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Direito Tributário - 02

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Aula 02
PC-PB (Delegado) Direito Tributário -
2021 (Pós-Edital)
Autor:
Mateus Pontalti, Equipe Materiais
Carreiras Jurídicas
Aula 02
05 de Outubro de 2021
.
 
 
0 
 
 
Sumário 
1. Imunidades Tributárias .................................................................................................................... 2 
1.1 Conceito e Classificações .......................................................................................................................... 2 
1.2 Imunidades e obrigações acessórias ........................................................................................................ 3 
1.3 Imunidade e Isenção ................................................................................................................................ 4 
1.4 Irrelevância da nomenclatura utilizada pela Constituição ...................................................................... 5 
1.5 Regulamentação das Imunidades Condicionadas ................................................................................... 6 
1.6. Das Imunidades espalhadas pelo texto constitucional ........................................................................... 9 
1.6.1 Imunidades com relação às taxas ............................................................................................................................ 9 
1.6.2 Imunidades com relação às Contribuições Especiais............................................................................................. 11 
1.6.3 Imunidades com relação a impostos ..................................................................................................................... 13 
1.6.4 Gráfico ................................................................................................................................................................... 17 
1.7 Destinatário da Imunidade. Contribuinte de fato ou contribuinte de direito ........................................ 17 
1.8 Análise do artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal ...................................................................... 18 
1.9 Imunidade Recíproca .............................................................................................................................. 19 
1.9.1 Fundamentos ......................................................................................................................................................... 19 
1.9.2 Aplicação a todos os impostos .............................................................................................................................. 20 
1.9.3 Abrangência da regra de imunidade às autarquias e fundações........................................................................... 21 
1.9.4 (In)aplicabilidade da imunidade recíproca às empresas públicas e sociedades de economia mista. ................... 22 
1.9.5 Imunidade Recíproca e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT ......................................................... 25 
1.9.6 Sucessão Tributária ................................................................................................................................................ 27 
1.9.7 Não incidência da imunidade tributária aos cartórios e tabelionatos .................................................................. 27 
1.9.8 Gráfico ................................................................................................................................................................... 29 
1.10 Imunidade Religiosa ............................................................................................................................. 30 
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1.10.1 Conteúdo ............................................................................................................................................................. 30 
1.10.2 – Análise do §4º do artigo 150 da Constituição .................................................................................................. 31 
1.10.3 – Questões Controvertidas .................................................................................................................................. 32 
1.11 Imunidades condicionadas do artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal ..................................... 34 
1.11.1 – Considerações Gerais ........................................................................................................................................ 34 
1.11.2 – Imunidade dos Partidos Políticos...................................................................................................................... 35 
1.11.3 – Imunidade dos Sindicatos dos Trabalhadores .................................................................................................. 35 
1.11.4 – Imunidade das Instituições de Educação sem fins lucrativos ........................................................................... 36 
1.11.5 – Imunidade das Entidades de assistência social sem fins lucrativos.................................................................. 37 
1.11.6– Análise do §4º do artigo 150 da Constituição. .................................................................................................. 38 
1.11.7 Gráfico ................................................................................................................................................................. 39 
1.12 Imunidade de Imprensa ....................................................................................................................... 40 
1.12.1 – Livros, jornais e periódicos. .............................................................................................................................. 40 
1.12.2 – Papel destinado à impressão dos livros, jornais e periódicos. ......................................................................... 41 
1.12.3 – Gráfico .............................................................................................................................................................. 42 
1.13 Imunidade Musical ............................................................................................................................... 42 
Resumo ........................................................................................................................................... 44 
Questões Comentadas ...................................................................................................................... 46 
Lista de Questões ............................................................................................................................. 77 
Gabarito .......................................................................................................................................... 87 
 
