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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS I CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE HISTÓRIA – LICENCIATURA PLENA DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA ALINE RAFAELLI GOMES ALEXANDRE SANTOS EMERSON MARCELINO ALVES SILVA AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. CAMPINA GRANDE 2018 1 ALINE RAFAELLI EMERSON MARCELINO ALVES SILVA AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. Trabalho de pesquisa Cientifica do curso de Licenciatura Plena em História, da Universidade Estadual da Paraíba, com objetivo de complementação da nota da segunda unidade do componente curricular de Índigena. Prof. Dr. Juvandí de Souza Santos. CAMPINA GRANDE 2018 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 Estrutura Fundiária como organização e administração do Brasil Colônia 04 Movimentos e lutas camponesas ...................................................................... 05 Articulação das lutas populares por justiça social ........................................ 07 Conflitos e Direitos Indígenas ........................................................................... 08 Demarcação das terras e a preservação da identidade indígena .................. 09 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 10 AS DIFERENÇAS ENTRE O MOVIMENTO CAMPONÊS EM FAVOR À REFORMA AGRÁRIA E AO DIREITO À TERRA DOS INDÍGENAS. RESUMO Este artigo tem por objetivo, mostrar os contexto e diferenças que levaram a instituição de leis relativas a reforma agrária e direito dos indígenas a terra no Brasil. Relatar fatos históricos inerentes à formação dos latifúndios, antropologicamente problematizar os efeitos do período colonial a distribuição de terras e descaso do Estado em relação aos camponeses e grupos indígenas a mercê dos latifundiários e seus interesses econômicos. Analisar a descrição criminalizante dirigida a esses movimentos pela mídia-publicitaria de cunho político e econômico. Buscando reforçar a ideia da diferença de ambos os movimentos estudados. Palavras-Chave: MST. Lutas. Revoltas. Camponeses. Constituição. Leis. Direitos. Índios. 3 THE DIFFERENCES BETWEEN THE PEASANT MOVEMENT IN FAVOR OF AGRARIAN REFORM AND THE RIGHT TO LAND OF THE INDIGENOUS. ABSTRACT This article aims to show the context and differences that led to the imposition of laws concerning agrarian reform and the right of indigenous people to land in Brazil. Report historical facts inherent to the formation of the latifungal, anthropologically problematize the effects of the colonial period the distribution of land and discase of the State in relation to the peasants and indigenous groups to the mercy of the landowners and their interests Economic. Analyze the criminalizing description addressed to these movements by the media-advertising of political and economic nature. Seeking to reinforce the idea of the difference of both movements studied. Keywords: MST. Fights. Riots. Peasants. Constitution. Laws. Rights. Indians. INTRODUÇÃO Todas essas questões de lutas entre “proprietários de terras, camponeses sem terras e indígenas começaram por volta de 1530. No Brasil teve destaque as capitanias hereditárias que posteriormente, tornou-se em uma instituição jurídica apoiada e sancionada pela coroa portuguesa. Sesmarias assim denominadas, eram lotes regulamentados e distribuídos a beneficiários que possuíam condição de destinar as terras à produção agrícola e/ou pecuária. Como poucas pessoas receberam esses lotes de terras, vastas extensões de terras caracterizavam latifúndios como explica SILVA (2008)1; afirma que latifúndio é, de fato, um “Vasto domínio rural nas mãos de um proprietário, no qual se pratica um tipo de agricultura ou de criação que não se exige grandes investimentos [...].” Nos debates dos anos 1950, havia uma preocupação, não apenas no Brasil mas em toda a América Latina, quanto às delimitações do que se convencionou chamar de “latifúndio”. DA SILVA, 2013.2 A obra as Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, descreve sobre os saques cometidos pelos colonizadores, piorando ainda mais a situação de miséria da população. Mesmo com as garantias constitucionais à reforma agrária e da função social da propriedade, a grande tradição latifundiária e o conservadorismo das autoridades estatais – principalmente o judiciário – o problema continua sem uma solução eficaz. PEREIRA, PAIVA. (2013, pág. 1) 3 1 Prof.(a) Dr. Lígia Osório Silva, na sua obra "Terras Devolutas e Latifúndio" (2008). 2 Prof. Me. Diógenes Luiz da Silva atualmente leciona em redes municipais do estado do Rio de Janeiro. 