Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola de Administração Fazendária ESAF FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS DE ENGENHARIA Ficha técnica Coordenador Técnico e Conteudista - Secretaria da Receita Federal do Brasil Athos André do Amaral Rocha Coordenação de Produção Equipe de produção DIEAD/ESAF Noções Prévias de Fiscalização de Projetos e Obras – Módulo 1 .............................4 1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no pre- paro do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? .......................... 4 1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração ..................................................................................................................12 1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? ..........................................................................................................................20 1.4. Os conceitos específicos na área de fiscalização de projetos e obras ............... 23 Encerramento ........................................................................................................32 Sumário 4 1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Relacionar qual é a legislação vinculada aos processos licitatórios, aos contra- tos e à fiscalização; § Perceber a importância de cada uma das leis aplicadas aos temas. Seja bem-vindo ao curso de Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia! Durante o seu desenvolvimento, você terá contato com vários temas relacionados a essas duas importantes ações do servidor público que atua na área. Com o objetivo de encaminhar as atividades do curso de maneira didática, iniciaremos, neste Módulo 1, com a apresentação e a introdução de alguns conceitos importantes. Certamente, prezado(a) aluno(a), muitos dos conceitos que serão aqui desenvolvidos já são do seu conhecimento, ou mesmo domínio. Outros, no entanto, podem ser novos, e serão aqui apresentados. Para que possamos atender inclusive aqueles alunos que não têm conhecimento aprofundado no tema, essa ação de apresentação dos conceitos ganha grande importância e será constante até o final do curso. Assim, desejamos a você uma excelente experiência, e que comecemos os trabalhos! No âmbito da Administração Pública, as atividades de fiscalização de projetos e obras apresentam uma particularidade, se considerarmos o desempenho dessas mesmas atividades no âmbito da iniciativa privada. Trata-se da preparação da con- tratação, amparada em normativas legais específicas, e o seu resultado com a publi- cação de um edital. Compare e veja que na esfera pública as contratações são muito mais demoradas do que aquelas da iniciativa privada. O edital, como peça fundamental para as contratações de proje- tos e obras, é o instrumento que norteará a relação entre a Admi- nistração Pública e a proponente (dos serviços), e dele fará par- te a minuta do contrato, como um dos seus anexos, quando das modalidades de licitação Concorrência e Tomada de Preços, ou Dispensa de Licitação e Inexigibilidade (BRASIL, 1993, arts. 40 e MÓDULO 1 NOÇÕES PRÉVIAS DE FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS 5 62)1. O regime jurídico para tais contratos, conforme a Lei n° 8.666/1993, confere à Administração Pública a prerrogativa de modificá-los unilateralmente para a melhor adequação às finalidades do interesse público, respeitados os direitos do contratado. Para as demais modalidades, o contrato é facultativo, podendo ser substituído por carta-contrato, nota de empenho de despesa ou ainda ordem de execução de serviço. Importante É muito importante que os profissionais que atuam nessas áreas detenham um conhecimento básico de legislação relativa à ela- boração de editais. A preparação desse instrumento convocató- rio deve obedecer às inúmeras normativas, muitas em constante atualização, devendo a sua redação ser correta e atualizada, visto que esse será o principal documento da relação contratan- te/contratado, servindo de referência legal durante todo o perío- do da contratação. O edital, como é o principal elemento que solucionará impasses e esclarecerá dúvidas, se incorreto, perde- rá o seu propósito, inclusive dando oportunidade para contesta- ções judiciais, caso não esteja bem elaborado ou redigido de forma clara, coesa e obedecendo fielmente à legislação vigente. Recentemente, a Instrução Normativa (IN) n° 05, de 25 de maio de 2017 da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (Seges/MP), determinou a obrigatoriedade do gerenciamento de riscos para as contratações pú- blicas, com a elaboração de mapas de riscos, juntados aos autos dos processos em algumas etapas da licitação, entre elas ao final da elaboração do Termo de Referên- cia ou Projeto Básico.2 Já a Portaria n° 389, de 23 de agosto de 2017, do Ministério 1 BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1993. 2 Esses conceitos serão desenvolvidos ao longo deste curso. https://www.comprasgovernamentais.gov.br/images/conteudo/ArquivosCGNOR/IN-n-05-de-26-de-maio-de-2017---Hiperlink.pdf http://www.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/portarias-ministeriais/2017/portaria-ndeg-389-de-23-de-agosto-de-2017 6 da Fazenda (MF), determina que devam ser adotadas as minutas padronizadas da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) na elaboração de instrumentos de contratação pública de serviços, como projetos ou execução de obras pelos órgãos do MF. Essa determinação foi acatada com a edição da Portaria da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 2.363, de 6 de julho de 2017. Outro aspecto importante é a observação ao Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, que regulamenta o art. 3° da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sus- tentável nas contratações realizadas pela Administração Pública Federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (Cisap), e ao Decreto nº 9.178, de 23 de outubro de 2017, que o atualiza. Complementa o mesmo tema a IN da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Pla- nejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MP) nº 01, de 19 de janeiro de 2010, que dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e funda- cional, e dá outras providências. A Lei nº 8.666/1993 determina os elementos mínimos necessários à composição de um edital. No seu art. 40 estão as principais exigências para a sua elaboração: Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo de licitação, a menção de que será regida por esta lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente o seguin- te: (...) (...)§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: I – o Projeto Básico e/ou Executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outros complementos; II – orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) III – a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor; (...) (BRASIL, 1993). http://www.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/portarias-ministeriais/2017/portaria-ndeg-389-de-23-de-agosto-de-2017 http://www.pgfn.fazenda.gov.br/consultoria-administrativa/minutas-padraohttp://www.pgfn.fazenda.gov.br/consultoria-administrativa/minutas-padrao http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=84430&visao=anotado http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=84430&visao=anotado http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7746.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9178.htm https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/legislacao/INSTRUCAO%20NORMATIVA%20N.%2001%20de%202010%20-%20Compras%20Sustentav.pdf/view https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/legislacao/INSTRUCAO%20NORMATIVA%20N.%2001%20de%202010%20-%20Compras%20Sustentav.pdf/view http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm 7 Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo de licitação, a menção de que será regida por esta lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente o seguin- te: (...) (...)