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EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 1 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços são ligas Ferro-Carbono, em geral com teores de até cerca de 2,0 % de Carbono, que não sofrem reação eutética. Aços - Definição OBS: Existem aços-ferramenta com teores de carbono acima de 2%. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 2 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Introdução • O Aço é o material metálico mais usado no mundo (~ 80%); considerando apenas os laminados, o volume de produção atinge cerca de 1 bilhão de toneladas por ano. • O principal motivo desse grande volume é o seu baixo custo de produção, além da ampla gama de especificações/propriedades obtidas com variações na composição química, nos tratamentos térmicos e nas condições de processamento empregados na sua fabricação. • Existe uma vasta lista de diferentes tipos de aços, os quais podem ser classificados por critérios que considerem algumas de suas características, facilitando a sua identificação. • Os critérios se baseiam na composição química, no processamento, na microestrutura, nas propriedades e na função relacionada ao aço, ou ainda em combinações dessas características. Composição Química Processo de Fabricação Microestrutura Propriedades Função • Existe relação entre tais características, pois a composição química e o processo de fabricação suas propriedades e essas são necessárias para a função (ou aplicação). definem a microestrutura do aço, que por sua vez se correlaciona com as EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 3 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Introdução • Exemplos dos citados critérios de classificação: aços microligados (classificação baseada na composição química), aços forjados (baseada no processo de fabricação), aços perlíticos (baseada na microestrutura), aços ultra-resistentes (baseada nas propriedades), aços para tubos (baseada na função), aços inoxidáveis austeníticos (classificação baseada na combinação de propriedade e microestrutura). Classificação dos Aços Microestrutura Composição Química Processo de Fabricação Função Propriedades • Algumas instituições profissionais (AISI, SAE, ABNT, DIN, JIS, BS, etc.) criaram sistemas de classificação dos aços, geralmente baseados na sua composição química, conforme mostrado adiante. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 4 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a composição química Aços-Carbono – Além do Fe e do C, estão presentes somente elementos residuais e aqueles provenientes do processo de fabricação (baixos teores), tais como Mn, P, S, Si, Al e N. São sub- divididos em: Ultra Baixo C (< 0,015 % C), Extra Baixo C (0,015 a 0,030 % C), Baixo C (0,030 a 0,3% de C), Médio C (0,3 a 0,6 %) e Alto C (acima de 0,6% de C). Aços Baixa Liga – Os elementos residuais podem ter teores acima dos usuais, ou ainda outros elementos de liga em baixos teores (total abaixo de 3 a 3,5%). Tais quantidades não costumam alterar radicalmente a estrutura e os tratamentos térmicos empregados nesses aços, quando comparados aos aços-carbono. Aços Microligados – Sub-grupo dos baixa liga, cujos aprimoramentos de processo (principalmente nos anos 80) permitiram a exploração de elementos formadores de carbonetos e nitretos (principalmente Nb, Ti e V) para o refino de grão ferrítico final e endurecimento por precipitação através de laminação controlada. Assim, tais aços conseguem aliar alta resistência, boas conformabilidade, soldabilidade e tenacidade, com baixo custo. Aços Alta Liga – O teor total dos elementos de liga é no mínimo 10 a 12%. Nesses casos, microestrutura e propriedades podem ser bem diferentes das dos aços-carbono, exigindo em geral técnicas especiais para os tratamentos térmicos e mecânicos. Aços Média Liga – Grupo com teores de elementos de liga intermediários aos de baixa e alta liga. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 5 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa yy A xx Z yy tipo de aço (ao C, ao Mn, ao Cr) A presença de elementos especiais aços com Boro – yy B xx aços com Vanádio – yy V xx xx % de Carbono no aço x 100 Z características adicionais de qualidade H – temperabilidade assegurada Sistemas SAE, AISI, UNS e ABNT de classificação dos aços Designação Tipo de Aço SAE AISI 10XX C10XX Aços carbono comuns 11XX C11XX Aços de usinagem (ou corte) fácil, com alto S 13XX 13XX Aços manganês com 1,75% de Mn 23XX 23XX Aços níquel com 3,5% de Ni 25XX 25XX Aços níquel com 5% de Ni 31XX 31XX Aços níquel-cromo com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr 33XX E33XX Aços níquel-cromo com 3,5% de Ni e 1,55% de Cr 40XX 40XX Aços molibdênio com 0,25% de Mo 41XX 41XX Aços cromo-molibdênio com 0,50% ou 0,95% de Cr e 0,12% ou 0,20% de Mo 43XX 43XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 1,8% de Ni, 0,5% ou 0,8% de Cr e 0,25% de Mo 46XX 46XX Aços níquel-molibdênio com 1,55% ou 1,80% de Ni e 0,20% ou 0,25% de Mo 47XX 47XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 1,05% de Ni, 0,45% de Cr e 0,20% de Mo 48XX 48XX Aços níquel-molibdênio com 3,5% de Ni e 0,25% de Mo 50XX 50XX Aços cromo com 0,28% ou 0,65% de Cr 50BXX 50BXX Aços cromo-boro com baixo teor de Cr e no mínimo 0,0005% de B 51XX 51XX Aços cromo com 0,80% a 1,05% de Cr 61XX 61XX Aços cromo-vanádio com 0,80% ou 0,95% de Cr e 0,10% ou 0,15% de V 86XX 86XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50 ou 0,65% de Cr e 0,20% de Mo 87XX 87XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,25% de Mo 92XX 92XX Aços silício-manganês com 0,85% de Mn e 2,0% de Si 93XX 93XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 3,50% de Ni, 1,20% de Cr e 0,12% de Mo 94BXX 94BXX Aços níquel-cromo-molibdênio com baixos teores e no mínimo 0,0005% de B 98XX 98XX Aços níquel-cromo-molibdênio com 1,00% de Ni, 0,80% de Cr e 0,25% de Mo Aços Ferramentas e Rápidos Tipo AISI ABNT Especificação Tipo de Aço carbono liga W alto sem trabalho a frio, têmpera em água, boa resistência ao desgaste O alto baixa trabalho a frio, têmpera em óleo, boa resistência ao desgaste D alto alta trabalho a frio, têmpera ao ar, alta resistência ao desgaste, indeformável S médio baixa trabalho a frio/quente, têmpera em óleo, resistência ao impacto A alto média trabalho a frio, têmpera ao ar ou em óleo P,C,L médio baixa trabalho a frio/quente, têmpera em óleo para moldes e matrizes H médio média trabalho a frio /quente, têmpera em óleo, boa tenacidade M,T alto alta aços rápidos ao molibdênio (M) e ao tungstênio (T) H médio alta trabalho a frio/quente, alta resistência ao desgaste EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 6 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Efeitos desejáveis dos elementos de liga nos aços Mudanças nas linhas de transformação do diagrama de equilíbrio Fe-C: efeito sobre a composição do eutetóide. efeito sobre a temperatura da reação eutetóide. efeito sobre o campo austenítico. Mudança na posição da curva TTT ou CCT (temperabilidade). Influência nas temperaturas de início e fim de formação da Martensita. Endurecimento por solução sólida. Endurecimento pela formação de carbonetos e de outros compostos intermetálicos. Aumento da resistência ao desgaste. Aumento da resistência à corrosão. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 7 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a microestrutura Ferríticos: é o caso dos aços com baixos teores de carbono e dos elementos residuais provenientes do processo de fabricação, incluindo os aços extra-baixo carbono, ultra-baixo carbono e os livres de intersticiais (IF – Interstitial Free Steels). Também engloba aços com elevados teores de elementos de liga estabilizadores da ferrita (por exemplo: inoxidáveis), como Cr, Si e W, mas sempre com baixos teores de C. Não são temperáveis. Perlíticos: pode ser aço ao carbono(eutetóide), ou com elementos de liga em teores relativamente baixos (máx. 5%), no estado recozido ou normalizado. Sua microestrutura e propriedades mecânicas podem ser profundamente alteradas via tratamento térmico de têmpera e revenido. Ferrítico-perlíticos: semelhantes aos perlíticos, mas com menores teores de carbono (hipo- eutetóides). Bainíticos: é o caso dos aços produzidos pelo tratamento de “ausforming”. Além desses, vale destacar os bainíticos mais usados atualmente: aços de baixo C, com elementos de liga como Mn, Mo e B, favorecendo a separação das curvas de transformação da perlita e da bainita. Assim, o resfriamento acelerado e controlado após laminação a quente viabiliza a produção de chapas grossas de aços bainíticos. A bainita formada em temperaturas mais baixas (bainita inferior) mostra melhor balanço de propriedades mecânicas, aliando elevadas resistência e tenacidade com boa soldabilidade. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 8 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a microestrutura Martensíticos: engloba aços ao carbono (médio ou alto carbono) assim como aços-liga. São obtidos através de tratamento térmico de têmpera, normalmente completado com revenido, para ajuste das propriedades mecânicas. Possuem muito altas dureza e resistência mecânica, assim como elevada resistência ao desgaste. Austeníticos: a microestrutura austenítica só estará presente na temperatura ambiente caso o material tenha elementos de liga estabilizadores da mesma, como é o caso do níquel, do manganês e do cobalto. Exemplos principais são os aços inoxidáveis austeníticos da série 300, como o tradicional 18 Cr 8 Ni, e os aços resistentes ao desgaste do tipo Hadfield (alto carbono e alto manganês), cuja austenita sofre transformação martensítica induzida por deformação. OBS: Em todos os casos citados anteriormente, podem estar presentes partículas de carbonetos (principalmente cementita) de variadas formas, dimensões, espaçamentos e quantidades, dependendo do teor de carbono e dos elementos formadores de carbonetos, e ainda dependendo dos ciclos térmicos usados. Carbídicos: caracterizados por apresentarem quantidades consideráveis de carbono e elementos formadores de carbonetos (Cr, W, Mn, Ti, Nb, V, Zr). Sua microestrutura engloba carbonetos complexos dispersos na matriz, em geral martensítica ou austenítica. São usados especialmente em ferramentas de corte e em matrizes. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 9 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a microestrutura Esferoidizados: são aços de alto carbono, obtidos por tratamento térmico de longa duração para transformar perlita ou martensita numa microestrutura de glóbulos de cementita em matriz ferrítica. Assim, é possível alcançar a máxima usinabilidade do material. Bifásicos: Os aços bifásicos típicos possuem microestrutura formada por “ilhas” duras de martensita (15 a 20 %) dispersas numa matriz ferrítica poligonal macia (80 a 85 %), aliando alta resistência e boa conformabilidade. São de baixo C (0,10%) com Mn entre 1,0 e 1,5% e Si em torno de 0,5%. Os mais usados atualmente são obtidos pelo resfriamento a partir do campo bifásico +γ (aços laminados a frio e recozidos continuamente). Aplicados principalmente em peças de reforço de estruturas de carrocerias automotivas. Atenção: microestrutura bifásica microestrutura duplex. Multifásicos: O principal exemplo de microestrutura multifásica é o dos Aços TRIP (Aços com Plasticidade Induzida por Transformação ou Transformation Induced Plasticity Steels). Em geral mostram 50 a 60% de ferrita, 25 a 40% de bainita, 5 a 15% de austenita retida e eventualmente alguma pequena quantidade de martensita. Possuem alta resistência (600 a 800 MPa), ótima dutilidade (15 a 30% de deformação uniforme) e boa tenacidade, ligadas ao crescente valor de n (expoente de encruamento) com a progressiva formação de martensita durante a evolução da deformação plástica . Usados principalmente na conformação de peças complexas (grandes deformações por estiramento) ou em peças de reforço de carrocerias automotivas (para se ter grande absorção de energia em colisão futura). EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 10 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a microestrutura Duplex: Os aços inoxidáveis duplex são ligas Fe-Cr-Ni-Mo, com microestrutura de ferrita e austenita ( 50% de cada). Mostram vantagens em relação aos austeníticos, com maior resistência à corrosão em meios contendo cloretos (água do mar), incluindo corrosão sob tensão, intergranular e corrosão por pites (super duplex). Possuem elevado LE (o dobro dos aços austeníticos), com alongamento mínimo de 25%. Possuem baixo teor de carbono (<0,03%), cromo entre 20 e 30%, níquel de 5 a 8%, e adições de molibdênio, nitrogênio, tungstênio e cobre (maiores teores de liga nos super duplex). São usados nas indústrias química e petroquímica, de papel e celulose, siderúrgicas, alimentícias e de geração de energia. Destaque para equipamentos rotativos (bombas centrífugas), equipamentos estáticos (válvulas reguladoras de fluxo), e estruturas marinhas na indústria de extração de petróleo. Microestrutura típica de um aço inox duplex (400X). Corpo de válvula de esfera para uso submerso no mar, feito em aço inox duplex. Microestrutura Duplex Dispersão Microestrutura em Rede Microestrutura Bifásica Representação de microestruturas de 2 fases ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf ../Resistência química de fluoropolímeros.pdf EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 11 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa (a) Fototomicrografia de um aço com teor de carbono ultra baixo, apresentando microestrutura formada por granulação ferrítica. OBS: 500X; ataque de Marshalls. (a) (b) (b) Fotomicrografia de um aço baixo carbono, apresentando grãos de ferrita e algumas partículas de cementita nos contornos de grão ferríticos. OBS: 200X; ataque de Marshalls. Microestruturas típicas dos Aços-Carbono EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 12 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa (a) Fotomicrografia de um aço SAE/ AISI 1008 apresentando grãos de ferrita e colônias de perlita (regiões escuras). OBS: 200X; ataque com 4% picral + 2% nital. (a) (b) (b) Fotomicrografia de um aço SAE/ AISI 1020 mostrando grãos de ferrita e maior quantidade de perlita que no caso anterior. OBS: 200X; ataque com 4% picral + 2% nital. Microestruturas típicas dos Aços-Carbono EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 13 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Fotomicrografia de um aço eutetóide (alto- carbono) após tratamento de normalização. Microestrutura totalmente perlítica. Fotomicrografia de um aço médio- carbono (hipo-eutetóide) recozido, com microestrutura ferrítica-perlítica. Microestruturas típicas dos Aços-Carbono EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 14 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Fotomicrografia de um aço alto-carbono na condição esferoidizado. Microestrutura obtida por tratamento (a partir do aço recozido ou temperado) em temperatura próxima da eutetóide por longo tempo (~ 24 hs). OBS: 500X; ataque com 4% picral + 2% nital. Fotomicrografia de um aço médio-carbono hipoeutetóide, mostrando matriz perlítica e uma rede de ferrita pró-eutetóide nucleada nos contornos de grão da austenita original. OBS: 200X; ataque com 4% picral + 2% nital. Microestruturas típicas dos Aços-Carbono EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 15 Seleção de Materiais Engenharia MetalúrgicaSandro Rosa Corrêa Microestruturas típicas dos Aços-Carbono Fotomicrografia de um aço baixa liga mostrando microestrutura bainítica. OBS: 500X; ataque com 4% picral + 2% nital. Fotomicrografia de um aço baixa-liga mostrando microestrutura martensítica. OBS: 1000X; ataque com 4% picral + HCl e 10% metabisulfato de sódio. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 16 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa (b) (b) Fotomicrografia em MEV de um aço bifásico, apresentando regiões de martensita na matriz ferrítica. Imagem de elétrons retroespalhados, e ataque Nital. Microestrutura típica de Aços Bifásicos Aço Bifásico - DP Ferrita Martensita (a) (a) Representação esquemática da microestrutura de um aço bifásico, mostrando as ilhas de martensita na matriz ferrítica. Ferrita Martensita EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 17 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa (b) (b) Fotomicrografia em MEV de um aço TRIP, com microestrutura multifásica. Aço com 1.5Mn– 1.5Si–0.3C após recozimento contínuo (772 °C 600 s + resfriamento rápido + 340 °C 900 s + resfriamento em água). Microestrutura típica de Aços Multifásicos (a) (a) Representação esquemática da microestrutura multifásica de um aço TRIP, com predominância de ferrita e bainita. Aço assistido por TRIP Ferrita Bainita Martensita Austenita Retida EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 18 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Fotomicrografia em MEV de um aço TWIP (Twinning Induced Plasticity). Os Aços TWIP são austeníticos e continuam sendo após a deformação plástica que gera as maclas. Microestrutura típica de Aço TWIP • A plasticidade induzida por maclação é observada em aços de alta liga, com 15-25% de Mn, 2-4% de Si e de Al. •A maclação progressiva promove um refinamento crescente na austenita (conforme ela é deformada), resultando em elevado expoente de encruamento n (até 0,4), e grande capacidade de absorção de energia (0,5 J/mm3), bem superior à de outros aços. • Logo, o mecanismo TWIP aumenta simultaneamente a resistência mecânica e a ductilidade dos aços. • A microestrutura austenítica dos aços TWIP apresenta alta tenacidade, mantendo fratura dúctil na faixa entre -196°C e 400°C (ausência de T de transição). EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 19 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Microestrutura típica de Aço TWIP Micrografias óticas mostrando microestruturas de um típico aço TWIP: (a) Sem deformação, (b) 18% de deformação, (c) 26% de deformação, (d) 34% de deformação. