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Unidade 1 2 Textos de ficção

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TEXTOS 
FUNDAMENTAIS DE 
FICÇÃO EM LÍNGUA 
INGLESA
Márcia Costa Bonamin
 
Narrator, narrative voice 
and narrative point of view
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Caracterizar o narrador do texto de ficção.
 � Definir o ponto de vista narrativo.
 � Identificar as vozes do texto de ficção.
Introdução
Alguns elementos são essenciais na elaboração de textos de ficção. 
Seja uma história fantástica, fruto da imaginação de seu autor, ou uma 
recriação de um fato da vida real, existe uma estrutura textual comum 
a todas elas. Assim, temos: enredo (plot), espaço (setting), personagens 
(character), ponto de vista (point of view) e tema (theme). Todos têm seu 
papel, mas é a partir da perspectiva do narrador que o leitor irá construir 
seu entendimento do texto.
Neste capítulo, você irá aprender as características dos narradores 
de texto de ficção, a voz ou as vozes narrativas que irão permear história 
e como o ponto de vista narrativo irá conduzir o leitor a interpretar a 
história sob determinado ângulo e influenciá-lo em sua interpretação. 
Narrador (narrator)
Quem é o narrador? Autor e narrador se confundem? Bem, o narrador é o ser 
que conta a história. Leitor e autor pertencem ao mundo real. Já o narrador 
faz parte do mundo fictício com todos aqueles outros elementos dos textos 
de ficção, sejam romances, novelas, peças, poemas, entre outros. É a partir 
do enfoque que o narrador nos dá ao discorrer sobre determinado tema que 
iremos julgar os acontecimentos que estão sendo expostos.
A novela literária (não confundir com telenovela) é um texto de ficção semelhante a um 
romance. Entretanto, é um texto mais curto e tem o foco no evento, não explorando 
os personagens tão detalhadamente. O gênero novella teve origem nos primórdios da 
Renascença, na literatura italiana, especialmente com Boccacio. Na literatura americana, 
temos um exemplo clássico no livro “A Volta do Parafuso” (The Turn of the Screw), escrita 
por Henry James em 1898. 
Fonte: PUCRS (2010). 
Foi principalmente a partir do surgimento da novela, no século XIX, que 
a teoria literária começou a investigar mais de perto a figura do narrador. Até 
então, o foco era em poemas (incluindo os poemas épicos e líricos), nos quais 
a figura do narrador é geralmente associada à do próprio autor do texto. Outra 
característica, segundo Huhn e Sommer (2012), mais comum na poesia lírica, 
é situar o desenvolvimento da história no presente, com o conflito sendo resol-
vido no final. O romance, por sua vez, embora seja uma narrativa em prosa, 
também apresenta características semelhantes, apesar de ter um movimento 
de personagens e narrador(es) mais elaborado e complexo.
Há muitas coisas que temos que saber sobre o narrador, especialmente 
porque ele pode ser muito diferente do autor. Quanto mais o conhecemos, 
melhor nos situamos na história e melhor podemos entender e analisar a 
mensagem que ele pretende transmitir-nos. Quando lemos, temos que ficar 
atentos quanto às características do narrador, pois ele pode ser, ou não, um 
dos personagens no texto. Assim, como detetives literários, devemos ater-nos 
a algumas pistas que nos são dadas para estabelecer a real identidade desse 
elemento. A partir da narrativa, você pode descobrir, dentre outros, o sexo, 
a idade, a religião ou mesmo o local de onde provém ou vive esse narrador, 
mesmo que isso não esteja explícito no texto.
Imagine, então, uma história que esteja situada nos Estados Unidos do 
século XIX. O narrador passa a descrever um dos personagens desse modo: 
“After leaving her flat, Lilian took a taxi and went to the cinema”. Ora, esse 
trecho apresenta um vocabulário típico da versão inglesa (na versão americana 
ficaria “After leaving her apartment, Lilian took a cab and went to the movie 
theater”). Daí, podemos concluir que o narrador é de algum país que utiliza 
o inglês na versão britânica (Inglaterra, Irlanda, Escócia, Nova Zelândia, 
Narrator, narrative voice and narrative point of view2
Austrália, dentre outros). A partir de então, poderíamos esperar que outros 
aspectos culturais dos britânicos pudessem ser descobertos no decorrer do texto.
Além disso, se o narrador utilizar gírias constantemente ou expressões que 
sejam típicas de adolescentes, podemos inferir sua idade. Talvez até mesmo 
um vocabulário mais simples ou expressões idiomáticas possam indicar-nos 
sua condição social ou região de origem. No romance The Adventures of 
Huckleberry Finn, escrito por Mark Twain, em 1884, o narrador, sendo uma 
criança, faz algumas observações acerca dos personagens com quem interage 
que poderíamos julgar equivocadas, mas que têm a ver com sua falta de 
vivência e inocência.
