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DECISÕES FINANCEIRAS

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Disciplina: Decisões Financeiras
Autor: Sergio Rafacho	
Unidade de Educação a Distância 
DECISÕES FINANCEIRAS
Autor: Sergio Rafacho 
BELO HORIZONTE / 2012
Disciplina: Decisões Financeiras
Autor: Sergio Rafacho
	
6 | Página
Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Legenda
 
	
Nosso Tema
	
Sintese
	
Referências Bibliográficas
	
Saiba mais
	
Reflexão
	
Material complementar
	
Atividade
	
Dica
	
Importante
Sumário
Unidade 1: Análise Financeira	9
Unidade 2: Decisões Financeiras de Longo Prazo	38
Nosso Tema
As finanças empresariais são administradas com o objetivo de maximizar o valor de mercado das empresas, aumentando a riqueza de seus proprietários, que investem em negócios, abrindo mão de outras oportunidades de investimento (muitos deles especulativos), tendo a expectativa de obter maiores retornos econômicos e financeiros.
A sobrevivência e o crescimento das empresas resultam em diversos benefícios não somente para os seus proprietários, mas, também, para seus empregados, que mantém sua fonte de renda e criam novas expectativas futuras; para a população, que consegue adquirir novos produtos (em muitos casos com preços mais competitivos devido à concorrência) e para o país que recebe mais impostos gerados pelas empresas e é aliviado em relação aos gastos sociais com a redução do desemprego. 
Porém, a manutenção de uma empresa, em um mercado cada vez mais globalizado e concorrente, exige de seus administradores conhecimento específico sobre técnicas e ferramentas de gestão financeira que contribuam para o alcance de seus objetivos estratégicos.
O crescimento empresarial pode ser financiado por fontes próprias ou de terceiros, desde que haja um planejamento adequado de captação de recursos, dentro das expectativas futuras de retorno dos investimentos:
 (
PRÓPRIOS
)
Fonte: Zdanowicz (2004, p. 33)
O planejamento do crescimento organizacional deve ser direcionado de acordo com seu planejamento estratégico, procurando buscar as melhores fontes de financiamento para a empresa alcançar seus objetivos de curto, médio e longo prazos.
Nesta unidade, estudaremos conceitos fundamentais para a formação do administrador que permitem ao mesmo identificar, interpretar e analisar informações sobre as empresas que o auxiliarão a participar do processo de tomada de decisões empresariais com segurança e confiabilidade. A nossa disciplina é dividida em três unidades:
● Unidade 1 - Análise Financeira: estudaremos o desempenho operacional e os impactos de uma gestão racional e planejada sobre os resultados da organização, identificando ações que influenciam a eficácia empresarial e que resultem na criação de valor para seus acionistas.
● Unidade 2 – Decisões Financeiras de Longo Prazo: a abordagem desta unidade passa pela importância das decisões de investimento pautada por projeções de fluxos caixa e apuração do retorno sobre investimento. Em seguida, estudaremos os métodos de avaliação econômica de investimentos e as formas de composição do capital das empresas.
● Unidade 3 – Decisões Financeiras de Curto Prazo: a última unidade diz respeito à importância da gestão otimizada dos recursos de curto prazo das empresas, que envolve a administração do capital de giro, de estoques, dos valores a receber, bem como a escolha das fontes de financiamento e das alternativas de aplicações financeiras a curto prazo.
A busca pelo equilíbrio financeiro das organizações deve ser uma constante entre seus dirigentes, pois o crescimento desprovido de uma sustentabilidade financeira planejada e executado dentro das possibilidades da empresa pode resultar no fracasso empresarial e na consequente diminuição de recursos de seus acionistas.
Vamos, então, estudar sobre Decisões Financeiras, conscientes de que a área de finanças deve ser compreendida de forma extensa e objetiva por parte dos gestores.
Reflexão
Toda empresa, organização ou instituição demanda uma forma de gestão que deve ser coerente com seus objetivos. Sejam empresas com ou sem fins lucrativos, todas as organizações (ou pelo menos a grande maioria) têm expectativas de manutenção e crescimento e precisam estar direcionadas rumo ao alcance de suas metas.
O campo da administração oferece muitas oportunidades que atraem diversos profissionais, porém percebe-se que a maior parte das pequenas e médias empresas no Brasil tem sido administrada por profissionais que não utilizam as ferramentas e técnicas disponibilizadas pela ciência da administração.
Os cursos de administração existentes no Brasil oferecem disciplinas em quase todos os períodos que procuram desenvolver nos discentes habilidades e competências relacionadas à interpretação e análise de relatórios gerenciais, que são grandes fontes de informação sobre a “saúde da empresa”. No entanto, o que se percebe, é que, quando os alunos se voltam para a prática da administração nas empresas, sejam como estagiários ou como funcionários, não encontram os relatórios elaborados, nem sequer uma menção em relação à existência deles.
Percebe-se, neste contexto de carência administrativa, uma oportunidade de desenvolvimento rumo ao sucesso profissional, tanto para os estudantes da área de gestão como para os profissionais da área já formados. Com o atual crescimento dos cursos de administração no Brasil, espera-se que essa situação se modifique, e seja cada vez maior o número de empresas administradas com técnicas eficazes de gestão, contribuindo para a redução do desemprego e o crescimento do país. 
Muitos de nós acreditamos que, quando uma oportunidade de crescimento surge, não se pode desprezá-la. E os administradores (incluindo os futuros) não devem deixar “escapar” esta oportunidade, que está disponível a todos, de valorizar, gerar e analisar os relatórios gerenciais nas empresas, tão importantes para a sobrevivência delas.
Como empresas contratam profissionais com funções específicas e sem previsão de ociosidade de tempo, talvez seja necessário que tais profissionais doem um pouco mais de si para conseguirem “aproveitar” as oportunidades que surgem nessa área, e, consequentemente, se desenvolverem profissionalmente.
Se os profissionais do campo da administração conseguirem gerar e aprimorar relatórios gerenciais que permitam aos proprietários das empresas (e aos próprios administradores) decidirem com mais segurança e, consequentemente alcançarem maior crescimento para suas empresas, tais profissionais ganharão destaque, sendo devidamente reconhecidos e colherão ótimos frutos de seu trabalho. É um desafio, mas, possível, e está ao nosso alcance!
Unidade 1: Análise Financeira
1. Conteúdo Didático 
 (
Fonte
: Disponível em:
 
http://office.microsoft.com/pt-br/images/negocios-CM079001906.aspx?Download=MP900382654&ext=JPG&AxInstalled=1&c=0#ai:MC900240749|Acesso em: 03/02/2011
)Diariamente, o administrador financeiro tem de tomar decisões que vão refletir sobre os resultados de sua empresa e, para que este processo tenha maior eficácia, é fundamental que ele tenha à sua disposição dados sobre sua empresa que permitam que ele tome decisões com segurança. Considerando essa necessidade, devemos ressaltar que, mesmo não sendo a única fonte de dados, a Contabilidade é a principal. Outras informações, relacionadas à própria empresa e às condições mercadológicas em que atua, também devem ser agregadas e consideradas no processo de tomada de decisões, tão importante para o sucesso das empresas.
A contabilidade é importante para o gestor financeiro, pois deve revelar a real posição econômico-financeira da empresa:
Administradores financeiros contam com os contadores para prepararem os demonstrativos financeiros que fornecem informações sobre a lucratividade – Demonstrativo de Resultado do Exercício – e sobre a posição financeira da empresa – Balanço Patrimonial. (...) Esse relatório fornece uma análise detalhada da maneira como o caixa foi gerado e indica como ele foi utilizado na condução de todas as fases de um negócio. (GROPPELLI; NIKBAKHT, 1999, p.13)
De posse desses dados, o administrador terá melhores condições de analisar a real situação da organização em que atua, passando a direcionar os esforços de seus colaboradores no sentido de maximizar os lucros. Da mesma forma, poderá verificar a rentabilidade de seus ativos, confrontando-os com os custos de seus passivos a fim de obter resultados cada vez mais satisfatórios para os acionistas da empresa.
Porém, o sucesso de todo processo de tomada de decisões está diretamente relacionado à qualidade da análise das informações disponibilizadas e também à capacidade do administrador financeiro de compreender, interpretar e mensurar tais informações, transformando-as em sucesso. Muitos administradores almejam alcançar altos níveis hierárquicos dentro das organizações, porém é importante que esses tenham conhecimento da responsabilidade de se tomar decisões de forma coerente e eficaz.
Nesta unidade, vamos trabalhar com diversos aspectos relacionados à Análise Financeira que são fundamentais para o sucesso do Administrador Financeiro. Vamos ao trabalho!
1.1. Desempenho Operacional e Alavancagem Financeira
A análise financeira é um importante instrumento de gestão empresarial, pois permite aos gestores visualizar a situação da empresa, checando se a mesma tem alcançado os objetivos predeterminados e tomado medidas corretivas, quando necessário. Neste tópico, iremos tratar de dois aspectos importantes para a análise financeira: Desempenho operacional e Alavancagem Financeira.
1.1.1. Desempenho Operacional
O primeiro assunto que iremos tratar neste tópico refere-se ao Desempenho Operacional. Mas o que significa “Desempenho operacional” ? Qual a sua importância para o gestor financeiro? Qual a diferença entre Resultado Operacional e Resultado Líquido de uma organização? Uma empresa pode apresentar Resultado Operacional favorável, porém um Resultado Líquido desfavorável? E o contrário, é possível? São perguntas importantes que vamos responder nesta unidade e que são fundamentais para a análise financeira.
 (
Fonte
: Disponível em:
 
http://office.microsoft.com/pt-br/images/negocios-CM079001906.aspx?Download=MP900382654&ext=JPG&AxInstalled=1&c=0#ai:MC900250049
 