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 20 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Microestruturas de Aços Inoxidáveis Fotomicrografia ótica de um aço inoxidável AISI 316 mostrando microestrutura austenítica (250X). Fotomicrografia em MEV de um aço inoxidável com microestrutura duplex, tendo quantidades semelhantes de ferrita e austenita (3.000X). Fonte: MR6120 – Materiais Metálicos; http://www.fei.edu.br/~rodrmagn © 2008 – Rodrigo Magnabosco – Slide 4 EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 21 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação É muito difícil estabelecer uma classificação precisa e completa para todos os tipos de aços. Além da classificação com base na composição química e na microestrutura, é comum se ver na literatura uma classificação segundo a “aplicação”, mas que na verdade é uma classificação baseada em propriedade ou na função. Nos próximos slides é apresentada tal classificação. Vários sub-grupos de aços especiais estabeleceram sistemas próprios de classificação, como no caso dos aços para ferramentas. Caso haja necessidade de se conhecer em detalhes a especificação de um aço de certo grupo por aplicação, recomenda-se a consulta aos bancos de dados, referências tradicionais ou manuais técnicos produzidos pelos fornecedores. Aços para Chapas (função), usados em carrocerias automotivas (Ford B-Max com portas sem a coluna central) Aço Inoxidável (propriedade), usado em construções metálicas Man dives through Ford B MAX! Advert ! ByKayseri !.wmv Man dives through Ford B MAX! Advert ! ByKayseri !.wmv EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 22 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação Aços para Fundição – Caracterizados por apresentarem boa combinação de resistência, ductilidade e tenacidade; além disso, apresentam boa usinabilidade e adequada soldabilidade; muitos tipos podem sofrer tratamento térmico de têmpera e revenido. Aços Estruturais – São aços ao carbono ou com pequenos teores de elementos de liga, com boas ductilidade e soldabilidade, além de elevado valor da relação LR/LE; um sub-grupo de destaque são os ARBL, que exploram o endurecimento por refino de grão e por precipitação. Aços para Trilhos – As condições de serviço exigem características de elevadas dureza, resistência mecânica e ao desgaste; são tipicamente aços alto carbono ou baixa liga, algumas vezes com tratamento térmico de têmpera superficial no boleto. Aula3- Materiais de Engenharia - Classes e Sub-Classes.pptx#14. Slide 14 ../Material para trabalhos/Trilho TR 57.ppsx trilhos_arcelor_mittal.pdf trilhos_arcelor_mittal.pdf EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 23 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para Tubos – Vários desses aços podem também ser classificados como estruturais ou para chapas. Como os anteriores, são em geral aços-carbono ou aços de baixa liga; merecem destaque os aços microligados (com Nb, Ti e/ou V) produzidos por laminação controlada, destinados a tubos de grande diâmetro, como por exemplo os da Série API (American Petroleum Institute); eles aliam alta resistência com elevada tenacidade e boa soldabilidade. Aços para Chapas – Podem apresentar uma ampla gama de propriedades mecânicas, dependendo do uso final; o sub-grupo dos aços para estampagem, por exemplo, englobam aços com elevado valor do coeficiente de anisotropia (R) , como é o caso dos aços IF (Interstitial Free); em geral mostram excelente conformabilidade e soldabilidade, além de uniformidade dimensional, limpeza interna e bom acabamento superficial. Classificação dos aços segundo a aplicação Chevrolet Volt 2016 EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 24 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação Aços para chapas de aplicação automotiva – Os aços de aplicações automotivas podem ser classificados pela combinação entre resistência e ductilidade, como mostrado abaixo. Na primeira geração dos AHSS (Advanced High Strength Steels) estão os Aços TRIP (Transformation Induced Plasticity), Dual Phase (DP), Complex Phase (CP, multifásicos) e Aços Martensíticos (MART), que incluem os aços ao boro para estampagem a quente (Boron HS) e os aços tratáveis pós-conformação (Post-Forming Heat-Treatable - PFHT). Na segunda geração dos AHSS estão os aços TWIP (twinning induced plasticity), L-IP (lightweight steels with induced plasticity) e os inoxidáveis austeníticos de alta resistência. Outros aços presentes na figura: aços de baixa resistência IF - Interstitial Free Mild Steels (baixo C comuns) convencionais de alta resistência ISO - Isotropic Steels (r = 0) BH - Bake-Hardenable C-Mn - Carbon-Manganese IF-HS - IF High-Strength HSLA - High-Strength Low Alloy Low Strength (LE < 210 MPa) High Strength Ultra High Strength (LE > 550 MPa) 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 10 20 30 40 50 60 70 0 Tensile Strength (MPa) T o ta l E lo n g a ti o n (% ) IF Mild ISO IF-HS BH MART EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 25 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação Aços parachapas de aplicação automotiva Coluna B Longarina Frontal Longarina Lateral do Teto Painel Rocker Torre de Choque “Shotgun” Aços no FSV BEV % do peso da estrutura Travessas • O Projeto FSV - Future Steel Vehicle desenvolveu configurações para estruturas de carrocerias automotivas, como o exemplo mostrado ao lado (Modelo BEV – Battery Electric Vehicle). • O Projeto considerou tecnologias de manufatura e um conjunto de aços que já estão ou estarão disponíveis entre 2015 e 2020. • Os componentes da estrutura exploram diversos aços avançados de alta resistência, os quais tem seu percentual no peso total da estrutura (188 kg) mostrado no gráfico ao lado. • Além dos aços bifásicos (DP), complex phase (CP), ARBL (HSLA), e martensítico (MS), algumas das principais peças são produzidas com aço ao boro para conformação a quente (HF 1500): coluna B, “shotgun” e longarina lateral do teto. • Mas a maior novidade do projeto é o emprego de aço TRIP na longarina frontal, e de aço TWIP na torre de choque. Ambos aliam alta resistência mecânica com grande capacidade de deformação plástica. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 26 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • A tabela da esquerda mostra uma lista de especificações dos vários aços (a maioria é de AHSS) usados no programa FSV (inclusive TWIP). A tabela da direita mostra os diversos aços usados no programa ULSAB-AVC (2002), antecessor ao FSV. Aços martensíticos = MS ou MART. Aços no Projeto “Future Steel Vehicle” (FSV) Especificação LE mín. (MPa) LR mín. (MPa) Def. (%) Valor “n” R barra Código de Uso Mild 140/270 140 270 38-44 0,23 1,8 A,C,F BH 210/340 210 340 34-39 0,18 1,8 B BH 260/370 260 370 29-34 0,13 1,6 B IF 260/410 260 410 34-38 0,20 1,7 C DP 280/600 280 600 30-34 0,21 1,0 B IF 300/420 300 420 29-36 0,20 1,6 B DP 300/500 300 500 30-34 0,16 1,0 B HSLA 350/450 350 450 23-27 0,22 1,0 A,B,S DP 350/600 350 600 24-30 0,14 1,1 A,B,C,W,S DP 400/700 400 700 19-25 0,14 1,0 A,B TRIP 450/800 450 800 26-32 0,24 0,9 A,B HSLA 490/600 490 600 21-26 0,13 1,0 W DP 500/800 500 800 14-20 0,14 1,0 A,B,C,W SF 570/640 570 640 20-24 0,08 1,0 S CP 700/800 700 800 10-15 0,13 1,0 B DP 700/1000 700 1000 12-17 0,09 0,9 B MART 950/1200 950 1200 5-7 0,07 0,9 A,B MnB 1200 1600 4-5 nd nd S MART 1250/1520 1250 1520 4-6 0,07 0,9 A Código de Uso: A = peças auxiliares; B = estrutura da carroceria; C = tapamentos; F = tanque de combustível; S = suspensão/chassis; W = rodas Especificação LE típico (MPa) LR típico (MPa) Def. (%) Mild 140/270 150 300 42-48 BH 210/340 230 350 35-41 BH 260/370 275 390 32-36 BH 280/400 325 420 30-34 IF 260/410 280 420 34-48 IF 300/420 320 430 29-36 FB 330/450 380 490 29-33 HSLA 350/450 360 470 23-27 DP 300/500 345 520 30-34 HSLA 420/500 430 530 22-26 FB 450/600 530 605 18-26 HSLA 490/600 510 630 20-25 DP 350/600 385 640 24-30 TRIP 350/600 400 630 29-33 SF 570/640 600 660 20-24 HSLA 550/650 585 675 19-23 TRIP 400/700 420 730 24-28 SF 600/780 650 830 16-20 HSLA 700/780 750 830 15-20 CP 500/800 520 815 10-14 DP 500/800 520 835 14-20 TRIP 450/800 550 825 26-32 CP 600/900 615 910 14-16 CP 750/900 760 910 14-16 TRIP 600/980 650 990 15-17 TWIP 500/980 550 990 50-60 DP 700/1000 720 1030 12-17 CP 800/1000 845 1005 8-13 DP 800/1180 880 1235 10-14 MS 950/1200 960 1250 5-7 CP 1000/1200 1020 1230 8-10 DP 1150/1270 1160 1275 8-10 MS 1150/1400 1200 1420 4-7 CP 1050/1470 1060 1495 7-9 HF 1050/1500 before 380 500 23-27 HF 1050/1500 after 1220 1600 5-7 MS 1250/1500 1265 1520 3-6 Professor Realce Professor Realce Professor Nota UltraLight Steel Auto Body – Advanced Vehicle Concepts Professor Realce Professor Nota Advanced High Srenght Sreels EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 27 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Materiais metálicos para otimizar o desempenho em colisão Região de deformação Região de deformação Compartimento dos passageiros 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Aços e Ligas de Alumínio Al 2008-T4 Al 6111-T4 Al 5182-O Al 2036-T4 Al 6010-T6 Aço Multifásico Aço Estampado a Quente Aço Bifásico Aço ARBL Aço Ferrítico-Bainítico Aço Bake-Hardening Aço Interstitial Free Redução de peso com resistência à intrusão Resistência específica = LR/densidade (MPa/kg/m3) D e fo rm a ç ã o T o ta l (% ) “Crumple zone” “Crumple zone” • A busca por maior segurança dos passageiros também vem proporcionando grande evolução dos projetos dos automóveis. • A capacidade de suportar esforços e deformações é o ponto básico do projeto, decorrendo da escolha dos materiais usados e da geometria considerada nas peças da estrutura da carroceria. • Duas regiões com diferentes requisitos de segurança são analisadas: o compartimento dos passageiros e a região de deformação (“crumple zone”). • O compartimento dos passageiros deve ser uma “célula de sobrevivência”, protegendo os ocupantes do veículo no caso de uma colisão. Tal região não deve sofrer deformações ou intrusões acima de limites definidos em normas, o que exige materiais com elevado valor de limite de escoamento. • As regiões de deformação são projetadas para absorver o máximo de energia possível, caso