3 PEREIRA, PAIVA. (2013, pág. 1) 4 A proposta do artigo estudado é a de esclarecer sobre as diferenças entre a luta dos movimentos sociais, como: MST e os movimentos de demarcação das propriedade indígena. ESTRUTURA FUNDIÁRIA COMO ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO BRASIL COLÔNIA. A chegada dos portugueses no Brasil, com o objetivo de consolidar no território, uma colônia, para explorar suas riquezas e terras, deu início as primeiras estratégias de ocupação e administração. As capitanias hereditárias, primeiro sistema instalado, dividiu o Brasil em quinze grandes faixas, que estavam na responsabilidade dos donatários, agindo a cargo da coroa portuguesa. Entretanto, essa administração apresentou diversas falhas, sendo substituída pelas sesmarias, que perdurou por mais até o século XIX. Nessa estrutura, as capitanias seriam subdividas para que houvesse uma democratização das áreas, afim de atrair mais habitantes para o cultivo da terra. Uma manobra que continuou mantendo a concentração de terras nas mãos donatários, que começaram a ser conhecidos como os senhores de engenho. Com o crescente número da população, a maioria não detinha a posse de terras e tinham que se submeter as péssimas condições de trabalho oferecidas pelos latifundiários. Visto que não havia nenhum aparato legal que assegurasse direitos para esses sujeitos, chamados de posseiros, que eram expulsos pelos donos a partir do momento que não necessitassem da sua mão de obra. E essas insatisfações aumentaram com a criação da Lei de Terra em 1850, legitimando a posse de terra através de documentos que comprovassem a sua compra. Sendo uma realidade dos menos favorecidos, como os camponeses e ex-escravos que não possuíam renda. Em meio a essa desigualdade surgiram movimentos populares que pudessem se articular, para reivindicar melhores condições para essas classes, no caso, os camponeses. E no período republicano, as lutas de resistências são mais intensas, tanto pela demanda dos camponeses quanto dos grupos indígenas. Apesar de haver muitas heranças desse modelo fundiário no Brasil, é notório a abrangência que debate ganhou, juntamente com a atuação do Estado de Direito. Como afirma Laureano (2007): “na organização fundiária brasileira, o latifúndio, marca do Brasil colônia e do Brasil monárquico, foi mantido como marca da república. Dessa forma, acontecimentos como a guerra de Canudos ocorrem em momento histórico de resistência camponesa.”. E outros conflitos e tensões pela ocupação da terra intensificaram tanto por ameríndios quanto por camponeses. 5 OS MOVIMENTOS E LUTAS CAMPONESAS [...] as lutas pela terra são classificadas em três formas: as lutas messiânicas,as lutas radicais localizadas e espontâneas e as lutas organizadas com caráter ideológico e de alcance nacional. PEREIRA, PAIVA.4 O caipira, caiçara, tabaréu ou caboclo5, sofriam com a falta de terra que garantissem uma mínima qualidade de vida. É importante frisar que a exploração agrícola, neste contexto, era dualista sendo ela de subsistência e/ou mercado. Dentre muitos exemplos, temos o líder “messiânico” Antônio Cândido Conselheiro (1830 – 1897), que em Canudos (Bahia) provou a eficiência da promulgação da fé em detrimento da igualdade de todos. A cultura agrícola praticada na pequena aldeia às margens do rio Vaza-Barris era de subsistência. Sem a preocupação de produção em grande escalas, considerados como ameaça aos latifundiários que surgiam nessa mesma época. Em quase toda a América, houveram conflitos entre proprietários de terras e camponeses que almejavam um pedaço de terra. Os posseiros, que eram agricultores considerados radicais que invadiam terras devolutas ou improdutivas e exigiam do governo a desapropriação das enormes extensões de terras nas mãos da classe latifundiária, que em alguns casos, eram também invadidas por fazendeiros. Foi caso ocorrido na rodovia Rio – Bahia, no entanto, pouco tempo depois da desapropriação que foi exigida e realizada pelo governo houve o golpe militar que prendeu e torturou muitos desses lavradores. No Espirito Santo outro movimento surgiu em contrapartida aos posseiros, agora, em benefício dos latifundiários. Os grileiros, como assim eram chamados, falsificavam os documentos e colocavam dentro de uma gaveta com grilos, fazendo com que o papel ficasse ruído, com uma aparência de velho e amarelado por causa dos excrementos, para afirmar a veracidade. Esses mesmos grileiros quando não conseguiam expulsar através de documentos falsos, recebiam auxilio de tropas militares enviadas pelo governo para retirarem a força os posseiros, queimando suas propriedades e matando os que resistissem. Nesse contexto de lutas pela reforma agrária entre camponeses e proprietários de terras, foram formadas três grandes organizações: a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB) fundada