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50 Coisas que os Pais Nunca Devem Dizer aos Filhos-1

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Prévia do material em texto

50 Coisas que os pais nunca
devem dizer aos filhos
Antônio Siqueira
Rio de Janeiro, 2017
1ª edição brasileira: dezembro de 2009
2ª reimpressão brasileira: junho de 2010
3ª reimpressão brasileira: outubro de 2011
4ª reimpressão brasileira: janeiro de 2012
5ª reimpressão brasileira: julho de 2012
1ª edição eletrônica brasileira: fevereiro de 2017
 
Copyright © 2009 por Habacuc Editora
Coordenação Editorial: Raquel Soares Fleischner
Revisão: Marineuza dos Santos e Daniela Mesquita
Ilustrações: Desireé Vieira Neitsch
Formatação para e-book: Arnaldo Taborda dos Santos
Tel: (21)98622-2571 – arnaldo.rj@gmail.com
 
Todos os direitos reservados. É expressamente proibida
a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por
quaisquer meios, sem o consentimento por escrito dos
editores.
 
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE
LIVROS, RJ
S628c
Siqueira, Antonio
50 coisas que os pais nunca devem dizer aos filhos /
Antonio Siqueira.
- Rio de Janeiro: Habacuc, 2009.
216p.: il.
ISBN 978-85-89829-31-1
1. Crianças-Formação. 2. Educação de crianças. 3.
Responsabilidade dos pais.
4. Comunicação na família. 5. Pais - Aconselhamento. I.
Título.
09-4095. CDD:649.1
CDU:649.1
13.08.09 21.08.09 014527
 
Habacuc Editora Ltda.
Fone/Fax: (21) 3083-7387
Rio de Janeiro-RJ-CEP:20.540-300
Habacuc é um selo do Grupo Editorial Danprewan.
danprewan@danprewan.com.br –
wanda.lucia@danprewan.com.br
Site: www.danprewan.com.br
 
Texto integralmente revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico.
Prefácio
Introdução
1
"Você puxou ao seu avô!”
2
"Você não presta e nunca vai dar em nada.”
3
"Que menino burro!”
4
"Seja sempre o melhor.”
5
"Pare de bancar o palhaço. Comporte-se! ”
6
"Porque você não termina a lição de casa a tempo igual a todo mundo?”
7
"Seu irmão nunca cria problemas, diferente de você. ”
8
"Faça tudo com perfeição.”
9
"Você é pequeno demais e muito fraco para fazer isso.”
10
"Você sempre estraga tudo!”
1
"Já pedi várias vezes com paciência, mas agora estou zangado.”
12
"Você me irrita com o seu jeito!”
13
"O homem pode fazer o que quiser, a mulher não. ”
14
"Você nunca terá sucesso!”
15
"Parece que nada dá certo para nós.”
16
"Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.”
17
"A vida é um castigo!”
18
"Nunca dê um salto maior que a perna!”
19
"Duvido que você será alguém importante quando crescer.”
20
"Você ainda vai me matar!”
21
"Deus não gosta disso!”
2
"Você está de castigo. Vá para o quarto orar!”
23
"Se apanhar na rua, vai apanhar de novo quando chegar em casa! ”
24
"Vou contar para o seu pai quando ele chegar!”
25
"Se você não se comportar, a polícia vem lhe prender!”
26
"Pau que nasce torto, morre torto.”
27
"Agora não dá, estou muito ocupado.”
28
"Você é doido, menino? ”
29
"O que você tem na cabeça?”
30
"O que os vizinhos vão pensar?”
31
"Pare de chorar à toa, ou eu vou lhe dar motivo! ”
32
"Em boca fechada não entra mosquito!”
33
Não fale com estranhos!”
34
"Minha filha, Os homens são todos iguais. Não se pode confiar neles!”
35
"Estou muito decepcionado com você!”
36
"Você é uma lesma!”
37
Você é feio e parece um bicho-do-mato!”
38
"Minha filha não é para casar!”
39
"Sua avó é uma chata!”
40
"Este menino é uma peste!”
41
"Você é um sem-vergonha!”
42
"Você é mesmo um malandro!”
43
"Ah, eu mato você! ”
44
"Eu não disse? Sempre tenho razão!”
45
"Não posso brincar agora. Estou sem tempo!”
46
"Se você não comer tudo, vai apanhar!”
47
“Vá brincar! Não fique perto de mim!”
48
"Não gosto mais de você!”
49
“Você faz da minha vida um inferno!”
50
“Você é insuportável!”
Referências Bibliográficas
 
Prefácio
Sentime lisonjeado e muito feliz quando Antônio
Siqueira me convidou para prefaciar este livro. Minha alegria
tem dois motivos, os que justamente acabei de citar: o autor e
o livro.
Tenho com ele uma longa história de parceria e
amizade. Lembro-me principalmente da época em que
convivemos em Manaus, há algumas décadas atrás, quando
ele liderava um grupo de jovens na igreja da cidade. Para mim,
havia uma palavra que o definia muito bem: “potencial”.
Percebia-se naquele jovem um talento em botão, o início de
uma carreira bem-sucedida aos olhos de Deus e dos homens.
Eram visíveis nele todos os elementos de um empreendedor
ousado, mas que ponderava os seus caminhos e cuja carreira
era alicerçada na determinação e na fé.
O prognóstico se confirmou, e as suas habilidades não
ficaram restritas ao ambiente eclesiástico. Ele fez — e
continua fazendo — incursões bem-sucedidas, como
psicólogo, palestrante e escritor. E, agora, apresenta-nos este
livro, que será muito útil a pais e mães.
O objetivo de todos os pais é instruir e criar os seus filhos de
maneira que estes sejam cidadãos de bem, de caráter e com a
vida bem-sucedida. E tudo isso deve ser plantado desde a
mais tenra idade. Porém, o desafio é fazer isso de maneira
correta e eficaz.
Creio que este livro ajudará muito em como e o que devemos
dizer para nossos filhos. Em um mundo tão violento, onde as
crianças estão desprotegidas a todo o tipo de situação, o papel
dos pais é fundamental para que uma criança se torne um
adulto emocionalmente saudável.
Este livro vem não só para os pais, mas para educadores e
para aqueles que pensam em ter filhos futuramente.
Particularmente, creio que, se as recomendações que constam
neste livro forem observadas e vividas, tenho certeza de que
formaremos jovens mais equilibrados e menos rebeldes.
Crianças amadas e orientadas com sabedoria resultam em
adultos que formarão famílias caracterizadas pelo amor e por
valores saudáveis, virtudes que levam a sociedade a uma
posição mais pacífica.
Samuel Câmara
 