§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: I – o Projeto Básico e/ou Executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outros complementos; II – orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) III – a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor; (...) (BRASIL, 1993). Preste muita atenção nos três pontos desse artigo (acima em negrito), os quais devem ter a sua total atenção como fiscal do contrato. O primeiro refere-se à previsão legal de que seja parte integrante do edital ao menos o Projeto Básico do objeto (no caso em estudo, obras ou serviços de engenharia), com a relação completa dos seus elementos (pranchas de desenho, especificações técnicas e tantos outros elementos necessários ao entendimento do objeto). Você encontrará um estudo mais aprofundado dessa relação no tópico 1.1.2 e no Módulo 2. O segundo ponto refere-se à necessidade de que conste do edital o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e custos unitários. Importante Este orçamento é uma responsabilidade da Administração, e ser- virá como uma referência para o preço de venda que se deseja para o objeto a ser contratado. Isso não impede, no entanto, que as licitantes apresentem valores diferentes para os custos unitários em relação àqueles demonstrados na planilha referencial da Administração, advindos de sistemas de custos de referência. Essa possibilidade deve respeitar, porém, regras definidas nos diversos Acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema e determinações que constarão do próprio edital. 8 Por Exemplo O preço global da etapa não deverá ser excedido, ainda que os seu custos unitários formadores sejam distribuídos de forma diferente, ou que sejam diferentes daqueles obtidos a partir dos sistemas de custos de referência previstos no Decreto nº 7.983/2013, assunto que estudare- mos no Módulo 3. O terceiro ponto refere-se à inclusão, nesse artigo, da obrigatoriedade de que conste no edital a minuta do contrato. Essa determinação advém do fato de que os contratos administrativos são contratos de adesão, já que as suas cláusulas são estabelecidas unilateralmente pela Administração. O licitante (ou contratado), ao participar da licitação, demonstra aceitar as condições do contrato, cuja minuta estará anexa ao edital. Esse simples comando legal servirá de base de argumentação em eventuais discussões futuras acercas das obrigações e dos direitos do contratado, assunto ao qual nos dedicaremos no Módulo 4. Já o art. 41 da Lei nº 8.666/1993 define que o edital é peça régia quando da licitação e contratação dos serviços, ou seja, ele é a lei interna da licitação, documento que servirá ao esclarecimento para quaisquer controvérsias que venham a ocorrer durante o período do contrato e ao qual a Administração está vinculada: “Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada” (BRASIL, 1993). 9 Importante A elaboração de editais, considerando-se todos os quesitos já discutidos até aqui, é tarefa complexa e que requer dedicação do agente público. Por tal razão, é imprescindível a sua capacitação no seu desenvolvimento. Soma-se a isso o fato de que há cons- tantes atualizações na legislação afeta ao tema, que muitas vezes corrigem ou alteram preceitos anteriormente adotados, seja pela edição de novas leis, seja por jurisprudência dos Tribu- nais Superiores ou outros órgãos de controle. Sendo o edital a peça fundamental na relação contratual entre a Administração Pública e o contratado, dele faz parte a minuta do contrato de prestação de serviços, conforme disposto no art. 40, inciso XVII, parágrafo 2º, item III da Lei nº 8.666/1993. Contudo, uma análise detalhada da Gestão por Competências da RFB (no caso dos servidores desse órgão), apresentada na forma de uma Cadeia de Valor, por meio do Mapa Estratégico da instituição, informa quais são as competências que se espera do servidor, em níveis fundamental, gerencial (quando servidor ocupante de cargos de chefia) e específico. A Gestão por Competências da RFB está vinculada à Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal (PNDP), que foi instituída pelo Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, sendo o referencial para a política de capacitação do servidor. Dentro das competências individuais específicas necessárias ao servidor, estrutura- das de acordo com os processos de trabalho que compõem a Cadeia de Valor da RFB, aquelas aplicadas aos servidores arquitetos, engenheiros, ou demais servidores que atuam na Fiscalização de Projetos e Obras, são as relacionadas ao macroprocesso “Gestão de Materiais e Logística”, processo de trabalho “Gerir Imóveis e Obras” (Por- taria RFB n° 38, de 11 de janeiro de 2016), e são as listadas a seguir: 10 Manutenção da infraestrutura física da RFB – gerir a infraestrutu- ra física da RFB, mantendo a adequação dos imóveis aos padrões técnicos e à imagem institucional, de forma a conferir funcionali- dade e segurança à consecução das atividades-fim; Adequação da infraestrutura física – adequar a infraestrutura física da RFB, de acordo com os padrões técnicos e a imagem institucional, propiciando um ambiente seguro e saudável aos servidores no desempenho de suas atividades; Contratação de projetos, obras e serviços de engenharia – gerir os procedimentos necessários à contratação de projetos, obras e serviços de engenharia, inclusive orçamentos, tendo em vista a gestão efetiva dos recursos disponíveis e o desempenho das atividades-fim; Fiscalização de projetos, obras e serviços de engenharia – fis- calizar minuciosamente a execução dos contratos e a realização de projetos, obras e serviços de engenharia, primando pelo pleno cumprimento da especificação do objeto, das obrigações do con- tratado e das orientações dos órgãos de controle e fiscalização. Perceba que, das competências elencadas, os dois itens marcados devem ser obser- vados com muito cuidado, pois invocam grande responsabilidade do agente público. Ambos tratam da responsabilidade subsidiária que está vinculada ao servidor quan- do nomeado fiscal do contrato, na figura de especialista (engenheiro ou arquiteto), e que será novamente tratada nos Módulos 2 e 4. O primeiro está diretamente ligado à qualidade e à segurança do ambiente construído. O segundo, à observância das de- terminações e jurisprudência dos órgãos de controle. 11 Note que a qualidade e a segurança do ambiente construído referem-se ao cuidado de se prever instalações que atendam às normas técnicas ou normas legais intrinsi- camente vinculadas ao desempenho, à funcionalidade, ao conforto, à acessibilidade e à segurança. Como exemplo, podemos citar a necessáriaobservação à legislação ambiental ou à legislação de incêndio. Nesse aspecto, o fiscal do contrato com for- mação técnica é solidariamente responsável, caso não sejam cumpridas as norma- tivas técnicas ou legais que são vinculadas à construção, inclusive podendo vir a ser responsabilizado civil e criminalmente nesses casos. Em relação aos órgãos superiores de controle, a não observância das suas normati- vas legais (acórdãos ou outras jurisprudências), por parte do fiscal do contrato, pode- rá implicar a sua responsabilização, inclusive prevendo sanções. Dessa forma, é de vital importância que o fiscal proceda com todo o rigor na atuação da sua fiscalização, devendo sempre fazer constar nos autos do processo adminis- trativo do contrato todos os seus atos relativos a tais quesitos, como exigências da observância de tais normas e, o mais importante, o seu cumprimento. 12 1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Identificar o conceito de Termo de Referência, como apresentado na legislação, e a sua elaboração de forma eficiente. Conforme orientações do TCU, o Termo de Referência é o documento que definirá o escopo do objeto do contrato quando da licitação na modalidade pregão, regida pela Lei nº 10.520/2002, incluindo os serviços comuns de engenharia. Nas modalidades definidas pela Lei nº 8.666/1993, para a licitação de obras, tal documento é o Projeto Básico, previsto no item I, parágrafo 2°, inciso XVII, do art. 40. Constitui-se em importante etapa que antecede o Projeto Básico, a elaboração de estudo técnico preliminar ou anteprojeto, previstos no art. 6º da Lei nº 8.666/1993: Art. 6º Para os fins desta lei, considera-se: (...) IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que pos- sibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos (...) (BRASIL, 1993, p. 154, grifo nosso). Pereira Jr. (2012) ensina3: 3 PEREIRA JR., J. T. Políticas públicas nas licitações e contratações administrativas. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012. 