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MSKINGBEAN89 VOLUME 1 ALL THE YOUNG DUDES Tradução de Bruna Mello e Paula Kiaer Edição de Gabrielly Gonçalves A tradução da obra pode ser encontrada no site Archieve four own no perfil @wolfuckingstar e no wattpad no perfil @paulak165. 3 Capítulo 1: Verão, 1971: St Edmund's Sábado, 7 de agosto de 1971. Ele acordou no escuro. Estava muito quente no quartinho que o colocaram, sendo começo de agosto. Embora, supôs que pudesse ser a febre. Ele sempre ficava com a temperatura alta na manhã seguinte. Costumavam o deixar em um quarto com uma janelas, mas há uns meses ele quebrara uma delas, e se não fossem as barras de ferro, teria escapado. Havia os escutado falar sobre o conter quando ele ficasse mais velho. Estava tentando não pensar sobre isso. Se lembrou da sensação de fome, tão intensa que se tornava fúria. Lembrou uivar e lamentar por horas, circulando a cela de novo e de novo. Talvez o deixassem de fora das aulas hoje e, então, poderia dormir. Era férias de verão de qualquer jeito, e não era justo que tivesse aulas enquanto os outros meninos ficavam o dia todo descansando, jogando futebol ou assistindo televisão. Sentando, se espreguiçou com cuidado, prestando atenção a cada dor e estalo de suas juntas. Havia um corte novo, feito por uma garra afiada, atrás de sua orelha esquerda, e uma mordida profunda na sua coxa direita. Esfregou a mão na cabeça, onde seu cabelo estava raspado bem perto do couro cabeludo e era espetado sobre seus dedos .Ele odiava, mas todo os meninos do abrigo tinham a mesma careca espetada. O que significava que, quando podiam ir a cidade nos fins de semana, todos sabiam que eram rapazes de St. Edmund – o que muito provavelmente era a intenção. Os donos das lojas sabiam em quem ficar de olho. Não que os garotos tentassem subverter as expectativas. Tinham lhe falados tantas vezes que eram a escória da sociedade; tinham sido deixados para trás e ignorados - então porque não causar um pouco de problema? Remus ouviu passos no fim do corredor. Era a diretora; podia sentir seu cheiro, escutar as batidas de seu coração. Seus sentidos sempre estavam mais aguçados após 4 um de seus episódios. Ele se levantou, puxando o cobertor ao seu redor de si apesar do calor, e foi em direção a porta para escutar melhor. Ela não estava sozinha, havia um homem em sua companhia. O cheiro dele era antigo e, de alguma forma, diferente. Um odor forte de ferro que vagamente lembrava Remus de seu pai. Era magia. "Você tem certeza que não está perdendo seu tempo?" Ela perguntou ao estranho. "Ele é um de nossos piores casos." "Ah, sim." O homem respondeu. Sua voz era rica e calorosa como chocolate quente. "Nós temos certeza. É aqui que vocês o mantém durante...?" "Os episódios." A diretora completou em sua voz esganiçada e nasalada. "Para sua própria proteção. Ele começou a morder, depois de seu último aniversário." "Entendo." O homem soava pensativo, ao invés de preocupado. "Se me permite perguntar, senhora, o que é que você sabe da condição do jovem garoto?" "Tudo que eu preciso saber." Respondeu friamente. "Ele está aqui desde os cinco anos. E sempre nos deu trabalho - não só porque é um do seu tipo." "Meu tipo?" O homem respondeu, calmo e impassível. A voz da Matrona ficou quase tão baixa quanto um sussurro, mas Remus ainda era capaz de escutar. "Meu irmão era um. Não o vejo há anos é claro, mas ocasionalmente ele ainda me pede favores. St Edmunds é uma instituição muito especial. Somos equipados para casos problemáticos. " Remus escutou o chacoalhar de chaves. "Agora, eu preciso vê- lo primeiro, geralmente tenho de fazer curativos. Eu não entendo porque você decidiu visitá-lo após a lua cheia em primeiro lugar, se já sabia o que ele era." O senhor não respondeu, e a diretora se dirigiu ao quarto de Remus, seus saltos de couro envernizado estalando no piso de pedra. Ela bateu na porta três vezes. "Lupin? Está acordado?" 5 "Estou." Ele respondeu, puxando a coberta para mais perto de seu corpo. Suas roupas eram retiradas para evitar que voltassem em pedaços. "Estou, diretora." Ela o corrigiu, através da porta. "Estou, diretora." Remus murmurou, enquanto a chave girava na fechadura. A porta abriu com um rangido – antes era de madeira simples, e ele sabia que podia esmagá-la facilmente durante um episódio, mas após o incidente da janela, tinha sido reforçada com uma chapa de prata. Só o cheiro já o deixava nauseado e com dor de cabeça. A luz invadiu o quarto como uma onda e ele piscou, desconfortável. Deu um passo para trás, automaticamente, quando a mulher entrou no quarto. Ela era uma mulher pontuda, semelhante a um pássaro, com um nariz fino e alongado e lustrosos olhos escuros. "Precisa de alguma atadura, dessa vez?" Ele lhe mostrou as feridas. Não estavam mais sangrando. Havia percebido que os ferimentos infringidos por si, apesar de profundos, se curavam mais rápido que qualquer outro corte ou arranhão; nunca nem precisava de curativos. Contudo, as cicatrizes nunca desapareciam, elas desbotavam e deixavam marcas esbranquiçadas por todo seu corpo. A diretora ajoelhou, passando antisséptico e o envolvendo com uma gaze que pinicava. Isto feito, o entregou suas roupas e ele se vestiu rapidamente na frente dela. "Você tem visita." Ela disse, finalmente, enquanto Remus passava a camiseta sobre a cabeça. Era cinza, como a de todos os outros. "Quem?" Ele perguntou, olhando-a nos olhos, pois sabia que ela não gostava. "Um professor. Está aqui para conversar sobre uma escola." "Não to afim." Respondeu, ele odiava a escola. "Fala pra ele dá o fora." 6 A diretora lhe deu um puxão de orelha. Já esperava, então nem se encolheu. "Controle a língua." Brigou. "Vai fazer como foi mandado ou vou te deixar aqui pelo resto do dia. Agora vamos." A mulher agarrou seu braço e o puxou para frente. Ele franziu a sobrancelha, pensou em se livrar dela, mas não tinha motivo. Poderia ser trancafiado novamente, e agora estava curioso sobre o estranho. Principalmente porque o cheiro de magia ficava cada vez mais forte à medida que avançavam pelo corredor sombrio. O homem que os esperava era bem alto e estava vestido no terno mais estranho que Remus já tinha visto. Era de um marrom profundo, e as mangas e lapela possuíam um bordado dourado caprichoso. Sua gravata era azul meia noite. Ele deveria ser bem velho de fato — seu cabelo era branco como a neve, e possuía uma barba incrivelmente longa que devia chegar no umbigo. Estranho como era, Remus não se sentiu intimidado como sentia com a maioria dos adultos. O homem tinha olhos gentis que sorriam para ele por trás do óculos meia-lua conforme eles se aproximavam. "Sr. Lupin." O senhor disse, calorosamente. "É um prazer conhece-lo." Remus encarou, em transe. Ninguém nunca havia se dirigido a ele com tanto respeito antes. Ele se sentiu quase envergonhado. Apertou a mão do homem, sentindo um choque ao fazê-lo. Como tocar uma cerca elétrica. "Oi." Respondeu, ainda o fitando. "Eu sou o Professor Dumbledore. Gostaria de me acompanhar num passeio pela área? O dia está tão bonito." Remus olhou para a diretora, que acenou com a cabeça. O que fez valer a pena ter que conversar sobre escola com um desconhecido vestido de forma tão diferente - já que ela nunca o deixava sair nas luas cheias, nem mesmo com supervisão. 7 Eles passaram por mais alguns corredores, apenas os dois. Remus tinha certeza que nunca vira Dumbledore em St Edumunds antes, mas ele certamente parecia saber o caminho. Quando finalmente chegaram ao lado de fora, o garoto inspirou profundamente, os raios de sol quentes o encobrindo. A “área”, como o homem havia dito, não era muito grande. Um pedaço de grama amarelada na qual os meninos jogavam futebol e um pequeno pátio com ervasdaninhas crescendo nas rachaduras do concreto. "Como está se sentindo, Sr. Lupin?" O senhor perguntou. Remus deu de ombros. Se sentia igual a todas as outras vezes. Machucado e cansado. Dumbledore não o repreendeu por sua insolência, apenas continuou a sorrir enquanto eles rodeavam lentamente a cerca que demarcava o perímetro do terreno. "O que você quer?" Remus finalmente perguntou, chutando uma pedrinha de seu caminho. "Eu suspeito que você tenha alguma noção." Dumbledore respondeu. Ele alcançou o bolso, de onde tirou um saco de papel marrom. Remus sentiu o cheiro de balinha de limão, e como esperado, Dumbledore o ofereceu uma. Ele aceitou e a chupou. "Você é mágico." Disse seco. "Como meu pai." "Você se lembra de seu pai, Remus?" Ele deu de ombros novamente. Não se lembrava muito bem. Tudo que sua memória era capaz de recordar era a figura alta e magra de um homem que vestia uma capa longa, enquanto se debruçava sobre o corpo do menino, chorando. Assumiu que tinha sido a noite que foi mordido, se lembrava disso bem o suficiente. "Ele era mágico." Remus disse. "Fazia coisas acontecerem. Minha mãe era normal." Dumbledore sorriu gentilmente à ele. "Foi isso que sua diretora te contou?" 