ocorra colisão frontal ou traseira, amortecendo o impacto e ajudando a preservar a integridade da estrutura do compartimento dos passageiros. Os materiais estruturais devem ter elevado LR e grande deformação total até a fratura no ensaio de tração. • A figura ao lado mostra alguns aços e ligas de alumínio usados nos projetos atuais de carrocerias automotivas. Requisitos de segurança em estruturas de veículos Região Requisitos de desempenho Propriedades do material Evidência de desempenho Material potencial Região de deformação Alta absorção de energia numa colisão Elevado expoente de encruamento, alta resistência e dutilidade Extensa área abaixo da curva tensão- deformação Aços Bifásicos, Multifásicos, TRIP, TWIP, TBF, Q&P, Ligas de Al Compartimento dos passageiros Sem deformação ou intrusão numa colisão Alto limite de escoamento Elevado valor do LE na curva tensão- deformação Aço Martensítico, Hot-Formed, Bifásico>980 MPa Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 28 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços bifásicos (dual-phase steels ou DP) Aço Bifásico - DP Ferrita Martensita • Os aços bifásicos típicos possuem microestrutura formada por “ilhas” duras de martensita (fração volumétrica de 15 a 20 %) dispersas numa matriz ferrítica poligonal macia (80 a 85 %). • Tal microestrutura confere características mecânicas de alta resistência e boa conformabilidade: escoamento contínuo (ausência do patamar de escoamento definido, observado nos aços ferrítico- perlíticos, inclusive nos microligados); limite de escoamento entre 300 e 700 MPa; elevado expoente de encruamento n, entre 0,2 e 0,3; limite de resistência entre 500 e 1000 MPa; baixa razão elástica, entre 0,5 e 0,6; e alongamento total superior a 30% em alguns casos. • A figura ao lado compara as curvas obtidas no ensaio de tração para um aço bifásico e um aço ARBL microligado convencional, com LE’s próximos. • Nomenclatura: Tipo de Aço - LE mín./LR mín. Exemplo: DP 350/600 é um Dual Phase com LE mínimo de 350 MPa e LR mínimo de 600 MPa. Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 29 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços bifásicos (dual-phase steels ou DP) • Os aços bifásicos laminados a frio e recozidos continuamente são produzidos a partir do aquecimento no campo bifásico (ferrita + austenita) em torno de 790ºC por alguns minutos. • Em seguida são resfriados em duas etapas: a primeira consiste de um resfriamento lento para formação de pequena quantidade de ferrita, e a segunda etapa é um resfriamentorápido para retenção da austenita residual ou formação de bainita/martensita. • O material passa então por um patamar de super- envelhecimento, que pode servir (dependendo do tipo de material) para o revenido da martensita/bainita já formada, para a formação de bainita, ou para retenção da austenita residual. • Por fim, o material sofre o resfriamento final, que em geral servirá para transformar a austenita remanescente em bainita ou martensita. • As figuras ao lado e na próxima página mostram exemplos de ciclos de recozimento contínuo e classes de aços bifásicos por eles produzidos. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 30 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços bifásicos (dual-phase steels ou DP) Especificação do aço LR mín (MPa) LE (MPa) Def. Total mín (%) Laminado a Frio (CR 590 DP) 590 305-450 24 Laminado a Frio (CR 780 DP) 780 420-550 14 Laminado a Frio (CR 980 DP) 980 600-720 10 Galvanizado (GI 600 DP) 600 340-410 23 Galvanizado (GI 780 DP) 780 420-550 14 Galvannealed (GA 590 DP) 590 300-410 23 Galvannealed (GA 780 DP) 780 440-550 12 Galvannealed (GA 980 DP) 980 600-720 10 Dual-Phase Stress-Strain Curves Engineering Strain (%) DP 700/1000 DP 500/800 DP 350/600 DP 300/500 DP 250/450 Mild Steel B+P+(M) F F+A F+A F+M aquecimento pote de Zn encharque resfriamento lento galvannealing resfriamento ao ar Concepção Metalúrgica para Aços Bifásicos Galvannealed En gi n ee ri n g St re ss ( M P a) Parar aqui EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 31 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços assistidos por TRIP Aço assistido por TRIP Ferrita Bainita Martensita Austenita Retida • Os aços que exploram as propriedades obtidas quando a transformação martensítica ocorre durante a deformação plástica da austenita são chamados de Aços TRIP (Aços com Plasticidade Induzida por Transformação ou Transformation Induced Plasticity Steels). • Quando a austenita retida se apresenta em pequena quantidade na microestrutura (menos de 20%), tal material é conhecido como Aço assistido por TRIP. • Tipicamente, são aços de baixa liga com microestrutura multifásica, composta por 50 a 60% de ferrita, 25 a 40% de bainita e 5 a 15% de austenita retida. • Suas principais propriedades mecânicas são alta resistência (600 a 800 MPa), ótima dutilidade (15 a 30% de deformação uniforme) e boa tenacidade, ligadas ao crescente valor de n (expoente de encruamento) com a progressiva formação de martensita durante a evolução da deformação plástica (veja figura na próxima página). • A figura ao lado compara as curvas obtidas no ensaio de tração de um aço TRIP, um Bifásico e um ARBL típico, todos com mesmo valor de LE (350 MPa). Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 32 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Bhattacharya, D. - An Overview of Advanced High Strength Steels (AHSS), em AHSS Workshop Report, p.50, USA, 2006. Aços assistidos por TRIP Especificação do aço LR mín (MPa) LE (MPa) Def. Total mín (%) Laminado a Frio 590 TRIP 590 350-495 31 Galvannealed 590 TRIP 590 360-510 26 Galvanizado 590 TRIP 590 380-480 27 Laminado a Frio 780 TRIP 780 410-500 21 Galvannealed 780 TRIP 780 410-560 19 Galvanizado 780 TRIP 780 440-500 21 • A figura ao lado mostra um ciclo típico de recozimento contínuo para a produção de Aço assistido por TRIP, destacando as diferentes frações de martensita, bainita e austenita retida em função do tempo de superenvelhecimento. • A tabela abaixo mostra especificações de Aços assistidos por TRIP laminados a frio e recozidos (ou galvanizados), com suas propriedades mecânicas. • Abaixo são vistas curvas tensão-deformação (ensaio de tração) de algumas especificações de aços TRIP, comparadas à curva típica de um aço baixo- carbono (em azul). • É importante que a austenita se mantenha estável até os níveis de deformação a frio da aplicação específica, como no caso da conformação de peças complexas ou para se ter grande absorção de energia em colisão futura. TRIP 500/750 TRIP 450/700 TRIP 350/600 Mild Steel TRIP Stress-Strain Curves Engineering Strain (%) En gi n ee ri n g St re ss ( M P a) Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 33 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços de Fases Complexas (Complex Phase - CP) • Os aços de fase complexa (Complex Phase, CP), são uma transição entre os aços TRIP e os de ultra-alta resistência (MART), com LR entre 800 e 1000 MPa (80 a 90% de bainita, 5 a 10% de ferrita e 5 a 10% de martensita). Usados em barras anti-colisão de portas, pára-choques e coluna “B”. CP Stress-Strain Curves CP 1000/1200 CP 800/1000 CP 650/850 Mild Steel Engineering Strain (%) En gi n ee ri n g St re ss ( M P a) 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 10 20 30 40 50 60 70 0 Tensile Strength (MPa) T o ta l E lo n g a ti o n (% ) MART TRIP CP Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 34 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços Martensíticos (Mart ou MS) • Os aços martensíticos podem ser obtidos a partir do resfriamento da austenita na mesa de saída do LTQ ou na seção de resfriamento do recozimento contínuo ou da zincagem contínua. • Sua microestrutura é predominantemente martensítica, com pequenas quantidades de ferrita e/ou bainita. • Normalmente sofrem revenido após têmpera, de modo a ajustar dureza e dutilidade. • A temperabilidade é ajustada pela presença de C, Mn, Cr, Mo, V, B em teores controlados. • Os aços martensíticos sofrem ciclos térmicos similares aos dos aços de fase complexa, porém sua composição química evita a formação de austenita retida e favorece a formação de finos precipitados para incrementar a dureza da martensita ou bainita. MS Stress-Strain Curves Mild Steel MS 950/1200 MS 1150/1400 Engineering Strain (%) En gi n ee ri n g St re ss ( M P a) 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 10 20 30 40 50 60 70 0 Tensile Strength (MPa) T o ta l E lo n g a ti o n (% ) MS Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 35 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços Ferrítico-Bainíticos (FB) • Os aços ferrítico-bainíticos são normalmente disponibilizados como laminados a quente. • Sua microestrutura é composta de fina granulação ferrítica, endurecida pela presença da 2ª fase bainita. • São recomendados quando se precisa de boa capacidade de estiramento, e boa capacidade de expansão de furo, necessárias para bom desempenho na deformação de bordas. • A sua principal vantagem em relação aos Bifásicos e aos ARBL é justamente a maior capacidade de estiramento na região das bordas aparadas, mostrando elevado valor do expoente de encruamento (n) e deformação total no ensaio de tração. • Sua boa soldabilidade o recomenda para a produção de Tailor Blanks (blanques soldados a laser), apresentando também bom desempenho em fadiga e nos testes de colisão. Micrografia do Aço FB 450/600 Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 36 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços Endurecíveis em Estufa (Bake-Hardenable Steels) • Os Aços Endurecíveis em Estufa (Bake Hardenable Steels) apresentam microestrutura ferrítica e endurecimento por solução sólida. São aços de baixo carbono, combinando composição química e processos termomecânicos que proporcionem elevada quantidade de carbono em solução na ferrita. • O Efeito “Bake Hardening” é o aumento do limite de escoamento resultante da exposição a alta temperatura (típica das estufas para a cura da pintura) após uma pré-deformação (obtida pelo encruamento durante a conformação mecânica da peça). Assim, o material apresentaelevada conformabilidade durante a produção da peça (por exemplo, as portas e outros painéis externos de carrocerias automotivas), mas endurece posteriormente quando passa pela estufa após a pintura, gerando maior resistência à identação (formação de pequenas depressões na superfície da chapa por deformação plástica). • O Índice “Bake Hardening” é medido através de ensaio de tração, cujos CP’s sofrem um típico ciclo de conformação e pintura automotiva (pré-deformação uniaxial de 2% seguida de aquecimento a 170 ºC por 30 minutos). A figura ao lado mostra a curva obtida no citado ensaio. O CP é tracionado, atingindo o limite de escoamento no ponto A e sofrendo deformação plástica até o ponto B (o encruamento é medido por B menos A). O CP é então descarregado até o ponto C para o aquecimento que simula a passagem pela estufa. Em seguida, o CP é novamente tracionado até ultrapassar o novo limite de escoamento (ponto D), sendo então medido o Índice BH pela diferença D menos B. • Vale destacar que alguns AHSS, como os Bifásicos (Dual Phase) e os Aços TRIP, também apresentam o Efeito BH, ao contrário dos ARBL e outros aços convencionais de alta resistência. Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 37 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • O Processo Direto engloba 5 estágios, nos quais o aço apresenta diferentes propriedades: 1. (Elipse 1 da figura acima): Corte do blanque na temperatura ambiente. Material com LE de 340-480 MPa, LR de até 600 MPa e Altotal maior que 18%. 2. (Elipse 1): Aquecimento do blanque até 850-900 ºC. 3. (Elipse 2): Conformação a quente na prensa. Elevado Altotal (mais de 50%) e baixo LE na temperatura de conformação permitem extensas deformações com baixas tensões (tensões verdadeiras entre 40 e 90 MPa). 4. (Elipse 2): Têmpera na prensa. Após conformação, a peça é temperada na prensa e apresenta LR acima de 1500 MPa e Altotal de 4 a 8% (microestrutura martensítica). 5. (Elipse 3): Operações pós-conformação. Em função da alta dureza, são necessários processos especiais de acabamento (principalmente corte e aparamento). • Aços ao Boro para conformação a quente (0,002 a 0,005% B) permitem otimizar a espessura e produzir peças com formas complexas, sem o problema de retorno elástico (springback). • Uma temperatura mínima típica de 850 ºC deve ser mantida durante o processo de conformação (campo austenítico), seguida de uma taxa de resfriamento maior que 50 ºC/s, para garantir as propriedades mecânicas finais desejadas. Aços para Conformação a Quente (Hot Formed - HF) Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 38 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa 1. (Elipse 1 da figura da página anterior): Corte do blanque na temperatura ambiente. 2. (Elipse 1): Pré-conformação da peça (maior parte da deformação total) na temperatura ambiente, usando uma prensa e matriz tradicional. O material antes de conformar tem LE de 340-480 MPa, LR de até 600 MPa e Altotal maior que 18%, limitando sua conformabilidade. 3. (Elipse 1): Aquecimento da peça até 850-900 ºC. 4. (Elipse 2): Conformação final da peça em alta temperatura, com baixa resistência e elevadas deformações (baixa resistência à deformação e elevada capacidade de se deformar). 5. (Elipse 3): Têmpera na prensa. Peças complexas com LR acima de 1500 MPa, Altotal de 4 a 8% (microestrutura martensítica) e zero de retorno elástico, após têmpera. Aços para Conformação a Quente (Hot Formed - HF) Hot Stamping Process • No Processo Direto de Conformação a Quente, toda deformação feita no blanque é realizada no campo austenítico (acima de 850 ºC), sofrendo a peça têmpera posterior. • Já no Processo Indireto, a maior parcela da conformação da peça é feita na temperatura ambiente, sendo completada a conformação em alta temperatura, seguida de têmpera. • Os diferentes estágios do Processo Indireto de Conformação são detalhados a seguir: EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 39 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 1984 1987 1997 2002 2005 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 5 93 168 221 345 480 605 697 82 141 173 239 324 415 477 5 11 15 26 61 100 120 135 0 12 22 45 56 70 85 0 100 200 300 400 500 600 700 800 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Europa China + Coreia USA C o n s u m o d e a ç o c o n fo rm a d o a q u e n te ( 1 0 3 to n ) Ano P e ç a s p ro d u z id a s p o r a n o ( m il h õ e s ) Ano 1987: 3 milhões/ano 4 peças/veículo 1997: 8 milhões/ano 6 peças/veículo 2007: 95 milhões/ano 8/10 peças/veículo 2013: 450 milhões/ano > 20 peças/veículo Outubro de 2013: • Mais de 210 linhas no mundo • 55 novas linhas planejadas Peças automotivas produzidas por conformação a quenteEvolução do consumo de aço conformado a quente revestido • As figuras abaixo mostram o incrível crescimento do consumo dos aços ao boro conformados a quente. • O primeiro fabricante de veículos a usar tais aços foi a empresa sueca Saab Automobile AB em 1984. • A produção de peças automotivas por conformação a quente passou de 3 milhões por ano em 1987 para 8 milhões em 1997, atingindo cerca de 100 milhões em 2007 e 450 milhões de peças em 2013. • O número médio de peças por veículo, fabricadas por essa técnica, passou de 4 em 1987 para mais de 20 em 2013. Os principais componentes automotivos atualmente feitos com tal material/processo são: para- choques, reforços para o teto e colunas A e B, barras de proteção para portas, elementos de travessas e longarinas, e túnel central. • A figura da esquerda revela que foram consumidas no mundo cerca de 700 mil toneladas em 2013 de aço ao boro revestido conformado a quente, com destaque para o maior consumo no mercado europeu. Aços ao Boro para conformação a quente EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 40 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Especificação do aço Composição Química (%) C Mn Cr B Si Al Ti 20MnB5 0,16 1,05 0,23 0,001 0,40 0,04 0,034 22MnB5 0,23 1,18 0,16 0,002 0,22 0,03 0,040 27MnCrB5 0,25 1,24 0,34 0,002 0,21 0,03 0,042 37MnB4 0,33 0,81 0,19 0,001 0,31 0,03 0,046 Usibor® 1500 0,221 1,29 0,193 0,0038 0,28 0,032 0,039 Especificação do aço LE (MPa) LR (MPa) Antes Após Conformar Antes Após Conformar 20MnB5 505 967 637 1354 22MnB5 457 1010 608 1478 27MnCrB5 478 1097 638 1611 37MnB4 580 1378 610 2040 • A liga mais usada para conformação a quente e têmpera na prensa é o aço 22MnB5, cuja curva TRC é mostrada na figura ao lado. • A mínima taxa de resfriamento para obter microestrutura totalmente martensítica é cerca de 30 ºC/s, iniciando a transformação em Mi = 425 ºC e concluindo com Mf = 280 ºC. • Composição química especificada do aço 22MnB5: 0,22-0,25% C; 1,20-1,40% Mn; 0,20-0,30% Si; 0,020% P máx; 0,005% S máx; 0,020-0,050% Al total; 0,020-0,050% Ti; 0,11-0,20% Cr; 0,0020- 0,0035% B; 0,10% Mo máx; 0,10% Cu máx e 0,10% Ni máx. • As tabelas abaixo mostram a composição química típica de alguns dos principais aços para conformação a quente, assim como valores típicos para os limites de escoamento e de resistência antes e após a conformação e têmpera na prensa. • Tais propriedades mecânicas justificam a sua classificação como Aços Ultra-Resistentes. Aços ao Boro para conformação a quente EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 41 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • As altas temperaturas usadas na conformação a quente podem gerar oxidação superficial do aço em contato com o ar, exigindo ações para a proteção superficial prévia do material ou posterior remoção de tais óxidos (jateamento de granalha). • O método mais usado para proteção superficial desses aços é a aplicação de um revestimento metálico de Al-Si através de imersão a quente em linhas de zincagem contínua. Tal revestimentocontém 10% Si, 3% Fe e 87% Al. • A figura superior esquerda mostra o aspecto da microestrutura do Aço Usibor®1500 (produzido pela Arcelor Mittal) antes da conformação a quente, e abaixo dela o mesmo material após conformação e têmpera na prensa. • As figuras inferiores apresentam a microestrutura do aço base do mesmo material, antes (figura à esquerda) e após a conformação a quente (direita). É possível notar a presença de ferrita e perlita na temperatura ambiente, antes da austenitização do material. Após conformado a quente e temperado na prensa, o material se encontra com a microestrutura martensítica. Al-Si Al-Fe-Si Aço base (ferrita+perlita) Al-Fe-Si Aço base (martensita) Aços ao Boro para conformação a quente EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 42 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para chapas de aplicação automotiva No exemplo abaixo, foi usada uma nomenclatura especial. Ultra alta resistência = aço ao boro para