A narrativa pode, inclusive, indicar algum tipo de estereótipo ou pre-
conceito por parte do narrador. Isso irá afetar nossa avaliação quanto à 
credibilidade, ou não, que daremos àquele elemento, embora estejamos 
cientes de que estamos no contexto da ficcionalidade, ou seja, tudo é, ao 
mesmo tempo, real e fictício. Booth (1961), que inicialmente abordou o 
conceito de um narrador não confiável, afirma que o leitor pode distingui-lo 
observando se ele segue as normas propostas pelo autor, com o que pode 
atestar sua credibilidade. Já Rabinowitz (1977) considera que o narrador 
não é confiável somente quando engana o leitor a partir de falsas alegações 
ou mentiras, que, eventualmente, serão descobertas no decorrer da história. 
Além do narrador desleal, podemos ter aqueles que percebemos não serem 
mentalmente estáveis, como o do livro Tell Tale Heart — escrito por Edgar 
Allan Poe em 1843 —, especialmente quando ele nos relata seus atos e 
pensamentos obscuros. Esse recurso é bastante comum em textos policiais 
ou de suspense, aplicado com o fim de criar um clima de certa instabilidade 
e prender o leitor até a resolução do conflito. 
O livro The Racketeer (“O Manipulador”, título em português), um suspense escrito 
por John Grisham em 2012, contém um típico exemplo de narrador não confiável. A 
história é contada em grande parte pelo protagonista Malcom Bannister, ex-fuzileiro 
naval americano. Agora um pacato advogado, envolve-se involuntariamente em uma 
transação ilícita e, para se livrar do cumprimento total de sua pena, faz um acordo com 
o FBI para delatar o criminoso que assassinou um juiz famoso. Resguardado por um 
programa de proteção a testemunhas, Bannister se envolve em uma trama complexa 
e deixa o leitor em dúvida sobre quem realmente foi o assassino do juiz.
3Narrator, narrative voice and narrative point of view
Portanto, ao ler ou analisar um texto literário a partir de seu narrador, 
temos sempre que examinar seu papel na história: é um personagem ou um 
observador? Se personagem, como relata os acontecimentos? Pode-se per-
ceber algum tipo de parcialidade ou talvez uma opinião tendenciosa sobre 
os acontecimentos? Se observador, é alguém que podemos nomear ou cuja 
identidade conseguimos inferir? Ou é algum narrador misterioso? Que tipo 
de credibilidade esse elemento nos passa? Qual é a sua autoridade para relatar 
os eventos, fazer suposições, descrever personagens e até nos informar como 
esses agem e pensam? Será que ele está apresentando tudo que sabe?
Do mesmo modo, também devemos questionar o porquê de o narrador estar 
contando aquela história de uma determinada maneira: seria uma confissão? 
Uma lição de moral? Quer vangloriar-se ou colocar-se como aquele que tudo 
sabe?
Um certo cuidado é necessário, nesse momento, para que não se confunda 
autor e narrador. Autor é aquele que escolhe tema, enredo, narrador e perso-
nagens e lhes dá vida própria. Narrador é aquele que nos leva a compreender 
a trama, que descreve os personagens e os acontecimentos. É aquele que 
nos leva a compreender a temática, ou temáticas, da história sob seu próprio 
ponto de vista. É essa visão do narrador que deve levar-nos a questionar seus 
julgamentos, seu modo de contar a história.
Bons autores costumamcriar narradores intrigantes, que nos levam a um 
mundo desconhecido e nos prendem a atenção até o final da leitura. Para esse 
fim, há múltiplos recursos literários que permitem a caracterização de vários 
tipos de narradores, bem como o modo como esses nos transmitirão a história. 
É a partir dessa voz narrativa que nos envolveremos com o enredo e que jul-
garemos os personagens — enfim, que mergulharemos no mundo da ficção.
Ponto de vista da narrativa (narrative point 
of view)
A narrativa é o tipo de texto a partir do qual os textos ficcionais são escritos. 
A narração envolve uma série de técnicas por meio das quais o autor apresenta 
sua história; dessas, destacamos, aqui, o ponto de vista narrativo. Quando 
examinamos as perspectivas do narrador, tendemos a observar o relaciona-
mento entre a pessoa que conta a história (o narrador) e os agentes referidos 
por ele (os personagens).