8 "Algumas coisas, outras eu já sabia. Ele está morto, de qualquer forma, se matou." Dumbledore parecia ter sido pego de surpresa com isso, o que agradou Remus. Era algo a se orgulhar, ter uma história trágica. Ele não pensava no pai com frequência, a não ser para considerar caso teria se matado se ele não tivesse sido mordido. Remus continuou; "Mas minha mãe não morreu, ela só não me quis. Então to aqui." Olhou ao redor. Dumbledore tinha parado de andar. Estavam na parte mais afastada do terreno agora, perto das cercas altas. Uma delas tinha uma tábua solta que ninguém sabia sobre. Remus conseguia passar por ela se quisesse e ir em direção a cidade pela estrada principal. Nunca fazia nada em particular, só vagava por aí esperando a polícia o encontrar e o levar de volta. Era melhor que não fazer nada. "Você gosta daqui?" Dumbledore estava perguntando. Remus bufou. "Claro que não, cacete." Observou Dumbledore pelo canto do olho, mas não ficou em problemas por falar um palavrão. "Não, não imaginei." O senhor reconheceu. "Me contaram que você é um pouco encrenqueiro, está correto?" "Não sou pior que os outros." Remus retrucou. "Somos todos garotos problemáticos." "Sim, eu vejo." Dumbledore esfregou sua barba como se Remus tivesse dito algo extremamente significativo. "Tem mais uma bala?" Remus estendeu a mão com expectativa. Dumbledore entregou à ele o saco e ele quase não acreditou em sua sorte. O velhote era fácil de manipular. Ele mastigou o quadradinho dessa vez, sentindo ele quebrar como vidro entre seus dentes. O gostinho de limão explodindo em sua língua como fogos de artifício. "Eu sou diretor de uma escola, você sabia. A mesma que seu pai frequentou." 9 Isso desnorteou Remus. Ele engoliu o docinho e coçou a cabeça. Dumbledore continuou; "É uma escola especial. Para bruxos, como eu. E como você. Você gostaria de aprender magia Remus?" Remus balançou a cabeça fervorosamente. "Eu sou muito burro." Disse firme. "Não vou conseguir entrar." "Tenho certeza que isso não é verdade." "Pode perguntar pra ela." Remus virou a cabeça em direção ao grande edifício cinzento na qual a diretora os esperava. "Eu mal consigo ler. Não sou nada inteligente." Dumbledore o olhou por um longo tempo. "Você não teve uma vida muito fácil, Sr. Lupin, e eu sinto muito por isso. Eu conheci seu pai – apenas um pouco – e tenho certeza que ele não iria querer que... De qualquer forma, estou aqui para te oferecer algo diferente. Um lugar com pessoas como você. Talvez até alguma forma de canalizar toda essa raiva que há dentro de você." Remus o encarou. Que diferença faria, se estivesse numa casa ou outra? A diretora nunca lhe dava doces, e não cheirava à magia. As crianças da escola de Dumbledore não poderiam ser piorres que os meninos de St Edmunds, e se fossem, ele pelo menos conseguia se virar em uma briga. Porém, sempre tinha um porém. "E meus episódios?" Ele perguntou, cruzando os braços. "Eu sou perigoso, sabia?" "Sim, Remus, eu sei." Respondeu soando triste. Pousou uma mão sobre o ombro de Remus, bem gentilmente. "Vamos ver o que podemos fazer a respeito. Mas deixe isso comigo." 10 Remus o afastou e comeu outra balinha de limão. Eles voltaram ao prédio em silêncio, ambos satisfeitos que agora se compreendiam. 11 Capítulo 2: Primeiro Ano: O expresso de Hogwarts Remus coçou sua cabeça, depois o nariz, que ainda estava escorrendo. Isso estava o incomodando desde o jantar na noite passada, quando um outro menino o socou. Para ser sincero, ele o tinha chutado primeiro, mas o menino – Malcolm White – tinha quatorze anos e duas vezes o tamanho de um Remus, de onze. Malcolm tinha feito alguma piada sobre ele estar indo para uma escola especial para crianças atrasadas, e ele não podia deixar barato. Agora ele tinha um olho roxo, cujo se arrependia. Todos na nova escola iriam achar que ele era um valentão, mas então, talvez ele realmente fosse um. A diretora afastou com um tapa a mão de Remus de sua cabeça e ele lhe lançou uma careta. Estavam parados na enorme plataforma de King’s Cross, encarando os números das duas plataformas. Havia uma de número nove, e então dez. A diretora olhou para a carta em sua mão de novo. “Pelo amor de deus.” Ela resmungou. “Nós temos que correr em direção a parede.” Remus diz, “Eu te disse.” “Não seja ridículo. Eu não vou correr em direção a nada.” “Eu vou, então. Me deixa aqui.” Remus não tinha acreditado muito em Dumbledore quando ele explicou como acessar a plataforma 9 3/4. Mas então, pacotes começaram a ser entregues por corujas, contendo livros estranho, roupas esquisitas e todo tipo de bugigangas como penas e pergaminhos. Dumbledore foi extremamente generoso ao longo do mês anterior, presenteou Remus com uma lista de itens que precisaria em sua nova escola, e prometeu enviar o máximo que pudesse dos suprimentos de segunda mão de 12 Hogwarts. A essa altura, estava disposto a acreditar em qualquer coisa que o velho falasse. Ele nunca havia tido tantos pertences, e, na verdade, ficou até feliz quando a diretora trancou tudo em seu escritório para que nada fosse pego por outros meninos. Agora, todas suas coisas estavam amontoadas em uma velha mala surrada que havia sido doada. Remus tinha que segura-la de um jeito bem específico para que não desmontasse. "Eu não vou te deixar em lugar nenhum, Lupin. Só espere aqui enquanto eu tento achar um guarda.” A diretora saiu andando na direção da bilheteria, seu grande traseiro balançando enquanto ela avançava. Remus olhou ao redor furtivamente, então lambeu seus lábios. Aquela poderia ser sua única chance. Ele correu na direção a parede em velocidade máxima, fechando seus olhos com força quando começou a se aproximar. Mas ele não bateu em nada. A atmosfera havia mudado, e ele abriu os olhos, se vendo de pé em uma estação completamente diferente, cercado de pessoas. Não pessoas. Bruxos. O trem em si era enorme, lindo e antiquado. ‘O expresso de Hogwarts.’ Ele se agarrou a sua mala com ambas mãos, mordendo seu lábio. Haviam várias crianças, da sua idade e mais velhas, mas todas estavam com as suas famílias, algumas delas choravam enquanto eram abraçadas e beijadas por mães protetoras. Remus se sentiu muito pequeno e muito sozinho, e pensou que seria melhor se ele só se apressasse e subisse no trem. Lá dentro, ele não conseguia alcançar o bagageiro para guardar suas coisas, então entrou em um compartimento vazio e colocou a mala ao seu lado no banco. Observou as pessoas na plataforma pela janela, pressionando sua testa sobre o vidrofrio. Se perguntou se todas aquelas crianças vinham de famílias bruxas. Se perguntou se alguma delas tinham episódios como ele tinha. Provavelmente não, já que nenhuma delas pareciam ter cicatrizes. Muitas crianças estavam vestindo roupas normais, como ele (embora com menos buracos e manchas), mas algumas vestiam longas vestes 13 escuras e chapéus pontudos. Muitas delas tinham corujas, ou carregavam gatos em cestas. Ele até viu uma menina com um pequeno lagarto pendurado no ombro. Remus estava começando a se sentir ainda mais nervoso, o estômago revirando ao realizar que, mesmo com Dumbledore dizendo tudo aquilo sobre ‘estar entre pessoas como ele’, estaria tão fora do lugar em Hogwarts como em qualquer outro colégio ou instituição. Só então que percebeu que alguém o encarava da estação. Outro menino, da sua idade. Ele era alto e esguio, mas não magro como Remus. Tinha cabelos pretos, mais longos que o de qualquer menino que ele já tinha visto, que se enrolavam graciosamente em seus ombros. As maçãs de seu rosto eram salientes, os lábios grossos e olhos surpreendentemente azuis. Quando o menino percebeu que o encarava, arqueou uma sobrancelha perfeita em um gesto que claramente significava ‘o que você está olhando?’ Remus colocou sua língua por debaixo de seu lábio inferior, fazendo seu queixo inchar em uma careta feia. O outro menino sorriu levemente, levantando os dois dedos para ele. Remus quase gargalhou. “Sirius, o que você pensa que está fazendo? Venha para cá de uma vez.” Uma mulher severa, com as mesmas sobrancelhas angulares que o garoto, apareceu em sua visão, arrancando seu filho da frente da janela. O menino rolou os olhos, mas obedeceu, desaparecendo plataforma a dentro. Remus jogou suas costas sobre o estofado de couro batido e suspirou. Estava ficando com fome, esperava que a viagem não fosse ser tão longa. A diretora havia empacotado dois sanduíches de queijo e picles e uma maçã, mas Remus não gostava muito deles. 14 Depois de alguns minutos, a porta do compartimento foi aberta, e uma menina entrou apressada. Ela o ignorou, correndo para a janela, pressionando as mãos contra o vidro e acenando freneticamente para sua família em pé na plataforma. Ela era bem pequena e pálida, seu cabelo ruivo e brilhoso estava amarrado para trás em uma trança apertada. Seu rosto estava inchado de tanto chorar. Ela continuou acenando enquanto o trem andava, e seus pais faziam o mesmo, mandando beijos. Uma garota de cara azeda estava parada ao lado deles, seus braços cruzados. Quando o trem já havia deixado a estação completamente, a menina ruiva se sentou de frente para Remus, suspirando profundamente. Ela o olhou com grandes olhos verdes, molhados de lágrimas. “É tão horrível dizer adeus, não é?” Ela possuía um sotaque de alguém da classe média. “Hm, sim, eu acho.” Remus concordou, se sentindo autoconsciente. Ele não gostava muito de meninas. St Eddy era uma instituição apenas para meninos, e o único contato que tinham com mulheres era a diretora e a enfermeira da escola – ambas vadias velhas e malvadas. A menina o olhava curiosamente. “Você também veio de uma família trouxa? Meu nome é Lily.” “Remus,” ele respondeu “Meu pai era bruxo, mas eu não o conheci... bem, eu cresci com trouxas.” “Eu não consegui acreditar quando recebi a minha carta,” ela sorriu calorosamente, se animando, “mas eu não posso esperar para ver como a escola é, também está ansioso?” Remus não conseguia pensar em como responderia ela – mas ele não precisou. A porta se abriu mais uma vez e um garoto colocou a cabeça para dentro. Ele tinha cabelos longos e pretos, como o menino para quem tinha feito careta, mas estes eram incrivelmente lisos. Tinha um longo nariz e uma expressão carrancuda. 