do 
conhecimento científico e que saibam fazer uma prática eficaz. Nesse contexto, referindo-
se à formação de docentes, também se defende a idéia de que o professor precisa exercer 
sua profissão com o comportamento ético e com responsabilidade, que seja portador de 
competências e atitudes que o capacitem a ultrapassar os obstáculosde toda ordem 
educacional. É isso o que também se espera na formação de professores de Pedagogia. 
 Para a reflexão que se pretende desenvolver sobre competências necessárias para os 
professores do século XXI,descreve-se o conceito de competências a partir de autores como 
Rios (2001), Sugumar (2009), Braslavsky (1999), Perrenoud (2000) e Fernandes (2006) entre 
outros. 
A idéia de competência tem sido recorrente nas discussões que tratam do Ensino 
Superior. Esse conceito está interligado ao perfil do futuro profissional. Sugumar (2009) 
define competência do professor como uma característica subjacente de um indivíduo que 
está causalmente relacionada ao critério de referência eficaz ou performance superior num 
trabalho ou situação. Ao se referir ao conceito, o autor também o associa a conhecimento, a 
habilidades e a atitudes que o professor deverá demonstrar em sua carreira. 
Para Rios (2001), a competência do professor é um conjunto de saberes e fazeres, um 
conceito semelhante ao de Braslavsky (1999), para a qual a competência docente é a 
capacidade de fazer com saber e com consciência, buscando os resultados desse saber. Para 
Braslavsky (1999), a competência envolve simultaneamente conhecimentos, maneiras de 
fazer, valores e responsabilidades pelos resultados daquilo que foi realizado. Na ação 
docente, Fernandes (2006) aponta a competência como uma configuração de dimensões 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
134 
inter-relacionadas, destacando que técnica, política, ética e estética se concretizam na 
prática. 
Já para Perrenoud (2002, p.16 ) a competência relaciona-se ao “saber fazer algo”, 
que, por sua vez, envolve uma série de habilidades: “Do latim habilitas, que significa 
“aptidão”, destreza, disposição para alguma coisa”.Para o autor a sociedade muda rápido, 
por isso deve-se preparar os docentes para a prática reflexiva (inovação/cooperação).Neste 
sentido, a descrição de definições de conceitos sobre competências do professor remete a 
uma reflexão sobre o perfil do profissional que as universidades “formam” e faz alusão à 
necessidade de formação de um professor inovador, que atenda às necessidades deste 
século. 
Segundo Perrenoud (2002, p. 164), a idéia de “competência implica certa ocorrência 
entre diferentes elementos presentes em uma situação-problema e pode manifestar-se por 
intermédio da aptidão para resolvê-los”, ou seja, habilidades que expressam a capacidade 
que o indivíduo possui ao encontrar uma solução para um problema que se apresente a ele. 
Em Dez Novas Competências (2000),o autor defende que um professor, por exemplo, deve 
desenvolver uma prática reflexiva constante. Para tanto, enumera as seguintes habilidades e 
competências: ter domínio da matriz curricular do curso em que atua; sistematizar 
conceitos; elaborar questões e paradigmas que estruturam os saberes de uma disciplina. 
Além disso, ressalta a importância de o professor propor situações-problema para que os 
estudantes possam transpor obstáculos. Enfatiza ainda que se, forem problematizados, os 
estudantes, ao se apropriarem do problema, construirão hipóteses. São concepções ligadas 
à perspectiva cognitivo/interacionista em que o sujeito constrói seu próprio conhecimento. 
Para Imbernón (2000, p. 93) “nós, educadores, temos um grande desafio no futuro. 
Não podemos ser apenas espectadores passivos desse futuro, mas reservar-nos um papel 
de sujeito-atores”. Não se pode esquecer de que professores são formados através de 
modelos de formação convencionais, e estes se encontram inclusos em cada professor. 
Enquanto alguns docentes conseguem fazer o movimento de reflexão e rever o próprio 
modo de aprender e ensinar, outros ainda encontram-se passivos e perplexos diante de 
tantas inovações. Cabe aos professores e gestores educacionais acompanhar os reclames da 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
135 
sociedade, com vistas a identificar novos paradigmas vigentes, a buscar respostas e a 
construir uma prática mais reflexiva. 
 Para García (1999), os professores não são técnicos que executam instruções e 
propostas elaboradas por especialistas. Cada vez mais se assume que o professor é um 
construtivista, que processa informação, toma decisões, gera conhecimento prático, possui 
crenças e rotinas que influenciam a sua atividade profissional.“Considera-se o professor com 
‘um sujeito epistemológico’, capaz de gerar e contrastar teorias sobre a sua prática” 
(GARCIA, 1999, p. 47). 
Delors (2006), no relatório da UNESCO, na Comissão Internacional sobre Educação 
para o século XXI, destacou saberes que serão a base das competências do futuro. E estes se 
organizam em torno de quatro Pilares que serão a base das competências do futuro: 
Aprender a conhecer, aprender a fazer , aprender a viver juntos e aprender a ser.Esse 
conjunto de indicadores de competência para o professor pode satisfazer as exigências da 
sociedade do conhecimento. A proposta do autor pode ser assim sintetizada: 
 