13 “Durante o estudo preliminar, avaliam-se questões que possibilitarão a elabo- ração de anteprojeto em conformidade com as necessidades administrativas e as características do objeto a licitar, ou a contratar de forma direta. Tal estudo leva em conta aspectos como: a) adequação técnica; b) funcionalidade; c) requisitos ambientais; d) adequação às normas vigentes (requisitos de limites e áreas de ocupação, normas de urban- ização, leis de proteção ambiental etc.); e) possível movimento de terra decor- rente da implantação, necessidade de estabilizar taludes, construir muros de arrimo ou fundações especiais; f) processo construtivo a ser empregado; g) possi- bilidade de racionalização do processo construtivo; h) existência de fornecedores que deem respostas às soluções sob consideração; i) estimativa preliminar de custo e viabilidade econômico-financeira do objeto (PEREIRA JR., 2012).” Já para a contratação de serviço de elaboração do Projeto Básico da obra ou edifica- ção, farão parte de anexo do edital as diretrizes e especificações técnicas do projeto pretendido, em que estarão descritos todos os requisitos (técnicos, de prazos etc.) que deverão ser atendidos. Importante Essas diretrizes devem ser dadas por profissional habilitado, do próprio quadro da Administração, ou contratado para tal, e serão abordadas no Módulo 2. 14 Para a contratação de serviços de execução de obras, nos quais já se tenha o Projeto Básico, estarão descritas em anexo ao edital as diretrizes para a elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra (previsão dada pelo art. 7º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.666/1993), e as providências que se espera da contratada quando da sua execução. Obviamente, não será descrito nesta peça todo o roteiro técnico para a execução da edificação ou obra viária ou de infraestrutura, visto que isso é tema do projeto de construção civil (documentos técnicos) que dela fará parte. Nas diretrizes para a elaboração do Projeto Executivo, complementar ao Projeto Básico, estarão descritos os elementos que devem ser entregues à Administração quando da execução ou finalização da obra (além do Projeto Executivo, os laudos, o “as built”4 etc.), e as providências que devem ser tomadas pela contratada para a execução do objeto (observância às normativas de sustentabilidade, à legislação ambiental, ao cronograma de etapas, aos prazos etc.). O Termo de Referência, ou Projeto Básico, deve apresentar os seguintes itens: a) Justificativa no que se refere à alternativa escolhida, notadamente quanto à viabilidade técnica, econômica e ambiental do serviço; b) Fornecimento de uma visão global do serviço e identificação de seus elementos constituintes de forma precisa; c) Especificação do desempenho esperado; d) Demonstração de que estão sendo adotadas soluções técnicas, quer para o conjunto, quer para suas partes, amparada por memórias de cálculo e de acordo com critérios de projeto previamente estabelecidos, de modo a evitar e/ou minimizar reformulações e/ou ajustes acentuados, durante a fase de execução; e) Identificação e especificações dos tipos de serviços a serem executados, dos materiais e dos equipamentos a serem incorporados; 4 As built – Expressão da língua inglesa que significa “como construído”. Forma final da apresentação de uma obra da construção civil, tal como executado, através do registro em documentos técnicos. 15 f) Definição das quantidades e dos custos dos serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e o porte do objeto, de forma a ensejar a determinação do custo global; O detalhamento de todos os serviços da planilha orçamentária tanto motiva o preço referencial proposto, como dá maior condição ao particular de melhor oferecer a sua proposta, ao conhecer todas as nuanças da contratação. Além da necessária publicidade e motivação do referencial de preços utilizado, tal medida instiga a competitividade e contribui para a economicidade do certame, uma vez que, ao melhor conhecer o objeto, em tese, embutem-se menos riscos na contratação. O particular, igualmente, deve apresentar o detalhamento de seus preços. Não se destina desclassificar concorrente por sobrestimativa de eventual insumo, posto que tal rigorismo em nada contribuiria para a obtenção da “melhor proposta”. A demonstração objetiva de todos os custos do empreendimento subsidia a Administração em eventuais análises de exequibilidade da oferta. Também evita a ocorrência de duplicidade de encargos dispostos no orçamento e serve de lastro probatório para o discernimento de futuros pleitos de reequilíbrio econômico-financeiro (CAMPELO; CAVALCANTE, 2014, p. 119).5 5 Destaca-se, dessa doutrina, a característica meramente referencial do orçamento da Administração. Enquanto esse é necessário e obrigatório, conforme o Decreto nº 7.983/2013, o orçamento da licitante é de sua responsabilidade, devendo esta produzi-lo conforme a sua técnica adotada, seus procedimentos construtivos ou de projetos e o seu enquadramento tributário, sempre observando os limites e as regras dados no próprio decreto. 5 CAMPELO, Valmir; CAVALCANTE, Rafael Jardim. Obras públicas: comentários à jurisprudência do TCU. 3. ed. Belo Hori- zonte: Fórum, 2014. 16 Por certo essa condição remete àquela licitante toda e qualquer assunção de responsabilidade pelos serviços que serão prestados, pelo preço ofertado e pela distribuição dos seus custos, inclusive para a eventual celebração de aditivos ao contrato, conforme será estudado no Módulo 3.g) As regras sobre como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei nº 8.666/1993 (Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário, TCU); h) Fornecimento de subsídios suficientes para a montagem do plano de gestão do serviço; i) Detalhamento dos programas ambientais, compatível com o porte do serviço; j) Observância das normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), de modo a abranger todos os materiais, equipamentos e serviços previstos no projeto; k) Se a referência de marca ou modelo for indispensável para a perfeita caracteri- zação do componente do serviço, a especificação deverá indicar as expressões “ou similar”, “ou equivalente” ou “de melhor qualidade”, definindo-se com clare- za e precisão as características e o desempenho técnico requerido pelo projeto, de modo a permitir a verificação e a comprovação da equivalência com outros modelos e fabricantes; l) As especificações técnicas deverão considerar as condições locais em relação ao clima e às técnicas a serem utilizadas; m) As especificações de componentes conectados a redes de utilidade pública deverão adotar, rigorosamente, os padrões das concessionárias; n) As especificações serão elaboradas visando equilibrar economia e desempe- nho técnico, considerando custos de fornecimento e de manutenção, porém sem prejuízo da vida útil do componente utilizado; 17 o) Características e condições do local de execução dos serviços, bem como de seu impacto ambiental, se houver, considerando-se os seguintes requisitos: segurança, funcionalidade e adequação ao interesse público, possibilidade de emprego de mão de obra, materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para execução, de modo a diminuir os custos de transporte, facilidade e economia na execução, na conservação e na operação, sem prejuízo da durabilidade do serviço, adoção das normas técnicas de saúde e de segurança do trabalho adequadas e infraestrutura de acesso; p) Observância de critérios e parâmetros técnicos prescritos na norma NBR 9050/2015, relacionados à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida (Acórdão nº 853/2013 – Plenário, TCU); q) Catálogo de projetos que devem ser elaborados pela contratada, durante a execução do serviço, retratando a forma exata como foi cumprido o objeto contratado (“as built”); r) A indicação de leis, decretos, regulamentos, portarias e demais atos norma- tivos federais, estaduais, distritais e municipais, bem como normas técnicas aplicáveis ao objeto. A expressão “pessoas portadoras de deficiência” , constante no item “p”, atualmente está em desuso. O item apresenta o texto da lei. Essa expressão e as expressões correlatas “pessoa com necessidades especiais” e “pessoa deficiente” não têm mais sido aceitas desde a assinatura, pelo Brasil, do Tratado Internacional dos Direitos Huma- nos na Convenção de Nova Iorque sobre os direitos das pessoas com deficiência, em 2007, e da edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Isso decorre do fato que a primeira expressão, ao transmitir a ideia de portabilidade, pode levar à conclusão de que se pode abrir mão da deficiência, configurando um eufemismo. Igualmente, a segunda e terceira expressões, equivocadamente, transmitem a ideia de redução da capacidade das pessoas com defi- ciência. A deficiência se manifesta na relação com o meio externo, mas jamais limita as habilidades das pessoas no desempenho de competências ordinárias. Tome Nota 18 A expressão “pessoas portadoras de deficiência” , constante no item “p”, atualmente está em desuso. O item apresenta o texto da lei. Essa expressão e as expressões correlatas “pessoa com necessidades especiais” e “pessoa deficiente” não têm mais sido aceitas desde a assinatura, pelo