Introdução
Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda
quando for velho, não se desviará dele (Pv 22:6).
A personalidade, o caráter e o comportamento da
criança são influenciados por aquilo que ela ouve dos pais. As
palavras dos pais exercem um poder extraordinário sobre a
vida dos filhos, tanto para a formação de uma mente
equilibrada, segura e confiante quanto para a destruição da
autoestima.
Não devemos incorrer no erro de classificar o efeito
das palavras negativas como “maldição”, “praga” ou “mau
agouro”. A força de tais palavras reside na capacidade que
possuem, por si só, de produzir uma estrutura emocional. Elas
constituem dados psicológicos, que aos poucos vão
determinando uma crença, um estado mental, um ambiente e
uma história de vida.
A autoestima da criança é determinada pelo valor que
os pais atribuem a ela, a qual tem necessidade intensa da
aprovação e admiração deles.
Por que você precisa estar no aniversário de seu filho,
na plateia que o aplaude, na apresentação da peça escolar, na
formatura, nos momentos que representam uma realização
para ele? Para lhe conferir significado, que confirme seu status
de existência, de utilidade e de valorização.
Seu filho será, no sentido psíquico, o subproduto das
palavras proferidas por você. Por isso, cuidado com as frases,
afirmações e tudo o que disser a ele, porque o discurso dos
pais é um dos modeladores do inconsciente do indivíduo.
O pai e a mãe representam a sustentação interna do
filho. A autoafirmação e a criação de uma identidade própria
têm suas bases na aprovação, no amor e no relacionamento
saudável com os pais. Se você diz, por exemplo, que o seu
filho não presta, o impacto dessa afirmativa será devastador
para a mente da criança, cujas consequências poderão
acompanhá-la pela vida inteira. As frases negativas causam
fraturas no senso de utilidade que todo ser humano busca
desde pequeno. É como se ele ouvisse “você é imprestável,
inútil e desprezível, comparado com qualquer outra pessoa! ”
Já a aprovação dos pais, expressa em palavras, importa
muito para a criança por dois motivos. Primeiro, por-que o
desprezo dos pais representa perigo e desconforto físico.
Segundo, no sentido psicológico e emocional, é complicado
para a criança manter a confiança emsi mesma se os próprios
genitores não a tratam com respeito e dignidade.
O resultado disso é que ela irá reprimir
inconscientemente o ódio contra quem lhe dirigiu aquelas
palavras negativas e manifestará o recalcamento – o que ficou
guardado – na forma de depressão, ansiedade, medo,
agitação, hostilidade, ódio, violência, agressividade e até de
doenças.
Os antigos já tinham noção do poder das palavras.
Essa é a razão de encontrarmos na Bíblia, por exemplo,
nomes de pessoas que eram afirmações diárias e moldavam a
história do indivíduo. Isaque, no hebraico, é “sorriso”, “o que
causa alegria”. E assim foi a vida de Isaque: tranqüila, sem
belicosidade, brigas ou atribulações.
A vida nômade, às vezes, obrigava os donos de
rebanho a cavar poços, a fim de garantir a provisão de água
para o gado e para o pessoal. Isaque teve de fazer isso em uma
localidade chamada Gerar, mas outros pastores, já assentados
na terra, reclamaram a propriedade do poço. Isaque não
entrou na contenda. Reuniu sua caravana, e foram juntos
procurar água em outro lugar. Outro poço foi aberto, e ali,
também, a população local reivindicou seus direitos de posse
sobre a água. Mais uma vez, Isaque evitou o litígio. Partiu
com seu gado e seu pessoal para outra região. Cavou outro
poço, sobre o qual ninguém questionou a propriedade, e ali
permaneceu o tempo que julgou necessário (1 Consulte a
história bíblica em Gênesis 26:19-22). O patriarca era todo
sorrisos e alegria, não houve guerra em toda a sua história. Tal
como seu pai o chamou, assim ele viveu.
Isaque, no entanto, deu ao seu filho o nome de Jacó,
que significa “usurpador”, “enganador”. E assim foi a vida de
Jacó, até Deus lhe mudar o nome para Israel, que significa
“príncipe”. Jacó, o usurpador, enganou seu irmão Esaú e
apossou-se indevidamente do direito de primogenitura,
negociando-o por um prato de comida. Disfarçado com as
roupas de Esaú e com pele de cabra, para lhe imitar o corpo
peludo, tomou a bênção do irmão quando o pai estava prestes
a morrer. Com o sogro, Labão, teve problemas semelhantes. O
nome, ou seja, uma palavra construiu todo o caráter de Jacó,
que correspondia exatamente ao seu significado, pois todos os
dias lhe chamavam “usurpador”.
A palavra tem um poder extraordinário. Mesmo sem
intenção de fazer o mal ou de profetizar um futuro turbulento
para os filhos, muitos pais proferem sobre eles as mais
terríveis sentenças.
Para ajudar pais e mães, relacionei neste trabalho
coisas que ninguém jamais deve dizer ao seu filho. Além
disso, explico de maneira simples os mecanismos
psicológicos que operam nas palavras negativas e suas
consequências. Sugiro ainda o que deve ser dito em
substituição a essas frases.
Já que você é a pessoa que mais influencia a educação
de seu filho, uma de suas múltiplas responsabilidades é
garantir-lhe a autoestima e uma vida plena de realizações.
1
"Você puxou ao seu avô!”
Cada ser humano é singular. Não há duas pessoas
iguais no mundo, e essa realidade deve ser levada em conta
principalmente quando nos referimos a avós, tios ou irmãos
mais velhos. A estruturação psíquica é diferente em cada
pessoa.
Embora a herança genética possa produzir um ser
externamente semelhante a um ascendente, ela não representa
a totalidade do novo ser que chegou ao mundo. As
experiências e assimilações culturais que ele irá vivenciar
constituirão uma personalidade única, irreproduzível, onde
residirão as diferenças mais notáveis.
Não há cópias de pessoas. Se a clonagem humana um
dia se tornar realidade, aqueles que imaginam um ser humano
copiado em todos os aspectos terão uma grande surpresa. O
clone herdará apenas a aparência física da pessoa da qual foi
originado: a cabeça, ou seja, a psique será totalmente
diferente. Isso porque o clone viveria em outro ambiente e
teria experiências que jamais teve o ser original. O cuidado
materno seria radicalmente diferente. O tempo e o modo de
desenvolvimento se dariam em outras circunstâncias. A
alimentação não seria a mesma, podendo haver, por exemplo,
diferença de peso.
A percepção da realidade seria desenvolvida em outro
contexto tecnológico. Os relacionamentos seriam outros.
Assim, jamais se produzirá um clone absolutamente
semelhante ao doador da célula-mãe.
Portanto, imprimir na mente de seu filho que ele é
igual a outra pessoa, principalmente no que se refere a
qualidades negativas, não é bom nem é verdadeiro.
Não bastasse a impossibilidade científica, essa frase
enganosa poderá ter consequências danosas para a formação
da criança.
Conseqüências
Em primeiro lugar, se seu filho não gosta da pessoa
mencionada ficará entristecido, e a comparação acabará
despertando raiva nele. Se, pelo contrário, ele tiver admiração
por ela, irá se sentir ofendido pelo modo pouco lisonjeiro ou
hostil em que a pessoa é considerada. Em razão disso, irá
interpretar todas as expressões de desprezo e insinuações
negativas dirigidas à pessoa pela qual tem apreço como
endereçadas também a si.
Em segundo lugar, no caso de o familiar citado ser de
má índole, ter mau comportamento, ser agressivo ou
criminoso, ficará registrado na mente da criança que é dessa
forma que todos a enxergam. Em consequência disso, uma
destas duas atitudes geralmente é tomada pela criança: passar
a odiar o parente mencionado ou esforçar-se
inconscientemente para reproduzir, isto é, pôr em prática
aquele comportamento como resposta agressiva aos ofensores
– os pais.
A criança se sentirá, de certo modo, obrigada a ser
igual à pessoa a qual está sendo comparada. Isso acionará um
processo psicossomático, porque a necessidade de tal
identificação quase sempre é acompanhada de angústia,
sintomas de doenças, temores e fobias.
O que dizer?
Em vez de fazer comparações com algum familiar cuja
atitude você não aprecie — mesmo que com razão — para
corrigir um mau hábito de seu filho, prefira dizer algo como:
“O que você fez não está correto. Gosto de você, mas não
aprovo essa atitude. Você precisa mudar este
comportamento”.
Se você agir assim, ficará bem claro para seu filho que ele não
é um mau-caráter, mas que apenas se comportou de maneira
inconveniente. Fazer a separação entre o ato praticado e a
criança em si é fundamental para um desenvolvimento
saudável.
2
"Você não presta e nunca vai
dar em nada.”
Uma frase como esta tem peso de maldição sobre a
vida de seu filho. Equivale a profetizar para ele um futuro
sombrio, uma vida sem sentido. “Você não presta” é uma
afirmação de que a criança carece de boas qualidades, ou pior,
que só possui qualidades ruins. Uma sentença como essa
pode implodir a estrutura emocional da criança. E “você
nunca vai dar em nada” é uma desanimadora previsão de
sucessivos fracassos.
Conseqüências
A criança que ouve seus pais dizerem que ela não
possui nenhuma virtude no presente e nenhuma chance de
sucesso no futuro passa a nutrir um horrível sentimento de
culpa, ressentimento, raiva, auto piedade, remorso e revolta.
A partir da adolescência, ela começará a praticar atos
de autopunição. Toda tentativa de autodestruição esconde um
grave sentimento de culpa. É como se a pessoa procurasse
reparar a culpa punindo a si mesma.
O adolescente tentará se punir de várias maneiras:
atividades de alto risco, bebidas, violência, velocidade
exagerada ao dirigir, drogas que causam destruição e, não
raro, constantes pensamentos suicidas.
Uma menina de 16 anos de idade que atendi com
depressão era também soropositiva. Ela relatou que havia feito
sexo sem proteção porque desejava morrer. Seu histórico era
de uma criança que desde os cinco anos de idade ouvia frases
negativas de sua mãe.
Acrescente-se a isso o fato de a pessoa passar a
acreditar que não é realmente capaz de fazer nada que seja
relevante. Passará, então, a ser guiada pela baixa auto estima e
sofrerá com a solidão e a ansiedade. Uma pessoa assim tem
sempre uma percepção negativa da vida. Tomar uma iniciativa
representa sempre uma dificuldade para ela. Em geral, não
tem motivação para o trabalho, para a profissão e nem para
atividades produtivas.O que dizer?
Quando perceber um comportamento reprovável em
seu filho ou sua inabilidade em algum trabalho manual ou
intelectual, a melhor atitude é conversar com ele nos seguintes
termos: “Vejo que você não está conseguindo cumprir suas
tarefas. Esse seu comportamento precisa ser melhorado.
Vamos conversar sobre isso. Você não pode continuar com
essas dificuldades, e sei que pode superá-las se quiser. Talvez
eu não tenha ajudado muito até agora, mas estou disposto a
fazer o que for possível para tirar você dessa situação”.
Esta é uma forma sensata de conversar e aconselhar,
fazendo seu filho sentir que é bem aceito. Você demonstrará
interesse pelo bem-estar dele, revelando todo o amor que você
sente. Ele jamais esquecerá essas palavras, que poderão
marcar o início de um processo de mudança. E, quando
perceber que ele está melhorando, reconheça isso. Diga-lhe
que está contente com o que você está vendo. Faça elogios.
Dê afago e carinho.
3
"Que menino burro!”
O burro é um animal que tem como única utilidade o
transporte de cargas e pessoas. Um animal que apanha para
trabalhar e quase sempre morre abandonado. Dizer que seu
filho é um burro é o mesmo que rebaixá-lo a uma existência
infeliz. É dizer que, por mais que ele se esforce, nunca será
reconhecido ou que nunca fará nada de útil na vida.
Conseqüências
Seu filho, ao ouvir essa frase, irá interpretá-la desta
maneira: “Realmente, sou um ignorante, incompetente e
atrasado. Nunca vou ser nada na vida. Vou trabalhar como um
animal de carga só para conseguir um prato de comida e
depois serei jogado fora”.
O mecanismo psicológico acionado nesse caso é a
repressão. A criança reprime a essência daquilo que ouve:
“Você é burro”. Esse conteúdo reprimido vai para o
inconsciente na forma de raiva, baixa autoestima, desprezo e
ódio. Estes, por sua vez, se transformarão num impulso, e, em
algum momento os sintomas da repressão irão aparecer,
podendo ser observados nas atitudes da pessoa.
Inconscientemente, ela começará a manifestar um
comportamento estranho — hostilidade ou timidez — como
resposta à ansiedade produzida pelo que ouviu dos pais.
O que dizer?
Se perceber que seu filho não está indo bem na escola,
diga-lhe: “Vejo que você anda disperso, que não está
prestando atenção nas coisas como se deve. Você precisa
interessar-se mais pelos estudos. Sei que você é inteligente e
capaz, mas não está chegando aonde deveria. É preciso que
você se dedique mais às tarefas e aos trabalhos escolares.
Você sempre foi inteligente. Não sei o que está acontecendo
agora, mas é só se esforçar um pouco que as suas notas vão
melhorar”.
4
"Seja sempre o melhor.”
Esse é um estímulo errado e uma motivação
totalmente equivocada. Você pensa que está contribuindo para
o desenvolvimento e o progresso de seu filho, mas pode estar
incentivando a formação de uma personalidade egocêntrica e
narcisista.
“Você tem de ser o melhor” é uma frase tão comum
que a consideramos absolutamente normal. Contudo, ela
encerra um forte estímulo à altivez, à competitividade e à
agressão. Para ser o primeiro, em qualquer competição, é
preciso superar os demais concorrentes. Ser o “número um”
requer a capacidade de ultrapassar a todos e de permanecer no
topo. Ser o melhor implica convencer-se de que os outros não
são bons. Na vida real, porém, não é assim. Precisamos
entender que há espaço para o sucesso de todos. Fazer amigos
e ter aliados é melhor que ter competidores. A competição
esportiva é uma coisa, a vida cotidiana é orientada por outras
regras. No dia-a-dia, precisamos de solidariedade e de
companheirismo.
 