conformação a quente; extra e muito alta resistência = bifásicos, TRIP ou complex phase; alta resistência = ARBL (microligado) ou BH (bake hardenable). Aço grau estampagem Aço alta resistência Aço muito alta resistência Aço extra alta resistência Aço ultra alta resistência Alumínio Plástico Volvo V40 Cross Country 2013 Barras anti-colisão ou barras de reforço das portas Aços ao Boro para conformação a quente EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 43 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para chapas de aplicação automotiva Novamente, a mesma nomenclatura do slide anterior. O Volvo XC90 2015 emprega grande quantidade de aço ao boro conformado a quente, que é o atual aço de mais alta resistência usado para a fabricação de estruturas de carrocerias a nível mundial. Tal aço corresponde a 40% do peso total da estrutura. Aço grau estampagem Aço alta resistência Aço muito alta resistência Aço extra alta resistência Aço ultra alta resistência Alumínio 2015 Volvo XC90 Aços ao Boro para conformação a quente ../../../../../Downloads/Volvo XC90 2015 Body Structure with Graphics.mp4 ../../../../../Downloads/Volvo XC90 2015 Body Structure with Graphics.mp4 EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 44 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • Aço Ultra-Resistente (aço ao boro conformado a quente) é usado em partes estratégicas da estrutura da carroceria, minimizando deformações da cabine numa eventual colisão, para a segurança dos passageiros. Audi RS 7 Sportback 2014 Materials in the body structure Aços ao Boro para conformação a quente ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Audi A6 Lightweight Hybrid Steel-Aluminum Construction - YouTube.rv EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 45 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Audi S1 Sportback 2015 Materials in the body structure Aço ao Boro conformado a quente Aços ao Boro para conformação a quente ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Audi A6 Lightweight Hybrid Steel-Aluminum Construction - YouTube.rv ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Audi A6 Lightweight Hybrid Steel-Aluminum Construction - YouTube.rv EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 46 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Chevrolet Colorado 2015 Steel structure Possível tradução da nomenclatura usada: Press Hardened Steel = aço ao boro conformado a quente e temperado na prensa ; Ultra High-Strength Steel = aço temperado pós-conformação; Advanced High-Strength Steel = complex phase ou dual phase; High Strength Steel = ARBL (microligado). HIGH-STRENGTH STEEL ADVANCED HIGH-STRENGTH STEEL ULTRA HIGH-STRENGTH STEEL PRESS HARDENED STEEL Aços ao Boro para conformação a quente ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Audi A6 Lightweight Hybrid Steel-Aluminum Construction - YouTube.rv EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 47 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Tailor Rolling de Aços para Conformação a Quente • Uma outra tecnologia capaz de contribuir na produção de componentes com desempenho otimizado quanto à relação resistência/peso é o processo de fabricação conhecido por “Tailor Rolling” ou “Tailor Rolled Coil”. • Tal processo consiste na laminação a frio de uma tira de aço, com rigoroso e preciso controle da abertura entre os cilindros de trabalho, gerando variadas espessuras da chapa em pequenas distâncias na direção de laminação. A bobina assim laminada resulta nos chamados “Tailor Rolled Blanks”, nas dimensões adequadas à peça a conformar. • Em geral, esse processo é aplicado a aços ao boro para conformação a quente usados na produção da coluna B. • Dados de 2012 informam grande produção de colunas B através desse processo/material para o VW Golf (800.000 peças/ano), Ford Focus (400.000), BMW Série 3 (350.000) e Audi A3 (200.000). • O exemplo mostrado abaixo corresponde ao uso do processo em questão na coluna B do Volkswagen Golf Geração 7. Profile CheckCorrection Roll gap control EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 48 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa 19,1 % Aço Baixo C 9,3 % Aço BH 22,7 % Aço ARBL 30,2 % Bifásico/Multifásico 5,1 % Martensítico 4,3 % HF de Aço ao Boro 3,5 % Alumínio Cadillac CTS 2014 • A estratégia de seleção de materiais no projeto do Cadillac CTS 2014 tomou por base a economia/kg de material eliminado em relação ao modelo 2013. • A redução de peso foi de 26 kg em relação ao CTS 2013. • A estrutura da carroceria do CTS 2014 é 8,5% mais leve e 40% mais rígida do que a do modelo 2013. • A quantidade total de alumínio usado (incluindo os painéis externos) subiu de 15% no modelo 2013 para 18% no modelo 2014. • O projeto da coluna central utilizou “tailor rolling” de aço ao boro conformado a quente, resultando num total de apenas 2 partes (verde e cinza na figura ao lado), com 4,62 kg. Comparando com o CTS 2013, a mesma coluna central era composta por 8 partes e pesava 6,36 kg. • Outro destaque do projeto é o uso de aço martensítico nos reforços do painel Rocker (estribo lateral). Tailor Rolling de Aços para Conformação a Quente EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 49 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 10 20 30 40 50 60 70 0 Tensile Strength (MPa) T o ta l E lo n g a ti o n (% ) AHSS de 3ª Geração (aços de têmpera e partição – Q&P) • Os aços de 2ª geração apresentam propriedades excepcionais, porém ainda precisam evoluir quanto à viabilidade econômica e de produção. • Os aços de Têmpera e Partição estão na 3ª geração dos aços avançados de alta resistência, com propriedades mecânicas entre os aços da 1ª e da 2ª geração, mas com viabilidade superior aos da 2ª geração. • O processo de Têmpera e Partição (T&P ou Q&P) possibilita a produção de aços com frações controladas de austenita retida, a partir do enriquecimento da austenita com carbono em solução pela partição (migração) de carbono da martensita, sem a precipitação de carbonetos. • A precipitação de carbonetos pode ser eliminada, suprimida ou retardada pela adição de alguns elementos de liga, como o silício e o alumínio. • A austenita retida proporciona o efeito TRIP (plasticidade induzida por transformação), que confere ao material elevado valor de deformação uniforme e grande absorção de energia durante um impacto (por exemplo, numa eventual colisão da carroceria de um automóvel). EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 50 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa AHSS de 3ª Geração (aços de têmpera e partição – Q&P) • O processo consiste na austenitização completa, seguida por uma têmpera até uma temperatura ótima calculada (QT), que resulta numa quantidade ótima de austenita retida. • Após a têmpera inicial, o aço é aquecido até uma temperatura(PT) onde ocorre a partição do carbono da martensita, enriquecendo a austenita com carbono e fazendo com que ela fique termicamente estável na temperatura de uso final do material. • Uma variação do processo é utilizar um tratamento intercrítico, substituindo a austenitização completa. Algumas vantagens do tratamento intercrítico são: a produção de austenita primária com mais carbono que o teor de carbono da liga, e a presença de ferrita que confere mais ductilidade ao material. C i = teor de C inicial da γ na T de encharque Cγ= teor de C na austenita Cm = teor de C na martensita Tempo T e m p e ra tu ra EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 51 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa AHSS de 3ª Geração (aços de têmpera e partição – Q&P) E. De Moor, J.G. Speer, D.K. Matlock, J.H. Kwak, and S.B. Lee, “Effect of Carbon and Manganese on the Quenching and Partitioning Response of CMnSi Steels,” ISIJ Intl. Vol. 51, no. 1, 2011, pp.137-144. • Um dos principais grupos de estudo e desenvolvimento de AHSS de 3ª Geração atua na Colorado School of Mines, sendo mostrado abaixo um exemplo de Aço Q&P em estudo. • Temperatura e tempo de austenitização: 820 ºC por 120 segundos • Temperatura final de têmpera: 200 ºC • Temperatura e tempo de partição: 400 ºC por 30 segundos Fotomicrografia em MEV de um aço Q&P com 0,3C – 3Mn – 1,6Si EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 52 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Austenite + Martensite Ferrite + Martensite Aços avançados de alta resistência de 3ª Geração • Um método para se simular as propriedades de eventuais novos AHSS de 3ª geração considera frações variadas das fases na microestrutura, como indicado pelas curvas vermelha e azul na figura ao lado. • As combinações de ferrita e martensita (curva vermelha) numa hipotética microestrutura seguem basicamente a posição dos aços de 1ª geração. • A curva azul considera austenita totalmente estável (não se transforma ao ser deformada). A curva está na região prevista para os AHSS de 3ª geração, indicando a presença importante da austenita no projeto de tais aços, aliando altas resistência e ductilidade. • Uma outra simulação é mostrada abaixo, para 4 condições de estabilidade da austenita, em combinações com a ferrita. Os pontos das curvas correspondem a frações de austenita de 0 a 85%, com destaque para os resultados da curva azul (B). EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 53 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços avançados de alta resistência de 3ª Geração Nissan Infinity Q50 2014 • Só dois