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Capítulo3 - Apostila Epidemiologia

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Prévia do material em texto

1 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
LOCAR 
 
 
PRINCÍPIOS DE EPIDEMIOLOGIA 
APLICADOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
Belo Horizonte 
Julho, 2021. 
 
 
 
 
Especialização EAD – Gestão Estratégica 
em Saúde 
 
Instituto Federal do Sul de Minas / Campus Machado 
Centro de Pesquisa e Pós Graduação da Polícia 
Militar de Minas Gerais (CPP/PMMG). 
 
PRINCÍPIOS DE EPIDEMIOLOGIA 
APLICADOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
2 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE EPIDEMIOLOGIA 
APLICADOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
Pós Graduação Lato Senso: Gestão Estratégica em Saúde 
Disciplina: Epidemiologia Aplicada aos Serviços de Saúde 
Professora: Raquel Batista Dantas. 2º Tenente do Quadro de Oficiais 
da Saúde (QOS), categoria Enfermeiro. Assessora Técnica da 
Diretoria de Saúde da Polícia Militar de Minas Gerais (DS/PMMG). 
 
 
PRINCÍPIOS DE EPIDEMIOLOGIA 
APLICADA AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
PRINCÍPIOS DE EPIDEMIOLOGIA 
APLICADOS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
3 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caro (a) Discente, 
 
A vigilância em saúde através da epidemiológica é uma das estratégias mais eficazes 
para o controle e mitigação de enfermidades e problemas de saúde das populações. 
Tem como pressupostos basilares ferramentas e métodos que possibilitam elucidar as 
cadeias de transmissão e ocorrência das enfermidades e/ou problemas de saúde, 
controlar fatores de risco associados, além de sistematizar informações que integram 
o saber clínico à saúde coletiva. 
Esse material aborda os principais conceitos e métodos da epidemiologia e vigilância à 
saúde. Está organizado em (05) cinco capítulos, a saber: 
Capítulo 01- Bases conceituais, história e aplicações da Epidemiologia; 
Capítulo 02 - Processo saúde-doença e o método investigativo epidemiológico; 
Capítulo 03 - Princípios de Bioestatística aplicados à Epidemiologia; 
Capítulo 04 - 4. Estudos Epidemiológicos; 
Capítulo 5 - Indicadores Epidemiológicos utilizados na saúde. 
O material comtempla pontos fundamentais para apoiar o aprendizado do aluno, 
abordando de forma mais detalhada conceitos e exemplos da epidemiologia e 
princípios de bioestatísticos na área da saúde. 
Espera-se, que os discentes desenvolvam conhecimentos e habilidades para aplicar 
na prática, junto à sua equipe de trabalho, esses conhecimentos. Bons estudos! 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
4 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apoiar o aprendizado do aluno sobre os princípios da epidemiologia e bioestatística da 
área de saúde, através da elucidação de conceitos e ferramentas de vigilância em 
saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLCIADA 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
5 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia pode ser definida como a “ciência que estuda o processo saúde-
doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores 
determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde 
coletiva, com vistas a propor medidas específicas de prevenção, controle ou 
erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao 
planejamento, administração e avaliação das ações e políticas de saúde” 
(ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003). 
É a ciência básica da saúde coletiva e a principal ciência de informação em saúde. 
Seu objeto são as relações de ocorrência de saúde-doença em massa (em 
sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos, etc.). As 
relações são referidas e analisadas mediante o conceito de risco. 
Para melhor entendimento, a etimologia da palavra pode ser analisada: 
 
 
De maneira sucinta, a palavra “epidemiologia” significa ciência que se dedica ao 
estudo sobre a população e, ao ser aplicado no campo da saúde, pode ser 
compreendido como o estudo sobre o “que afeta” a população. Ao considerar esse 
conceito, se reconhece os atributos principais desta ciência, quais são: população, 
tempo e espaço. Ou seja, a epidemiologia é a ciência que estuda os fatores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Bases conceituais, história 
e aplicações da Epidemiologia 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
6 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
inerentes ao processo saúde-doença de uma determinada população, 
considerando o tempo e o espaço nos quais esta população está inserida. 
 
Atributos da Epidemiologia 
 
 
 
A área de atuação da epidemiologia é bastante ampla e genericamente 
compreende: (PEREIRA, 2013): 
● o ensino e pesquisa em saúde; 
● a descrição das condições de saúde da população; 
● a investigação dos fatores determinantes da situação de saúde e de 
adoecimento das pessoas/coletividades; 
● a avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde e 
doença dos grupos/coletividades. 
 
Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a 
caso, a epidemiologia volta-se à investigar os problemas de saúde em grupos de 
pessoas, às vezes grupos pequenos (amostras), ou dependendo da viabilidade da 
pesquisa, populações numerosas. 
Paciente/ População 
Espaço 
Tempo 
7 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
A epidemiologia é, portanto, uma ciência que congrega métodos e técnicas de três 
áreas principais de conhecimento, a saber: estatística, ciências biológicas e 
ciências sociais. 
 
 
Breve histórico da Epidemiologia 
 
Embora seja incerto definir o início e quem foi o pioneiro a propor conceitos e 
aplicabilidades da epidemiologia, alguns autores indicam que a epidemiologia 
nasceu com Hipócrates na Grécia antiga, em uma época em que se atribuía as 
doenças, as mortes e as curas a deuses e demônios. 1 
Hipócrates2 (460-370 a. C.), considerado o “pai da medicina científica”, se 
contrapôs a tal raciocínio e difundiu a ideia de que o modo como as pessoas 
viviam, onde moravam, o que comiam e bebiam, enfim, fatos materiais e terrenos 
eram os responsáveis pelas doenças. Foi uma proposta revolucionária de se 
pensar o processo saúde-doença. A partir das idéias de Hipócrates, surgia então a 
Teoria dos Miasmas. (Figura 01). 
 
 
1
 Por volta do século 6º a. C., o mundo grego passou por profundas transformações, que se estenderam também 
à Medicina. Houve um enfraquecimento das crenças mitológicas – não abandonadas completamente –, 
buscando-se explicar as enfermidades com base no raciocínio humano. Nessa época, alguns médicos sugeriram 
que a saúde seria o resultado do equilíbrio entre determinados poderes do corpo (úmido, seco, frio, quente, 
amargo e doce) e que a doença seria o resultado do excesso ou da desarmonia entre eles. Maiores informações 
em: < https://www.unifesp.br/reitoria/dci/publicacoes/entreteses/item/2194-contagio-miasmas-e-microrganismos>. 
Acesso em junho de 2021. 
2
 Hipócrates, em “Tratado dos ares, das águas e dos lugares” (século V a.C.), coloca os termos epidêmico e 
endêmico, derivados de epidemion (verbo que signif ica visitar: enfermidades que visitam) e endemion (residir 
enfermidades que permanecem na comunidade). Ele sugere que condições tais como o clima de uma região, a 
água ou sua situação num lugar em que os ventos sejamfavoráveis são elementos que podem ajudar o médico a 
avaliar a saúde geral de seus habitantes. Maiores informações em: < 
http://w w w .historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol14.pdf>. Acesso em junho de 2021. 
 
8 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Figura 01: Teoria miasmática do século V 
Miasmas: emanação de odores fétidos proveniente de 
matéria orgânica de animais ou vegetais em decomposição. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptação da autora. Coletânea de imagens. Disponível em: google imagens e no mater ial do site: 
<http://www .escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/Material_1_Aula_1_Conceitos_Saude_e_Doenca_milene.pdf 
>. Acesso em junho de 2020. 
 
 
 
 
 
"... aquele que deseje compreender a ciência médica, deve considerar os efeitos 
das estações do ano, as águas e suas origens, o modo de vida das populações..." 
 (Corpus Hippocraticum) 
Principais ações 
de saúde 
consistiam em 
manter a matéria 
orgânica longe 
dos centros 
urbanos. 
9 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
Outros nomes importantes na história da epidemiologia foram: 
John Graunt (1620-1674): pioneiro em quantificar os padrões de natalidade e 
mortalidade. Publicou em Londres, um trabalho sobre as estatísticas de mortalidade 
de nascimentos e óbitos semanais, quantificou o padrão de doença na população 
londrina e apontou características importantes nesses eventos, tais como: diferenças 
entre os sexos, diferenças na distribuição urbano-rural; elevada mortalidade infantil; 
variações sazonais. 
Pierre Louis (1787-1872): utilizou o método epidemiológico em investigações clínicas 
de doenças. 
Louis Villermé (1782-1863): que pesquisou o impacto da pobreza e das condições de 
trabalho na saúde das pessoas. 
William Farr (1807-1883): que implementou a produção de informações 
epidemiológicas sistemáticas para o planejamento de ações de saúde. 
Louis Pasteur (1822-1895): considerado o “Pai da Bacteriologia”, pois identificou 
inúmeras bactérias e tratou diversas doenças. Ele influenciou profundamente a 
história da epidemiologia, pois introduziu as bases biológicas para o estudo das 
doenças infecciosas (PEREIRA, 2013), determinando o agente etiológico das doenças e 
possibilitando o estabelecimento futuro de medidas de prevenção e tratamento. 
Jhon Snow (1854): pioneiro na procura sistemática dos determinantes das epidemias, 
descobriu a transmissão da cólera por meio de um microrganismo (“parasitas 
invisíveis”) e não por miasmas. 
(ALMEIDA FILHO, 1986; PEREIRA, 1995)
3
. 
 