15 “Aí está você, Lily, estou te procurando a tempos.” Disse enquanto lançava a Remus um olhar enojado, o tipo de olhar que ele já estava acostumado a receber. “Sev!” Lily pulou de seu assento e jogou seus braços em torno do menino, “Estou tão feliz em ver você!” Ele lhe deu tapinhas no ombro timidamente, suas bochechas ficando rosa. “Venha se sentar no meu vagão, há bastante espaço.” “Ah...” Lily olhou para trás, “Remus pode vir? Ele está sozinho.” “Eu não tenho certeza,” O outro menino, Sev, olhou para Remus de cima a baixo, o investigando pedaço por pedaço. O corte de cabelo de bandido, seu jeans desgastado, a camiseta surrada, a mala de segunda mão. “Talvez não haja tanto espaço assim.” Remus se ajeitou desleixadamente no banco, jogando seus pés no assento oposto. “Sai daqui, então. Eu não quero ir para o seu vagão idiota.” Então, olhou para fora da janela de propósito. Lily e o outro menino saíram. Remus deixou seus pés escorregarem de volta para o chão. Ele suspirou. Estava barulhento do lado de fora. Ele podia ouvir gritos, risos, corujas piando e alguns estudantes mais jovens ainda chorando. Mais uma vez, ele se viu trancado longe de todos os outros. Estava começando a pensar que talvez esse seria o fardo da sua vida. Talvez, quando chegassem a Hogwarts, eles o forçariam a dormir em uma cela sozinho também. Houve uma batida repentina na porta – um som curto e animado – e então ela se abriu mais uma vez. Remus afundou ainda mais em seu assento, enquanto um menino de rosto amigável com cabelos escuros bagunçados e óculos redondos entrou, sorrindo. 16 “E aí!” Ele estendeu sua mão para Remus, “Primeiro ano? Eu também, sou James.” Ele acenou sua cabeça para trás na direção de um menino baixinho que o seguia. “Este é Peter.” Ele apertou a mão de James. Fora fácil e confortável. Pela primeira vez, o forte nó de seu estômago começou a se desatar. “Remus.” “Podemos sentar aqui? Todos os outros vagões estão cheios e Peter está ficando enjoado por causa da viagem de trem.” “Não estou não.” Peter murmurou, se sentando do lado oposto a Remus, o olhando com cautela. Ele parecia um pouco verde enquanto esfregava suas mãos em seu colo e encarava o chão. “Sabe em qual casa você vai entrar?” James perguntou a Remus, diretamente. Ele balançou a cabeça. Não sabia nada sobre casas. Seria o lugar onde eles dormiriam? “Seus pais eram de qual casa?” James insistiu. “Eles estudaram em Hogwarts?” Remus acenou, vagarosamente. "Meu pai estudou sim, mas eu não sei de qual casa ele era. Minha mãe não. Ela era norm—trouxa.” Peter olhou para ele de repente. “Você é mestiço?” Remus encolheu os ombros, impotente. “Cala a boca, Pettigrew.” James brigou com o menino ao seu lado, “Como se isso se quer fosse importante.” 17 Remus ia perguntar o que era um mestiço, quando a porta se abriu de novo. Era o menino bonito que havia lhe dado o dedo na estação. Ele encarou todos furtivamente. “Nenhum de vocês é meu parente, certo?” Perguntou pausadamente. Ele tinha o mesmo sotaque de classe alta que Peter e James tinham. Remus odiou eles todos ao mesmo tempo, sabendo que o achariam comum – e um mestiço, o que quer que isso seja. “Acho que não.” James respondeu, sorrindo, “James Potter.” Ele estendeu sua mão novamente. O outro a apertou. “Ah ótimo, um Potter. Meu pai me disse para não falar com você.” Se sentou ao lado de Remus, rindo, “Sirius Black.” 18 Capítulo 3: Primeiro ano: A seleção Remus tinha quase certeza de que estava sonhando. Ou tinha se afogado atravessando aquele lago terrível, e isso era apenas seu cérebro inventando coisas antes de morrer. Ele estava de pé em um enorme salão de pedra, do tamanho de uma catedral que estava cheio de alunos, todos vestidos com mantos pretos idênticos - exceto suas gravatas - e iluminado por velas. Não apenas velas quaisquer -essas estavam realmente flutuando. Remus pensou que poderia aceitar isso; talvez fosse um truque inteligente da luz, algo a ver com fios, mas quandoergueu os olhos, quase gritou. Não havia teto - apenas o vasto céu noturno pairando acima deles, nuvens cinzentas pendentes e estrelas cintilantes. Ninguém mais parecia interessado, exceto pela garota ruiva - Lily - e algumas outras crianças cujos pais também deveriam ser trouxas. Remus estava com seu uniforme agora e se sentia um pouco melhor por estar vestido como todo mundo. Os outros alunos se sentavam em longas mesas de banquete, sob as bandeiras de suas casas. James explicou com entusiasmo as diferenças entre cada casa, para grande desgosto de Sirius e Peter, que estavam convencidos de que acabariam no lugar errado. Remus não sabia se deveria ficar nervoso, não conseguia ver como isso importaria para ele; provavelmente seria expulso após sua primeira aula de qualquer maneira. Quanto mais tempo Remus passava entre bruxos, mais ele se convencia de que não poderia realmente ser um. Professora McGonagall, uma bruxa magra de rosto severo que liderou todos os primeiros anos no corredor estava agora de pé ao lado de um banquinho, segurando um velho e esfarrapado chapéu marrom. Este foi o teste sobre o qual James falou. Tinham que colocar o chapéu, então de alguma forma cada um seria classificado em uma das casas. Remus olhou para cada uma das bandeiras. Já sabia que não iria acabar na Corvinal; não se você tivesse que ser inteligente. Aquela com o texugo não lhe despertou muito interesse – eram animais meio desanimadores, especialmente em 19 comparação as cobras. E se fosse para escolher uma gravata, gostava da cor verde também. Mas então, James e Peter eram entusiastas da Grifinória, e visto que foram as únicas pessoas a serem amigáveis até agora, não se importaria de ficar com eles. Um menino chamado Simon Arnold foi o primeiro a ser chamado. O chapéu foi colocado em sua cabeça, cobrindo a metade superior de seu rosto. Remus se perguntou se o cheiro era tão ruim quanto parecia. A Diretora sempre fora maníaca sobre piolhos, e ele esperava que nenhuma das crianças que viessem antes dele os tivesse. Simon foi prontamente selecionado para a Lufa-Lufa, a casa dos texugos, sob aplausos tumultuosos. Sirius Black foi o primeiro do grupo a ir, e ele parecia positivamente nauseado a se aproximar do banquinho. Houve alguns assobios da mesa da Sonserina - alguns alunos mais velhos estavam chamando por ele, duas jovens com cachos escuros e as mesmas maçãs do rosto salientes e lábios carnudos que Sirius, que agora estava tremendo no banquinho. O salão ficou em silêncio por alguns momentos quando o chapéu pousou na cabeça de Black. Então o chapéu guinchou, "Grifinória!" Houve um momento de silêncio atordoante antes que as palmas viessem desta vez. McGonagall gentilmente tirou o chapéu da cabeça de Sirius e deu a ele um pequeno e raro sorriso. Ele parecia completamente horrorizado, lançando um olhar desesperado para a mesa da Sonserina, onde as duas garotas que antes assobiaram agora cochichavam, os olhos estreitos. Ele se levantou e caminhou lentamente até os Grifinórios, onde foi o primeiro aluno novo a ocupar um lugar sob os estandartes vermelhos e dourados. A classificação continuou. Lily também foi colocada na Grifinória, e se sentou sorrindo ao lado de um Sirius de aparência muito miserável. Quando finalmente chegou a sua vez, Remus ainda não conseguia ver o motivo de tanta agitação. Ele não 20 gostava muito de ter todos os olhos em si enquanto avançava para a frente, mas fez o possível para ignorar. Teria enfiado as mãos no bolso do jeans e encurvado a postura, normalmente, mas em seu novo uniforme estranho o efeito não teria sido o mesmo. Se sentou no banquinho, com McGonagall olhando por cima do nariz à ele. Ela o lembrava um pouco da Diretora, e nojo subiu em sua garganta. Ela baixou o chapéu sobre os olhos dele. Tudo escureceu. Não cheirava nada, e a paz e o silêncio foram, na verdade, aliviante. “Hmmm,” uma voz suave falou em seu ouvido. Foi o chapéu. Remus tentou não se envergonhar enquanto aquele ronronava baixinho, "Você é diferente, não é? O que devemos fazer com você ... talvez Corvinal? Há um bom cérebro aqui. ” Remus se encolheu, sentindo como se alguém estivesse brincando com ele. Não é muito provável. "Mas então," o chapéu considerou, "Você pode ir longe ... muito mais longe, se colocarmos você em ... GRIFINÓRIA!" Remus arrancou o chapéu da cabeça assim que ele o classificou, sem esperar que McGonagall o removesse. Correu para a mesa da Grifinória, mal registrando os aplausos e comemorações ao passar. Se sentou em frente a Lily e Sirius. Lily lhe direcionou um sorriso contente, mas ele apenas olhou para o prato vazio. No momento em que os 'P's' surgiram, Remus tinha se recuperado um pouco e fora capaz de observar com algum interesse enquanto Peter, o menino pequeno e rechonchudo, corria para o chapéu seletor. Peter era o tipo de garoto que não duraria cinco minutos no St. Eddy's. Ele tinha um estado perpetuamente nervoso e inquieto – que os outros meninos tirariam sarro. Remus ficou surpreso que James - que era o oposto de Peter; relaxado e seguro de si, transbordando confiança - estava sendo tão gentil com alguém tão obviamente inferior. 