Consequências
Quando você diz que seu filho tem de ser o melhor,
está instigando a constituição de um espírito egoísta. A
insistência para que ele vença sempre pode ainda prejudicá-lo
de diversas outras maneiras. A cobrança pode levá-lo à
ansiedade, causada pela preocupação constante em provar
que é o primeiro em tudo. Quando não alcança a expectativa
projetada pelos pais, a criança começa a se sentir incapaz.
Essa frustração é uma verdadeira fábrica de emoções
negativas e o estágio seguinte possivelmente será a depressão.
Caroline é inteligente. Sempre teve notas acima da
média. Foi aprovada em dois vestibulares. Optou por
engenharia, mesmo sabendo que seu forte não eram os
cálculos. No final do primeiro semestre, trancou a matrícula.
Motivos: síndrome do pânico e depressão devido à frustração
por não conseguir notas altas nas disciplinas de ciências
exatas. A causa de tal frustração é o fato de ela ter ouvido de
seus pais, durante toda a sua infância, que deveria ser
impecável em tudo que fizesse.
O que dizer?
Eis um extraordinário incentivo ao seu filho: “Tenho
observado o grande potencial que Deus lhe deu. Você tem
dons naturais e habilidade para muitas coisas. Quem sabe,
você pode melhorar em algumas atividades em que ainda tem
alguma limitação. Você não precisa se comparar nem competir
com ninguém, mas poderá realizar muito mais do que fez até
agora. O esforço sempre trará bons resultados, e eles nos
deixam satisfeitos. Estou torcendo por você! ”.
5
"Pare de bancar o palhaço.
Comporte-se! ”
Há pessoas que são alegres, brincalhonas e
sorridentes desde pequenas. Nosso mau humor é que nos
impede de perceber que elas são a alegria do ambiente e a
causa da descontração em qualquer lugar. Em muitos casos,
tal restrição é subproduto da repressão que há em nós, por
termos sido tratados assim na infância. Sem saber, estamos
reeditando o comportamento paterno que recebemos.
Todavia, é bom lembrar que é melhor ter filhos alegres que
tristes, deprimidos e solitários.
Consequências
Esse tipo de repreensão equivale a jogar um balde de
água fria na vitalidade da criança, o que pode produzir
sentimentos de culpa toda vez que ela disser algo engraçado e
fizer alguém rir. É o tipo de advertência que inibe a iniciativa
da criança, uma vez que o bom humor geralmente está
associado a uma mente inteligente e criativa.
O que dizer?
Se notar uma tendência ao exagero nas alegres
manifestações de seu filho, diga-lhe o seguinte: “Gosto da sua
alegria e da sua disposição para fazer os outros rirem. Não sei
como seria esta casa sem sua presença. Acho melhor você ser
assim do que emburrado, só que, às vezes, você exagera um
pouco. Tenha cuidado em fazer essas brincadeiras somente
nos momentos e lugares adequados”.
6
"Porque você não termina a
lição de casa a tempo igual a
todo mundo?”
Há vários problemas com esse tipo de reclamação.
Em primeiro lugar, nem sempre conseguimos cumprir com as
nossas responsabilidades. Em segundo lugar, comparar a
criança com todas as pessoas que existem no mundo é fazer
uma exigência desproporcional à sua capacidade. Em terceiro
lugar, isso atinge sua dignidade de ser humano: se ela é a
única pessoa que não cumpre com seus deveres, então é a
pior de todas, a menos capacitada.
Consequências
Esse tipo de comentário leva a criança a sentir-se
marginalizada, rejeitada em seu meio e na família. Sugere que
ela não está cumprindo suas tarefas por ser incapaz e
incompetente.
Dessa forma, a criança irá desenvolver um senso de
inutilidade, fazendo com que ela se sinta deprimida e ansiosa.
O que dizer?
Você pode corrigir seu filho sem lhe causar mágoa e
ainda motivá-lo se disser: “Vejo que você está se
prejudicando, estressando-se com esse padrão de constantes
atrasos com o dever de casa. Já percebeu que você é o único a
sofrer as consequências? Por isso, gostaria que você mudasse
sua atitude a partir de hoje. Procure ser mais organizado e
pontual e não deixe para depois o que pode ser feito agora.
Você vai descobrir como é bom realizar as coisas com
antecedência. Tente! Eu sei que você vai conseguir”.
A orientação mais sensata é a que exorta sem ferir, a
que adverte sem hostilizar.
7
"Seu irmão nunca cria
problemas, diferente de você. ”
Sempre haverá filhos mais competentes, mais
rápidos, mais espertos ou mais talentosos que os outros. Isso
é natural, porém com muita facilidade nos leva a fazer
comparações injustas. Assim, emvez de se fixar nas
limitações e incapacidades de seus filhos, concentre-se em
perceber seus pontos fortes e suas qualidades.
No entanto, seja cauteloso. Temos a tendência de
projetar nos filhos os nossos desejos que não foram
realizados, tentando fazer com que eles realizem as nossas
expectativas. Com isso, acabamos desrespeitando o potencial
e as habilidades naturais deles.
Cada ser humano é inédito. É uma existência
irreproduzível. Cada pessoa tem sua originalidade e possui
valor singular. Se nossos filhos não fossem diferentes, o tédio
sufocaria a dinâmica da família; a rotina e a mesmice
tornariam a vida um aborrecimento. É muito bom, portanto,
constatar essas diferenças.
O problema está nas comparações indevidas. Fazer
distinção entre os filhos nunca foi uma boa atitude, porque,
como já dissemos, os filhos não são produzidos em série.
Nem mesmo gêmeos são iguais. Nos tempos bíblicos, o
patriarca Jacó, ingenuamente, não atentou para essa realidade.
Fez de José, seu filho predileto, sem se importar com os
ciúmes e ressentimentos de seus outros onze filhos, o que lhe
custou muito caro (Conheça a história em Gênesis 37).
Quantos irmãos não se odiaram a vida inteira
simplesmente porque os pais não tiveram a perspicácia de
considerar e respeitar a individualidade de cada um.
Consequências
Comesse comportamento, você está induzindo seu
filho a também fazer comparações. Quando for adulto, ele terá
a tendência de se perguntar: “Por que não sou como meu
vizinho, que é mais bem-sucedido? ” Ele irá sempre se
comparar com os colegas de profissão ou de classe. A
comparação semeia ódio entre os irmãos: dizer que um filho é
mais inteligente que o outro ou que uma filha é a mais bonita
da casa é subestimar e diminuir os demais. A distinção os
levará à competição. E o espírito de competição dentro de
casa tende a criar um ambiente hostil e insuportável.
O que dizer?
Em vez de incentivar a competição entre seus
filhos, prefira dizer: “Você é excelente com esse seu
jeito de ser.
É criativo e original. Acredito no seu potencial e
naquilo que é capaz de fazer, mas percebo que, às vezes,
você faz coisas que acabam prejudicando a si mesmo.
Você precisa pensar nos outros. “Quando pensamos
somente em nós mesmos, acabamos machucando outras
pessoas”.
8
"Faça tudo com perfeição.”
Ninguém consegue ser bom em todas as coisas.
Fazer tudo sempre com excelência e perfeição é uma tarefa
praticamente impossível para o ser humano. Fazer esse tipo
de exigência ao seu filho é o mesmo que dizer que ele será
considerado um incompetente e incapaz se não conseguir
concluir com êxito uma tarefa ou fazer algo perfeitamente.
Consequências
A tensão produzida por esse tipo de frase pode levar a
criança a querer fazer apenas o que ela acha que é capaz de
fazer com perfeição. O medo da desaprovação irá subtrair-lhe
a iniciativa, fazendo com que ela sinta medo de arriscar. A
criança terá em mente que jamais poderá falhar. Erros e
acertos fazem parte do aprendizado, e a criança precisa saber
aprender com ambos.
Se Thomas Edison não tivesse errado centenas de
vezes antes que a primeira lâmpada elétrica se acendesse, não
estaríamos desfrutando esse maravilhoso invento.
O que dizer?
Encoraje seu filho a simplesmente fazer as coisas.
Diga-lhe: “Não se preocupe se falhar: mesmo quando você
não consegue, está aprendendo. Continue tentando. Sei que
você vai melhorar à medida que for treinando, refazendo e
tentando novamente”. Outro exemplo: “Gostei da arrumação
que você fez no seu quarto. Não ficou impecável, mas o
importante é que você arrumou”.
Deixar claro que o erro é uma possibilidade propicia
um ambiente de coragem e de iniciativa. Seu filho deve saber
que ele não é obrigado a impressionar você nem a qualquer
outra pessoa cada vez que realizar uma tarefa. O ser humano
criativo é aquele que é estimulado a tomar iniciativas.
Contudo, encorajar a independência não implica
justificar a irresponsabilidade. A rigidez é para quem quer criar
filhos dependentes a vida inteira. A flexibilidade é o ambiente
que permite aos gênios e às pessoas comuns se manifestarem
igualmente.
9
"Você é pequeno demais e muito
fraco para fazer isso.”
É tipo de frase que esmorece a criança, rouba-lhe o
vigor e subtrai sua energia. Ela está toda empolgada para
ajudar em alguma tarefa e é interrompida pelos pais com a
declaração de que é incapaz, fraca e sem habilidade.
Consequências
A criança sempre acreditará que realmente não
consegue realizar nenhuma tarefa um pouco mais difícil por-
que é fraca, pequena e incapaz. É certo que existem muitas
tarefas que uma criança não pode realizar pelos motivos
expostos, mas ela não pode ser repelida dessa maneira.
O maior problema é que esse pensamento pode
acompanhá-la por toda a vida. Se isso ocorrer, a pessoa
sempre verá a si mesma como incompetente para atividades
que exijam um pouco mais de esforço, seja ele físico ou
mental.
Outra reação é o ódio contra quem o proíbe de dar
vazão às suas iniciativas, que pode se manifestar por meio da
rebeldia, ira, medos, ansiedades, introversão melancolia.
Na fase adulta, ela sempre irá reagir —
inconscientemente — de maneira negativa quando alguém lhe
disser que não pode fazer alguma coisa.
O que dizer?
Quando seu filho se apresentar para fazer algo além da
própria capacidade, diga-lhe: “Que coragem! Não duvido que
você seja capaz de fazer isso, mas eu gostaria que você
poupasse um pouco suas forças para outro momento. Esse
trabalho deve ser feito por mim ou por fulano”.
Você pode dizer também: “Obrigado por querer
ajudar, mas acho que você fará isso melhor quando crescer
mais um pouco. Por enquanto, deixe isso com o papai e com
a mamãe”.
Pode dizer ainda: “Daqui a uns dias, você terá muitas
oportunidades para fazer isso. Espere um pouco mais, que sua
vez irá chegar. Estou feliz por saber que você está sempre
disposto a ajudar”.
10
"Você sempre estraga tudo!”
Se a criança é mais travessa, mostra-se inquieta ou
tende à hiperatividade, é muito comum os pais concluírem
que ela é o problema. O sentimento de culpa dos próprios pais
os faz projetar sobre a criança as coisas que dão errado para
eles.
Você já se perguntou por que seu filho se atrapalha,
quebra as coisas, deixa cair tudo, grita mais que o normal, cai
com frequência, machuca-se, chora sem motivo, irrita-se e
tenta chamar atenção das pessoas da casa?
Quem de fato está estragando tudo? Pais ansiosos,
nervosos ou deprimidos tendem a jogar nos filhos a culpa de
tudo que acontece. Por isso, dizer a uma criança que ela
“sempre estraga tudo” é uma atitude cruel e injusta.
Consequências
A criança começa a catalisar as coisas erradas, e a
ansiedade aumenta. Aos poucos, ela vai se convencendo de
que é realmente culpada por qualquer situação indesejável
dentro de casa.
O que dizer?
Com todo amor, aconselhe a criança: “Procure ter
mais cuidado com o que faz. Vejo que você é inteligente,
gentil e bom, mas algumas atitudes suas precisam ser
corrigidas. Preste mais atenção quando for fazer algo. A
tranquilidade e o respeito dentro de casa são coisas boas, mas
é preciso que todos contribuam para isso, e quero que você
colabore a partir de agora”.
Sabemos que a autoridade é essencial para manter a
ordem e o equilíbrio na família. Seu filho precisa acreditar que
você é essa figura no relacionamento entre pais e filhos.
Quando essa autoridade é exercida de forma gentil e amorosa,
os limites são estabelecidos e as ordens são claras e firmes.
Com isso, a criança passa a se comportar de maneira
adequada.
1
"Já pedi várias vezes com
paciência, mas agora estou
zangado.”
Há dois grandes problemas com essa frase. Em
primeiro lugar, pedir várias vezes ao filho que faça alguma
coisa é um claro indício de uma educação equivocada. Se
você se habituar a repetir constantemente uma ordem ou um
pedido, seu filho também se acostumará a nunca atender à sua
solicitação da primeira vez.
Em segundo lugar, dizer que está ficando zangado
ensina a criança a obedecer somente para evitar a ira dos paise não para cumprir suas tarefas ou trabalhar em equipe. Nesse
caso, o mau humor dos pais será o único motivo para ele
realizar seu trabalho.
Consequências
A criança aprenderá a fazer as coisas apenas sob
pressão. Ela só entenderá a seriedade de um assunto ou de
uma situação se a ira estiver envolvida. A comunicação terá
sempre de ser reforçada com um tom de ameaça. A raiva dos
pais se tornará sua motivação.
A criança irá formando a ideia de que precisa trabalhar
apenas para evitar problemas. Jamais terá prazer em concluir
uma tarefa. Da mesma forma, terá dificuldades para perceber
a importância ou avaliar os benefícios de qualquer trabalho
que realize. O patrão ou líder que costuma ameaçar seus
subordinados para fazê-los trabalhar quase sempre é alguém
que foi educado dessa maneira.
O que dizer?
Seja firme ao dizer: “Já deixei bem claro o que você
deve fazer. Cada pessoa nesta casa tem suas
responsabilidades. Você não é exceção. Procure se organizar.
Deixe as brincadeiras para depois. Você terá bastante tempo
para se divertir assim que terminar as suas tarefas”.
12
"Você me irrita com o seu jeito!”
Pense nisto: o filho que você ama é o objeto de sua
irritação. Há duas razões para esse tipo de comentário: ou
você de fato o odeia e quer deixar isso bem claro ou você a
ama, contudo projeta nesse filho todas as suas iras. Se a
última proposição for verdadeira, você precisa de terapia. O
filho não pode ser um saco de pancadas, um objeto no qual
descontamos as frustrações de nossa vida. Dizer que ele
sempre o irrita é a mesma coisa que dizer: “Você só perturba e
é o problema desta casa”. Imagine como se sente a criança
convencida de que é o centro de todos os problemas dos pais.
Consequências
Esse tipo de comentário corresponde a depositar um
grande fardo sobre os ombros da criança, um monstruoso
sentimento de culpa. Ela passará a acreditar que tudo o que dá
errado dentro de casa, seja o que for, é por culpa dela. Em
contrapartida, quando quiser vingar-se dos pais repetirá os
comportamentos que os irritam, pois sabe que assim os estará
atingindo.
A criança nessa situação costuma desenvolver uma
baixa autoestima, acompanhada de sentimentos colaterais:
medos, fobias, síndrome do pânico, ansiedade e confusão
mental.
Na vida adulta, poderá se mostrar uma pessoa instável,
o tempo todo à procura de autoafirmação e de uma
identidade. Terá dificuldade nos relacionamentos e sempre
que fracassar na vida afetiva, tenderá a culpar a si mesma pelo
insucesso. Na vida profissional, se mostrará inibida, pois irá
recear ser um desastre para os outros, aonde quer que se faça
presente.
O que dizer?
Se seu filho tem sido motivo de constante irritação
para você, diga-lhe o seguinte: “Você é uma criança bondosa,
que eu amo muito. Mas, ultimamente, você anda muito
inquieto. Tente se controlar, senão terei de tomar uma
providência em relação a isso”.
13
"O homem pode fazer o que
quiser, a mulher não. ”
Essa frase é típica do machismo arrogante, que
considera a mulher como tendo uma personalidade frágil e
passiva e reproduz o estereótipo social que subestima o
gênero feminino. É a afirmação equivocada de que o homem
pode ter a aventura que quiser, e tudo ficará bem. É o velho
conceito que dá ao homem o direito de adulterar, prostituir-se,
deitar-se com quem quiser sem que nenhuma nódoa moral se
apegue à sua existência.
Consequências
Esse tipo de declaração corresponde a uma tentativa
de imunizar o rapaz contra a imoralidade sexual. De acordo
com essa mentalidade, o tempo absolverá o homem de
qualquer ato imoral que ele tenha cometido em relação ao
sexo.
Nada mais errado para se ensinar a um filho, por dois
motivos. Primeiro: você estará dando a ele uma credencial
para o erro. É uma permissão para a imoralidade, para os
relacionamentos sem respeito e para o amor sem
compromisso. Segundo: você estará ensinando-lhe a
subestimar as mulheres. Equivale a afirmar que só elas erram
e sofrem com seus erros, e que os homens estão imunes a
isso.
O que dizer?
O homem precisa ser ensinado sobre as consequências
de seus atos. Ele precisa saber que tudo o que semear, ele
também colherá.
Este é o ensinamento que você deve passar ao seu
filho: “Nos seus relacionamentos, jamais prejudique alguém.
Nunca tire proveito de mulher alguma, para depois descartá-
la. O homem de verdade, que é amado e respeitado, é aquele
que sabe respeitar a namorada, noiva ou esposa”.
14
"Você nunca terá sucesso!”
Dizer a uma criança que ela nunca será bem-sucedida
é passar-lhe um atestado de incompetência. Diante de
qualquer coisa que ela queira realizar, as palavras irão ressoar
em sua mente: “Você é um fracassado. Você nasceu para a
derrota”.
Muitas vezes, acontece de não conseguirmos concluir
uma tarefa a tempo, cumprir determinado horário, entregar o
serviço no prazo, obter uma boa nota numa prova ou ver
realizado algum empreendimento. No entanto, durante nossa
existência contabilizamos muitas conquistas. Por essa razão,
não devemos desistir de viver. Existe uma estrada larga e
comprida à nossa frente, na qual muitas oportunidades nos
aguardam. Uma batalha perdida não significa o fim da guerra:
ainda há muitas possibilidades de conquista. Por isso, é
precipitado dizer ao seu filho que ele nunca terá sucesso.
Consequências
Essa frase negativa cai como uma bomba sobre os
ideais da criança, causando-lhes danos irreparáveis, e é capaz
de pulverizar os mais belos sonhos de seu filho.
Isso porque a criança acredita que os pais conhecem
sua capacidade e seus talentos. Diante de tal sentença, irá
deduzir que seus pais já consideraram todas as possibilidades
e concluíram que ela não tem a mínima condição de
empreender uma carreira bem-sucedida. Na vida adulta,
poderá ser um pai omisso, um profissional tímido, uma
pessoa sem iniciativas por saber que o insucesso já foi
decretado há muito tempo. Pessoas com esse perfil têm medo
de passar fome, de não casar, de nunca ter amigos, de se
relacionar afetivamente e não se esforçam para reverter a
situação.
O que dizer?
Se seu filho tentou realizar alguma coisa e não
conseguiu, diga-lhe: “É só um pequeno contratempo. Vamos
superar isso logo” ou “Vá em frente. Quando uma coisa não
dá certo de um jeito, temos de tentar de outro”. Também não
se esqueça de lhe dizer que ele nasceu para ser um vencedor.
15
"Parece que nada dá certo para
nós.”
Essa declaração é própria de pais que se sentem
derrotados. É a afirmação mais deprimente que se pode fazer
diante de um filho. Trata-sede uma demonstração de auto
piedade, ressentimento e negativismo. É a crença de que tudo
conspira contra nós. O efeito dessa atitude pessimista na
mente da criança é devastador, porque ela precisa de um
modelo de autoafirmação, otimismo e coragem.
Consequências
A criança é contagiada pelo pessimismo do ambiente,
que irá produzir um estado de fracasso. Será subtraído tudo
que há de belo em sua perspectiva de vida. Seus objetivos
ficarão confusos, e ela tenderá a imaginar que não adianta
tomar iniciativas nem fazer planos, pois tudo resultará em
fracasso.
O que dizer?
Se a família estiver enfrentando um momento difícil
ou alguma frustração, tranquilize seu filho da seguinte
maneira: “Nem tudo sai do jeito que a gente pensa, porém
sempre podemos tirar alguma coisa boa da situação. Podemos
aprender para não errar novamente. Podemos ganhar
experiências que irão nos ajudar no futuro. Nunca se esqueça
de que sempre há algo de bom em tudo de ruim que
acontece”.
Vale lembrar também as sábias palavras da Bíblia
Sagrada: Todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus (Rm8:28).
16
"Mais vale um pássaro na mão
do que dois voando.”
Esse adágio popular soa aos nossos ouvidos como
um sábio conselho, mas não é. O empreendedor aposta na
possibilidade de alcançar mais que dois pássaros de uma vez.
Ele sabe que aquilo que tem nas mãos está seguro, mas sabe
também que pode alcançar muito mais. Assim, não teme
correr um risco calculado. Pode até não dar certo, mas existe a
possibilidade de dar.O problema com a frase em questão, considerada uma
pérola de sabedoria é que ela produz incerteza. E sabemos que
a incerteza conduz ao medo. O psicólogo Richard Davidson,
da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, publicou
um excelente estudo sobre o medo condicionado — o
processo pelo qual uma coisa, embora em si mesma não
represente uma ameaça, simboliza sempre algo assustador por
estar associada a alguma palavra negativa em nossa mente.
Quando tais pavores são induzidos, o medo
condicionado pode perdurar por muito tempo. Como poderá
alguém ter ousadia para enfrentar as lutas de um negócio
próprio se pretende agir somente com base na certeza
absoluta? Não são poucos os que desejam mudar de emprego
ou pedir as contas para se tornar patrões, mas na hora aparece
o pensamento: “Mais vale um pássaro na mão do que dois
voando”.
Essa frase tem o efeito de um freio de mão puxado na
alma da pessoa, sempre impedindo suas iniciativas para novos
projetos e oportunidades.
Consequências
A criança ensinada a agir apenas com base na
segurança absoluta pode se transformar naquele adulto que
fica preso a um único emprego de baixa remuneração por
longos anos, sem ter coragem de se arriscar a procurar outro
com medo de perder os dois. Irá morar na mesma cidade a
vida inteira, sem jamais se dispor a ir para outro lugar em
busca de novas alternativas de vida e de renda. Irá casar-se
com a primeira pessoa que namorar, mesmo sabendo não ser
a ideal, por medo de morrer solitário. Perderá muitos negócios
— os mais rendosos — apenas por haver uma possibilidade
mínima de não darem certo.
Consequentemente, deixará passar todos os cavalos
encilhados e não os montará, com medo de que a sela não
seja segura ou que o cavalo seja bravo demais para permitir a
montaria. Será, portanto, um adulto cheio de dúvidas e
indeciso.
O que dizer?
Em vez de ficar recitando o adágio da insegurança,
diga ao seu filho: “As pessoas fazem a própria sorte. A vida é
construída com falhas e acertos. Não podemos ter a garantia
absoluta de que tudo vai dar certo, por isso, em algum
momento, você precisará ter coragem e arriscar um pouco”.
Prefira repetir outro provérbio: “Quem não arrisca, não
petisca”.
17
"A vida é um castigo!”
Quem afirma que a vida é um castigo vê no
sofrimento uma virtude. São pais que, por terem sido
maltratados, quase sempre por pais sádicos, acreditam que
nada na vida é obtido sem sofrimento. O castigo serve para
purgar os sentimentos de culpa que carregam desde a infância.
Tudo na vida dessas pessoas é considerado pela
perspectiva do sofrimento, por isso interpretam a vida como
uma luta com constantes sofrimentos em uma guerra sem fim.
Acham que a vida nos castiga cobrando o aluguel do viver.
Para elas, a vida sempre é amarga, cinzenta e difícil. Não
conseguem celebrar os pequenos sucessos e vitórias, até
porque para elas não existe celebração, apenas castigo.
Assim, passam ao filho o lema de sua própria vida, na
verdade, reeditando o que ouviram na infância. Em geral, os
pais que agem dessa maneira foram crianças programadas
para conseguir afeto, carinho, alimentação, brinquedos e tudo
o mais que desejassem e necessitassem à custa de muito
choro, insistência e sofridas negociações. Sem dúvida, são
pessoas de choro fácil — a declaração habitual de suas
necessidades e conflitos. Na maioria das vezes, nem estão
expressando um estado de sofrimento, apenas apresentando
uma senha para obter o que desejam. A exibição do
sofrimento é um passaporte para quase tudo na vida deles.
Consequências
Convencer seu filho de que a vida é um castigo irá
imprimir nele um sentimento masoquista. Ele verá o mundo
como um ambiente hostil e agressivo. Jamais exercerá sua
profissão com prazer — ela também será um castigo imposto
pela vida. Aprenderá a ser resignado no sofrimento, sem
procurar alternativas para superar as dificuldades, já que sofrer
faz parte da existência humana. Sua mente estará sempre
voltada para a amargura.
Seu filho se tornará uma pessoa excessivamente séria,
angustiada, achando que tudo está contra ele.
Esse modo de encarar a vida, no entanto, nem
sempre será evidente. O indivíduo melancólico pode
disfarçar seus sentimentos. Para escapar da tristeza,
tentará se mostrar alegre ou se entregará a uma atividade
hipomaníaca*. Ele também terá a tendência de se
comparar com aqueles que vivem bem e felizes, o que
lhe dará certa satisfação, pois considera o sofrimento
uma coisa nobre. Verá o sofrimento como um mérito
que, junto com a tendência de refletir sobre a amargura
da vida terrena e a profunda necessidade de ajuda, o
levará a buscar refúgio no ostracismo ou no trabalho
compulsivo.
_________________________________
* Elevação ligeira, mas persistente de humor, da energia e da atividade,
associada em geral a um sentimento intenso de bem-estar e de eficácia física e
psíquica.
Seu pessimismo diante de todas as coisas encerrará
certo fanatismo pela tragédia. Ao mesmo tempo em que terá
prazer no fracasso, será incapaz de desejar algo de bom para
os outros. Enfrentará a vida por meio da dependência e do
auto depreciação. O sofrimento que atrair sobre si servirá para
justificar suas exigências de afeto, controle e reparação.
O que dizer?
Em vez de ficar repetindo o mantra do masoquismo,
diga ao seu filho: “Há momentos na vida em que enfrentamos
situações de sofrimento, mas a vida é um presente de Deus e é
muito preciosa, por isso, devemos sempre celebrar os bons
momentos que ela nos oferece”. Diga também: “A vida é um
banquete!”.
18
"Nunca dê um salto maior que a
perna!”
Quando você faz essa afirmação, está dizendo que
seu filho não pode arriscar nada na vida, que temos de medir
o tamanho dos passos, não a estratégia do salto. É um
provérbio antigo, semelhante àquele mencionado no capítulo
16, e tem sua importância para chamar a atenção de quem é
precipitado em suas atitudes. Contudo, é inadequado para
ensinar o filho a ser empreendedor.
Consequências
A criança aprenderá que nada pode ser feito sem que
primeiro seja calculado. É como dizer: “Concentre-se nos
problemas, não em como resolvê-los”.
 