3
 Acesse informações em: < https://www.scielo.br/j/csp/a/w7tKhWSwPdKHx3wfrxM7zjb/?lang=pt>. 
Veja também: < https://www.scielo.br/j/csp/a/9XkJ8dgTvbCyvmvMfsj35Ww/?lang=pt# >. 
10 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
De modo especial, diversos autores citam Jhon Snow – médico britânico – como 
“pai da epidemiologia”, por ter intervido com seus conhecimentos de base 
epidemiológica durante as duas epidemias de cólera em Londres ocorridas em 
1849 e 1854. Através de uma ampla e inovadora pesquisa com pacientes 
acometidos pela doença, Jhon Snow registrou as feições clínicas da doença e 
descobriu que o “veneno da cólera” seria um ser vivo proveniente do solo e dos 
poços de água. 
Com base no mapeamento dos casos, óbitos, do comportamento da população 
(consumo de água) e dos aspectos ambientais da localidade em estudo, ele 
conseguiu incriminar o consumo de água contaminada como responsável pela 
ocorrência da doença (SNOW, 1999; PEREIRA, 2013). 
De forma inovadora o epidemiologista relatou a transmissão hídrica do bacilo da 
cólera décadas antes de Robert Kock ter isolado e cultivado o microrganismo vibro 
choleare. 
Entre o século XIX até o início do século XX a epidemiologia obteve aplicação de 
seu escopo de atuação e suas preocupações concentraram-se sobre os modos de 
transmissão das doenças e o combate às epidemias. Alguns exemplos desses 
achados são: prevenção do escorbuto (doença causada pela deficiência severa de 
vitamina C), do beribéri (deficiência de tiamina – vitamina B1) e da pelagra 
(deficiência de niacina) (PEREIRA, 2013). 
Entretanto, com a melhoria do nível de vida nos países desenvolvidos e com o 
consequente declínio na incidência das doenças infecciosas, a partir das primeiras 
décadas do século XX, outras enfermidades de caráter não-transmissível, isto é, 
as chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como doenças 
cardiovasculares, câncer, violências e outras, passaram a ser objetos de estudos 
epidemiológicos 
Mais especificadamente, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, houve 
intenso desenvolvimento da metodologia epidemiológica, com a ampla 
incorporação da estatística, propiciada em boa parte pelo aparecimento dos 
11 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
computadores e da ciência da computação. Desde então, a aplicação da 
epidemiologia passou a estudar um largo espectro de agravos à saúde, 
extrapolando as doenças infectocontagiosas e abarcando doenças crônicas e 
qualidade de vida das populações. 
A denominação “Doença Crônica Não Transmissível” é usada, de forma genérica 
para designar grupos de doenças caracterizados por ausência de micro-
organismos no modelo epidemiológico, pela não transmissibilidade, pelo longo 
curso clínico e pela irreversibilidade, apesar de algumas dessas características 
não se adaptarem diretamente a todos os grupos de doenças a que se referem . 
Em geral, são de longa duração e estão entre as que mais demandam ações, e 
intervenções nos serviços de saúde. 
Dada à relevância e impactos social e econômico das doenças crônicas no mundo 
e no Brasil, o Ministério da Saúde (MS) publicou em 2011 o chamado “PLANO DE 
AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS 
CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) NO BRASIL, 2011-2022”, que tem 
por meta preparar o Brasil para enfrentar e deter, as doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT).4 
De acordo com o Plano Brasileiro (Brasil, 2011)4 as DCNT são as principais 
causas de morte no mundo, correspondendo a 63% dos óbitos em 2008. 
Aproximadamente 80% das mortes por DCNT ocorrem em países de baixa e 
média renda. Um terço dessas mortes ocorre em pessoas com idade inferior a 60 
anos. A maioria dos óbitos por DCNT são atribuíveis às doenças do aparelho 
circulatório (DAC), ao câncer, à diabetes e às doenças respiratórias crônicas. As 
principais causas dessas doenças incluem fatores de risco modificáveis, como 
tabagismo, consumo nocivo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação 
inadequada. 
As DCNT elencadas de maior repercussão epidemiológica para os serviços de 
saúde no país foram: acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão arterial, 
câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas. Tais doenças têm sido 
 
4
 Veja maiores detalhes (publicação na íntegra) no material do Ministério da Saúde disponível em:<: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf >. 
12 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
associadas – em aproximadamente 70% de magnitude – às causas de mortes em 
camadas pobres da população e em grupos mais vulneráveis, como a população 
de baixa escolaridade e renda. 
O conhecimento da prevalência – frequência absoluta ou somatório dos casos 
“novos” e casos “antigos” - dos fatores de risco para DCNT, principalmente os de 
natureza comportamental (dieta, sedentarismo, dependência química - tabaco, 
álcool e outras drogas) é fundamental, pois são sobre eles que as ações 
preventivas podem ser custo efetivas, foi um dos motivos principais para a 
estruturação do Sistema de Vigilância de DCNT no país. 
 
Quanto aos estudos epidemiológicos envolvendo as DCNT, podemoscitar:5 
● Os trabalhos de Doll e Hill (década de 1950) sobre tabagismo e 
doenças associadas ao fumo: além de deixar evidente a íntima relação 
tabaco-câncer do pulmão, demonstrou a correspondência entre o 
aparecimento da neoplasia do pulmão e a carga tabágica (quantidade de 
tabaco inalado) consumida pelos pacientes (atual, passada, nos últimos 10 
anos e total). Seus achados foram importantes para o declínio do 
tabagismo e das doenças associadas; 
● Descoberta da oncogênese (1975): pesquisadores detectaram o gene 
src, capaz de provocar alterações genéticas na célula e torná-la 
cancerígena. 
● Estudo sobre fatores associados à hipertensão Arterial Sistêmica no 
Brasil (1978) do pesquisador Aloyzio Achutti: conduzido pela Secretaria 
de Saúde do Rio Grande do Sul e Fundação Oswaldo Cruz, mostrou a 
prevalência da hipertensão arterial em São Paulo. 
 
 
5
 Para maiores informações acesse às fontes de informações: 
Sobre câncer de pulmão: Doll R, Hill AB. Smoking and carcinoma of the lung. BMJ 1950;2: 739-58. 
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2038856/>. Acesso em junho de 2021. 
Sobre câncer de mama: leia mais em: <https://super.abril.com.br/especiais/cancer-a-trajetoria-da-
doenca/>. 
Sobre estudos epidemiológicos de HAS: leia mais em :< http://publicacoes.cardiol.br/caminhos/03/ >. 
 
https://super.abril.com.br/especiais/cancer-a-trajetoria-da-doenca/
https://super.abril.com.br/especiais/cancer-a-trajetoria-da-doenca/
13 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 Determinantes sociais em saúde 
 
Os determinantes sociais em saúde podem ser compreendidos como as condições em 
que as pessoas vivem e trabalham. Atuar sobre esses determinantes é a forma mais 
justa para melhorar a saúde das pessoas, pois a despeito da importância da estrutura 
dos serviços de saúde, recursos correlatos à assistência dos profissionais de saúde, 
há fatores que podem afetar a saúde das pessoas como, por exemplo, nível 
socioeconômico, condições de moradia, risco ocupacional, que precisam ser 
abordados a fim de que o bem-estar seja alcançado. 
Condições ambientais e sociais desfavoráveis podem, também, resultar em 
comportamentos adversos, os quais podem favorecer a atuação dos principais fatores 
de risco sobre as doenças crônicas não transmissíveis. 
 
 
Modelo de explicação multifatorial das doenças. Elaboração da autora, 2021. 
 
 
 
Fatores sócio-
econômicos, 
cuturais, políticos e 
ambientais 
 
Globalização; 
Urbaniação; 
Envelhecimento 
populacional; 
Pandemias (SARS-
COV-2 viegnete em 
2021) 
 
 Fatores de Riscos 
 
 
Fatores de Risco 
Intermediários 
 
Elevaçao da pressão sanguínea 
arterial; 
Elevação da glicemia ; 
Obesidade 
 
Principais doenças 
crônicas 
decorrentes 
Figura 02: Modelo da determinação social das doenças 
- Comuns e Modificáveis: 
Tabagismo; 
Consumo abusivo de álcool; 
Dieta inadequada; 
Sedentarismo 
- Comuns e não modificáveis: 
Idade; 
Sexo; 
Hereditariedade. 
Hipertensão 
Arterial 
Sistêmica 
(HAS); 
Diabetes 
Mellitus ((DM); 
Infarto Agudo 
do Miocárdio; 
Acidente 
vascular 
encefálico 
 
Fonte: Modelo de Determinação Social da Doença – 
DCNT. Elaboração pela autora. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O método investigativo da epidemiologia tem como princípio básico o 
entendimento de que os eventos relacionados à saúde, como doenças, seus 
determinantes e o uso de serviços de saúde não se distribuem ao acaso. Há 
grupos populacionais que apresentam mais casos de certo agravo, por exemplo, e 
outros que morrem mais por determinada doença. 
Tais diferenças ocorrem porque os fatores que influenciam o estado de saúde das 
pessoas se distribuem desigualmente na população, acometendo mais alguns 
grupos do que outros (PEREIRA, 1995). 
Nesta perspectiva, para melhor compreensão do processo saúde-doenças torna-
se fundamental o entendimento do que venha a ser saúde. 
 
O conceito ampliado de saúde 
 
Saúde é um direito fundamental do ser humano, garantido pela Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (DUH), sem distinção de sexo, raça ou cor da pele em todas as 
sociedades do mundo. 
No Brasil a saúde é regulamentada pela Constituição Federal (CF) da República como 
um direito à cidadania, expressa na seção II, nos artigos 196 a 200. Neste caput, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Processo saúde-doença e o 
método investigativo 
epidemiológico 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
15 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
ampliou-se o direito do cidadão à saúde do direito previdenciário, sob uma perspectiva 
política, econômica e social. (BRASIL, 1988) 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) “Saúde é um estado de 
completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença 
ou enfermidade”. (OMS, 1978, 1986). 
O conceito ampliado e positivo de saúde enfatiza a relevância dos recursos sociais e 
pessoais, bem como as capacidades físicas das pessoas, e, extrapola o contexto 
biológico causador de patologias, estendendo-se a um estilo de vida saudável, com 
vistas ao bem-estar nas dimensões pessoal e coletiva. As figuras 03 e 04 
respectivamente sumarizam esquematicamente esse conceito. 
 
