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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Professor Me. José Manoel da Costa Professor Me. José Renato Lamberti Professor Me. Narciso Franzin Professor Me. Rodrigo Bastos Monteiro Professor Esp. Robinson Pereira Santos GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; COSTA, José Manoel da; LAMBERTI, José Renato; FRANZIN, Narciso; MONTEIRO, Rodrigo Bastos; SANTOS, Robinson Pereira. Administração Financeira e Orçamentária. José Manoel da Costa; José Renato Lamberti; Narciso Franzin; Rodrigo Bastos Monteiro; Robinson Pereira Santos. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 213 p. “Graduação - EaD”. 1. Educação. 2. Financeira. 3. Orçamentária. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0520-2 CDD - 22 ed. 658.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo José Manuel da Costa Lideranças de área Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Nayara Garcia Valenciano Yasminn Zagonel Iconografia Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Melina Belusse Ramos Revisão Textual Yara Dias Pedro Afonso Barth Ilustração Marta Kakitani Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professor Me. José Manoel da Costa Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias pela Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR, 2014/2016). Pós-graduado (lato sensu) em Contabilidade geral e auditoria pela Universidade Estadual de Londrina (1995). Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Londrina (1987/1993). É coordenador do Curso Superior em Ciências Contábeis, modalidade EaD, do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4713060J4 Professor Me. José Renato Lamberti Mestre em Administração/Finanças pela Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP/2011), pós-graduação (Lato Sensu) em MBA Executivo pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2010). Possui graduação em Administração de Empresas pela PUC-SP (2006) e graduação em Ciências Contábeis pelo Unicesumar (2013). Doutorado em Finanças pela Universidade Mackenzie. Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira e dos cursos de extensão da Saint Paul. Autor dos livros Orçamento Empresarial, Gestão Financeira e de Vendas e Administração Financeira para o Mercado Imobiliário pela editora Cesumar. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4420313J5 Professor Me. Narciso Franzin Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/2002). Graduado em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Mandaguarí, (FAFIMAN/1999), e graduado em Admnistração pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana, (FECEA/1988). Atualmente é Diretor Geral do Instituto Federal do Paraná (IFPR) - Câmpus Pitanga. É doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista Piracicabana (UNIMEP). http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4738867U6 A U TO RE S Professor Esp. Robinson Pereira dos Santos Especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Paranaense (UNIPAR/2003) e em Planejamento Tributário pela Faculdade Cidade Verde (FCV/2011). Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/1998). Atua como executivo de empresas na área de Admnistração, com ênfaseem Admnistração Financeira, Custos, Negócios e Contabilidade. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4426178D3 Professor Me. Rodrigo Bastos Monteiro Mestre em Administração pelo Programa de Pós-graduação em Admnistração da Universidade Estadual de Maringá (PPA/UEM/2015). Possui MBA em Gerenciamente de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/2014). Possui MBA em Finanças pelo Instituto Paranaense de Ensino (IPE/2011). Graduado em Admnistração pela Faculdade Maringá (2009). Professor do Núcleo de Educação a distância do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Professor do Programa de Capaciação Executiva CADEMP/FGV. Possui Certificação ANBIMA CPA10 e CPA20. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4947706P0 SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Administração Financeira e Orçamen- tária. Administração financeira de um negócio envolve algumas decisões importantes: inves- tir ou não em um projeto? (Como) financiá-lo? Distribuir (ou reinvestir) o lucro gerado pelos investimentos? Pressupõe-se que essas decisões estão imersas em grande responsabilidade. A alocação de recursos em um investimento que tenha frustração de retorno pode ter explicação por incontáveis fatores. Ainda assim, em um caso como esse, a responsabilidade é do administrador financeiro. A função financeira das organizações empresariais faz interface com investidores inter- nos e externos, os credores, que constantemente demandam por conhecer os caminhos pelos quais o seu recurso, emprestado à entidade empresarial, vai percorrer até voltar aos mesmos, já acrescidos de um prêmio pelo trajeto: a taxa de retorno. O administrador financeiro, portanto, não espera todo o percurso do capital investido para dar explicações sobre o retorno a qual tipo de credor seja (interno ou externo). Ao contrário, ele se esmera em estabelecer check-points (pontos de verificação) que lhe im- primam maior espaço para corrigir o percurso, em caso de discrepância com seu plano inicial. Em outras palavras, se alguma coisa dá errado entre o tempo de investimento e o de retorno, o administrador financeiro não quer ser pego de surpresa. O planejamento empresarial é uma forma de estabelecer claramente os objetivos da organização e, com base nisso, estruturar uma trilha que permita a maior facilidade pos- sível no alcance dos check-points (as metas do planejamento). O planejamento prevê certo esforço para alcançar o objetivo. Mas ele prevê, dentre os possíveis, o menor deles. Esse esforço, resumidamente, passa pela alocação de recursos em atividades e opera- ções que façam as metas serem cumpridas. Para dar conta do emaranhado de metas, projetos, recursos e resultados a controlar, a ferramenta de orçamento empresarial é empregada. Ela torna a visão desse organismo em movimento que é a empresa em algo organizado e com sentido. Quem olha de fora não entende, porque não sabe. Quem olha de dentro, com planejamento empresarial, orçamento e gerenciamento dos projetos da organização, vê um espetáculo. Na junção entre a análise do custo e retorno de um investimento com a análise do in- vestimento e do resultado estratégico que ele apoia, está a administração orçamentária. Assim, este livro pretende, nas suas cinco unidades, fazer um recorte nos principais as- pectos correlatos a esse assunto, de modo a instrumentalizar o assunto na gestão pro- fissional de negócios empresariais. APRESENTAÇÃO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Na unidade I, há uma introdução ao tema, com a descrição das funções administra- tivas, bem como fundamentos da gestão de stakeholders e seu papel no entendi- mento dos desafios empresariais. Já na unidade II, o orçamento do capital empregado na empresa, sem seus projetos, é apresentado. Na unidade III, é feita a apresentação do planejamento e do orçamento empresarial, bem como a sua inter-relação fica evidenciada. Na unidade IV apresenta-se um exemplo completo de um orçamento empresarial. Por fim, a unidade V conclui o trajeto da administração financeira e orçamentária de um negócio, descrevendo os tipos, vantagens e desvantagens, dos principais mode- los de orçamentação e controle empresarial. Desejamos a você um ótimo estudo! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 11 UNIDADE I ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 17 Introdução 18 Objetivos do Administrador Financeiro 19 Interdisciplinaridade na Administração Financeira 21 Função Financeira nas Empresas 23 Decisões Financeiras 31 Análise da Gestão dos Recursos 36 Indicadores da Eficácia da Gestão Financeira 39 Considerações Finais UNIDADE II ORÇAMENTO DE CAPITAL 55 Introdução 56 Gastos Correntes e Gastos de Capital 57 Fluxo de caixa 59 TMR – Taxa Média de Retorno 60 IL - Índice de Lucratividade 63 Payback - Período de Recuperação do Investimento 65 VPL - Valor Presente Líquido 68 TIR - Taxa Interna de Retorno 71 TMA - Taxa Mínima de Atratividade 74 CAPM – Capital Asset Pricing Model 78 Considerações Finais SUMÁRIO 12 UNIDADE III ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL 91 Introdução 92 Planejamento Empresarial 100 Definindo Missão e Visão 103 Sistema Orçamentário: Metas, Premissas e Implantação 116 Controle 120 Considerações Finais UNIDADE IV ORÇAMENTO EMPRESARIAL 131 Introdução 132 Orçamento de Vendas 138 Orçamento de Produção 142 Orçamento dos Custos de Produção 147 Orçamento de Despesas Operacionais 155 Orçamento de Investimento 157 Prática de Orçamento Empresarial 162 Orçamento da Indústria de Colchas Patch para 2011 180 Considerações Finais SUMÁRIO 13 UNIDADE V TIPOS DE ORÇAMENTOS UTILIZADOS PELAS EMPRESAS 189 Introdução 190 Orçamento Estático 191 Orçamento Contínuo 194 Orçamento Flexível 196 Orçamento Base Zero 199 Orçamento Por Atividades 201 Orçamento Matricial 204 Considerações Finais 210 Referências 211 Gabarito 213 Conclusão U N ID A D E I Professor Me. José Manoel da Costa Professor Me. Rodrigo Bastos Monteiro ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a administração financeira como a função empresarial da disponibilidade, alocação e mensuração de recursos financeiros. ■ Distinguir as avaliações contábeis e administrativas para o resultado. ■ Promover o entendimento do ciclo financeiro de um negócio. ■ Destacar o uso de indicadores financeiros na análise de previsto versus realizado em um negócio em um dado período. ■ Introduzir a alavancagem financeira como um aspecto da administração financeira. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Objetivos do administrador financeiro ■ Interdisciplinaridade na administração financeira ■ Função financeira nas empresas ■ Decisões financeiras ■ Análise da gestão dos recursos ■ Indicadores da eficácia da gestão financeira INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! A administração financeira trata de uma atuação interdisciplinar, com interação de, no mínimo, três áreas. Nesse sentido, economia, contabilidade e administração dão subsídios para coordenar operações entre instituições finan- ceiras, mercados consumidores e fornecedores e governos de modo a otimizar a transferência de recursos entre essas partes. Uma organização empresarial privada tem lucro quando, em um determinado período, a soma das receitas obtidas com as operações é superior às necessi- dades de recursos para cobrir os custos e despesas. Esses últimos podem ser variáveis ou fixos e estão contemplados também os resultados não operacionais e os impostos sobre venda e sobre lucro. A administração financeira, no âmbito da organização, vai se interessar pela busca dos recursos, seja entre os sócios ou com terceiros e pela aplicação desses recursos de forma a obter os resultados pla- nejados pela empresa. Para que a administração financeira de um negócio seja efetiva (eficiente e eficaz, ao mesmo tempo), é precisoplanejamento. Por conta disso, para o gestor financeiro, demandam-se conhecimentos sólidos de cons- trução e interpretação de demonstrações financeiras. O administrador financeiro utiliza indicadores para medir a efetividade de sua gestão. Assim, verifica sua condução das atividades empresariais durante um determinado período (eficiência) e também os resultados obtidos nesse período (eficácia), tendo como referência o planejamento construído. Para obter os indi- cadores da gestão de recursos, dos quais o administrador financeiro pode lançar mão, aspectos como a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio, os prazos de pagamento e recebimento, a composição do capital, entre outros, são integrados. Nesta unidade, são apresentados subsídios para a interpretação e análise das demonstrações financeiras, bem como de ferramentas de gestão financeiras e análise de desempenho da gestão, com intuito de propiciar melhor entendi- mento da tomada de decisão financeira. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 ©shutterstock ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 OBJETIVOS DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO Caro(a) aluno(a), os recursos sob responsabilidade do administrador finan- ceiro são objeto de interesse de diversas partes, naturais e jurídicas (nominados também como stakeholders). Por isso, os seus objetivos, quanto mais alinha- dos, maior segurança e menores incertezas oferecem. Ainda assim, cada uma das partes envolvidas terá uma perspectiva distinta senão vejamos os acionistas, por exemplo, independente se majoritários ou minoritários, ao investirem seus recursos na empresa, abrem mão de outras aplicações. Nesse sentido, o objetivo do administrador financeiro em relação aos acionistas é o de maior remunera- ção possível sobre o capital empregado na organização (empresa). Contudo, o administrador financeiro não toma apenas o objetivo dos acionis- tas como parâmetro de ação. Considera, também, por exemplo, a prosperidade e o desenvolvimento da região na qual a empresa está instalada, buscando envol- vimento ambiental e social responsável, o nível de investimento requerido pelo setor, as premissas e as condições econômicas locais, regionais e mundiais, entre muitas outras relações. Outros stakeholders importantes contemplados no estabelecimento dos objetivos financeiros do administrador são as instituições Interdisciplinaridade na Administração Financeira Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 financeiras, fornecedores, clientes, empregados, dentre outros. De modo a cor- roborar com esse raciocínio sobre os stakeholders, Weston (2000, p. 17) destaca que “altos padrões de comportamento ético requerem que uma empresa trate cada participante de uma maneira justa e honesta”. INTERDISCIPLINARIDADE NA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A economia e a administração financeira se relacionam tanto no nível macro quanto no microeconômico. O nível macroeconômico diz respeito a quanto a gestão de recursos financeiros nas instituições financeiras é ou será influenciada pelas políticas econômicas do Tesouro Nacional e no nível de atividade econômica do país. Isso pode, por exemplo, causar alterações nas fontes de financiamento e taxas de juros, o que afetaria o alcance dos objetivos da gestão financeira. Em relação à microeconomia, seu emprego está na contribuição que faz para o delineamento da estratégia de determinação do preço de venda, bem como no cálculo do custo meta e no volume de produção. Esses aspectos podem ter explicação no estudo da oferta e demanda de produtos, pela empresa e pelos consumidores respectivamente. A contabilidade e a administração financeira possuem pontos convergentes e divergentes no fornecimento de informações às organizações. Enquanto a contabi- lidade utiliza o regime de competência, a administração se vale do regime de caixa para apuração do resultado. Essas perspectivas são complementares. Não com- preendê-las pode ocasionar interpretações equivocadas do resultado observado. Vejamos um exemplo. A empresa WYK adquiriu 100 unidades de uma mer- cadoria à vista por R$5.000,00 (R$50,00 p/un.). No mesmo período, vendeu todas as unidades compradas por R$80,00 cada uma, com prazo de 60 dias para rece- bimento. Na Tabela 1, será demonstrado o resultado pelo regime de competência e, na Tabela 2, o fluxo de caixa utilizando o regime de caixa. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Tabela 1 – Apuração de resultado pelo regime de competência FATO OCORRIDO REGIME DE COMPETÊNCIA PELO CONTADOR Receita das vendas R$8.000,00 (-) Custo das Vendas - R$5.000,00 (=) Lucro do Período R$3.000,00 Fonte: os autores. Utilizando-se dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas de Contabilidade, portanto, a partir do regime de competência, o lucro contábil no período será de R$3.000,00. Tabela 2 – Apuração do caixa pelo regime de caixa FATO OCORRIDO REGIME DE CAIXA PELO ADMINISTRADOR FINANCEIRO Entradas de Caixa 0,00 (-) Saídas de Caixa - R$5.000,00 (=) Caixa Líquido no Período - R$5.000,00 Fonte: os autores. Por outro lado, utilizando o regime de caixa, no período, o caixa líquido é nega- tivo em R$5.000,00. O que se pode concluir com esse exemplo? Que ainda que a operação possa gerar lucro efetivo (como o regime de competência previu), o administrador financeiro precisará obter recursos externos, e eventualmente pagar juros para credores, para equilibrar a necessidade de caixa do período. Em outras palavras, a empresa precisará dispor de R$5.000,00 para a sua operação, tendo em vista o lucro de R$3.000,00 possível. Assim, caberá ao adminis- trador financeiro identificar junto aos doadores de recursos, próprios e terceiros, a melhor alternativa para financiar o negócio no período. ©shutterstock Função Financeira nas Empresas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS A função financeira é um aspecto presente em todas as organizações empresariais, independentemente do porte ou ramo de atividade. Isso significa que o adminis- trador financeiro representa o manejo de um conjunto de recursos referentes à atividade da empresa, com vista ao cumprimento de metas pré-estabelecidas no planejamento estratégico e, por conseguinte, no orçamento empresarial. Sendo assim, de acordo com Braga (1995), cabem à função financeira duas tarefas bási- cas: (1) a obtenção de recursos buscando os menores custos e os maiores prazos e (2) a alocação eficiente desses recursos na empresa. Os recursos próprios, que pertencem aos acionistas (sócios da empresa), envolvem um custo de emprego importante para administrador financeiro. Quem investe em uma companhia tem expectativa de lucro. Ademais, os recursos de terceiros têm custos que precisam estar contemplados na taxa de retorno dos ativos da empresa. Dizemos que quanto mais capital de terceiros em um negó- cio, mais alavancado ele está. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 META DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Quando uma pessoa decide investir seus recursos em uma empresa, seja na com- pra de ações de companhias abertas (listadas na bolsa de valores) ou na compra de quotas de uma empresa limitada, está disposta uma relação entre risco e retorno. Quanto maior for o risco a que o capital investido está exposto, maior é a expectativa de retorno. O retorno dos recursos dos investidores pode acontecer pela distribuição dos dividendosou pelo aumento do valor de mercado da empresa (ganho de capital), cuja realização depende da venda dos direitos de participação no capital social. Para Damodaran (2002), na busca da maximização do valor da empresa (preço das ações), há três razões para dar atenção: a) o preço das ações é o melhor indi- cador do valor da empresa, pois é atualizado diariamente pelo mercado; b) em longo prazo, o preço das ações tende a refletir os efeitos das decisões tomadas pela empresa; c) escolher a maximização dos preços das ações como uma fun- ção objetiva nos permite fazer afirmações categóricas sobre a melhor forma de selecionar projetos e financiá-los. Segundo Braga (1995), o administrador financeiro deve considerar a real amplitude da meta da administração financeira, que vai além dos lucros da empresa. Essa meta coincide com o objetivo básico dos proprietários ou acionis- tas. As decisões financeiras são orientadas para o aumento do valor de mercado da empresa. Portanto a meta da administração financeira é a maximização da riqueza dos acionistas que constitui algo mais amplo e profundo do que a maxi- mização dos lucros. ©shutterstock Decisões Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Itens de decisãoÁreas de decisãoMeta objetiva Taxa de corte Risco e retorno Mix Tipo Quando? De que forma? MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA Financiamento Dividendos Investimento Figura 1 – Função financeira na empresa Fonte: adaptado de Demodaran (2002). DECISÕES FINANCEIRAS Caro(a) aluno(a), as decisões financeiras compreendem o conjunto de atividades sob responsabilidade do admi- nistrador financeiro. O administrador financeiro, responsável pela gestão de recursos de uma empresa, toma decisões em três áreas: decisões de investimento; decisões de financiamento; destinação dos lucros obtidos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 DECISÕES DE INVESTIMENTO A função do administrador financeiro na tomada de decisão sobre investimen- tos consiste na forma de alocação ou aplicação dos recursos, que pode ser em ativos do tipo correntes, em longo prazo e de natureza permanente. A manutenção dos ativos permanentes existentes e implementação de novos negócios são o foco de estudo para a decisão de investimento. Portanto, com olhar para competitividade, uma empresa ideal deveria continuamente dispor de recursos para pesquisas. Assim, novas tecnologias para obtenção dos pro- dutos existentes (eventualmente a custos menores ou com mais eficiência no emprego dos mesmos) e o desenvolvimento de novos produtos, tenderiam a oferecer sustentabilidade ao negócio. Essa atividade de investimento requer a atenção constante do administrador financeiro para a viabilização operacional. Outro aspecto importante é a identificação dos níveis necessários de ati- vos. O equilíbrio na aplicação dos recursos, no curto e longo prazos e ativos de natureza permanente é relevante na maximização do uso dos recursos. Dentre os recursos, é necessário um foco de atenção no capital de giro, que corresponde aos ativos circulantes, que se transformam dentro do ciclo operacional. O capi- tal de giro ou circulante se caracteriza pelo giro ou circulação que ele faz entre as contas patrimoniais. Para melhor compreensão, acompanhe a circulação do capital a partir dos fatos contábeis, evidenciando a composição do capital de giro e o reflexo na gera- ção de resultado da empresa, no Quadro 1. Quadro 1 - Circulação do capital FATOS ADMINISTRATIVOS COMPOSIÇÃO DO CAPITAL DE GIRO GERAÇÃO DE RESULTADO Integralização de capital pelos sócios - R$10.000,00 Caixa - R$10.000,00 Nenhum Utilização de R$5.000,00 para compra de merca- dorias Caixa - R$5.000,00 Estoques - R$5.000,00 Total - R$10.000,00 Nenhum Decisões Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Venda do total das merca- dorias por R$8.000,00 Caixa - R$5.000,00 Clientes - R$8.000,00 Total - R$13.000,00 Receitas - R$8.000,00 Custos - R$5.000,00 Resultado - R$3.000,00 Recebimento das vendas Caixa - R$13.000,00 Nenhum Fonte: os autores. O capital circulante que, inicialmente, era de R$10.000,00 circulou pela empresa, saindo da conta caixa, passando pela conta de estoques e pela conta de clientes retornando a conta caixa. Nessa circulação, esse capital gerou resultado con- tábil positivo (lucro de R$3.000,00) e gerou reflexo positivo no fluxo de caixa (aumento de R$3.000,00). Nesse caso, como o ciclo financeiro ou ciclo de caixa ocorreu no mesmo período que o ciclo operacional, tivemos o resultado contá- bil igual ao incremento de caixa. Taxa de Corte Se o capital circulante líquido da empresa está acima dos níveis necessários para a gestão, tem-se um excedente. É esperado que esse excedente seja remunerado pela aplicação em atividades que, pelo seu emprego, ofereçam tal contrapar- tida. O administrador financeiro pode se deparar com pelo menos três opções de investimento: 1. Aplicação no mercado financeiro. 2. Aquisição de capital de outras companhias. 3. Ampliação da atividade da empresa. Como dissemos anteriormente, em todo investimento, existe uma previsão de retorno, dado um risco. Muitas vezes, o administrador compara retornos e riscos, dentre as opções de investimento, e estabelece um mínimo desejável: a taxa de corte. Para Damodaran (2002, p. 23) a “taxa de corte é a menor taxa aceitável de retorno para se investir recursos em um projeto”. Nesse sentido, o investimento a ser analisado só será viável (e concretizado) se a taxa de retorno prevista for maior do que a taxa de corte. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Como para tomar a decisão o administrador financeiro deve considerar o risco de cada uma das opções, a taxa de corte será apenas o primeiro indicador da viabilidade. Estando ela superada, a relação entre risco e retorno, ou seja, o maior retorno com o menor risco relativo – é que passa a ser avaliada, uma vez que, como salienta Lemes Junior et al. “é natural esperar que quanto maior o risco assumido, maior seja o retorno” do investimento. Risco e Retorno De acordo com Brigham e Houston (1999, p. 158), o risco “se refere à chance de ocorrer algum evento desfavorável”. O que Damodaran (2002, p. 60) apresenta complementa esse conceito de risco, uma vez que estipula que o risco “resulta da divergência entre os retornos reais e os retornos esperados”. Portanto o projeto de um novo investimento vai considerar uma taxa de corte aceitável, contudo, caso ocorra a realização de um risco - um “evento desfavorável” -, o investi- mento pode ser frustrado. Damodaran (2002) faz uma distinção entre os riscos do projeto, competiti- vos e específicos. Para esse autor, o risco do projeto é o risco que afeta somente o projeto em questão, podendo resultar de fatores específicos do projeto ou de um erro de estimativa. Já o risco competitivo é o efeito imprevisto – devido à ação dos concorrentes – sobre os fluxos de caixa de um projeto. Por fim, os riscos específicos do setor são efeitos inesperados sobre fluxos de caixa de um projeto devido a mudanças tecnológicas no conjunto do setor, mudanças nas leis ou no preço de uma mercadoria. O retorno representa os resultados que decorrem de um investimento durante um determinado tempo. Assim, há necessidade de mensurar o retorno. Isso pode ser feito em função do lucro contábil ou fluxo de caixa. Há dois tipos de retorno mensuráveis: o operacional, com base no resultado contábil; e o finan- ceiro, com base nos fluxos de caixa. As taxas de retorno vão depender tanto da mensuração do resultado (regime de competência versus caixa) quanto do grupo derecursos analisados. Decisões Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Pode-se calcular a taxa de retorno do: ■ Ativo Total: considerando o resultado total da empresa pelo volume total dos recursos investidos na empresa independente das fontes de financia- mento, quer sejam próprias ou de terceiros. ■ Patrimônio Líquido: considerando o resultado total da empresa pelo valor dos recursos investidos pelos sócios na empresa, apenas as fontes de recursos próprias. ■ Projeto: considerando o resultado obtido pelo projeto pelos recursos neces- sários para o projeto específico. Nesse caso, é necessário que a apuração de resultado seja departamentalizada com o menor nível de distribuição de receitas, custos ou despesas por rateio. Ainda, deve-se ter a apuração de resultados por projeto de forma direta. Como já apontamos, o retorno deve ser igual ou maior que a taxa de corte defi- nida como parâmetro aos investimentos. Com a taxa de corte em destaque, Lemes Junior (2005, p. 125) propõe tipos de retorno relativos a ela, como: ■ Retorno esperado: igual à taxa de corte; é o retorno que se espera para os ativos, estimado antes da execução do projeto. ■ Retorno exigido: um mercado eficiente deverá ser igual ao retorno espe- rado ou à taxa de corte. ■ Retorno real: retorno real, efetivo, calculado no final de um período. Se decisões de investimento são tomadas com o intuito de exposição a risco pela remuneração (retorno) para o capital investido e se o retorno de um investimento deve ser superior, pelo menos à inflação do período analisado (tomando uma taxa de corte como 0% ao período), a destinação de capital para a caderneta de poupança, títulos de capitalização ou consórcios são investimentos ou são meramente aplicações? ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Decisões de Financiamento A função do administrador financeiro na tomada de decisão sobre financia- mentos consiste na forma de captação dos recursos para o financiamento dos ativos. Portanto, situações corriqueiras, como a previsão do aumento da carteira de duplicatas a receber ou aumento do nível de estoques, ou ainda uma grande ampliação da fábrica, ou construção de uma nova unidade fabril constituem, todas elas, exigências de financiamento para as quais o administrador finan- ceiro precisa prover fontes. A captação de recursos envolve todas as atividades da empresa, sejam elas correntes ou permanentes, desde que necessitem de recursos monetários ou de bens para a execução de metas ou planos da empresa. Há a necessidade de encontrar o equilíbrio entre recursos próprios e de terceiros e, no de terceiros, o equilíbrio entre curto e longo prazo, para que se possa obter a estrutura de capital adequada. Nesse sentido, não é recomendável realizar operações de emprésti- mos superiores às necessidades de investimento e nem superiores à capacidade de liquidez da empresa. Mix de Financiamento O mix de financiamento trata do balanço entre o capital próprio e o capital de terceiros, utilizados para o financiamento dos ativos. O mix de financiamento deve levar em conta a estrutura de capital desejada e os prazos para quitação dos empréstimos e financiamentos. A estrutura de capital deve levar em conta o custo de capital que pode ser entendido como a remuneração aos terceiros e acio- nistas por disponibilizarem seus recursos para aplicação nos ativos da empresa. Se a captação de recursos for feita junto aos sócios ou acionistas, o custo do capital será igual à taxa de corte. Se essa captação for feita junto a terceiros, o custo de capital será a taxa de juros estipulada pela instituição financeira. Os acionistas, destarte, correm os maiores riscos dentro da empresa porque os ter- ceiros (detentores dos títulos e contratos de dívida) possuem preferência no recebimento de seus créditos para a empresa. Por isso é que se espera que a Decisões Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 rentabilidade exigida pelo acionista seja maior do que a rentabilidade paga aos outros credores, os terceiros. Em contrapartida, quanto mais dívida emitida (mais financiamento), mais arriscada fica a empresa. Isso se dá uma vez que a dívida cria a obrigação de paga- mento de juros sobre o valor emprestado (financiado) e o próprio valor corrigido monetariamente. Esse aspecto da dívida com terceiros que pode levar a empresa à falência no caso desses compromissos não serem honrados. O mix de financiamento é conhecido como o custo médio ponderado de capital (CMPC) e, ainda mais, por WACC (weighted-average cost of capital). Seu princípio matemático é o seguinte: Em que: WACC = custo médio ponderado de capital. CP = capital próprio avaliado a preços de mercado. CT = capital de terceiros avaliado a preços de mercado. iCP = custo do capital próprio (remuneração do acionista). iCT = custo do capital de terceiros (remuneração dos terceiros). IR = alíquota de imposto de renda. A empresa que não possui capital de terceiros apenas capital próprio é uma empresa que possui um alto WACC. Isso se deve ao fato do custo do capital próprio ser mais alto do que o custo do capital de terceiros, assim como vimos. Na prática, com o intuito de crescer mais rápido do que a geração de capital que o negócio proporciona, as organizações empresariais privadas buscam bai- xar o WACC (elevar a alavancagem) na contração de dívidas. Isso significa que a empresa está alavancando os recursos próprios com o uso de recursos de ter- ceiros. O endividamento possibilita mais crescimento e menor WACC, porém aumenta o risco de inadimplência e, por consequência, de falência da empresa. Quanto mais alavancada, mais arriscada fica a empresa. A alavancagem pode ser resumida pela expressão: , em que o CT é o capital de terceiros e o CP é o capital próprio. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Segundo o modelo MM do final da década de 1950, descritos por Ross et al. (2002, p. 329), a estrutura de capital não altera o valor de uma empresa, por- tanto, de acordo com esse modelo, a empresa pode ter um percentual maior ou menor de capital de terceiros na composição do capital que o objetivo de maxi- mizar o valor da riqueza não será influenciado. Apesar de, na época, esse modelo ter sido considerado revolucionário, dando a Merton Miller e Franco Modigliani prêmios Nobel, cada administrador finan- ceiro deve ter o seu modelo de estrutura ideal ou desejada. Essa estrutura deve considerar os prazos e característica dos contratos de financiamentos. DESTINAÇÃO DOS LUCROS OBTIDOS Após o final do exercício social, a empresa deve apurar o seu resultado que pode ser negativo (prejuízo) ou positivo (lucro). O lucro obtido em cada exercício social representa a remuneração do investimento feito na empresa (BRAGA, 1995). A princípio, a decisão sobre a destinação desses lucros é dos sócios ou acionistas em reuniões ou assembleias. Contudo a destinação do lucro está ligada a decisão de financiamento, uma vez que se houver necessidade de financiamento para os próximos exercícios, uma fonte de recursos é o recurso próprio dos sócios. Nesse contexto, o papel do administrador financeiro está justamente na demonstração aos acionistas de que a manutenção do lucro (reinvestimento) deles na empresa pode ser mais rentável do que a destinação em outras aplicações. Como vimos, a taxa de retorno para os investimentos na empresa, pelos acionistas, deve ser maior do que as outras possibilidades de aplicação disponíveis a eles. Quanto? A lei das sociedades anônimas (BRASIL, 1976) determina que 5% do lucro líquido devem ser destinados àconstituição da reserva legal, limitada a 20% do capital social. Sobre essa parcela, não cabe decisão. O restante do Lucro Líquido pode ser incorporado ao capital ou constituir reservas estatutárias. Sempre que necessário, a empresa pode constituir reservas previstas em seu estatuto para investimentos ou projetos futuros. ©shutterstock Análise da Gestão dos Recursos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 De Que Forma? A Lei 11.638/07 (BRASIL, 2007), em seu artigo 1º, alterou a alínea “d” do artigo 178 da Lei 6404/76 (BRASIL, 1976). Com essa alteração, a partir 2008, as socie- dades anônimas não podem mais ficar com lucros retidos nas demonstrações do exercício social, na conta Lucros Acumulados. Todos os lucros devem ser destinados ao final do exercício social, seja para reservas de lucros, seja para distribuição aos sócios ou acionistas, na forma de dividendos. A ação do admi- nistrador financeiro está na orientação para os acionistas quanto a retirar ou não os dividendos. ANÁLISE DA GESTÃO DOS RECURSOS Para o administrador financeiro, referente à empresa em que é gestor, interessa analisar as demonstrações com dois objetivos distintos: eficiência e eficácia de sua gestão. O enfoque desses indicadores é na avaliação da gestão, nos meios utilizados para gerenciamento dos recursos. A empresa deve ter um planejamento estratégico que determina as ações para curto e longo prazo, de acordo com esse pla- nejamento estratégico, o administrador finan- ceiro tem estabelecido suas metas, principal- mente, quanto ao ciclo de caixa, ou ciclo financeiro. A partir daqui, passamos a apresentar alguns indi- cadores que auxiliam o ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 administrador financeiro a compreender as modificações patrimoniais ocorri- das no período analisado. ÍNDICES