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ARTIGO INDIGENA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA 
CAMPUS I 
CENTRO DE EDUCAÇÃO 
CURSO DE HISTÓRIA – LICENCIATURA PLENA 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA 
 
 
ALINE RAFAELLI GOMES ALEXANDRE SANTOS 
EMERSON MARCELINO ALVES SILVA 
 
 
 
 
 
AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À 
REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
2018 
 1 
 
ALINE RAFAELLI 
EMERSON MARCELINO ALVES SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À 
REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de pesquisa Cientifica do curso 
de Licenciatura Plena em História, da 
Universidade Estadual da Paraíba, com 
objetivo de complementação da nota da 
segunda unidade do componente 
curricular de Índigena. 
 
 Prof. Dr. Juvandí de Souza Santos. 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
2018 
 2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 
 Estrutura Fundiária como organização e administração do Brasil Colônia 04 
 Movimentos e lutas camponesas ...................................................................... 05 
 Articulação das lutas populares por justiça social ........................................ 07 
 Conflitos e Direitos Indígenas ........................................................................... 08 
 Demarcação das terras e a preservação da identidade indígena .................. 09 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 10 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 10 
 
 
AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À 
REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. 
 
RESUMO 
 
Este artigo tem por objetivo, mostrar os contexto e diferenças que levaram a instituição 
de leis relativas a reforma agrária e direito dos indígenas a terra no Brasil. Relatar fatos 
históricos inerentes à formação dos latifúndios, antropologicamente problematizar os 
efeitos do período colonial a distribuição de terras e descaso do Estado em relação aos 
camponeses e grupos indígenas a mercê dos latifundiários e seus interesses econômicos. 
Analisar a descrição criminalizante dirigida a esses movimentos pela mídia-publicitaria 
de cunho político e econômico. Buscando reforçar a ideia da diferença de ambos os 
movimentos estudados. 
 
Palavras-Chave: MST. Lutas. Revoltas. Camponeses. Constituição. Leis. Direitos. 
Índios. 
 
 3 
 
THE DIFFERENCES BETWEEN THE PEASANT MOVEMENT IN 
FAVOR OF AGRARIAN REFORM AND THE RIGHT TO LAND OF THE 
INDIGENOUS. 
 
ABSTRACT 
 
This article aims to show the context and differences that led to the imposition of laws 
concerning agrarian reform and the right of indigenous people to land in Brazil. Report 
historical facts inherent to the formation of the latifungal, anthropologically problematize 
the effects of the colonial period the distribution of land and discase of the State in relation 
to the peasants and indigenous groups to the mercy of the landowners and their interests 
Economic. Analyze the criminalizing description addressed to these movements by the 
media-advertising of political and economic nature. Seeking to reinforce the idea of the 
difference of both movements studied. 
Keywords: MST. Fights. Riots. Peasants. Constitution. Laws. Rights. Indians. 
 
INTRODUÇÃO 
Todas essas questões de lutas entre “proprietários de terras, camponeses sem terras e 
indígenas começaram por volta de 1530. No Brasil teve destaque as capitanias 
hereditárias que posteriormente, tornou-se em uma instituição jurídica apoiada e 
sancionada pela coroa portuguesa. Sesmarias assim denominadas, eram lotes 
regulamentados e distribuídos a beneficiários que possuíam condição de destinar as terras 
à produção agrícola e/ou pecuária. Como poucas pessoas receberam esses lotes de terras, 
vastas extensões de terras caracterizavam latifúndios como explica SILVA (2008)1; 
afirma que latifúndio é, de fato, um “Vasto domínio rural nas mãos de um proprietário, 
no qual se pratica um tipo de agricultura ou de criação que não se exige grandes 
investimentos [...].” 
Nos debates dos anos 1950, havia uma preocupação, não apenas no Brasil mas 
em toda a América Latina, quanto às delimitações do que se convencionou 
chamar de “latifúndio”. DA SILVA, 2013.2 
A obra as Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, descreve sobre os 
saques cometidos pelos colonizadores, piorando ainda mais a situação de miséria da 
população. 
Mesmo com as garantias constitucionais à reforma agrária e da função social 
da propriedade, a grande tradição latifundiária e o conservadorismo das 
autoridades estatais – principalmente o judiciário – o problema continua sem 
uma solução eficaz. PEREIRA, PAIVA. (2013, pág. 1) 3 
 