 
 
 
SAÚDE 
SERVIÇOS DE 
SAÚDE 
HABITAÇÃO 
MEIO 
AMBIENTE / 
SANEAMENTO 
TRABALHO/ 
RENDA 
EDUÇCAÇÃO 
LAZER 
ALIMENTAÇÃO 
Figura 03: Condicionantes da Saúde, previstos pela CF de 1988. 
Fonte: Elaboração da Autora. Adaptação e alusão ao artigo 196 da CF de 1988. (BRASIL, 1988) 
16 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por isso, garantir a saúde dos cidadãos, não é uma responsabilidade exclusiva do 
setor saúde. Embora seja a diretriz central de muitas políticas nacionais e 
 
 
 Bem estar Físico 
 
Bem estar 
Emocional/Menta
l 
 Bem estar Social 
 
Bem estar 
Espiritual 
 - Saúde descrita no Art. 196 da CF do Brasil: 
“Saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido mediante medidas políticas, 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e 
recuperação” (BRASIL, 1998). 
 
Figura 04: Dimensões da Saúde sob uma lógica ampliada e interdependente. 
Fonte: Esquema elaborado pela autora. Alusão ao conceito ampliado de saúde. 
17 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
internacionais da área, ainda continua sendo um grande desafio para gestores e a 
população em geral. 
A maioria das pessoas durante a maior parte de suas vidas é saudável, a menos que 
adquira algum problema de saúde nos anos precoces da vida. Ou seja, o recurso aos 
hospitais, filas de pronto socorros, leitos de CTI/ Enfermaria ou ainda complexos 
procedimentos médicos, diagnósticos ou terapêuticos, de um modo geral não são 
demasiadamente frequentes. 
Contudo, durante toda a vida todos nós precisamos ter acesso à água tratada, ar puro, 
ambiente limpo e saudável, alimentação adequada, situações social, econômica e 
cultural favoráveis, prevenção de problemas específicos de saúde, assim como 
educação e informação. De modo que, estes determinantes sociais e não puramente 
biológicos são os componentes mais importantes capazes de promover saúde e evitar 
o adoecimento das pessoas (WHO, 2009). 
Assim, a promoção da saúde, mais importante até que as medidas “curativistas e 
intervencionistas”, refere-se às ações sobre os condicionantes e determinantes sociais 
da saúde, dirigidas a impactar favoravelmente a qualidade de vida das pessoas. 
(WHO, 2009). 
No Brasil, a Política Nacionalde Promoção da Saúde (PNPS) foi editada como política 
pela primeira vez no ano de 2006 com o esforço em rever o conceito de saúde em 
uma lógica ampliada, e reforçar mudanças dos estilos de vida, redução de fatores de 
risco e a vigilância em saúde, privilegiando o bem de todos e a construção de uma 
sociedade solidária, cujo objetivo geral se concentra em torno da redução de 
vulnerabilidade e riscos à saúde e da qualidade de vida (SILVA e BAPTISTA, 2015). 
Em linhas gerais, a PNPS reeditada em 2014 reforça a redução de vulnerabilidades e 
riscos à saúde no âmbito individual e coletivo, e da qualidade de vida, com vistas à 
promoção da equidade e da melhoria das condições e modos de viver. Desta forma, 
orienta como estratégias prioritárias o controle e prevenção de doenças com ações 
que pautam hábitos e estilos de vida, a saber: alimentação saudável, atividade física, 
controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo 
18 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, 
prevenção da violência e cultura da paz e promoção do desenvolvimento sustentável. 
Destaca formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo. (BRASIL, 2012, 
2014; SILVA e BAPTISTA, 2015). 
Alguns autores afirmam que Promoção da Saúde é uma das estratégias mais efetivas 
para o desenvolvimento social, econômico e cultural de uma nação, e, de forma 
objetiva, representa uma das mais importantes dimensões da qualidade de vida das 
pessoas. (BUSS, 2000; BYDLOWSK e WESTPHAL, 2004; BRASIL, 2012; SILVA e 
BAPTISTA, 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A regulamentação da saúde no Brasil está prevista nas chamadas “Leis Orgânicas da 
Saúde”, quais são: Leis 8080 de 1990 e 8142 de 19906. A primeira organiza e 
determina as funções e níveis estruturais dos serviços de que integram o sistema de 
saúde no Brasil; cria o chamado “Sistema Único de Saúde” (SUS) - maior 
concentrador das ações no país - e define o caput de ações complementares da 
 
6
 Maiores detalhes consultar: Bases legais do SUS: Leis Orgânicas da Saúde. Disponível em: < 
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/15655/1/Bases%20legais%20do%20SUS%20-
%20Leis%20org%C3%A2nicas%20da%20sa%C3%BAde.pdf >. 
“BIZU DA SAÚDE”: CUIDADOS INTEGRAIS COM A SAÚDE E 
QUALIDADE DE VIDA 
 
SAÚDE NÃO É SOMENTE AUSÊNCIA DE DOENÇAS. 
SAÚDE PLENA ESTÁ ASSOCIADA A PADRÕES ADEQUADOS DE 
ALIMENTAÇÃO, SONO, MEDITAÇÃO/ORAÇÃO E ATIVIDADE 
FÍSICA PARA ALIVIAR O ESTRESSE DO DIA A DIA. 
 
19 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
assistência privada/particular à saúde em território nacional. Conforme os seus 
princípios, a rede de saúde organiza-se de forma descentralizada e regionalizada, com 
ações concentradas em níveis de complexidade assistencial. Já a segunda lei, refere-
se à regulação da saúde e participação social no controle e gestão da saúde. 
Conforme norma regulamentar, os três níveis de complexidade de assistência à saúde 
são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Atenção Primária de Assistência à saúde: 
Constituída por unidades que prestam assistência básica com ações que 
abrangem a promoção e a proteção da saúde, visando à atenção integral 
que impacte positivamente no bem-estar do usuário. 
- Atenção Secundária de assistência à saúde: 
Formada por serviços especializados em nível ambulatorial e, em 
alguns casos, unidades hospitalares de baixa complexidade. 
 - Atenção Terciária de assistência à saúde: 
Representada pelos serviços de alta complexidade hospitalar e/ou 
elevada especialização (hospitais de Trauma, de Referências em 
Emergências, etc.). 
20 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Com a missão organizar e ser a “porta de entrada” dos usuários do sistema de saúde 
– quer público, privado, filantrópico ou de qualquer outra natureza jurídica – a Atenção 
Primária à Saúde (APS) corresponde a uma resolubilidade assistencial robusta de 
aproximadamente 80% dos problemas de saúde da população a ele vinculada. Integra 
a rede assistencial de cuidados primário
7
, fundamentais para o enfrentamento de 
epidemias, como no caso da atual Pandemia de COVID-19. 
De modo convergente ao modelo de saúde adotado no Brasil através do Sistema 
Único de Saúde (SUS), mas com particularidades quanto ao perfil de assistência e 
público atendidos, o Sistema de Saúde (SISAU) no âmbito da PMMG/CBMMG/IPSM é 
uma modalidade privada de assistência à saúde voltada aos Policiais Militares, 
Bombeiros Militares e demais beneficiários. Neste sistema, correspondem ao nível 
primário de assistência à saúde as Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), 
denominadas no SISAU como Núcleos de Assistência Integral à Saúde (NAIS) e 
Seções de Atenção à Saúde (SAS). 
Representam o primeiro nível de contato dos militares e demais beneficiários com o 
SISAU. Por tratar, sobretudo, das atividades de saúde ocupacional da Tropa possuem 
a responsabilidade de gerenciar os problemas de saúde mais frequentes e 
impactantes na população em que assistem, isto é, aquela que é vinculada à Unidade 
- também chamada de população adscrita. Nota-se que a proposta deste modelo de 
atenção à saúde é proporcionar o cuidado o mais próximo possível onde pessoas 
vivem e trabalham. Constituem, portanto do primeiro elemento de um continuado 
processo de assistência à saúde. 
 
 
 
 
 
 
7
 Veja maiores informações no site do Ministério da Saúde, caput que fere-se à Atenção Primária em 
Saúde (APS) e Equipes de Saúde da Família. Disponível em : <https://aps.saude.gov.br/smp/smpoquee>. 
https://aps.saude.gov.br/smp/smpoquee
21 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo saúde-doença e a vigilância em saúde 
 
Segundo Laurell (1983) o termo “processo saúde-doença” refere-se ao modo pelo qual 
ocorre nas pessoas ou grupos da coletividade, o processo biológico de desgaste e 
reprodução, destacando como momentos particulares a presença de um 
funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular 
das atividades cotidianas, isto é, o surgimento de doença ou incapacidade. 
 
Fonte: Disponív el no google imagens, 2021. 
 
Fique atento: 
Sua Saúde é o seu maior 
bem. Prevenir é melhor do 
que remediar! 
Fonte: Elaboração da Autora, 2021. Modelo de estruturação de assistência nos serviços de 
saúde. 
 