Brasil, do Tratado Internacional dos Direitos Huma- nos na Convenção de Nova Iorque sobre os direitos das pessoas com deficiência, em 2007, e da edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Isso decorre do fato que a primeira expressão, ao transmitir a ideia de portabilidade, pode levar à conclusão de que se pode abrir mão da deficiência, configurando um eufemismo. Igualmente, a segunda e terceira expressões, equivocadamente, transmitem a ideia de redução da capacidade das pessoas com defi- ciência. A deficiência se manifesta na relação com o meio externo, mas jamais limita as habilidades das pessoas no desempenho de competências ordinárias. Tome Nota O Termo de Referência ou Projeto Básico contemplará ainda: a) Cronograma físico-financeiro; O cronograma físico-financeiro integra, obrigatoriamente, o edital, como item ou anexo deste. Seu objetivo é o de prever desembolsos no decorrer do tempo de execução proposto pelo Projeto Básico. O paga- mento corresponderá à efetiva contraprestação da execução da obra ou da prestação de serviço, em conformidade com as etapas fixadas no cronograma físico e de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros, vedada a antecipação de pagamento à contratada. A Lei nº 8.666, de 1993, menciona esse relevante instrumento de con- trole de execução e de pagamento em serviços de engenharia em mais de uma de suas disposições, a saber: art. 7º, parágrafo 2º, inciso III; art. 40, inciso XIV, alínea “b”; art. 65, inciso II, alínea “c”. Estende-se ao serviço de engenharia o disposto no art. 12 do Decreto nº 7.983, de 2013, o qual estabelece que a minuta de contrato deva conter cronograma físico-financeiro com a especificação física com- pleta das etapas necessárias à medição, ao monitoramento e ao con- trole das obras. Saiba Mais 19 O cronograma físico-financeiro integra, obrigatoriamente, o edital, como item ou anexo deste. Seu objetivo é o de prever desembolsos no decorrer do tempo de execução proposto pelo Projeto Básico. O paga- mento corresponderá à efetiva contraprestação da execução da obra ou da prestação de serviço, em conformidade com as etapas fixadas no cronograma físico e de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros, vedada a antecipação de pagamento à contratada. A Lei nº 8.666, de 1993, menciona esse relevante instrumento de con- trole de execução e de pagamento em serviços de engenharia em mais de uma de suas disposições, a saber: art. 7º, parágrafo 2º, inciso III; art. 40, inciso XIV, alínea “b”; art. 65, inciso II, alínea “c”. Estende-se ao serviço de engenharia o disposto no art. 12 do Decreto nº 7.983, de 2013, o qual estabelece que a minuta de contrato deva conter cronograma físico-financeiro com a especificação física com- pleta das etapas necessárias à medição, ao monitoramento e ao con- trole das obras. Saiba Mais b) Realização de vistoria (se obrigatória ou facultativa); c) Data de início das etapas de execução, conclusão e entrega do objeto; A autoridade sempre deve atentar-se para que a soma dos prazos de execução, de medição, de fiscalização e para realização de correções na obra não ultrapasse o prazo de vigência contratual. Saiba Mais d) Condições para o recebimento do serviço, recebimento provisório e definitivo; e) Critério de aceitação do objeto e prazo para correções/substituições, quando em desacordo com as especificações exigidas; f) Obrigações da contratada e da contratante; g) Procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato; h) Subcontratação (possibilidade ou não); i) Projeto Executivo. 20 1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Identificar os limites de atuação e as responsabilidades legais dos diferentes tipos de profissionais; § Reconhecer por que o profissional habilitado é importante para a contratante; § Reconhecer quais as vantagens de possuir o profissional habilitado no quadro do órgão. Na esfera pública, a contratação de serviçosde engenharia e arquitetura comumente se dá por necessidade da manutenção ou ampliação das suas instalações, como atividade não finalística, salvo em alguns poucos casos, em que a atividade-fim do órgão público seja a construção ou a edificação. No entanto, uma das prerrogativas da Administração Pública é a gestão de contratos geridos por suas seções de licitação. Nas seções de licitação, invariavelmente estão alocados servidores do órgão que apresentam experiência na gestão de contratos e certames licitatórios, mas que normalmente são servidores com pouca ou nenhuma experiência na contratação de serviços específicos de engenharia e arquitetura. Salvo se o órgão dispor de seções especializadas nessas áreas, tais processos licitatórios são conduzidos pelas seções de licitação, que não raras as vezes têm pouca familiaridade para conduzir temas tão específicos. Para essa situação, a Lei n° 8.666/1993 prevê, no seu art. 67, a possibilidade de assessoramento técnico especializado: 21 “Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações perti- nentes a essa atribuição” (BRASIL, 1993). No caso da RFB, há orientação no mesmo sentido, dada na Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011: Art. 20. Caso seja necessário, a autoridade competente, mediante justificati- va fundamentada, poderá autorizar a contratação de profissional, empresa ou escritório técnico, especializados, para assessorar o representante da Administração, assistindo-o e subsidiando-o com informações pertinentes a sua atribuição (BRASIL, 2011).6 6 Da análise da legislação citada é possível identificar a diferença entre o servidor fiscal de contrato e o servidor profissional habilitado na área de engenharia ou arquitetura. O servidor fiscal de contrato, embora com experiência na sua gestão, não tem a experiência nas áreas específicas, salvo se habilitado. Já o profissional habilitado em engenharia ou arquitetura detém o conhecimento técnico específico. Como a realidade da maior parte dos órgãos da Administração Pública é ter as atividades de engenharia e arquitetura como áreas-meio – e não finalísticas –, é natural que nos seus quadros não estejam presentes tais profissionais. Por conta 6 BRASIL. Receita Federal do Brasil. Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011. Brasília: RFB, 2011. 22 disso, a legislação traz explicitamente a possibilidade da contratação desses, como assessoria, conforme já mencionado, pelos comandos da Lei nº 8.666/1993, e, no caso da RFB, da Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011. A presença desses profissionais nos quadros dos órgãos da Administração Pública, cujas áreas de atuação finalística não sejam a arquitetura e a engenharia, é, no entanto, recomendável. Isso se deve ao fato de que somente tais profissionais têm condições técnicas de contratar, fiscalizar e receber serviços de projetos e obras e, muito embora se possa dizer que essas atividades possam ser contratadas, na forma de assessoramento, a vantagem de o órgão ter servidores nessas especialidades é muito grande. A razão é simples: profissionais engenheiros ou arquitetos nos seus quadros, atuando nas áreas específicas, trazem segurança técnica mesmo quando tais atividades são contratadas na forma de assessoramento ou terceirizadas, visto que os servidores do quadro poderiam atuar como revisores. Os servidores do órgão, desempenhando a atividade de revisão, possibilitam a análise isenta dos serviços propostos por empresas contratadas (tanto projeto quanto obra), ou ainda a complementação e a convalidação do trabalho desenvolvido por empresas de assessoramento. 23 1.4. Os conceitos específicos na área de fiscalização de projetos e obras Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Identificar os principais conceitos vinculados aos temas. Nesta parte do Módulo 1, você será apresentado aos principais termos das áreas de arquitetura e engenharia, cuja conceituação é necessária para o desenvolvimento do trabalho do fiscal. Retomam-se, dessa forma, os conceitos de Projeto Básico, Projeto Executivo e “as built”, já mencionados neste módulo, e apresentam-se outros termos de igual importância. Os dois primeiros termos acima, especialmente, têm conceitos diferentes se tomados a partir da Lei nº 8.666/1993, das normas técnicas da Associação Brasileira de Nor- mas Técnicas (ABNT) e das resoluções do sistema Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). A Lei nº 8.666/1993 assim define os conceitos de Projeto Básico e Projeto Executivo: IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que pos- sibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza; b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do Projeto Executivo e de realização das obras e monta- gem; c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamen- tos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter compe- titivo para a sua execução; d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construti- vos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compre- endendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantita- tivos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados. X – Projeto Executivo – o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (BRASIL, 1993, grifo nosso). 