Acesso em: 03/02/2011
)
Como sabemos, os resultados (operacional e financeiro) de uma empresa são apurados e apresentados no demonstrativo contábil conhecido como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Vejamos como esse demonstrativo é estruturado:
Fonte: Matarazzo, 2003, p. 46.
Esta estrutura é um modelo, podendo sofrer variações de acordo com os parâmetros contábeis adotados por cada organização. Porém, ao pesquisarmos qualquer DRE estruturado de acordo com as normas contábeis vigentes no Brasil, encontraremos sempre o mesmo padrão de apresentação de valores, ou seja:
 (
Receitas
Impostos
Custos
Despesas
Resultado
)
Analisando a estrutura do DRE acima apresentada, é importante destacar que o Resultado Operacional (Lucro ou Prejuízo Operacional) é apresentado como um “sub-total” do Resultado Líquido (Lucro ou Prejuízo do Exercício). Do ponto de vista da análise financeira, este aspecto deve ser considerado como uma forma de identificar o Desempenho Operacional da empresa, que está associado ao seu ramo de atuação, ou seja, ao objeto de seu negócio. O texto destacado a seguir apresenta um exemplo que diferencia a forma de apuração do Resultado Operacional do Não Operacional:
	Resultado Operacional x Resultado Não Operacional
	
Imagine uma empresa que vende material elétrico, por exemplo, e que tem uma frota de veículos para entrega de seus produtos. Ela atua no ramo da construção civil e todo o lucro decorrente da venda de seus produtos a clientes é apurado no Resultado Operacional. Se esta mesma empresa, vender um veículo de sua frota obtendo lucro nesta venda, este será apurado em seu Resultado não Operacional, bem como todos os resultados apurados em negócios que não estão diretamente ligados à operação-fim da empresa. Da mesma forma, todos os gastos da empresa, que não estão diretamente relacionados com a operação da empresa, são considerados não-operacionais.
Fonte: autor
Após compreendermos os conceitos apresentados acima, vamos procurar identificar o Desempenho Operacional de uma organização através do exemplo de um DRE apresentado a seguir:
Fonte: autor
Analisando o DRE acima, percebemos que a empresa apresentou crescimento em suas vendas de 19,3% no ano de 2009, em relação ao ano de 2008. Diante dessa observação, vamos fazer algumas considerações sobre o Desempenho Operacional desta empresa, tendo como fonte o DRE:
	Item de Desempenho a ser analisado
	Informação extraída do DRE
	
Conclusão
	Gestão de Custos
	Os custos dos produtos vendidos aumentaram 16,5% no mesmo período, percentual inferior ao aumento das vendas.
Em 2008, os custos representavam 61,9% da Receita Liquida; já em 2009 esse percentual caiu para 60,5%. Essa variação resultou no aumento do Lucro Bruto em termos percentuais, que passou de 38,1%, em 2008, para 39,5% da Receita Líquida em 2009.
	A gestão de custos da empresa em 2009 foi mais eficiente do que no ano de 2008. Isto ocorreu devido à otimização dos recursos da empresa. Podem ter ocorrido compras de insumos a menores custos, maior eficiência do pessoal produtivo devido a treinamentos, etc. 
	
Gestão das Despesas com Vendas
	Mesmo tendo as vendas aumentado 19,3%, as despesas com vendas se mantiveram no mesmo nível, aumentando apenas 0,4%. Devido a esse fato, o percentual de 2009 foi reduzido em relação a 2008, caindo de 8,5% para 7,1%.
	O departamento de vendas da empresa conseguiu obter maiores vendas com o nível de recursos disponibilizados, apresentando maior eficiência em 2009, em relação ao ano de 2008.
	
Gestão das Despesas Operacionais
	As despesas operacionais da empresa aumentaram 17,7% no ano de 2009 em relação a 2008, face ao aumento de 19,3% nas vendas do mesmo período. Por isso, em termos percentuais, as despesas operacionais se mantiveram no mesmo nível nos dois anos analisados.
	O setor operacional da empresa se apresentou com o mesmo nível de eficiência nos dois anos apresentados no relatório.
	
Gestão das Despesas Gerais e Administrativas
	As despesas gerais e administrativas aumentaram 28,6% no ano de 2009 em relação a 2008. Esse percentual foi bem superior ao aumento das vendas no mesmo período.
	Diferentemente das despesas anteriores, o aumento nesse grupo de despesas representa perda de eficiência na gestão da empresa, cabendo aos gestores da mesma identificar os motivos que resultaram nesse contexto. 
	Outras Receitas e Despesas
	Este item apresentou uma variação de 230,9% no ano de 2009 em relação a 2008, passando de 5.876 para 19.444.
	Este grupo de despesas apresentou um aumento significativo no período apresentado, porém devido ao fatode representar apenas 0,1% da receita em 2008, esta variação teve pouco impacto no resultado da empresa.
Fonte: autor
Considerando as informações do quadro acima, percebemos que essas variações nos grupos de gastos da empresa, apresentados no DRE, resultaram um ganho em termos de Eficiência Operacional de 2,6% (15,8% em 2009 – 13,2% em 2008) em relação às vendas líquidas da empresa. Esse ganho poderia ter sido maior, caso o grupo de despesas gerais e administrativas tivessem apresentado o mesmo comportamento dos demais grupos analisados.
A mesma análise pode ser feita em relação aos demais itens apresentados no DRE. Especificamente neste caso ilustrado, percebemos que todo ganho obtido com a otimização operacional da empresa foi anulado devido ao aumento das despesas financeiras apresentadas no mesmo período. Esse aumento, geralmente, se deve à elevação do endividamento da empresa. Caso esse endividamento tenha ocorrido devido a investimentos realizados na empresa com expectativa de retorno maior do que um ano, os gestores devem se manter atentos aos resultados nos próximos anos. Caso contrário (ou seja, se a expectativa de retorno de investimento era inferior a um ano), devem rever a política de investimentos da empresa, visto que o resultado foi desfavorável para a empresa, pois os juros contratados pela organização consumiram parte do lucro da empresa.
1.1.2. Alavancagem
 (
Fonte
: Disponível em:
 
http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/AMS/article.php?storyid=25
 