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1. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
1.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES 
As imunidades tributárias são normas jurídicas que atuam no desenho da competência tributária 
das entidades federativas, justamente por impedirem, de maneira expressa, a instituição de um 
tributo sobre determinadas pessoas ou situações. 
Trata-se, assim, de regras jurídicas proibitivas, que vedam a instituição de um tributo. São o oposto 
das normas permissivas de atribuição de competência, cuja função é a de justamente facultar o 
exercício da tributação. 
Da conjunção das normas proibitivas (imunidades) com as normas permissivas é que se extrai 
aquilo que se chama de competência tributária, que nada mais é do que o poder de criar tributos. 
As imunidades podem ser invocadas a partir de diferentes expressões utilizadas pela doutrina. 
Dentreas mais comuns, afiguram-se “normas delimitadoras da competência tributária” e “não 
incidência constitucionalmente qualificada”. 
Com o objetivo de facilitar a compreensão da relação entre imunidade tributária e competência 
tributária, pensemos no seguinte exemplo. 
O artigo 155, inciso III, da Constituição Federal, faculta que os Estados Membros instituam imposto 
sobre propriedade de veículos automotores (IPVA). Trata-se, assim, de uma regra permissiva. 
Por outro lado, a alínea a, do inciso VI, do artigo 150, da Constituição Federal, veda que as 
entidades federativas instituam impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, e 
as alíneas b e c impedem a tributação sobre o patrimônio das entidades religiosas, partidos 
políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e instituições de 
assistência social, sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos previstos em lei. Em todos esses 
casos, está-se diante de regras proibitivas configuradoras de imunidades tributárias. 
Da conjunção dos dispositivos mencionados – artigo 155, inciso III e artigo 150, inciso VI - se 
estabelece uma norma de competência, que pode ser descrita da seguinte forma: “É permitido aos 
Estados Membros instituírem imposto sobre a propriedade de veículos automotores, salvo nas 
hipóteses de veículos pertencentes a uma das entidades descritas nas alíneas a, b ou c do artigo 
150, inciso VI, da CF”. 
Portanto, as imunidades tributárias são essas normas proibitivas, previstas constitucionalmente, 
que em conjunto com as normas permissivas, resultam na competência tributária das entidades 
federativas. 
Competência Tributária = regras permissivas - regras proibitivas 
Estabelecidos esses pressupostos iniciais, passemos agora a aprofundar o tema, enunciando as 
classificações existentes na doutrina. 
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Costuma-se classificar as regras de imunidade segundo três critérios. No primeiro, leva-se em 
consideração a sua hipótese normativa, verificando-se qual os objetos que, por força da 
Constituição Federal, não podem ser tributados. Neste caso, fala-se em imunidades subjetivas e 
imunidades objetivas. 
As imunidades subjetivas são aquelas que impedem o exercício da tributação sobre determinadas 
pessoas. É o caso da imunidade recíproca, que veda que as entidades federativas tributem umas 
as outras com relação aos impostos: 
As imunidades objetivas, por sua vez, têm como função impedir a tributação sobre determinada 
base econômica. É o caso da imunidade de imprensa, estabelecida no artigo 150, inciso VI, alínea 
d, da Constituição Federal: 
O segundo critério classificatório leva em consideração a necessidade ou dispensabilidade da 
existência de lei regulamentar, que estabeleça requisitos para aquisição do direito à imunidade. 
Nesse caso, podemos falar de imunidades incondicionadas, que são aquelas que independem de 
lei e não podem ser por ela limitadas; e imunidades condicionadas, cuja fruição depende do 
atendimento de certos pressupostos estabelecidos pela legislação infraconstitucional. 
Exemplo de imunidade incondicionada é a imunidade recíproca. Independentemente de qualquer 
regulamentação legal, é certo que as entidades federativas não podem se tributardúvidas 
reciprocamente com relação aos impostos, incorrendo em inconstitucionalidade qualquer tentativa 
de restringir o exercício desse direito por meio de uma lei infraconstitucional. 
Exemplo de imunidade condicionada é a aquela prevista no artigo 150, inciso VI, alínea c, da 
Constituição Federal, que proíbe a tributação sobre “o patrimônio, renda ou serviços dos partidos 
políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”. 
Por fim, o terceiro critério classificatório diz respeito ao âmbito de abrangência das regras de 
imunidades, podendo-se dividi-las entre imunidades específicas e imunidades genéricas. 
As imunidades específicas são aquelas nas quais há uma desoneração com relação a um único 
imposto. As imunidades genéricas são mais amplas, porque impedem a tributação com relação a 
todos os impostos. 
1.2 IMUNIDADES E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 
O Código Tributário Nacional classifica a obrigação tributária em principal e acessória. 
A obrigação tributária principal tem como objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, 
configurando-se, portanto, como uma obrigação de dar. 
Já a obrigação tributária acessória tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, praticadas 
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Portanto, pode assumir a feição de 
uma obrigação de fazer ou de não fazer. Como exemplo dessa espécie de obrigação, pode-se citar 
a entrega da declaração do imposto de renda. 
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Tratando-se de imunidade tributária, há tão somente a dispensa com relação à obrigação tributária 
principal, impondo-se, portanto, ao beneficiário imune o cumprimento de todas as obrigações 
acessórias, ressalvadas apenas aquelas obrigações que, por força de lei, forem expressamente 
dispensadas. 
1.3 IMUNIDADE E ISENÇÃO 
Embora tanto as regras de imunidade como as regras de isenção estabeleçam casos em que 
determinadas pessoas ou situações passam ao largo da tributação, há sensíveis distinções entre 
esses fenômenos normativos, tendo a doutrina apontado sobretudo dois elementos. 
O primeiro deles – e também o mais importante - diz respeito à fonte normativa da qual emana a 
regra jurídica. No caso das isenções, a regra se encontra prevista em uma lei infraconstitucional. 
Tratando-se de uma norma de imunidade, seu fundamento normativo é sempre a Constituição 
Federal. 
O segundo elemento distintivo diz respeito à descrição do fenômeno jurídico. Segundo a doutrina 
majoritária e a jurisprudência do STF, a isenção é uma dispensa legal do pagamento do tributo. 
Nessa perspectiva, a norma tributária incidiria em um primeiro momento, e apenas num instante 
seguinte, ocorreria a incidência da norma isentiva, excluindo-se, portanto, a obrigação tributária. 
Por outro lado, tratando-se de imunidade tributária, não há que se falar sequer na incidência da 
norma tributária, uma vez que a regra tem como escopo limitar o próprio poder de tributar. 
CESPE/Juiz de Direito/2013/Adaptada 
Julgue o item a seguir: 
A doutrina majoritária estabelece a distinção entre imunidade tributária e isenção nos 
seguintes termos: enquanto aquela é disciplinada por lei, esta é matéria tratada em sede 
constitucional. 
() Certo () Errado 
Comentários: 
A afirmação é incorreta. 
Trata-se do oposto daquilo que foi enunciado. A imunidade tributária tem assento 
constitucional, enquanto que a isenção tem como fonte normativa uma norma legal. 
O gráfico abaixo sintetiza a diferença entre isenção e imunidade: 
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1.4 IRRELEVÂNCIA DA NOMENCLATURA UTILIZADA PELA 
CONSTITUIÇÃO 
O fato de a Constituição, em alguns artigos, utilizar termos como “não incidência”, “isenção”, “ são 
gratuitos”, dentre outros, afigura-se irrelevante para definição do instituto jurídico ao qual tais 
normas pertencem, sendo certo que, nessas hipóteses, está-se diante de imunidades tributárias, 
por ter o texto constitucional proibido a tributação sobre uma determinada pessoa ou situação. 
É o que acontece com o §7º do artigo 195 e com o §5º do artigo 184. Nesses dois casos, embora 
a Constituição tenha utilizado o termo isenção, essa circunstância não tem o condão de alterar anatureza jurídica da norma em discussão, de modo que não se tem dúvidas de que se trata de 
dispositivos que encerram verdadeiras imunidades tributárias. 
FMP Concursos/Juiz/2014/Adaptada 
As imunidades são normas negativas de competência tributária, figurando na constituição, 
ainda, como limitações constitucionais ao poder de tributar. Sobre as imunidades, julgue o 
item a seguir: 
São identificadas no texto constitucional justamente pelo uso da expressão imunidade, não se 
podendo considerar como imunidades as vedações ou proibições de tributação referidas pelo 
texto constitucional como isenção ou não incidência, na medida em que se trata de institutos 
diversos. 
() Certo () Errado 
Comentários: 
A afirmativa está incorreta. 
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O fato de a Constituição ter utilizado termos como não incidência, são gratuitos, é isento, 
dentre outros, em alguns dos seus dispositivos, é irrelevante na definição do instituto jurídico 
ao qual tais normas pertencem. Tratando-se de normas que limitem o poder de tributar, 
mediante a proibição da tributação em determinadas circunstâncias, o caso é de autêntica 
imunidade tributária. 
1.5 REGULAMENTAÇÃO DAS IMUNIDADES CONDICIONADAS 
Os artigos 150, inciso VI, e 195, §7º, ambos da Constituição Federal, trazem hipóteses de 
imunidades condicionadas, que são aquelas cuja fruição depende do atendimento de determinados 
requisitos previstos em lei: 
Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(…) 
VI – instituir impostos sobre: 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência 
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
 
Art. 195, § 7º CF A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais: § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades 
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
A discussão que surgiu foi sobre se seria necessária lei complementar para regulamentar esses 
dispositivos ou se bastaria a edição de uma lei ordinária, cujo quórum de aprovação é menor. 
Quanto ao disposto no artigo 150, inciso VI, alínea c, da CF, o Supremo Tribunal Federal entendeu, 
no julgamento da medida cautelar na ADI 1802, que é necessário distinguir a regulamentação sobre 
a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial da regulamentação que 
verse sobre os limites da imunidade tributária. 
Na primeira hipótese – de normas que versem acerca da constituição e funcionamento das 
entidades – a sua introdução no ordenamento poderia ser realizada por meio de lei ordinária, por 
inexistir norma constitucional que impusesse a necessidade de adoção de lei complementar. 
Na segunda hipótese – de normas que estabeleçam os requisitos da imunidade tributária – seria 
imprescindível a edição de lei complementar, em razão do disposto no artigo 146, inciso II, da CF: 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
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II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
Posteriormente, quando do enfrentamento do mesmo tema, mas dessa feita tendo como pano de 
fundo o disposto no artigo 195, §7º, da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal aprimorou 
os critérios outrora estabelecidos. 
Após longo debate realizado quando do julgamento da ADI 2.028, a Corte manteve o entendimento 
de que a Lei Complementar é o veículo adequado para estabelecer os requisitos necessários ao 
gozo de uma imunidade tributária, em razão de dois fundamentos principais: 
O primeiro é o artigo 146 da Constituição Federal, o qual dispõe que “cabe à lei complementar: II 
regular as limitações constitucionais ao poder de tributar”. As imunidades são regras que, como 
dito, limitam o poder de tributar, justamente porque moldam a competência tributária das entidades 
federativas. 
O segundo reside no fato de que a imunidade de contribuições sociais serve não apenas a 
propósitos fiscais, mas à consecução de alguns dos objetivos fundamentais para a República – 
como a construção de uma sociedade solidária e voltada para a erradicação da pobreza - o que 
justifica a utilização de mecanismos mais rígidos para sua regulamentação. 
No entanto, essa conclusão, segundo a Corte, não equivale a afirmar que tudo o quanto diga 
respeito a tais entidades ou à obtenção do direito à imunidade deva ser necessariamente regulado 
por meio de Lei Complementar. Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, 
fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária1. 
No mesmo ano, no julgamento do RE 566.622, o STF firmou tese de Repercussão Geral, nos 
seguintes termos: 
Tese nº 32: A lei complementar é forma exigível para a definição do modo beneficente 
de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, 
especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem por elas 
observadas. 
O gráfico abaixo sintetiza o entendimento da Corte. 
 