24 A Lei nº 8.666/1993 assim define os conceitos de Projeto Básico e Projeto Executivo: IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que pos- sibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza; b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do Projeto Executivo e de realização das obras e monta- gem; c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamen- tos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter compe- titivo para a sua execução; d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construti- vos, instalações provisórias e condiçõesorganizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compre- endendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantita- tivos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados. X – Projeto Executivo – o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (BRASIL, 1993, grifo nosso). A ABNT NBR 16636-1:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes e terminologia, por sua vez, traz os seguintes conceitos: 25 3.95 Projeto Executivo (PE) Etapa destinada à concepção e à representação final das informações técni- cas dos projetos arquitetônicos, urbanísticos e de seus elementos, instala- ções e componentes, completas, definitivas, necessárias e suficientes à execução dos serviços de obras correspondentes. 3.99 Projeto completo de edificação (PECE) Etapa dedicada à finalização da compatibilização dos Projetos Executivos, e ao detalhamento das definições construtivas que envolve o conjunto de desenhos, memoriais, memórias de cálculo e demais informações técnicas das especialidades totalmente compatibilizadas e aprovadas pelo cliente, e necessários à licitação, à contratação e à completa execução de obra de edi- ficação (ABNT, 2017, grifo nosso).7 7 Já o Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop), por meio da sua Orientação Técnica n° 01/2006, assim define Projeto Básico: 7 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16636-1:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes e terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2017. 26 Projeto Básico é o conjunto de desenhos, Memoriais Descritivos, especifica- ções técnicas, orçamento, cronograma e demais elementos técnicos neces- sários e suficientes à precisa caracterização da obra a ser executada, aten- dendo às Normas Técnicas e à legislação vigente, elaborado com base em estudos anteriores que assegurem a viabilidade e o adequado tratamento ambiental do empreendimento. Deve estabelecer com precisão, através de seus elementos constitutivos, todas as características, dimensões, especificações, e as quantidades de serviços e de materiais, custos e tempo necessários para execução da obra, de forma a evitar alterações e adequações durante a elaboração do Projeto Executivo e realização das obras. Todos os elementos que compõem o Projeto Básico devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado, sendo indispensável o registro da res- pectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, identificação do autor e sua assinatura em cada uma das peças gráficas e documentos produzidos (IBRAOP, 2006).8 8 E, por fim, o sistema Confea/Crea assim conceitua o termo “Projeto Executivo” na sua Decisão Normativa nº 106, de 17 de abril de 2015: 8 IBRAOP – INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS. Orientação Técnica n° 01/2006. Florianópolis: Ibraop, 2006. 27 “II – o Projeto Executivo, que consiste no conjunto dos elementos necessá- rios e suficientes à execução completa da obra ou do serviço, conforme dis- ciplinamento da Lei n° 8.666, de 1993, e das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT” (CONFEA, 2015).9 9 Perceba que a variação na conceituação dos termos “Projeto Básico” e “Projeto Executivo”, conforme a legislação ou normativa consultada – e também a adoção da Lei nº 8.666/1993 como referência principal aos atos licitatórios da Administração Pública – tem causado muita confusão nas licitações dos órgãos públicos, em relação àquilo que se exigirá das licitantes e àquilo que o contratado entenda devido. Se considerarmos ainda o “as built”, identificam-se três termos vinculados à documentação técnica que deve ser gerada por ocasião do desenvolvimento do projeto ou da execução da obra. 9 CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Decisão Normativa nº 106, de 17 de abril de 2015. Conceitua o termo “Projeto” e define suas tipificações. Brasília: Confea, 2015. 28 Esse último, cujo conceito deriva da expressão da língua inglesa que significa “como construído”, trata tão somente do registro da solução técnica efetivamente executada na obra. Conforme o Manual de Es- copo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – Indústria Imobiliária, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), “as built” é o jogo completo do projeto arquitetônico e dos pro- jetos das demais especialidades envolvidas, bem como dos pareceres de consultorias, contendo todas as anotações de ajustes e/ou altera- ções ocorridas, devidamente assinadas e assumidas pelos engenhei- ros e/ou arquitetos responsáveis pela obra, e será a base para a ela- boração do Manual do Proprietário, obrigatório conforme a ABNT NBR 14037: 2011 – Versão Corrigida: 2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Esses conceitos devem ser parte integrante do instrumento convocatório com clara e precisa conceituação, devendo estar presentes no Termo de Referência ou Projeto Básico, anexo a esse. Além do conhecimento dos conceitos anteriores, é importante o fiscal de contrato conhecer também os conceitos de retrofit, compatibilização de projetos e etiquetagem das edificações, apresentados a seguir. Não se pretende encerrar este tema neste módulo. Outros conceitos, igualmente importantes, serão definidos e apresentados ao longo do curso, conforme a sua aplicação. 29 Retrofit, conforme definido na IN nº 2, de 4 de junho de 2014, da SLTI/MP, é qualquer reforma que altere os sistemas de iluminação, condicionamento de ar ou envoltória da edificação. Segundo Qualharini (2004)10, retrofit “é processo de interferir em uma benfeitoria, que foi executada em padrões inadequados às necessidades atuais”. Assim, retrofit, em sua forma original, é qualquer tipo de reforma, a renovação completa de uma edificação, uma intervenção a um patrimônio, ou seja, colocar o velho em forma de novo, preservando seus valores estéticos e históricos originais, além de trabalhar com o conceito de sustentabilidade, na medida em que busca preservar os elementos que caracterizam a edificação ao invés de simplesmente descartá-los. Croitor (2009)11 define retrofit como a ação tomada quando há interesse do empreendedor pela substituição de sistemas prediais ineficientes e/ ou inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou, também, quando as edificações encontram-se inacabadas e abandonadas. A ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais, define retrofit como “remodelação ou atualização do edifício ou de sistemas, através da incorporação de novas tecnologias e conceitos, normalmente visando à valorização do imóvel, mudança de uso, aumento de vida útil e eficiência operacional e energética” (ABNT, 2013, grifo nosso)12. 10 11 12 Note que o retrofit não se limita apenas a dar uma cara nova ao edifício, como é comumente entendido, mas lhe conceder renovação, necessariamente elevando o seu desempenho. 10 QUALHARINI, E. L. Retrofit de construções: metodologia de avaliação. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 10., 2004, São Paulo. Anais... São Paulo: Antac, 2004. 11 CROITOR, E. P. N. A gestão de projetos aplicada à reabilitação de edifícios: estudo da interface entre projeto e obra. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. 12 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. 