 
Acesso em: 03/02/2011
)
 Após a abordagem sobre Desempenho Operacional, passamos a considerar o próximo tema deste tópico que é a Alavancagem. Se considerarmos esse termo no campo da física, notaremos que implica no uso de uma alavanca para elevar um objeto de maior peso, utilizando uma força menor, ou seja, há uma “multiplicação de força”, através da utilização de um instrumento de apoio. Fazendo uma analogia da empregabilidade desse termo para o campo da administração, podemos compreender a Alavancagem como uma forma de multiplicação de recursos de determinada organização. Estudaremos o tema Alavancagem sobre três aspectos: operacional, financeira e total (ou combinada). Vamos prosseguir!
1.1.2.1. Alavancagem Operacional
Segundo Gitman (2009, p. 468) “a alavancagem resulta do uso de ativos ou fundos a custo fixo para multiplicar os retornos aos proprietários da empresa. De modo geral, aumentá-la tem maior retorno e risco, ao passo que reduzi-la, diminui ambos”. A alavancagem está diretamente relacionada à existência de custos operacionais fixos na apuração dos resultados da empresa.
A medida da alavancagem utilizada por uma empresa é denominada de Grau de Alavancagem Operacional (GAO), segundo Weston & Brigham (2000, p. 676), como sendo a mudança porcentual no lucro operacional (ou LAJIR[footnoteRef:1]) associada a uma mudança porcentual dada nas vendas. [1: LAJIR = Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda – No Brasil, temos, além do Imposto de Renda, outras contribuições sobre o resultado antes de impostos da empresa, que devem ser consideradas no modelo apresentado. 
] 
O GAO é uma medida que apresenta o efeito de uma variação nas vendas sobre o resultado operacional da empresa. Ele indica que, para cada variação (acréscimo ou decréscimo) de N% nas vendas da empresa, implicaria em uma variação (acréscimo ou decréscimo) de GAO x N% no LAJIR da empresa. O GAO pode ser expresso através da seguinte expressão:
GAO = Variação percentual no LAJIR
	Variação percentual em vendas
Podemos expressar algebricamente a fórmula do GAO. Vejamos:
GAO = Qtde. x ( Preço Venda Unit. – Custo Variável Unit. ) .
 Qtde. x ( Preço Venda Unit. – Custo Variável Unit.) – Custo Fixo Total
Para melhor compreensão das informações passadas até esse ponto, vamos considerar o seguinte exemplo de aplicação e análise do Grau de Alavancagem Operacional:
Suponha que a CIA XYZ comercializa um produto chamado GREEN, tendo apurado os seguintes dados de vendas no mês de janeiro / 2010:
	Preço de Venda Unitário 	: $ 150,
	Custo Variável Unitário 		: $ 75,
	Custo Fixo Total		: $ 37.500
	Quantidade			: 1.000
Aplicando a fórmula com esses dados, teríamos:
GAO = 	 1 000 x ( 150 – 75) = 2,0
	1.000 x ( 150 – 75 ) – 37.500
O resultado encontrado indica que o GAO da CIA XYZ é 2, ou seja, está indicando que se, por exemplo, as vendas da empresa aumentarem 10% de um período para o outro, o LAJIR desta empresa aumentaria em 20% (GAO x 10%). Da mesma forma, se as vendas da empresa sofrerem uma redução de 10%, o LAJIR seria reduzido em 20% (GAO x 10%). O quadro abaixo ilustra essa posição :
Fonte: autor
Observando o quadro acima, temos:
■ (a) a variação positiva de 10% nas vendas, acarretou o aumento de 20% (2 x 10%) no LAJIR da empresa, que passou de $ 37.500 para $ 45.000;
■ (b) a variação negativa de 10% nas vendas, acarretou a redução de 20% (2 x 10%) no LAJIR da empresa, que passou de $ 37.500 para $ 30.000.
Comprovando matematicamente:
	(a) 45.000 – 37.500 = 7.500
	(b) 37.500 – 30.000 = 7.500
	 7.500 / 37.500 = 0,2 ou 20%
Temos, então, que o GAO da empresa apresenta a sensibilidade de seu LAJIR face às alterações nas vendas. Como foi citado no início deste tópico, a alavancagem é resultado do uso da estrutura de custos fixos da empresa para multiplicação dos resultados dos sócios da empresa.
1.1.2.2. Alavancagem Financeira
Da mesma forma que a Alavancagem Operacional está associada à utilização de custos fixos da empresa, a Alavancagem Financeira está associada à existência de encargos financeiros no fluxo de recursos da empresa. 
Segundo Weston & Brigham (2000, p. 678) “a alavancagem operacional afeta os lucros antes dos juros e impostos (LAJIR), ao passo que a alavancagem financeira afeta os lucros pós-juros ou os lucros disponíveis aos detentores de ações ordinárias”.
A Alavancagem Financeira apresenta a capacidade da empresa na utilização de encargos financeiros fixos para otimizar os efeitos de variações no Lucro Antes de Juros e Impostos (LAJIR) sobre o lucro final da empresa. Essa capacidade é medida pela Grau de Alavancagem Financeira.
O Grau de Alavancagem Financeira (GAF) é definido como a medida do grau de influência da utilização de encargos financeiros fixos sobre o lucro. O GAF significa que uma variação (positiva ou negativa) de N% no LAJIR incorrerá em uma variação (positiva ou negativa) de GAF x N% no lucro final da empresa.
Weston & Brigham (2000, p. 678) apresentam a seguinte definição sobre o GAF: “O grau de alavancagem financeira é a mudança porcentual nos lucros disponíveis aos detentores de ações ordinárias associada a uma dada mudança porcentual nos lucros antes dos juros e impostos (LAJIR)”. Podemos expressar o GAF da seguinte forma:
GAF = Variação percentual no Lucro
	Variação percentual no LAJIR
Também podemos expressar algebricamente a fórmula do GAF. Vejamos:
GAF = LAJIR .
LAJIR – J
Onde J: representa os encargos financeiros fixos utilizados pela empresa.
Para melhor explicar a importância do GAF, vamos seguir utilizando o mesmo exemplo apresentado no tópico anterior, considerando o LAJIR de $ 37.500 e os encargos financeiros utilizados pela empresa de $ 15.000. Dessa forma temos:
GAF = 37.500 = 1,667
37.500 – 15.000
O resultado encontrando indica que o GAF é 1,667, ou seja, está indicando que se, por exemplo, o LAJIR da empresa aumentar 20% de um período para o outro, seu lucro final aumentaria em 33,334%% (GAF x 20%). Da mesma forma, se o LAJIR da empresa sofrer uma redução de 20%, o lucro final seria reduzido em 33,334%% (GAF x 20%). Vejamos o quadro abaixo:
Fonte : autor
Observando o quadro acima, temos :
■ (a) a variação positiva de 20% no LAJIR, acarretou o aumento de 33,334% (1,67 x 20%) no Lucro final da empresa, que passou de $ 19.125 para $ 25.500;
■ (b) a variação negativa de 20% no LAJIR, acarretou a redução de 33,334% (1,67 x 20%) no Lucro final da empresa, que passoude $ 19.125 para $ 12.750.
Comprovando matematicamente:
	(a) 25.500 – 19.125 = 6.375
	(b) 19.125 – 12.750 = 6.375
	 6.375 / 19.125 =0,3334 ou 33,334%
È importante ressaltar que o GAF é um indicador de risco financeiro para a empresa, visto que ele demonstra a sensibilidade do lucro final da empresa, face às variações no LAJIR, a partir do uso de encargos financeiros fixos.
1.1.2.3. Alavancagem Total (ou Combinada)
A Alavancagem Total (ou Combinada) reflete o efeito combinado das alavancagens operacional e financeira da variação das vendas no lucro final da empresa. Esse efeito é medido pelo Grau de Alavancagem Total (GAT). Segundo Weston & Brigham (2000, p. 679), o Grau de Alavancagem Total “é a mudança porcentual no LPA (Lucro por Ação ou Lucro Final) promovida por uma dada mudança porcentual nas vendas; o GAT mostra os efeitos tanto da alavancagem operacional quanto da alavancagem financeira”. 
O GAT indica que para cada variação (acréscimo ou decréscimo) de N% nas vendas da empresa, implicaria em uma variação (acréscimo ou decréscimo) de GAT x N% no lucro final da empresa. O GAT é calculado através da seguinte forma: 
	GAT = GAO x GAF
Considerando o exemplo utilizado, teríamos :
	GAT = 2,0 x 1,667 = 3,334
O resultado encontrando indica que o GAT é 3,334 ou seja, está indicando que se, por exemplo, as vendas da empresa aumentarem 10% de um período para o outro, o lucro final da empresa aumentará em 33,334% (GAT x 10%). Da mesma forma, se as vendas da empresa sofrerem uma redução de 10%, o lucro final será reduzido em 33,334% (GAC x 10%). O quadro apresenta a situação contextualizada:
Fonte: autor
Observando o quadro acima, temos:
■ (a) a variação positiva de 10% nas vendas acarretou o aumento de 33,334% (3,334 x 10%) no lucro final da empresa, que passou de $ 19.125 para $ 25.500;
■ (b) a variação negativa de 10% nas vendas, acarretou a redução de 33,334% (3,334 x 10%) no lucro final da empresa, que passou de $ 19.125 para $ 12.750.
Comprovando matematicamente :
	(a) 25.500 – 19.125 = 6.375
	(b) 19.125 – 12.750 = 6.375
	 6.375 / 19.125 =0,3334 ou 33,334%
Temos, então, que o GAT da empresa apresenta a sensibilidade de seu lucro final face às alterações nas vendas. Analisando a composição do GAT, que é uma composição do GAO e GAF, estudados neste tópico, podem-se perceber os riscos das ações empresariais na busca por maiores lucros, visto que, tanto a estrutura de custos fixos da empresa, quanto o seu comprometimento financeiro podem resultar em condições organizacionais que proporcionem maior lucratividade em um mercado aquecido, mas, também, podem resultar em maiores riscos para a empresa no caso de haver um desaquecimento da demanda no contexto econômico em que a empresa atua.
Finalizamos este importante tópico de nossa disciplina e passamos a estudar outro assunto que tem chamado a atenção de muitos gestores: a Gestão Baseada no Valor. Vamos continuar nossos estudos!
1.2. Gestão Baseada no Valor
A gestão financeira de uma empresa tem como objetivo de suas decisões propiciar resultados operacionais para que a empresa possa se manter no mercado e, também, alcançar novos níveis empresariais que representem crescimento da organização.
 (
Fonte
: Disponível em:
 
http://office.microsoft.com/pt-br/images/negocios-CM079001906.aspx?Download=MP900382654&ext=JPG&AxInstalled=1&c=0#ai:MP900342054|
Acesso em: 03/02/2011
)Tanto a manutenção quanto o crescimento organizacional devem ser planejados e efetivados com base nos objetivos empresariais, que devem estar contextualizados segundo o ambiente mercadológico em que a empresa atua. As decisões de financiamento e as decisões de investimento empresariais devem refletir o alcance destes objetivos a curto, médio e longo prazos. O sucesso operacional da empresa é refletido em seu resultado operacional.
O resultado operacional é aquele obtido através das operações da empresa diretamente ligadas à sua atividade fim, ou seja, é o resultado gerado pelos ativos produtivos da empresa que, quando apurado, permite que seja feita uma avaliação econômica da organização. Esse resultado, apurado de acordo com os valores apresentados pela empresa, é utilizado como um indicador de atratividade econômica do empreendimento.
A Gestão Baseada no Valor considera o retorno dado ao acionista de determinada empresa, face ao investimento que esse realizou na própria empresa, considerando inclusive outras opções de disponíveis no mercado. A viabilização de um novo empreendimento em um mundo globalizado, (e consequentemente com a concorrência cada vez mais acirrada) tem resultado em enormes desafios para os gestores financeiros, visto que estes têm como objetivo principal a “criação de valor” para os acionistas, ou seja, a maximização da riqueza dos detentores de capital da empresa.
Antes de nos aprofundarmos mais neste assunto, é importante considerarmos o significado de alguns termos que constantemente encontramos em textos ligados à área financeira. O quadro abaixo apresenta alguns desses termos.
	
F
A
T
O
R
	
Econômico
	
Financeiro
	
	Com base na relação entre o retorno do investimento e o custo da captação. A agregação de valor econômico em uma empresa somente se verifica quando o lucro operacional, apurado em determinado momento, supera o custo total de capital da empresa.
	Identificado pela sincronização entre a capacidade de geração de caixa dos negócios e o fluxo de desembolsos exigidos pelos passivos. O equilíbrio financeiro de uma empresa pressupõe uma interdependência de prazos entre ativos e passivos, ou seja, a maturidade das decisões de investimento deve ser compatível com a das decisões de financiamento.
	