 
 
1 ADI 2028, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal 
Pleno, julgado em 02/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-095 DIVULG 05-05-2017 PUBLIC 08-05-
2017) (grifo nosso) 
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FUNDATEC/Procurador do Estado/2015/Adaptada 
A imunidade das entidades beneficentes de assistência social deve, segundo a jurisprudência 
do STF, ser regulamentada inteiramente por lei complementar, por força do art. 146, inciso II, 
da Constituição Federal de 1988, visto se tratar de regulamentação de limitação constitucional 
ao poder de tributar. 
Comentários: 
A afirmativa está incorreta. Aspectos procedimentais podem ser regulamentados por lei 
ordinária. 
VUNESP/Juiz Substituto do TJSP/2017 
A lei referida no parágrafo 7° do artigo 195 da Constituição Federal que estabelece os 
requisitos para o reconhecimento da imunidade para a seguridade social das entidades 
beneficentes de assistência social, segundo o julgamento do tema 32 pelo plenário do STF, 
deve ter hierarquia de 
 a)Lei complementar de caráter nacional. 
 b)Lei ordinária de caráter suplementar editada pelos entes federativos. 
 c)Lei ordinária de caráter nacional. 
 d)Lei ordinária a ser editada por cada ente federativo. 
Comentários: 
A alternativa correta é a letra A. 
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Os requisitos para obtenção do reconhecimento da imunidade tributária devem ser veiculados 
por meio de Lei Complementar, por não se configurarem em meros aspectos procedimentais, 
dizendo respeito ao núcleo do direito vindicado. 
1.6. DAS IMUNIDADES ESPALHADAS PELO TEXTO CONSTITUCIONAL 
Quando se estuda imunidades tributárias, dá-se com razão primazia ao artigo 150, inciso VI, da 
Constituição Federal, onde estão localizadas as mais importantes normas jurídicas que versam 
sobre o assunto. 
No entanto, embora o artigo 150, inciso VI, seja de fato o mais abrangente, existem outras normas 
de imunidades espalhadas pelo texto constitucional, cuja compreensão se faz necessária. 
Passemos, então, a analisá-lasseparadamente, segundo a espécie tributária a qual se referem. 
1.6.1 Imunidades com relação às taxas 
O artigo 5º, incisos XXXIV, LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII, dispõem da seguinte forma: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade 
ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
 
LXXIII: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato 
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
 
LXXIV: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos; 
 
LXXVI: são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 
7.844, de 1989) 
a) o registro civil de nascimento; 
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b) a certidão de óbito; 
 
LXXVII: são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os 
atos necessários ao exercício da cidadania. 
 
Em todos esses casos, embora a Constituição não tenha utilizado o termo imunidade, tendo optado 
pela utilização das expressões “são gratuitos”, “são gratuitas”, “isento”, “ independentemente do 
pagamento de taxas”, esse detalhe em nada altera a conclusão de que se está diante de autênticas 
imunidades tributárias, em razão de, em todos esses dispositivos, ter o texto constitucional colocado 
a salvo da tributação determinadas situações, mediante uma regra proibitiva expressa que limita o 
Poder de Tributar. 
Portanto, quanto às taxas, a Constituição Federal prevê imunidades com relação às seguintes 
situações: 
 
PUC-PR/Procurador do Estado/2015/Adaptada 
Julgue o item a seguir: 
A Constituição Federal de 1988 contém hipóteses de imunidades de impostos e contribuições, 
mas não de taxas. 
() Certo () Errado 
 
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Comentários: 
A resposta é incorreta. Como vimos nesse tópico, há diversas imunidades previstas com 
relação às taxas no texto constitucional. 
 
TRF da 2ª Região/Juiz Federal Substituto/2014/Adaptada 
Julgue o item a seguir: 
Todo cidadão é isento (na verdade, imune) do pagamento de taxas judiciais quando do 
ajuizamento de ações populares destinadas a anular ato lesivo ao patrimônio público, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, a não ser 
quando demonstrada a má-fé no ajuizamento da ação. 
() Certo () Errado 
 
Comentários: 
A afirmativa está correta, conforme inciso LXXIII do artigo 5º da Constituição Federal. 
1.6.2 Imunidades com relação às Contribuições Especiais 
Também há imunidades com relação às contribuições especiais. A primeira delas se encontra 
inserida no artigo 149, § 2º, I, da CF: 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção 
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como 
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, 
III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às 
contribuições a que alude o dispositivo. 
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata 
o caput deste artigo: 
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; 
Portanto, por força desse dispositivo, são imunes de contribuições sociais e de intervenção no 
domínio econômico as receitas decorrentes de exportação. 
Assim, por exemplo, se determinada pessoa jurídica vender parte da sua produção para o mercado 
interno e parte da sua produção para o mercado externo, a COFINS e o PIS – contribuições 
incidentes sobre a receita – apenas incidirão sobre os valores decorrente das vendas realizadas 
internamente. As receitas obtidas com as exportações são imunes a essas contribuições. 
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Por outro lado, a imunidade não se estende à CSLL – Contribuição Social sobre o lucro líquido, cuja 
base econômica, como do próprio nome já se pode perceber, não é a receita, mas sim o lucro. É 
esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal2. 
Portanto, retomando o nosso exemplo, embora aquela pessoa jurídica não precise pagar PIS e 
COFINS com relação às receitas decorrentes das vendas realizadas para o exterior, deverá 
computar na base de cálculo do CSLL os valores recebidos em decorrência dos negócios jurídicos 
praticados, por inexistir, com relação a esta contribuição, qualquer hipótese de imunidade tributária. 
A segunda imunidade aplicável às contribuições se encontra inserida no §7º do artigo 195 da 
Constituição Federal: 
Art. 195, § 7º CF A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais: 
 
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
Como se observa do dispositivo, trata-se de imunidade direcionada às entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
Tais exigências se encontram atualmente inseridas no artigo 14 do CTN, que dispõe no seguinte 
sentido: 
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos 
seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: 
 I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer 
título; 
 II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus 
objetivos institucionais; 
 III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de 
formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
O inciso I não impede que as entidades sejam superavitárias, mas apenas que haja a distribuição 
dos seus lucros. Ademais, a regra não obsta que os diretores das instituições sejam remunerados, 
desde que efetivamente laborem para a pessoa jurídica. 
 