QUADRO 1 – Pilares da modernidade 
 
 Nessa perspectiva, essas competências e qualificações tornam-se, muitas vezes, mais 
acessíveis se quem estuda tiver possibilidade de se pôr à prova e de se enriquecer, tomando 
1 APRENDER A CONHECER O aprender a conhecer, segundo Delor(2006), enfatiza a aprendizagem como 
um processo que nunca está acabado,um processo contínuo que depende tanto 
do professor como do próprio aluno, é uma forma de investigar a curiosidade, 
construir e reconstruir o conhecimento. 
2 APRENDER A FAZER O aprender a fazer, segundo Delors(2006), refere-se à indissociabilidade do 
aprender a conhecer. Não se trata apenas de aprender uma profissão, mas de 
ter qualificações e competência para enfrentar situações que essa profissão 
possa exigir, relacionando também o trabalho em equipe. É preciso ter 
iniciativa, gostar de uma certa dose de risco, ter intuição, saber comunicar-se, 
saber resolver conflitos e ser flexível. 
3 APRENDER A VIVER 
JUNTOS 
Saber relacionar-se e comunicar-se e saber trabalhar em equipe apontam para a 
outra aprendizagem preconizada por Delors (2006), o aprender a viver juntos. 
Acredita-se que essa deveria ser uma das características fundamentais da 
sociedade. 
4 APRENDER A SER 
 
A última das aprendizagens postuladas por Delors (2006) refere-se ao aprender 
a ser. Importante destacar a relevância desta aprendizagem: uma formação 
comesse pressuposto conseguirá despertar a afetividade, o companheirismo e o 
amor, fatores tão necessários para o viver junto. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
136 
parte em atividades profissionais e sociais, em paralelo com os estudos” (DELORS, 2006, p. 
20). 
Considerando tais idéias, o autor traz sua contribuição sobre a importância de 
redimensionar a teoria na prática, fortalecendo assim o conhecimento. A prática se altera 
quando os professores possuem desejo de modificá-la, e sob essa ótica refletir sobre sua 
própria ação é fundamental para uma educação mais eficaz. Esse exercício exige do 
professor formador um assessoramento e acompanhamento pedagógico, sistemático 
durante a formação de futuros professores da Educação Básica. 
Para Delors (2006, p. 90) 
 
 
Uma nova concepção ampliada de educação devia fazer com que todos pudessem 
descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo – revelar o tesouro 
escondido em cada um de nós. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente 
instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos 
resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem 
econômica), e se passe a considerá-la em toda a sua plenituderealização da pessoa 
que, na sua totalidade, aprende a ser. 
 