 
22 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Hipócrates na obra “Tratado do prognóstico e aforismos” (século V)8 trouxe a teoria 
– à época revolucionária - de que o médico poderia predizer a evolução de uma 
doença mediante a observação de um número suficiente de casos. Ressaltou que 
para se fazer uma correta investigação das doenças, era necessário o 
conhecimento das peculiaridades de cada lugar, e a observação da regularidade 
das doenças num contexto populacional. Esses pressupostos são, até hoje, uma 
das principais características da epidemiologia. 
As abordagens frente ao processo saúde-doença se diferenciam quanto ao perfil 
do “objeto de investigação” (paciente ou comunidade/população) e das 
peculiaridades inerentes, conforme pode se nota no Quadro 01 abaixo: 
 
Quadro 01: Abordagens utilizadas na investigação do processo saúde-doença. 
TIPOS ABORDAGEM DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
DIAGNÓSTICO 
CLINICA EPIDEMIOLÓGICA 
Individual. Coletivo / populações. 
 
INFORMAÇÕES 
ANALISADAS 
 
Exame físico, exames 
laboratoriais e de 
imagem e história 
clínica do indivíduo. 
 
Dados populacionais 
(primários ou secundários); 
indicadores de saúde; dados 
com referência de tempo, 
espaço geográficos e 
variáveis associadas,etc. 
OBJETIVOS DAS 
INTERVENÇÕES 
Curar, controlar ou 
prevenir o agravo 
presente na pessoa. 
Mitigar ou controlar fatores 
de risco para a 
comunidade/coletividade; 
 
8
 Veja maiores detalhes em:< http://mitologiaecivilizgrega.blogspot.com/2009/12/hipocrates.html>. 
23 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
melhorar o nível de saúde e 
de vida das populações; 
controlar surtos, epidemias 
ou pandemias, etc. 
INTERVENÇÕES Tratamento e 
reabilitação. 
Programas de Promoção à 
saúde e controle de doença 
(EX; PNI. Hiper DIA - controle 
de hipertensos e diabéticos 
etc). 
MONITORAMENTO Acompanhamento 
clínico individual 
(prevenir a doenças, 
melhorar ou curar a 
condição, ou 
estabilizar a condição). 
Acompanhamento dos 
indicadores de saúde (taxas 
de mortalidade, internações, 
contágio por doenças); 
mudanças nos estados de 
saúde populacionais. 
Fonte: Elaboração pela autora, 2021. 
 
No campo da saúde, a vigilância está relacionada às práticas de atenção e promoção 
da saúde dos cidadãos e aos mecanismos adotados para prevenção de doenças. 
Além disso, integra diversas áreas de conhecimento e aborda diferentes temas, tais 
como política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, 
condições de vida e situação de saúde das populações, ambiente e saúde e processo 
de trabalho. A Vigilância em Saúde organiza-se em torno de 04 (quatro) pilares: 
vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e da saúde do trabalhador. 
A vigilância epidemiológica reconhece as principais doenças de notificação 
compulsória e investiga epidemias que ocorrem em territórios específicos. Além disso, 
age no controle dessas doenças específicas. 
24 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
A vigilância ambiental se dedica às interferências dos ambientes físico, psicológico e 
social na saúde. As ações neste contexto têm privilegiado, por exemplo, o controle da 
água de consumo humano, o controle de resíduos e o controle de vetores de 
transmissão de doenças – especialmente insetos e roedores. 
As ações de vigilância sanitária dirigem-se, geralmente, ao controle de bens, 
produtos e serviços que oferecem riscos à saúde da população, como alimentos, 
produtos de limpeza, cosméticos e medicamentos. Realizam também a fiscalização de 
serviços de interesse da saúde, como escolas, hospitais, clubes, academias, parques 
e centros comerciais, e ainda inspecionam os processos produtivos que podem pôr em 
riscos e causar danos ao trabalhador e ao meio ambiente. 
Já a área de saúde do trabalhador realiza estudos, ações de prevenção, assistência 
e vigilância aos agravos à saúde relacionados ao trabalho. 
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde tem a competência de realizar ações 
de vigilância, prevenção e controle de doenças transmissíveis, incluindo ações de 
vigilância da saúde das populações.9 
A COVID-19 vem exigindo uma forte organização dos serviços de saúde, 
especialmente na seara de vigilância epidemiológica através da reorganização dos 
processos de trabalho para atender eficazmente os casos, encaminhar ao nível de 
complexidade de cuidado exigido além de mitigar a cadeia de contágio protegendo 
trabalhadores, transeuntes e outros pacientes à contaminação da doença. 
Todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de 
saúde, estão expostos aos riscos relacionados ao ambiente de assistência. O risco de 
exposição varia de acordo com a categoria profissional, a atividade realizada ou o 
setor de atuação nos serviços de saúde. 
As imagens a seguir, expostas na figura 05, demonstram exemplos de estratégias 
implementadas para a vigilância epidemiológica em saúde. 
Figura 05: Exemplos práticos de estratégias utilizadas para gerenciamento 
epidemiológico. 
 
9
 Veja mais detalhes e informações na obra do Ministério da Saúde: Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. 
Disponível em:<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_vigilancia_saude.pdf.>. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_vigilancia_saude.pdf
25 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
Continuação da Figura 05: Exemplos práticos de estratégias utilizadas para 
gerenciamento epidemiológico. 
 
 
Variáveis epidemiológicas de investigação em saúde: sóciodemogáficas (sexo, idade, 
raça, cor da pele); tipo de evento (código de doença - CID), etc. 
26 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
NOTA: A demonstração das informações epidemiológicas permite a comparabilidade entre os serviços de saúde e a 
contingência em casos de emergências sanitárias – como é o caso da atual Pandemia do novo Coronavírus. Esses aspectos 
são imprescindíveis para o desenvolvimento e performance dos programas de atenção à saúde coletiva. 
 
 
Fonte: Informações extraídas do site da vigilância em saúde da Secretaria de Saúde do Estado de 
Minas Gerais. Variáveis e layout em Dashboard (Óbitos não fetais: dados sóciodemograficos; 
COVID-19). Veja mais em: < 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiNTU3MjRiYWYtMWY2YS00N2YxLTk2YjgtYTE3MDVlNGI0
NGEzIiwidCI6Ijg3ZTRkYTJiLTgyZGYtNDhmNi05MTU3LTY5YzNjYTYwMGRmMiIsImMiOjR9&page
Name=ReportSection3502a3bc9513457c2b19>. Veja também no site: 
https://coronavirus.saude.mg.gov.br/painel. 
 
 
 
 
 
 
 
https://coronavirus.saude.mg.gov.br/painel
27 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme apresentado nos capítulos anteriores, as informações que amparam a 
ciência e ferramentas da epidemiologia são oriundas de métodos e técnicas de 
três áreas principais de conhecimento: Estatística, Ciências da Saúde e Ciências 
Sociais. 
A Bioestatística corresponde às bases da estatística que são aplicadas às ciências 
biológicas e da saúde. Ela é um dos saberes pilares da epidemiologia que se 
desenvolveu de forma expressiva no século XIX, tendo sido impulsionada pelo 
aumento da expectativa de vida ocorrida em todos os países do mundo e pela melhora 
nas condições de saúde das populações (SOARES e SIQUEIRA,2020). Por meio da 
inferência estatística é possível tomar decisões sobre uma população, baseando-se 
apenas na informação contida em uma amostra aleatória da população de interesse. 
Para melhor compreensão, são apresentados nesse capítulo alguns conceitos da 
Bioestatística que são fundamentais e amparam as investigações epidemiológicas na 
saúde. 
 
Variáveis de análise10 
Entende-se por variável uma característica de interesse que é medida em cada 
elemento da amostra ou população de um determinado segmento (pessoas, objetos, 
animais, etc). As variáveis se distinguem entre si levando em consideração o elemento 
 
10
 O conjunto de valores de uma característica associada a uma coleção de indivíduos ou objetos de 
interesse é dito ser uma população 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Princípios de Bioestatística 
aplicados à Epidemiologia 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS DE 
EPIDEMIOLOGIA APLICADOS 
AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
28 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
de análise, e, neste sentido, seus resultados variam e podem corresponder a “valores 
numéricos” e “valores não numéricos”. 
De forma objetiva, as variáveis podem ser classificadas em quantitativas e qualitativas, 
e sobre estas categorias, incidem subcategorias, a saber: 
● Variáveis quantitativas: são as características que podem ser medidas em 
uma escala quantitativa, ou seja, apresentam valores numéricosque fazem 
sentido. Podem ser contínuas (apresentam valores fracionados, ou 
aproximados, como exemplo os valores do peso, altura, pressão arterial, etc.) 
ou discretas (o resultado da contagem é um número absoluto, como exemplo 
número de consultas/atendimentos ao mês, número de filhos, etc). 
● Variáveis Qualitativas (ou categóricas): são as características que não 
possuem valores quantitativos, mas, ao contrário, são definidas por várias 
categorias, ou seja, representam uma classificação dos indivíduos. Podem ser 
nominais ou ordinais. No primeiro caso (nominais) não há uma ordenação 
entre as categorias, e o resultado comumente é um nome. Pode-se citar como 
exemplos desse tipo de variável: sexo (feminino ou masculino), cor dos olhos, 
fumante/não fumante, doente/sadio, etc). 
● Já as variáveis categóricas ordinais expressam uma ordenação entre as 
categorias. Exemplos: escolaridade (Fundamental, Ensino Médio e 3° graus), 
valores de intervalo de exames (glicemia em jejum entre 60 a 99 mg/dl – 
normal; entre 99 a 119 mg/dl – valor alterado; > 119 mg/dl – investigar Diabetes 
Mellitus); estágio da doença (inicial, intermediário, terminal), mês de 
observação (março, abril maio), etc. 
A seguir são apresentados exemplo de variáveis utilizadas em algumas análises 
epidemiológicas e suas respectivas classificações: 
 - Variáveis Quantitativas: 
a) Quantitativa discreta: 
● N° de exames positivos confirmados para COVID-19 ao dia / semana e 
mês; 
● N° de licenças de militares da ativa (ao dia/ semana / mês), 
homologadas na Unidade de Saúde (Exemplo: Núcleo de Assistência à 
29 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Integral de Saúde - NAIS - de referência), relacionadas a resultados 
positivos do exame RT – PCR11 para COVID-19. 
 
b) Quantitativa contínua: 
● Média de dias de afastamento entre os policiais militares da ativa, 
notificados como casos positivos para COVID-19 (4,0 dias 5,8 dias, 8,5 
dias, etc); 
● Média de internações ao mês entre os trabalhadores de uma Unidade, 
para tratamento de sintomas da síndrome SARS – Cov2 (COVID-19). 
 