O que dizer?
A exemplo do que recomendamos no capítulo 16, é
muito melhor citar este outro provérbio: “Quem não arrisca,
não petisca”. Todo empreendedor sabe que muitas vezes
precisa ir além do que é permitido pelos seus recursos. Ele
traça uma estratégia, olha para além do córrego e se concentra
no ponto da outra margem que o pé irá tocar. Proponha a
seguinte questão ao seu filho: “O que você faria se tivesse
pernas curtas e precisasse pular um abismo? ”
19
"Duvido que você será alguém
importante quando crescer.”
Você está apostando que seu filho não terá sucesso
na vida. De acordo com essa expectativa, ele será um fracasso
na escola, um péssimo profissional, alguém de caráter
duvidoso e tudo aquilo que você pensar sobre ele. Essa
afirmação tem o poder de destruir a autoconfiança e o senso
de identidade de quem a ouve. É como lhe tirar o chão firme
debaixo dos pés. É uma assertiva com poder de flecha
envenenada.
Consequências
Além do impacto da dor, o coração da criança ficará
contaminado com o negativismo. Ela não terá força emocional
e psicológica para resistir às dúvidas e opiniões dos pais. Por
isso, irá se defender e atacará com a passividade. A frase em
questão tem força de lei, e a criança aceitará a sentença como
um destino inexorável.
Na vida adulta, quando surgirem os problemas, ela
pensará que não há solução. Quando tiver de enfrentar algum
obstáculo aos seus planos, irá considerá-lo intransponível e
diante do confronto, já se verá derrotada. Ao enfrentar as
lutas, não encontrará forças e verá todas as batalhas como
perdidas.
O que dizer?
Substitua essa expressão negativa por uma que traga
motivação. Afinal, você estará contribuindo para o bem-estar
de seu filho. Diga-lhe, por exemplo: “Sei que você um dia vai
ser alguém muito importante!”.
Pesquisas indicam que as pessoas mais bem-sucedidas
na vida costumavam ouvir palavras que descreviam
exatamente aquilo queelas se tornaram.
20
"Você ainda vai me matar!”
Há pais que costumam dizer ao filho: “Você ainda vai
me matar! Ainda vou morrer por isso!”, um caso típico de
chantagem emocional, um meio de exercer pressão sobre o
filho a fim de obter o que desejam. A chantagem emocional é
aplicada com algumas variantes, por exemplo: “Se você não
fizer isso é porque está querendo acabar com minha vida”, ou
ainda “Se você não fizer o que estou pedindo, vou acabar
adoecendo. Quero ver o que você vai fazer se isso acontecer”.
Isso é a terceirização do sentimento de culpa. É uma maneira
sutil de manipular as pessoas e ensinar a arte de distorcer as
emoções.
Consequências
Você está produzindo em seu filho mais sentimento de
culpa do que ele já possui como ser humano. O
relacionamento entre vocês ficará cada vez mais tenso, e o
clima de hostilidade se estabelecerá. A criança tenderá a fazer
mais coisas erradas para punir e castigar os que lhe
atormentam, no caso, os pais.
Na adolescência, fase de maior tensão entre pais e
filhos, inconscientemente o filho tentará antecipar a morte dos
pais com atitudes que lhes inflijam dor e mais sofrimento. Na
vida adulta, será um chantagista de carteirinha. Dirá, por
exemplo, à namorada: “Você está me fazendo sofrer. Não sei
o que vai acontecer se você não se casar comigo”.
 