R
I
S
C
O
	Inerente à própria atividade da empresa e às características do mercado em que opera. Esse risco independe da forma como a empresa é financiada, restringindo-se exclusivamente às decisões de investimento. Alguns exemplos: sazonalidade de mercado, tecnologia, concorrência, estrutura de custos, qualidade dos produtos, variações nas taxas de juros, etc.
	Reflete o risco associado às decisões de financiamento, ou seja, à capacidade da empresa em liquidar seus compromissos financeiros assumidos. Empresas com reduzido nível de endividamento apresentam baixo nível de risco financeiro; altos níveis de endividamento, por um lado, ao mesmo tempo em que podem promover maior capacidade de alavancar os resultados, denotam maior risco financeiro.
Fonte: Assaf Neto (2003, p. 31), adaptado pelo autor
Em finanças, temos que a relação Risco x Retorno deve ser considerada em todas as decisões empresariais, sendo que o administrador financeiro deve se valer de informações tecnicamente seguras e ferramentas apropriadas tanto para planejar quanto para executar seu planejamento financeiro.
A Gestão Baseada no Valor considera a geração de riqueza para os acionistas como o objetivo principal das estratégias financeiras. O esquema abaixo mostra uma visão sintética de uma gestão baseada em valor:
 (
Valor de Mercado
 
- Riqueza
Criação de Valor
Estratégias Financeiras e Capacidades Diferenciadoras
)
 Fonte: Assaf Neto (2003, p. 169), adaptado pelo autor.
As estratégias financeiras, por sua vez, devem considerar não somente a superação pelas vendas dos gastos empresariais (resultando no lucro), mas, também, a superação dos custos associados ao investimento realizado pelos acionistas (custo de capital investido e o custo oportunidade).
	Custo de Oportunidade
	
O custo de oportunidade é o retorno que o acionista teria, caso investisse seus recursos em outro ativo. Vejamos um exemplo.
Imagine uma pessoa física que investiu durante um ano $ 200.000 em ações de uma empresa que vende $ 500.000 anualmente, apurando um resultado (lucratividade) sobre as vendas de $ 20.000 (ou seja, 4% ao ano). Do ponto de vista do acionista, ele obteve um retorno (rentabilidade) de 10% ao ano ($ 20.000 / $ 200.000).
Mas quanto ele teria de retorno se tivesse investido em produto bancário? Supondo que determinado banco tenha oferecidoao acionista uma rentabilidade anual de 7%, este seria o Custo de Oportunidade. 
Fonte: autor
No exemplo citado, devemos considerar o risco das aplicações tanto na empresa quanto no banco (geralmente bem menor, principalmente em se tratando de bancos estatais de governos sólidos) para que a decisão sobre onde investir fosse tomada. Percebemos que a rentabilidade da empresa superou a oferta feita pelo banco ao investido, o que tornou o investimento nas ações mais atrativo, mas devemos considerar que esta decisão deve ser tomada antes de se conhecer o resultado da empresa e já conhecendo a oferta do banco, o que torna o processo decisório mais complexo.
Devido a essa incerteza, é comum o investidor associar um “prêmio de risco” ao custo de oportunidade, resultando na Taxa Mínima de Atratividade requerida para o investimento. Em um mundo globalizado em que há uma forte interdependência entre as economias, obviamente podemos encontrar diversos modelos para se apurar a Taxa Mínima de Atratividade de um investimento. Porém, de forma geral, pode-se dizer que a expectativa básica de qualquer investimento financeiro, em determinado ativo, deve superar tanto o custo de oportunidade quanto o risco de se investir em tal ativo.
Segundo Assaf Neto (2003, p. 167), 
o investimento do acionista revela atratividade econômica somente quando a remuneração oferecida for suficiente para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio aplicado no negócio. Por custo de oportunidade entende-se, conforme foi definido, o retorno da melhor alternativa de investimento abandonada em troca da aceitação de outra oportunidade de investimento, de mesmo risco.
Geração de Valor para o acionista: Considerando exemplo simplificado (Custo de Oportunidade), podemos dizer que gestor da empresa em questão, criou riqueza para o acionista, pois a rentabilidade propiciada pelo administrador foi superior às outras alternativas de investimento. Como obteve um retorno de 10% ao ano, o acionista teve uma geração de riqueza a seu favor de 3% ao ano (10% - 7%). Se considerarmos um risco de associado ao negócio de 2%, ainda sim, o acionista teria a geração de riqueza de 1% (10% - 7% - 2%).
Basicamente, a criação de valor para o acionista ocorre quando as receitas proporcionadas pelo investimento superam os gastos realizados para sua execução (incluindo o custo de oportunidade), pois há um excedente de capital adicionado ao patrimônio dos acionistas.
Destruição de Valor do acionista: Ainda considerando o exemplo (Custo de Oportunidade), suponhamos que o banco, ao invés de oferecer uma taxa de 7% ao ano ao acionista, tivesse oferecido uma rentabilidade de 11% ao ano. Nesse caso, o acionista da empresa teria tido um ganho inferior ao praticado pelo mercado financeiro, gerando uma “destruição de valor” ou destruição de sua riqueza.
É considerado que houve destruição do valor do acionista, quando os resultados gerados pelo empreendimento não superarem o custo mínimo de oportunidade considerando sobre o capital investido, mesmo que haja um lucro contábil. Nesse caso, o lucro apurado foi inferior ao que seria obtido em outras oportunidades de investimento disponíveis no mercado.
1.2.1. O Papel do Administrador Financeiro
 (
Fonte
: Disponível em:
 
http://office.microsoft.com/pt-br/images/negocios-CM079001906.aspx?Download=MP900382654&ext=JPG&AxInstalled=1&c=0#ai:MC900341846|
Acesso em: 03/02/2011
)
O administrador financeiro deve atender as expectativas dos acionistas de maximização do valor de mercado de suas empresas. Considerando essa perspectiva, o papel da Governança Corporativa é importantíssimo para a definição das estratégias e das políticas empresariais que visem à maximização da riqueza dos acionistas. É importante que as barreiras culturais da organização sejam rompidas permitindo que haja um processo decisório eficaz em relação ao alcance dos objetivos empresariais.
O Administrador financeiro deve buscar desenvolver estratégias financeiras e diferenciais competitivos (ou capacidades diferenciadoras) que estejam voltadas ao objetivo organizacional de gerar valor para seus acionistas. O quadro abaixo ilustra algumas das mais importantes capacidades diferenciadoras e sugestões de direcionadores de valor:
	Capacidades Diferenciadoras
	Objetivo Estratégico
	Direcionadores de Valor
	Relações de negócios
	Conhecer a capacidade de relacionamento da empresa com o mercado financeiro, fornecedores, clientes e empregados, como fundamento diferenciador do sucesso empresarial.
	· Fidelidade dos clientes;
· Satisfação dos empregados;
· Atendimento aos fornecedores;
· Alternativas de financiamento.
	Conhecimento do negócio
	Ter a visão ampla da empresa, a sinergia do negócio. Visando ao efetivo conhecimento de suas oportunidades e mais eficientes estratégias de agregar valor.
	· Necessidades dos clientes;
· Dimensão e potencial do mercado;
· Ganhos de escala;
· Ganhos de eficiências operacionais.
	Qualidade
	Desenvolver produto que o consumidor deseja adquirir pelo preço que se mostra disposto a pagar.
	· Preço de venda mais baixo;
· Produtos com maior giro;
· Medidas de redução de custos;
· Satisfação dos clientes com novos produtos.
	Inovação
	Atuar com vantagem competitiva em mercado de forte concorrência, criando alternativas inovadoras no atendimento, distribuição, vendas, produção, etc.
	· Rapidez no atendimento;
· Redução na falta de estoques;
· Tempo de produção;
· Valor da marca;
· Tempo de lançamento de novos produtos.
Fonte: Assaf Neto (2003, p. 171)
Todo esforço do gestor financeiro em tornar mais eficiente os processos operacionais da empresa deve resultar em maior competitividade mercadológica e, consequentemente, em maiores retornos dos investimentos dos acionistas.
Exercendo um planejamento competente, contratando e capacitando profissionais qualificados, reduzindo gastos desnecessários com matérias-primas, estocagem desnecessária, gargalos produtivos são algumas das ações que resultam em maiores ganhos para os acionistas. Porém, em ambientes organizacionais altamente competitivos, a redução de valores monetários na estrutura de gastos empresariais já é adotada pela maioria das grandes empresas, o que reduz o impacto dessas medidas como vantagem competitiva nesses ambientes. O administrador financeiro deve, no entanto, procurar deficiências em suas operações antes do que seus concorrentes, pois desta forma terá maiores possibilidades de alcançar diferenciais competitivos significativos em sua atuação no mercado.
Novas oportunidades de mercado, também, devem ser buscadas pela gestão financeira empresarial. O investimento em novos produtos, por exemplo, é uma forma de alcançar sucesso, utilizada por várias empresas. É importante ressaltar que as decisões devem ser tomadas no sentido de gerar valor para os acionistas, e não somente para aumentar os lucros da empresas. O quadro a seguir apresenta as estratégias empresariais identificadas em três dimensões:
	Estratégias Financeiras
	Objetivo Estratégico
	Direcionador de Valor
	Operacionais
	Maximizar a eficiência das decisões operacionais, estabelecendo políticas de preços, compras, vendas e estoques, etc. Voltadas a criar valor.
	· Crescimento das vendas;
· Prazos operacionais de cobrança e pagamentos;
· Giro dos estoques;
· Margem de lucro.
	Financiamento
	Por meio das decisões de financiamento, procura-se minimizar o custo de capital da empresa, promovendo o incremento de seu valor de mercado.
	· Estrutura de capital;
· Custo do capital próprio;
· Custo do capital de terceiros;
· Risco financeiro.
	Investimento
	Implementar estratégias de investimento, voltadas a agregar valor aos acionistas por meio da obtenção de uma taxa de retorno maior que o custo de capital.
	· Investimento em capital de giro;
· Investimento em capital fixo;
· Oportunidades de investimentos;
· Análise giro x margem;
· Risco operacional.
Fonte: Assaf Neto (2003, p. 172).
É importante que o foco da empresa e de seus gestores seja mantido na geração de valor para os acionistas.Existem muitas “grandes ideias” disponibilizadas no mercado em que a relação custo x benefício não se apresenta favorável. Em uma economia capitalista, a geração de valores para os acionistas resulta em maior enriquecimento dos mesmos. No entanto, existem outros beneficiados como os próprios trabalhadores das empresas, que veem seus empregos valorizados, e também beneficiam os consumidores que se veem inseridos em um mercado em que a concorrência reduz preços e, consequentemente, melhora a qualidade de vida da sociedade.
Após conhecermos os principais conceitos relacionados à Gestão Baseada em Valor, vamos passar para o próximo tópico que fala de medidas de criação de valor.
1.3. Medidas de Criação de Valor
A avaliação da riqueza gerada é importante para que tanto os acionistas quanto os administradores possam mensurar os resultados obtidos pelas empresas através das estratégias adotadas e das vantagens competitivas desenvolvidas.
 (
Fonte
: Disponível:
http://office.microsoft.com/pt-br/images/negocios-CM079001906.aspx?Download=MP900382654&ext=JPG&AxInstalled=1&c=0#ai:MC900294342|
Acesso e
m
:
 03/02/
20
11
)A apuração de indicadores convencionais de desempenho e do próprio lucro por ação e de seu respectivo crescimento não são suficientes para que o investidor identifique o quanto foi gerado de riqueza a seu favor, justamente por não considerarem o custo de oportunidade do capital investido e seu respectivo risco. 
1.3.1. Valor Econômico Agregado (VEA)
Diante dessa necessidade dos investidores empresariais, identificamos o Valor Econômico Agregado (VEA), ou em inglês Economic Value Added ( EVA® ), que é uma marca registrada de propriedade da empresa de consultoria americana Stern & Stuart. O VEA é utilizado para mensurar a efetiva criação de valor para os acionistas em um período determinado de tempo. O texto abaixo apresenta uma definição sobre esse termo, observe. 
O Valor Econômico Agregado (VEA) é uma medida de criação de valor identificada no desempenho operacional da própria empresa, conforme retratado pelos relatórios financeiros. Seu cálculo exige algumas adaptações nos demonstrativos de resultados, procurando, entre outras medidas, evidenciar sua parte operacional legítima, a segmentação do Imposto de Renda sobre os resultados da atividade e os benefícios fiscais provenientes do uso de capital de terceiros (ASSAF NETO 2003, p. 174)
Em outras palavras, o VEA procura identificar o quanto a empresa gerou de valor para seus acionistas, considerando o custo de oportunidade e os riscos associados. De forma geral, essa medida consiste no lucro operacional após o Imposto de Renda, deduzidos todos os custos de capitais (próprio e de terceiros) utilizados pela empresa em suas operações. Em suma, uma empresa que apresenta VEA positivo terá uma situação favorável em relação à continuidade de investimento por parte dos acionistas. Já uma empresa, que opera com VEA negativo por sucessivos períodos, influenciará seus investidores a optarem por negócios mais rentáveis.
Com o objetivo de facilitar a compreensão de nossos estudos, vamos ilustrar a apuração do VEA, utilizando conceitos básicos de finanças. Vejamos: 
Suponha que a CIA ABC apresente a seguinte estrutura em seu balanço patrimonial:
	Ativo
	Passivo
	