1 Prof.(a) Dr. Lígia Osório Silva, na sua obra "Terras Devolutas e Latifúndio" (2008). 
2 Prof. Me. Diógenes Luiz da Silva atualmente leciona em redes municipais do estado do Rio de Janeiro. 
3 PEREIRA, PAIVA. (2013, pág. 1) 
 4 
 
A proposta do artigo estudado é a de esclarecer sobre as diferenças entre a luta dos 
movimentos sociais, como: MST e os movimentos de demarcação das propriedade 
indígena. 
ESTRUTURA FUNDIÁRIA COMO ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO 
BRASIL COLÔNIA. 
A chegada dos portugueses no Brasil, com o objetivo de consolidar no território, uma 
colônia, para explorar suas riquezas e terras, deu início as primeiras estratégias de 
ocupação e administração. As capitanias hereditárias, primeiro sistema instalado, dividiu 
o Brasil em quinze grandes faixas, que estavam na responsabilidade dos donatários, 
agindo a cargo da coroa portuguesa. Entretanto, essa administração apresentou diversas 
falhas, sendo substituída pelas sesmarias, que perdurou por mais até o século XIX. Nessa 
estrutura, as capitanias seriam subdividas para que houvesse uma democratização das 
áreas, afim de atrair mais habitantes para o cultivo da terra. Uma manobra que continuou 
mantendo a concentração de terras nas mãos donatários, que começaram a ser conhecidos 
como os senhores de engenho. Com o crescente número da população, a maioria não 
detinha a posse de terras e tinham que se submeter as péssimas condições de trabalho 
oferecidas pelos latifundiários. Visto que não havia nenhum aparato legal que assegurasse 
direitos para esses sujeitos, chamados de posseiros, que eram expulsos pelos donos a 
partir do momento que não necessitassem da sua mão de obra. E essas insatisfações 
aumentaram com a criação da Lei de Terra em 1850, legitimando a posse de terra através 
de documentos que comprovassem a sua compra. Sendo uma realidade dos menos 
favorecidos, como os camponeses e ex-escravos que não possuíam renda. Em meio a essa 
desigualdade surgiram movimentos populares que pudessem se articular, para reivindicar 
melhores condições para essas classes, no caso, os camponeses. E no período republicano, 
as lutas de resistências são mais intensas, tanto pela demanda dos camponeses quanto dos 
grupos indígenas. Apesar de haver muitas heranças desse modelo fundiário no Brasil, é 
notório a abrangência que debate ganhou, juntamente com a atuação do Estado de Direito. 
Como afirma Laureano (2007): “na organização fundiária brasileira, o latifúndio, marca 
do Brasil colônia e do Brasil monárquico, foi mantido como marca da república. Dessa 
forma, acontecimentos como a guerra de Canudos ocorrem em momento histórico de 
resistência camponesa.”. E outros conflitos e tensões pela ocupação da terra 
intensificaram tanto por ameríndios quanto por camponeses. 
 