 
2 STF, Pleno, RE 474.132/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, ago. 2010 
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O inciso II determina que os recursos das entidades devam ser utilizados para consecução dos 
seus objetivos institucionais, bem como aplicados no país. 
O inciso III impõe o cumprimento das obrigações acessórias, como a escrituração das receitas e 
das despesas em livros contábeis. 
A Lei nº 12.101/2009 também estabelece um regramento para obtenção da imunidade. De um modo 
geral, esse diploma legislativo exige que tais entidades obtenham um certificado que ateste a sua 
qualificação como entidades beneficentes de assistência social. Para que esse certificado seja 
obtido, a lei arrola requisitos e estabelece um procedimento, que deve ser processado no Ministério 
da Saúde, no Ministério da Educação ou no Ministérioda Cidadania, a depender da área de atuação 
das entidades. 
No entanto, esse diploma legislativo é uma lei ordinária. Assim, apenas tem supedâneo 
constitucional as normas que versam sobre aspectos procedimentais, sendo inconstitucionais, por 
vício formal, os dispositivos que estabeleçam contrapartidas a serem observadas pelas entidades 
beneficentes. É o caso do artigo 4, inciso II, que condicionou a certificação da entidade que atue na 
área da saúde à prestação de serviços ao SUS no percentual mínimo de 60%. Trata-se de regra 
que viola o artigo 146 da Constituição Federal. 
Ademais, como o direito à imunidade surge com a observâncias dos requisitos estabelecidos em 
lei complementar, o certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS) tem natureza 
apenas declaratória, e não constitutiva. Assim, os seus efeitos retroagem à data da em que ficar 
demonstrado pelo contribuinte que ele cumpria todos os requisitos exigidos pelo artigo 14 do Código 
Tributário Nacional. 
Quanto ao ponto, há súmula do Superior Tribunal de Justiça: 
Súmula 612: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no 
prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus 
efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei 
complementar para a fruição da imunidade. 
1.6.3 Imunidades com relação a impostos 
Há diversas imunidades de impostos espalhadas pelo texto constitucional além daquelas previstas 
no artigo 150, inciso VI, da CF. Concentremo-nos nas mais importantes: 
A primeira delas se encontra inserida no Art. 153, § 4º, II, CF: 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
VI - propriedade territorial rural; 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o 
proprietário que não possua outro imóvel; 
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Como se pôde observar do dispositivo, três são os requisitos para incidência da norma 
constitucional que estabelece imunidade do imposto sobre a propriedade territorial rural – ITR: 
a) O imóvel deve se enquadrar no conceito de pequena gleba rural3; 
b) O imóvel deve ser explorado pelo seu proprietário; 
c) O proprietário não pode possuir outro imóvel. 
A segunda hipótese de imunidade se encontra no artigo 156, §2º, da Constituição Federal: 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por 
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem 
como cessão de direitos a sua aquisição; 
§ 2º O imposto previsto no inciso II: 
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de 
pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos 
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, 
nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses 
bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; 
Por força desse dispositivo, é imune do ITBI: a) transmissão de bens ou direitos incorporados ao 
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital; b) a transmissão de bens ou direitos 
decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica. Exemplo da primeira 
situação é a dos sócios que constituem uma sociedade limitada e que integralizam parte do capital 
com bem imóveis. A segunda situação ocorre, por exemplo, quando duas pessoas jurídicas se 
fundem, formando uma nova. 
 
 
3Lei 9.393/96 
Art. 2º [...] 
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense 
e sul-mato-grossense; 
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; 
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município 
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Há, no entanto, uma ressalva: o dispositivo exclui da imunidade as pessoas cuja atividade 
preponderante seja a compra e venda desses bens ou direitos, a locação de bens imóveis ou 
arrendamento mercantil. 
A terceira hipótese de imunidade se encontra inserida no artigo 155, §2º, X, alínea b, da 
Constituição Federal: 
Art. 155, § 2º, X, ”b”, CF: 
Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e 
as prestações se iniciem no exterior; 
X - não incidirá: 
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, 
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; 
Como se observa do dispositivo, são imunes, com relação ao ICMS, as operações que destinem a 
outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e 
energia elétrica. 
A quarta hipótese diz respeito às operações que destinem produtos industrializadas ao exterior, as 
quais são imunes da incidência do IPI4. 
A quinta hipótese, de imunidade do ICMS, é semelhante à anterior, por conferir imunidade tributária 
às operações que destinem mercadorias para o exterior e aos serviços que sejam prestados a 
destinatários no exterior.5 
 
 
4 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
IV - produtos industrializados; 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. 
5 Art. 155 (...) 
X - não incidirá: 
 
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A sexta hipótese está inserida no artigo 184, §5º, da CF6. Por força do parágrafo quinto, não incide 
qualquer imposto nas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma 
agrária. Dessa forma, não incide imposto sobre os títulos da dívida agrária – TDA recebidos pelo 
proprietário em decorrência da desapropriação. 
 
 
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários 
no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações 
e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
6 Art. 184 § 5º CF Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel 
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida 
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do 
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária. 
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1.6.4 Gráfico 
 