em São Paulo, no ano de 1954, tendo como líder Lindolfo Silva6. Responsável pela criação e manutenção de associações voltadas aos lavradores que já se organizavam em movimentos e lutas, posteriormente, essas associações se transformaram em sindicatos. As Ligas Camponesas que foi um dos mais importantes movimentos em prol da reforma agraria e melhorias na condições de vida dos agricultores. Esses foram abafados pelo governo de Getúlio Vargas , mas retomaram as atividades de forma mais intensa até 1964. Eram auxiliados pelo advogado e deputado, na época, Francisco Julião Arruda de Paula que foi convidado para defender a causa da associação, segundo seu próprio relato. Sobre o Movimento de Agricultores Sem Terra 4 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 3 5 Como eram chamados os camponeses no Sul e Norte do Brasil. 6 Nessa época um militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). 6 (Master), A tese do doutor pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Córdula Eckert afirma que: O Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master) foi fundado em 1960 enquanto acontecia uma tentativa de retomada de uma área de 1.800 hectares no interior do município de Encruzilhada do Sul que há 50 anos estava em poder de 300 famílias de posseiros7. O ano de 1962 foi marcado pela organização sindical rural pelos camponeses que defendiam em seus discurso a distribuição justa das terras. Ocorreu em Natal a primeira Convenção Brasileira de Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Mas vale salientar que já existiam tentativas de consolidar sindicatos a mais de 50 anos antes, como aponta a edição nº 15 da Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Scripta Nova da Universidade de Barcelona (Universitat de Barcelona – UB). Porém, desde 1903, se registram as primeiras tentativas (no plano legal) de organização sindical do trabalhador rural. No entanto, através do Decreto 979, as intenções já apontavam para o cerceamento da liberdade de organização dos trabalhadores rurais, principalmente os colonos do café, que iniciavam movimentos de resistência e contestatórios às condições de trabalho vigentes.8 Porém, esse decreto foi revogado em 1933. Getúlio Vargas, oito anos mais tarde, revisa o decreto e cria a Comissão Interministerial da Sindicalização Rural, que segundo o sociólogo Ricci (1992)9: “procurou-se aperfeiçoar a legislação patronal (lei estadual 1299-A, que em 1919 será reformulada (Decreto 13.706)”. A Igreja Católica, não ficando a pá da situação, promoveu vínculos com sindicatos que foram importantes nas lutas pelo direito a terras. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi uma organização fundada em plena ditadura militar, com a missão de combater o agravamento da situação vivida pelos trabalhadores rurais, submetidos a trabalhos forçados e/ou expulsos das suas terras, na região amazonense. Esse órgão influenciou diretamente o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 1985. O CONTAG (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), tendo uma missão que abrangia mais classes, se consolidou a mais de 50 anos lutando pelo direito dos que vivem do campo.10 A grande maioria dos conflitos travados entre camponeses e proprietários de terras eram armados, sem que nenhum órgão interferisse nas ações de ambos os lados. Muitas vidas foram ceifadas nessas lutas em que o governo abafou, dando créditos e criminalizando os camponeses revoltados.11 7 ECKERT, 1984, p.67 8 \ 9 RICCI, Rudá. 1990, pág. 3 10 [...] luta pelos direitos de mais de 15,7 milhões (PNAD/IBGE, 2009) de homens e mulheres do campo e da floresta, que são agricultores(as) familiares, acampados(as) e assentados(as) da reforma agrária, assalariados(as) rurais, meeiros, comodatários, extrativistas, quilombolas, pescadores artesanais e ribeirinhos. (QUEM SOMOS. CONTAG. Disponível em: <http://www.contag.org.br>.) 11 No ano de 1970, houve várias revoltas camponesas o que levou o governo a criar o Grupo Executivo das Terras do Araguaia - Tocantins e o Gebam (Grupo Executivo do Baixo Amazonas) que prendiam os camponeses revoltosos, [...] (PEREIRA, Mauro André Damasceno. PAIVA, Meirislei Gama. 2013, pág. 4). 