 5 
 
OS MOVIMENTOS E LUTAS CAMPONESAS 
 
[...] as lutas pela terra são classificadas em três formas: as lutas messiânicas,as lutas radicais localizadas e espontâneas e as lutas organizadas com caráter 
ideológico e de alcance nacional. PEREIRA, PAIVA.4 
O caipira, caiçara, tabaréu ou caboclo5, sofriam com a falta de terra que garantissem 
uma mínima qualidade de vida. É importante frisar que a exploração agrícola, neste 
contexto, era dualista sendo ela de subsistência e/ou mercado. Dentre muitos exemplos, 
temos o líder “messiânico” Antônio Cândido Conselheiro (1830 – 1897), que em Canudos 
(Bahia) provou a eficiência da promulgação da fé em detrimento da igualdade de todos. 
A cultura agrícola praticada na pequena aldeia às margens do rio Vaza-Barris era de 
subsistência. Sem a preocupação de produção em grande escalas, considerados como 
ameaça aos latifundiários que surgiam nessa mesma época. 
Em quase toda a América, houveram conflitos entre proprietários de terras e camponeses 
que almejavam um pedaço de terra. Os posseiros, que eram agricultores considerados 
radicais que invadiam terras devolutas ou improdutivas e exigiam do governo a 
desapropriação das enormes extensões de terras nas mãos da classe latifundiária, que em 
alguns casos, eram também invadidas por fazendeiros. Foi caso ocorrido na rodovia Rio 
– Bahia, no entanto, pouco tempo depois da desapropriação que foi exigida e realizada 
pelo governo houve o golpe militar que prendeu e torturou muitos desses lavradores. No 
Espirito Santo outro movimento surgiu em contrapartida aos posseiros, agora, em 
benefício dos latifundiários. Os grileiros, como assim eram chamados, falsificavam os 
documentos e colocavam dentro de uma gaveta com grilos, fazendo com que o papel 
ficasse ruído, com uma aparência de velho e amarelado por causa dos excrementos, para 
afirmar a veracidade. Esses mesmos grileiros quando não conseguiam expulsar através 
de documentos falsos, recebiam auxilio de tropas militares enviadas pelo governo para 
retirarem a força os posseiros, queimando suas propriedades e matando os que 
resistissem. 
Nesse contexto de lutas pela reforma agrária entre camponeses e proprietários de terras, 
foram formadas três grandes organizações: a União dos Lavradores e Trabalhadores 
Agrícolas do Brasil (ULTAB) fundada em São Paulo, no ano de 1954, tendo como líder 
Lindolfo Silva6. Responsável pela criação e manutenção de associações voltadas aos 
lavradores que já se organizavam em movimentos e lutas, posteriormente, essas 
associações se transformaram em sindicatos. As Ligas Camponesas que foi um dos mais 
importantes movimentos em prol da reforma agraria e melhorias na condições de vida 
dos agricultores. Esses foram abafados pelo governo de Getúlio Vargas , mas retomaram 
as atividades de forma mais intensa até 1964. Eram auxiliados pelo advogado e deputado, 
na época, Francisco Julião Arruda de Paula que foi convidado para defender a causa da 
associação, segundo seu próprio relato. Sobre o Movimento de Agricultores Sem Terra 
 
4 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 3 
5 Como eram chamados os camponeses no Sul e Norte do Brasil. 
6 Nessa época um militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). 
 6 
 
(Master), A tese do doutor pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) 
Córdula Eckert afirma que: 
O Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master) foi fundado em 1960 
enquanto acontecia uma tentativa de retomada de uma área de 1.800 hectares 
no interior do município de Encruzilhada do Sul que há 50 anos estava em 
poder de 300 famílias de posseiros7. 
O ano de 1962 foi marcado pela organização sindical rural pelos camponeses que 
defendiam em seus discurso a distribuição justa das terras. Ocorreu em Natal a primeira 
Convenção Brasileira de Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Mas vale salientar que já 
existiam tentativas de consolidar sindicatos a mais de 50 anos antes, como aponta a edição 
nº 15 da Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Scripta Nova da 
Universidade de Barcelona (Universitat de Barcelona – UB). 
Porém, desde 1903, se registram as primeiras tentativas (no plano legal) de 
organização sindical do trabalhador rural. No entanto, através do Decreto 
979, as intenções já apontavam para o cerceamento da liberdade de 
organização dos trabalhadores rurais, principalmente os colonos do café, que 
iniciavam movimentos de resistência e contestatórios às condições de 
trabalho vigentes.8 
Porém, esse decreto foi revogado em 1933. Getúlio Vargas, oito anos mais tarde, revisa 
o decreto e cria a Comissão Interministerial da Sindicalização Rural, que segundo o 
sociólogo Ricci (1992)9: “procurou-se aperfeiçoar a legislação patronal (lei estadual 
1299-A, que em 1919 será reformulada (Decreto 13.706)”. A Igreja Católica, não ficando 
a pá da situação, promoveu vínculos com sindicatos que foram importantes nas lutas pelo 
direito a terras. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi uma organização fundada em 
plena ditadura militar, com a missão de combater o agravamento da situação vivida pelos 
trabalhadores rurais, submetidos a trabalhos forçados e/ou expulsos das suas terras, na 
região amazonense. Esse órgão influenciou diretamente o surgimento do Movimento dos 
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 1985. O CONTAG (Confederação dos 
Trabalhadores na Agricultura), tendo uma missão que abrangia mais classes, se 
consolidou a mais de 50 anos lutando pelo direito dos que vivem do campo.10 
 A grande maioria dos conflitos travados entre camponeses e proprietários de terras 
eram armados, sem que nenhum órgão interferisse nas ações de ambos os lados. Muitas 
vidas foram ceifadas nessas lutas em que o governo abafou, dando créditos e 
criminalizando os camponeses revoltados.11 
 
