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1 2 Parte Processual Teoria Peças 3 SUMÁRIO 1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................................................................. 4 2. AÇÃO POPULAR .............................................................................................................................................................. 5 3. MANDADO DE INJUNÇÃO ..................................................................................................................................... 19 4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA ................................................................................................................................................. 31 5. HABEAS DATA ................................................................................................................................................................ 41 6. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................... 53 7. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................................................................... 72 8. SÚMULA VINCULANTE ............................................................................................................................................ 95 9. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL................................................................................................................. 103 10. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ............................................................................................ 110 11. RECURSO EXTRAORDINÁRIO ........................................................................................................................... 117 12. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................... 133 13. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (GENÉRICA) ..................................................... 140 14. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO ............................................... 152 15. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – (ADC/ ADECON) ......................... 163 16. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF ................ 168 4 1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Os remédios constitucionais estão dispostos no art. 5º da Constituição Federal (CF) como forma de proteção e tutela dos direitos fundamentais (exceto a ação civil pública, mas esta também é interpretada nesse sentido). Habeas corpus Habeas data Mandado de Injunção Mandado de segurança Ação popular Ação civil pública 5 2. AÇÃO POPULAR Fundamento legal Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal. Lei nº 4.717/1965. Rito ordinário. Conceito Segundo Maria Silvia Zanella Di Pietro (Curso de Direito Administrativo), a ação popular é ação civil pela qual todo cidadão pode pleitear a invalidação de atos praticados pelo poder público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou patrimônio histórico e cultural, bem como a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão Trata-se de um remédio constitucional pelo qual qualquer cidadão fica investido de legitimidade para o exercício de um poder de natureza essencialmente política e constitui manifestação direta da soberania popular consubstanciada no art. 1º, parágrafo único, da Constituição: todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente. Sob esse aspecto, é uma garantia constitucional política. [...]Ela dá a oportunidade de o cidadão exercer diretamente a função fiscalizadora, que, por regra, é feita por seus representantes nas Casas Legislativas. Mas ela é também uma ação judicial porquanto consiste num meio de invocar a atividade jurisdicional visando a correção de nulidade de ato lesivo; (a) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (b)à moralidade administrativa; (c) ao meio ambiente; e (d) ao patrimônio histórico e cultural. Sua finalidade é, pois, corretiva, não propriamente preventiva, mas a lei pode dar, como deu, a possibilidade de suspensão liminar do ato impugnado para prevenir a lesão. (SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) A ação popular é um instrumento processual de controle objetivo da regularidade da atividade administrativa. Sua existência deriva da concepção de que todo e qualquer cidadão é investido do dever-poder de participar do processo de fiscalização da regularidade dos atos administrativos. Sua existência está prevista no art. 5°, LXXIII, da Constituição e disciplinada na Lei n. 4.717/65, com inúmeras alterações posteriores. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. p. 776. Objeto O objeto da ação popular é anular atos comissivos ou omissivos que sejam lesivos ao patrimônio público e condenar os responsáveis pelo dano a restituir o bem ou indenizar por perdas e danos. Na ação popular, pede-se a anulação do ato lesivo e a condenação dos responsáveis ao pagamento de perdas e danos ou à restituição de bens e valores, conforme a letra da lei. 6 Assim, pode-se extrair a própria finalidade da ação, o direito de fiscalizar a coisa pública, um importante instrumento posto à disposição do cidadão para a proteção do patrimônio da comunidade. Pressupostos Além das condições da ação em geral – interesse de agir, possibilidade jurídica e legitimação para agir –, são pressupostos da ação popular: 1. qualidade de cidadão no sujeito ativo; 2. ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público ou entidade de que ele participe; 3. lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 863). A cidadania, ilegalidade ou imoralidade pública praticada pelos agentes das pessoas de direito público, lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Ilegalidade e lesividade representam na necessidade de se provar o vício do ato e a lesão causada ao patrimônio público em sua virtude. Lesão ao patrimônio público, por último, é exemplificada já na letra da Lei nº 4.717/65, regulamentadora da actio popularis, ou ainda à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural. legitimidade ativa do cidadão - requisito é possuir condição de eleitor, não tendo legitimidade os órgãos de classe, nem partidos políticos, nem qualquer pessoa jurídica. Súmula 365 - pessoa jurídica não tem legitimidade para propositura de ação popular. SUBJETIV O proteção ao patrimônio da ilegalidade ou da lesividade OBJETIVO 7 Atos atacáveis via ação popular Quais são os atos nulos e quais são anuláveis por meio de ação popular? “A Lei n° 4.717/65, embora definindo os atos nulos (art. 2°) e os atos anuláveis (art. 3°), dando a impressão de que exige demonstração de ilegalidade, no artigo 4° faz uma indicação casuística de hipóteses em que considera nulos determinados atos e contratos, sem que haja qualquer ilegalidade, como, por exemplo, no caso de compra de bens por valor superior ao corrente no mercado, ou a venda por preço inferior ao corrente no mercado. Trata-se de hipóteses em que pode haver imoralidade, mas não ilegalidade propriamente dita”. PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 864. Diga-se que o ato inválido não precisa ser ilícito na sua origem, mas deve ser ilegalna sua formação ou no seu objeto, logo, a ação destina-se a invalidar atos praticados com ilegalidade de que lesou o patrimônio público, podendo ser proveniente de vício formal ou substancial ou até mesmo de vício de desvio de finalidade. (art. 2º “a” e “e”). Teria dos atos nulos x anuláveis Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Combinado com art. 4° 8 Ato lesivo é todo ato ou omissão administrativa que desfalca o erário ou prejudica a Administração, da mesma forma como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos, culturais, ambientais e históricos. Pode esta ser presumida, em conformidade com o que dispõe o art. 4º, bastando a prova do ato naquelas circunstâncias elencadas para considerar o ato lesivo e nulo de pleno direito. Conceito de patrimônio público “Quanto ao patrimônio público, abrange, nos termos do artigo 1° da Lei n° 4.717/65, o da União, Distrito Federal, Estados, Municípios, entidades autárquicas, sociedades de economia mista, sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, empresas públicas, serviços sociais autônomos, instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio da União, Distrito Federal, Estados, Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”. PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 865. É o mais amplo possível, abrange coisas corpóreas ou incorpóreas, móveis, ou imóveis, créditos, direitos, ações que pertençam a qualquer ente administrativo, bem como sua administração indireta. Art. 1º, §1º da Lei nº 4.717/65: “bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico e turístico.” Cabimento Fundamente sua tese de cabimento com o Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal e o Art. 1º, da Lei nº 4.717/1965. STF e repercussão geral: (...) Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que Separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou histórico do Estado ou de entidade de que ele participe. (...) (RE 824781). 9 Legitimidade ATIVA PASSIVA Cidadão (todo aquele que estiver no gozo dos direitos políticos e fizer prova com título de eleitor). Neste caso, trata-se sempre de pessoa física. Serão réus na ação popular simultaneamente a pessoa jurídica da qual se emanou o ato contestado, os seus respectivos agentes responsáveis pelo mesmo ou os omissos, no caso em que o dano já ter acontecido e os beneficiários do ato. Falta legitimidade ativa: a) quem teve cancelada a naturalização por sentença transitada em julgado; b) quem teve sua nacionalidade cancelada administrativamente; c) suspensão dos direitos civis por incapacidade absoluta; d) suspensão dos direitos políticos por condenação criminal transitada em julgado; e) perda do direito político por recusa de cumprimento de obrigação a todos impostas sem o cumprimento de prestação alternativa; f) suspensão dos direitos políticos por condenação em ato de improbidade Obs: ter-se-á quase sempre no polo passivo quase sempre a pluralidade de sujeitos, invocando também aqueles que de alguma forma tenham contribuído para ação ou omissão e, até mesmo, terceiros beneficiados. Os beneficiários que devem figurar no polo passivo são aqueles que se favorecem diretamente do ato ou da omissão lesiva, os beneficiários indiretos, via de regra, não precisam integrar a lide. É um litisconsorte simples, pois a decisão não precisa ter o mesmo conteúdo para todos os réus. O ato legislativo de efeito concreto é passível de impugnação através de ação popular, e o legitimado nesse caso passivo será a pessoa jurídica a qual integra a casa legislativa. Ex: se for ato do Congresso Nacional, figura no polo passivo a União. Atentar para a peculiar situação da fazenda pública – vide art. 6º parágrafo 3º: Art. 6º da Lei nº 4.717/1965: (...) § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. Logo, admitem-se não só a inércia da pessoa jurídica, bem como sua posição ativa ao lado do cidadão. 10 Não há preclusão no deslocamento da pessoa jurídica do polo passivo para o polo ativo, desde que útil ao interesse público. Logo, poderá fazer a qualquer tempo, mesmo após a contestação. Ministério Público Ministério público não é parte autônoma, mas tem função singular, devendo agir com total independência funcional. Competência A Constituição Federal não prevê competência originária do STF e do STJ como nos demais remédios constitucionais, assim a competência é indicada conforme a origem do ato impugnado. Além disso, a competência será determinada pela lei judiciária de cada Estado segundo o interesse político e a origem do ato impugnado. Ex: se a ação popular versar sobre bem público pertencente a União, a competência será da justiça Federal; havendo interesse do Estado ou do município, o juízo competente será a vara da Fazenda Pública. Art. 5º da Lei nº 4.717/65: Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. § 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial. § 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoa ou entidade, será competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver. SÚMULA 508 STF - Compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S. A. SÚMULA 556 STF - É competente a Justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista. Como observar a competência? Olhar o critério conforme a origem do ato. Ex: ato emanado por autoridade federal – justiça federal, autoridade Estadual e Municipal - Justiça estadual. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=508.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=556.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas 11 Definida a Justiça, precisa-se identificar qual a competência territorial que depende da autoridade que emanou o ato. Vide a importante regra do art.109 parágrafo 2º da CF: Art. 109 da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciáriaem que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. No caso de autoridade Estadual e Municipal as organizações judiciárias fixam o foro. Competência por equiparação é o que se encontra no art. 5º, parágrafo 1º, da Lei 4.717/65. No âmbito estadual e municipal, essa equiparação notadamente para pessoas jurídicas de direito privado (uma vez que autarquias e fundações já se inserem no conceito de Fazenda Pública por terem personalidade jurídica). Assim, atos e omissões de empresas públicas estaduais e municipais, instituições privadas que recebam recursos estaduais e municipais, serão julgadas. Procedimento O Juiz despacha a inicial e ordena a citação dos réus, a intimação do Ministério Público e requisita documentos e informações a serem prestadas pelos réus que sejam importantes para a elucidação dos fatos. Para isso, tem-se o prazo de quinze a trinta dias. A citação será feita no modo comum do CPC. O prazo para a contestação é de 20 (vinte) dias para todos os réus, prorrogável por mais vinte dias caso necessário para a produção da defesa, contados da juntada do último mandado de citação ou do transcurso do prazo do edital. Caso não exista requerimento de produção de provas até o despacho saneador, o juiz abrirá vista aos interessados por dez dias, para as alegações finais. Logo após, os autos irão para conclusão, devendo o juiz proferir sentença em 48 horas. No caso de requerimento de produção probatória, o rito será o ordinário, sendo então, de quinze dias o prazo para a prolatação de sentença. Desistência Não se admite desistência. A partir desse momento, serão publicados editais e, no prazo de noventa dias da sua última publicação, qualquer cidadão ou o Ministério Público poderá dar prosseguimento à ação. 12 Procedência e improcedência e seus efeitos Procedência: Na demanda, o juiz invalidará os atos ilegais e condenará os responsáveis e os beneficiários dos mesmos a indenizarem em perdas e danos os prejudicados, não se esquecendo de que, quando proclamada a responsabilidade da administração pública e tendo a mesma que arcar com os prejuízos causados dolosa ou culposamente por seus funcionários, terá ela ação de regresso contra o agente causador do dano a ressarcir integralmente erário público. ✔ A decisão definitiva é pela procedência da ação e, assim, produzirá os efeitos ordinários da coisa julgada material; ✔ Invalidação do ato impugnado; ✔ Condenação dos responsáveis e beneficiários em perdas e danos; ✔ Condenação dos réus às custas, despesas e honorários; ✔ Coisa julgada erga omnes; ✔ Possibilidade de ação regressiva. Efeito secundário: se, no curso da ação ficar provada a infringência da lei ou a falta disciplinar a que a lei comine a pena de demissão o juiz remeterá ex officio, cópia as autoridades e gestores