Ativos Operacionais
$ 5.000
	
Capital de Terceiros
$ 3.000
	
	Capital Próprio
$2.000
 Fonte: autor
Temos as seguintes considerações em relação à apuração do VEA:
- no quadro, apresentarei um exemplo que consideraremos a alíquota de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro de 20%.
- o quadro, a seguir, apresenta os custos a serem considerados para cálculo do VEA.
	
Custos Envolvidos
	
Em Nosso Exemplo
	
Custo de Capital de Terceiros (CCT): geralmente é identificado como juros ou despesas financeiras, representam os custos com a captação de recursos junto a terceiros para investimento em ativos produtivos na empresa.
	
► CCT: 11% a.a.(bruto): Como o capital de terceiros utilizado pela empresa é de $ 3.000, a taxa de 11% implica em despesas financeiras brutas no valor de $ 330 ($ 3.000 x 11%). Como há uma economia tributária de $ 66 ($ 330, x 20%) na questão apresentada, temos que o CCT líquido é de $ 264 ($ 330 - $ 66) ou em termos percentuais de 8,8% ( $ 264 / 3.000).
	Custo de Capital Próprio (CCP): o custo de capital próprio é a taxa de atratividade mínima exigida pelos acionistas para remuneração do capital investido na empresa. Geralmente é composta pelo custo de oportunidade associado a um prêmio de risco pelo investimento a ser realizado.
	► CCP: 15% a.a.: o CCP de 15% é o retorno esperado pelos acionistas da empresa sobre o capital investido, que em nosso exemplo é de $ 2.000, ou seja, a expectativa de retorno dos acionistas em termos monetários é de $ 300 ($ 2.000 x 15%).
Fonte: autor
Dando continuidade ao nosso exemplo, apresentamos o DRE da CIA ABC, já adaptado para apuração do VEA:
 (
Receita
 
Líquida
)II
 Fonte: autor
Observando a estrutura acima apresentada, podemos identificar de forma objetiva, a composição da identificação do VEA, destacando os seguintes aspectos:
● A empresa apurou um Lucro Operacional antes do Imposto de Renda de $ 2.500. Deduzindo o Imposto de Renda deste valor, encontramos o Lucro Operacional após o Imposto de Renda no valor de $ 2.000. Este é o valor que deve ser utilizado para dedução do CCT e CCP, para, em seguida, apurar-se o VEA.
● O CCT foi apurado deduzindo-se a vantagem tributária pertinente a este grupo de gastos.
● OCCP deduzido é a expectativa mínima de retorno dos acionistas em relação aos investimentos realizados na empresa.
 (
O VEA encontrado de $ 1.436 é o valor da riqueza que foi criada para os acionistas da empresa, ou seja, é o valor que excede a cobertura dos custos de oportunidade e de capital de terceiros da empresa e está disponibilizado aos acionistas.
)
Outra forma de apuração do VEA é através da dedução do Lucro Operacional após o Imposto de Renda do Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), que é obtido através da combinação ponderada do Custo de Capital Próprio (CCP) com o Custo de Capital de Terceiros (CCT). É uma ponderação entre as fontes de financiamento utilizadas pela empresa para financiar seus ativos.
Para financiamento de seus ativos, a empresa CIA ABC 
CMPC = ( % CP x CCP ) + ( % CT x CCT )
CMPC = (3.000 / 5.000) x 8,8% + (2.000 / 5.000) x 15%
CMPC = 0,6 x 8,8 % + 0,4 x 15%
CMPC = 5,28% + 6,0%
CMPC = 11,28%
O resultado do CMPC de 11,28%, além de nos apresentar o custo da estrutura de capital da empresa, é utilizado como o retorno mínimo a ser esperado pelos acionistas da empresa, visto que, considera a cobertura dos custos com capitais de terceiros e do custo de capital próprio.
Como temos o Ativo Total da empresa no valor de $ 5.000, o seu CMPC seria de $ 564 ($ 5.000 x 11,28%). A continuidade dos cálculos é a seguinte:
 Fonte: autor
Esta forma de apuração é bastante similar à anterior, pois apenas reduz o número de cálculos para se chegar ao VEA, mas não modifica sua mensuração e interpretação.
1.3.2. Valor de Mercado Adicionado (MVA®)
Outra medida que encontramos para avaliar a riqueza gerada pela empresa para os acionistas é o MVA® (Market Value Added), que, também, é uma marca registrada da empresa de consultoria americana Stern & Stuart e tem sido bastante utilizada por empresas participantes do mercado mobiliário.
Segundo Assaf Neto (2003, p. 177), o MVA “reflete a expressão monetária da riqueza gerada aos proprietários de capital determinada pela capacidade operacional da empresa em produzir resultados superiores a seu custo de oportunidade. Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa Vale adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os seus ativos a preços de mercado”. 
O MVA® consiste na diferença entre o valor de mercado de determinada empresa subtraído do capital investido. Algebricamente, podemos representá-lo da seguinte forma:
MVA® = Valor de Mercado – Investimento Total
Onde:● Valor de Mercado: é o cálculo da quantidade de ações emitidas pela empresa multiplicada pelo valor destas ações em determinada data.
● Investimento Total: é o capital investido pelos acionistas na empresa.
Ainda, segundo Assaf Neto (2003, p. 177), “o MVA® pode ser apurado pela diferença entre o valor total de mercado da empresa e o montante de capital investido pelos acionistas e credores (investimento total)”.
O MVA® reflete a visão e as expectativas que o mercado tem sobre a empresa que está sendo avaliada. Como apresenta a diferença entre o valor de mercado e o investimento dos acionistas na empresa, é utilizado como uma medida de criação ou destruição de valor. 
A implantação de uma gestão baseada no valor em uma empresa requer mudanças que, muitas vezes, encontram barreiras devido à existência de uma cultura organizacional resistente a modificações estruturais. Porém, é certo que a implantação deste modelo de gestão em uma empresa demanda envolvimento intenso de seus recursos humanos, que terão de assumir novas responsabilidades.
Chegamos ao fim da primeira unidade de nosso curso. Continue se esforçando para que possamos, cada vez mais, compreender estas ferramentas financeiras que estão à nossa disposição e são muito úteis para alcançarmos uma gestão financeira eficaz.
2. Teoria na Prática
Como estudamos em nossa unidade, a alavancagem de uma empresa está diretamente associada à utilização, por parte das empresas, de recursos a custo fixo para ampliação do retorno financeiro dado aos acionistas.
 