 
Cada professor traz dentro de si a sua história de vida e sua trajetória, enquanto 
profissional e sujeito. Aos poucos o professor vai descobrindo novas práticas e adquirindo 
consciência de que as teorias contemporâneas da educação apontam cada vez mais 
necessidade de o professor se descobrir e se encontrar através das seguintes interrogações: 
Quem sou? Onde estou? Onde quero chegar? Esse movimento vai sinalizando e revelando 
suas capacidades profissionais que na sua totalidade contribuem para aprender a ser. 
É interessante apontar que, nesse processo, a universidade enfrenta desafios. Zabalza 
(2011) afirma que o desafio das universidades é traduzir essas idéias num projeto de 
formação, adequando as peculiaridades das exigências de formação à instituição 
universitária e ao curso em que os estudantes se formam. 
 Para Perrenoud (2000), o professor precisa trabalhar com competência para dar 
conta da demanda exigida e precisa ser visto como um facilitador do processo ensino-
aprendizagem. Para tal, deve realizar uma mudança constante na seleção dos conteúdos, 
partindo da realidade da vivência de seus alunos. Para que isso ocorra, é necessário um 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
137 
constante aperfeiçoamento para que o professor possa estar sempre atualizado, pois se 
observa que o mercado de trabalho espera do profissional que ele seja capaz de resolver 
diversas situações-problema que ocorrem no ambiente de trabalho. 
Perrenoud (2002) afirma de que as competências profissionais revelam-se em um 
professor reflexivo, que tenha a habilidade de avaliar e se auto-avaliar de acordo com uma 
postura crítica. Assim esse profissional pode se fortalecer enquanto educador e garantir a 
qualidade de seu trabalho. A ação educativa, através de uma prática crítica e reflexiva, 
destaca a necessidade de se repensar os procedimentos e posturas desempenhados na 
profissão, bem como a importância de se colocar na condição de eterno aluno, haja vista a 
necessidade de se estar sempre aberto ao novo e se apropriar de novos paradigmas 
existentes na sociedade contemporânea: “Falar no desenvolvimento de competências no 
aluno implica dialogar sobre competências do próprio professor-educador. Para o professor 
desenvolver competências na criança, ele precisa compreender e redescobrir suas próprias 
competências” (PERRENOUD, 2002, p.168). 
Desse modo o desafio das universidades implica pensar a formação permanente dos 
profissionais que nela atuam, formando pessoas que aceitam o novo e os desafios que o 
cotidiano profissional apresenta e se permitam transformar e não simplesmente repetir 
conceitos e práticas. É preciso começar, é na dúvida, na incerteza, na inquietação, no diálogo 
entre os pares que nasce o melhor de cada profissional, o que possibilita garantir uma 
ampliação dos conhecimentos e proporciona a construção da autonomia, cooperação, 
responsabilidade e criatividade. 
Conforme Tardif (2011) os saberes profissionais dos professores, que são baseados 
em conhecimentos, competências e habilidades, são utilizados diariamente no seu fazer 
pedagógico, a fim de atingir seus objetivos. O primeiro saber relaciona-se à subjetividade 
dos professores: para o autor o professor é um sujeito que assume sua prática a partir dos 
significados que ele mesmo lhe dá, um sujeito que possui conhecimentos e um saber-fazer. 
No segundo saber, o autor destaca a epistemologia da prática profissional, o conjunto dos 
saberes utilizados na prática cotidiana, os conhecimentos, as atitudes, ou seja, saber-fazer 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
138 
e saber-ser. O terceiro saber destaca algumas características dos saberes profissionais: 
saberes temporais, saberes plurais e heterogêneos, saberes personalizados. 
Tardif (2011), ao destacar esses saberes, faz referência aos saberes necessários à 
profissão. Diante do exposto, percebe-se a preocupação constante do autor em traçar o 
perfil do profissional do século XXI, em que o trabalho dos professores deve ser considerado 
um espaço de transformação e mobilização de saberes, em que se vê o professor como um 
sujeito do conhecimento, um ator que c considera em sua prática teorias, conhecimentos e 
saberes, já que, conforme Tardif (2011, p.234), “os professores são os principais atores e 
mediadores da cultura e dos saberes escolares.” 
Já Demo (1996, p. 274-278) relaciona aspectos relevantes que se espera deste novo 
educador: 
Capacidade de pesquisa, capacidade de elaboração própria, capacidade de analisar 
processualmente, capacidade de teorizar as práticas, capacidade de atualização, 
capacidade de trabalho interdisciplinar e capacidade de manejar instrumentos 
eletrônicos. 
 