21 O chapéu demorou muito tempo em Peter. Até os professores pareceram ficar nervosos com o passar dos minutos. Finalmente, ele foi classificado na Grifinória, e muito mais rápido também foi James, que caminhou até a mesa com um grande sorriso no rosto. “Isso é ótimo!” Ele se dirigiu aos três outros meninos: "Todos nós conseguimos!" Sirius gemeu, sua cabeça entre os braços sobre a mesa. "Fale por si mesmo", respondeu ele, a voz ligeiramente abafada, "Meu pai vai me matar." “Não consigo acreditar.” Peter continuou dizendo, os olhos arregalados. Embora ele claramente tivesse conseguido o que queria, continuava torcendo as mãos e lançando olhares por cima do ombro, como se alguém pudesse vir a qualquer momento e pedir-lhe para tentar novamente. McGonagall veio, mas colocou a mão ossuda no ombro de Remus. “Sr. Lupin,” ela disse baixinho, mas não tão baixo que os outros meninos não pudessem ouvir, “Você poderia vir ao meu escritório depois do jantar? É ao lado da sala comunal da Grifinória, um dos monitores pode mostrar a você. ” Remus acenou com a cabeça, mudo, e ela saiu. "O que foi aquilo?" James perguntou: "McGonagall já quer ver você?" Até Sirius ergueu os olhos agora, curioso. Remus deu de ombros, como se ele não se importasse de qualquer maneira. Ele sabia o que eles estavam pensando - o garoto rude já estava em problemas. Sirius estava olhando para seu olho roxo novamente. Felizmente, a comida apareceu, distraindo a todos. E realmente tinha "aparecido" - os lugares anteriormente vazios foram repentinamente preenchidos com um banquete real. Frangos assados dourados, pilhas de batatas gratinadas crocantes, pratos de 22 cenouras fumegantes, ervilhas nadando em manteiga e uma enorme jarra de um rico molho escuro. Se a comida fosse assim o tempo todo, Remus achou que conseguiria ignorar chapéus falantes e colegas de casa esnobes. Ele prestou muita atenção quando um dos monitores da Grifinória, que se apresentou como Frank Longbottom, conduziu os primeiros anos à sala comunal em uma das torres. Remus odiava se perder, e se esforçou para cimentar a jornada em sua mente enquanto eles avançavam. Fez uma anotação mental do tamanho e forma de cada porta que entraram, cada retrato que passaram e quais escadas se moviam. Ele estava tão cansado e cheio de comida boa que os retratos em movimento e as escadas não pareciam mais fora do lugar. Assim que chegaram ao corredor certo, Remus viu o escritório de McGonagall, marcado com uma placa de latão bem cuidada, e decidiu ir logo à reunião, acabar com isso o mais rápido possível. Ele parou do lado de fora da porta e estavaprestes a bater quando James apareceu. "Quer que esperemos por você, cara?" "Por quê?" Remus perguntou, olhando o garoto de cabelo escuro com desconfiança. James encolheu os ombros. “Para que você não fique sozinho.” Remus o encarou por um momento, antes de balançar a cabeça lentamente. "Não. Estou bem." Ele bateu. "Entre." Uma voz veio de dentro. Remus abriu a porta. O escritório era pequeno, com uma pequena lareira bem organizada e fileiras de livros contra uma parede. McGonagall estava sentada atrás de uma mesa imaculadamente arrumada. Ela sorriu levemente e gesticulou para Remus se sentar na cadeira em frente. Ele o fez, fungando e esfregando o nariz. 23 "É um prazer conhecê-lo, Sr. Lupin." A professora disse com um sotaque escocês agudo. Seu cabelo era escuro, puxado para trás em um coque apertado, e ela usava uma túnica verde escura presa por um fecho dourado em forma de cabeça de leão. "Estou ainda mais contente por ter você na casa da Grifinória - da qual eu sou diretora." Remus não disse nada. "Seu pai era da Corvinal, você sabe." Remus deu de ombros. McGonagall franziu os lábios. "Achei melhor falar com você o mais rápido possível sobre sua ... condição." Ela disse, calmamente. “Dumbledore explicou que você teve uma interação mínima com o mundo mágico até agora, e eu sinto que é meu dever informá-lo de que as pessoas com seu problema específico enfrentam uma grande quantidade de estigma. Você sabe o que significa 'estigma'? ” Remus concordou. Ele não sabia soletrar, mas conhecia a palavra bem o suficiente. “Eu quero que você saiba que enquanto estiver em minha casa, eu não vou tolerar ninguém te tratando de forma diferente ou rude. Isso se aplica a todos os alunos sob meus cuidados. No entanto, ” ela limpou a garganta, “ é prudente que você tenha cautela ”. "Eu não vou contar a ninguém." Remus respondeu, "Como se eu quisesse que alguém soubesse." "Bem, certamente." McGonagall acenou com a cabeça, olhando para ele com curiosidade. “Isso me leva ao meu próximo ponto. Arranjos foram feitos para a lua cheia - que ocorrerá neste domingo, eu acredito. Se você puder se reportar a mim 24 depois do jantar, vou lhe mostrar aonde ir. Talvez você pudesse dizer a seus amigos que vai visitar alguém em casa? ” Remus bufou. Ele esfregou a nuca. "Posso ir agora?" A professora acenou com a cabeça, franzindo ligeiramente a testa. Lá fora, Remus encontrou James ainda parado , sozinho, esperando por ele. "Eu disse que ficaria bem." Remus disse, irritado. James apenas sorriu. “Sim, mas você perdeu Longbottom nos dando a senha. Não queria que você ficasse aqui a noite toda. Vamos lá." James o conduziu até o final do corredor, onde estava pendurada uma grande pintura de uma mulher voluptuosa vestindo rosa. “Widdershins.” James disse, e o retrato se afastou, abrindo como uma porta. Eles entraram na sala comum. Havia uma sala de recreação no Reformatório St Edmund’s para meninos, mas não era nada assim. Aquela sala tinha uma decoração esparsa, contendo uma TV em preto e branco muito pequena e alguns jogos de tabuleiro. Os baralhos de cartas estavam sempre incompletos e a maioria das cadeiras quebradas ou danificadas. A sala comunal da Grifinória era quente, confortável e aconchegante. Havia enormes sofás e poltronas de aspecto fofo, um tapete grosso marrom em frente ao fogo ardente e ainda mais pinturas adornando as paredes. "Estamos lá em cima," disse James, levando Remus a uma escada em caracol em um canto. No topo, havia outra porta que dava para um quarto. Mais uma vez, não se parecia em nada com as instalações de St Edmunds. Havia quatro camas, todas enormes, com grossas cortinas vermelhas de penduradas por franjas douradas. Havia 25 outra lareira, e cada menino tinha um pesado baú de mogno e um conjunto de prateleiras ao lado da cama. Remus viu sua pequena mala triste encostada em um dos baús. Ele se moveu, assumindo que aquela era sua cama. Peter estava vasculhando suas próprias coisas, tirando roupas, revistas e livros, fazendo uma bagunça terrível. “Não consigo encontrar minha varinha,” ele lamentou. "Mamãe me fez guardá-la para que eu não perdesse no trem, mas não está aqui!" "Pete", James sorriu, "sua mãe me pediu para cuidar dela, lembra?" James e Peter, Remus aprendera no trem, cresceram como vizinhos e se conheciam muito bem. Embora os dois meninos não pudessem ser mais diferentes, e Remus ainda não entendia por que James não queria bater em Peter. Sirius estava sentado em sua cama, suas coisas ainda guardadas impecavelmente no baú. "Se anima, cara", disse James, sentando-se ao lado dele, "Você não queria ir para a Sonserina de qualquer forma, queria?” “Quinhentos anos.” Sirius respondeu, friamente, "Todos os Black’s em Hogwarts foram da Sonserina por quinhentos anos." "Bem, já era hora de alguém tentar ser diferente, hein?" James deu um tapa nas costas dele jovialmente. Remus abriu seu baú. Dentro havia um grande caldeirão de estanho - outro item que Dumbledore pegou dos suprimentos de segunda mão, ele imaginou. Havia também uma caixa longa e fina na fundo, com um recado no topo. Desdobrou o bilhete e ficou olhando para a caligrafia elaborada por um longo tempo, tentando entendê-la. Reconheceu apenas a palavra 'pai' e adivinhou que também era de 26 Dumbledore, mas pertencera a seu pai. Abrindo-a ansiosamente, encontrou uma vara longa e polida - uma varinha na verdade. Não tinha pensado nelas antes, mas a pegou em sua mão e apertou a madeira com firmeza. Era quente ao toque - como sua própria carne - e parecia flexível quando a girou nas mãos. Uma sensação boa o inundou. Sirius finalmente começou a desempacotar, puxando livro após livro de seu baú. "Sabe," James disse a Sirius, ainda empilhando livros, "Há uma biblioteca aqui." Sirius sorriu. “Eu sei, mas a maioria desses são livros trouxas. Meu tio Alphard os deixou para mim, e minha mãe colocaria fogo em todos eles se eu os deixasse em casa. ” As orelhas de Remus se aguçaram com isso. O que havia de errado com os livros trouxas? Não que tivesse trazido algum, odiava ler mais do que qualquer coisa no mundo. Ele não pensou nisso por muito tempo, porém, porque agora Sirius estava tirando um toca-discos de verdade de seu baú, seguido por uma caixa de discos novos em capas reluzentes. Ele foi olhar imediatamente. “Aquilo é Abbey Road ?!” Ele perguntou, olhando para a caixa de vinil. "Sim," Sirius sorriu, entregando-o a ele. Remus limpou as mãos em suas vestes antes de pegá-lo, manuseando-o com cuidado. "Você deve ser nascido trouxa." Sirius disse. “Nunca encontrei um bruxo que conhecesse os Beatles - exceto minha prima, Andrômeda. Ela que comprou para mim. ” Remus assentiu, esquecendo-se por um momento. “Eu amo os Beatles, um dos meninos do meu quarto em casa tem pelo menos umas dez músicas, mas nunca me deixa tocá-los.” "Meninos em casa?" Sirius arqueou uma sobrancelha. Remus achou que ele parecia muito adulto, "Você quer dizer seu irmão?" 27 "Não," Remus balançou a cabeça, devolvendo o disco e se encolhendo, "Eu moro em um lar infantil." "Como um orfanato?" Peter perguntou, com os olhos arregalados. Remus sentiu a raiva crescendo, suas orelhas ficando quentes. "Não." Falou rápido e grosseiramente. Sentiu os olhares dos meninos deslizarem para seu hematoma novamente, e se virou para desempacotar o resto de suas coisas em silêncio. Eventualmente, Potter e Black começaram uma conversa sobre algo chamado quadribol, que logo se tornou uma discussão acalorada. Remus subiu em sua cama e puxou as cortinas, saboreando a privacidade. Estava escuro, mas estava acostumado com a escuridão. "Você pensaria que ele se esforçaria mais para fazer amigos", sussurrou Peter em voz alta para os outros doismeninos. "Especialmente se ele nasceu trouxa." "Tem certeza de que o chapéu não deveria ter colocado você na Sonserina?" Sirius falou lentamente. Peter ficou quieto depois disso. 