De forma geral, as empresas desenvolvedoras de software têm características peculiares ao ramo de negócio em que atuam, apresentando altos custos fixos durante o período de pesquisa e desenvolvimento de seus produtos e, por conseguinte, têm uma redução drástica nesses custos após a finalização do software.
 
O quadro abaixo apresenta o caso da empresa americana de desenvolvimento de software Adobe Systems que, após a aquisição de outra empresa, apresentou mudanças significativas em sua alavancagem. Leia o caso, com atenção, procurando relacioná-lo com os conceitos estudados em nossa unidade:
	
A alavancagem da Adobe
A Adobe Systems, segunda maior empresa de software para computadores pessoais dos Estados Unidos, domina os mercados de desenho gráfico, imagem, mídia dinâmica e outras ferramentas. Os criadores de sites preferem seus aplicativos Photoshop e Illustrator, e o programa Acrobat tornou-se padrão para o compartilhamento de documentos pela internet.
A capacidade da Adobe de gerenciar despesas discricionárias ajuda a manter resultados elevados. A empresa conta com mais uma vantagem: a alavancagem operacional, o uso de custos operacionais fixos para ampliar o efeito de variações nas vendas sobre o lucro antes dos juros e imposto de renda (LAJIR). A Adobe e outras empresas do setor de software incorrem a maior parte de seus custos no começo do ciclo de vida de um produto, nas etapas de pesquisa e desenvolvimento e marketing inicial. Os custos iniciais de desenvolvimento são fixos e os posteriores de produção, praticamente nulos. As economias de escala são enormes: uma vez que a empresa venda cópias o bastante para cobrir os custos fixos, as entradas incrementais vão predominantemente para o lucro. Como a empresa não tem dívida de longo prazo em sua estrutura de capital, sua alavancagem total deriva apenas dos custos operacionais fixos.
Como demonstra a tabela a seguir, a alavancagem operacional amplificou a redução do LAJIR da Adobe em 2002 e seu aumento de 2003 a 2005. Uma queda de 5,3% nas vendas em 2002 resultou em uma redução de 24,6% do LAJIR, Em 2003, um crescimento modesto das vendas – de pouco mais de 11% – refletiu-se em um aumento de 33% do LAJIR. Em 2006, a Adobe, pela primeira vez em cinco anos, parecia ter perdido sua alavancagem operacional. Isso pode ser atribuído à aquisição da Macromedia por aproximadamente $ 3,5 bilhões em dezembro de 2005 e aos resultantes encargos de reestruturação incorridos durante o ano fiscal de 2006. Uma vez digerida essa compra, a alavancagem operacional da Adobe deverá recuperar-se.
A tabela a seguir demonstra o impacto da alavancagem operacional sobre a Adobe Systems nos anos fiscais (AFs) de 2002 a 2006.
Fonte: GITMAN (2009, p. 475)
3. Síntese
Nesta unidade, estudamos pontos importantes dentro do contexto da análise financeira, que constitui um dos estudos mais importantes dentro do contexto da Administração Financeira, atraindo o interesse de muitos estudiosos do campo da Administração.
No primeiro tópico desta unidade, procuramos abordar o desempenho operacional e a alavancagem, tendo como a análise dos resultados apurados pela empresa, procurando identificar como as ações empresariais resultam em ganho ou perda de eficiência na gestão das empresas. O administrador financeiro deve estar sempre atento aos indicadores de desempenho percebidos na empresa para tomar as medidas corretivas necessárias para o sucesso empresarial.
O quadro abaixo apresenta um esquema sobre a apuração da alavancagem :
Fonte: Gitman (2009, p. 469)
Em seguida, estudamos sobre a Gestão Baseada no Valor, que tem sido cada vez mais utilizada pelas empresas na busca de melhores resultados para seus acionistas. Vimos, também, a importância do Administrador manter o foco na criação de valor para os acionistas, considerando o custo de oportunidade e os riscos associados ao negócio.
Discutimos sobre como uma empresa deve procurar criar valor para seus acionistas oferecendo um retorno superior a seu custo de oportunidade, apresentando medidas de criação de valor, que podem ser utilizadas como direcionadores da riqueza da empresa em um mercado globalizado.
Vamos passar para a próxima unidade certos de que iremos continuar progredindo em nossos estudos com determinação e qualidade! Um abraço e até a próxima unidade!
Unidade 2: Decisões Financeiras de Longo Prazo
1. Conteúdo Didático 
Após identificar seus objetivos de manutenção e crescimento, uma gestão empresarial eficaz deve procurar manter um planejamento de suas ações a curto, médio e longo prazos a fim de criar condições para que tais objetivos sejam atingidos. Deve haver, por parte da alta administração da empresa, a compreensão dos dados e informações referentes a todo campo de atuação da empresa, com a consideração das consequentes variações mercadológicas e contextuais que possam impactar em seus resultados financeiros.
 (
Nesta unidade, iremos trabalhar conceitos relacionados às decisões financeiras de longo prazo de uma empresa, que exigem do gestor uma atenção redobrada e um planejamento minucioso a fim de evitar impactos negativos significativos e, ao mesmo tempo, promover resultados positivos em termos financeiros que possibilitem o alcance das metas e objetivos previamente definidos.
)
De acordo com Gitman (2009, p. 106), “os planos financeiros de longo prazo (estratégicos) expressam ações financeiras planejadas por uma empresa e o impacto previsto dessas ações ao longo de períodos que vão de dois a dez anos”.
As decisões financeiras de longo prazo de uma empresa devem estar alinhadas com o Planejamento Financeiro da empresa, permitindo que este seja executado de acordo com as metas estabelecidas pela gestão e dentro dos padrões reconhecidos no mercado. O responsável pelo processo de tomada de decisões deve considerar os impactos e resultados que a empresa pretende alcançar em longo prazo, procurando manter uma estrutura de capital para a empresa que permita o alcance desses resultados.
A velocidade em que as informações são veiculadas e o alto nível de competitividade atualmente encontrado exigem do administrador financeiro atenção e conhecimento específicos na realidade econômica que permeia seu negócio, visto que variações significativas na economia podem resultar em impactos em seu negócio. Desconsiderar tais aspectos contextuais daria margem para análises superficiais,o que aumentaria os riscos inerentes à principal atividade econômica da companhia.
Segundo Hoji (2001, p. 23) “As decisões de investimentos dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes (realizáveis em longo prazo e permanentes), considerando-se a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos”.
Considerando que a relação Risco x Retorno está presente nas decisões financeiras empresariais, vamos nos aprofundar neste assunto durante esta unidade. Vamos aos estudos!
1.1. Investimentos e dimensionamentos dos fluxos de caixa
Como as atividades empresariais envolvem dispêndios de recursos, é comum que os investidores tenham a expectativa de que o retorno sobre o capital investido seja o maior possível. A maximização do retorno dos investimentos feitos pelas organizações tem sido um alvo constante dos administradores de empresa, que têm buscado identificar novas oportunidades de negócios que possibilitem esta maximização.
O planejamento financeiro de longo prazo é uma ferramenta importante dentro da estratégia empresarial e deve procurar direcionar seus esforços no sentido de dar sustentação financeira às ações de longo prazo da empresa, contribuindo para a manutenção e crescimento da organização. É através do planejamento financeiro que se definem metas para o crescimento organizacional e, dentro deste contexto, as decisões de investimentos devem ser tomadas com base em projeções de caixa (e consequentemente de resultados) e objetivando o alcance de resultados satisfatórios.
De acordo com o direcionamento dado pela estratégia da empresa para períodos futuros, que define as metas estratégicas a serem alcançadas no decorrer do tempo, o planejamento financeiro de longo prazo, de forma integrada com o planejamento da produção e de marketing, deve projetar os desembolsos necessários para alcance das metas estabelecidas bem como os resultados que serão gerados, confrontando-os com o objetivos de avaliar sua viabilidade econômica considerando o custo do capital.
1.1.1. Decisões de Investimento
As decisões de investimento fazem parte do processo de planejamento financeiro empresarial e devem ser tomadas com base em informações seguras e em acordo com os planos estratégicos da empresa. De acordo com Assaf Neto (2003, p. 275), “As decisões de investimento envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos proprietários de ativos”.
A decisão de investimento em determinado projeto envolve modificações no volume de capital aplicado na produção de bens e serviços na expectativa de obter retorno satisfatórios no que diz respeito à remuneração do capital investido. Ainda segundo Assaf Neto (2003, p. 275), “o conceito de capital nesse contexto é bastante amplo e envolve os mais diferentes ativos, como máquinas e equipamentos, tecnologia, educação, bens públicos (estradas, por exemplo), entre outros. Uma característica presente no conceito de capital é sua capacidade de utilização para produção futura de bens e serviços para toda a sociedade.”
De acordo com as expectativas de crescimento da empresa, o administrador deve identificar alternativas de investimento de capital que estejam contextualizadas dentro do planejamento estratégico da empresa, analisando-as através de um processo racional que envolva a mensuração de fluxos de caixa proporcionados por cada uma das alternativas. 
Suponha que determinada empresa cujo mercado de atuação está situado na região sudeste do Brasil, tenha uma meta de crescimento em suas vendas de 7% ao ano, durante os próximos quatro anos. Considere também as seguintes alternativas:
1. implantar filiais de vendas na região nordeste;
2. implantar filiais de vendas na região sul;
3. implantar filiais de vendas nas regiões nordeste e sul.
Obviamente, todos os desembolsos necessários para implantação e efetivação das filiais em cada uma das alternativas e seus respectivos resultados deveriam ser mensurados e comparados entre si a fim de se obter a melhor alternativa de investimento. Após a identificação da melhor opção dentre as propostas, o seu resultado deve ser comparado a outras oportunidades de negócio e, principalmente, à taxa de retorno mínima exigida pelos proprietários do capital da empresa.
Assaf Neto (2003, p. 276) explana este processo da seguinte forma:
Basicamente, um processo de avaliação e seleção de alternativas de investimento de capital envolve os seguintes aspectos básicos de estudo:
a) Dimensionamento dos fluxos de caixa de cada proposta de investimento gerada;
b) Avaliação econômica dos fluxos de caixa com base na aplicação das técnicas de análise de investimentos;
c) Definição da taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas) e sua aplicação para o critério de aceitação de projetos de investimentos;
d) Introdução do risco no processo de avaliação de investimentos.
Uma proposta de investimento deve ser elaborada a partir de objetivos estratégicos que resultem em maior competitividade para a empresa. Um novo investimento deve gerar fluxos de caixa incrementais que devem ser identificados previamente a fim de serem analisados. Tais investimentos podem ter motivos distintos de acordo com as especificidades de cada negócio e com os objetivos organizacionais. O quadro abaixo apresenta as principais modalidades de classificação de origens das Propostas de Investimentos.
	Origens das propostas de investimentos
	Modalidade
	Justificativa
	Ampliação (expansão) do volume de atividade
	Justificada quando a capacidade máxima de produção e venda de uma empresa for insuficiente para atender à demanda efetiva (atual ou projetada) de seus produtos. As aplicações de capital, nessa situação, são normalmente processadas em máquinas, equipamentos e instalações, ou, ainda, na aquisição de outra empresa. 
	