O que dizer?
Se perceber nas atitudes de seu filho algo que esteja
machucando você, diga-lhe: “O que você está fazendo está
nos afetando, porém vai fazer mais mal a você. Com essa
atitude, você está agredindo a si mesmo e será o mais
prejudicado”.
21
"Deus não gosta disso!”
Essa frase gera na mente da criança uma imagem
distorcida de Deus. Ela tenderá a imaginar um Deus irado,
vingativo e mal-humorado, sempre com o dedo em riste para
condená-la por pequenos erros. Jesus, no entanto, disse:
Deixai vir a mim os pequeninos, porque dos tais é o Reino de
Deus (Mt 19:14). Ele também declarou: Os sãos não precisam
de médico, e sim os doentes (Mc 2:17). E quanto a todas
aquelas afirmações de que Deus é amor? Por exemplo, em
João 3:16 está escrito que Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna e Romanos 5:8 diz
que Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Com certeza,
apresentar Deus daquela maneira a uma criança não é a coisa
mais sábia a fazer.
Consequências
À medida que cresce, a criança vai perdendo o desejo
de se relacionar com Deus. Muitos se tornaram céticos e até
mesmo ateus por causa das afirmações que ouviram a respeito
de Deus. Karl Max, Charles Darwin e outros ateus famosos
eram filhos de pais cristãos que lhes apresentaram um Deus
irado e vingativo.
O que dizer?
Sempre que seu filho fizer algo errado, em vez de
apresentar Deus como carrasco diga o seguinte: “O que você
está fazendo é errado. Precisamos conversar sobre isso.
Existem regras aqui, e você as conhece. Uma criança
inteligente como você já tem idade para saber que isso não é
bom. Se repetir, terá de sofrer as consequências”.
Se ele reincidir, aplique o castigo que prometeu. A
criança precisa de ordem para organizar seu mundo interno e
se sentir segura. Os pais têm a obrigação de impor limites aos
filhos.
2
"Você está de castigo. Vá para o
quarto orar!”
É inadmissível que alguém castigue o filho com
oração. A oração é a comunicação com Deus. É um momento
especial que passamos na presença do Criador. Orar é a
conexão mais espetacular e instantânea que estabelecemos
com nosso Pai do Céu. Quando você faz da oração um
castigo, está dizendo ao seu filho que ela não passa de uma
penalidade, que é um sofrimento imposto por Deus e que só
serve para quem anda errado.
Consequências
Essa forma de castigo irá formar na cabeça da criança
a ideia de que a oração é uma atividade chata, deprimente e
punitiva. Seu filho irá considerar Deus um tirano que o
castiga, um carrasco que deseja condená-lo, um déspota que
sente prazer em vê-lo humilhado, e não o Pai amoroso que na
verdade Ele é. Na vida adulta, inconscientemente, a
desprezará e jamais terá um momento agradável de oração.
Pelo contrário, irá sempre achá-la cansativa e insuportável.
O que dizer?
Em vez de impor esse tipo de disciplina equivocada,
pergunte ao seu filho como ele se sente fazendo tal coisa.
Pergunte também: “Você acha que isso está certo? Tem
certeza de que não está prejudicando outras pessoas e a você
mesmo com essa atitude?”.
Se for necessário, suspenda algum privilégio. Diminua
a mesada, proíba um passeio ou suspenda temporariamente as
brincadeiras com os colegas como forma de fazê-lo refletir
sobre a situação.
23
"Se apanhar na rua, vai
apanhar de novo quando chegar
em casa! ”
Talvez sua intenção seja evitar que seu filho se
envolva em brigas na escola ou na rua, mas com certeza esse
não é o melhor caminho. Há no mínimo três equívocos nessa
exigência.
Primeiro: você está induzindo seu filho a pensar que,
se um dia entrar em uma confusão, para sair vitorioso terá de
machucar seu oponente até ele perder a ação.
Segundo: você não está ajudando seu filho a evitar
problemas, apenas ordenando que ele não perca nenhuma
briga. E se perder, você jamais ficará sabendo, porque ele não
vai lhe contar.
Terceiro: estará incutindo na cabeça de seu filho que,
se ele sofrer algum dano ou alguma perda lá fora, nos em-
bates da vida, será merecedor de castigo e enfrentará
hostilidade em casa.
Consequências
Quando adulto, sempre que tiver prejuízo nos
negócios ou cometer algum erro, se fará omisso ou acabará
agredindo o cônjuge e os filhos para se punir pelas derrotas.
Terá vergonha de compartilhar os insucessos e de pedir ajuda
a alguém, além disso, considerará formas inadequadas para
vencer. Acreditará que, se o mundo é hostil, o lar é ainda pior,
e estará habituado a simular, mentir e distorcer os fatos, com
medo de ser castigado.
O que dizer?
Aconselhe seu filho: “Evite confusão com outras
crianças. Lembre-se de que brigar, xingar e insultar são
atitudes de pessoas ignorantes e sem argumentos. Já o diálogo
é próprio de quem é inteligente”. Diga também: “Seja sempre
pacificador”, sem perder a firmeza nem a tranquilidade. E
ainda: “Se algum dia você for insultado ou perseguido por
alguém na escola, no parque ou em qualquer lugar, conte para
mim”.
24
"Vou contar para o seu pai
quando ele chegar!”
Eis uma frase, dita por muitas mães, que cria no filho
uma perspectiva ruim da figura paterna, substituindo o amor e
o respeito pelo medo. Além disso, você está se desvalorizando
diante do homem como mãe e mulher e desqualificando sua
autoridade de genitora. Está passando a ideia de que somente
o pai é capaz de resolver os problemas em casa.
Consequências
A criança ficará ansiosa e estressada com a chegada do
pai, em vez de recebê-lo com alegria. Quando crescer, irá
subestimar o papel da mulher e terá desprezo pela figura
feminina.
Ela sempre incluirá em seu discurso figuras de
autoridade, a fim de referendar suas ideias. Se ocupar a
posição de líder, estará mais para inspetor que para mentor e
motivador. Será o tipo de profissional que tratará os
subordinados com ameaças. Não se espante se ele proferir
frases como esta: “Mulheres, talheres, colheres e outros
objetos de cama e mesa, calem a boca! ”.
O que dizer?
Na ausência do pai, a mãe precisa manter a ordem,
como o pai faria se estivesse presente. Para estabelecer o
controle da situação não é necessário ameaças, chantagem ou
a menção de pessoas de quem a criança tenha medo. Para
impor autoridade, basta afirmar: “Não faça isso, pois não é
correto! ”.
25
"Se você não se comportar, a
polícia vem lhe prender!”
Fazer as coisas certas é uma regra que deve ser
observada, porém invocara autoridade policial para intimidar a
criança é um equívoco. Será que você não tem autoridade
sobre seu filho? Não consegue fazê-lo se comportar? Está tão
fragilizado perante ele que precisa da ajuda da polícia? Apelar
para o exército, o delegado ou a viatura policial para controlaruma criança denota falta de firmeza e de serenidade.
Invocara polícia, o bicho-papão, o velho que devora
criancinhas ou o monstro de sete cabeças é uma forma de
destruir a autoconfiança e a noção básica de segurança que
seu filho precisa ter. O medo desestabiliza o ambiente de
apoio que a criança precisa para se desenvolver, aprender,
explorar, imaginar, brincar, levando-a a um estado de
permanente tensão. Esse tipo de ameaça também restringe a
capacidade de se relacionar com as pessoas e de enfrentar
com tranquilidade outras situações.
Consequências
Se a criança estiver incomodada com alguma coisa
séria, sob a ameaça da polícia irá reprimir o choro, controlar-
se e ficar quieta. Criará a ideia que polícia existe para fazer
mal, para bater, matar e prender. Terá uma visão distorcida da
ordem pública e da autoridade. Odiará qualquer um que use
farda ou uniforme e tudo que represente autoridade, pois são
para ela a imagem do mal. A maioria dos delinquentes ouviu
essa frase de seus genitores. O comportamento violento é
quase sempre uma contestação a tais ameaças.
Certa vez, entrevistaram dez assassinos de policiais no
Rio de Janeiro, e descobriu-se que nove deles tinham raiva da
polícia desde pequenos.
O que dizer?
A criança precisa de um reforço positivo para ter
responsabilidade e uma conduta irrepreensível. Diga-lhe o que
você espera dela e o que fazer para atingir esse objetivo.
É mais fácil fazer seu filho interromper um ato
irreverente com um gesto que com a intervenção de terceiros.
Estabeleça a ordem quando necessário. Toque a criança com
carinho. Segure-lhe as mãos, olhe-a nos olhos e diga com
firmeza e serenidade: “Você agora vai parar com isso. Não é
assim que se faz”. Desse modo, você obterá a atenção da
criança, bem como sua obediência.
26
"Pau que nasce torto, morre
torto.”
Isso é determinismo, a filosofia que afirma que as
pessoas já nasceram destinadas para o fracasso ou para o
sucesso, para a bênção ou para a maldição, para a salvação ou
para a perdição eterna, e que nada pode ser feito para alterar
seu destino. É uma frase que diz não existir escolha e nem
livre-arbítrio, o que é sempre será. Os membros de castas da
Índia, por exemplo, alimentam essa crença.
Consequências
A criança passará a acreditar que seu destino já está
traçado, e que é imutável e inflexível. Na vida adulta, irá se
conduzir por este paradigma, rejeitando qualquer nova ideia e
maneira diferente de fazer as coisas. Aceitará todos os
fracassos e insucessos como sendo a força inexorável do
destino.
O que dizer?
Em vez de ficar repetindo o provérbio
equivocado, diga ao seu filho: “Não existe destino
predeterminado.
O que existe é um propósito de Deus para cada pessoa,
e esse propósito é o que Deus faz quando você cumpre a
sua parte e a vontade do Senhor. A vida é cheia de
escolhas, precisamos ter discernimento para optar pelo
melhor”.
27
"Agora não dá, estou muito
ocupado.”
Quando chegamos à casa, quase sempre é com a
ideia de descansar ou de concluir trabalhos inacabados de
outro dia. O problema é que atividades domésticas, televisão,
revistas e jornais e outros afazeres roubam tempo que
deveríamos dedicar aos nossos filhos. E, quando eles
solicitam nossa atenção, temos a tendência de dispensá-los,
com a desculpa de que estamos ocupados.
Consequências
A criança que não consegue a atenção dos pais se
sente desvalorizada. Não raro, pais ausentes são a causa
do desequilíbrio emocional do filho. A personalidade
histriônica* é própria de indivíduos que sentiram a
ausência da figura paterna na infância. Ataques de
medo, acessos irracionais de raiva, sentimentos de culpa
e ódio de si mesmo procedem da mesma fonte.
___________________________________________________________
*Tende à dramaticidade e busca atenções para si; também conhecido como
“carente-afetivo”.
O que dizer?
Se você não puder atender ao seu filho no momento
em que ele pedir atenção, diga-lhe: “Gosto muito de brincar
com você, mas agora preciso ir ao trabalho’ ou ‘Agora preciso
concluir esta tarefa’. Então, vamos brincar outra hora. Prepare
tudo para nossa brincadeira”. E cumpra o acordo feito com
ele.
Programe alguma atividade com seu filho, para
determinada hora do dia ou da noite. Brinquem ou façam
alguma coisa juntos. Por exemplo, crianças gostam de brincar
de “cabana”. Faça uma barraca com um lençol no meio da
sala e “acampe” ali. Use a criatividade, seu filho jamais irá
esquecer.
Sua carreira e seu trabalho não podem roubar de você
o privilégio de desfrutar a companhia dos filhos.
28
"Você é doido, menino? ”
Doido é alguém que sofreu um surto psicótico, ou
está no manicômio, em uma clínica de tratamento
psiquiátrico, ou que vive perambulando pelas ruas. Não pode
haver comparação mais infeliz, pois dizer a uma criança em
desenvolvimento e, portanto, inteligente que ela está doida é
um erro grave.
Consequências
A criança pode se convencer de que é mesmo
desatinada ou ruim da cabeça. Isso lhe servirá para duas
coisas: justificar todos os seus atos equivocados e impor suas
vontades, já que todos dizem que ela é doida mesmo.
O que dizer?
Quando seu filho praticar um ato que extrapole o
comportamento normal de uma criança, diga-lhe: “Você não
está agindo com bom senso. Tudo que a gente faz deve ser
com equilíbrio e cautela, até mesmo as brincadeiras, e sei que
você é capaz de agir direito”.
29
"O que você tem na cabeça?”
Essa frase é pronunciada quando a criança comete
um erro que causa grande irritação aos pais. Quase sempre é
acompanhada da sugestão de que ela, em vez de massa
cerebral, possui outra coisa na cabeça: minhoca, “titica” de
galinha ou mesmo um espaço vazio. É outra maneira
inadequada de censurar os erros do filho. Frases como essa
depreciam a inteligência da criança. Equivale a dizer que ela é
burra e não pensa.
Consequências
A criança irá assimilar a ideia de total incapacidade
para lidar com a realidade da vida. Tenderá a acreditar que
realmente não sabe pensar nem fazer as coisas cor-retamente.
Na vida adulta, poderá sofrer de baixa autoestima ou
conviver com um senso permanente de inutilidade. Esses
sentimentos, em geral, resultam em um comportamento
depressivo e melancólico.
O que dizer?
Quando seu filho praticar um ato que contrarie o bom
senso, diga-lhe: “O que você fez agora não está correto, mas
sei que você pode fazer o que é certo. Todos nós nascemos
com muitos talentos e habilidades, e você deve desenvolver o
seu”.
30
"O que os vizinhos vão pensar?”
Essa frase pode ter algumas variantes: “O que seus
amigos vão pensar?”; “O que fulano vai dizer?”. É um claro
indício de que você é orientado pela cabeça dos outros, a
opinião alheia vale mais que a sua. Ao expressar essa
preocupação diante de seu filho, você o está programando
para pensar que os conceitos e valores familiares não são tão
importantes e que a interpretação alheia é a que conta.
Consequências
A criança passará a vida toda tentando ajustar sua
imagem e seu comportamento à expectativa dos outros.
Deixará muitas vezes de tomar boas iniciativas por temer a
censura de amigos, vizinhos e parentes. No trabalho, será
inibido e sem iniciativa, sempre temendo ser conde-nado por
suas atitudes.
 