 
1.7 DESTINATÁRIO DA IMUNIDADE. CONTRIBUINTE DE FATO OU 
CONTRIBUINTE DE DIREITO 
O que se propõe agora é definir qual o destinatário da norma de imunidade nos casos de tributos 
indiretos, que são aqueles em que há o repasse do custo da tributação ao consumidor final, como 
acontece com o IPI e o ICMS. 
Nessa espécie de tributo, há dois contribuintes, o de direito e o de fato. 
O contribuinte de direito é aquele que ocupa o polo passivo na relação jurídica de direito tributário, 
ou seja, é a pessoa que tem aobrigação legal de recolher o valor do tributo aos cofres públicos. No 
caso do ICMS, é o comerciante que vende a mercadoria. 
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O contribuinte de fato é o consumidor final, que acaba suportando o ônus financeiro através do 
preço que paga pelo produto ou mercadoria. 
Pois bem, nos tributos indiretos, em que há tanto o contribuinte de direito quanto o contribuinte de 
fato, a jurisprudência do STF se solidificou no sentido de entender que a imunidade é aplicável tão 
somente ao contribuinte de direito, sendo irrelevante, para fins jurídicos, que uma entidade imune 
figure como contribuinte de fato. 
Esse posicionamento deu origem ao Tema 342 de Repercussão Geral, aprovado quando do 
julgamento do RE 608872: 
Tema 342: A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de 
contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante para 
a verificação da existência do beneplácito constitucional a repercussão econômica do 
tributo envolvido. 
Desse modo, um município não pode requerer a imunidade com relação ao ICMS incidente sobre 
a energia elétrica, uma vez que o contribuinte de direito desse tributo não é a municipalidade, e sim 
a empresa que presta esse serviço. 
Por outro lado, o município que importar um equipamento de informática para ser utilizado em uma 
escola tem direito à imunidade com relação ao Imposto de Importação, uma vez que, nessa 
hipótese, será ele contribuinte de direito da exação. 
1.8 ANÁLISE DO ARTIGO 150, INCISO VI, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
Estudaremos a partir de agora o principal dispositivo constitucional sobre imunidades tributárias, 
que se encontra no artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal. 
Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(…) 
VI – instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência 
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
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e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por 
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os 
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
Antes de ingressarmos na análise de cada alínea individualmente, algumas observações 
preliminares se fazem necessárias. 
A primeira observação é a de que as imunidades estabelecidas nesse dispositivo se aplicam tão 
somente aos impostos, conforme dicção expressa do artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal. 
Desse modo, nada impede, por exemplo, a cobrança de taxa em desfavor de uma entidade imune. 
A segunda observação é a de que nesse rol existem imunidades incondicionadas (alínea a, b, d, e) 
e uma imunidade condicionada, prevista na alínea c. Por fim, ainda quanto à classificação das 
imunidades, verifica-se que há tanto imunidades subjetivas (alíneas a, b, c) quanto imunidades 
objetivas (alíneas d e e). 
1.9 IMUNIDADE RECÍPROCA 
1.9.1 Fundamentos 
Iniciemos a nossa análise pela imunidade recíproca, prevista na alínea a do inciso VI do artigo 150 
da Constituição Federal: 
Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(…) 
VI – instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
Por força desse dispositivo, impede-se que as entidades federativas tributem umas as outras com 
relação aos impostos. Assim, por exemplo, a União e os Estados são imunes com relação ao IPTU 
que incidiria sobre os imóveis de que são proprietários em cada município, e os municípios não 
precisam pagar IPVA com relação aos veículos de sua propriedade. 
Dois são os principais fundamentos elencados pela doutrina para justificar a existência da 
imunidade recíproca. O primeiro é a concepção de federação, que impede a submissão de uma 
entidade federativa a outra. O segundo é a ideia de que as pessoas políticas carecem de 
capacidade contributiva, por terem como finalidade o atendimento do interesse público. 
Outro aspecto que merece menção é a de que imunidade reciproca é cláusula pétrea da 
Constituição Federal, por promover a forma federativa de Estado, tutelada de maneira vigorosa pelo 
artigo 60, §4º, inciso I, da Constituição: 
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Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
Essa posição foi adotada pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da Emenda 
Constitucional que introduziu o IPFM, a qual determinava a não aplicação da imunidade recíproca 
na cobrança desse imposto7. 
1.9.2 Aplicação a todos os impostos 
Ao se analisar o dispositivo constitucional, percebe-se que ele proíbe a instituição de impostos 
sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Nesse sentido, uma interpretação literal da 
regra equivaleria a deixar de fora da proteção constitucional diversos impostos, como o ICMS, o 
Imposto de importação, o Imposto de exportação, o IPI e o IOF, cujas bases econômicas não são 
o patrimônio, a renda ou o serviço. 
No entanto, essa interpretação literal tem sido rechaçada pela jurisprudência. Já há algum tempo, 
o STF firmou posição no sentido de que as regras de imunidade devem ser interpretadas de maneira 
teleológica, de acordo com os objetivos a que visam promover, o que conduz à conclusão de que 
elas se aplicam não somente aos impostos que podem ser classificados como incidentes sobre o 
patrimônio, a renda ou serviços, mas a todos os impostos existentes8. 
Contudo, o fato dessa interpretação mais ampla prevalecer na jurisprudência não significa que a 
imunidade tenha se tornado absoluta, impossibilitando qualquer ponderação com outros princípios 
constitucionais, como a livre-iniciativa e a livre concorrência. 
Conforme consignado no informativo 648 do STF, a imunidade recíproca tem 3 funções que 
condicionam o seu alcance. São elas: 1) operar como salvaguarda do pacto federativo, para evitar 
que a tributação funcione como instrumento de coerção ou indução de um ente sobre o outro; 2) 
proteger atividade desprovida de capacidade contributiva, isto é, atividades públicas em sentido 
estrito, executadas sem ânimo lucrativo; e 3) não beneficiar a expressão econômica de interesses 
particulares, sejam eles públicos ou privados, nem afetar intensamente a livre iniciativa e a livre 
concorrência, excetuadas as permissões constitucionais9” 
Assim, como regra, a imunidade estende-se a todos os impostos. 
 
 
7 STF, Plenário, ADIN 939, Rel. Min. Sydney Sanches, dez. 1993 
8 ACO 502 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2016, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-097 DIVULG 12-05-2016 PUBLIC 13-05-2016 
9 RE 601392 
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Se, no entanto, restar comprovada ofensa ao artigo 170 da Constituição Federal, o direito à 
imunidadenão deve ser reconhecido. 
PUC-PR/Procurador do Estado/2015/Adaptada 
Julgue a afirmativa a seguir: 
Não incide Imposto de Importação sobre as operações de importação de bens realizadas por 
Estado da Federação, salvo nos casos em que restar comprovada violação ao princípio da 
neutralidade concorrencial do Estado. 
() Certo () Errado 
Comentários: 
Conforme precedentes acima colacionados, a afirmativa está correta. 
1.9.3 Abrangência da regra de imunidade às autarquias e fundações 
Como vimos, o artigo 150, VI, alínea a, impede que as entidades federativas, União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, tributem-se reciprocamente com relação aos impostos. 
Há, no entanto, um outro dispositivo constitucional que amplia a regra de imunidade recíproca para 
parte das pessoas jurídicas que compõem a administração indireta. 
Referimo-nos ao §2º do artigo 150 da Constituição Federal, que dispõe da seguinte forma: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
 § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, 
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
Embora esse dispositivo tenha ampliado a regra de imunidade para abarcar as autarquias e 
fundações instituídas pelo poder público, há nele uma importante ressalva: Há a necessidade de 
vinculação das atividades da autarquia ou da fundação com as suas finalidades essenciais ou às 
delas decorrentes. 
Isso significa afirmar que se a autarquia ou a fundação se desvirtuar das suas funções, passando 
a exercer, por exemplo, uma atividade econômica, a imunidade não deve ser reconhecida. O 
mesmo ocorre quando parte do patrimônio é tredestinado, como aconteceria no caso de a autarquia 
ser proprietária de um terreno baldio, sem qualquer perspectiva de utilização. Nessa última 
hipótese, não haveria que se falar em imunidade com relação ao IPTU, uma vez que o bem imóvel 
não estaria sendo empregado na consecução das finalidades do ente público. 
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Quanto ao ônus da prova, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que existe 
presunção em favor da autarquia, razão pela qual cabe ao fisco demonstrar que o bem não está 
sendo empregado conforme as finalidades da pessoa jurídica beneficiada10. 
Por fim, vale ressaltar que são beneficiados pela regra de imunidade todas as autarquias, incluindo-
se aquelas de regime especial, como as agências reguladoras. 
1.9.4 (In)aplicabilidade da imunidade recíproca às empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
Dispõe o §3º do artigo 150 da Constituição Federal: 
Art. 150 (...) 
§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, 
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas 
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação 
ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador 
da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. 
A primeira parte do dispositivo tem como intuito afastar a regra de imunidade nos casos de 
empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem uma atividade econômica. 
Também o artigo 173, §2º, da Constituição Federal, dispõe de maneira semelhante: 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de 
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos 
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de 
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. 
Assim, por exemplo, o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, não pode gozar de imunidade 
tributária ou de qualquer privilégio fiscal, devendo competir em igualdade de condições com as 
empresas que atuam no setor. O mesmo ocorre com relação à Caixa Econômica Federal, 
constituída na forma de uma empresa pública. 
Por outro lado, tratando-se de sociedade de economia mista e empresa pública exploradora de 
serviço público, é possível a extensão do benefício da imunidade tributária, desde que sejam 
observados os seguintes requisitos: i) as atividades com relação às quais se requer a imunidade 
devem estar afetas ao serviço público; ii) o reconhecimento da imunidade não pode acarretar um 
 