para aplicar a sanção. ATENÇÃO! Embora a sentença de procedência da ação ter efeitos erga omnes, ou seja, contra todos, não cabe a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de ação popular, visto que o controle concentrado de constitucionalidade é de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, conforme art. 102, I, “a”, da Constituição Federal, vez que figuraria uma usurpação de competência do Tribunal. (MEIRELLES) Improcedente: já na improcedência do pedido popular, o responsável pela ação só arcará com as custas processuais e honorários advocatícios se for comprovada a sua má-fé ao intentá-la. Aqui, duas serão as hipóteses cabíveis (André Ramos Tavares, Curso de direito constitucional): 1) a improcedência ocorreu em virtude da deficiência probatória. Neste único caso, não se formará a coisa julgada, e, pois, qualquer cidadão, inclusive o mesmo que já perdera a ação, poderá renová-la, desde que fundamentado em novas provas; 2) a improcedência ocorreu porque infundada a ação, tendo sido suficiente a prova produzida. Aqui, a decisão se reveste de autoridade da coisa julgada material, e nenhum outro cidadão poderá propor idêntica ação. (TAVARES) 13 Medidas cautelares e antecipatórias Instrumentos de tutela antecipada no CPC; Art. 5, § 4º da Lei nº 4.717/65: “Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.” Art. 14, § 4º, da Lei nº 4.717/65: “A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação da sentença condenatória.” Resumo Competência Conforme a origem do ato impugnado – local da prática do ato lesivo ao patrimônio público. Endereçar Juízo Cível da ... Vara da Comarca ... Partes ativa e passiva Legitimidade Legitimidade ativa - cidadão. Legitimidade passiva: pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. O que devo suscitar? Lesão ao patrimônio público descrito na LAP. Pedido Evitar ou reparar o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Demais questões Obrigatoriedade de citação pessoal de todos os réus, a intimação do MP, a decisão sobre a concessão ou não de medida liminar, quando solicitada, requisição dos documentos indicados pelo autor na inicial, além de outros que lhe pareçam necessários, a possibilidade do processo ser feito sob segredo de justiça quando da ameaça à segurança nacional e sujeição, salvo justificativa comprovada, da autoridade que se negar a restar as informações requeridas à pena de desobediência. Valor da Causa Se não tiver valor no enunciado: Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil. Se a questão indicar o valor do prejuízo ao patrimônio, esse deverá ser o valor da causa. 14 Modelo EXAME DE ORDEM XXVIII PEÇA PROFISSIONAL ENUNCIADO A sociedade empresária K, concessionária do serviço de manutenção de uma estrada municipal, na qual deveria realizar investimentos sendo remunerada com o valor do pedágio pago pelos usuários do serviço, decidiu ampliar suas instalações de apoio. Após amplos estudos, foi identificado o local que melhor atenderia às suas necessidades. Ato contínuo, os equipamentos foram alugados e foi providenciado o cerco do local com tapumes. De imediato, foi fixada a placa, assinada por engenheiro responsável, indicando a natureza da obra a ser realizada e a data do seu início, o que ocorreria trinta dias depois, prazo necessário para a conclusão dos preparativos. João da Silva, usuário da rodovia e candidato ao cargo de deputado estadual no processo eleitoral que estava em curso, ficou surpreso com a iniciativa da sociedade empresária K, pois era público e notório que o local escolhido era uma área de preservação ambiental permanente do Município Alfa. Considerando esse dado, formulou requerimento, dirigido à concessionária, solicitando que a obra não fosse realizada. A sociedade empresária K indeferiu o requerimento, sob o argumento de que o local escolhido fora aprovado pelo Município, que concedeu a respectiva licença, assinada pelo prefeito Pedro dos Santos, permitindo o início das obras. O local, ademais, era o que traria maiores benefícios aos usuários. João da Silva, irresignado com esse estado de coisas, contratou seus serviços, como advogado(a). Ele afirmou que quer propor uma ação judicial para que seja declarada a nulidade da licença concedida e impedida a iminente realização das obras no local escolhido, que abriga diversas espécies raras da flora e da fauna silvestre. Levando em consideraçãoas informações expostas, elabore a medida judicial adequada, com todos os fundamentos jurídicos que confiram sustentação à pretensão. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. Segue modelo de estruturação da peça de Ação Popular cobrada no EXAME DE ORDEM XXVIII: 15 JUÍZO CÍVEL DA ... VARA DA COMARCA DO MUNICÍPIO ALFA JOÃO DA SILVA, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., título de eleitor..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe suas intimações, propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR/ TUTELA DE URGÊNCIA, baseado no artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e artigo 1°, da Lei nº 4.717/65, contra PEDRO DOS SANTOS, Prefeito do Município Alfa, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vinculado a pessoa jurídica de direito público MUNICÍPIO ALFA, inscrito no CNJP sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., SOCIEDADE EMPRESÁRIA K, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNJP sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 1) DOS FATOS Pedro dos Santos, Prefeito do Município Alfa, concedeu licença à Sociedade Empresária K, permitindo obras em área de preservação ambiental permanente, que abriga diversas espécies raras da flora e da fauna silvestre. 2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1) Competência Compete ao Juízo Cível da Comarca do Município Alfa, processar e julgar Ação Popular com pedido liminar/tutela de urgência na medida em que estão presentes o Prefeito Municipal. A ação deve ser ajuizada perante a Justiça 16 Estadual pelo critério de competência reservada ou remanescente, artigo 125 da Constituição Federal. É necessário lembrar que a competência territorial se firma pelo local do ato, artigo 5º, caput, da Lei nº 4.717/1965. 2.2) Legitimidade A legitimidade ativa de João da Silva decorre do fato de ser cidadão, conforme dispõe o Artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e Artigo 1º, caput e parágrafo 3º, da Lei nº 4.717/65, qualidade intrínseca à sua condição de candidato ao cargo de Deputado Estadual. A legitimada passiva do prefeito Pedro dos Santos decorre do fato de ter concedido a licença de construção, nos termos do Artigo 6º, caput, da Lei nº 4.717/65. O Município Beta é legitimado passivo por se almejar obstar os efeitos de uma licença que concedeu por intermédio do prefeito, nos termos do Artigo 6º, parágrafo 3º, da Lei nº 4.717/65. A da sociedade empresária K é legitimada passiva pelo fato de ser a beneficiária da licença concedida, nos termos do Artigo 6º, caput, da Lei nº 4.717/65. 2.3) Cabimento da Ação Popular Cabe Ação Popular com Pedido Liminar como medida hábil a declarar a nulidade de ato ilegal lesivo ao meio ambiente, conforme artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e artigo 1º, caput, da Lei nº 4.717/65. 2.4) Medida Liminar/Tutela de urgência Estão presentes os requisitos autorizadores para a concessão da medida liminar, fumus boni iuris, decorre da flagrante ilegalidade da licença de construção e periculum in mora, decorre da iminência de serem causados danos irreversíveis ao meio ambiente, considerando as raras espécies da fauna e da flora silvestre existentes no local, conforme artigo 5°, parágrafo 4°, da Lei nº 4.717/65 e artigo 300, do Código de Processo Civil. 