7 ARTICULAÇÃO DAS LUTAS POPULARES POR JUSTIÇA SOCIAL No Brasil, um dos países com os maiores latifundiários e concentração de terras, formalizou o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) que reivindicavam políticas públicas que viabilizasse o acesso a própria terra, principalmente após a Lei da Terra (1850). Com a contribuição de outras frentes, entre elas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), começaram a produzidos debates e articulações para compreender a origem da desigualdade e miséria do país. O movimento foi consolidado em 1985, ganhando uma grande dimensão, ocupando a maioria dos estados brasileiros. Mas esse espaço foi conquistado com muita luta e resistência por parte dos defensores da estrutura fundiária, como União Democrática Ruralista (UDR). Uma associação de viés conservador, que detinha controle na esfera política, com uma bancada no Congresso Nacional, interferindo nas demandas dos camponeses. E mesmo com a organização, o sujeito do campo não tinha voz dentro do cenário político, visto que seu discurso era deslegitimado pelos mecanismos do aparelho estatal, que não reconhecia seu lugar social. Sendo através do aparato da legalidade que os camponeses alcançariam algo concreto, como defendem os autores: “único caminho para, além de resgatar a história e materializar reconhecimentos, viabilizar possíveis formas de reparação” 12. A luta para afrontar o acúmulo de terras,com a democratização das mesmas, em busca de uma sociedade mais justa no desenvolvimento econômicos e sociais, são os norteadores do MST. Além de estarem promovendo discussões em congressos, sindicatos, entre outros espaços, foi também através do Jornal Sem Terra a ampliação do debate. O JST foi um veículo de comunicação de extrema importância para atender os princípios da justiça social, que tinha como proposta a reforma agrária. Destinando-se as famílias que sofriam com a estrutura fundiária, projetando uma redistribuição, possibilitando seu acesso a elas. E com a formulação da Constituição de 1988 é promovido um conjunto de políticas públicas para diminuir essa desigualdade, afirmando que os “aspectos situacionais e o advento de identidades coletivas tornaram-se um preceito jurídico marcante para a legitimação de territorialidades específicas e etnicamente construídas”13. Em contrapartida, o papel da mídia que atinge a grande massa, dissemina o discurso de vandalização do movimento, carregado de preconceitos e menosprezo para com a busca de direitos dos camponeses. 12 SAUER. SARAIVA, 2015, p.32 13 COSTA FILHO, 2010, p. 07 8 CONFLITOS E DIREITOS INDIGÊNAS São antigos as lutas entre agricultores e indígenas contra latifundiários no Brasil, desde o período colonial, em que as terras eram administradas por diretorias que removiam e aldeavam os indígenas de suas terras. Os indígenas, atualmente, ainda sofrem com o cerceamento dos seus direitos e a continuidade da retirada dos seus territórios originais, de forma “legalizada”. Nossa constituição é ambígua quando tenta beneficiar dois grupos que possuem o mesmo fim, mas se utilizam de meios distintos para conquistarem seus interesses. Não é possível ser eficaz para com os indígenas e atender os interesses da classe latifundiária, algo que estava acontecendo recorrentemente, quando os órgão instituídos não eram eficazes acabavam corroborando com os proprietários de terras. Marechal Rondon, em meados de 1908, já havia proposto a criação de uma agência que estivesse preocupada com a causa indigenista, sendo formada em dois anos depois o extinto SPI (Serviço de Proteção do Índio). O fato é que, essa “proteção” que é garantida por esse órgão, estava expulsando os índios de seus locais de origem. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) foi instituída em 1967, com a sanção da Lei nº 5.371 em 5 de dezembro, para promover trabalhos inerentes a manutenção do estilo de vida dos indígenas brasileiros. Os Guajajaras foram, um dos muitos, que revoltados com os intentos das classes latifundiárias, massacraram a população dos municípios de Barra do Corda e Grajaú no Maranhão. Considerada como o; “[...] maior massacre de índios contra brancos da história do Brasil.”14 Foram mortos padres, religiosos italianos que se estabeleceram na região, freiras capuchinhas, adolescentes do internato, lavradores e agricultores da circunvizinhança . “Os guajajara mataram aproximadamente 200 pessoas.”15 Os Krikatis, outro grupo indígena, teve seus territórios resguardados pela política da época, que asseguravam a demarcação de suas terras. Mas a não homologação causou conflitos e invasões de não-índios em suas terras. [...] a área dos Krikatis foi demarcada em 1997, no entanto, não foi homologada, constituindo, dessa forma, palco de conflitos [...].16 O levantamento histórico do conflito entre os índios e os fazendeiros da região revela o forte jogo de poder e atuação deficiente da FUNAI, que ora defendia os interesses dos índios, ora favorecia aos fazendeiros.17 Os latifundiários, por sua vez, afirmavam que era um exagero a extensão de terras concedidas pelo governo aos índios. Já os índios, tentavam intensamente proteger seus 14 O Massacre do Alto Alegre .Turma da Barra Online. Disponível em: <http://www.turmadabarra.com/histo2.htm>. 