 
7 ECKERT, 1984, p.67 
8 \ 
9 RICCI, Rudá. 1990, pág. 3 
10 [...] luta pelos direitos de mais de 15,7 milhões (PNAD/IBGE, 2009) de homens e mulheres do campo e 
da floresta, que são agricultores(as) familiares, acampados(as) e assentados(as) da reforma agrária, 
assalariados(as) rurais, meeiros, comodatários, extrativistas, quilombolas, pescadores artesanais e 
ribeirinhos. (QUEM SOMOS. CONTAG. Disponível em: <http://www.contag.org.br>.) 
11 No ano de 1970, houve várias revoltas camponesas o que levou o governo a criar o Grupo Executivo 
das Terras do Araguaia - Tocantins e o Gebam (Grupo Executivo do Baixo Amazonas) que prendiam os 
camponeses revoltosos, [...] (PEREIRA, Mauro André Damasceno. PAIVA, Meirislei Gama. 2013, pág. 4). 
 7 
 
ARTICULAÇÃO DAS LUTAS POPULARES POR JUSTIÇA SOCIAL 
 
No Brasil, um dos países com os maiores latifundiários e concentração de terras, 
formalizou o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) que reivindicavam 
políticas públicas que viabilizasse o acesso a própria terra, principalmente após a Lei da 
Terra (1850). Com a contribuição de outras frentes, entre elas a Comissão Pastoral da 
Terra (CPT), começaram a produzidos debates e articulações para compreender a origem 
da desigualdade e miséria do país. O movimento foi consolidado em 1985, ganhando uma 
grande dimensão, ocupando a maioria dos estados brasileiros. Mas esse espaço foi 
conquistado com muita luta e resistência por parte dos defensores da estrutura fundiária, 
como União Democrática Ruralista (UDR). Uma associação de viés conservador, que 
detinha controle na esfera política, com uma bancada no Congresso Nacional, interferindo 
nas demandas dos camponeses. E mesmo com a organização, o sujeito do campo não 
tinha voz dentro do cenário político, visto que seu discurso era deslegitimado pelos 
mecanismos do aparelho estatal, que não reconhecia seu lugar social. Sendo através do 
aparato da legalidade que os camponeses alcançariam algo concreto, como defendem os 
autores: “único caminho para, além de resgatar a história e materializar reconhecimentos, 
viabilizar possíveis formas de reparação” 12. A luta para afrontar o acúmulo de terras,com 
a democratização das mesmas, em busca de uma sociedade mais justa no 
desenvolvimento econômicos e sociais, são os norteadores do MST. Além de estarem 
promovendo discussões em congressos, sindicatos, entre outros espaços, foi também 
através do Jornal Sem Terra a ampliação do debate. O JST foi um veículo de comunicação 
de extrema importância para atender os princípios da justiça social, que tinha como 
proposta a reforma agrária. Destinando-se as famílias que sofriam com a estrutura 
fundiária, projetando uma redistribuição, possibilitando seu acesso a elas. E com a 
formulação da Constituição de 1988 é promovido um conjunto de políticas públicas para 
diminuir essa desigualdade, afirmando que os “aspectos situacionais e o advento de 
identidades coletivas tornaram-se um preceito jurídico marcante para a legitimação de 
territorialidades específicas e etnicamente construídas”13. Em contrapartida, o papel da 
mídia que atinge a grande massa, dissemina o discurso de vandalização do movimento, 
carregado de preconceitos e menosprezo para com a busca de direitos dos camponeses. 
 