17 2.5) Direito A licença concedida pelo Prefeito Pedro dos Santos é atentatória ou lesiva ao meio ambiente, porque o local abriga uma área de preservação ambiental permanente do Município Alfa, sendo cabível a sua anulação conforme o Artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e Artigo 2º, parágrafo único, alínea “c” da Lei nº 4.717/65. Não merece ser acolhido o argumento de que o possível benefício dos usuários justifica a lesão ao meio ambiente, pois os atos do poder concedente e do concessionário devem ser praticados em harmonia com a sua proteção, nos termos do Artigo 225, caput, da CRFB/88. A proteção ao meio ambiente deve ser observada no âmbito da atividade econômica, conforme dispõe o Artigo 170, inciso VI, da CRFB/88. A licença concedida afrontou a concepção mais ampla de legalidade, prevista no Artigo 37, caput, da CRFB/88. A sociedade empresária K, enquanto concessionária do serviço público, não deve causar danos ao meio ambiente, ainda que amparada por um ato estatal que nitidamente o permita. 3) DOS PEDIDOS a) O recebimento da inicial; b) A juntada de cópia do título de eleitor; c) Concessão de medida liminar para impedir que a sociedade empresária K inicie as obras no local o artigo 5º, parágrafo 4º, da Lei nº 4.717/1965; d) A citação da parte ré para contestar, no prazo de 20 (vinte) dias, sob pena de revelia, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “a”, e inciso IV, da Lei nº 4.717/1965; e) A intimação do membro do Ministério Público, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 4.717/1965; f) A requisição às entidades indicadas na petição inicial dos documentos que tiverem sido referidos nesta ação, bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando o prazo de 15 (quinze) a 30 18 (trinta) dias para o atendimento, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 4.717/1965; g) A não realização de audiência de conciliação ou mediação, com base nos artigos 319, inciso VII e 334, parágrafo 5°, ambos do Código de Processo Civil; h) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos; i) Julgar a procedência do pedido, dando efeitos definitivos à liminar, com a decretação de nulidade da licença concedida pelo Município Alfa, assinada pelo Prefeito Pedro dos Santos e a proibição de realização de obras na área de preservação ambiental permanente; j) A condenação dos réus ao ressarcimento financeiro ao erário pelos gastos decorrentes da obra pública e à reparação dos danos ambientais, custas, honorários advocatícios e demais despesas ao autor, conforme o artigo 11, da Lei nº 4.717/1965; k) A condenação dos réus ao pagamento dos ônus sucumbenciais, custas, honorários advocatícios e demais despesas ao autor, conforme os artigos 12, da Lei nº 4.717/1965, e 85, do Código de Processo Civil. Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil. Local..., data... Advogado... OAB... 19 3. MANDADO DE INJUNÇÃO Fundamento legal FALTA DE NORMA REGULAMENTADORA + INVIABILIDADE DO EXERCÍCIO Conforme o art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, com a seguinte redação: “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;” Fundamento legal: art. 1º da Lei nº 13.330/2016: Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal. Importante saber! Alterou a leianterior, prevendo expressamente o Mandado de Injunção Coletivo. Subsidiariedade Art. 14 da Lei nº 13.300/16. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046. Cabimento Para André Ramos Tavares (Curso de direito constitucional), há condições constitucionais para o cabimento da ação: 1º) previsão de um direito pela Constituição; 2º) necessidade de uma regulamentação que torne esse direito exercitável; 3º) falta de norma que implemente tal regulamentação; 4º) inviabilização referente aos direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e soberania; 5º) nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilização. 20 Norma de eficácia limitada e o Mandado de Injunção Entende-se que o mandado de injunção não terá cabimento nas hipóteses de normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, pois ele visa justamente à regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada (de princípio institutivo e de norma programática), que, de regra, exigem legislação posterior para sua aplicação. Ainda, não caberá quando a norma se encontra em fase final do processo legislativo, aguardando para logo sua promulgação e sanção – a norma está em iminência de ser editada pelo órgão competente. Logo, a presente ação é utilizada a suprimir omissões legislativas capazes de obstar direitos e liberdades dos cidadãos, para os quais o exercício pleno dos direitos nelas previstos depende necessariamente de edição normativa posterior. objeto condições da ação 21 Em resumo: direito foi garantido pela Constituição, mas o seu exercício encontra- se condicionado à edição de lei regulamentadora ulterior. A omissão total ou parcial Art. 2o da Lei nº 13.300/16: Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente. Legitimidade Ativo individual Ativo coletivo Passivo Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2o Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: I - pelo Ministério Público, II - por partido político com representação no Congresso Nacional, III - por organização sindical, dispensada, para tanto, autorização especial; IV - pela Defensoria Pública, Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria. O Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. STF: O STF firmou o entendimento de que os particulares não se revestem de legitimidade passiva ad causam para o processo do MI, pois somente ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa. Dessa forma, só podem ser sujeitos passivos do MI entes públicos, não admitindo o STF a formação de litisconsórcio passivo, necessário ou facultativo, entre autoridades públicas e pessoas privadas. 22 Competência Dependerá de quem deveria ter aditado a regulamentação. Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; Tribunal de Justiça: a competência da Justiça Estadual é residual, nos termos do art. 25, combinado com 125 da Constituição Federal. Atenção! Salvo se a iniciativa para a lei for privativa de outro órgão ou autoridade, hipótese em que o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa privativa (Ex: Presidente da República, nas situações do art. 61, § 1º da CF, por exemplo). Procedimento Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetrado sobre o seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações. (Art. 5º, I) Deverá ser dado ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso queira. (Art. 5º, II) Se os documentos necessários à comprovação do direito do autor estiverem em poder da autoridade ou de terceiros que se negarem a fornecer certidão ou cópia, a 23 pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição do documento no prazo de 10 (dez) dias (Art. 4º, §2º). Caberá agravo, em 05 (cinco) dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente para o julgamento da impetração nos moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º. Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá de 10 (dez) dias para opinar. Nas hipóteses em que o M.P verificar a existência de interesses unicamente de cunho individual na demanda, a sua manifestação pode ser dispensada. Concluído o prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para decisão. Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão somente sobre o reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se a injunção, fixando-se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora (Art. 5º, I). Decisão em mandado de injunção Decisão que reconhece o mandado de injunção: Art. 8o da Lei nº 13.300/16: Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma Ou seja: o poder judiciário está autorizado no caso concreto de decidir como viabilizar o direito que está impedido de ser exercido pela mora. Isso é chamado de postura concretista. Extensão dos efeitos da decisão: Art. 9o da Lei 13.300/16: A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. § 1° Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerenteou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. 