15 O Massacre do Alto Alegre .Turma da Barra Online. Disponível em: <http://www.turmadabarra.com/histo2.htm>. 16 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 8 17 PEREIRA, PAIVA. 2013, pág. 8 9 interesses pela terra. Salientando que muito antes da existência do Estado, esses indígenas já se encontravam nesses locais desenvolvendo e mantendo seu estilo de vida e cultura. O projeto de lei de 1988 (CF/88), estabelece que o prazo máximo para demarcações é de 5 anos para terras indígenas e ampliou os direitos dos nativos brasileiros, fomentando o respeito as diferenças e as suas lutas pela terra. Constituições anteriore traziam consigo, desde o Brasil colonial, uma pesadíssima carga de preconceitos em relação à o indígena que era tratado como inferior e deveria, de todo modo, se encaixar nos novos padrões estabelecidos pelos os brancos. DEMARCAÇÃO DAS TERRAS E A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE INDÍGENA A terra para o índio como um espaço permanência, além de oferecer os recursos necessários para sua sobrevivência, simboliza sua relação com sua ancestralidade, tradições e identidade. E desde a ocupação dos colonos no território brasileiro, é apresentado todas as retaliações sofridas pelos grupos indígenas para assegurar sua terra, assim como suas estratégias de resistência para questionar essa nova forma de organização social. Buscando o aparato da legalidade como base da luta, depois de várias ações, a classe indígena conquista na Constituição Federal, o 1º parágrafo do artigo 231: São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem- estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Esse avanço significativo, representa uma garantia validada pelo Estado Democrático de Direito, que contemplem as especificidades dos grupos indígenas, como sua demarcação territorial. Evitando ataques de fazendeiros movidos por interesses econômicos, no desenvolvimento do agronegócio. Para além desse aspecto, o reconhecimento da legislação preserva a diversidade dos troncos étnicos e culturais dos povos maternos da construção da nação brasileira. Segundo a Fundação Nacional dos Índios (FUNAI), existem hoje 462 terras indígenas regularizadas, que representam cerca de 12,2% do território brasileiro. Dado que apresenta ainda todas as falhas e desafios que aparelho estatal herdou dos processos desde a colonização. 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um equívoco, observado pelos autores do artigo proposto e estudado, é que se coloca em um mesmo patamar as lutas indígenas pelo direito das terras originais e o movimento dos camponeses, como MST. O grande diferencial é que, em meio à o predomínio da classe latifundiário que aglutinou durante muitos anos, por meios até criminosos, enormes extensões de terras. Enquanto o camponês que está à mercê dos proprietários de terras e do governo que, muitas vezes, converge aos interesses dos latifundiários. Observando o desenrolar dos fatos vividos, e por consequência, esses camponeses por não terem opção se não a de lutar, organizaram e ainda organizam formas de combater esses interesses e lutar pela reforma agrária. Já os grupos indígenas tem o direito constitucional à demarcação de suas terras originais, tanto por meios históricos quanto antropológicos, para que mantenham seu modo de vida. Mas a ineficiência dos órgãos constituídos para assegurar essas terras e os direitos, não conseguem cumprir sua missão eficazmente gerando problemas e conflitos entre fazendeiros e indígenas. O discurso latifundiário, principalmente influenciado pelo conservadorismo, é que a vastas extensões de terras dadas a grupos indígenas que poderiam ser produtivas, não estão sendo cultivadas nem “cuidadas” por esses que estãoamparados pelas leis de proteção aos indígenas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PEREIRA, Mauro André Damasceno. PAIVA, Meirislei Gama. Os indígenas e sua luta pela terra: um estudo comparativo com o MST. 2013. Artigo Científico - Curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB), São Luís - MA. DA SILVA, Diógenes Luiz. Do latifúndio ao agronegócio: os adversários do MST no Jornal Sem Terra. 2013. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). ECKERT, Córdula. Movimento dos Agricultores sem Terra no Rio Grande do Sul (1960- 1964). 1984. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências de Desenvolvimento Agrícola. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 11 JÚNIOR, Antonio Thomaz. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales.Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] Nº15, 15 de enero de 1998. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn-15.htm#N_1_>. Acesso em: 6 nov. 2018. RICCI, Rudá. 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