 - Variáveis Qualitativas 
a) Qualitativa nominal: 
● Sexo de maior incidência e prevalência entre os que apresentaram 
resultados positivos para COVID-19. 
● Estado civil, 
● Cor da pele auto referida; 
● Posto/graduação do policial militar acometido pela doença, etc. 
 
b) Qualitativa ordinal: 
● Faixa de idade de maior prevalência de casos positivos para COVID-19 entre os 
militares da ativa da PMMG (20 a 29 anos / 30 a 39 anos / 40 a 49 anos / 50 a 
59 anos / acima de 60 anos). 
● Distribuição de casos positivos entre as comorbidades crônicas pré-existentes 
(Doenças Cardiovasculares, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes 
Melitus, Obesidade, Neoplasias, Doenças Pulmonares Crônicas, 
Imunossupressão, Outras). 
 
 
11
 O teste molecular (RT-PCR) permite a identificação direta do vírus através da pesquisa do material 
genético viral em amostras do aparelho respiratório. 
É o método diagnóstico de escolha com maior validação no mundo e com ampla disponibilidade em 
Minas Gerais, por se tratar de padrão-ouro na identificação do vírus. 
 
30 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Uma variável originalmente quantitativa pode ser coletada de forma qualitativa. 
Por exemplo, a variável idade que é medida em anos completos é do tipo quantitativa 
discreta (10 anos); mas, se for informada apenas a faixa etária (0 a 5 anos, 6 a 10 
anos, etc.), esta variável será classificada como qualitativa (ordinal). Outro 
exemplo é o peso dos pacientes - uma variável quantitativa contínua se 
trabalhamos com o valor obtido na balança (Ex: 90,5 Kg), mas pode se tornar uma 
variável qualitativa (ordinal) se os pacientes forem avaliados por faixas de pesos - 
exemplo dos lutadores de artes marciais: peso-pena, peso-leve, peso-pesado, etc. 
Outro ponto importante é que nem sempre uma variável representada por números é 
quantitativa. O número do telefone de uma pessoa, o número da casa, o número de 
sua identidade. Às vezes o sexo do indivíduo é registrado na planilha de dados como 1 
se masculino e 2 se feminino, por exemplo. Isto não significa que a variável sexo 
passou a ser quantitativa. 
 
Distribuição de frequências de uma variável 
 
Para melhor compreensão das variáveis e as informações que elas carregam, é 
necessário conhecer a distribuição de frequência por meio das possíveis realizações 
(dados) que se pretende analisar. 
A Frequência Absoluta (ni) é definida como o número ou contagem de observações 
para cada variável em um conjunto de dados. Já a Frequência Relativa ou proporção 
(fi) é definida como a proporção de cada realização em relação ao Total de 
observações. 
A representação gráfica da distribuição de frequências de uma variável contínua é feita 
através de um gráfico chamado histograma – um tipo de gráfico de barras verticais, 
constituído de barras unidas, devido ao caráter contínuo dos valores da variável. Outra 
aplicabilidade deste perfil de gráficos é apresentação dos valores por agrupamentos 
(faixas de idade, faixas de valores de referência em alguns exames da saúde, faixas 
de peso, etc). A figura 06 adiante apresenta alguns exemplos de gráficos com dados 
epidemiológicos nestas categorias de variáveis. 
31 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
Figura 06: Dados epidemiológicos apresentados por meio de frequências . 
 
Frequência absoluta (n° de ocorrências de uma determinada 
variável ) 
Frequência relativa (proporção que de uma 
determinada variável ) 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SES. Secretaria de Vigilância à Saúde. Dashboard Coronavírus. Disponível :< https://coronavirus.saude.mg.gov.br/painel 
>. Acesso em 20 de julho de 2021. Para informações e fonte da última imagem (gráfic de histograma), acessar: < 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Histograma >. 
 
 
 
 
32 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Medidas de Tendência Central (MTC) 
As MTC correspondem a formas de caracterizar um conjunto de dados. Dentre as 
medidas de tendência central, a média e a mediana são amplamente utilizadas para a 
descrição do conjunto de dados. No entanto, cada uma dessas medidas possui 
vantagens e desvantagens. 
 
✔ MÉDIA 
Corresponde à medida de tendência central que representa o centro da gravidade no 
conjunto de dados (SOARES e SIQUEIRA, 2020). Para seu cálculo deve-se incorporar 
(somar) o valor de cada participante, “caso” ou atributo da variável e dividir pelo 
número total de eventos da amostra (“n”) ou população (“N”) de interesse. Portanto, a 
média leva em consideração os valores de todos os indivíduos ou variáveis que são 
observadas. 
 - Vantagens do uso da Média como medida de tendência central (MTC): 
● Seu cálculo leva em consideração os valores de todos indivíduos/variáveis 
estudados; 
● É mais facilmente compreendida pelos leitores e pesquisadores. 
 
 - Desvantagens da Média como medida de tendência central (MTC): 
● É influenciada por valores extremos (outliers); 
● Só deve ser utilizada quando a distribuição dos dados for simétrica (normal ou 
Gaussiana). 
 
✔ MEDIANA 
A Mediana representa o valor que divide o conjunto de dados ao meio. Isto é, pelo 
menos 50% dos dados da amostra estão acima do valor da mediana e os 50% 
restantes estão abaixo desse valor. 
33 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Para realizar o cálculo da Mediana deve-se: 
● Colocando os dados em ordem crescente; 
● Se o número de observações for ímpar, deve-se identificar o valor que divide 
os dados em duas partes iguais; 
● Já, se o número de observações for par, para calcular a mediana deve-se 
identificar os dois valores centrais, soma-los e dividir por 2 (dois). 
 
 - Vantagens do uso da Mediana como medidade tendência central (MTC): 
● Não sofre influência de valores extremos; 
● Pode se manter inalterada ainda que haja alguma variação entre os valores de 
determinada amostra; 
● É utilizada especialmente para distribuições assimétricas, nas quais 
representa de forma mais confiável o ponto onde se encontra a maioria dos 
valores de um conjunto de dados. 
 
 - Desvantagens da Mediana como medida de tendência central (MTC): 
● Por não ser tão frequentemente usada, especialmente na linguagem de 
artigos da saúde, ainda não é bem compreendida por muitos leitores; 
● Não é levada em consideração na maior parte dos cálculos dos testes 
estatísticos. 
 
✔ MODA 
Sua utilização é pouco usual, e serve apenas para demonstrar qual o valor ou 
atributo mais frequente (que mais se repete) em um conjunto de dados. 
 
 
34 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
✔ APLICAÇÕES PRÁTICAS DO USO DA MÉDIA, MEDIANA E DA MODA 
Considere a seguinte situação hipotética: 
Número de dias de afastamento por homologações (casos) de licenças com CID´s 
relacionados ao COVID-19, entre os militares da ativa da PMMG ao dia “X”, conforme 
pode ser observado na tabela 01 adiante: 
 
Tabela 01: N° de dias de afastamento por licenças de militares da ativa, homologadas 
no dia 25 de junho de 2020 
Homologações de licenças relacionadas a adoecimento, dentre os militares da Ativa, 
ao Dia 
TOTAL 
 A B C D E F G 07 militares 
Nº de dias de 
afastamento 
3 4 5 7 7 10 14 50 dias 
Nota: dados meramente hipotéticos, não alusivos a qualquer correlação entre indivíduos. Não há 
possibilidade de identificação de sujeitos. 
 
No exemplo supramencionado teremos os seguintes resultados para as medidas de 
tendência central: 
*Média: A soma de todos os dias de afastamento concedidos a cada um dos 
indivíduos da amostra (50 dias) dividido pelo n° de indivíduos que se licenciaram (07), 
ou seja: 50 /07. 
(Média) Ʃ = 7,14 dias de afastamento do trabalho por algum CID -10 que esteja 
relacionado ao COVID-19. 
*Mediana: É o n° 07 (sete) pois é o n° que divide a amostra em 2 partes iguais. 
Note que, caso os dados não estivem no padrão crescente de organização, seria 
necessário fazê-lo. 
 
35 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
3 4 5 7 7 10 14 
 
 
 
 
 
*OBS: no exemplo citado observamos que o valor da média é – ainda que sutilmente - 
superior (7,14) ao valor da mediana (7) e da moda (7). Neste caso, temos uma 
distribuição assimétrica para a Direita, e, portanto, o uso da mediana seria mais 
apropriado ou confiável em comparação à média para as análises desejadas, vez que 
não sofre interferência de valores extremos. 
Se a distribuição das variáveis ocorresse em número par, vejamos como seria: 
3 4 5 7 8 10 12 14 
 
 
 
 
Neste exemplo temos como mediana o valor = 7 + 8 / 2 = 7,5. 
 