aços AHSS de 3ª Geração estavam disponíveis comercialmente em 2014: os de Têmpera e Partição (Q&P Steels) e os aços TRIP com ferrita bainítica (TBF Steels). • A Siderúrgica Kobe Steel desenvolveu Aços TBF com limite de resistência de 980 MPa até 1470 MPa. • O Aço TBF 1180 vem sendo usado nas colunas A e B, e em reforços do painel Rocker do Nissan Infinity Q50 2014. Tal aço é mostrado em vermelho na figura ao lado, correspondendo a 4% do peso da estrutura. • A Nissan estima atingir cerca de 25% da estrutura com aços conformados a frio de ultra-alta resistência até 2017. • Abaixo são mostradas curvas tensão-deformação de alguns AHSS de 1ª e 3ª Geração. Pode-se observar que o aço de têmpera e partição (Q&P 980) tem LR similar ao bifásico DP 980, porém com deformação total bem superior. A mesma comparação é feita entre o martensítico (MART 1200) e o TBF 1180, com limites de resistência próximos a 1.200 MPa, mas com deformação total 3 vezes maior no TBF 1180. O Nano Steel 1200 ainda não está disponível comercialmente (em desenvolvimento), mas apresenta propriedades promissoras. Engineering Strain (%) EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 54 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • Uma nova categoria de AHSS de 3ª Geração vem sendo estudada e desenvolvida pela NanoSteel ® Company. • Tal categoria explora composições químicas e mecanismos não usuais para aliar alta resistência e ductilidade. • Esses aços apresentam 10 a 20% de átomos de elementos do Grupo-P (região da tabela periódica encabeçada por boro-carbono-nitrogênio-oxigênio-flúor), ficando clara na figura abaixo a importância do boro. • A microestrutura dendrítica austenítica inicialmente solidificada (já travada por boretos complexos nos contornos de grão) sofre intenso refino ao ser exposta a elevadas temperaturas (via tratamento térmico ou laminação a quente), ao invés de se tornar grosseira. Tal refino gera estaticamente grãos e fases uma ordem de magnitude menores que a original (menores que 100 nm), e com grande capacidade de encruar (elevado expoente de encruamento) durante a sua deformação a frio. A citada deformação induz a formação de refinada granulação ferrítica e de precipitados em escala nano (fases hexagonais) que promovem um chamado “mecanismo de endurecimento dinâmico por nanofases”. As propriedades mecânicas finais podem ser extraordinárias. • Além disso, a NanoSteel ® afirma que tais materiais podem ser utilizados nas instalações industriais existentes. Aços avançados de alta resistência de 3ª Geração Casting Heat Treatment Deformation Structure # 1 Structure # 2 Structure # 3Mechanism # 1 Mechanism # 2 EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 55 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços avançados de alta resistência de 3ª Geração • A NanoSteel ® divulgou em 2013 três classes de AHSS com diferentes níveis de resistência mecânica. • A figura inferior direita mostra curvas tensão- deformação de alguns exemplos dessas 3 classes, em comparação com aços tradicionais. O aço Classe 1 apresenta LR superior a 800 MPa e alongamento total similar ao dos aços baixo carbono. Destaque para o Classe 2, com LR de 1200 MPa e deformação total acima de 35%, superando os diversos aços bifásicos disponíveis comercialmente. O Classe 3 tem LR em torno de 1600 MPa e ductilidade entre 5 e 10%. • A figura inferior esquerda revela promissores resultados de novas ligas de alta ductilidade, divulgados em 2014. O exemplo em vermelho tem LR de 1200 MPa e deformação total próxima de 50%. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 56 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Filme de óleo: 2 - 4 nm Filme de passivação: 1 - 2 nm Óxido de estanho Estanho livre 150 - 1530 nm Camada de liga FeSn2 80 nm Aço-base 0,14 - 0,45 mm Classificação dos aços segundo a aplicação Aços para chapas, sub-grupo Folhas Metálicas para aplicação em embalagens: • A principal folha é a Folha-de-Flandres, que é uma folha laminada de aço baixo carbono, com espessura inferior a 0,45 mm, revestida em ambas as faces com estanho por processo de eletrodeposição (última etapa de fabricação na usina siderúrgica). • A Folha pode ser obtida por Simples Redução (uma só etapa de laminação a frio em LTF), ou por Dupla Redução, com a qual pode atingir pequenas espessuras de até 0,14 mm. Na Dupla Redução, a folha sofre uma 2ª etapa de laminação a frio (25 a 30% de redução de espessura) após passar por tratamento de recristalização via recozimento contínuo ou em caixa, para restaurar a capacidade de deformação esgotada na 1ª etapa de redução no laminador de tiras a frio. • A figura ao lado mostra uma representação esquemática das camadas superficiais presentes na Folha-de-Flandres. A Norma NBR 6665 da ABNT apresenta detalhes das especificações das folhas metálicas de aço. EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 57 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação • As Folhas-de-Flandres são usadas em embalagens metálicas, como nos exemplos acima. É o melhor meio de proteger, acondicionar e transportar alimentos, inclusive com fechamento hermético, que permite a pasteurização ou até cozimento (tratamento térmico do alimento no interior da lata fechada) para a conservação por longos períodosde tempo sem conservantes. • Embalagens com formato diferenciado promovem a marca e geram identidade visual do produto, aumentando seu valor. Tais formatos são gerados por tecnologias de expansão do corpo da lata, originalmente com formato cilíndrico via solda elétrica, através de métodos mecânicos, hidráulicos ou pneumáticos. São as modernas Latas Expandidas, como as mostradas acima. Esp = 0,18 mm ; SR ; T59 ; LE = 390 MPa ; recozimento contínuo ; C 300 ppm ; RH Esp = 0,19 mm ; SR ; T59 ; LE = 390 MPa ; recozimento contínuo ; C 300 ppm ; RH Mesma especificação da lata do Leite Moça Esp = 0,19 mm ; SR ; T52 ; LE = 245 MPa ; recozimento em caixa ; C 600 ppm Aços para chapas, sub-grupo Folhas Metálicas para aplicação em embalagens: Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 58 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para Arames e Fios – Dependendo do uso final, podem apresentar características de resistência à tração muito maiores do que as usuais; é o caso de cabos e tirantes para construção de pontes, e os “fios de música” ou “corda de piano”, os quais podem alcançar LR superiores a 2.000 MPa. Aços para Molas – As molas helicoidais são produzidas a partir de barras ou fios, enquanto que as semi-elípticas são obtidas a partir de tiras; em geral são usados aços ao carbono (médio ou alto carbono) ou aços-liga, conformados no estado recozido e posteriormente temperados e revenidos; as propriedades visadas são: elevado limite de escoamento, elevado limite de fadiga e elevada resistência ao impacto. A qualidade superficial também é relevante (irregularidades, riscos, descarbonetação superficial), para evitar concentrar tensões e reduzir o limite de fadiga. Classificação dos aços segundo a aplicação Ponte Akashi-Kaikyo, no Japão: o maior vão central suspenso (1.991 m) do mundo. Os cabos de aço são formados por 290 feixes, cada um com 127 fios de aço galvanizado de alta resistência (LR = 180 kgf/mm2). Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 59 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços de Usinagem Fácil – Caracterizados pela sua elevada usinabilidade, devida a teores acima dos normais de enxofre e fósforo, ou ainda pela presença de chumbo; tais materiais só se justificam em casos muito especiais, já que os citados elementos resultam em péssimas propriedades mecânicas (especialmente tenacidade). Aços para Cementação – Normalmente de baixo carbono e baixos teores de elementos de liga, de modo a favorecer o enriquecimento superficial de carbono, mas mantendo o núcleo tenaz após tratamento termo-químico de cementação, seguido de têmpera e revenido. Exemplos: AISI 1016, 1020, 3120, 4320, 4615, 5120, 8620. Aços para Nitretação – Usualmente são aços ao carbono, ou com elementos de liga como cromo, molibdênio e alumínio quando submetidos ao processo clássico de nitretação. Engrenagem de Aço Baixa Liga carbonetado e com têmpera superficial Virabrequim feito com Aço 4340 forjado, temperado, revenido e nitretado Classificação dos aços segundo a aplicação Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 60 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para Ferramentas e Matrizes – Usados para trabalhar outros materiais, exigindo altas dureza, resistências mecânica e ao desgaste ou mesmo tenacidade, inclusive em altas temperaturas. Nesses casos, ainda se exige resistência à corrosão e/ou à oxidação. Devem ser tratáveis termicamente, visando microestrutura martensítica em extensas regiões, algumas vezes com a presença de carbonetos estáveis em altas temperaturas. Isso pode implicar no uso de elementos de liga em teores muito elevados, incluindo Cr, Mo, W, V, Co, e naturalmente o próprio Carbono. Aços Resistentes ao Desgaste – Destaque para os Manganês-Austeníticos (Hadfield). São aços de alto C (1,0 a 1,4 %) e alto Mn (10 a 14 %) austeníticos, cuja austenita sofre transformação martensítica induzida por deformação. Suas principais aplicações são nas indústrias de construção, mineração, ferroviária, etc. (britadores, moinhos de bola, escavadeiras, dragas, ferramentas pneumáticas, etc.). Classificação dos aços segundo a aplicação Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 