Nas considerações de Demo (1996), é preciso efetivar mudanças significativas e 
transformadoras na prática do professor e apreender os mecanismos cognitivos de 
aprender, pois o conhecimento é instrumento fundamental para que ocorram as 
transformações exigidas pela sociedade. As atitudes do professor e o seu compromisso com 
a aprendizagem dos alunos são indispensáveis ao se considerar os processos pelos quais os 
professores se apropriam e constroem seus conhecimentos, suas características pessoais e 
suas experiências de vida e profissional. Além disso, é relevante levar em conta a 
flexibilidade das ações de formação, que devem estar de acordo com necessidades de 
aprendizagens e as características do que se aprende. Outra competência que o autor 
considera fundamental na formação é a de se trabalhar de forma cooperativa. 
Compartilhando com a premissa do autor, acredita-se que o trabalho, quando construído 
em equipe, acarreta efeitos positivos, e o comprometimento com a qualidade na educação 
torna-se maior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
139 
CONSIDERAÇOES FINAIS 
 
Autores como Imbernón (2010), Tardif (2011) e Nóvoa (2002) entre outros destacam 
que os fatores que interferem na formação são de várias ordens. A complexidade das 
instituições de ensino, a comunicação entre os professores, a formação inicial recebida, a 
complexidade das interações da realidade, os estilos de liderança escolar, as relações e os 
sistemas de apoio da comunidade profissional são elementos intervenientes no processo de 
formação docente. 
Para Imberón (2010, p.100) 
 
A tarefa docente sempre foi complexa, mas nas últimas décadas tal complexidade 
aumentou muito. A formação deve deixar de trabalhar a partir de uma perspectiva 
linear, uniforme e simplista para introduzir-se na análise educativa a partir de um 
pensamento complexo, afim de revelar as questões ocultas que nos afetam e, 
assim, tomar decisões adequadas. 
 
 
Diante de várias reflexões referentes à formação de professores, acredita-se que é 
preciso repensar a educação. Tornam-se urgentes a construção de novas alternativas, a 
descoberta de técnicas novas, projetos e programas desafiadores pautados na inovação e 
inteligência voltados para uma reflexão crítica sobre o contexto atual, pois a formação 
vivenciada há décadas por educadores, habituados a discutir e explorar conceitos formais, já 
não se mostra adequada como referência para a nova geração de docentes e para o 
contexto atual. Além disso, há de se considerar o avanço do conhecimento: primeiramente a 
aprendizagem era fundamentada no conteúdo como fim e os professores necessitavam 
atingir seus objetivos, nos tempos atuais passa a dirigir-se como meio e os professores 
precisam muito mais do que transmitir saberes, precisam desenvolver competências. São 
observaçõesque ilustram a complexidade no processo de formação docente já apontada 
por Imbernón (2010). 
Um dos desafios dos profissionais que formam professores nas instituições de ensino 
superior é manter-se sempre em constante aprendizado sobre as novas metodologias de 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
140 
ensino e refletir sobre como e o que ensinar no contexto atual em que alunos e escolas têm 
papéis distintos aos de décadas anteriores. Nessa perspectiva, parece ser oportuna a 
presença de um professor reflexivo, um profissional comprometido e autônomo que sabe 
tomar decisões e que tem opiniões próprias. O percurso desta formação, voltado para 
professores críticos reflexivos, implica à universidade propor novas técnicas, estratégias, 
programas e projetos e criar espaços de discussões entre pares para refletir sobre sua 
própria ação. 
Dialogando com essas reflexões, Contreras (1997) afirma que a autonomia 
profissional requer oportunidades em espaços públicos para expor e defender pontos de 
vista, posicionamentos, compromissos a respeito do ensino e da realização profissional. 
Esses espaços auxiliam no desenvolvimento de competências profissionais, oportunizando 
momentos de análise crítica da ação pedagógica, justificando assim a reflexão de prática 
educativa do professor. Nesse sentido, o movimento da autonomia profissional vem 
acompanhado de um movimento interior de compreensão e construção pessoal e 
profissional. 
Neste sentido, à luz dessas reflexões, postula-se que o educador também possui um 
papel relevante nesse processo de rápidas transformações, por isso as práticas pedagógicas 
devem permitir aos alunos não somente acessar o conhecimento, mas também transformá-
lo e inová-lo. Para tanto, é importante enriquecer os processos educativos de maneira que 
possam contribuir com a autonomia, criatividade, reflexão crítica e busca ativa e interativa 
do conhecimento. Toda mudança nasce do casamento entre a necessidade e o desejo 
(ROSA, 1994, p. 16). Essas interrogações questionadoras inquietam e reforçam cada vez 
mais a necessidade de se pensar um professor consciente e competente, que possa rever 
seus conceitos e tomar decisões transformadoras, que orientam o seu trabalho da melhor 
forma possível. 
 Através da experiência construída ao longo da trajetória profissional, vê-se que é 
imprescindível, nos tempos atuais, parar para observar e refletir sobre a atuação 
pedagógica, pois isso remete a uma reflexão sobre o trabalho e consequentemente indica a 
necessidade de uma formação de qualidade para os futuros professores. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
141 
 