*Moda: Temos uma amostra uni modal, com a moda equivalente ao número 07, ou 
seja, 07 dias de afastamento (considerando os valores da tabela 01) por algum CID -
10 que esteja relacionado ao COVID-19. 
 
 
Valores antes da mediana Valores após a mediana 
 
 
 
Variáveis hipotéticas 
acrescentadas 
Em caso de distribuição amostral 
de “numeração par” a mediana 
corresponde à média dos 02 
valores centrais 
36 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Medidas de dispersão 
As medidas de dispersão descrevem o quanto os dados estão espaçados ou distantes 
em torno das medidas de tendência central (SOARES e SIQUEIRA,2020). Isto é, 
expressam a variabilidade e dispersão dos dados. Elas são utilizadas para as variáveis 
quantitativas contínuas. 
Correspondem às mensurações da amplitude, desvio padrão e variância – 
amplamente usadas para determinar o grau de variação dos números de uma lista 
com relação à média. 
 
✔ AMPLITUDE 
A amplitude de um conjunto, em Bioestatística, é estabelecida mediante a diferença 
entre o maior elemento desse conjunto e o menor. Em outras palavras, para encontrar 
a amplitude de uma lista de números, basta subtrair o menor elemento do maior. 
Essa medida pode ser utilizada para verificar se um conjunto de dados está estável ou 
não, isto é, as “distâncias” entre as suas variações são menores ou maiores. 
Amplitudes muito elevadas mostram uma grande variação entre os limites do conjunto 
de dados, enquanto menores amplitudes indicam um equilíbrio (tendência a um 
parâmetro de normalidade ou distribuição sem grandes variações) no conjunto de 
dados. 
A amplitude corresponde à diferença entre o valor máximo e o valor mínimo de uma 
série de dados. Vejamos seu cálculo no exemplo a seguir: 
Exemplo A: Consideremos os conjuntos de observações, relacionadas ao número de 
dias de internações de pacientes idosos, em Enfermarias de 02 hospitais distintos, 
conforme apresentado no quadro a seguir: 
Hospital A Hospital B 
Nº de dias de internação Nº de dias de internação 
21 24 27 30 33 15 24 29 32 35 
Média amostral = 27 dias de internação Média amostra l = 27 dias de internação 
37 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
A partir dos resultados podemos dizer que o grupo de pacientes internados 
observados no Hospital A corresponde à uma amplitude menor, isto é, houve menos 
variação dos dados. 
Gráficos de histograma e de colunas para visualização da distribuição das amostras 
 
 
Fonte: elaboração pela autora. Dados hipotéticos, 2021. 
 
21 
24 
27 
30 
33 
0
10
20
30
40
1 2 3 4 5
D
IA
S
 D
E
 I
N
T
E
R
N
A
Ç
Ã
O
 
AMOSTRA DE PACIENTES 
 
Di s tr i b ui ção (n i ) dos di as de i nternação 
de pc i entes i dosos no Hospi tal "A" 
(n=5) . 
15 
24 
29 
32 
35 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 2 3 4 5
D
IA
S
 D
E
 I
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T
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R
N
A
Ç
Ã
O
 
AMOSTRA DE PACIENTES 
Di s tr i b ui ção ( n i ) dos di as de i nternação 
de pc i entes i dosos no Hospi tal "B" 
(n=5) . 
21 
24 
27 
30 
33 
15 
24 
29 
32 
35 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 2 3 4 5
N
º 
D
E 
D
IA
S 
D
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IN
TE
R
N
A
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O
 
PACIENTES OBSERVADOS 
Com paração entre as n i corre la tas aos d ias de in ternações 
de apcientes idosos em dois hospi ta is (A e B) (n a=5/nb=5 ). 
Hospital A Hospital B Linear (Hospital A) Linear (Hospital B)
38 
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✔ DESVIO PADRÃO (DP – S ou ) 
O desvio padrão é uma medida que expressa o grau de dispersão de um conjunto de 
dados ou variáveis. Isto é, indica o quanto um conjunto de uma amostra ou população 
está uniforme. Quanto mais próximo de 0 for o desvio padrão, mais homogêneo são 
os dados. 
Um elevado desvio padrão significa que os valores amostrais estão distribuídos em 
torno da média e tendem estar mais distante da mesma, enquanto que um desvio 
padrão pequeno indica que as variáveis analisadas estão condensadas próximas à 
média. Sumariamente pode-se dizer que quanto menor o desvio padrão, mais 
homogênea é a amostra e a chance de encontrarmos atributos nesta amostra que 
sejam bem próximos à realidade da população é grande. 
A fórmula para o cálculo de DP (S) é: 
 
Onde: valor individual = xi / média amostral = x / número de amostras (participantes 
observados) = n 
Ao aplicamos a fórmula com os dados do Exemplo A, obtemos o seguinte resultado: 
 
Desvio Padrão da amostra A: 
S (A)2 = √ – – – – – = 
(5 – 1) 
S (A) = √ = √ 
 
 4 4 
 √ 
 
 
 
39 
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Desvio Padrão da amostra B: 
S (A)2 = √ – –– – – = 
(5 – 1) 
S (A) = √ = √ 
 
 4 4 
 √ 
 
 
 
✔ VARIÂNCIA 
As medidas de variação medem a tendência de distribuição de um conjunto de valores 
em torno de um valor central que, geralmente, é a média. Portanto, as tendências 
centrais podem não ser suficientes na descrição e discriminação de diferentes 
conjuntos de dados. Consideremos ainda o Exemplo A: 
 
Hospital A Hospital B 
Nº de dias de internação Nº de dias de internação 
21 24 27 30 33 15 24 29 32 35 
Média amostral = 27 dias de internação Média amostra l = 27 dias de internação 
 
Neste exemplo hipotético verifica-se que os 02 hospitais apresentaram a mesma média 
[ (A)  ( B )] = 27 dias de internações . A despeito disso, as médias não são capazes 
de demonstrar as variações na distribuição dos dias de internações (variável analisada) 
em cada grupo. Isto é, pesar de obterem as mesmas médias, há também diferentes 
distribuições – variabilidades - entre os conjuntos de dados. Por isso, é conveniente criar 
uma medida que sintetize a variabilidade de uma série de valores e que nos permita 
comparar conjuntos diferentes de valores. 
40 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
A variância é a medida de dispersão mais frequentemente utilizada demonstrar a 
variabilidade de uma série de valores/dados/variáveis coletadas, pois é capaz de medir a 
concentração dos mesmos em torno de sua média. 
 
 
Fórmula da Variância ( ): 
A variância amostral ( ) de um conjunto mede o desvio médio dos valores individuais 
em relação à média e pode ser obtida através da soma dos quadrados dos desvios em 
relação à média (xi - )
2, dividido pelo valor de observações menos 1 (n-1) - “n” é o 
número de elementos do conjunto. Embora possa parecer complexa, a variância é 
calculada de maneira simples: 
 
 
 
 
 
- Voltando ao exemplo: 
Hospital A Hospital B 
21 24 27 30 33 15 24 29 32 35 
Média amostral = 27 dias de internação Média amostral = 27 dias de internação 
 
 (A) = (21 – 27) 2 + (24 – 27) 2 + (27 – 27) 2 + (30– 27) 2 + (33 –27)2 = (6) 2 + (3) 2 + (0) 2 + (3) 2 = (6) 2 
 
(5 – 1) 4 
(36+ 9+0+9+36) = 90 
 
41 
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4 4 
 (A) = 22,5 dias 
 
 
 (B) = (15 –27) 2 + (24 – 27) 2 + (29 – 27) 2 + (32– 27) 2 + (35 –27)2 = (12) 2 + (3) 2 + (2) 2 + (5) 2 = (7) 2 
(5 – 1) 4 
144+ 9+4+25+49) = 231 
 
4 4 
 (B) = 57,75 dias 
 
A partir dos resultados podemos dizer que o grupo de pacientes internados 
observados no Hospital A é mais homogêneo em comparação ao Hospital B. 
 
- Como interpretar os resultados? 
 
No exemplo hipotético, nota-se que apesar das médias de internações terem sido 
iguais, a variabilidade na distribuição dos dias de internação nos 05 (cinco) casos 
observados foi diferente entre os 02 (dois) hospitais. Ou seja, os resultados nos 
possibilitam dizer que o Hospital A obteve menor variação dos dias de internação. Isso 
pode estar associado a inúmeros fatores que são objeto da investigação 
epidemiológica, tais como: 
a) Os pacientes pertenciam a grupos de diagnósticos diferentes, e não 
padronizados em ambas observações, o que pode ter interferido; 
b) A idade do paciente e a consequente média pode interferir no prolongamento 
da internação, pois, ora, a depender da fragilidade ou condição clínica, os mais 
longevos teriam mais dificuldade para se reabilitar e receber a alta; 
42 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
c) A estrutura hospitalar (número e tipo de profissionais disponíveis para o 
cuidado; presença de protocolos clínicos e assistenciais para tratamento de 
determinados grupos de doentes), etc. 
 
 
✔ COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 
 
O coeficiente de variação é usado para expressar a variabilidade dos dados 
estatísticos excluindo a influência da ordem de grandeza da variável. Em resumo esta 
estimativa pode ser utilizada para identificar se um desvio-padrão é pequeno ou 
grande – e isso depende da ordem de grandeza da variável analisada. 
O CV é interpretado como a variabilidade dos dados em relação à média. Quanto 
menor o seu resultado, mais homogênea é a amostra ou conjunto de dados. Trata-se 
de um valor que assume o mesmo caráter do atributo que é mensurado na média. Por 
exemplo: seu cálculo será positivo se a média for positiva; será zero quando não 
houver variabilidade entre os dados e, negativo se a média for negativa. Usualmente é 
expresso em porcentagem (%), indicando o percentual que o desvio padrão é 
menor ou maior do que a média. 
- Fórmula da Variância ( ): 
 
 
 
 
Aplicando a fórmula às amostras A e B do mesmo exemplo: 
CVA= 4,74 CVA = 17,55% CVB = 7,56 CVB= 28,00% 
 27 27 
 
Perguntas para refletir: Qual CV foi maior? O que isso significa? 
 