28 Capítulo 4: Primeiro ano: Lua cheia. Domingo, 5 de setembro de 1971 Remus passou o resto da semana ignorando os outros meninos tanto quanto podia. Essa era uma técnica que havia aprendido em St. Edmund's - era melhor não ser notado e que ninguém soubesse nada sobre você. (De vez em quando ele levava um soco no braço ou tinha a cabeça enfiada na privada, mas no geral ninguém fazia nenhum esforço para incomodá-lo.) James, Sirius e Peter não eram nada parecidos com os meninos de St. Eddy, é claro. Eles eram o que a Diretora chamaria de "bem- criados". Sirius e James, principalmente, pareciam ter vindo de dinheiro. Ele podia perceber pelo jeito que descreviam suas casas, bem como pelo jeito que falavam - cada vogal e consoante claramente pronunciada. Remus ouviu com atenção e resolveu parar de soltar seus 'H'. Não eram apenas seus sotaques, mas o que diziam. Remus crescera com adultos constantemente mandando-o ‘ficar quieto!’, e garotos que enchiam o saco se você dissesse mais palavras que necessário e desse uma de espertinho. James e Sirius falavam como personagens de um romance; o vocabulário cheio de metáforas descritivas e sarcasmo mordaz. A inteligência e perspicácia deles era muito mais intimidante do que um soco no rosto, Remus pensou – pelo menos um soco acabava rápido. Até agora evitara os outros garotos fazendo caminhadas pelo castelo. Em St Edmund's, tinha muita pouca liberdade pessoal e passava muito do seu tempo trancado em quartos. Em Hogwarts, parecia que não havia um lugar que você não pudesse ir, e Remus estava determinado a descobrir cada centímetro do bizarro terreno. 29 Os alunos receberam mapas para ajudá-los a encontrar suas salas de aula, mas Remus achou que o dele estava faltando muitas coisas e fora excessivamente simplificado. Não mostrava, por exemplo, uma passagem secreta que ele tinha encontrado, cuja levava das masmorras ao banheiro feminino do primeiro andar. Não fazia ideia por que diabos alguém precisaria de uma conexão entre os dois, e a primeira vez que o usou foi abordado por um fantasma particularmente irritante que esguichou sabonete nele. Também teria sido útil, raciocinou Remus, animar o mapa da mesma forma que as pinturas - então, pelo menos, você poderia acompanhar as ridículas escadas móveis. Tinha quase certeza de que uma das salas também se movia, nunca parecia estar exatamente no mesmo lugar. Quando a tarde de domingo chegou, Remus estava temendo segunda-feira, além de ser o primeiro dia após a lua cheia, era também o primeiro dia de aulas. Depois do jantar - que Remus passou sozinho, alguns lugares afastados de Sirius, James e Peter - se dirigiu rapidamente ao escritório de McGonagall. Ela estava esperando-o, junto com a enfermeira da escola, a quem já havia sido apresentado. Era do tipo de mulher bondosa e amável; mas um pouco exigente. “Boa noite, Sr. Lupin,” McGonagall sorriu, “Obrigado por ser tão pontual. Venha comigo." Para a surpresa de Remus, as duas mulheres o levaram não para as masmorras, como ele imaginou, mas para fora do castelo, em direção a uma grande árvore retorcida. O salgueiro lutador foi uma adição recente ao terreno - Dumbledore havia explicado em seu discurso no início do ano que fora doado por um ex-aluno. Remus pensou, quem quer que a doou deve ter odiado muito a escola, porque a árvore não tinha só a aparência aterrorizante, mas era também irracionalmente violenta. Enquanto eles se aproximavam, a Professora McGonagall fez algo tão incrível que ele quase gritou de choque. Ela pareceu desaparecer - encolhendo-se de repente, até que não estivessse mais ali. Em seu lugar estava um gato malhado de olhos amarelos. Madame Pomfrey não deu nenhum sinal de surpresa, enquanto o gato corria em 30 direção à árvore, que estava balançando os galhos como uma criança dando chilique. O gato conseguiu correr direto para a árvore, escapando de ferimentos, e pressionou a pata contra um dos nós do tronco. A árvore ficou instantaneamente imóvel. Remus e Madame Pomfrey continuaram, entrando em um buraco embaixo da árvore que Remus nunca havia notado antes. Lá dentro, McGonagall estava esperando por eles, uma bruxa novamente. A passagem estava mal iluminada por tochas de um brilho esverdeado, e no final havia uma porta. Esta se abriu em uma pequena cabana, que parecia abandonada há muito tempo. As janelas foram fechadas com tábuas e as portas aparafusadas. "Aqui estamos." McGonagall tentou parecer agradável, embora fosse um lugar muito sombrio. "Agora eu espero que você entenda que não podemos ficar com você, mas você gostaria que Madame Pomfrey esperasse do lado de fora até que a ... transformação fosse concluída?" Remus deu de ombros. "Eu vou ficar bem. Como faço para voltar de manhã? ” "Eu vou passar assim que o sol nascer," Madame Pomfrey o assegurou."Fazer seus curativos e te mandar para as aulas antes que alguém perceba que você partiu." Ela sorriu, mas seus olhos pareciam tristes. Isso deixou Remus desconfortável. Mas então, estava chegando aquele ponto da noite em que tudo o deixava desconfortável, seu cabelo coçava, sua pele parecia muito apertada, sua temperatura subia. "É melhor vocês irem." Ele disse, rapidamente, retirando-se para a sala vazia. Havia uma pequena cama contra uma parede com lençóis limpos. Parecia que tinham sido colocados lá para ele. As duas mulheres saíram, trancando a porta reforçada atrás dele. Ele ouviu McGonagall murmurando e se perguntou que tipo de feitiço ela estava colocando na casa. O que quer que fossem, era melhor do que aquela terrível placa de prata. 31 Ele sentou na cama por um momento, depois se levantou novamente, inquieto. Andou pela sala. Às vezes parecia que o lobo penetrava em sua mente antes de se apoderar de seu corpo, e conforme a escuridão caía do lado de fora, seus sentidos se tornaram mais nítidos, a onda quente de fome começando em sua barriga. Remus tirou suas roupas rapidamente, não querendo rasgá-las. Uma pulsação começou em suas juntas e ele se deitou na cama. Essa era a pior parte. Seu batimento cardíaco latejava em seus ouvidos, e podia jurar que ouviu seus tendões estalando enquanto se esticavam, seus ossos e dentes rangendo uns contra os outros conforme se alongavam, seu crânio sendo dividido e remodelado. Ele gemeu e chiou até que a dor fosse demais, então gritou. Só podia confiar que estivesse longe o suficiente da escola para que ninguém pudesse ouvi-lo. Ao todo, demorou cerca de vinte minutos - embora nunca tivesse realmente cronometrado. As coisas ficaram nebulosas depois, nem sempre conseguia se lembrar do que acontecia depois que se tornava o lobo. Aquela primeira noite em Hogwarts foi um borrão, e acordou com menos ferimentos do que o normal. Suspeitou que o animal farejou o território desconhecido, testando seus limites, e tentou se jogar contra as portas ou janelas em algum momento, porque o lado esquerdo de seu corpo ficou com uma fila de hematomas por vários dias. A transformação de volta foi tão desagradável quanto - uma sensação esmagadora de aperto que o deixou sem fôlego e dolorido. Ele enxugou as lágrimas dos olhos e rastejou para a cama, grato por uma hora tranquila de sono antes de o sol nascer completamente. Madame Pomfrey voltou, como prometido. Falando em tons suaves, ela colocou as mãos frias na testa febril de Remus. "Eu não gosto da sua aparência", disse ela, quando ele abriu os olhos sonolentos, "É uma loucura, pensar que você pode começar um dia escolar inteiro assim. Você está exausto!” 32 Ninguém nunca havia expressado tal preocupação por ele antes, e isso o deixou inquieto. A empurrou,e se vestiu. "Estou bem. Eu quero ir." Ela o fez beber algo antes de deixá-lo se levantar - tinha um gosto frio e metálico, mas ele se sentiu melhor depois. Correu até a torre da Grifinória para colocar seu uniforme o mais rápido possível - não queria perder o café da manhã, estava faminto. "Onde você estava?!" James o abordou assim que ele entrou no quarto. Os outros três meninos estavam todos acordados e vestidos, de aparência impecável - exceto o cabelo de James, que sempre espetava na parte de trás. "Lugar nenhum." Remus passou por ele para pegar suas coisas. "Você está bem?" Sirius perguntou, olhando para longe do espelho onde estava alisando seu próprio cabelo. "É," James acrescentou, observando Remus cuidadosamente, "Você parece um pouco estranho." Remus fez uma careta para eles. “Se manda.” “Estamos apenas sendo legais.” Peter disse, com as mãos na cintura. Os três olharam para Remus, que estava prestes a tirar a camiseta quando se lembrou dos hematomas. "O que?!" Rosnou para eles, “Vocês todos vão ver eu me vestir? Vocês garotos mimados são um bando de bixinhas. "Ele marchou para o banheiro com suas roupas e bateu a porta. Depois de alguns momentos, ouviu Peter reclamar que estava com fome e todos foram embora. 