Para que isso se torne possível, a pesquisa é uma alternativa de intervenção na 
prática pedagógica inovadora. Favorece a formação do professor ao ser instigado sobre suas 
concepções e experiências, faz a auto-reflexão sobre o seu trabalho. Nesse contexto de 
reflexão acerca da formação ofertada no ensino superior, as pesquisas focadas em 
qualidade no ensino superior vêm aumentando, buscando caminhos viáveis para reconstruir 
e ressignificar a prática pedagógica, com a avaliação sistemática da qualidade na formação 
de professores do ensino superior. 
Segundo relatório da UNESCO (2006), a qualidade é um conceito multifacetado e está 
em constante reconstrução. Os indicadores de qualidade da educação foram elaborados 
para contribuir com as instituições de ensino superior e setores envolvidos com a educação 
na avaliação e na melhoria dos processos de formação professores, contribuindo, assim, na 
construção de uma sociedade mais inclusiva, solidária e justa. 
Morosini (2008), ao tratar sobre a internacionalização da educação superior, no que 
se refere a indicadores na perspectiva da qualidade do ensino e da pesquisa, sinaliza 
 
 
Reformas no currículo, padrões mais altos e desenvolvimento de instrumento para 
avaliação de estudante, inovação em programas profissionais, programas melhores 
para instrutores e desenvolvimento em padrões e sistemas de promoção; grande 
consolidação da qualidade e crescimento da atenção dada a função ensino nas IES 
e nas comunidades acadêmicas, através de discussões sobre ensino, monitoria e 
implicações do ensino por ele mesmo [...] da informação para os professores sobre 
seus pontos fortes e fragilidades,situações diagnósticas de ajuda; discussão e 
mudança de valores desenvolvimento de sentido de pertença a uma IES e 
legitimidade daqueles que iniciaram a avaliação.(MOROSINI, 2008, p. 262) 
 