43 
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✔ OUTRAS APLICAÇÕES DAS MEDIDAS DE DISPERSÃO 
Veja a interpretação desses estimadores considerando o exemplo das amostras A e B 
a seguir: 
 - Amostra A 
Tabela da amostra A: N° de dias de afastamento por licenças de militares da ativa, na Unidade “X”, 
homologadas no dia 25 de maio de 2020. 
Militares com Homologações ao Dia TOTAL 
 A B C D E F G H 08 mi l i tares 
Nº de dias de 
afastamento 
3 4 7 11 13 14 14 17 83 dias 
Nota: dados meramente hipotéticos, não alusivos a qualquer correlação entre indivíduos. 
 
Média= 83 / 08 = 10,37 dias. Considerado valor aproximado: Média = 10 dias. 
Para calcular o Desvio Padrão (S) é necessário aplicar os valores encontrados 
na fórmula: 
 
Onde: valor individual = xi / média amostral = / número de amostras (participantes 
observados) = n 
Tem-se: 
S = (3 – 10)
2 
+(4 – 10)
2 
+ 
 
(7– 10)
2 
+
 
(11– 10)
2 
+
 
(13– 10)
2 
+
 
(14– 10)
2 
+
 
(14– 10)
2 
+
 
(17– 10)
2 
(8-1) 
S = (-7)
2 
+(- 6)
2 
+ 
 
(– 3)
2 
+
 
(1)
2 
+
 
(3)
2 
+
 
(4)
2 
+
 
(4)
2 
+
 
(7)
2 
(8-1)
 
S = 49
 
+ 36 
 
+9
 
+
 
1
 
+
 
9
 
+16
 
+
 
16
 
+
 
49 = S = 185 / 7 = 26,42
 
44 
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 √ 
 
● Grupo A: Média = 10 dias (DP = + 5,14 dias). 
● Desvio Padrão (S) = 5,14 dias 
● Variância = (5,14) 2 = 26,42 
● Coeficiente de Variação = 5,14 / 10 = 0,51 
 
Amostra B 
Tabela da amostra B: N° de dias de afastamento por licenças de militares da ativa, na Unidade “Y”, 
homologadas no dia 25 de maio de 2020. 
Militares com Homologações ao Dia TOTAL 
 A B C D E F G H 08 militares 
Nº de dias de 
afastamento 
4 6 6 8 10 14 15 18 50 dias 
Nota: dados meramente hipotéticos, não alusivos a qualquer corre lação entre indivíduos. 
 
Média = 81 dias / 8 (n) = 10,12 ------ Média = 10 dias. 
 
Desvio Padrão (S): 
(4 – 10)
2 
+(6 – 10)
2 
+ 
 
(6– 10)
2 
+
 
(8– 10)
2 
+
 
(10– 10)
2 
+
 
(14– 10)
2 
+
 
(15– 10)
2 
+
 
(18– 10)
2 
(8-1) 
S = (-6)
2 
+(- 4)
2 
+ 
 
(– 4)
2 
+
 
(-2)
2 
+
 
(0)
2 
+
 
(4)
2 
+
 
(5)
2 
+
 
(8)
2 
(8-1)
 
S = 36
 
+ 16 
 
+16
 
+
 
4
 
+
 
0
 
+16+
 
25
 
+
 
64 = S = 177 / 7 = 25,28
 
 √ 
 
 
45 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
● Grupo B: Média = 10 dias (DP = + 5,02 dias). 
● S = 5,02. 
● Variância = (5,02) 2 = 25,28. 
● Coeficiente de Variação = 5,02 / 10 = 0,50 
 
- Interpretação dos dados: 
Nota-se nos exemplos em questão que a dispersão dos dados a partir da média foi 
considerável, para ambas as amostras (S = 5,14 dias e S = 5,02 dias). Isto é, em 
ambos osgrupos observados, encontrou-se uma mesma média (10 dias) de 
afastamento relacionado aos grupos de CID´s para COVID-19, mas com variabilidade 
distinta partir da média entre os grupos (Grupo B discretamente menos heterogêneo 
em comparação ao grupo A). 
Como o desvio padrão demonstra o quão confiável é o valor a partir da média, e, neste 
caso, houve um elevado desvio padrão, pode-se inferir que ambas as amostras são 
bem heterogêneas, mas entre elas, a que representa maior dispersão dos dados é o 
grupo “A”. 
O Coeficiente de Variação também demostra de forma mais sensível a variabilidade 
dos dados, excluindo-se a influência da ordem de grandeza entre as amostras. 
Reforça a heterogeneidade da amostra, havendo, portanto, uma elevada dispersão 
entre os resultados observados nos indivíduos de cada grupo, mas sendo ligeiramente 
(1%) maior no grupo “A”. 
Tipos de amostras 
 
As análises de dados da saúde são subsidiadas por conceitos da Bioestatística que 
envolvem especialmente aspectos sobre as formas de amostragem. Neste sentido, 
não basta que saibamos descrever convenientemente os dados de uma amostra e que 
dominemos perfeitamente as técnicas estatísticas para que possamos executar, com 
êxito, um trabalho estatístico completo. (SOARES e SIQUEIRA,2020). Inicialmente é 
46 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
preciso garantir que a amostra ou amostras que serão utilizadas sejam obtidas por 
processos adequados. 
Se erros forem cometidos durante a amostragem da população – seleção dos 
elementos da amostra -, provavelmente os resultados finais serão incorretos. Deve-se, 
portanto, tomar especial cuidado quanto aos critérios que serão usados na seleção da 
amostra. 
Os problemas de amostragem podem ser mais ou menos complexos, a depender das 
populações e das variáveis que se deseja estudar. Como exemplo, pode-se citar os 
processos industriais e empresariais, amostras são frequentemente retiradas para 
efeito de controle da qualidade dos produtos e materiais. Neste caso, problemas de 
amostragem são mais simples de resolver. Por outro lado, em pesquisas das áreas da 
saúde, ciências sociais, econômicas ou de opinião, a complexidade dos problemas de 
amostragem é normalmente grande. 
É necessário garantir que a amostra seja representativa da população a ser estudada. 
Isso significa que, a menos de certas discrepâncias inerentes à aleatoriedade - sempre 
presente em maior ou menor grau -, a amostra deve possuir as mesmas 
características gerais encontradas na população. Ou seja, por meio dos resultados da 
amostra, e através de uma metodologia de amostragem adequada, controle de erros 
sistemáticos (vieses), é possível generalizar dados daquela amostra para a população 
à qual ela se vincula – pressuposto da chamada “inferência estatística”. 
A obtenção de soluções adequadas para o problema de amostragem exige, em geral, 
muito bom senso e experiência. Além disso, muitas vezes torna-se conveniente que o 
trabalho do estatístico seja complementado pelo do pesquisador, epidemiologista ou 
especialista da área investigada. 
 
 
 
 
47 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
População x Amostra 
 
 
População: Conjunto de objetos que apresenta, ao menos, uma característica em comum. 
Amostra: Parte da população. A principal característica de uma amostra é sua 
representatividade da população. 
Unidade amostral: Varia em função do interesse da pesquisa. Em Psicologia, quase 
sempre é um indivíduo, mas é possível ser uma família, uma empresa, etc. 
Característica populacional: Aspecto de interesse a ser acessado ou medido. 
Censo: Pesquisa em que todos os elementos da população são acessados. 
Erro amostral: Diferença entre o resultado obtido na amostra e o valor verdadeiro 
populacional. 
Distribuição Amostral 
É a distribuição de probabilidades associada à estatística, considerando todas as amostras 
possíveis, de mesmo tamanho, colhidas da mesma população, mas de forma independente. 
48 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
Teorema do Limite Central (TLC) 
Essa teoria é utilizada para explicar a tendência da 
distribuição amostral das médias das amostras. 
Neste caso, a distribuição das médias em distintas 
amostras, tende a se tornar mais próxima (ou normal) 
em relação à média da população que se estuda. Desta 
forma, o gráfico com os valores das médias 
encontradas nas várias amostras, terá formato de 
“sino” (curva simétrica em torno do seu ponto 
médio). Essa aproximação melhora à medida que 
aumentamos o tamanho das amostras aleatórias - 
utilizadas para produzir a distribuição amostral. 
Distribuição normal (também conhecida como 
distribuição gaussiana). 
 
 
Fonte: Elaboração da autora, 2021. Imagens extra ída do s i te: google imagens . 
 
 
Conceitos importantes para a análise da Distribuição Amostral 
✔ Lei dos grandes números: 
 Selecione observações ao acaso de qualquer população com média µ. À medida que o 
número de observações selecionadas aumenta, a média da amostra se aproxima cada vez 
mais da média populacional; 
✔ Características das Distribuições Normais: 
▪ Forma simétrica ou de “sino”. 
▪ Média e mediana (podendo também a moda) são iguais; localizadas no centro da 
distribuição. 
▪ Aproximadamente 68% dos dados estão dentro do intervalo de valores de 01 (um) 
desvio padrão da média. 
▪ Aproximadamente 95% dos dados estão dentro do intervalo de valores de 02 (dois) 
desvios padrão da média. 
▪ Aproximadamente 99,7% dos dados estão dentro do intervalo de valores de 3 (três) 
49 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
desvios padrão da média. 
 