O que dizer?
Se você perceber que o comportamento de seu filho
pode gerar crítica de terceiros, diga-lhe: “A situação é sé-ria,
mas sempre estarei do seu lado. Sempre que tomamos uma
atitude, temos de arcar com suas consequências, mas quem
faz a coisa certa não tem nada a temer”.
31
"Pare de chorar à toa, ou eu
vou lhe dar motivo! ”
Se a criança está chorando, ela está emocionalmente
abalada por alguma coisa. Dizer que suas emoções são
irrelevantes e que ela não tem motivos para chorar é anular os
sentimentos dela. Além disso, quanto mais hostis vão ficando
essas ameaças, mais possibilidade há de que o
comportamento do indivíduo seja paralisado pela ansiedade.
Isso o incapacitará a lograr os objetivos que tem em vista. A
auto realização também pode ser bloqueada pela carência de
afeto e de motivação. Atensão interior causada pelo medo de
ser castigado sem justa causa afeta o organismo, o raciocínio e
o equilíbrio emocional.
O choro é o desabafo irreprimível. Outros sentimentos
são mais fáceis de controlar, mas não a denúncia do choro.
Consequências
A criança aprenderá a reprimir e esconder suas
emoções e se especializará na arte da simulação. Será incutida
nela a ideia de que não podemos expressar nossos
sentimentos, que é mais apropriado demonstrar o inverso de
nossas emoções: a dor não está sendo sentida, o medo não
apavora, a tristeza é disfarçada pelo sorriso amarelo. O amor
será substituído pela compaixão, a compaixão pela
indiferença, a celebração pela fleuma, a pressa pela aparente
calma. Mas quem será capaz de manter esse comportamento
o tempo todo? Como poderá o indivíduo ser sempre dividido,
esquizofrênico, tentando ser o oposto do que é?
O que dizer?
Aproxime-se de seu filho e pergunte: “O que está
acontecendo com você? Por que está chorando assim? Depois
que você parar de chorar, quero saber o motivo desse
desespero”.
Ouça com atenção o motivo do choro de seu filho.
Sua proximidade dará segurança a ele, e a ansiedade cairá para
o nível normal.
Na maioria dos casos, a melhor atitude é permitir que a
criança chore. O choro alivia a tensão, atenua a raiva e
minimiza a angústia.
32
"Em boca fechada não entra
mosquito!”
Essa frase é paralisante, uma anestesia para o espírito
empreendedor,porque subtrai a participação e a criatividade.
Parece ensinara prudência,mas, no fundo, está
desestruturando a capacidade da criança de ser ousada e
corajosa. De fato, há situações em que é melhor ouvir que
falar, mas não podemos impedir a verbalização, a
comunicação. Muitos problemas se desatam ao assumira
forma de palavras.
Impedir a voz da criança é debilitá-la, pois ela só
começará a adquirir uma configuração mais densa e definida
se puder expressar sua personalidade. A fala é uma expressão
antropogenética, porque ajuda na constituição de um ser
humano mais saudável.
Consequências
A criança que não se pronuncia tende a se retrair e a
manter sua existência em segredo. Evitará contatos e
conversas, com receio de que alguém a censure. Muitos
traumas são resultados de ideias que não foram verbalizadas.
Quem não pode falar acaba guardando muitas coisas que se
transformam em monstros aterradores.
Portanto, você está plantando em seu filho um paradigma de
fracasso.
Na vida profissional, quem foi ensinado a calar-se irá
deparar-se com oportunidades de opinar e de sugerir, no
entanto se mostrará omisso, pois aquela voz lhe estará soando
no inconsciente: “Em boca fechada não entra mosquito”. Ele
estará programado a nada dizer. Com certeza, irá impor regras
semelhantes aos filhos: “Criança aqui não tem opinião”;
“Quando os adultos falam, as crianças se calam”. E se alguém
assim vier a ocupar um cargo de liderança, será que permitirá
opiniões de outras pessoas?
O que dizer?
Moderação e precaução são atitudes louváveis, porém
não nos impedem de intervir quando a ocasião exige.
Aconselhe seu filho: “Tenha cautela, mas nunca deixe de fazer
o que for preciso quando surgir a oportunidade”.
Ensine seu filho a ser prudente, mas não incentive a
omissão. A criança não é muda. Ela fala e desperta o falar. A
criança é logos, irradia o verbo e dá expressão aos
sentimentos.
Deixe-a falar, e na vida adulta saberá dizer com
sabedoria o que é para ser dito.
33
Não fale com estranhos!”
Parece ser uma precaução sábia. Acontece que
nossos filhos pequenos não andam sozinhos pela rua nem
costumam se encontrar com estranhos por aí. Além disso,
quando alcançarem idade suficiente para andar
desacompanhados, terão de se comunicar com as pessoas.
Essa frase cria na mente da criança a ideia de que todas as
pessoas que não conhecemos são perigosas e malignas.
Consequências
A ordem de não falar com estranhos programa o
cérebro da criança para não gostar de contatos. Quando
crescer, terá enorme dificuldade para se relacionar com
pessoas que não conhecem. Já imaginou uma pessoa tímida
em um departamento de vendas de uma empresa? Já
observou como as pessoas se comportam dentro de um
elevador com gente desconhecida? É um silêncio agressivo.
Alguns ficam olhando para o mostrador dos andares, e os
números parecem levar uma eternidade para mudar. Por que
não conversam? Porque não podem falar com estranhos.
E que dizer dos passageiros de ônibus ou de avião,
sentados juntos sem ao menos se cumprimentar? Já vi
pessoas passarem horas em salas de espera de clínicas e
consultórios sem emitir uma palavra, por não conseguirem
conversar com desconhecidos. Por trás desse comportamento,
pode estar um pai ou uma mãe que lhes passou a ideia de que
os estranhos são suspeitos e violentos. Imagine a dificuldade
que seu filho encontrará nas várias atividades profissionais
que exigem diálogo permanente.
O que dizer?
Instrua seu filho na escola, durante uma viagem ou em
uma situação definida: “Tenha o máximo cuidado e não dê
nenhuma informação pessoal a pessoas que lhe pareçam mal-
intencionadas. Caso alguém insista em alguma conversa
estranha ou inconveniente, comunique um adulto de
confiança ou ligue para mim”.
34
"Minha filha, Os homens são
todos iguais. Não se pode
confiar neles!”
A mãe desapontada, frustrada ou traída pode fazer
essa afirmação precipitada para sua filha. Talvez tenha razão
em dizer que seu marido não é de confiança, mas não pode
incluir todos os homens nessa categoria. Por mais que a
menina não entenda o que a mãe quer dizer, ela acabará
assimilando no inconsciente uma imagem negativa dos
homens.
Pois o que ela ouve é: “Todos os homens são
irresponsáveis, infiéis e traidores”.
 
