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Farmacologia na Osteoporose Aula 4 – 27/08/2021 Farmacologia – Profa. Dra. Taísa Morete. Estrutura e composição ósseas Osso cortical (80% da massa óssea corporal) Osso compacto que envolve as camadas densas externas dos ossos longos e presente nas camadas externas delgadas dos ossos planos. Osso trabecular (20% da massa óssea corporal) Pontes de espiculas ósseas que constituem as maiores partes internas do esqueleto axial e o interior menos volumoso das diáfises dos ossos longos; É um osso metabolicamente mais ativo do que o osso cortical. Sendo mais acometido na osteoporose. Tecido ósseo: estrutura orgânica ativa. Matriz óssea: 70% do osso é composto por um mineral ou parte inorgânica, composta principalmente por cristais de cálcio: hidroxiapatita – oferecendo rigidez; 22% da matriz óssea são um componente orgânico ou osteoide, composta principalmente do colágeno tipo I – oferecendo flexibilidade; 8% é composta por água. Componente celular: Osteócitos – células inativas/quiescentes – recrutam osteoclastos e osteoblastos (células metabolicamente ativas); Osteoblastos – formação óssea, levando a síntese de massa óssea – medicamento anabólico; Osteoclastos – reabsorção óssea – medicamentos antirreabsortivos. Remodelação óssea – troca de osso velho por um novo ocorre a todo o momento. Estabelecer o pico de massa óssea – entre os 20 e 30 anos de idade; Remover o osso danificado (microfraturas); O processo de remodelação óssea é continuo e dinâmico onde há um equilíbrio entre reabsorção e formação óssea. Predomínio de reabsorção óssea – osso torna-se osteoporótico: baixa massa óssea, menos resistente e que aumenta a chance do risco de fraturas. A perda óssea – de 0,5 a 1% por ano – começa por volta dos 35-40 anos de idade em ambos os sexos e aumenta até 10 vezes durante a menopausa, nas mulheres, e então, gradualmente, estabiliza-se a 1-3% por ano; A perda óssea durante a menopausa se dá pelo aumento da atividade dos osteoclastos e afeta principalmente o osso trabecular; A perda óssea posterior, em ambos os sexos, com aumento da idade, se deve à diminuição do numero de osteoblastos e afeta principalmente o osso cortical. Remodelação óssea é um processo de aproximadamente 100 dias. Reabsorção – 10 dias. Osteoclastos secretam substâncias ácidas (ex: catepsina K) que vão dissolver e digerir a matriz orgânica e o osso mineral velho. Reversão Células derivadas de monócitos/macrófagos são recrutadas, formam uma superfície de cimento que previne a erosão óssea adicional e preparam a superfície para os osteoblastos. Formação – 90 dias. Osteoblastos são atraídos para a cavidade de reabsorção e sobre a influência de vários fatores (estimuladores do osteoblasto – IGF-1 e TGF-B) hormonais e de crescimento, amadurecem para substituir a cavidade de reabsorção por osso novo. Repouso Quando termina a fase de formação, há um período de repouso até o início de um novo ciclo. Via osteoprotegerina, RANK e RANK-L. O sistema da osteoprogerina, RANK e RANK-L é o principal mecanismo envolvido na remodelação óssea; Os osteoblastos e osteoclastos se comunicam tanto extra (via osteoprotegerina, RANK e RANK-L) como intracelular para que ocorra um equilíbrio; O osteoblasto produz uma substancia chamada RANK-L, vai se ligar no seu receptor (RANK) presente na parede do osteoclasto. Quando se ligam, há uma estimulação do osteoclasto, fazendo reabsorção óssea; O osteoblasto produz uma substância (osteoprotegerina) que se liga no RANK-L e impede que se ligue no RANK, inibindo a reabsorção óssea e não ativando o osteoclasto. Minerais ósseos Cálcio Concentração de cálcio no fluido extracelular e no plasma necessita ser controlada com grande precisão – 99% do cálcio depositado nos ossos. Variações do cálcio sérico leva à ativação das glândulas tireoides e paratireoides; Hipocalcemia: aumento da produção do PTH (aumenta a reabsorção de cálcio nos rins, aumenta a absorção intestinal e aumenta a produção