Fonte: Elaboração da autora, 2021. Imagens extra ída do s i te: google imagens . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Porque amostrar uma população? 
Natureza particular de certos testes (tempo de validade, necessidade de 
repetição da aplicação); 
A impossibilidade física de checar todos os itens na população; 
O custo de estudar todos os itens em uma população é frequentemente 
proibitivo (elevado tempo e contingente de indivíduos para a coleta de 
dados); 
Muitas vezes as estimativas baseadas em uma amostra são mais precisas 
do que os resultados obtidos através de um levantamento censitário (em 
toda a população); 
Tempo muito elevado para a apuração de resultados em censos. 
50 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
 
- Amostragem probabilística 
 
Há dois tipos de amostragem: a PROBABILISTICA e a NÃO PROBABILÍSTICA. A 
amostragem será probabilística se todos os elementos da população tiverem 
probabilidade conhecida - e diferente de zero - de pertencer à amostra; do contrário, a 
amostragem será não probabilística. 
Segundo essa definição, a amostragem probabilística implica um sorteio com regras 
bem determinadas, cuja realização só será possível se a população for finita e 
totalmente acessível. Embora as técnicas de inferência estatística pressuponham que 
as amostras utilizadas sejam probabilísticas, muitas vezes isso não é possível por 
inúmeras razões (recusa de participação na pesquisa, perda da variável observada ao 
longo da pesquisa – a exemplo de impossibilidades clínicas ou óbito do paciente; etc.). 
A utilização de uma amostragem probabilística deve garantir a representatividade da 
amostra, pois o “acaso” será o único responsável por eventuais discrepâncias entre 
população e amostra, o que é levado em consideração pelos métodos de análise da 
Estatística Indutiva (ou Inferência Estatística). 
A seguir são descritas algumas das principais técnicas de amostragem probabilística. 
 
 
 - Amostragem Probabilística Aleatória Simples (AAS) 
 
Esse tipo de amostragem, também chamada simples ao acaso, aleatória, casual, 
simples, elementar, randômica, etc., é equivalente a um “sorteio lotérico”. Nela, 
todos os elementos da populaçãotêm igual probabilidade de pertencer à amostra, e 
todas as possíveis amostras têm também igual probabilidade de ocorrer. 
Sendo N o número de elementos da população e n o número de elementos da 
amostra, cada elemento da população tem probabilidade n/N de pertencer à amostra. 
51 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
A essa relação n/N denomina-se fração de amostragem. Por outro lado, sendo a 
amostragem feita sem reposição, a suposição que fazemos em geral, é que existem 
(n) possíveis amostras, todas igualmente prováveis. 
Na prática, a amostragem simples ao acaso (ou aleatória simples) pode ser 
realizada numerando-se a população de 1 a N, sorteando-se, a seguir, por meio de um 
dispositivo aleatório qualquer, “n” números dessa sequência, os quais corresponderão 
aos elementos sorteados para a amostra. Um instrumento útil para realizar esse tipo 
de sorteio é a tabela de números ao acaso. Tal tabela é simplesmente constituída por 
inúmeros dígitos que foram obtidos por algum processo equivalente a um sorteio. 
A chave para uma seleção de amostra adequada na AAS é obter e manter uma lista 
atualizada de todos os indivíduos ou itens a partir dos quais a amostra será extraída. 
Tal lista é conhecida como a estrutura de população (universo) ou simplesmente 
população. A lista da população irá servir como população-alvo, de modo que se 
muitas amostras probabilísticas diferentes forem retiradas desta lista, é de se esperar 
que cada amostra seja a representação em miniatura da população e que ela produza 
estimativas razoáveis de suas características. 
A desvantagem deste método é que se a lista contida na população de interesse for 
inadequada porque certos grupos de indivíduos ou itens na população não foram 
incluídos de forma apropriada, as amostras de probabilidade aleatórias irão apenas 
oferecer estimativas das características da população-alvo (e não da verdadeira 
população), e os resultados sofrerão tendenciosidade. 
Dois métodos básicos poderiam ser utilizados para selecionar a amostra: a 
amostra poderia ser obtida com reposição ou sem reposição da população finita. O 
método aplicado deve ser claramente estabelecido, uma vez que várias formas 
utilizadas posteriormente com o propósito de inferência estatística são dependentes do 
método de seleção. 
Na amostragem com reposição, a chance de que um membro em particular da 
população seja selecionado na primeira retirada (ou sorteio) é de 1/N. 
Independentemente de quem seja selecionado na primeira retirada, informações 
pertinentes são registradas num arquivo principal, e então este cartão/ficha de 
informações do membro sorteado é recolocado na cesta (ou qualquer outro dispositivo 
52 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
que contenha a população - programas de computador, roleta de números, etc). Essa 
é a base da amostragem com reposição. 
Os N cartões na cesta/caixa, programa computacional são então bem 
embaralhados/distribuídos e o segundo cartão/ficha é retirado. Uma vez recolocado o 
primeiro cartão, a chance de seleção de cada membro em particular na segunda 
retirada incluindo aquele primeiro indivíduo, independentemente de ele ter sido 
previamente selecionado é ainda 1/N. Novamente, as informações pertinentes são 
registradas num arquivo principal e o cartão é recolocado para se preparar para a 
terceira retirada. Tal processo é repetido até que n vezes que o tamanho amostral 
desejado seja alcançado. Assim, ao realizar amostragem com reposição, cada 
indivíduo ou item, em cada retirada, terá sempre a mesma chance l/N de ser 
selecionado. 
 
 
A reposição de amostras em pesquisas da saúde 
 
Ao compor amostras com seres humanos, é em geral mais apropriado ter uma 
amostra com pessoas diferentes do que permitir medições repetidas da mesma 
pessoa. Assim sendo, empregaríamos o método de amostragem sem reposição, de 
modo que, uma vez retirado determinado indivíduo, o mesmo não poderia ser 
selecionado novamente. 
Ao fazer amostras sem reposição a chance de que qualquer membro da população 
seja selecionado na primeira retirada da cesta é de 1/N. Quem quer que seja 
selecionado, as informações pertinentes são registradas em um arquivo principal, e 
então o cartão específico é colocado de lado, em vez de recolocado na cesta 
(amostragem sem reposição). Os N-1 cartões remanescentes na cesta são então bem 
embaralhados e o segundo cartão é retirado. 
A chance de qualquer indivíduo não selecionado previamente ser escolhido na 
segunda retirada é agora de 1 sobre N-1 (1/ N-1). Este processo de selecionar um 
cartão, registrar a informação em um arquivo principal, embaralhar os cartões 
53 
Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
remanescentes e então retirar novamente continua até que seja obtida a amostra 
desejada de tamanho n. 
 
- Amostragem Aleatória Sistemática (AAS) 
 
Quando os elementos da população se apresentam ordenados e a retirada dos 
elementos da amostra é feita periodicamente, e sob uma metodologia previamente 
determinada, temos uma amostragem sistemática. Assim, por exemplo, em uma 
clínica de exames laboratoriais, para avaliar a calibração dos resultados de exames 
encontrados, podemos, a cada 10 (dez) exames/laudos realizados, extrair 1 (um) para 
pertencer a uma amostra da análise diária. 
Para melhor compreensão, considere o exemplo: N = 800 (população – total de 
exames realizados ao dia), n (amostras de exames no dia de avaliação) = 40. Em 
seguida é necessário ordenar os valores de 20 em 20 observações, pois ao dividirmos 
a população pela amostra realizada (800/40 = 20), temos uma chance a cada 20 
observações de pertencer à amostra. Assim, o primeiro elemento sorteado para a 
amostra estaria contido no intervalo de exames de 01 a 20; e os demais elementos 
seriam periodicamente retirados de 20 em 20 (21 a 41, 42 a 62...etc.). 
De modo semelhante, a amostra poderia ser coletada através de uma matriz de dados 
com os números/códigos dos exames dispostos em uma matriz com 40 linhas e 20 
colunas. Neste caso, dever-se-à sortear uma coluna, cujos números indicariam os 
elementos da amostra. Nesse caso, cada elemento da população ainda teria 
probabilidade 40/800 de pertencer à amostra, porém existem agora apenas 20 colunas 
que contém as amostras (40 códigos), que com as mesmas chances de serem 
sorteadas. 
A amostragem sistemática é popular entre os pesquisadores devido à sua 
simplicidade. Neste método de amostragem, geralmente é possível assumir que os 
resultados são representativos da maioria das populações “normais”, a menos que 
uma característica aleatória exista desproporcionalmente com cada “n” da amostra de 
dados (o que é improvável). 
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Especialização EAD em Gestão Estratégica em Saúde 
 
 
 
A vantagem da amostragem sistemática está na grande facilidade na determinação 
dos elementos da amostra. Elas são relativamente fáceis de construir, executar, 
comparar e entender, por isso é amplamente utilizada em estudos ou pesquisas que 
operam com restrições orçamentárias. Por outro lado, a desvantagem desse 
método amostral é, a possibilidade de semelhança ou coincidência nas 
características ou opiniões entre os elementos dos grupos selecionados devido 
a sequência escolhida, mas esse problema pode ser facilmente resolvido se os 
grupos divididos forem previamente estudados e separados com um peso 
proporcional, dessa forma, características favoreceram a representatividade no 
estudo e então a amostragem sistemática terá efeitos equivalentes à causal simples, 
podendo ser utilizada sem restrições. 
Um exemplo dessa situação poderia ser: estudo sobre a importância de acessibilidade 
nos serviços de saúde levando com consideração uma amostra de adultos acima de 
40 anos até idosos com idades iguais ou maiores a 80 anos e o “sistema” amostral 
considerando pessoas nas faixas etárias com “saltos” a cada 10

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