33 Capítulo 5: Primeiro ano: Poções Sexta-feira, 10 de setembro de 1971 Ao final da primeira semana de aulas, Remus perdeu dez pontos, aprendeu um feitiço e ganhou outro hematoma, desta vez em seu queixo. As primeiras aulas foram boas - foram introdutórias, e enquanto Lily Evans passava cada uma rabiscando furiosamente páginas e páginas de anotações, ninguém mais parecia muito incomodado. Foram dadas algumas tarefas de casa simples, mas Remus planejou fingir ter se esquecido caso alguém perguntasse. A aula de feitiços foi a mais emocionante - o pequeno professor encantou uma pilha de pinhas para zunir pela sala, para o deleite de todos. Depois de algumas tentativas com o feitiço, Lily levitou sua pinha a pelo menos um metro no ar, e Sirius fez a dele girar como um pião - até que saiu do controle e quebrou uma janela. James, Peter e Remus tiveram menos sorte, mas Remus tinha certeza que a dele havia pulado uma ou duas vezes. Transfiguração foi tão interessante quanto, mas muito mais séria, já que foi liderada pela Professora McGonagall. Não haveria nenhum trabalho prático durante a primeira semana, ela explicou, mas passaria muitos deveres de casa a fim de avaliar os níveis de habilidade. A história da magia foi absolutamente terrível, e quanto menos se disser a respeito, melhor. Remus lutou para não adormecer enquanto o fantasmagórico Professor Binns flutuava para cima e para baixo entre as carteiras, desfiando datas e nomes de batalhas. Ele também definiu o dever de casa - dois capítulos de leitura do texto definido. Sirius revirou os olhos e murmurou para James. “Certamente todo mundo já terminou ‘História da Magia’? É coisa de criança.” James acenou com a cabeça, bocejando. Remus se sentiu mal. Ele ainda não tinha aberto 34 nenhum dos livros em seu baú, exceto para rasgar a primeira página de 'Poções de Nível Um' e cuspir o chiclete. Ele estava realmente ansioso por Poções, esperando pelo menos ver algo explodir, como em química, mas a aula acabou envolvendo uma grande quantidade de leitura também, e pior ainda, eles tiveram que dividir a aula com os outros do primeiro ano da Sonserina. O professor de Poções estava irritantemente alegre e levou quase meia hora apenas para ler a lista de presença. “Black, Sirius - aha, aí está você! Bastante surpreso com você na seleção para as casas, meu menino, bastante surpreso! Eu tive cada um dos Black’s na minha casa desde que comecei a ensinar! Não leve para o lado pessoal, jovem Sirius, mas estarei esperando grandes coisas! " Sirius parecia querer que o chão o engolisse. Slughorn continuou chamando nomes. “Um Potter e um Pettigrew, hein? Bem, bem, junto com o Sr. Black aqui, essa classe tem um pedigree e tanto, hein? Deixe-me ver ... Lupin! Eu conheci seu pai; não um dos meus, mas um dualista muito bom. Jogava sujo...” Remus piscou. Se perguntou se Slughorn sabia que ele era um lobisomem. A turma inteira o olhava - sabiam que fora criado em um lar infantil e que seu pai era um bruxo (Remus suspeitava que Peter havia contado a eles), mas ninguém ousou perguntar muito mais. Parecia haver outro boato de que ele era violento e possivelmente fazia parte de uma gangue. Tinha certeza de que James e Sirius estavam encorajando isso também, e ele não se colocou contra. Felizmente, Slughorn queria que eles começassem o trabalho prático o mais rápido possível. “A melhor coisa é já se concentrar e começar!” Ele sorriu, "Agora, se todos nós trabalharmos quatro por um caldeirão, vocês poderão se revezar para seguir os passos..." 35 Um burburinho começou enquanto todos se agrupavam para formar pares - James, Sirius e Peter imediatamente pegaram o caldeirão no fundo da sala, e se juntaram a Nathaniel Quince, um garoto sonserino que conhecia Potter e Pettigrew de casa. Remus decidiu que esperar até que todos estivessem agrupados para ver se ele conseguiria se safar apenas se escondendo no fundo pelo resto da aula. Não teve sorte. “Remus! Você pode se juntar a nós!" Lily agarrou seu pulso e puxou-o para o caldeirão que ela estava dividindo com Severus Snape - seu amigo de nariz comprido cujo Remus conheceu no trem - e Garrick Mulciber, um menino bruto de nariz arrebitado de quem Remus tinha um pouco de medo. Lily já estava tagarelando, colocando todos os ingredientes e esquentando o caldeirão com cuidado. Ela estava olhando para o livro de Severus, que já tinha anotações rabiscadas nas margens. "Aqui estão os olhos desidratados de caracol." Lily balançou um pequeno frasco. “Acho que precisamos só de algumas gramas...” "Você pode ser bastante liberal com eles, Lily, não acrescentam muito no geral." Severus falou lentamente, parecendo entediado. Lily os mediu de qualquer maneira e os despejou na mistura borbulhante. Mulcibur então pegou o livro e mexeu por cinco minutos, recebendo instruções de Severus sobre a velocidade de ir e em que direção. Então foi a vez de Remus. Lily entregou-lhe o livro. Encarou a página. Podia ver que eram instruções, conseguia entender talvez metade das palavras, mas cada vez que pensava ter entendido, as letras pareciam mudar na página e ele se perdia de novo. Suas bochechas ficaram quentes e se sentiu um pouco enjoado. Encolheu os ombros, olhando para longe. "Ah, vai logo," Severus retrucou, "Não é como se fosse difícil." 36 “Deixe-o em paz, Sev,” Lily repreendeu. “O livro está coberto por suas anotações, não é à toa que ele não consegue entender. Aqui, Remus,” ela abriu seu novo livro de poções. Mas não adiantou. Remus encolheu os ombros. "Por que você mesmo não faz, se é tão inteligente." Ele retrucou para Severus. “Oh Merlin,” os lábios de Severus se curvaram, “Você sabe ler, não é? Quero dizer, mesmo as escolas trouxas ensinam isso, certo? " "Severus!" Lily engasgou, mas o garoto presunçoso não teve a chance de dizer mais nada - Remus se jogou por cima da mesa em direção a Severus, os punhos voando. Ele só tinha o elemento surpresa a seu favor - Mulciber agarrou seu colarinho e o puxou para trás, dando um soco bem no rosto, tudo em questão de três segundos. "Parem!" Slughorn explodiu. Todo mundo congelou. O corpulento mestre de poções gritou. "Levantem-se, vocês dois!" Ele gritou com os dois meninos no chão. Snape e Remus ficaram de pé, o peito arfando. Snape parecia muito pior, seu cabelo despenteado e sangue escorria de seu nariz. Remus estava com o queixo machucado onde Mulciber o havia batido, mas tirando o uniforme amarrotado, estava bem. “Expliquem-se!” Slughorn gritou. Os dois olharampara os pés. Mulciber estava sorrindo. Lily estava chorando. “Muito bem”, disse o professor, irritado, “detenção para vocês dois, duas semanas. Dez pontos da Grifinória e dez da Sonserina. ” "Isso não é justo!" James disse, repentinamente do fundo da sala "Devia ser o dobro da Sonserina, foram dois contra um!" "De onde eu estava, foi o Sr. Lupin quem começou," Slughorn respondeu, mas balançou a cabeça mesmo assim, “Ainda assim, você está certo - Mulciber, cinco pontos por socar Remus. Violência não resolve a violência, você sabe, como eu disse ao seu irmão mais velho em várias ocasiões. Srta. Evans, por favor, leve o Sr. Snape para a ala hospitalar. Lupin, você pode limpar a bagunça que fez. ” 37 Remus não conhecia nenhum feitiço de limpeza, então teve que limpar à mão. Slughorn até o fez limpar o sangue de Snape na pia. Infelizmente, sendo logo após a lua cheia, o cheiro forte de ferro fez seu estômago roncar. James, Sirius e Peter estavam esperando Remus do lado de fora após o término da aula. "Incrivelmente brilhante, cara," James deu um soco de leve no braço de Remus, "O jeito que você só foi atrás dele!" "Mulciber estava aqui se gabando depois, contou a todos o que Snape disse." Sirius acrescentou, "Você estava certo em fazer isso - que idiota." "Disse ... a todos?" Remus gemeu. “Não se preocupe, todos ficaram do seu lado.” James disse: "Bem, exceto os sonserinos." "É, e quem se importa com os sonserinos?" Sirius sorriu, "Vamos, o jantar é logo - com fome?" "Morrendo de fome," Remus sorriu de volta. 38 Capítulo 6: Primeiro ano: Vingança "Então." James disse na noite de domingo: "Como vamos nos vingar deles?" "Se vingar de quem?" Peter perguntou sem erguer os olhos, procurando algo em suas anotações. Estavam na sala comunal da Grifinória, tentando fazer o dever de casa para McGonagall. Trinta e cinco centímetros de pergaminho sobre as leis básicas da transfiguração. Sirius e James já terminaram, Peter tinha feito cerca de 15 centímetros e Remus não havia começado. "Os sonserinos." James sibilou. "Preste atenção, Pete." "Nem todos os sonserinos," Peter perguntou, soando preocupado, "Apenas Snape e Mulciber, certo?" "Todos eles." Sirius confirmou. Tinha acabado de aparecer debaixo da mesa que estavam compartilhando expondo um pedaço de pergaminho, "É isso que você estava procurando?" "Obrigado!" Peter agarrou, aliviado, "Estou quase terminando ..." "Ei, você já fez, Lupin?" Sirius olhou para cima. Remus tinha aberto seu livro, mas sequer o olhara. "Nem," ele deu de ombros em resposta a Sirius. "Não to afim.” “Nos avise se precisar de ajuda.” "Você pode copiar o meu se quiser." James deslizou sua redação sobre a mesa. Remus empurrou de volta, cerrando os dentes. 