 
A implementação de mecanismos avaliativos que priorizam a qualidade da educação 
superior está relacionada a mudanças no processo de ensino e aprendizagem, sobretudo 
porque apontam para critérios e indicadores, destacando o que está acontecendo a 
contento e o que precisa ser redimensionado para alcançar os objetivos previstos para a IES, 
para o Curso, para a produção docente e discente, entre outros aspectos. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
142 
Tendo em vista as discussões referidas até o momento, postula-se a necessidade de 
um professor reflexivo no contexto atual, questionador de suas ações, com criticidade sobre 
a sua ação pedagógica. Essas assertivas induzem a pensar a formação de professores sobre 
uma nova ótica num sentido mais amplo: uma formação voltada para o desenvolvimento 
intelectual, humano e cultural tanto para os formandos, como para os próprios professores, 
que fazem parte dos processos de conhecimento de si e do mundo. A grande preocupação 
do momento está voltada para a necessidade urgente do professor reflexivo de sua prática, 
indagador de suas ações, crítico de seu saber-fazer e daquela que busca sentido e prazer 
naquilo que faz, sendo essas algumas das competências requeridas nos tempos atuais. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BRASLAVSKY, C. Bases, orientaciones y criterios para eldiseño de programas de formación de 
profesores. RevistaIberoamericana de Educación, n. 19, p. 13-50, 1999. 
 
CONTRERAS, J. D. La autonomia Del profesorado. Madrid: Morata, 1997. 
 
DEMO, P. Formação Permanente de Professores: educar pela pesquisa. In: MENEZES, L.C. 
(org). Professores: Formação e Profissão. Campinas, S.P: Autores Associados, 1996. 
 
DELORS, J. (org.), Educação: Um tesouroa descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão 
Internacional sobre Educação para o século XXI. 2.Ed. São Paulo: Cortez, 2006. 
 
FERNANDES, C. Competências. In: MOROSINI, M. C. (Org.). Enciclopédia de pedagogia 
universitária. Glossário. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira, 2006. v. 2. 
 
GARCÍA, C. M. A formação de professores: novas perspectivas baseadas na investigação 
sobre o pensamento do professor. In: NÓVOA, A. (coord.). Os professores e a sua formação. 
Lisboa: Dom Quixote, 1992, p. 51-76. 
 
______. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora, 
1999. 
 
GARCIA, R. L. (Org.) Método métodos contra-método. São Paulo: 
Cortez, 2003. 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
143 
 
IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para mudança e a incerteza. 6. 
ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
 
______. Formação continuada de professores. Tradução de Juliana dos Santos Padilha. 
Porto Alegre: Artmed, 2010. 
 
LUFT, C. P. Minidicionário. São Paulo: Ática, 2001. 
MOROSINI, M. C. Internacionalização da educação superior de qualidade. 
In.: AUDY, J. L. N; MOROSINI, M. C. (Orgs.). Inovação e qualidade na Universidade. Porto 
Alegre: EDIPUCRS, 2008, p. 250-267. 
 
NOSSA, V. A formação do professor do ensino superior.2002.Disponível em: 
www.universidade.br/html/cursos/graduação/ciencontab/dload/formaçãodoprofessor. 
Acesso em: 10 maio 2012. 
 
NÓVOA, A. Formação de professores e ação pedagógica. Lisboa, Educar, 2002. 
 
PERRENOUD, P. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre:Artes Médicas, 
2001. 
______. Pedagogia Diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre:Artes Médicas,2000 
 
______; THURLER, M. G. As competências para ensinar no século XXI: A formação dos 
professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
 
RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência de melhor qualidade. São Paulo: 
Cortez, 2001. 
ROSA, D. E. G. Investigação – ação colaborativa: uma possibilidade para a formação 
continuada de professores universitários. In: TIBALLI, E. F. A; CHAVES, S. M. 
(Orgs.).Concepções e práticas de formação de professores: diferentes olhares. Rio de 
Janeiro: DP&A, 1994. p.165-188. 
SUGUMAR, V. R. Competency mapping of teachers in tertiary education. Índia, 2009. 
Disponível em: 
<http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/custom/portlets/recordDetails/detailmini.jsp?_nfp
b=true&_&ERICExtSearch_SearchValue_0=ED506207&ERICExtSearch_SearchType_0=no&ac
cno=ED506207>. Acesso em: 15 jan. 2010. 
 
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto 
 
 
Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012. 
 
 
Página 
144 
_______. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2011. 
 
ZABALZA, M. A. Diários de Aula. Contributo para o Estudo dos Dilemas Práticos dos Professores Diários de 
Aula Editor: Porto Editora, 2011.

Continue navegando