 
10 RE 871039 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 22/09/2015, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-222 DIVULG 06-11-2015 PUBLIC 09-11-2015 
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prejuízo à livre concorrência; iii) as atividades não devem ter como objetivo aumentar o patrimônio 
do controlador ou dos investidores. 
Com base nessas premissas, o STF reconheceu que a Infraero goza do benefício da imunidade 
recíproca.11 
O mesmo aconteceu com relação a diversas pessoas jurídicas que prestam serviço de distribuição 
de água e de saneamento básico12, inclusive com relação a sociedades de economia mista cujas 
ações de propriedade da iniciativa privada representam parcela ínfima do capital social. Os 
fundamentos centrais são a relevância do serviço prestado e a circunstância de se tratar de uma 
atividade que, por consequência dos altos custos operacionais envolvidos, é vocacionada à 
formação de um monopólio natural, a afastar qualquer risco à livre concorrência. Ademais, a Corte 
tem entendido que o fato de serem cobradas tarifas dos usuários não é circunstância suficiente 
para, por si só, afastar o direito à imunidade. 
Contudo, se a pessoa jurídica que se dedica à atividade de distribuição de água e saneamento 
básico tiver como objetivo remunerar o capital de seus controladores e acionistas, o direito à 
imunidade não deve ser reconhecido. Falta-lhe o requisito “iii”, acima mencionado. Embora a 
análise sobre se o objetivo do negócio é remunerar o capital dos controladores ou acionistas seja 
casuísta – devendo ser realizada em cada caso concreto – a quantidade de ações negociadas em 
Bolsa de Valores é um elemento que deve ser considerado. No caso da SABESP, o Supremo 
Tribunal Federal negou o direito à imunidade recíproca, em razão de a participação acionária estar 
dispersa entre o Estado de São Paulo (50,3%), investidores privados em mercado nacional (22,6% 
- Bovespa) e investidores privados em mercado internacional (27,1% - NYSE), ou seja, quase a 
metade do capital social pertence a investidores. Na ocasião do julgamento do leading case, foi 
aprovada a seguinte tese de repercussão geral: 
Tema 508: Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em 
Bolsas de Valores, e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de 
seus controladores ou acionistas, não está abrangida pela regra de imunidade tributária 
prevista no art. 150, VI, ‘a’, da Constituição, unicamente em razão das atividades 
desempenhadas. 
Por fim, o Supremo Tribunal Federal assentou que os bens e direitos do fundo vinculado ao 
Programa de Arrendamento Residencial (PAR), criado pela Lei 10.118/2001, também se beneficiam 
da imunidade recíproca. Os fundamentos foram os seguintes: i) O PAR representa política 
habitacional da União, tendo a finalidade de garantir a efetividade do direito à moradia e a redução 
da desigualdade social; ii) a Caixa Econômica Federal não teve aumento patrimonial nem se 
beneficiou com o programa, porque a empresa apenas figura como administradora do fundo, que é 
constituído pelo patrimônio exclusivo da União Federal; iii) a atividade realizada pela CEF não tem11 RE­-AgR 363.412/BA, 2ª T., rel. Min. Celso de Mello, j. em 07­-08­-2007 
12 RE 482814 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 29/11/2011, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-236 DIVULG 13-12-2011 PUBLIC 14-12-2011 
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natureza comercial e o reconhecimento da imunidade ao PAR não gera prejuízo à livre 
concorrência13. 
A segunda parte do §3º do artigo 150 enuncia que a imunidade não “exonera o promitente 
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel”. 
Assim, por exemplo, um particular que figure como promitente comprador de um imóvel de 
propriedade da União não poderá invocar a regra de imunidade para afastar a obrigação tributária, 
sendo possível que a municipalidade cobre dele o valor devido a título de IPTU. 
Questão mais controversa dizia respeito à possibilidade ou impossibilidade de cobrança do IPTU 
das empresas arrendatárias de imóvel público, uma vez que inexistente regra constitucional 
expressa que discipline a questão. 
Dois eram os fundamentos elencados por quem defendia a impossibilidade da tributação. 
O primeiro, de que incidira ao caso a imunidade recíproca; 
O segundo, de que os arrendatários não poderiam ser obrigados a pagar o imposto, uma vez que 
a Constituição autoriza a tributação apenas sobre a propriedade territorial urbana, não sendo lícita 
a tributação sobre a posse sem animus domini. 
Tais argumentos, contudo, não foram acolhidos pelo Supremo Tribunal Federal, quando do 
julgamento do RE 594015, sob a sistemática da repercussão geral. 
A Corte entendeu que não há que se falar em imunidade tributária, uma vez que a regra insculpida 
no artigo 150, inciso VI, alínea a, tem como objetivo salvaguardar a federação, não podendo ser 
utilizada em benefício de particulares. 
Quanto ao segundo argumento, o STF decidiu que, nos termos do que dispõe o CTN, no artigo 34, 
faz-se possível tributar o possuidor a qualquer título14. 
Ao final, foi aprovada a seguinte Tese de Repercussão Geral: 
Tema 385: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituição não se 
estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora 
 
 
13 RE 928902/SP, Plenário, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.10.2018. 
14 Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor 
a qualquer título. 
 