Reposição e modernização de ativos fixos
	Geralmente esta modalidade costuma ocorrer em empresas que já tenham atingido certo grau de crescimento e amadurecimento em suas atividades, demandando, por isso, substituição de ativos fixos obsoletos ou desgastados pelo uso. A necessidade de avaliar o estado físico de um bem produtivo é de grande importância para uma empresa, inclusive, interessante que isto seja feito periodicamente.
	
Arrendamento ou aquisição
	Refere-se àquelas decisões de investimentos que uma empresa deve tomar ao considerar a utilização de determinados bens fixos, sob a forma de arrendamento (sem que a empresa apresente um direito legal de propriedade sobre os mesmos) ou adquiri-los plenamente. Constitui-se, em verdade, em um processo comparativo, no qual são confrontados os desembolsos e benefícios, que ocorrerão ao longo do tempo de uso dos ativos fixos, provenientes desses processos de decisão.
	
Outras origens
	Nessa categoria podem ser incluídas todas as demais modalidades de propostas de investimentos não enquadradas nas classificações anteriores, principalmente aquelas oriundas de serviços externos de assessoria, pesquisa e desenvolvimento, publicidade etc. Esses investimentos visam à geração de determinados benefícios futuros provenientes de maior eficiência e controle das operações da empresa, definições de mais adequado planejamento estratégico, incremento de vendas, etc.
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2003, p. 276-277)
No decorrer do processo de tomada de decisões de investimento, a empresa pode encontrar situações em que o número de alternativas de investimento é superior à disposição da empresa em investir (em termos de estrutura ou de disponibilidade de capital). Nesse caso, é importante que a administração da empresa considere a inter-relação ou mesmo a existência de uma interdependência entre as propostas.
Uma proposta de aumento nas vendas que envolva investimentos em ações de marketing e distribuição e produção, por exemplo, pode apresentar mais de um projeto como alternativa deanálise. Tal proposta pode incorrer na necessidade de ampliação da capacidade produtiva da empresa e esta pode avaliar duas propostas:
1. Projeto de expansão do atual parque industrial.
2. Projeto de abertura de uma nova unidade produtiva.
Ambos os projetos poderiam ser analisados como uma solução para a demanda da empresa e, no exemplo acima citado, seriam projetos mutuamente excludentes, pois a aceitação de um implicaria na rejeição do outro. O quadro seguinte apresenta os principais tipos de investimentos empresariais:
	Tipos de investimentos empresariais
	Tipo
	Contexto
	
Investimentos economica-mente independentes 
	Dois ou mais projetos de investimentos se dizem independentes quando a aceitação de um deles não implicar a desconsideração dos demais e, ao mesmo tempo, não ocorrerem interferências nas receitas e nos custos das várias propostas em estudo quando se decidir por uma delas. Dessa forma, para que dois ou mais projetos de investimentos sejam considerados como independentes, duas condições deverão simultaneamente ocorrer:
a) a possibilidade física de implementação de um projeto não anula uma possível aceitação de outros;
b) os benefícios produzidos por um projeto não influenciam (e também não são influenciados) as decisões (aceitar ou rejeitar) que vierem a ser tomadas com relação aos demais. 
	
Investimentos com restrição orçamentária
	Muitas vezes, duas ou mais propostas de investimentos independentes não podem ser simultaneamente implementadas por causa das condições de restrição orçamentária impostas pela empresa, ou, ainda, na situação de os custos de maiores captações atingirem valores incompatíveis com os retornos produzidos pela alocação desses recursos. Nessas condições, mesmo que os vários investimentos colocados à disposição da empresa sejam definidos como independentes, a limitação orçamentária poderá inviabilizar a aceitação de todos, restringindo-se a decisão somente a um (ou alguns) deles. Na verdade, a aceitação de um ou mais projetos poderá determinar a desconsideração (rejeição) de outros. Mesmo que apresentem atratividade econômica, esses investimentos exigem recursos orçamentários acima dos limites estabelecidos pela empresa.
	