39 "Estou bem. Eu não sou idiota." "Ninguém disse que você era." James respondeu, casualmente. Sirius estava o observando, no entanto. Remus queria bater nele, mas estava tentando se controlar melhor - James e Sirius às vezes brincavam de luta, mas nunca tentaram se machucar de verdade, como ele fizera com Snape. Forçando-se a engolir seu temperamento, Remus optou por mudar de assunto. “Poderíamos colocar pó para coceira em suas camas.” Ele ofereceu. Alguém tinha feito isso com ele uma vez. Ficou com assaduras e bolhas na pele por uma semana inteira, e na noite de lua cheia se arranhou mais do que o normal. "Ou em suas roupas ... se pudéssemos descobrir quem as lava, de qualquer maneira." Isso tinha sido uma questão de grande confusão para Remus - a roupa suja simplesmente desaparecia e ressurgia - limpas e dobradas em seus baús. Ele nunca vira alguém nos quartos e não conseguia entender como acontecia. "Eu gosto da ideia." James respondeu, mastigando sua pena: "Mas algum de vocês tem pó para coceira?" Os três meninos balançaram a cabeça. “Podíamos encomendar da Zonko's.” Sirius interveio. "Se você me emprestar sua coruja, James, mamãe confiscou a minha depois da seleção." "Pode ser", respondeu James. “Porém queria que a gente o fizesse o mais cedo possível. Sabe, atacar enquanto o ferro ainda está quente. " "Não precisamos comprar pó para coceira", disse Remus, tendo uma ideia, de repente, "Vocês acham que eles têm rosa mosqueta na estufa?" "Uhum," Peter falou, a cabeça ainda inclinada sobre o dever de casa, "Para poções de cura - artrite, eu acho." 40 "Os pelos de dentro dão muita coceira." Remus explicou, animado, "A Diretora - a mulher que cuida do abrigo infantil - os cultiva, e se você desse trabalho, era obrigado a plantar eles sem luvas." As pontas de seus dedos se irritaram só de pensar nisso. "Isso é horrível." Disse James. "Boa ideia, no entanto!" Sirius sorriu. “No próximo intervalo, vamos dar uma olhada. Então, podemos semear eles - com luvas - e colocá-los nos lençóis dos Sonserinos. Excelente!" "Como vamos entrar nos dormitórios da Sonserina?" Peter perguntou, finalmente terminando seu trabalho. "Deixe isso comigo," James sorriu, a expressão selvagem. * * * Obter a roseira foi fácil. Eles enviaram Peter, o único deles que ainda não tinha recebido uma detenção e, portanto, estava sendo menos observado. Peter era pequeno e bom em não ser visto; se esgueirou para a estufa durante o intervalo da manhã e voltou com o rosto vermelho e alegre - um jarro cheio de rosa mosqueta sob a capa do uniforme. Então, se trancaram no banheiro compartilhado para semear todos os botões. Sob as instruções de Remus, todos eles usaram luvas pesadas de couro de dragão, tomando cuidado extra para não tocar nas sementes ou nos pequenos pelinhos. “Mal posso esperar para ver a cara deles.” Sirius estava sorrindo, sentado de pernas cruzadas no chão ao lado de James. Remus observou, sentado na beira da banheira, as duas cabeças escuras de James e Sirius curvadas sobre o trabalho. Estava com um pouco de ciúmes da amizade. Eles tinham muito em comum – ambos cresceram com magia, em famílias ricas e eram completamente loucos por quadribol. Além disso, era claro que depois de apenas três semanas, James e Sirius garantiram uma reputação de reis do primeiro ano. Todos prestavam atenção quando eles falavam, riam quando faziam piadas. Ninguém nem se aborrecia quando perdiam pontos da casa. 41 “Eu ainda não sei como vamos entrar nos dormitórios da Sonserina – nem Peter é tão sorrateiro.” Sirius olhou para James. Estava tentando convencer o menino de óculos a revelar seu plano desde que tinha o mencionado. "Deixe que eu me preocupe com isso", foi tudo o que James disse. As sementes e os pelos foram então decantados para outro pote, e os meninos acabaram comendo as sobras da rosa mosqueta ao longo da semana. Era terça-feira à noite quando finalmente tiveram uma chance. James decidiu que fariam isso antes que todos fossem para a cama. Também determinou que deveriam ir para os dormitórios da Sonserina separadamente, para evitar serem vistos juntos e descobertos. Remus pessoalmente achou que isso era um exagero, mas concordou, não querendo estragar a diversão do outro garoto. Eles jantaram muito mais rápido do que o normal naquela noite, antes de se levantarem da mesa um de cada vez e deixarem o salão. Peter parecia muito nervoso - Remus pensou que ele entraria em pânico no último minuto e os entregaria. Fez questão de ficar perto do garoto menor, caso precisasse tapar a boca dele ou o puxar para trás em algum momento. Sirius e James foram primeiro, é claro, em direção ao banheiro feminino do segundo andar, cujo de acordo com Remus os levaria às masmorras. Tinha pensado em manter essa passagem específica para si, mas como já havia encontrado alguns outros bons esconderijos, pensou que não doeria compartilhar esse com os meninos. Afinal, com que frequência precisaria ir até as masmorras? O fantasma que moravanos banheiros, felizmente, estava com um humor silencioso, embora Remus pudesse ouvi-la soluçando baixinho na última cabine. "Mostre o caminho então, Lupin," James gesticulou grandiosamente, assim que Remus e Peter chegaram. Sirius agarrou o braço dele. 42 "Espere, primeiro nos mostre o que você está planejando." James riu, aquele sorriso irritante que ele vinha exibindo desde domingo. "Ah ... ok então, aqui, segure isto," ele empurrou o pote de sementes de rosa mosqueta nas mãos de Sirius, abrindo o uniforme. Ele retirou uma capa muito longa e volumosa, tecida com o material de aparência mais estranha que Remus já vira - cinza prateado e cintilante. "Não!" Sirius ficou boquiaberto, "Você não, Potter, você não tem ..." James sorria de orelha a orelha - Remus pensou que seu rosto se dividiria em dois. O garoto desengonçado piscou para todos eles e então, com um floreio, passou a capa pela cabeça, de modo que o encobria da cabeça aos pés. Ele desapareceu. "Seu desgraçado sortudo!" Sirius gritou, "Como é que você nunca me contou ?!" James puxou o capuz da capa para baixo, de forma que sua cabeça parecia flutuar no ar. Isso fez Remus se sentir um pouco enjoado. “Está na família há anos.” Ele disse, triunfante: "Papai me deixou trazer, desde que minha mãe não descobrisse. "Idiota sortudo." Sirius repetiu, pegando um pouco do material invisível e esfregando- o entre os dedos, "Meus pais fariam qualquer coisa por uma capa de invisibilidade." "Acho que todos nós cabemos aqui dentro", James demonstrou, esticando os braços como um morcego, "Venham, bem juntinhos e confortável..." Todos eles se acomodaram debaixo da capa, então andaram para frente e para trás algumas vezes, até que pudessem caminhar juntos sem problemas. Finalmente, tentando não rir ou sussurrar muito, os quatro garotos invisíveis seguiram para as 43 masmorras. Remus mostrou quais ladrilhos bater para que o chão da terceira cabine se abrisse. "Como você encontrou isso, Remus?" James sussurrou: "É genial." " A gente vai sair por trás de um daqueles tapetes que eles penduram nas paredes, nas masmorras" Remus respondeu, "Eu só olhei atrás deles." "Você quer dizer uma tapeçaria?" Peter perguntou. "Hum ... acho que sim?" Remus estava feliz que nenhum deles pudesse ver seu rosto. "Cale a boca, Pettigrew.” Sirius disparou. Remus sentiu um chute forte atingir a parte de trás de seu tornozelo. "Ei!", ele sibilou, chutando para trás com o dobro de força "Cai fora." "Desculpa!" Sirius gritou: "Era para pegar Pete, não você." "Fiquem quietos, todos vocês," James retrucou, "Estamos quase chegando." Esperaram silenciosamente, no lado deles - atrás da tapeçaria, ouvindo passos no corredor do lado de fora. Assim que James ficou satisfeito com o silêncio do corredor, eles saíram da passagem. As masmorras eram geladas, escuras e cavernosas. Havia um estranho som de algo pingando vindo de algum lugar - talvez do encanamento. "Onde fica a entrada?" Sirius murmurou. “Atrás daquela parede,” Remus apontou, esperando que eles pudessem ver onde ele estava mirando. Era uma parede de tijolos simples. "Como você sabe?" 44 "Eu já os vi entrar antes," disse Remus, apressadamente. Não iria dizer a eles o motivo de saber que havia duzentos sonserinos do outro lado porque o cheiro de sangue e magia eram tão fortes que ele quase podia sentir o gosto. “Você sabe a senha?” "Não." "Droga." “Ainda não é toque de recolher, vamos apenas esperar.” Assim fizeram, de forma bastante desconfortável. Embora o corredor fosse úmido, estava desnecessariamente quente debaixo da capa, especialmente com os quatro tão próximos. Felizmente, duas alunas do sétimo ano passaram correndo nos minutos seguintes. Infelizmente, Sirius as conhecia. "Mostre o anel de novo, Bella!" Narcissa Black implorou à irmã mais velha. Remus sentiu Sirius enrijecer, pressionando-se contra a parede. Bellatrix se exibiu, estendendo um longo braço de marfim. Em seu dedo ossudo estava um anel de noivado enorme e feio, prata e esmeralda, que estava exibindo desde o início do semestre. Todos na escola sabiam que ela se casaria com Rodolphus Lestrange, algum bruxo político, assim que concluísse seus NIEMs. Sirius precisaria ir ao casamento. Narcissa deu um gritinho quando viu, embora provavelmente já o tivesse visto mais do que qualquer outra pessoa. "Lindo!" Ela chiou: "Oh, mal posso esperar para me casar..." “Espere sua vez,” Bellatrix respondeu, sua voz era como unhas arranhando uma lousa. "Assim que Lucius tiver uma posição melhor no ministério, tenho certeza de que mamãe e papai concordarão com o casamento." 45 As duas jovens estavam de pé diante da parede de tijolos agora. Bellatrix era a mais alta das duas, mas elas se pareciam muito. Ambas tinham longos cabelos pretos encaracolados - como o próprio Sirius, e a mesma estrutura óssea perfeita da família Black. “Mundus sanguine,” Bellatrix anunciou. A parede deslizou para o lado para deixá-las entrar, e os quatro meninos correram atrás, o mais rápido possível antes de fechar. Pela primeira vez desde que chegara em Hogwarts, Remus estava realmente grato por ter sido colocado na Grifinória. As diferenças entre a sala comum aconchegante e confortável deles e a dos sonserinos eram gritantes. Esta fora construída como um salão de banquetes, em vez de uma sala de estar. As paredes eram ricamente decoradas com tapeçarias ainda mais elegantes, a lareira era enorme e ornamentada com esculturas e uma palidez verde macabra pairava sobre tudo. Acima de tudo, o lugar parecia um tanto perverso. Remus tentou não estremecer. Os outros meninos pareciam tão desconfortáveis quanto ele, e todos congelaram até que James os empurrou para frente, subindo um lance de escadas que todos esperavam que levasse aos dormitórios dos meninos. No caminho, eles passaram por Severus, sentado sozinho em um canto, curvado sobre seu livro de poções. Ao topo da escada, eles entraram na primeira porta aberta que era, felizmente, um quarto. James tirou a capa. "Fique de olho, hein Petey?" Ele disse, correndo para dentro do quarto, "Será que alguma dessas é a cama de Snape?" "Esta aqui pode ser," Sirius apontou, "Os lençóis parecem gordurosos o suficiente." Todos os quatro meninos abafaram uma risadinha. “Rápido então, rapazes, de luvas - sussurrou James, desatarraxando o frasco.” 