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de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança 
do IPTU pelo Município. 
FMP Concursos/Juiz/2014/Adaptada 
Julgue o item a seguir: 
a imunidade recíproca a impostos tem caráter subjetivo, alcançando tão somente os entes 
políticos e suas autarquias, jamais se podendo estendê-la às empresas públicas e às 
sociedades de economia mista, para as quais o texto constitucional inclusive veda privilégios 
fiscais. 
Comentários: 
A afirmativa está incorreta. 
É possível, como vimos, estender a imunidade tributária recíproca às empresas públicas e às 
sociedades de economia mistas prestadoras de serviços públicos, desde que seus bens e 
serviços sejam utilizados para satisfação dos objetivos institucionais do ente federado e não 
haja risco à livre iniciativa e à livre concorrência 
1.9.5 Imunidade Recíproca e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
– ECT 
A situação envolvendo a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT é tratada em um item 
próprio, em razão das particularidades que lhe são aplicáveis. 
Trata-se de empresa pública que exerce atividades nas quais tem o monopólio – aquelas 
tipicamente postais, como a entrega de cartas e telegramas – e atividades econômicas, em regime 
concorrencial – como transporte de encomendas. 
Pela lógica até aqui desenvolvida, seria o caso de se entender como imunes as atividades 
tipicamente postais – já que se trata de serviço público prestado em regime de privilégio/monopólio 
– e afastar a imunidade no desenvolvimento de atividades econômicas. 
No entanto, não foi o que ocorreu. 
Com relação aos Correios, o Supremo Tribunal Federal entendeu que existiam particularidades que 
justificavam a ampliação da regra da imunidade a todas as atividades exercidas pela empresa, 
mesmo com relação aquelas não prestadas sob monopólio. 
O argumento central foi o de que em lugares longínquos e pouco estruturados empresas privadas 
não atuam, pelo evidente prejuízo que do empreendimento resultaria. A ECT, por outro lado, mesmo 
diante dos prejuízos econômicos decorrentes da atuação, tem a obrigação legal de desenvolver 
suas atividades nesses locais, em benefício da população que lá reside. 
Nesse sentido, segundo o STF, essa circunstância justifica o reconhecimento da existência de um 
subsídio cruzado em favor dos Correios: Confere-se um tratamento tributário diferenciado, com a 
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extensão da imunidade para todas as suas atividades, para compensar o prejuízo decorrente da 
atuação da empresa em áreas nas quais nenhuma outra exerceria suas atividades. 
Ao final desse julgado, foi aprovada a seguinte Tese de Repercussão Geral: 
Tema 235: Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - 
ECT, inclusive aqueles em que a empresa não age em regime de monopólio, estão 
abrangidos pela imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI,a e §§ 2º e 3º). 
Posteriormente, o STF firmou outras duas teses acerca da imunidade recíproca aplicável aos 
Correios: 
Tema 402: Não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de encomendas realizado 
pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, tendo em vista a imunidade 
recíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição Federal. 
Tema 644: A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de 
Correios e Telégrafos — ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua 
propriedade e por ela utilizados, não se podendo estabelecer, a priori, nenhuma distinção 
entre os imóveis afetados ao serviço postal e aqueles afetados à atividade econômica. 
Essas duas últimas são decorrência natural da primeira, a de número 235. De fato, se a ECT tem 
imunidade ampla, inclusive com relação às atividades não desenvolvidas em regime de monopólio, 
a consequência natural é reconhecer-lhe o benefício da imunidade com relação ao ICMS sobre os 
serviços de transporte de encomendas, assim como do IPTU sobre seus imóveis, 
independentemente da sua utilização ser destinada ao serviço postal ou ao exercício de atividade 
econômica. 
 PGR/Procurador da República/2013 
A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT) É PRESTADORA DE 
SERVIÇOS PÚBLICOS. NO QUE SE REFERE À IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE QUE TRATA 
O ART. 150 (INCISO VI, “A” E PARÁGRAFO 2º) DA LEI MAGNA, PODE-SE ASSEVERAR 
QUE: 
 a) A empresa pública somente é alcançada pelo benefício constitucional quando exerce 
atividades em regime de exclusividade; 
 b) O exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em regime de 
concorrência com a iniciativa privada, a exemplo de atividade bancária conhecida como 
“banco postal” e venda de títulos de capitalização, não se inserindo no conceito de serviço 
postal – é irrelevante para a incidência da imunidade tributária; 
 c) A empresa pública, mesmo quando presta serviço público essencial não goza de 
imunidade tributária à míngua de previsão constitucional; 
 d) A regra estatuída no citado preceito da Magna Carta, em virtude do método de 
interpretação teleológico, não impede a incidência da lei ordinária de tributação. 
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Comentários: 
A afirmativa correta é a letra B. 
Foi o que decidiu o STF em sede de Repercussão Geral, julgamento no qual restou decidido 
que “Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, inclusive 
aqueles em que a empresa não age em regime de monopólio, estão abrangidos pela 
imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI,a e §§ 2º e 3º)” 
1.9.6 Sucessão Tributária 
Questão controversa dizia respeito à possibilidade de reconhecimento da imunidade recíproca no 
caso de sucessão tributária, na hipótese em que um ente federativo sucedesse a uma pessoa 
jurídica de direito privado. 
Isso ocorreu com a antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), que foi sucedida pela União 
Federal. Essa empresa, a Rede Ferroviária Federal S.A., encontrava-se inadimplente com diversos 
tributos, que incidiram na época em que ela se encontrava ativa. A União, após suceder à pessoa 
jurídica, passou a defender que não era responsável pelo pagamento dos impostos inadimplidos 
pela RFFSA, em razão da regra de imunidade recíproca do artigo 150, inciso VI, alínea a, da CF. 
Ao analisar o RE 599.176, o Supremo Tribunal Federal rechaçou os argumentos da União Federal. 
A corte entendeu que a regra de imunidade se destina à proteção específica do ente federado, não 
se aplicando aos créditos tributários constituídos legitimamente contra pessoas jurídicas dotadas 
de capacidade contributiva, ainda que posteriormente essa pessoa jurídica venha a ser incorporada 
ao Poder Público. 
Segundo o STF, a tese contrária conduziria à conclusão de que haveria uma imunidade 
superveniente, que atingiria créditos legitimamente constituídos no passado. Ademais, no caso em 
discussão, foi uma lei ordinária federal que transferiu a RFFSA para o patrimônio da União. Nessa 
perspectiva, como pontuado pelo Ministro Teori Zavascki “a se admitir que o legislador federal 
ordinário pode, mediante esse tipo de subterfúgio, eliminar créditos tributários legitimamente 
constituídos no passado, nós estaríamos abrindo portas para uma grave ofensa ao princípio 
federativo.” 
Assim, a Corte afastou a tese de imunidade e entendeu que se aplica ao caso a regra de 
responsabilidade tributária prevista no 130 do CTN. 
Ao final, foi aprovada a seguinte Tese de Repercussão Geral: 
Tema 224: A imunidade tributária recíproca não exonera o sucessor das obrigações 
tributárias relativas aos fatos jurídicos tributários ocorridos antes da sucessão. 
1.9.7 Não incidência da imunidade tributária aos cartórios e tabelionatos 
O Supremo Tribunal Federal também não reconheceu a incidência da imunidade tributária aos 
serviços de registros públicos cartorários e notariais. 
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O argumento central foi o de que “A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata 
de entidades políticas federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco intuito 
lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados. Não há 
diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não tributação das 
atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente. 
(ADI n. 3.089/DF, Pleno, rel. Min. Carlos Britto, rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, j. em 13­-02­-
2008)” 
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1.9.8 Gráfico 
 
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1.10 IMUNIDADE RELIGIOSA 
1.10.1 Conteúdo 
A imunidade religiosa se encontra inserida no artigo 150, inciso VI, alínea b, da Constituição 
Federal: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
b) templos de qualquer culto; 
Trata-se de imunidade cujo fundamento é o princípio da liberdade de crença e de prática religiosa, 
que a Constituição prestigia no art. 5º, nos incisos VI a VIII. 
O alcance jurídico dessa imunidade passa pela significação dos termos templos e culto, grifados 
acima. 
Por culto, entende-se toda manifestação religiosa, alcançando os mais diversos credos, ainda que 
não predominantes na sociedade brasileira. 
A significação do termo templo é mais controvertida na doutrina. Eduardo Sabbag15, de maneira 
percuciente, aponta que existem três teorias que tentam definir o seu conceito. 
A primeira delas é a Teoria Clássico-restritiva (Templo-coisa), que interpreta a palavra templo como 
o local de celebração dos cultos religiosos. Nessa perspectiva, a imunidade religiosa seria objetiva, 
porque protegeria locais bastante específicos, onde são realizados os cultos. Na prática, a adoção 
dessa corrente limitaria a imunidade ao IPTU e ao ITR, que não incidiriam sobre os imóveis 
utilizados pela organização religiosa. 
A segunda corrente é a Teoria Clássico-Liberal (Templo-atividade), que entende que se deve 
interpretar a palavra templo não apenas como o local destinado às celebrações religiosas, mas ao 
conjunto de bens que direta ou indiretamente são empregados para consecução das finalidades da 
entidade. Essa concepção é mais ampla do que a defendida pela primeira corrente, uma vez que a 
imunidade impediria a tributação sobre os imóveis destinados à residência dos religiosos, assim 
como sobre os veículos utilizados por eles durante o trabalho eclesiástico. Apesar disso, a 
 