61 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços para Construção Mecânica – Os principais são chamados Aços para Beneficiamento, sendo usados na fabricação de peças diversas, em geral sofrendo tratamentos térmicos de têmpera e revenido (eixos, coroas, pinhões, bielas, virabrequins, rolamentos, etc.). Alguns autores incluem também nessa classe os aços para molas, cementação, nitretação e usinagem fácil. Usualmente são aços de médio carbono (acima de 0,25% C), com ou sem elementos de liga. É comum que a sua seleção para uso em determinada peça seja feita conjuntamente com a especificação do tratamento térmico. Assim, é preciso considerar os esforços estáticos e dinâmicos atuantes na peça, as propriedades finais desejadas, a geometria da peça (dimensões e forma), e a curva de temperabilidade do material. Exemplos de alguns dos principais aços para construção mecânica: AISI 1030, 1045, 4130, 4140, 4330, 4340, 5130, 5140, 8640, 8660, 300M. Classificação dos aços segundo a aplicação Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 62 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços Resistentes à Corrosão – São chamados de “inoxidáveis”, com altos teores de Cr, Cr-Ni ou Cr-Mn. A resistência à corrosão dos aços é em geral associada à passivação da sua superfície, sendo o cromo o elemento básico para esse fim. São classificados pela microestrutura presente na temperatura ambiente ou tratamento térmico empregado: martensíticos, ferríticos, austeníticos, duplex (austenita+ferrita) e endurecíveis por precipitação. O sistema mais usado para classificação é o da AISI: os austeníticos são os das séries 200 e 300, e a série 400 é usada para os ferríticos e martensíticos. Aços Resistentes ao Calor – São também chamados de “refratários”, com elevados teores de cromo e níquel, e eventualmente adições de outros elementos (Al, Si, Mo, W, Ti, Nb, V, etc.). Possuem elevada resistência à oxidação pelo calor, e suas propriedades mecânicas podem ser mantidas em temperaturas acima da ambiente, incluindo resistência à fluência. Classificação dos aços segundo a aplicação Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 63 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • Aços para Fins Elétricos – Usados na fabricação de núcleos de equipamentos elétricos (transformadores, motores, compressores herméticos, etc.). São classificados em função do valor da perda magnética, em baixa, média e alta eficiência. Quanto menor a perda magnética, menor o consumo energético do equipamento. Os aços de grão-orientado são usados principalmente em núcleos de transformadores de força e distribuição. Têm cerca de 3% de silício, e apresentam uma forte textura cristalográfica, gerando excelentes propriedades de baixas perdas magnéticas na direção de laminação da chapa. Os aços de grão-não-orientado têm propriedades isotrópicas no plano da chapa, sendo adequados para a produção de motores elétricos. São sub-divididos em: ao silício totalmente processados, prontos para serem usados na fabricação dos motores (já recozidos, com C extra baixo e tamanho de grão grande); semi-processados, pois o encruamento e recozimento final são feitos posteriormente por outra empresa (os de maior eficiência são extra-baixo C com pequenas adições de Si e Al). Classificação dos aços segundo a aplicação Professor Realce Professor Realce ProfessorRealce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 64 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Aços Ultra-Resistentes – Usados inicialmente na indústria aeronáutica, hoje são aplicados noutros campos da engenharia; possuem elevada relação resistência/peso, com LE superior a 1.500 MPa, resultante de adequada combinação entre composição química e tratamento térmico, como é o caso do aço “maraging” (C<0,03%,18- 20%Ni, 8-10%Co, 3-5%Mo, 0,5-1,5%Ti, LR 2.800 MPa e razoável ductilidade); mais recentemente surgiram os aços TWIP (twinning induced plasticity), austeníticos de alta liga (15 a 25% Mn) com LE baixo (300 MPa), LR alto (acima de 1.000 MPa) e Altotal de 80%; destaque ainda para os aços ao boro para conformação a quente e têmpera na prensa, atingindo LR acima de 1500 MPa e Altotal de 4 a 8% (microestrutura martensítica). Figura 1: Pino de pistão feito em Aço Maraging. Figura 2: Trem de pouso feito com Aço Inox Ferrium S53 (0,21C, 14Co, 10Cr, 5,5Ni, 2Mo, 1W, 0,3V, LR = 1980 MPa, similar ao 300M). Figura 3: Coluna B da estrutura de carroceria do Ford Fiesta 2013, reforçada com Aço ao Boro para conformação a quente. 1 2 3 Classificação dos aços segundo a aplicação F:/mdp-caminhoes-com-reducao-de-poluentes-xf52m_grfbky-009_035523_62456/content/data/repo/408056646.mp4 ../Material para trabalhos/Motores Ciclo Otto.mp4 ../Fotos/2013_Ford_Fiesta_Body_Structure_B-Pillar-UHSS-Boron.jpg Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 65 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação Aços Ultra-Resistentes Especificação do aço LE (MPa) LR (MPa) KIC (MPa m1/2) Along. (%) RA (%) KISCC (MPa m1/2) Resist. à corrosão 4340 1531 1903 55 11 35 11 Baixa 300M 1669 1979 55 11 37 16 Baixa Maraging 250 1724 1827 101 12 55 49 Baixa AerMet® 100 1724 1965 126 14 65 22 Baixa Ferrium® M54® 1731 2021 126 15 61 110 Baixa Ferrium® S53® 1552 1986 71 15 57 20-44 Alta • Os aços de ultra-alta resistência são empregados em projetos aeroespaciais, mas podem ser usados também em máquinas pesadas, máquinas agrícolas, automóveis, plataformas petrolíferas, vasos de pressão e outras aplicações estruturais severas e de elevada responsabilidade. • O aço 4340 é considerado como ultra-alta resistência, assim como o aço 300M, que é um aprimoramento do 4340 (maiores teores de Mo, V e Si). Apesar de alcançarem altos valores de LE e LR, os aços 4340 e 300M não atingem a elevada tenacidade apresentada por alguns aços endurecidos por precipitação, como é o caso dos aços Maraging, AerMet® e Ferrium®. • Os Aços Maraging (martensite + aging) são classificados pelo valor mínimo do LE, sendo indicado tal valor em ksi (250, 300, 350, 400 e 450). São aços martensíticos de baixo teor de carbono, altamente ligados (principalmente Ni, Co e Mo), em que a alta resistência mecânica é em parte obtida por envelhecimento. Além da elevada resistência mecânica, possuem excelente tenacidade e boa soldabilidade. • Os aços da família AerMet® (100, 310 e 340) são martensíticos de ultra-alta resistência, com elementos de liga como Co, Ni, Cr, Mo e C. Apresentam também elevada tenacidade, soldabilidade, resistência à fadiga e resistência ao SCC (stress corrosion cracking). • O Aço Ferrium® M54® (AMS 6516) apresenta ultra-alta resistência, elevada tenacidade à fratura, excelente resistência à fadiga e alta resistência ao trincamento por corrosão sob tensão (SCC). Ele é produzido por dupla fusão a vácuo (fusão a vácuo por indução e posterior refusão a arco e a vácuo, ou VIM/VAR), gerando excelente limpeza interna e ótima resistência à fadiga. • O Aço Ferrium® S53® , além das propriedades já citadas, apresenta elevada resistência à corrosão em função do alto teor de Cr, sendo considerado inoxidável. Peças de trens de pouso de aviões Aço Ferrium® S53® usado no eixo do rotor do helicóptero MH-60S Detalhe do eixo do rotor de helicóptero Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 66 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa • Aços Sinterizados – São obtidos pelo processo conhecido como “metalurgia do pó”, usado principalmente na produção seriada de peças metálicas onde a precisão dimensional e o bom acabamento são requisitos prioritários no produto final. Baixo consumo energético de transformação e alto aproveitamento da matéria prima resultam também em reduzido custo de fabricação. Diferentes composições químicas e microestruturas podem ser obtidas, assim como compósitos. Principais aplicações nas indústrias de autopeças, eletrodomésticos, ferramentas de corte e elétricas, e compressores herméticos. Classificação dos aços segundo a aplicação Aços Criogênicos – São os aços capazes de suportar esforços em baixas temperaturas. A principal preocupação é a tenacidade, já que as microestruturas baseadas na ferrita (CCC) apresentam transição dúctil-frágil em temperaturas pouco abaixo da ambiente. Crescentes teores de níquel alteram tal situação, sendo que os inoxidáveis austeníticos (CFC) 304 e 316 apresentam adequados valores de tenacidade para temperaturas de até -269ºC (hélio líquido). Aplicações: equipamentos para transporte e armazenamento de gases e líquidos criogênicos. Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce EEIMVR Aula 7 – Classificação dos Aços Slide 67 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Sandro Rosa Corrêa Classificação dos aços segundo a aplicação Aplicações de Aços Sinterizados na Indústria Automobilística Vários componentes são feitos com peças sinterizadas, muitas delas em aço: amortecedores, bielas do motor, capas de mancal do virabrequim, polia sincronizadora do comando de válvula, rotores da bomba d’água e de óleo, injeção eletrônica, anéis do sensor do freio ABS, sistemas de freio, peças para caixas de mudança manual e automática, cubo de polias, motores elétricos, motor de arranque, velas de ignição, filamentos de lâmpadas, assentos de válvula, relês elétricos, pastilhas de freio e discos de embreagem. Fonte: Grupo Setorial de Metalurgia do Pó www.metalurgiadopo.com.br
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