46 Remus e Sirius colocaram uma luva de pele de dragão cada, pegaram um punhado de sementes e começaram a espalhá-las de baixo das roupas de cama. “Eles vão conseguir ver!” James disse, parecendo desapontado. Era verdade, as pequenas sementes vermelhas brilhantes destacavam-se claramente contra os lençóis brancos, mesmo no escuro. "Bem ... se eles tentarem empurrar para fora da cama ainda vão entrar em contato," Sirius ofereceu. "Espere aí ..." Remus teve uma ideia repentina. Não sabia como tinha ocorrido a ele, ou por que, mas de alguma forma tinha certeza de que iria funcionar. Puxou sua varinha, mordeu o lábio e a balançou cautelosamente sobre a cama que acabara de espalhar com as sementes. "Obfuscate." Ele sussurrou. E assim, as sementes se foram. Bem, ele sabia que eles ainda estavam lá; mas ninguém seria capaz de vê-las agora. "Brilhante!" James encarou, "Como você fez isso? Flitwick ainda não nos ensinou esse charme, não é? Estava na leitura?” “Não,” Remus deu de ombros, “Eu vi alguns alunos do quinto ano fazendo isso com os doces que compraram do vilarejo, não é difícil de copiar.” Sirius e James imediatamente tentaram, sobre as sementes que haviam acabado de espalhar. Não funcionou na primeira vez - ou na segunda, mas depois da terceira, James conseguiu desaparecer a maior parte das suas sementes. "É melhor você fazer isso, Lupin, ou ficaremos aqui a noitetoda." Ele decidiu. "Sim, por favor, se apresse!" Peter sibilou da porta, branco de medo. Sirius tentou mais algumas vezes antes de desistir e deixar Remus assumir o controle. 47 “Você vai me mostrar exatamente como fazer isso assim que estivermos de volta em território neutro.” Ele disse. Remus assentiu, embora não tivesse certeza de como explicar. Ele só tinha feito isso por que acreditou que provavelmente conseguiria. "Próxima quarto," James anunciou, puxando-os de volta para o corredor. "A gente realmente tem que?" Peter perguntou, pulando de um pé para o outro, "Isso não é o suficiente?" "Nem de perto!" Sirius respondeu com uma risada, sacudindo a cabeça, "E se ainda não tivermos nem chegado a cama do Snape? Temos que pegar todos eles, Pete. Você está conosco ou não?” “Todos os meninos, pelo menos”, disse James, quando eles entraram no quarto ao lado, "Não acho que conseguiremos chegar no das meninas - lembra o que aconteceu com Dirk Creswell semana passada?" Eles trabalharam rapidamente e conseguiram todos os quartos dos meninos. Até o último, que tinha três alunos adormecidos - sexto ano. Sirius implorou para ir, mas Remus estava transbordando de animação com a pegadinha agora, e vestiu a capa de invisibilidade para entrar. Ele até espalhou as rosas nos travesseiros dos meninos adormecidos. Quando finalmente terminaram, já era tarde e mais e mais sonserinos estavam subindo para ir dormir. Mal conseguindo conter a alegria, os quatro grifinórios se esconderam sob a capa e lentamente desceram as escadas, grudando na parede sempre que alguém estava passando, depois através da enorme sala comunal e saindo pela parede em que entraram. Como James instruiu, todos eles ficaram o mais quietos possíveis até que estivessem perto da torre da Grifinória, onde era seguro retirar a capa novamente. “Widdershins!” Todos eles cantaram para a mulher gorda, que se abriu para eles. Foi uma bênção estar de volta à sala comunal da Grifinória, quente e iluminada, e todos eles se jogaram no sofá disponível mais próximo, sorrindo estupidamente um 48 para o outro. Frank Longbottom chamou-os de sua mesa, onde estava arrumando as notas para revisão. "E aí, rapazes, estiveram em algum lugar interessante?" Peter parecia incerto, mas James apenas acenou com a mão. "Biblioteca, obviamente." Frank balançou a cabeça, embora estivesse sorrindo. “Tenho certeza de que ouvirei sobre isso em breve.” “Eu gostaria de poder estar lá quando tudo começasse!” Sirius sussurrou, seus olhos brilhando de alegria, "E eu queria ainda mais que pudéssemos ter alcançado minhas primas.” "É apenas o começo, Sirius, parceiro" James respondeu, batendo no joelho do outro garoto, "Entre nós quatro, tenho certeza que poderíamos ir ainda mais além da próxima vez. Excelente primeira missão, rapazes!” Peter choramingou. “Primeira missão?!” 49 Capítulo 7: Primeiro ano: Marotos Quarta-feira, 15 de setembro de 1971 Na manhã seguinte, James e Sirius mal conseguiram conter sua empolgação e apressaram seus companheiros de dormitório para o café da manhã antes de qualquer outro grifinório. Foram os primeiros alunos a chegar ao grande salão, com exceção de alguns corvinos que estavam curvados sobre seus livros de revisão de NIEM com enormes canecas de café preto. "Perfeito," Sirius sorriu para os bancos vazios, "Lugares na primeira fileira!" “Aposto que ninguém vai aparecer por horas.” Peter gemeu, dormente, apoiado nos cotovelos. "Ah se anime um pouco", James serviu-lhes grandes canecas de chá, "Vocês não querem ver os frutos do nosso trabalho?” "Não às seis da manhã." Peter respondeu, sorvendo seu chá. Sirius estremeceu com o som e empurrou um prato para ele. "Coma uma torrada e pare de choramingar." Remus pegou uma torrada também e cortou em quatro pedaços. Ele espalhou marmelada em um quarto, geleia no segundo, manteiga no terceiro e coalhada de limão no último. Ignorou o olhar curioso que Sirius estava direcionando a ele. Remus nunca teve tantas opções antes, e estava determinado a aproveitar ao máximo cada refeição. Felizmente, eles não tiveram que esperar muito antes que os outros alunos começassem a chegar para o café da manhã. Os primeiros sonserinos chegaram bem quando Remus estava terminando sua torrada. Três meninos e duas meninas; terceiro 50 ano. Eles foram até a mesa, sem perceber os quatro grifinórios ansiosos os observando atentamente. Por alguns momentos, foi como se nada estivesse diferente. Sirius suspirou desapontado. Mas então. O garoto mais alto se mexeu ligeiramente na cadeira, esfregando o braço. Outro parecia estar procurando por algo em seu bolso, mas do ponto de vista de Remus, ele estava claramente coçando a perna furiosamente. O terceiro continuou usava a varinha para esfregar atrás da orelha. "Funcionou!" James sussurrou, sem fôlego de excitação. Até Peter parecia alegre agora. Conforme mais e mais sonserinos chegavam, o problema se tornava mais óbvio - e mais hilário. Por volta das sete horas, a mesa da Sonserina estava cheia de meninos se contorcendo e se arranhando, e garotas de aparência horrorizada. Amycus Carrow, um garoto corpulento do sexto ano, eventualmente arrancou seus robes, o suéter da escola e até mesmo a gravata para agarrar o peito que Remus podia ver que já estava em carne viva. Ele quase sentiu pena deles. Mas então Snape entrou. Fosse por carma ou por pura sorte, Severus parecia ter reagido particularmente mal às sementes de rosa mosqueta. Ele entrou com a cabeça baixa, o cabelo caindo sobre o rosto, mas seu nariz ainda estava visível e claramente vermelho. "Oh Merlin!" Sirius ofegou, rindo tanto que estava segurando o estômago. "Me diga que pegamos o rosto dele!" “Ei, Snivellus!” James gritou, de repente, para chamar a atenção do outro garoto. Snape se virou, olhando para cima; seu cabelo repartido. O lado esquerdo de seu rosto estava coberto por uma erupção vermelha de alergia, das têmporas até o pescoço, desaparecendo sob o uniforme. Seu olho esquerdo também estava vermelho, a pálpebra inchada e irritada. 51 "Tá bonitão!" Sirius cantou, e todos os quatro garotos caíram na risada enquanto Snape saía furioso da sala. Quando o café da manhã acabou, todo o castelo já fervilhava de rumores sobre o que exatamente acontecera com os meninos da Sonserina. Sirius e James exibiam uma alegria de como se todos o natal tivessem chegado mais cedo, e até mesmo Peter tinha se animado de uma forma extraordinária - lembrando a todos que ele tinha ficado de guarda, afinal, tornando toda a aventura possível. "Foi tudo ideia de Lupin, no entanto," Sirius respondeu, dando um tapa nas costas de Remus, "O que devemos fazer para comemorar, hein? Bombinhas explosivas? Invadir as cozinhas?" Remus afastou Sirius, sorrindo educadamente. "Bem, o que quer que vocês façam, será sem mim", respondeu ele, "tenho detenção dupla." "Do Slughorn?" “Sim, e McGonagall. E Flitwick, mas isso é amanhã. E, minha detenção de Herbologia é no fim de semana. ” "Caramba,cara!" James franziu a testa, "Você tá tentando bater um recorde ou algo assim?" Remus deu de ombros. Ele estava sempre sendo punido em St. Edmund's - todos os meninos eram. A detenção não o incomodava. Embora as bombinhas explosivas parecessem muito divertidas. "Talvez seja melhor você começar a fazer sua lição de casa?" Sirius disse, gentilmente. Remus revirou os olhos, levantando-se da mesa. 52 "Vamos lá", disse ele, "Primeiro é Defesa Contra as Artes das Trevas, pensei que vocês dois adoravam essa aula." * * * Mais tarde naquele dia, Remus estava a caminho de sua detenção com Slughorn, quando encontrou Lily Evans. Ficaria perfeitamente feliz em seguir andando, mas ela sorriu e acertou o passo com ele. “Oii
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