24 § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator. § 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios. Atenção! Regra geral: Inter partes Exceção: poderá ter efeitos ultra partes e erga omnes, em se tratando tanto de casos que dependem para viabilidade do direito quanto para casos semelhantes. Limites da decisão do mandado de injunção coletivo: Art. 13 da Lei nº 13.300/16: No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º. Se a decisão se der pelo indeferimento por falta de provas, mediante novos elementos probatórios, não haverá litispendência. Nesse caso, poder-se-á interpor novamente o Mandado de Injunção. Art. 10 da Lei nº 13.300/16: Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei. O que ocorre se, após da decisão em Mandado de Injunção, vier edição normativa sobre o que foi objeto do Mandado de Injunção? Art. 11 da Lei nº 13.300/16: A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. 25 Atenção! Regra geral é ex nunc, contudo, se for favorável ao atingido em decisão anterior à produção normativa, os efeitos passam a ser ex tunc (retroativos). Resumo Competência Depende do tipo de omissão (atenção aos arts. 102 e 105 CF) Endereçar Depende do ato Partes Ativa e passiva Legitimidade Legitimidade ativa: INDIVIDUAL qualquer pessoa que tenha o exercício de direitos e liberdades constitucionais ou de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, inviabilizado por falta de norma regulamentadora; e COLETIVA: Ministério público, partido político, organização sindical, defensoria pública Legitimidade passiva:- aquele que tinha o dever de editar as normas regulamentadoras. O que devo suscitar (constituir a causa de pedir) Demonstrar a inviabilidade do direito em questão por causa da falta de norma regulamentadora, estabelecendo um nexo entre as duas situações. Pedido Intimação do impetrado para prestar informações; Intimação do Ministério Público; Fixação das condições para o exercício do direito inviabilizado; Determine prazo para promover a edição legislativa; Realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do Artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil OU indicação do não cabimento de conciliação, nos termos do Artigo 334, parágrafo 4º, II, do Código de Processo Civil. Modelo EXAME DE ORDEM XXII PEÇA PROFISSIONAL Servidores públicos do Estado Beta, que trabalham no período da noite, procuram o Sindicato ao qual são filiados, inconformados por não receberem adicional noturno do Estado, que se recusa a pagar o referido benefício em razão da inexistência de lei estadual que regulamente as normas constitucionais que asseguram o seu pagamento. 26 O Sindicato resolve, então, contratar escritório de advocacia para ingressar com o adequado remédio judicial, a fim de viabilizar o exercício em concreto, por seus filiados, da supramencionada prerrogativa constitucional, sabendo que há a previsão do valor de vinte por cento, a título de adicional noturno, no Art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho. Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo Sindicato, utilizando o instrumento constitucional adequado, elabore a medida judicial cabível. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Injunção Coletivo cobrado no EXAME DE ORDEM XXII: 27 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO BETA SINDICATO DOS SERVIDORES DO ESTADO BETA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n°..., portador do RG n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo Civil, endereço eletrônico, escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., local onde recebe suas intimações, impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO, com base no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal de 1988, e no artigo 2º e 12 da Lei nº 13.300/16, em face do GOVERNADOR DO ESTADO BETA, nacionalidade..., profissão..., estado civil ..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO BETA pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., vinculada ao ESTADO BETA, pessoa jurídica de Direito Público, inscrito no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 1) DOS FATOS O Sindicato foi procurado por seus filiados, sob a alegação que não recebem adicional noturno do Estado Beta, contrariando o estabelecido no artigo 73, da Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal e artigo 39, parágrafo 3º, da Constituição Federal. 28 2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1) Da Competência Compete ao Tribunal de Justiça do Estado Beta processar e julgar Mandado de Injunção Coletivo, frente à omissão legislativa estadual, observando-se o princípio da simetria entre os entes federativos, conforme artigo 125, parágrafo 1º, da Constituição Federal. 2.2) Da Legitimidade O Sindicato possui legitimidade ativa para defender os interesses da categoria, dispensada autorização especial dos filiados, na forma do artigo 12, inciso III, da Lei nº 13.300/16. Governador e o Estado Beta possuem legitimidade passiva na medida em que as regras constitucionais estaduais de competência devem observar, por simetria, o que determina o artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea ´a´, da Constituição Federal de 1988. Assembleia Legislativa também possui legitimidade passiva, visto ser a responsável pela aprovação da Lei. 2.3) Do Cabimento Cabe mandado de injunção coletivo, pois a ação visa à defesa dos interesses dos filiados ao Sindicato, na proteção de direito fundamental inviabilizado em razão de omissão legislativa, conforme o disposto no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal de 1988, e na Lei nº 13.300/16. 2.4) Da mora legislativa e da inviabilidade do exercício do direito O direito ao benefício de adicional noturno é concedido aos servidores públicos que exercem atividade laboral noturna e é garantido em razão da previsão constitucional contida no artigo 7º, inciso IX, e artigo 39, parágrafo 3º, ambosda Constituição Federal de 1988. Como a Constituição garante este direito, é necessário que ele seja concretizado, e, para tanto, deverá ser declarada a mora 29 legislativa, notificado ao Poder Executivo para que supra a omissão e finalmente, para a satisfação imediata do direito, que seja aplicado o artigo 73, da Consolidação das Leis do Trabalho, analogicamente à categoria dos servidores públicos do Estado Beta. 2.5) Do Direito Uma vez que artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal, combinado com artigo 39, parágrafo 3º, da Constituição Federal, atribui aos servidores públicos direito à remuneração do trabalho noturno superior ao diurno e que existe omissão legislativa com relação a tanto, torna-se claro o direito de os servidores obterem provimento judicial favorável ao exercício de seu direito, sanando-se a omissão legislativa com atribuição de prazo para tal providência, conforme artigo 8º, da Lei nº 13.300/16, e, em caso de não satisfação de tal providência, a aplicação do artigo 73, da Consolidação da Legislação do Trabalho, por analogia. 3) DOS PEDIDOS a) o recebimento desta inicial em duas vias, nos termos do artigo 5º, inciso I, da Lei nº 13.300/16; b) a notificação do Governador do Estado Beta e do Presidente da Assembleia Legislativa para prestarem informações, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do artigo 5º, inciso I e II, da Lei nº 13.300/16; c) notificação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, conforme artigo 5º, inciso II, da Lei nº 13.300/16; d) intimação do Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do artigo 7°, da Lei nº 13.300/16; e) reconhecimento da omissão e do estado de mora legislativa, para que seja concedida a ordem de injunção coletiva para fins de ser determinado prazo razoável para que o Governador promova a edição da norma regulamentadora, nos termos do artigo 8º, inciso I, da Lei nº 13.300/16; f) seja suprida a omissão normativa, garantindo-se a efetividade do direito à 30 percepção do adicional noturno, no percentual de 20% conforme disposições contidas no artigo 73, da Consolidação das Leis do Trabalho, nos termos do artigo 8º, incisos II, da Lei nº 13.300/16. Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil. Local..., data... Advogado... OAB... 31 4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA Fundamento legal Lei nº 7.347/85, (rito ordinário); Art. 129 da Constituição Federal. Código de Defesa do Consumidor. Conceito A ação civil pública, disciplinada pela Lei nº 7.347, de 24/07/1985, é um instrumento processual que reprime ou impede atos lesivos ao meio ambiente, ao consumidor a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações da ordem econômica, conforme art. 1º, protegendo assim os interesses difusos da sociedade. (MEIRELLES) Note-se que ela não está prevista no rol de garantias de direitos fundamentais do art.5º, o que não impede que não o seja por equiparação, dado o conteúdo de direitos que esta visa a tutela. Para Sarlet, isso ocorre porque, é um instrumento destinado a tutela dos novos direitos. Direitos difusos: É importante destacar que os interesses difusos são aqueles de que sejam titulares pessoas indeterminadas, mas que se demonstrem vínculo jurídico ou fático definido. Atualmente, esses direitos estão estritamente associados com a relação de consumo e direitos ao meio ambiente, o que significa dizer, a Ação Civil Pública que não é destinada a garantia de direitos individuais. (DIDIER JR. Curso de Processo Constitucional) Objeto Buscar a efetiva responsabilização por danos causados ao meio ambiente, aos consumidores a ao patrimônio cultural e natural do País ou por qualquer ato ilegal, através de prestação pecuniária de quem causou o dano ou através do estabelecimento de obrigações de fazer ou não fazer. Logo, trata-se de lesão ou ameaça ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico, ao patrimônio estético, bem como a qualquer outro interesse difuso ou direito coletivo. 32 Legitimidade Legitimidade ativa Legitimidade passiva O Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal, Municípios, autarquias, empresas públicas, Fundações sociedade de economia mista, Associação que esteja constituída há pelo menos um ano. Em se tratando de polo passivo, qualquer pessoa que tenha causado lesão ou ameaça de lesão aos bens jurídicos por ela tutelados, pode figurar como ré na ação civil pública, incluindo-se pessoas físicas ou jurídicas, privadas ou públicas, entes federados e entidades da administração pública indireta. A legitimação ativa para a ação civil pública ou coletiva é concorrente, autônoma e disjuntiva. Vale dizer: cada um dos legitimados pode propor a ação isoladamente ou se litisconsorciando facultativamente aos demais. Neste ponto, a Constituição Federal, a despeito de enquadrar a ação civil pública como função institucional do Ministério Público (artigo 129, III), não conferiu a este a exclusividade em sua promoção (129, § 1º da CF), no que andou bem, dando ênfase à amplitude do acesso à justiça. (BARROSO) ATENÇÃO! O art. 81 do CDC permite a propositura da ação em nome próprio ou em nome coletivo (das vítimas ou de seus sucessores), a fim de peticionar a responsabilização dos causadores dos danos que sofreram individualmente. Ministério Público O papel do Ministério Público na Ação Civil Pública: Ainda que haja outros legitimados, para o Ministério Público, é um dever agir quando estiverem presentes as condições ensejadoras da ação, enquanto para os demais é uma faculdade, podendo inclusive, atuar de ofício, sem necessidade de provocação. O Ministério Público é o legitimado para propor o inquérito civil que antecede à ação civil pública. Este é um procedimento administrativo de natureza inquisitiva que visa a recolher elementos de prova que ensejam o ajuizamento da ação civil pública. O inquérito é peça instrutória da Ação Civil Pública, contudo, não é pela indispensável, significando dizer que a Ação Civil Pública pode ou não ser precedida do inquérito. Em verdade, torna-se dispensável o inquérito civil, quando as provas existentes do ato lesivo já sejam por si só capazes de prover a ação civil pública. Quando a ação for proposta por algum dos outros legitimados e houver desistência infundada ou abandono da ação, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa, isso, pois, trata-se da indisponibilidade do interesse. 33 Importante mencionar que, quando o Ministério Público não figurar como parte, deverá, obrigatoriamente, intervir como fiscal da lei. O Ministério Público é parte legítima para o ajuizamento de ação coletiva que visa anular ato administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. (RE 409356) Litispendência Poderá ainda haver litisconsórcio ativo entre os legitimados e entre os Ministérios Públicos dos Estados e da União, que será inicial, ativo, unitário e facultativo. Competência Art. 2º da Lei nº 7.347/85: A propositura da ação prevenirá a jurisdição para o juízo de todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Na Ação Civil Pública, não existe foro por prerrogativa de função, sendo que a competência para processo e julgamento desta ação é determinada pelo local onde ocorreu o dano. Salvo quando o ato lesivo é imputado à pessoa jurídica que tenha foro na Justiça Federal, a Ação Civil Pública deverá ser ajuizada e julgada originariamente por juízes ordinários estaduais. (ALEXANDRINO).De acordo com Siqueira Junior: “A regra de competência prevista na lei n. 7.347/85 deve ser interpretada em consonância com o Código de Defesa do Consumidor, nos termos do art. 21 da Lei de Ação Civil Pública, que dita: “Aplica-se à defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor”. Efeitos O art. 16 da Lei nº 7.347/85 dispõe que: “A sentença civil fará coisa julgada "erga omnes", nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.” 34 “É ultra partes, no caso de direitos coletivos (art. 103, II, da Lei 8.078/1990) e erga omnes, no caso de direitos difusos (art. 103, I, da Lei 8.078/1990) e no caso de direitos individuais homogêneos, com extensão secundumeventum litis (art. 103, III, da Lei 8.078/1990). A extensão subjetiva da coisa julgada é secundumeventum litis – e não a sua formação”. (SARLET; MITIDIEIRO. Curso de direito constitucional) A ação pública só faz coisa julgada erga omnes nos limites da competência territorial do órgão prolator. Em recente julgado o STF entendeu que a eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento. “Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública ... como instrumento idôneo de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público , mesmo quando contestados em face da Constituição da República, desde que, nesse processo coletivo, a controvérsia constitucional , longe de identificar-se como objeto único da demanda, qualifique-se com simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal.” (CELSO MELLO, STF). Sentença Na Ação Civil Pública, a sentença é preponderantemente condenatória ou mandamental, podendo impor condenação em dinheiro, obrigação de fazer ou não fazer; em regra, tal sentença não tem natureza desconstitutiva, pois na maioria das vezes o dano é irrecuperável. A ação civil pública objetiva a independência pelo dano causado destinada à reconstituição dos bens lesados. Pode também ter por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou de não fazer, cumprimento este que será determinado pelo juiz, sob pena de multa diária, independentemente de requerimento do autor. A ação civil pública fará coisa julgada sendo procedente ou improcedente, no entanto, caso a ação termine por falta de provas não fará coisa julgada material. Liminar Pode-se admitir ação cautelar quando ocorrerem o fumus boni juris e o periculum in mora. 35 