30 A compatibilização de projetos é a atividade de integrar os diferentes elementos do projeto, para que todos tragam as mesmas informações. A coordenação de projetos, em um nível mais aprofundado, busca a identificação de orientações conflitantes, que poderiam ordenar comandos contraditórios nas pranchas de desenho ou outros documentos dos diversos projetos envolvidos na concepção de um objeto. Assim, projetos elétricos, hidráulicos, estruturais e de arquitetura, por exemplo, devem trazer coerência nas informações, referenciando-se em uma mesma base (plantas baixas, cortes, fachadas e demais desenhos). Os trabalhos de compatibilização e coordenação dos projetos são complexos e com alto grau de dificuldade, devendo ser feitos por profissional especializado (arquiteto ou engenheiro), e requerem treinamento e experiência. Atualmente, esse trabalho vem sendo facilitado com o uso de ferramentas BIM (Building Information Modelling – ou Modelagem da Informação da Construção), tema que será tratado no Módulo 2. Por fim, a etiquetagem das edificações, que teve o seu início por meio da Lei nº 10.295, promulgada em 17 de outubro de 2001. Conhecida como Lei da Eficiência Energética, dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Ener- gia e visa desenvolver, difundir e estimular a eficiência energética no país. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001, que determinou que: os níveis máximos de consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabrica- dos ou comercializados no país, bem como as edificações construídas, serão estabelecidos com base em indicadores técnicos e regulamen- tação específica a ser fixada nos termos deste decreto, sob a coorde- nação do Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2001).13 13 13 BRASIL. Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001. Regulamenta a Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2001. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10295.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10295.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D4059.htm 31 Para tanto, por meio do decreto foi instituído, em 2003, o Comitê Gestor de Indica- dores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico para Melhoria da Eficiência Energética nas Edificações no país (GT- -Edificações), para regulamentar e elaborar procedimentos para avaliação da efi- ciência energética das edificações construídas no Brasil, visando ao uso racional da energia elétrica.14 A etiquetagem das edificações, no âmbito da Administração Pública Federal, é obri- gatória para edificações novas ou que recebam retrofit, com área superior a 500 m² ou cujo valor da obra seja maior que o equivalente ao Custo Unitário Básico da Cons- trução Civil (CUB Médio Brasil) aplicado a uma edificação de 500 m², conforme o art. 8º da IN nº 2, de 4 de junho de 2014, da SLTI/MP. 14 Mais informações em: <http://www.pbeedifica.com.br/etiquetagem>. Acesso em: 24 ago. 2018. http://www.pbeedifica.com.br/etiquetagem 32 Encerramento Neste Módulo 1, você foi apresentado aos principais conceitos relacionados à fiscalização de projetos e obras de engenharia. Buscou-se explorá-los de forma que seus significados sejam de fácil compreensão para aqueles alunos/servidores que não têm habilitação técnica específica nas áreas de engenharia ou arquitetura, mas que, dentro das suas áreas de atuação, trabalhem vinculados a tais atividades. Apresentou-se um panorama dos requisitos mínimos necessários para profissionais com essa atuação e fez-se uma distinção entre os conceitos de fiscal do contrato, fiscal administrativo e profissional habilitado, com suas responsabilidades e deveres. Este módulo o preparou para os módulos seguintes, nos quais tais conceitos serão aprofundados e exemplificados. Neste Módulo 1, você foi apresentado aos principais con- ceitos relacionados à fiscalização de projetos e obras de engenharia. Buscou-se explorá-los de forma que seus sig- nificados sejam de fácil compreensão para aqueles alunos/ servidores que não têm habilitação técnica específica nas áreas de engenharia ou arquitetura, mas que, dentro das suas áreas de atuação, trabalhem vinculados a tais ativida- des. Apresentou-se um panorama dos requisitos mínimos necessários para profissionais com essa atuação e fez-se uma distinção entre os conceitos de fiscal do contrato, fiscal administrativo e profissional habilitado, com suas responsa- bilidades e deveres. Este módulo o preparou para os módulos seguintes, nos quais tais conceitos serão aprofundados e exemplificados. Escola de Administração Fazendária ESAF FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS DE ENGENHARIA Ficha técnica Coordenador Técnico e Conteudista - Secretaria da Receita Federal do Brasil Athos André do Amaral Rocha Coordenação de Produção Equipe de produção DIEAD/ESAF Projeto de edificações – Módulo 2 ...........................................................................4 2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? ............................................ 4 2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção predial da edificação .............................................................................................4 2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? ..........................................................................................................7 2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto ...........................................................................13 2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de Encargos? ......................................................................19 2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? ..............................................................................................................22 2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores ..........................................................................................................34 2.2 Como receber um projeto de edificações? .............................................................42 2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado? ................................42 2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato ....................................................44 2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos ...................................................................................48 2.3 Coordenando um projeto de edificações ................................................................54 2.3.1 A coordenação do projeto de edificações .....................................................54 2.3.2 A compatibilização dos projetos ...................................................................57 2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações ................................................60 2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na compatibilização dos projetos ...........................................................................64 Encerramento ........................................................................................................70 Sumário 4 2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? 2.1.1 A importânciade um bom projeto para a futura atividade de manutenção predial da edificação Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto eficiente. Os projetos da construção civil, nesses incluídos os projetos de edificações, além de serem, por sua natureza, roteiros para as atividades que concorrerão para a execução do objeto, são igualmente ferramentas de análise para as possíveis soluções técnicas a serem aplicadas no processo construtivo. A palavra projeto significa, genericamente, intento, desígnio, empreendimento e, também, um conjunto de ações, caracterizadas e quantificadas, necessárias à concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de forma específica. O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada pelo arquiteto ou engenheiro. Essa obra deve adequar-se aos con- textos naturais e culturais em que se insere e responde às necessi- dades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As exigências do cliente e dos usuários exprimem-se por meio do pro- grama de necessidades que define metodologicamente o produto final. Tome Nota Projeto de construção MÓDULO 2 PROJETO DE EDIFICAÇÕES 5 Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da obra devem atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da funcionalidade e do desempenho. Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),1 os projetos de arquitetura de- vem atender cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcio- nalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) e “venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que se pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve conciliar desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e conservação. Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha de soluções que de- terminem o melhor funcionamento do objeto construído, muito além da sua concepção ou construção. No projeto é que são definidos os conceitos e as técnicas que garantirão a per- manência da construção, principalmente no quesito manutenção. Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das edificações. Muito embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações habitacionais, pode-se tomá-la como referência para qualquer tipo de edifício em que se pretenda condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas dessa normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando grande preocupação com a manutenção do edifício. A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes permanentes para conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio construído. 1 VITRÚVIO, P. Tratado de arquitetura/Vitrúvio. Tradução, introdução e notas de M. Justino Maciel. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 6 Importante Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o custo para a Administração na conservação e na manutenção das suas construções por longo período. Percebe-se, dessa condição, que o projeto, muito além de ser um roteiro para a constru- ção do objeto, é, antes de tudo, uma ferramen- ta para experimentação das soluções para o bom desempenho da obra ou do edifício, pos- sibilitando a escolha das melhores soluções técnicas, aquelas que trarão o equilíbrio entre custo de construção, custo de manutenção e funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto. Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência ou Projeto Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a sua elaboração pelo caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As definições e as exigências dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem ser tais que condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos aqui já mencionados. Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espa- ços, a morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice de compacidade2 ou da forma do edifício. 2 Índice de compacidade – É a relação percentual existente entre o perímetro de um círculo de igual área do projeto e o pe- rímetro das paredes exteriores do projeto, conforme a definição de Mascaró. (Mascaró, Juan Luís – O custo das decisões arquitetônicas – 5. ed. Porto Alegre: Masquatro Editora, 2010) 7 Por Exemplo Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas externas de um edifício em zona litorânea. Certamente toma-se aqui a condição extrema e até mesmo inadmissível, visto que, nas condições atmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por anodi- zação ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da arquitetura e da engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas em edificações de ambientes litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles ambientes). Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações (ou outras obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando da elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e do custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção. 2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação. No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especifica- ção de um projeto e o custo de manutenção do objeto construído. Veja que as esco- lhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras. 8 O custo de um projeto é sensivelmente me- nor do que os custos envolvidos na execução da obra. Por essa razão, perceba que é mais lógico e sensato concentrar esforços nes- sa importante etapa, evitando, por exemplo, economias irresponsáveis e permitindo que nessa ocasião possam ser avaliadas todas as possibilidades técnicas para a consecu- ção do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou até mesmo descartar-se um conjunto de elementos impressos, do que demolir uma estrutura de concreto. O projeto, portanto, é o momento para a experimentação e o teste de possibilidades. Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a seguir. Como vai querer seu projeto? RÁPIDO BARATO QUALIDADE GRÁTIS Mal feito Não existe Bem pago Utopia Não pode ser feito Faça você Lixo 9 Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto: Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim com qualidade. Eles não existem, muito embora essa (projetos não remunerados) não seja uma realidade possível na Administração Pública; Projetos com prazos curtos de elaboração e com custo baixo geralmente são mal feitos; Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa qualidade têmalto custo. Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a contratar; Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração de projetos; Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá de referência à licitação. 01 02 03 03 02 01 Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente alguns aspectos na sua contratação: Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim com qualidade. Eles não existem, muito embora essa (projetos não remunerados) não seja uma realidade possível na Administração Pública; Projetos com prazos curtos de elaboração e com custo baixo geralmente são mal feitos; Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa qualidade têm alto custo. Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a contratar; Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração de projetos; Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá de referência à licitação. 01 02 03 03 02 01 10 Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais importância. De acordo com a Lei de Sitter,3 ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de razão 5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992)4. Assim, pode-se dizer que, arbitrando que o custo para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá custo 5, na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção corretiva alcançará o custo de 125. 125 25 51 25 50 75 100 125 C u st o d a In te rv en çã o D u ra n te o P ro je to D u ra n te a E xe cu çã o D u ra n te a M an u te n çã o P re ve n ti va D u ra n te a M an u te n çã o C o rr et iv a Lei de Sitter Custo unitário arbitrado 0 2 431 Tempo decorrido Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instala- ções) das obras ou edificações. Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua vida útil, em conso- nância com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente. 3 SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM. Durability of concrete structures. Procee- dings of the International Workshop held in Copenhagen, on 18-20 May 1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by Steen Rostam). 4 HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p. ISBN 85-7266-010-0. 11 Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. No caso das especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação com o comando dado nesse artigo do referido decreto. Ainda que o conceito de um bom proje- to seja de difícil definição, visto tratar-se de percepção subjetiva, para a qual con- tribuem diversas variáveis e referências, pode-se delimitar os requisitos mínimos que devem ser atendidos para que o re- sultado seja adequado aos objetivos da Administração Pública. É nesse sentido que recentemente os Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que buscam o aumento da eficiência da máquina pública, refletida inclusive na constru- ção das suas instalações. Importante Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimi- zação de recursos e critérios de sustentabilidade ambiental são normas que atualmente devem ter observância obrigatória pela Administração. Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à elabora- ção de projetos da construção civil pelo poder público: 1. Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: essa iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental, visto que http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1997/decreto-2271-7-julho-1997-445060-publicacaooriginal-1-pe.html 12 possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo no seu custo; 2. Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou naciona- lizadas: essa iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto construído, visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção; 3. Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, luminárias em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz), sistema de iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do edifício ou obra; 4. Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a exemplo das instalações de iluminação em LED, proporcionam economia de energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica; 5. Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: a sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada, refletindo diretamente no custo do seu fornecimento; 6. Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisa- gismo: essa iniciativa possibilita a melhor adaptação e a baixa manutenção dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos recursos despendidos pela Administração Pública; 7. Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especifi- cação dos projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC para a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e repintura dos elementos (quando especificados em madeira ou ferro), econo- mizando recursos financeiros para os órgãos públicos. Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar iniciativa por ação de bons projetistas. 13 Importante É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a Administração Pública, quando da elaboração dos seus editais de contratação. Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados, engenheiros e arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da construção civil e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1. 2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do programa de necessidades para a contratação de um projeto de edificações. Complementando as ideias trazidas nos tópicos anteriores, neste tópico serão abordadas as iniciativas por parte do gestor do contrato quando da contrata- ção de um projeto da construção civil. É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de agente público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, mas também pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa vida útil e que poderá gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção civil são concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser muito bem pensados, antes do inícioda primeira escavação. 14 Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas definidas pela contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental. Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado final. Não devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do poder público, mas também não devem ter custo de construção excessivamente baixo, que venha a onerar o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme já explicitado anteriormente. Importante O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua vida útil, o que inclui a sua concepção, execução, usufruto e even- tual demolição. Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem imóvel.5 Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada a edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a qualquer objeto da construção civil. 5 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. p. 31. 15 Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação que rege as contratações da Administração Pública, em que comu- mente se observa para essas apenas o critério do custo do seu pro- jeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se a tal regra, mas buscar o equilíbrio entre o custo do projeto e da exe- cução e o custo da sua manutenção, desembolso que será perma- nente e que onerará os gastos da Administração Pública durante muitos exercícios financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos e engenheiros – são os únicos capazes de dar tal resposta. Observe Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam ao ambiente construído boas condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-estar e conforto. Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos seus projetos da construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, têm no setor público o seu fomento. O poder público, como contratante de obras, tem potencialmente grande capacidade de transformação das nossas cidades. Veja que, por essa razão, as obras contratadas pela Administração devem trazer entre as suas características a adequação ao entorno e o baixo impacto ambiental. Os requisitos que devem ser buscados são o baixo consumo energético, a baixa geração de resíduos o bom desempenho térmico e acústico e a durabilidade. Condicionando a 16 atuação da Administração Pública nas contratações de projeto, há vasta legislação. Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que obriga a instalação de equipamentos economizadores de água nos sanitários públicos de todas as novas edificações públicas a partir da data da sua vigência. Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da obra, em relação à sua inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente transformador do ambiente construído, o poder público, na condição de contratante, deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que serão permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados “projetos-monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou simbólico, cuja forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), ou que não tenha relação com a função do objeto,6 um dos princípios norteadores da arquitetura. Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê- lo de forma sutil e indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem- sucedidos dessas iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), em Brasília, do arquiteto Hélio Ferreira Pinto7 (ver figura 4), e a ponte da mulher (el puente de la mujer), de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal dançando tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada patrimônio oral e imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 6 “A forma segue a função” é um dos princípios da escola modernista de design Bauhaus, da década de 1910, que teve grande influência na arquitetura desde então, ao defender a adoção de desenhos funcionais nos objetos, em oposição à ornamentação. GROPIUS, W. The new archictecture and Bauhaus. New York: MIT Press, 1965. 7 Disponível em: <https://www.bcb. gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp>. Acesso em: 10 abr. 2018. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13647-9-abril-2018-786440-publicacaooriginal-155214-pl.html 17 Figura 3 - Centro de Ecologia em Kunshan – China (http://engenhariae.com.br/curiosidades/foi-inaugurado-na-china-esse-edificio-que-mais-parece-um- caranguejo-gigante/ último acesso em 10 de abril de 2018) Figura 4 - https://www.bcb.gov.br/Pre/Surel/RelAdmBC/2012/orientacoes- estrategicas-do-banco-central- do-brasil/index.html último acesso em 10 de abril de 2018 http://engenhariae.com.br/curiosidades/foi-inaugurado-na-china-esse-edificio-que-mais-parece-um-cara http://engenhariae.com.br/curiosidades/foi-inaugurado-na-china-esse-edificio-que-mais-parece-um-cara https://www.bcb.gov.br/pre/surel/reladmbc/2012/orientacoes-estrategicas-do-banco-central-do-brasil/index.html https://www.bcb.gov.br/pre/surel/reladmbc/2012/orientacoes-estrategicas-do-banco-central-do-brasil/index.html 18 Figura 5 - Arquivo pessoal Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem ser sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e imparcialidade, ou inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para que transmitam a preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. Essas duas características devem estar sempre acompanhadas do princípio da economicidade. Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premis- sas para as obras contratadas pela Administração Pública e que deverão fazer parte do programa de necessidades dos projetos: 19 Desempenho térmico e acústico, visando à diminuição do custo do objeto ao longo da sua vida útil; Durabilidade e facilidade de manutenção; Funcionalidade, com ambientes integrados e adaptáveis às diversas configurações de leiaute, de forma a diminuir o impacto financeiro quando da reorganização dos espaços; Formas harmônicas e beleza; Inserção e adaptação ao entorno, obedecendo a critérios ambien- tais, sociais e culturais do local; Inovação tecnológica. 2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de Encargos? Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: § Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto; § Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”. Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do con- trato tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, que os editais tragam correta
Compartilhar