DE ROTAÇÃO DOS RECURSOS O grau de utilização dos ativos na geração das receitas é refletido na rotação ou giros dos recursos. Quanto mais eficiente o uso dos ativos, maior benefício trará a liquidez e a rentabilidade da empresa. O critério de avaliação é “quanto maior, melhor”. Devemos entender como saldo médio a média aritmética das demonstra- ções intermediárias do período. Por exemplo, se temos no ano doze balanços ou balancetes mensais, soma-se o saldo dos doze e divide-se por doze, encontrando, assim, uma média dos recursos utilizados durante o ano todo. GIRO DOS ESTOQUES TOTAIS (GET) O GET indica o número de vezes em que os estoques foram renovados, durante certo intervalo de tempo. Se houver estoques com diversas características o índice refletirá a média global ponderada de todos os valores mantidos na conta estoque. O cálculo do GET se dá pela razão entre o custo dos produtos vendidos e o estoque: GET = Custo das vendas Saldo médio dos estoques Análise da Gestão dos Recursos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Giro do Ativo Total (GAT) O GAT indica a eficiência com a qual a empresa usa seus ativos para gerar ven- das. Normalmente, quanto maior esse índice, maior a eficiência no uso dos ativos. Deve-se tomar cuidado ao usar o GAT para fins comparativos, pois é base- ado nos custos históricos do total de ativos. Como algumas empresas têm ativos mais novos ou mais velhos que outras, essa comparação pode ser enganosa. Empresas com ativos mais novos tendem a ter giros menores que aquelas com ativos mais velhos. A diferença no GAT pode ser resultado de ativos mais caros e não de eficiência operacional. O GAT é calculado pela razão entre as vendas e o total de ativos da empresa: GAT = Receita Operacional Líquida Saldo médio do Ativo Total ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS Nesse grupo de indicadores, analisamos o prazo médio de realização dos recur- sos. Esse grupo está intimamente ligado ao giro dos recursos, com a diferença de que naquele se calcula quantas vezes girou o recurso em um determinado período e neste quantos dias, em média, o recurso foi renovado. É nesse grupo, com base nos prazos médios, que calculamos o Ciclo Operacional e Financeiro da empresa. Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) O PMRE expõe o período médio que decorre entre a compra e a venda de um determinado estoque. Tem efeitos diferentes para comércio e indústria. Enquanto no comércio se compra e já expõe para venda, na indústria são feitas as compras, depois, as transformações e, então, após ser finalizado o processo produtivo, o produto passa a ser vendido. O critério de análise é “quanto menor, melhor”, pois o objetivo é negociar rapidamente os estoques evitando obsoletismo. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 O PMRE ou Idade Média dos Estoques – IME indica a média do número de dias para venda dos estoques. O PMRE é calculado pela divisão do valor dos estoques (média do período) pelo custo das vendas do período. Como é medido em dias, o resultado deverá ser multiplicado pelo número de dias do período: Prazo Médio de Cobrança (PMC) O PMC ou Prazo Médio de Recebimento dos Clientes (PMRC) compreende o período médio entre a venda e o recebimento da duplicata (da venda). É o prazo efetivo e não o prazo para pagamento concedido por ocasião da venda. Portanto, se houver atrasos ou antecipação do recebimento, o prazo médio será diferente da política de prazos da empresa. O critério de análise é “quanto menor, melhor”, visto que, quanto antes receber as vendas, mais capital de giro a empresa terá. O PMC é usado para avaliar as políticas de crédito e cobrança da empresa. É obtido dividindo-se o valor das contas a receber (média do período) pelas vendas brutas do período menos as devoluções e abatimentos. Como é medido em dias, o resultado da divisão deverá ser multiplicado pelo número de dias do período: Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) O PMPF determina o período entre a compra e a liquidação das duplicatas dos fornecedores. O critério de análise é “quanto maior, melhor”, uma vez que tem papel importante no ciclo financeiro da empresa. O PMPF é usado para avaliar as políticas de prazo dos fornecedores. É obtido dividindo-se o valor da conta forne- cedores (média do período) pelas compras brutas do período menos as devoluções e abatimentos de compras. Assim como o PMC e o PMRE é medido em dias, o resultado da divisão deverá ser multiplicado pelo número de dias do período: Análise da Gestão dos Recursos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 PMPF = Saldo médio de Fornecedores x 360 Compras Brutas - (dev + abat) Ciclo Operacional (CO) O CO é o tempo decorrido entre o momento em que a empresa aplica material e trabalho no processo de produção até o instante em que o dinheiro da venda do produto acabado é arrecadado. Em outras palavras, é o período compreen- dido entre a compra da mercadoria até o recebimento das vendas. Considera-se, então, o prazo médio de estocagem somado ao prazo médio de cobranças das duplicatas de vendas a prazo: Ciclo de Caixa (CC) O CC ou Ciclo Financeiro (CF) é o período compreendido entre o pagamento das compras aos fornecedores e o recebimento das vendas dos clientes. Quanto mais prazo obtivermos dos fornecedores e menos prazos concedermos aos clientes, menor será o CC. Pode ser negativo, no caso do prazo de estocagem e cobrança somados serem menores do que o prazo de pagamento ao fornecedor. O Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL) é a diferença entre os ativos e os passivos circulantes da empresa, ou seja, a por- ção de ativos circulantes financiada com recursosde longo prazo. O CGL pode ser positivo ou negativo, conforme o comportamento chamado Ciclo de Caixa da empresa. O Ciclo de Caixa pode ser positivo ou negativo. O Ciclo de Caixa negativo é observado quando o volume e o prazo das fontes espontâneas de recursos excedem a duração do ciclo operacional. Quando o Ciclo de Caixa é positivo, a empresa deve buscar estratégias que o minimizem, sem perder receita ou preju- dicar seu crédito no mercado: ©shutterstock ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 INDICADORES DA EFICÁCIA DA GESTÃO FINANCEIRA Assim, quanto aos estoques e aos prazos médios, é possível adotar indicadores que demonstrem a acurácia com que os recursos são empregados. Nesse sentido, quanto melhor for o retorno produzido pelo emprego dos recursos financeiros mais eficiente foi a administração financeira. Os indicadores de performance – de retorno – informam o percentual da remuneração dos recursos durante o exercício social. Trata-se da medida da efi- cácia da gestão, pois representam o resultado obtido em decorrência da gestão financeira. De certa forma, representam a maximização da riqueza dos sócios. São considerados por muitos envolvidos na área como o grupo de índices de maior importância. TAXA DE RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO TOTAL (ROI – RETURN ON INVESTIMENT) Considera o percentual de remuneração do lucro líquido ao total dos recursos aplicados na empresa. Representa a remuneração dos capitais próprios e de ter- ceiros. Os administradores têm nesse índice uma medida da eficiência de suas Indicadores da Eficácia da Gestão Financeira Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 gestões, uma vez que eles administram tanto recursos dos acionistas quanto de terceiros. O ROI indica a eficiência global da empresa em gerar resultados com seus ativos disponíveis e é calculado pela razão entre o Lucro Líquido e o Total de Ativos: TAXA DE RETORNO SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO (ROE – RETURN ON EQUITY) A taxa de retorno sobre o capital próprio (ROE) considera o percentual de remuneração do lucro líquido aos recursos dos sócios investidos na empresa e representa a remuneração dos acionistas. Tem uma atenção maior dos investi- dores, pois representa o rendimento de seus recursos. O ROE mede o retorno sobre o investimento dos proprietários da empresa (PL) e é calculado pela razão entre o Lucro Líquido e o Investimento dos proprietários (PL): ROE = Lucro Líquido x 100 Saldo médio do PL FÓRMULA DUPONT A Fórmula DuPont ou Sistema DuPont leva esse nome porque foi desenvolvido pela DuPont Company há mais de meio século e, por ser tão simples e eficaz, é utilizada até hoje. “Considera a taxa de retorno dos recursos investidos como resultado do produto da margem de lucratividade das vendas pelo giro dos ati- vos” (BRAGA, 1995, p. 168). Algumas variações que ocorrem na fórmula são em razão de melhor enfoque. Assim, alguns analistas utilizam o Retorno sobre o Ativo Operacional e outros sobre o Ativo Total. É uma análise que envolve vários aspectos da rentabilidade, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 dos giros e dos retornos, mas o objetivo final é a medição da eficácia da gestão pelo cálculo dos retornos dos recursos. D RE Receita Líquida CPV Despesas Operacionais BP AC AP Líquido PC ELP Lucro Operacional Margem Operacional ROA Receita Líquida Receita Líquida Ativo Operacional Exigível Total PL GAT Exigível + PL PL MAF ROE - = = = = = x x = = = = ÷ ÷ ÷ + - - + Figura 2 - Fórmula Dupont Fonte: os autores. Empresas e pessoas físicas adotam como parâmetro inicial para seus in- vestimentos, ativos financeiros que tenham relação de risco e retorno mais conservadora (menor risco). Assim, por exemplo, investimentos em novas unidades ou processos fabris teriam como parâmetro financeiro mínimo o retorno do valor a ser investido, caso o emprego do recurso fosse feito em títulos da dívida pública federal. Em linhas gerais, esses títulos conhecidos como Títulos Públicos Federais (TPF) têm retorno associado à SELIC e risco de crédito em virtualmente zero. Desse modo, se o investimento nos pro- cessos fabris, a ser realizado, não obtivesse nem o retorno proporcionado pela aplicação em TPF, não valeria a pena sequer cogitá-lo. Por outro lado, superada a rentabilidade desse parâmetro (conhecido também como ben- chmark) o investimento estaria apto às demais análises à priori. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, pudemos apresentar tanto aspectos amplia- dos do entendimento do resultado, como quando expusemos a análise contábil e financeira dele, quanto pudemos já fundamentar a utilização de indicadores de resultados. Ao finalizar esta unidade, esperamos que você tenha compreen- dido que a administração financeira vai se ocupar de três grandes decisões: de investimento, de financiamento e de destinação dos lucros. Dessa forma, a uni- dade apoia o objetivo do livro ao te mostrar que, nas decisões da administração financeira, será importante lançar mão de informações para planejar (orçar) e controlar o seu desfecho para dentro do esperado. As informações necessárias para administração financeira de um negócio serão obtidas na elaboração e análise de demonstrativos contábeis e financei- ros (a priori, no orçamento, ou a posteriori nas demonstrações contábeis). Essas informações por si só não garantem a utilidade na eficácia da atividade do admi- nistrador financeiro. Também foi possível apresentar, nesta unidade, a relação existente entre o capital próprio e o custo do recurso investido. O cálculo da média ponderada do custo do capital (CMPC), mais conhecido por sua sigla na língua inglesa WACC, nos dá um indicador do custo (ou expectativa) para a alocação de novos proje- tos na estrutura da empresa. Em outras palavras, quando a empresa lança mão das análises de investimento para uma determinada iniciativa, o WACC conse- gue mostrar qual é o percentual de remuneração que o projeto precisa produzir para cobrir os custos da empresa no emprego de capital próprio e de terceiros na sua estrutura financeira. Na unidade II a seguir, você terá a continuidade do entendimento sobre o custo do capital e as formas mensuração do seu retorno em investimentos. A unidade ganha o título mais do que apropriado de Orçamento de Capital. Temos certeza que a leitura de cada unidade desta obra será importante e complemen- tar no entendimento da aplicação de recursos nas iniciativas empresariais. 40 A DECISÃO DE INVESTIR E SEUS DESDOBRAMENTOS CONCEITO Não confundir aplicações financeiras com investimentos – apesar de nós, corriqueira- mente, utilizarmos os dois como sinônimos. Investimento corresponde, no espectro econômico, à aquisição de bens de capital, ou seja, máquinas, equipamentos, edifícios e estoques de produtos com a finalidade de aumento da produção futura. Nada tem a ver com aquela poupança aplicada no banco. A DECISÃO O principal fator de influência sobre a decisão de investimento é o retorno esperado que depende da comparação entre o fluxo de receita futura aguardado e os gastos incorri- dos em sua execução. Vamos a um exemplo: Digamos que um determinado empresário esteja planejando a construção de uma te- celagem. Assim, seu fluxo de receita futura dependerá do preço do tecido no momento operacional da empresa e da quantidade que for vendida. Por outro lado, o levantamen- to dos custos, ou seja, da aquisição de máquinas, de terreno, contratação de funcioná- rios, dentre outras coisas, precisa ser feito para confrontarcom a receita projetada. Caso o retorno alcançado por unidade de capital aplicado seja menor do que o que o empresário obteria colocando o recurso em uma aplicação no banco, o investimento não vale a pena. É por isso que, de forma simplória, se diz que, quanto maior a taxa de juros, menores os investimentos. Para que arriscar seu capital num empreendimento, incor- rendo em diversos tipos de riscos, se confortavelmente você pode ter um retorno mais elevado simplesmente colocando seu dinheiro numa aplicação segura de renda fixa? CONTEXTO DE ELEVADOS INVESTIMENTOS Consideremos um cenário de juros baixos e elevado nível de investimentos. Quais se- riam os resultados? O aumento do investimento provoca uma elevação na oferta de produtos e serviços e, dessa forma, os preços das mercadorias e prestadoras são pressionados para baixo. Como consequência, o retorno dos investimentos diminui substancialmente. Além disso, um maior grau de investimento pressiona a demanda por máquinas para a realização de empreendimentos, o que leva os preços daqueles para cima, fazendo com que os gastos para a execução de projetos sejam mais acentuados. Pode se dizer que o inverso, ou seja, uma diminuição no nível de investimentos na eco- nomia faz com que a disponibilidade de produtos diminua e, dessa forma, os preços sejam puxados para cima – assim como é possível afirmar que um menor grau de inves- timentos faz com que a procura por maquinários seja menos acentuada, provocando menores gastos para a realização de empreendimentos. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento, pois haverá um número me- nor de projetos cujos retornos superarão a taxa de juros obtida em aplicações financei- ras nos bancos. Expectativas, ou seja, a percepção dos empresários quanto às condições futuras da eco- nomia durante o período em que o investimento está sendo maturado e em sua etapa posterior operacional é determinante para o grau de investimentos em uma economia. É por isso que em um ambiente instável, com recorrentes alterações na taxa básica de juros e uma persistente tendência inflacionária, os empresários relutam em elevar seus investimentos em produção futura ou em simplesmente iniciar novos empreendimen- tos. É justamente por essa instabilidade mencionada, que o Brasil carece de funding de lon- go prazo para grandes projetos de infraestrutura, por exemplo, que seriam, sem dúvida, grandes impulsionadores do crescimento econômico nacional. Entretanto, como grande receptores de investimentos extremamente volúveis, que adentram o País para se beneficiar dos juros altos, não há como financiar grandes em- preendimentos por prazos mais espaçados, já que recursos entram e saem em uma di- nâmica de difícil previsibilidade. Fonte: Oliveira ([2016], on-line)1. 42 1. A seguir, são apresentados três demonstrações contábeis de uma organização empresarial (em R$). Balanço Patrimonial - Ativo CÓDIGO DA CONTA DESCRIÇÃO DA CONTA 31/12/20X7 31/12/20X6 31/12/20X5 1 Ativo Total 1.349.804 1.161.133 1.041.575 1.01 Ativo Circulante 552.053 657.122 585.701 1.01.01 Disponibilidades 73.058 256.310 294.365 1.01.01.01 Caixa e Bancos 18.227 13.984 14.601 1.01.01.02 Aplicações Financeiras 54.831 242.326 279.764 1.01.02 Créditos 320.123 263.716 186.791 1.01.02.01 Clientes 320.123 263.716 186.791 1.01.03 Estoques 109.397 81.852 68.912 1.01.04 Outros 49.475 55.244 35.633 1.01.04.01 Contas a receber p/ venda imóveis 10.340 3.520 2.000 1.01.04.02 Despesas antecipadas 2.154 1.808 2.640 1.01.04.03 Despesa antecipada com propaganda 217 0 0 1.01.04.04 IR/CSLL diferidos 16.829 16.898 14.435 1.01.04.05 Impostos a recuperar 7.621 9.606 3.723 1.01.04.06 Adiantamento a forne- cedores 6.043 18.610 4.613 1.01.04.07 Contas a receber funcio- nários 2.696 2.779 3.789 1.01.04.08 Outros ativos 3.575 2.023 3.405 1.01.04.09 Dividendos a receber 0 0 1.028 1.02 Ativo Não Circulante 797.751 504.011 455.874 1.02.01 Realizável em Longo Prazo 54.383 75.850 85.154 43 1.02.01.01 Créditos Diversos 54.383 75.850 85.154 1.02.01.01.01 Imóveis destinados à venda 4.875 10.024 13.445 1.02.01.01.02 Impostos a recuperar 8.618 13.258 12.372 1.02.01.01.03 Depósitos judiciais e compulsórios 4.023 4.463 3.312 1.02.01.01.04 IR/CSLL Diferidos 32.569 43.280 50.572 1.02.01.01.05 Outras contas a receber 4.298 4.825 5.453 1.02.02 Investimentos 743.368 428.161 370.720 1.02.02.01 Investimentos 475.699 231.204 253.891 1.02.02.01.01 Participações Coligadas/ Equiparadas 123.000 131.805 0 1.02.02.01.03 Participações em Con- troladas 163.243 