Custas Os pagamentos de custas, emolumentos e quaisquer outras despesas estão vedados, exceto nos casos de litigância de má-fé. Resumo Competência Foro do local onde ocorre o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Endereçar Juízo Cível da ... Vara da Comarca de ... Partes Ativo e passivo Legitimidade ativa: artigo 5º, caput, I a V, da Lei nº 7.347/1985: o ministério público; defensoria pública; a união os estados, o direito federal e os municípios a autarquia, empresa pública fundação ou sociedade de economia mista; a associação que, concomitantemente: esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano termos da lei civil e inclua , entre suas finalidades institucionais , a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência ou ao patrimônio artístico estético, histórico, turístico e paisagístico. Legitimidade passiva: responsável pela lesão ao interesse difuso ou coletivo, podendo ser particular ou ente público. O que devo suscitar? Demonstrar o ato lesivo ao interesse difuso e coletivo Pedido Condenação do réu do ato lesivo ao interesse difuso e coletivo (condenação em dinheiro ou ao cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer), artigo 3º, caput, da Lei nº 7.347/1985. Valor da Causa Se não tiver valor no enunciado: Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil. Se a questão indicar o valor do prejuízo ao patrimônio, esse deverá ser o valor da causa. Modelo EXAME DE ORDEM XXI PEÇA PROFISSIONAL ENUNCIADO A Associação Alfa, constituída há 3 (três) anos, cujo objetivo é a defesa do patrimônio social e, particularmente, do direito à saúde de todos, mostrou-se inconformada com a negativa do Posto de Saúde Gama, gerido pelo Município Beta, de oferecer atendimento laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço. O argumento das autoridades era o de que não havia profissionais capacitados e medicamentos disponíveis em quantitativo suficiente. Em razão desse estado de coisas e do elevado número de idosos correndo risco de morte, 36 a Associação resolveu peticionar ao Secretário municipal de Saúde, requerendo providências imediatas para a regularização do serviço público de Saúde. O Secretário respondeu que a situação da Saúde é realmente precária e que a comunidade precisa ter paciência e esperar a disponibilização de repasse dos recursos públicos federais, já que a receita prevista no orçamento municipal não fora integralmente realizada. Reiterou, ao final e pelas razões já aventadas, a negativa de atendimento laboratorial aos idosos. Apesar disso, as obras públicas da área de lazer do bairro em que estava situado o Posto de Saúde Gama, nos quais eram utilizados exclusivamente recursos públicos municipais, continuaram a ser realizadas. Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pela Associação Alfa, elabore a medida judicial cabível para o enfrentamento do problema, inclusive com providências imediatas, de modo que seja oferecido atendimento adequado a todos os idosos que venham a utilizar os serviços do Posto de Saúde. A demanda exigirá dilação probatória. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. Segue modelo de estruturação da peça de Ação Civil Pública cobrada no EXAME DE ORDEM XXI: 37 JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO BETA, ESTADO ... ASSOCIAÇÃO ALFA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme previsão no artigo 287 do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe suas intimações, vem, com o devido respeito, à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR com fundamento nos artigos 129, inciso III, da Constituição Federal, e artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº 7.347/85, em face do MUNICÍPIO BETA, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representadopor seu PREFEITO..., nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 1) DOS FATOS O Posto de Saúde Gama, administrado pelo Município Beta, nega atendimento laboratorial aos idosos, sob alegação de que não há profissionais capacitados nem medicamentos suficientes. 2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1) Competência A Vara Cível da Comarca X é competente para processar e julgar Ação Civil Pública, uma vez que a matéria é de competência da Justiça Estadual, de forma 38 residual, conforme artigo 25, parágrafo 1º e 125 da Constituição Federal. É, também, o local onde o dano foi praticado, consoante artigo 2°, da Lei nº 7.347/85. 2.2) Legitimidade A legitimidade ativa da Associação Alfa decorre do fato de ter sido constituída há mais de 1 (um) ano, conforme documentação anexa, destinar-se à defesa do patrimônio social e do direito à saúde de todos, atendendo ao disposto no artigo 5º, inciso V, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 7.347/85. A legitimidade passiva do Município Beta é justificada por ser o responsável pela gestão do Posto de Saúde Gama, com a obrigação de gerir o sistema de saúde local, conforme artigo 23, inciso II, e 196, ambos da Constituição Federal. 2.3) Cabimento O cabimento exclusivo da ação civil pública decorre do fato de o objetivo da demanda judicial ser a defesa de todos os idosos que procuram o atendimento do Posto de Saúde Gama, nos termos das finalidades estatutárias de defesa do patrimônio social, particularmente, direito à saúde de todos e não eventual defesa de direito ou interesse individual. Como se discute a qualidade do serviço público oferecido à população e esses idosos não podem ser individualizados, trata-se de interesse difuso, amoldando-se ao artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, e artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº 7.347/85. 2.4) Do Direito O que se verifica, na hipótese, é a necessidade de defesa do direito fundamental à vida e à saúde dos idosos que procuram os serviços do Posto de Saúde Gama, bem como da dignidade da pessoa humana, amparados pelo artigo 1º, inciso III, artigo 5º, caput, artigo 6º e artigo 196, todos da Constituição Federal. Esses direitos estão sendo preteridos para a realização de obras públicas na área de lazer, o que é constitucionalmente inadequado em razão da maior importância 39 dos referidos direitos. Afinal, sem vida e saúde, não há possibilidade de lazer. Ademais, o Município tem o dever de assegurar o direito à saúde dos idosos e de cumprir a competência constitucional conferida para fins de prestação do serviço público de saúde, consoante artigo 23, inciso II, artigo 30, inciso VII, artigo 196 e artigo 230, todos da Constituição Federal e, ainda, Lei nº 10.741/03. 2.5) Da medida liminar Requer-se, em sede de medida liminar e/ou tutela de urgência, o deferimento da ordem para determinar que o Município, através do Posto de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, pois os idosos do Município X estão sem atendimento no Posto de Saúde, podendo acarretar consequências irreversíveis à saúde e vida dos idosos. Desta forma, restou demonstrada a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora, conforme artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou 300, do Código de Processo Civil, sob pena de multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº 7.347/85. 3) DOS PEDIDOS a) O recebimento desta inicial; b) O deferimento da liminar para determinar que o Município, através do Posto de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, em conformidade com o artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou artigo 300, do Código de Processo Civil, sob pena de multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº 7.347/85; c) A citação do réu para contestar, sob pena de revelia; d) A intimação do representante do Ministério Público, conforme artigo 5º, parágrafo 1º, da Lei nº 7.347/1985; e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas; f) A não realização de audiência de conciliação ou mediação, com base nos artigos 319, inciso VII e 334, parágrafo 5º, ambos do Código de Processo Civil; g) A procedência da presente ação, com a determinação de que o Município, através do Posto de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público 40 de saúde, conforme artigo 3º, caput, da Lei nº 7.347/1985, tornando definitiva a liminar; h) A condenação do réu ao pagamento das custas e demais despesas judiciais, bem como dos honorários de advogado. Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil. Local..., data... Advogado... OAB... 41 5. HABEAS DATA Fundamento legal Previsão no art. 5º, LXXII, da Constituição Federal, com a seguinte redação: Art. 5º, LXXII: conceder-se-á habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Lei n. 9.507/97 – regula o writ e disciplina seu rito processual. Art. 7° da Lei 9507/97: Conceder-se-á habeas data: I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. Conceito O habeas data é uma novidade entre os writs e é uma tutela específica dos direitos e garantias fundamentais que visa a assegurar ao cidadão interessado a exibição de informações constantes nos registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos seus dados pessoais, para que tome conhecimento e, se for o caso, retifique ou complemente eventuais erros. Natureza jurídica É remédio constitucional, de natureza civil, submetido a rito sumário, que se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto: Ainda, o instrumento deve ser lido à luz dos demais princípios constitucionais, como art. 5, X, XII, XXXIII, XXXIV da CF: Direitos protegidos: Art. 5º, X da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 42 Objeto Na linha de especialização dos instrumentos de defesa de direitos individuais, a Constituição de 1988 tratou o habeas data como instituto destinado a assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público e para permitir a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo de modo sigiloso. Art. 1º (VETADO) da Lei 9.507 Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações. Legitimidade O habeas data só é cabível se a informação for da pessoa do impetrante. LEGITIMIDADE ATIVA LEGITIMIDADE PASSIVA O HD poderá ser ajuizado por qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como por pessoa jurídica, entes despersonalizados (massa falida,herança jacente, espólio, sociedade de fato, condomínio). Saliente-se, porém, que a ação é personalíssima, vale dizer, somente poderá ser impetrada pelo titular das informações. STF já se manifestou que estrangeiro não residente também poderá adentrar com habeas data. No polo passivo, podem figurar entidades governamentais, da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados contendo informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades de proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras). Privada. O aspecto que determinará o cabimento da ação será o fato de o banco de dados ser de caráter público, a exemplo do SPC. Competência Previsão de algumas autoridades pela CF/88 STF - Art. 102, I, d, da CF; STJ - Art. 105, I, b, da CF; TRF- Art. 108, I, c, da CF; Justiça Federal - Art. 109, VIII, da CF; 43 Justiça Estadual – 25 e 125 da CF; Art. 20 da Lei nº 9.507/97: O julgamento do habeas data compete: Originariamente Em grau de recurso a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; f) a juiz estadual, nos demais casos. a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores; b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais; c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal; d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal; III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição. Habeas data e a Lei de Acesso à Informação 12.527/11 Em busca de mais transparência nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), os brasileiros passaram a ter acesso a informações públicas de qualquer órgão público. A Lei de Acesso a Informações Públicas - LAI (Lei nº 12.527/2011), aprovada em novembro de 2011, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 16 de maio de 2012, e passou a valer para todo o país. Contudo, nem todas as solicitações de informações são liberadas dentro do prazo. Habeas Data x Direito de Petição Essa garantia do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5, XXXIV, b, CF) ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5, XXXIII). Havendo recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio apropriado é o mandado de segurança, e não o 44 habeas data. Se o pedido for para conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, como visto, o remédio será o habeas data. Procedimento Art. 8º da Lei 9507/97: A petição inicial deverá ser instruída com prova: I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator. Muito importante Para o fim de impetrar habeas data, é imprescindível que tenha havido o requerimento administrativo e a negativa pela autoridade administrativa de atendê- lo, devendo tal negativa ou omissão da autoridade administrativa vir comprovada na petição inicial (art. 8, parágrafo único, da Lei nº 9.507/97). O silêncio da autoridade no prazo de 10 dias é suficiente! Aspecto importante do cabimento do Habeas Data diz respeito à exigência legal de que a ação somente poderá ser impetrada em Juízo diante da prévia negativa da autoridade administrativa de fornecimento (ou de retificação ou de anotação da contestação ou explicação) das informações solicitadas. Trata-se de uma das exceções constitucionais ao princípio do controle jurisdicional imediato (art. 5, XXXV), configurando hipótese de instância administrativa de curso forçado (a outra hipótese de curso forçado está prevista pelo art. 217, par. 1º da CF). A impetração do Habeas Data não está sujeita a prazo prescricional ou decadencial, podendo a ação ser proposta a qualquer tempo. Necessário conforme art. 9º a notificação da autoridade coatora e pedir a oitiva do Ministério Público como fiscal da Lei (art. 9º a 12). No Habeas Data, o sujeito ativo da ação pode ser uma pessoa jurídica, ao contrário do Habeas Corpus. STF já considerou possível Habeas Data para a obtenção de informações fiscais. No Habeas Data, não há necessidade de que o impetrante revele as causas do requerimento ou demonstre que as informações são imprescindíveis à defesa de eventual direito seu, pois o direito de acesso lhe é garantido, independentemente de motivação, até porque o acesso aos próprios dados constitui, na visão da melhor doutrina, uma materialização dos direitos de personalidade. 45 Cobrança de valores Tanto o procedimento administrativo quanto a ação judicial de HD são gratuitos. Estão vedadas pela Lei quaisquer cobranças de custas ou taxas judiciais dos litigantes, bem como de quaisquer valores para o atendimento do requerimento administrativo. Ademais, não há ônus de sucumbência (honorários advocatícios) em Habeas Data. Para o ajuizamento da ação, porém, exige-se advogado. Liminar A lei silencia quanto à possibilidade ou não da concessão de liminar, mas a doutrina entende que excepcionalmente essa medida poderá ser possível ante a demora do processo por não ser considerada uma ação de caráter sumaríssimo. Habeas Data e sigilo imprescindível à segurança do estado É importante que se lembre que o habeas data como remédio constitucional destinado a assegurar o acesso à informação deve também ser lido à luz da Lei de Acesso à informação e suas possibilidades de restrições. Daí toda a atenção quando se falar em sigilo imprescindível à segurança do estado. Contudo, é oportuno lembrar que o sigilo é exceção, logo, se a informação da pessoa por si só não tem como representar risco à segurança, não há justificativa para não conceder o acesso. Vide os artigos mais importantes da Lei de Acesso à Informação - LAI nesse sentido: Art. 21 da Lei 12527/11: Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. Art. 22 da Lei 12527/11: O disposto nesta
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