da vitamina D ativa). PTH vai fazer de tudo para aumentar a calcemia; Hiperparatireoidismo causa secundaria a osteoporose: produz PTH em excesso. Hormônios PTH Atua em diferentes tecidos (ósseo, renal, gastrointestinal) para manter a calcemia; Paratireoides sensíveis às mudanças na concentração de cálcio; Hipocalcemia: mobiliza o cálcio a partir do osso (osteoclastos), promove reabsorção renal do cálcio, estimula a síntese de calcitriol que aumenta a absorção intestinal de cálcio e age em sinergia com o PTH na mobilização do cálcio ósseo. Calcitonina Produzida nas células C da tireoide; Hipercalcemia: reduz a liberação de cálcio ósseo e diminui a reabsorção renal de cálcio. Glândulas tireoides e paratireoides: sensíveis a calcemia, não ao cálcio no osso. Vitamina D Colecalciferol (pele) – calcifediol (fígado - hidroxilação) – calcitriol (rins- 2ª hidroxilação – vitamina D ativa); Relacionada à manutenção da calcemia: aumento da absorção de cálcio no intestino, mobiliza o cálcio a partir do osso (efeito ósseo complexo) e reduz a eliminação renal de cálcio. Estrógeno Efeito direto nos ossos; Osteoblastos, osteócitos e osteoclastos possuem receptores de estrógeno. A deficiência de estrógeno (hipoestrogenismo): acelera a perda de massa óssea após a menopausa Inibe a diferenciação e a atividade osteoblástica e pode causar apoptose prematura dos osteoblastos; Reabsorção óssea excessiva, acompanhada por formação óssea inadequada; Sensibiliza o osso para os efeitos do PTH (tirando mais cálcio do osso e jogando na corrente sanguínea); Aumenta a excreção renal e reduz a absorção intestinal de cálcio – hipocalcemia. Glicocorticoides Principal causa de perda de massa óssea; Impedem a diferenciação e a atividade dos osteoblastos: reduzem a formação óssea, gerando perda de massa óssea; Podem estimular a ação dos osteoclastos: predominância da reabsorção à formação óssea, gerando perda de massa óssea. Tiroxina (T4) Estimula os osteoclastos: aumento da reabsorção óssea. Osteoporose Distúrbio multifatorial e progressivo Caracterizada por redução da massa óssea; Deterioração da microarquitetura das trabéculas ósseas: aumento do risco de fraturas. “Doença silenciosa” Evolui sem sintomas até ocorrência de uma fratura. Enfermidade do esqueleto de maior incidência mundial Tem grande impacto na saúde pública; Elevada morbimortalidade; Alto custo econômico. Diagnóstico Feito pela densitometria óssea. Toda mulher > 65 anos e homem > 70 anos independente de fatores de risco devem realizar densitometria óssea. Sítios de avaliação L1-L4 (osso trabecular); CF – colo femoral; FPT – fêmur proximal total; Rádio não dominante 33% (sítio periférico). CMO: aparelho mede o CMO (conteúdo mineral ósseo) – expresso em gramas; DMO: calcula a DMO (densidade mineral óssea) – g/cm2; Scores: comparado com resultados disponíveis no banco de dados do aparelho; fornecidos scores que situam a massa óssea daquele indivíduo em relação à população de adulto jovem e à população de mesma faixa etária. T-score Mulheres na pós-menopausa; Homens > ou = 50 anos. Z-score Mulheres na pré-menopausa; Homens < 50 anos; Crianças e adolescentes. OMS: osteoporose é o paciente que tem T-score menor ou igual a 2,5. Prevenção e abordagem não farmacológica Ingesta adequada de cálcio; Exercícios físicos; Exposição solar. Controle dos fatores de risco Tabagismo, álcool e cafeína. Evitar medicamentos que interfiram com o metabolismo ósseo Corticoides, antiácidos à base de alumínio, heparina, anticonvulsivantes e hormônios tireoidianos. Tratamento Cálcio Homens e mulheres na pré-menopausa – 1000 mg/dia; Pós-menopausa – 1500 mg/dia.Fontes de cálcio dietético Leite e derivados, folhas verdes escuras, sardinha e feijão branco. Entre as várias formulações, a mais utilizada é o carbonato de cálcio. Vitamina D Produzida a partir da ação dos raios solares na pele (maior fonte) e também está presente em peixes gordurosos; O objetivo é manter nível adequado de pelo menos 30 ng/mL (na