 
15 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 348 
 
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imunidade ainda seria objetiva, por impedir a tributação não sobre uma pessoa, mas sobre um 
determinado conjunto de bens. 
A terceira corrente é a Teoria Moderna (Templo-entidade), para quem a palavra templo não se 
refere ao local de celebração religiosa, mas designa a própria organização. Nesse viés, a imunidade 
seria subjetiva, porque impediria a tributação sobre a própria entidade, o que a tornaria bem mais 
ampla do que as concepções anteriores. 
O argumento central dessa linha interpretativa é o parágrafo quarto do artigo 150 da Constituição 
Federal, que faz menção às “finalidades essenciais das entidades nela mencionadas16”. 
Argumenta-se que, por ter utilizado o termo entidade, é nesse sentido que a palavra templo deveria 
ser compreendida. 
A doutrina e a jurisprudência majoritária defendem essa última concepção. 
1.10.2 – Análise do §4º do artigo 150 da Constituição 
Se, por um lado, a adoção da concepção de templo como entidade amplie o âmbito normativo da 
regra de imunidade, por outro, o §4º do artigo 150 da Constituição Federal traz algumas balizas que 
norteiam o direito ao benefício: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o 
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das 
entidades nelas mencionadas. 
A primeira delas seria a de que a imunidade compreenderia o patrimônio, a renda e os serviços da 
organização, o que significa afirmar que estariam abarcados os seguintes impostos: ITR, IPTU, 
ITCMD, ITBI e IPVA (patrimônio); IRJPJ e IPRF (renda); ISS (serviços). Ficariam de fora, pela 
literalidade do texto, o II, o IE, o IPI eo ICMS. 
No entanto não tem sido esse o entendimento do STF. Como vimos quando tratamos da imunidade 
recíproca, a Corte não tem restringido o âmbito normativo das regras de imunidade às bases 
expressamente elencadas pela constituição – patrimônio, renda e os serviços -, mas, ao contrário, 
 
 
16 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios: 
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e 
os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. 
 
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tem entendido que ela se aplica a todos os impostos existentes no ordenamento, desde que 
observados os demais requisitos constitucionais. 
Portanto, é possível que tais entidades sejam imunes também com relação ao ICMS, IPI, II e IOF. 
A segunda exigência do texto constitucional é a de que haja uma “vinculação com as finalidades 
essenciais das entidades”. 
Essa vinculação pode se dar tanto de maneira direta quando de maneira indireta. A primeira existe 
quando o bem ou a atividade estão ligados de maneira imediata com os objetivos institucionais da 
entidade. Exemplo é o prédio onde são realizadas as celebrações religiosas. A segunda existe 
quando essa ligação se dá de maneira mediata. É o que acontece quando as organizações 
religiosas alugam seus imóveis a terceiro, mas utilizam os recursos angariados para promover suas 
finalidades. Quanto ao tema, há inclusive Súmula Vinculante: 
Súmula Vinculante nº 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU 
o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da 
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para 
as quais tais entidades foram constituídas. 
O terceiro requisito para fruição do dispositivo não se encontra expresso no texto constitucional, 
tendo sido construído pela jurisprudência para compatibilizar a intepretação ampliativa da regra - 
que abarca todos os impostos – com a finalidade almejada pela Constituição. Trata-se da 
necessidade de que, nas vendas ou serviços praticados por tais entidades, a desoneração tributária 
não implique em ofensa à concorrência e à livre iniciativa. 
Desse modo, por exemplo, a entidade religiosa que possui um pequeno estacionamento pago ao 
lado da igreja não precisa pagar ISS sobre o serviço prestado. 
Por outro lado, a organização religiosa que possua um estacionamento no centro da cidade, em 
uma rua movimentada, não é imune com relação a essa atividade. Do contrário, a livre concorrência 
seria afetada, pela vantagem competitiva conferida a esse estacionamento em detrimento dos 
demais que lá se encontram estabelecidos. 
1.10.3 – Questões Controvertidas 
5.10.3.1 – Cemitérios 
O cemitério, por si só, não se enquadra no conceito de templos de qualquer culto, o que impede, 
por conseguinte, o reconhecimento da sua imunidade aqueles empreendidos de maneira privada 
com intuito lucrativo. 
Por outro lado, cemitérios de cunho religioso possuem imunidade tributária, porque são extensões 
da própria entidade, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no RE 578562. 
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1.10.3.2 – Maçonaria 
Trata-se de associação privada que em seus estatutos afirma não ser uma religião. Por esse motivo, 
não se enquadra no conceito de templos de qualquer culto, não tendo direito à imunidade tributária. 
Nesse sentido, decidiu o STF: 
CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 
150, VI, C, DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO 
DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO TERMO “TEMPLOS DE QUALQUER CULTO. 
MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO 
EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DESPROVIDO. [...] III A imunidade tributária 
conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se 
aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV - Recurso 
extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida.(STF - RE: 
562351 RS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 04/09/2012, 
Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-245 DIVULG 13-
12-2012 PUBLIC 14-12-2012) 
 
VUNESP/Juiz Substituto do TJSP/2017 
Assinale a alternativa correta. 
 a) A imunidade do artigo 150, VI, “b” da Constituição Federal deve ser interpretada 
ampliativamente de modo a incluir todos os imóveis da entidade religiosa, sem restrição, uma 
vez que o Estado Brasileiro, embora laico, garante o exercício da fé religiosa, segundo 
orientação do Supremo Tribunal Federal. 
 b) A imunidade prevista no artigo 150, VI, “b” da Constituição Federal de 1988 deve ser 
estendida aos cemitérios de cunho religioso, segundo orientação do Supremo Tribunal 
Federal. 
 c) A imunidade conferida aos templos se estende à Maçonaria, em cujas lojas se professa 
culto no sentido empregado pela Constituição Federal, segundo decisão do Supremo Tribunal 
Federal. 
 d) A imunidade do artigo 150, VI, “b” da Constituição Federal de 1988 estende-se aos 
cemitérios, ainda que ostentem natureza privada e empresarial, uma vez que ali se realizam 
ritos relacionados com a fé religiosa, segundo orientação do Supremo Tribunal Federal. 
Comentários: 
A Letra a está incorreta. Se os imóveis não estiverem destinados às finalidades essenciais da 
entidade – ainda que indiretamente, através do recebimento de aluguéis - não se pode 
reconhecer o direito à imunidade. 
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A letra b está correta. Cemitérios de cunho religioso são extensões das próprias organizações 
religiosas, conforme precedente do STF. 
A letra c está incorreta. A imunidade não se aplica à Maçonaria, conforme precedentes do 
STF. 
A letra d está incorreta. Tratando-se de cemitérios privados, com natureza empresarial, não 
se aplica a regra de imunidade. 
1.11 IMUNIDADES CONDICIONADAS DO ARTIGO 150, INCISO VI, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
1.11.1 – Considerações Gerais 
O artigo 150, inciso VI, alínea c, da Constituição Federal, dispõe no seguinte sentido: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência 
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
Como se vê do dispositivo, trata-se de imunidade subjetiva, que limita a competência tributária em 
favor de quatro entidades: a) partidos políticos, inclusive suas fundações; b) entidades sindicais dos 
trabalhadores; c) instituições de educação; d) entidades de assistência social. 
Antes, no entanto, de analisarmos cada uma dessas pessoas jurídicas separadamente, cumpre 
fazer alguns comentários gerais, referente aos termos destacados. 
Comecemos pelo termo impostos. Como reiteradamente mencionado, as imunidades do artigo 150, 
inciso VI, aplica-se tão somente com relação a essa espécie tributária. Assim, nada impede que as 
entidades arroladas sejam compelidas, por exemplo, a pagar taxas pela prestação de serviços 
públicos. 
Quanto à expressão patrimônio, renda ou serviços, também valem as mesmas observações que 
fizemos anteriormente. O Supremo Tribunal Federal interpreta as regras de imunidade

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