Consequências
Se a menina tem uma imagem ruim da figura
masculina, seus relacionamentos afetivos serão problemáticos.
Isso porque as experiências negativas de outra pessoa estão
registradas em sua mente. Ainda que não a recorde em
detalhes, elas irão determinar sua visão de mundo. Muitas
mulheres, sem motivo, sentem ciúmes e desconfiam do
marido, porque foram ensinadas a pensar assim. Mais que
isso, farão sempre um juízo equivocado e injusto dos
homens, considerando-os perversos, enganadores e desleais.
O que dizer?
Se você, mãe, teve alguma experiência infeliz no
casamento, não deixe de dizer à sua filha: “Estou triste e
desapontada com o que aconteceu, mas vou superar isso.
Mesmo assim, não fique pensando que todos os homens
agem dessa mesma forma. Existem muitos que são fiéis, bons
e honestos”.
35
"Estou muito decepcionado com
você!”
Dependendo do contexto, essa frase pode apenas
refletir os sentimentos do adulto no momento, mas se for
usada para pequenas coisas e com frequência, levará a criança
a pensar que ela não é o que os pais desejavam, provocando
um sentimento de inadequação e de rejeição.
É importante lembrar que a criança passa muitos anos
desejando atender às expectativas dos pais. Essas expectativas
devem ser mais ou menos claras e, obviamente, dentro dos
limites da realidade. Exigências absurdas, como querer que
seu filho seja sempre o primeiro da classe ou o melhor
esportista, por exemplo, tendem a aumentar a frustração. Há
inúmeros casos de adolescentes deprimidos por não serem o
que os pais esperam deles. Isso costuma ocorrer porque as
expectativas dos pais são altas demais.
Dizer a um filho que está muito decepcionado com ele
passa a ideia de uma brusca interrupção da amizade e do amor
que existe entre vocês. Ele terá a impressão de que um grande
abismo agora os separa, pois houve motivo para uma grande
decepção. Isso é o que ficará registrado na mente da criança.
 