12 SAUER. SARAIVA, 2015, p.32 
13 COSTA FILHO, 2010, p. 07 
 8 
 
CONFLITOS E DIREITOS INDIGÊNAS 
 
São antigos as lutas entre agricultores e indígenas contra latifundiários no Brasil, desde o 
período colonial, em que as terras eram administradas por diretorias que removiam e 
aldeavam os indígenas de suas terras. Os indígenas, atualmente, ainda sofrem com o 
cerceamento dos seus direitos e a continuidade da retirada dos seus territórios originais, 
de forma “legalizada”. Nossa constituição é ambígua quando tenta beneficiar dois grupos 
que possuem o mesmo fim, mas se utilizam de meios distintos para conquistarem seus 
interesses. Não é possível ser eficaz para com os indígenas e atender os interesses da 
classe latifundiária, algo que estava acontecendo recorrentemente, quando os órgão 
instituídos não eram eficazes acabavam corroborando com os proprietários de terras. 
Marechal Rondon, em meados de 1908, já havia proposto a criação de uma agência que 
estivesse preocupada com a causa indigenista, sendo formada em dois anos depois o 
extinto SPI (Serviço de Proteção do Índio). O fato é que, essa “proteção” que é garantida 
por esse órgão, estava expulsando os índios de seus locais de origem. A FUNAI 
(Fundação Nacional do Índio) foi instituída em 1967, com a sanção da Lei nº 5.371 em 5 
de dezembro, para promover trabalhos inerentes a manutenção do estilo de vida dos 
indígenas brasileiros. 
Os Guajajaras foram, um dos muitos, que revoltados com os intentos das classes 
latifundiárias, massacraram a população dos municípios de Barra do Corda e Grajaú no 
Maranhão. Considerada como o; “[...] maior massacre de índios contra brancos da história 
do Brasil.”14 Foram mortos padres, religiosos italianos que se estabeleceram na região, 
freiras capuchinhas, adolescentes do internato, lavradores e agricultores da 
circunvizinhança . “Os guajajara mataram aproximadamente 200 pessoas.”15 
Os Krikatis, outro grupo indígena, teve seus territórios resguardados pela política da 
época, que asseguravam a demarcação de suas terras. Mas a não homologação causou 
conflitos e invasões de não-índios em suas terras. 
[...] a área dos Krikatis foi demarcada em 1997, no entanto, não foi 
homologada, constituindo, dessa forma, palco de conflitos [...].16 
O levantamento histórico do conflito entre os índios e os fazendeiros da região 
revela o forte jogo de poder e atuação deficiente da FUNAI, que ora defendia 
os interesses dos índios, ora favorecia aos fazendeiros.17 
Os latifundiários, por sua vez, afirmavam que era um exagero a extensão de terras 
concedidas pelo governo aos índios. Já os índios, tentavam intensamente proteger seus 
 
14 O Massacre do Alto Alegre .Turma da Barra Online. Disponível em: 
<http://www.turmadabarra.com/histo2.htm>. 
15 O Massacre do Alto Alegre .Turma da Barra Online. Disponível em: 
<http://www.turmadabarra.com/histo2.htm>. 
16 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 8 
17 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 8 
 9 
 
interesses pela terra. Salientando que muito antes da existência do Estado, esses indígenas 
já se encontravam nesses locais desenvolvendo e mantendo seu estilo de vida e cultura. 
O projeto de lei de 1988 (CF/88), estabelece que o prazo máximo para demarcações é de 
5 anos para terras indígenas e ampliou os direitos dos nativos brasileiros, fomentando o 
respeito as diferenças e as suas lutas pela terra. Constituições anteriore traziam consigo, 
desde o Brasil colonial, uma pesadíssima carga de preconceitos em relação à o indígena 
que era tratado como inferior e deveria, de todo modo, se encaixar nos novos padrões 
estabelecidos pelos os brancos. 
 
DEMARCAÇÃO DAS TERRAS E A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE 
INDÍGENA 
 
A terra para o índio como um espaço permanência, além de oferecer os recursos 
necessários para sua sobrevivência, simboliza sua relação com sua ancestralidade, 
tradições e identidade. E desde a ocupação dos colonos no território brasileiro, é 
apresentado todas as retaliações sofridas pelos grupos indígenas para assegurar sua terra, 
assim como suas estratégias de resistência para questionar essa nova forma de 
organização social. Buscando o aparato da legalidade como base da luta, depois de várias 
ações, a classe indígena conquista na Constituição Federal, o 1º parágrafo do artigo 231: 
 
São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em 
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as 
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, 
costumes e tradições. 
 