99.204 258.505 1.02.02.01.04 Participações em Con- troladas - Ágio 101.771 0 -4.809 1.02.02.01.05 Outros Investimentos 195 195 195 1.02.02.01.06 Adiant. para Futuro Investimento 87.490 0 0 1.02.02.02 Imobilizado 200.036 187.556 107.446 1.02.02.03 Intangível 67.633 9.401 9.383 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido CÓDIGO DA CONTA DESCRIÇÃO DA CONTA 31/12/20X7 31/12/20X6 31/12/20X5 2 Passivo Total 1.349.804 1.161.133 1.041.575 2.01 Passivo Circulante 197.328 180.275 155.945 2.01.01 Empréstimos e Financia- mentos 12.722 2.295 16.439 2.01.03 Fornecedores 93.707 78.616 44.344 2.01.04 Impostos, Taxas e Contri- buições 13.468 11.802 16.845 2.01.05 Dividendos a Pagar 1.158 3.522 2.780 2.01.05.01 Juros s/capital próprio a pagar 1.094 971 901 2.01.05.02 Dividendos a pagar 64 2.551 1.879 2.01.08 Outros 76.273 84.040 75.537 2.01.08.01 Salários e encargos sociais 48.320 42.314 37.352 2.01.08.02 Contas a pagar 23.507 35.861 32.112 2.02 Passivo Não Circulante 270.915 223.302 230.312 2.02.01 Obrigações 270.915 223.302 230.312 2.02.01.01 Empréstimos e Financia- mentos 112.135 54.138 35.179 2.02.01.03 Tributos Diferidos 158.780 169.164 195.133 2.02.01.03.01 IRPJ Diferido 124.230 142.743 128.609 2.02.01.03.02 CSLL Diferida 34.550 26.421 66.524 2.04 Patrimônio Líquido 881.561 757.556 655.318 2.04.01 Capital Social Realizado 391.804 391.804 343.598 2.04.02 Reservas de Capital 177.336 92.001 8.527 2.04.04 Reservas de Lucro 191.078 147.133 138.171 2.04.04.01 Legal 40.874 34.807 28.476 2.04.04.07 Outras reservas de Lucro 150.204 112.326 109.695 2.04.04.07.01 Outras reservas de lucros 252.169 196.309 178.559 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 2.04.04.07.02 Juros s/capital próprio e dividendos -47.465 -50.518 -54.870 2.04.04.07.03 Ações em tesouraria -54.500 -33.465 -13.994 2.04.05 Lucros/Prejuízos acumu- lados 121.343 126.618 165.022 Demonstrativo de Resultado do Exercício - DRE CÓDIGO DA CONTA DESCRIÇÃO DA CONTA 01/01 A 31/12/20X7 01/01 A 31/12/20X6 01/01 A 31/12/20X5 3.01 Receita Bruta de Vendas e/ ou Serviços 1.579.244 1.535.026 1.335.450 3.02 Deduções da Receita Bruta -320.838 -301.322 -255.244 3.03 Receita Líquida de Vendas e/ ou Serviços 1.258.406 1.233.704 1.080.206 3.04 Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos -699.602 -664.012 -605.677 3.05 Resultado Bruto 558.804 569.692 474.529 3.06 Despesas/Receitas Opera- cionais -406.484 -400.156 -274.832 3.06.01 Com Vendas -333.314 -300.490 -279.022 3.06.02 Gerais e Administrativas -85.584 -75.984 -70.265 3.06.03 Financeiras 18.093 24.366 22.433 3.06.03.01 Receitas Financeiras 36.393 43.891 47.139 3.06.03.01.01 Variação cambial 0 2.484 6.039 3.06.03.01.02 Encargos Financeiros s/ impostos, líquido 6.226 0 0 3.06.03.01.03 Outras 30.167 41.407 41.100 3.06.03.02 Despesas Financeiras -18.300 -19.525 -24.706 3.06.03.02.01 Variação cambial -2.235 0 -10.258 3.06.03.02.02 Encargos financeiros s/ impostos 0 -2.506 -14.448 3.06.03.02.03 Outras -16.065 -17.019 0 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N ID A D E46 3.06.04 Outras Receitas Operacio- nais 4.390 12.218 51.273 3.06.05 Outras Despesas Operacio- nais -32.627 -39.654 -36.521 3.06.05.01 Amortização de diferido -7.085 -7.825 -8.319 3.06.05.02 Amortização de ágio -1.019 0 0 3.06.05.03 Outras -24.523 -31.829 -28.202 3.06.06 Resultado da Equivalência Patrimonial 22.558 -20.612 37.270 3.09 Resultado Antes Tributação/ Participações 152.320 169.536 199.697 3.10 IR e Contribuição Social -30.138 -40.069 -45.329 3.11 IR Diferido -839 -2.849 10.654 3.15 Lucro/Prejuízo do Período 121.343 126.618 165.022 47 Com base nesses demonstrativos: 1. Calcule o ROI em cada um dos 3 anos. 2. Calcule o GAT em cada um dos 3 anos. 3. Apresente o valor do ativo por ano e o percentual de variação entre os anos. 4. Apresente o resultado gerado por ano e a variação entre os anos. 5. Apure o Capital de Giro Líquido (CGL). MATERIAL COMPLEMENTAR Administração dos Fluxos de Caixa: Teoria e Prática German Torres Salazar Editora: Atlas Sinopse: o livro trata de Finanças Empresariais destacando a teoria e prática da administração dos fluxos de caixa das empresas. Desse modo, são discutidos os princípios-funções da ciência das finanças das empresas, essenciais para atingir a maximização do valor das ações das grandes empresas e a maximização do patrimônio líquido de médias e pequenas empresas. Recomendamos as leituras das partes I, II e III do livro que conta com cinco partes no total. REFERÊNCIAS 49 BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 6404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 3 set. 2008. _______. Lei n. 11638, de 28 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em 3 set. 2008. BRIGHAM, E. F. e HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração fi- nanceira. Tradução de Maria Imilda da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DAMODARAN, A. Finanças corporativas aplicadas. Porto Alegre, Bookman, 2002. LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Admnistração Financeira: Corporate Fi- nance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da administração financeira. Tradu- ção Sidney Stancatti. Revisão Técnica Fabio Gallo Garcia e Luis Alberto Bertucci. 10. ed. São Paulo: MAKRON Books, 2000. REFERÊNCIA ON-LINE 1 Em: <http://www.investimentos.org/a-decisao-de-investir-e-seus-desdobramen- tos/>. Acesso em: 21 jul. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm GABARITO Com base nesses demosntrativos: 1. Calcule o ROI no 20X7. ■ Fórmula Esta fórmula de cálculo somente poderá ser aplicada na íntegra quando temos as demonstrações mensais ou pelo menos trimestrais para calcularmos o Saldo Médio do Ativo Total, quando somos usuários externos das demonstrações normalmente temos o saldo anual, neste caso não é possível calcular a média, por isso vamos uti- lizar o Saldo do Ativo Total sem fazer a média. ■ 20X7 ROI = (121.343 ÷ 1.349.804) × 100 ROI = 8,99%. ■ 20X6 ROI = (126.618 ÷ 1.161.133) × 100 ROI = 10,90%. ■ 20X5 ROI = (165.022 ÷ 1.041.575) × 100 ROI = 15,84%. 2. Calcule o GAT em 20X7. ■ -Fórmula Esta fórmula de cálculo somente poderá ser aplicada na íntegra quando temos as demonstrações mensais ou pelo menos trimestrais para calcularmos o Saldo Médio do Ativo Total, quando somos usuários externos das demonstraçoes normalmente temos o saldo anual, neste caso não é possível calcular a média, por isso vamos uti- lizar o Saldo do Ativo Total sem fazer a média. ■ 20X7 GAT = (1.258.406 ÷ 1.349.804) GAT = Receita Operacional Líquida Saldo médio do Ativo Total GABARITO 51 GAT = 0,932. ■ 20X6 GAT = (1.233.704 ÷ 1.161.133) GAT = 1,0625. ■ 20X5 GAT = (1.080.206 ÷ 1.041.575) GAT = 1,0371. 3. Apresente o valor do ativo por ano e o percentual de variação entre os anos. Ativo Total, por ano: 31/12/20X5 = R$ 1.041.575 31/12/20X6 = R$ 1.161.133 (VARIAÇÃO POSITIVA DE 11,48% NA COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR) 31/12/20X7 = R$ 1.349.804 (VARIAÇÃO POSITICA DE 16,25% NA COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR). 4. Apresente o resultado gerado por ano e a variação entre os anos. Resultado, por ano 20X5 = R$ 165.022 20X6 = R$ 126.618 (VARIAÇÃO NEGATIVA DE 23,27% NA COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR) 20X7 = R$ 121.343 (VARIAÇÃO NEGATIVA DE 4,17% NA COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR). 5. Apure o Capital de Giro Líquido (CGL). 20x5 CGL = AC - PC = 585.701 - 155.945 = R$ 429.756 20x6 CGL = 657.122 - 180.275 =R$ 476.847 20x7 CGL = 552.053 - 197.328 = R$ 354.725 U N ID A D E II Professor Me. José Renato Lamberti Professor Me. Narciso Franzin Professor Me. Rodrigo Bastos Monteiro ORÇAMENTO DE CAPITAL Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar ferramentas que auxiliam o administrador financeiro a analisar a relação existente entre o investimento de capital e retorno esperado por isso. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Gastos Correntes e Gastos de Capital ■ Fluxo de Caixa ■ TMR – Taxa Média de Retorno ■ IL – Índice de Lucratividade ■ PAYBACK – Período de Recuperação do Investimento ■ VPL – Valor Presente Líquido ■ TIR – Taxa Interna de Retorno ■ TMA – Taxa Mínima de Atratividade ■ CAPM – Capital Asset Pricing Model INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, consideraremos as decisões de investi- mento e financiamento para empreendimentos. Uma iniciativa empresarial, para ter sucesso, demanda que seus administradores tomem decisões. Essas decisões vão das mais importantes e estratégicas, como abrir ou não um novo negócio, até outras mais específicas e operacionais, como a aquisição de máqui- nas e equipamentos e a implementação de tecnologias. De todo modo, o que se espera dessas decisões é que deem retornos financeiros sempre superiores a suas alternativas. Então, veja que, no momento da decisão, não há certeza sobre sua efetividade. A realização do que se espera com a decisão virá apenas com o pas- sar do tempo. Ou seja, a decisão financeira diz respeito a resultados futuros de deliberações realizadas no presente. O que ocorre na prática é que os recursos para investimento são escassos e os administradores financeiros têm a responsabilidade de selecionar projetos que deem maior retorno financeiro para a empresa. Para isso, devem elaborar demonstrativos de aplicações de recursos que permitam visualizar, de maneira eficiente, o retorno desses recursos – de preferência remunerados – em um dado momento do futuro, subsidiando, assim, a tomada de decisão. Os méto- dos de desconto, como o de período de recuperação do investimento (Payback) e o da taxa contábil de retorno, não consideram o valor do dinheiro no tempo, enquanto outros métodos, como o do Valor Presente Líquido (VPL) e o da Taxa Interna de Retorno (TIR), levam isso em consideração. Dá para entender, apenas por esse aspecto temporal, quais deles terão mais relevância na análise finan- ceira profissional. Fique certo de que é de fundamental importância que a organização escolha, entre as alternativas apresentadas, aquela que mais lhe traga ganho, ou seja, a que maximize seus lucros. Portanto um administrador financeiro deve ser capaz de decidir se vale a pena ou não fazer o investimento e ser capaz de escolher inteli- gentemente entre duas ou mais alternativas. Para conseguir isso, é necessário um sólido conjunto de procedimentos paraavaliar, comparar e selecionar projetos. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 ©shutterstock ORÇAMENTO DE CAPITAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 GASTOS CORRENTES E GASTOS DE CAPITAL Caro(a) aluno(a), gastos correntes são aqueles considerados de curto prazo, por- tanto, debitados como despesas no exercício em que ocorrem. São exemplos desse tipo de gastos aqueles com salários, aluguéis, matérias-primas, entre outros. Os gastos de capital, por outro lado, são de longo prazo, serão debitados em exer- cícios futuros. Isso quer dizer que esses gastos serão amortizados (depreciados) durante vários meses e anos, obedecendo às regulamentações da Receita Federal. Podemos citar como gastos de capital a aquisição ou substituição de máquinas e equipamentos, projetos de segurança e preservação ambiental, as construções, aquisição de terrenos, e assim por diante. Na determinação dos custos iniciais de um projeto, é importante saber que isso poderá decidir a viabilidade ou não do projeto. Em outras palavras, a mag- nitude do projeto, independentemente do seu retorno, pode já ser um fator de limitação para a estrutura da empresa. Além desse aspecto, a análise financeira vai percorrer certo caminho que, como resultado, oferecerá retorno a algumas indagações: ■ Quanto será gasto na aquisição de novos itens? ■ Há despesas adicionais com frete, instalação, manutenção, contratos etc.? ©shutterstock Fluxo de caixa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 ■ Os equipamentos substituídos têm valor de mercado residual? ■ Qual será a despesa com impostos no investimento a realizar? A seguir, apresentamos a ideia de fluxo de caixa na análise do custo do capital e passamos a apresentar as ferramentas analíticas que permitem responder às perguntas da análise financeira, definindo-as, dando exemplos e, na medida do possível, explorando limitações que o uso de cada uma dessas ferramentas implica. FLUXO DE CAIXA Quando vamos analisar o retorno de um investimento, ou então quando nos interessamos pela apresentação de uma projeção de resultado, o fluxo de caixa é a prin- cipal forma de exposição desses dados. Podemos assumir o fluxo de caixa como sendo o dado apresentado na última linha do Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE). Em outras palavras, o Fluxo de Caixa é o resultado líquido após custos operacionais - fixos e variáveis, taxas e impostos. Esse é o dado que permite a relação entre o investimento e o retorno a ele associado. Portanto, ao analisarmos o custo (e o retorno) de um investimento, faremos uma padronização no tempo e comparação de magnitudes do valor do capital investido anteriormente à geração de fluxos de caixa pelo projeto. Sendo assim, poderíamos simplificar o que estamos chamando de fluxo de caixa pela seguinte demonstração: ORÇAMENTO DE CAPITAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 Demonstrativo simplificado (UN) Vendas (quantidade) (× P) Preço (= UN × P) Faturamento (− CV × UN) Custo Variável (− CF × UN) Custo Fixo (= LAJIR) Lucro antes dos juros e imposto de renda (− dívida × Kd) Juros (= LAIR) Lucro antes do Imposto de Renda (− alíquota IR x Base trib) Imposto de Renda (=) Lucro Líquido Kd é a taxa paga pela obtenção do recurso feito dívida. Podemos exemplificar um fluxo de caixa a partir de um exemplo de um inves- timento em um imóvel comprado por R$300.000,00. Os aluguéis líquidos que podemos receber no futuro têm o valor de R$20.000,00 ao ano. Após receber- mos 5 aluguéis - um ao final de cada ano -, no final do quinto ano, vendemos o imóvel por R$325.000,00. A representação do fluxo de caixa desse investimento é a seguinte: t=0 t=1 t=2 t=3 t=4 t=5 -300.000 20.000 20.000 20.000 20.000 20.000 325.000 O segundo exemplo para o fluxo de caixa sempre é o do carrinho de cachor- ro quente. Digamos que o Dogão da Galera, famoso (e fictício) vendedor de cachorro quente perto de uma universidade tenha um faturamento bruto de R$20.000,00 por ano. Os custos fixos e variáveis são de R$12.000,00, de tal modo que o resultado líquido da empresa Dogão da Galera é de R$8.000,00 por ano. Suponhamos que a vida útil operacional para o negócio é de 10 anos. Vamos imaginar que o custo para construir - ou comprar – o Dogão da Galera é de R$50.000,00 e que ao final (t=10) os ativos restantes poderão ser vendidos por R$15.000,00. Nesse caso, a representação dos fluxos de caixa é a seguinte: ©shutterstock TMR – Taxa Média de Retorno Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 t=0 t=1 t=2 t=3 t=4 t=5 t=6 t=7 t=8 t=9 t=10 -50.000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 15.000 Dado o entendimento a respeito dos fluxos de caixa, passemos a entender como esses fluxos podem mostrar o resultado do negócio e o custo do capital empregado. TMR – TAXA MÉDIA DE RETORNO A taxa média de retorno (TMR) tem por finalidade determinar a lucra- tividade de um projeto. Essa é uma das técnicas mais antigas utiliza- das nas análises de investimento. A TMR consiste na comparação dos lucros contábeis líquidos com os custos iniciais, adicionando todos os lucros líquidos futuros e dividin- do-os pelo investimento médio. Podemos calcular a TMR da seguinte forma: TMR = Média dos Lucros Líquidos anuais futuros Metade do Investimento Inicial Como pode ser observado, o conceito é de fácil entendimento. Contudo, há fato- res que não recomendam a utilização da TMR em uma análise financeira. Entre eles, o fato de que a TMR não considera o valor do dinheiro no tempo. Ou seja, para análise, utiliza o lucro contábil e não o fluxo de caixa, ignorando, assim, a depreciação. Igualmente, não é computado o valor presente do valor residual do ORÇAMENTO DE CAPITAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E60 equipamento, assim sendo, o valor residual poderá reduzir o investimento ini- cial ou ainda aumentar a entrada futura de caixa. Mostra-se a seguir como é feito o cálculo da TMR em um exemplo citado por Groppelli e Nikbakht (2006). Nesse exemplo, você deve considerar que os lucros líquidos para os próximos 4 anos estejam calculados em R$10.000,00, R$ 15.000,00, R$20.000,00 e R$30.000,00, respectivamente. Se o investimento ini- cial é de R$100.000,00, qual é a TMR? Resolução: 1° Passo: encontrar o lucro líquido médio: 2° Passo: calcular o investimento médio:100.000 = 50.000 2 3° Passo: a TMR: Ou seja, a TMR é de 0,375 (ou ×100 = 37,5%). Fica evidenciado que, nesse caso, os resultados obtidos nos anos 1 e 4, por exemplo, têm a mesma magnitude finan- ceira. Um problema do qual a TMR não conseguirá se desvencilhar. Vamos a uma nova abordagem. O Índice de Lucratividade (IL). IL - ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE De modo geral, um empresário sabe que os clientes são diferentes quando relacio- nados à lucratividade que proporcionam para a empresa: uns são mais lucrativos que outros. A lucratividade mostra, por meio de um percentual, o ganho obtido pela empresa em relação (sobre) às vendas realizadas. ©shutterstock IL - Índice de Lucratividade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 O Índice de lucratividade (IL) é uma medida de retorno em relação ao inves- timento inicial. Tem o mesmo princípio da lucratividade, ou seja, permite que a empresa saiba se o projeto em vista lhe trará retornos positivos. O cálculo do IL se
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