Consequências
Um sentimento de rejeição irá se instalar no coração
de quem ouve essas palavras. A criança imaginará que passou
dos limites e estragou em definitivo o relacionamento com os
pais, sem nenhuma possibilidade de restaurar os vínculos que
os uniam.
A impossibilidade de corresponder às expectativas dos
pais será frequente, e o desespero de se sentir abandonado em
suas afeições começará a se tornar realidade.Ela se culpará
pela incapacidade de ser agradável e começará a odiar a si
mesma.
O que dizer?
Com toda a firmeza, diga ao seu filho: “Não concordo
com o que você fez, é preciso rever a situação imediata-
mente” ou “Precisamos conversar sobre o que aconteceu.
Para seu bem, não vou permitir que isso venha a se repetir”.
Acrescente a isso o que for adequado à situação,
tratando o caso de maneira positiva. Assim, estará permitindo
que seu filho avalie a imprudência, o erro que cometeu, sem
entrar em desespero. A criança perceberá que é amada, já que
você fez a separação entre ela e o ato praticado.
Em seguida, procure a melhor maneira de resgatar o
senso de responsabilidade de seu f ilho. A criança saberá que
infringiu regras, que não foi bem, porém terá certeza de que
continua sendo amada. Isso lhe dará forças para melhorar e
atender às expectativas dos pais.
36
"Você é uma lesma!”
A criança ouve essa proposição entende como uma
sentença. Os pais têm autoridade para avaliar o
comportamento dos filhos, mas devem ter cuidado para não
soar como um decreto.
Lá no íntimo, a criança acaba acreditando naquilo que
ouviu. Inconscientemente, essa convicção gera raiva, revolta e
medo, e esse conteúdo reprimido, por sua vez, refletirá em seu
comportamento.
Consequências
A pulsão interiorizada faz a criança ser aquilo que tem
pavor de ser. Sem saber, ela irá se conformar à imagem
projetada pelos pais: “Já que eles querem que eu seja isso,
serei”. Assim, inconscientemente, se dá o processo na alma e,
mais tarde, concretizará o conceito que lhe foi imposto.
Carine chegou ao meu consultório com depressão.
Constatou-se que o sintoma era subproduto do estresse no
trabalho por não conseguir atender às demandas de
produtividade ali exigidas e se achar muito lerda para a
função. Quando lhe perguntei: “Você é lerda? ”, ela
respondeu: “Minha mãe dizia que eu era, e assim fiquei.
Ainda ouço aquelas palavras ecoarem dentro de mim quando
não dou conta das minhas tarefas”. Carine chorou com
amargura, repetindo: “Ela venceu!”.
 
O que dizer?
“Tenho observado que, às vezes, você demora mui-to
para fazer uma tarefa. Ser rápido é um processo que
aprendemos com tempo e com treinamento. Tente aprimorar a
maneira como você faz as coisas. Agilidade e rapidez estão
associadas a maior produtividade. Sei que você é capaz e tem
talento para isso.”
37
Você é feio e parece um bicho-
do-mato!”
As diferenças entre os filhos devem ser celebradas e
acolhidas. Diferença não é subtração, mas é soma.
Dizer que seu filho é feio reafirma o estereótipo mais injusto,
patológico e doentio, que estabelece uma identidade entre
beleza e bondade, e consequentemente, entre feiura e
maldade. O belo é bom. Aprende-se desde criança, nas
histórias infantis, que os heróis, os príncipes e princesas são
jovens e bonitos e os malvados e as bruxas são feios. É o
equívoco de que a estética é semelhante ao caráter.
Consequências
O xingamento e a zombaria resultam em timidez ou
em revolta. A criança ouve um insulto dessa natureza e se
retrai. Geralmente é possuída por um pensamento ambíguo:
não sabe se apazigua a pessoa que a ofende ou se dela se
afasta. O retraimento é a sua defesa contra a ridicularizarão. A
zombaria é entendida como desprezo, o que aumenta a
insegurança e a timidez.
Às vezes, pessoas de aparência normal se acham
ridículas ou não estão contentes consigo mesmas. De onde
vem essa rejeição às características do próprio corpo?
Alguém teve o trabalho de incutir-lhes na mente a ideia de que
elas são feias. Os pais são os únicos com essa capacidade.
Na vida adulta, seu filho andará oprimido pela
pseudocensura à sua falta de beleza. O olhar do cônjuge
sempre lhe parecerá apontar defeitos. Ele tenderá a subestimar
a si próprio.
O que dizer?
Elogie seus filhos no quesito aparência. Faça isso
regularmente. Diga à sua filha: “Como você está bonita! ”;
“Gostei dessa roupa em você! ”; “Que lindo está o seu cabelo!
”. Diga ao seu filho: “Você tem uma elegância natural!”.
Frases semelhantes a essas nutrem a autoestima e reforçam a
afeição que cada um precisa ter a si próprio.
38
"Minha filha não é para casar!”
Você deseja que sua filha fique em casa até
você morrer? Não pensa no futuro nem na felicidade
dela?
Ou você desenvolveu uma simbiose, um vínculo doentio
em relação a ela?
 
Quer mesmo destiná-la à solidão? Quase sempre, há
ciúmes e outros sentimentos envolvidos nessa declaração.
Pais amorosos e sadios não fazem tal afirmação, que é
subproduto de insegurança. Cônjuges felizes querem que seus
filhos se casem para serem também felizes no casamento. Pais
frustrados tentam evitar o casamento de seus filhos. Examine
seus sentimentos. Se estiver dizendo isso para restringir um
namoro precipitado, está utilizando a estratégia errada. Se o
faz para conservar a agradável companhia de sua filha, não é a
melhor abordagem.
Já percebeu em outras famílias o constrangimento que
acontece quando uma filha ultrapassa os 30 ou 40 anos de
idade e não se casa? Surge a cobrança dos parentes, o título de
“titia” e a insatisfação dos pais.
Consequências
A filha irá crescer evitando o tema do casamento para
não ofender os pais, que reforçam o discurso do celibato e da
castidade com a justificativa de que não podem prescindir da
companhia da filha.
Não é tanto o desejo de ficar solteira que lhe
impossibilitará o matrimônio, e sim a incapacidade de
estabelecer vínculos afetivos para o casamento.
O que dizer?
Acostume-se a dizer à sua filha: “O casamento é uma
grande bênção. É a maior realização do ser humano. Casar-se
coma pessoa certa é uma felicidade! ”. Assim, ela crescerá na
expectativa de que um dia encontrará alguém para se casar e
isso dará alegria aos seus pais.
39
"Sua avó é uma chata!”
É uma frase que denota um desagrado malévolo
para com alguém tão próximo afetivamente de seu filho.
A criança não é culpada pelas desavenças, intrigas e
falta de compreensão entre você e sua sogra.
Falar mal, depreciar e subestimar qualquer parente
diante dos filhos abre caminho para o ódio.
Consequências
As crianças começam a conceber uma imagem
negativa da pessoa criticada. Em seguida, começarão a repetir
a mesma frase, porque a boca fala do que está cheio o coração
(Lc 6:45).
Por mais que essa avó tente estabelecer vínculos de
afeto, de amor e de carinho, não conseguirá. Qual o futuro
desse relacionamento? Será distante, frio, hostil, carrega-do de
queixas e rancores. Por sua vez, será a raiz de todas as
dificuldades que as crianças terão para se relacionar com os
futuros sogros ou mesmo com os futuros genros, porque foi
erguida uma barreira que impede a aceitação incondicional
desses parentes.
O que dizer
Fale bem dos avós da criança. Minimize suas falhas e
destaque suas virtudes. Dê aos seus filhos uma versão sempre
positiva e bela dos idosos mais amados por eles. Eles
crescerão valorizando a família e terão referências para a
sustentação de uma identidade saudável.
40
"Este menino é uma peste!”
Alguns pais costumam chamar o filho de “peste” ou
têm o hábito de comentar: “Você não sabe a peste que eu
tenho em casa! ”. Peste é uma doença contagiosa, uma
epidemia, algo grave e nocivo que se dissemina, causando
danos e perdas.
É isso que você está dizendo de seu filho. Às vezes, a
expressão é minimizada: “Seu pestinha! ”. Contudo, não
passa de inflexão do substantivo, a força da palavra continua a
mesma. O título original em inglês do filme O pestinha, de
Dennis Dugan, é Problem Child, isto é, “criança-problema”. O
título brasileiro foi escolhido por-que é assim que chamam as
crianças arteiras, inteligentes e agitadas em nosso país, mas
isso não é correto.
Ao rotular seu filho de peste, você está desistindo de impor
limites, se conformando com a situação. As regras são
necessárias à formação da criança. Será que você jogou a
toalha e justifica sua negligência afirmando que é impossível
lidar com uma peste?
Consequências
Assumir o rótulo de peste é o mesmo que receber
autorização para a anarquia. A criança irá se investir

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