Esse avanço significativo, representa uma garantia validada pelo Estado Democrático de 
Direito, que contemplem as especificidades dos grupos indígenas, como sua demarcação 
territorial. Evitando ataques de fazendeiros movidos por interesses econômicos, no 
desenvolvimento do agronegócio. Para além desse aspecto, o reconhecimento da 
legislação preserva a diversidade dos troncos étnicos e culturais dos povos maternos da 
construção da nação brasileira. Segundo a Fundação Nacional dos Índios (FUNAI), 
existem hoje 462 terras indígenas regularizadas, que representam cerca de 12,2% do 
território brasileiro. Dado que apresenta ainda todas as falhas e desafios que aparelho 
estatal herdou dos processos desde a colonização. 
 
 10 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Um equívoco, observado pelos autores do artigo proposto e estudado, é que se coloca em 
um mesmo patamar as lutas indígenas pelo direito das terras originais e o movimento dos 
camponeses, como MST. O grande diferencial é que, em meio à o predomínio da classe 
latifundiário que aglutinou durante muitos anos, por meios até criminosos, enormes 
extensões de terras. Enquanto o camponês que está à mercê dos proprietários de terras e 
do governo que, muitas vezes, converge aos interesses dos latifundiários. Observando o 
desenrolar dos fatos vividos, e por consequência, esses camponeses por não terem opção 
se não a de lutar, organizaram e ainda organizam formas de combater esses interesses e 
lutar pela reforma agrária. Já os grupos indígenas tem o direito constitucional à 
demarcação de suas terras originais, tanto por meios históricos quanto antropológicos, 
para que mantenham seu modo de vida. Mas a ineficiência dos órgãos constituídos para 
assegurar essas terras e os direitos, não conseguem cumprir sua missão eficazmente 
gerando problemas e conflitos entre fazendeiros e indígenas. O discurso latifundiário, 
principalmente influenciado pelo conservadorismo, é que a vastas extensões de terras 
dadas a grupos indígenas que poderiam ser produtivas, não estão sendo cultivadas nem 
“cuidadas” por esses que estãoamparados pelas leis de proteção aos indígenas. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
PEREIRA, Mauro André Damasceno. PAIVA, Meirislei Gama. Os indígenas e sua luta 
pela terra: um estudo comparativo com o MST. 2013. Artigo Científico - Curso de Direito 
da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB), São Luís - MA. 
DA SILVA, Diógenes Luiz. Do latifúndio ao agronegócio: os adversários do MST no 
Jornal Sem Terra. 2013. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação de 
Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Universidade Federal 
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 
ECKERT, Córdula. Movimento dos Agricultores sem Terra no Rio Grande do Sul (1960-
1964). 1984. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências de 
Desenvolvimento Agrícola. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 
 11 
 
JÚNIOR, Antonio Thomaz. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias 
Sociales.Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] Nº15, 15 de enero de 1998. 
Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn-15.htm#N_1_>. Acesso em: 6 nov. 2018. 
RICCI, Rudá. A CONTAG no governo de transição: um ator a procura de um texto. 
Caderno CEDEC, São Paulo, n.15, 1990. 
QUEM SOMOS. CONTAG. Disponível em: <http://www.contag.org.br>. Acesso em: 6 
nov. 2018. 
LIMA, Antonio Carlos Gomes. Reportagem sobre O Massacre do Alto Alegre. Um pouco 
da história do Barra do Corda. Turma da Barra Online. 2001. Disponível em: 
<http://www.turmadabarra.com/histo2.htm>. Acesso em: 6 nov. 2018. 
SAUER, Sérgio; SARAIVA, Regina C.F.; MEDEIROS, L.S.; VIANA, G; PORTO, C.A. 
(coords.). Relatório final: Violações de direitos no campo – 1946 a 1948. Relatório da 
 Comissão Camponesa da Verdade (CCV), Brasília, Senado Federal, 2014 (Relatório de 
pesquisa) – prelo e disponível em: 
<http://www.contag.org.br/arquivos/portal/file/site/Relatorio%20Final%20Comissao%2
0Camponesa%20da%20Verdade%2009dez2014.p>. Acesso em: 5 nov. 2018. 
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Ambientais. GESTA UFMG. 2010. Disponível em: 
<http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/producaoacademica/categoria/artigos/?pesqui
sa-titulo=&pesquisa-autor=ADERVAL+COSTA+FILHO&pesquisa-ano=>. Acesso em: 
5 nov. 2018. 
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