Investimentos economica-mente dependentes
	Para que dois ou mais investimentos sejam considerados economicamente dependentes, uma das seguintes situações deverá ocorrer:
a) a aceitação de um investimento exerce influências negativas sobre os resultados líquidos dos demais, seja diminuindo as receitas ou elevando mais que proporcionalmente os custos e despesas. Nessa situação, em que um projeto reduz a rentabilidade de outro, os investimentos são chamados de substitutos;
b) a aceitação de um investimento exerce, ao contrário da situação anterior, influências economicamente positivas sobre os demais, seja pelo incremento das receitas ou decréscimo dos custos e despesas. Nesse caso, os projetos são chamados complementares.
c) a aceitação de um investimento depende rigorosamente da implementação de outro, seja essa dependência definida em termos técnicos ou econômicos.
	Investimentos mutuamente excludentes
	Investimentos mutuamente excludentes ocorrem quando a aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de implementar outra. Essa exclusão mútua ocorre basicamente em razão de as propostas em estudo desenvolverem a mesma função, sendo suficiente, para os objetivos da empresa, a aceitação de somente uma delas.
	Investimentos com dependência estatística
	Os investimentos com dependência estatística são os que se caracterizam por apresentarem variações conjuntas em seus resultados ao longo do tempo. Eventuais aumentos (ou reduções) nos benefícios de caixa de um investimento são acompanhados por variações nos benefícios dos outros.
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2003, p. 278-279)
É importante ressaltar que muitas empresas apresentam restrições de capital ou restrições orçamentárias que podem limitar ou até mesmo influenciar de forma decisiva sobre qual projeto a empresa deve adotar. Cabe ao administrador realizar o processo de seleção de investimentos considerando, dentre as alternativas disponibilizadas, aquelas que estejam dentro dos limites orçamentários estabelecidos pela companhia, as que ofereçam os melhores benefícios econômicos para os acionistas da empresa.
Após termos conhecido a importância das decisões de investimento para o Planejamento Financeiro a Longo Prazo, vamos estudar sobre o dimensionamento dos fluxos de caixa para as decisões de investimento.
1.1.2. Dimensionamento dos fluxos de caixa
Quando uma empresa realiza um investimento, seja para atender a suas necessidades operacionais (como o aumento da demanda de determinado produto ou mesmo para o lançamento de um novo produto no mercado), ela espera retornos financeiros futuros em contrapartida a desembolsos de caixa (iniciais e, em alguns casos, no decorrer da execução do projeto) que deverá realizar para que o projeto seja executado.
Ao considerar o investimento em determinado projeto, a empresa deve procurar conhecer todos os benefícios futuros resultantes desse investimento, confrontando-os com os desembolsos:
Figura: 1 
Fonte: autor
Na figura 1, está prevista uma saída inicial (período 0) de caixa e 7 entradas incrementais de caixa em todo o projeto. Nesse caso, a “Dimensão Temporal do Projeto” envolveria 7 anos, pois é o tempo em que o projeto gerará benefícios financeiros para a empresa.
Cabe ressaltar que a expressão “incrementais” ressalta que os valores apurados são decorrentes do investimento feito da implementação do projeto, portanto, excedem ao fluxo que a empresa teria independentemente da decisão pelo investimento.
Também podemos encontrar projetos que demandem desembolsos financeiros não somente em seu início, mas no decorrer da execução do projeto. Há, ainda, a possibilidade dos fluxos de entradas não serem consecutivos, etc. Vejamos outro exemplo:
 Figura: 2 
Fonte: autor
Na figura 2, o projeto prevê três saídas de caixa (nos momentos 0, 2 e 4) e sete entradas de caixa (nos momentos 1, 2, 3, 5, 6, 8 e 9). Percebe-se que este projeto tem um “Timing” (tempos de investimentos e retornos) diferente do anterior. No caso do tempo deste projeto considerar períodos anuais, a realização dos desembolsos no início ou final do ano, poderia influenciar o resultado da análise de viabilidade do mesmo, comprometendo a qualidade da análise.
São várias as possibilidades de variações na composição dos fluxos de caixa, porém é importante que o administrador tenha informações suficientes para que o projeto seja avaliado com confiabilidade e segurança.
Exemplo de aplicação com valores
Com o objetivo de complementar nossos estudos, vamos apresentar um exemplo de uma empresa que, diante de uma necessidade de investimento,procura identificar a melhor alternativa de investimento, para isso seu departamento técnico elaborou dois projetos com respectivas projeções de caixa para análise.
Suponha que a Cia. Exemplo possui uma unidade de produção que vem demonstrando declínio em sua capacidade produtiva. Como as atuais máquinas produtivas da empresa já estão instaladas na empresa há alguns anos, pretende-se avaliar qual a melhor opção entre: 
● Projeto A: a empresa restaurar e retificar os atuais equipamentos aumentando a produtividade dos mesmos;
● Projeto B: substituir os atuais equipamentos por novos.
Após estudos, os técnicos chegaram às seguintes alternativas (a alíquota de Imposto de Renda considerada é de 40%):
PROJETO A
◘ Restauração e retífica nos equipamentos existentes, com a capacidade de gerar lucros passando dos atuais $ 224.400 anuais para $ 360.000 anuais nos seis primeiros anos e $ 300.000 anuais nos quatro anos seguintes. O custo desta reforma será de $ 400.000 e, após o final deste período, os equipamentos terão valor residual nulo. O equipamento foi adquirido por $ 1.000.000 com vida útil (depreciável) em 10 anos, sendo que equipamento já foi depreciado por quatro anos.
Vamos às considerações:
► o desembolso inicialserá de $ 400.000;
► as receitas extras geradas serão de $ 135.800 ($ 360.000 - $ 224.200) nos 6 primeiros meses e de $ 75.800 ($ 300.00 - $ 224.200);
► a tabela 1 apresenta os valores do fluxo de caixa para os primeiros seis anos:
Tabela: 1
Fonte: autor
► A tabela abaixo apresenta os valores do fluxo de caixa para os últimos 4 anos:
Tabela: 2
Fonte: autor
De acordo com as informações acima, temos o seguinte fluxo de caixa projetado para o Projeto A:
Tabela: 3
Fonte: autor
A representação gráfica do fluxo acima ficaria da seguinte forma:
Figura:3 
Fonte: autor
PROJETO B
◘ Substituição dos atuais equipamentos por equipamentos novos com capacidade de gerar lucros passando dos atuais $ 224.400 para $ 679.800 nos dez anos do projeto. Os gastos com aquisição e instalação dos novos equipamentos estão orçados em $ 1.200.000, tendo vida útil (depreciável) de 10 anos, sendo o valor residual (para venda) no final deste período de $240.000.
Vamos às considerações:
► o desembolso inicial será de $ 1.200.000;
► as receitas extras geradas serão de $ 455.600 ($ 679.800 - $ 224.200) nos dez anos do projeto;
► a tabela a seguir apresenta os valores do fluxo de caixa para os dez anos.
Tabela: 4
Fonte: autor
De acordo com as informações acima, temos o seguinte fluxo de caixa projetado para a o Projeto B :
Tabela: 5
Fonte: autor
A representação gráfica do fluxo acima ficaria da seguinte forma:
Figura: 4
Fonte: autor
Neste tópico, abordamos o dimensionamento dos fluxos de caixa previstos a serem gerados pelas propostas que estão sendo analisadas pela empresa. É importante ressaltar que a confiabilidade da análise está diretamente relacionada à assertividade das previsões de fluxo de caixa. 
No tópico seguinte, iremos abordar os métodos de avaliação econômica de investimentos, utilizando os mesmos exemplos apontados acima.
1.2. Métodos de avaliação econômica de investimentos
Para avaliar se um projeto de investimento, após a identificação dos fluxos de caixa esperados com a execução do projeto, utiliza técnicas de análise que buscam determinar a sua viabilidade econômica e financeira. 
É importante destacar que a apuração dos fluxos de caixa é desenvolvida desconsiderando o valor do dinheiro no tempo, e este aspecto é decisivo em relação à aceitação ou rejeição do projeto, principalmente em economias que apresentam altos índices inflacionários. É essencial que, ao selecionar a técnica, que utilizará para avaliar a viabilidade do projeto, o administrador procure identificar este fator nos modelos matemáticos apresentados para cada método.
Gitman (2009, p. 364) diz o seguinte sobre as técnicas de análise de investimento: 
Há diversas técnicas para realizar essas análises. As abordagens mais comuns envolvem a integração de procedimentos de valor do dinheiro no tempo, considerações quanto a risco e retorno e conceitos de avaliação para selecionar investimentos de capital condizentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos proprietários.
Partimos, então, para o detalhamento dos métodos de análise de investimentos, utilizando os exemplos de projetos explicados no tópico anterior como ilustração da aplicação dos métodos.
Antes de apresentarmos os métodos propriamente ditos, vamos nos ater à questão do desconto dos fluxos de caixa, que é o cálculo do Valor Presente (no momento Zero) de todos os valores apurados nos fluxos de caixa. A figura 5, a seguir, é uma ilustração dos cálculos que serão feitos: 
Figura: 5
Fonte: autor
Observando a figura 5, percebemos que todos os fluxos de caixa devem ter seus valores descapitalizados a uma taxa específica de acordo com o período em que estão projetados. A representação gráfica da fórmula utilizada para apuração do cálculo do Valor Presente é a seguinte: 
Onde,
o fluxo de caixa líquido (entradas menos saídas) relativo a cada período "t";
 : a taxa de desconto;
 : número de períodos considerados, ou a dimensão de vida do projeto.
O valor do dinheiro no tempo: a apuração do Valor Presente das entradas e saídas de caixa se faz necessária devido ao fato de que o capital apresenta poder aquisitivo diferente de acordo com o momento no tempo em que for considerado. 
A taxa utilizada para cálculo dos valores presentes é 9%, sendo que esta é taxa mínima de atratividade para os projetos em questão. Os cálculos do Valor Presente dos projetos A e B estão apresentados a seguir:
 (
Tabela
: 
7
Fonte
: autor
)Tabela: 6
Fonte: autor
Após a apuração do Valor Presente Líquido, passamos a apresentar os métodos de avaliação econômica de investimentos.
1.2.1. Payback (tempo de retorno)
Este método consiste na identificação do número de períodos necessários para que a empresa recupere o desembolso inicial de caixa. O Payback não considera o valor do dinheiro no tempo, ou seja, não considera a perda do poder aquisitivo do dinheiro no decorrer do período que envolve o projeto. 
◘ Projeto A : a aplicação deste método no Projeto A (Cia Exemplo) seria a seguinte:
Tabela: 8
Fonte: autor
Como o investimento inicial foi de $ 400.00, após o primeiro ano do projeto, a empresa obteve um retorno ao caixa de $ 121.480, restando um saldo a ser compensado de $ 278.520. Após o segundo ano do projeto, a empresa obteve, novamente, o retorno ao caixa de $ 121.480, restando o saldo a compensar de $ 35.560. Como este saldo é inferior ao fluxo de caixa esperado no ano 3, partimos para a seguinte operação:
Quando os valores esperados para o fluxo de caixa não são constantes (o que acontece em muitos casos), a aplicação direta de uma fórmula traz distorções no resultado do Payback. Por isto, efetuamos os cálculos passo a passo, diminuindo cada valor esperado para o fluxo de caixa do investimento inicial até o momento em que o valor residual é inferior ao próximo fluxo de caixa. Nesse ponto, aplicamos a forma de cálculo apresentada acima.
Como em nosso exemplo os valores esperados nos fluxos de caixa são os mesmos, podemos utilizar o formato de cálculo acima considerando o investimento inicial. Vejamos: 
◘ Projeto B : o cálculo do Payback do Projeto B é o seguinte:
Comparando o Payback dos dois projetos, temos que o Projeto A apresenta um tempo de retorno sobre o investimento inferior ao Projeto B.
1.2.2. Payback Ajustado (ou descontado)
Como já foi dito, o método Payback não considera o valor do dinheiro no tempo, sendo isso apontado como uma desvantagem desta técnica. Para anular este aspecto, foi desenvolvido o método do Payback Ajustado, que consiste na apuração do valor presente dos fluxos de caixa antes da aplicação da fórmula.
Como os valores presentes de cada fluxo de caixa já foram calculados, temos :
◘ Projeto A :
Tabela: 9
Fonte: autor
O Payback Ajustado do Projeto A é 4,1 anos.
◘ Projeto B :
Tabela: 10
Fonte: autor
O Payback Ajustado do Projeto B é 4,8 anos.
Comparando o Payback Ajustado dos dois projetos, temos que o Projeto A apresenta um tempo de retorno sobre o investimento inferior ao Projeto B.
Cabe ressaltar que, tanto o Payback, quanto o Payback Ajustado refletem apenas o fator “Tempo de retorno” dentro do contexto da análise de Projetos de Investimento. Os métodos apresentados, a seguir, abordam, de forma mais direta, o retorno financeiro sobre os investimentos.
1.2.3. Índice de Lucratividade
O Índice de Lucratividade é o método que apresenta o retorno por unidade monetária investida no Projeto. A sua apuração consiste na divisão do Valor Presente dos Fluxos de Caixa pelo Valor Presente dos Investimentos realizados no projeto. A fórmula é a seguinte:
Onde, 
VP: Valor Presente,
FCD: Fluxos de Caixa Descontados,
INV : Investimentos envolvidos no projeto.
O critério para aprovação ou rejeição de um projeto, através da utilização desse modelo, é a seguinte:
► Se o IL ≥ 1, o projeto deve ser aprovado.
► Se o IL < 1, o projeto deve ser rejeitado.
Calculando o Índice de lucratividade em nosso exemplo, temos:
◘ Projeto A
◘ Projeto B :
Como em ambos os casos o IL > 1, temos que

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