paciente com osteoporose); Dose de ataque: vitamina D < 30 ng/mL. Tratamento Antirreabsortivas: TRH devido ao estrógeno (prevenção); SERMs (5 anos): raloxifeno; Bisfosfonatos: alendronato, risedronato e ibandronato (os três – 10 anos) e ácido zoledrônico (6 anos); Denosumabe (10 anos). Anabólica Teriparatida (24 meses). Mista Ranelato de estrôncio (10 anos). Raloxifeno Mecanismo de ação C SERM (modulador seletivo do receptor de estrógeno) que estimula os osteoblastos e inibe os osteoclastos, leva a redução da reabsorção óssea em comparação com a formação. Farmacocinética C Bem absorvido no TGI e está sujeito a um extenso metabolismo de primeira passagem no fígado; C Convertido num metabolito ativo no fígado, pulmões, tecido ósseo, baço, útero e rins; C Majoritariamente excretado nas fezes; C Efeitos adversos: ondas de calor, edema periférico, tromboflebite e tromboembolismo. Bisfosfonatos C Medicamentos mais importantes no tratamento da osteoporose, de fácil acesso; C Se acumulam no osso e possuem o papel de regular a reabsorção óssea. Mecanismo de ação C Interposição mecânica, impedindo que o osteoclasto se ligue no osso e reduz a remodelação óssea; C Reduzem fraturas vertebrais e não-vertebrais. Farmacocinética C VO – alendronato, risedronato e ibandronato; em jejum, com grande quantidade de água, aguardando-se 30 minutos para deitar, ingerir outra medicação ou se alimentar. Pobre absorção intestinal; C EV – ácido zoledrônico (aumento da absorção); C Cerca de 50% do fármaco absorvido acumula-se em locais de mineralização óssea, onde adere aos cristais de hidroxiapatita, potencialmente durante meses ou anos, até que o osso seja reabsorvido; C O fármaco livre é excretado inalterado por via renal, não devendo ser utilizado em DRC com clearance < 35ml/min. Efeitos adversos Distúrbios GI – doenças do TGI superior em atividade; Dor óssea/hipocalcemia; Fraturas atípicas; Osteonecrose de mandíbula (exposição do osso da mandíbula de um período maior que 8 semanas). Denosumabe C Opção para pacientes osteoporóticos com disfunção renal. Primeira medicação biológica em uso para o tratamento de osteoporose C Demonstrou eficácia na preservação da massa óssea e redução de risco de fraturas; C Administração subcutânea. Mecanismo de ação C Liga-se ao RANK-L, impedindo que se ligue no RANK, tanto solúvel quanto ligado à membrana – impedindo a diferenciação e ativação osteoclástica. Efeitos adversos C Hipocalcemia; C Infecções; C Osteonecrose de mandíbula. Anabólica Teriparatida C Única medicação anabólica; C Fragmento peptídeo (1-34) recombinante do PTH; C Administração subcutânea, no abdome ou coxa, 1x ao dia. Mecanismo de ação C Administrado em pequenas e intermitentes doses, paradoxalmente, estimula a atividade dos osteoblastos e aumenta a formação óssea (efeito contrário no osso devido às pequenas e intermitentes doses); C Aumenta o número e a atividade dos osteoblastos; C Previne a apoptose osteoblástica; C Aumenta a massa óssea; C Indicação: pacientes com osteoporose grave com múltiplas fraturas (principalmente vertebrais). Efeitos adversos C Vertigens, cefaleia e artralgias; C Hipercalcemia discreta. Contraindicação: clearance < 35 ml/min e neoplasia óssea. Ranelato de estrôncio C 2g/dia – diluído; C Inibe a reabsorção óssea e estimula a formação óssea – mista; C Previne fraturas vertebrais e não-vertebrais. Mecanismo de ação C Pouco conhecido; C Estimula a diferenciação dos osteoblastos – aumentando a formação óssea; C Inibe osteoclastos – reduz absorção óssea. Farmacocinética C Absorvido pelo intestino, incorporado no osso e excretado através dos rins; C Permanece no osso por muitos anos. Efeitos adversos C Aumento do risco cardiovascular – IAM; C Reações alérgicas graves. Potenciais terapias futuras C Odonacatibe: inibe a catepsina K – antirreabsortivo; C Romosozumabe: anticorpo monoclonal humanizado contra a proteína esclerostina (inibe a formação óssea) – anabólica.
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