Podemos entender o “ponto de vista” do narrador sob dois ângulos distintos: 
(a) a relação do narrador com os acontecimentos da história, seja o narrador 
Narrator, narrative voice and narrative point of view4
parte dela ou não; (b) a relação do narrador com as questões e os personagens: 
se ele é solidário, se apoia determinada prática ou tem certa ideologia. O 
primeiro item tem a ver com a própria estruturação do texto: uma história 
precisa ser contada e há diferentes modos de abordá-la para que os leitores 
possam processá-la diferentemente. Já o segundo item é mais ideológico: ocorre 
especialmente quando a narrativa é feita em primeira pessoa e se refere ao 
modo pelo qual o narrador percebe e avalia as várias questões que a história 
pode abordar. O narrador analisa e transmite ao leitor conflitos e inquietações 
sob seu ponto de vista. 
Dependendo do tema, do propósito e dos leitores-alvo, os escritores de 
textos ficcionais podem usar o ponto de vista de primeira, segunda ou terceira 
pessoa. Essa última, além disso, pode ser subdividida em terceira pessoa 
objetiva, limitada e onisciente. Cada um desses termos se refere a um modo 
especifico de narração definido pela distância do narrador da história e pelo 
quanto o narrador revela sobre os pensamentos e sentimentos dos personagens. 
Vamos conhecê-los um pouco mais?
A escolha do ponto de vista afeta significativamente tanto a experiência do 
leitor quanto o tipo de informação que o autor deseja passar. A narrativa em 
primeira pessoa cria uma grande intimidade entre o leitor e a história, enquanto 
a terceira pessoa permite ao autor adicionar maior complexidade ao enredo 
e ao desenvolvimento de diferentes personagens. Historicamente, o ponto 
de vista em primeira pessoa era comum nos chamados romances epistolares 
(baseado em documentos) até o século XVIII. Posteriormente, caíram em 
desuso com a popularização das “novelas”, especialmente no século XX, e a 
utilização de pontos de vista diversos.
Os romances epistolares se referem a narrativas baseadas especialmente em cartas 
– daí o nome que, derivado do latim, significa carta, epístola. Também são conside-
rados integrantes desse gênero os diários, os artigos jornalísticos e as mensagens 
eletrônicas. O objetivo desse recurso literário é fornecer maior credibilidade ao 
enredo, e a história é narrada em primeira pessoa. Os romances epistolares foram muito 
difundidos até o século XVIII, quando caíram em declínio. Exemplos na literatura: 
“O diário de Anne Frank”, de sua própria autoria, e “A Cor Púrpura”, de Alice Walker 
(SANTANA, 2018).
5Narrator, narrative voice and narrative point of view
Narração em primeira pessoa
Nesse modo, o narrador é usualmente o protagonista ou o personagem cen-
tral da história – mesmo que não o seja, ele ou ela é quem está contando os 
acontecimentos em primeira mão. Entretanto, é uma testemunha incompleta 
dos fatos, porque não lhe é permitido ver ou compreender tudo que se passa 
com os outros personagens, além de que, possivelmente, tem sua objetividade 
comprometida pelo seu modo pessoal de julgar os eventos. Exemplos:
 � Narração em primeira pessoa, narrador protagonista: livro The Catcher 
in the Rye (1951), de J. D. Salinger. O personagem Holden Caulfield é 
o narrador e o protagonista que conta sua própria história.
 � Narração em primeira pessoa em que o narrador não é o protagonista: 
The Great Gatsby (1925), de F. Scott Fitzgerald. A história é narrada 
por Nick Carraway, mas o protagonista é Jay Gatsby. 
É fácil identificar que a história está sendo narrada em primeira pessoa, es-
pecialmente porque o narrador usa os pronomes I, me, my, our, us, we. Observe 
o exemplo a seguir e note que o narrador descreve seus próprios pensamentos 
e atitudes na obra The Sun also Rises (1926), de Ernest Hemingway:
I could picture it. I have a habit of imagining the conversations between 
my friends. We went out to the Cafe Napolitain to have an aperitif and watch 
the evening crowd on the Boulevard.
Narração em segunda pessoa
Nessa modalidade, não muito comum em textos ficcionais, você (you) é o 
agente. Nesses casos, é sugerido que o leitor (você) seja também um elemento 
participante da história. Em textos não literários, como receitas e manuais de 
instrução, esse recurso é muito utilizado. Nesses casos, o uso do imperativo 
é frequente e implica que o discurso está sendo dirigido a “você”. Em Bright 
Lights, Big City, obra escrita pelo americano Jay McInterney (1984), vemos o 
emprego desse modo narrativo, possivelmente para demonstrar que o narrador 
observa sua vida à distância, a fim de se ligar melhor com seus traumas. O 
trecho a seguir reproduz essa ideia: 
You keep thinking that with practice you will eventually get the knack of 
enjoying superficial encounters, that you will stop looking for the universal 
Narrator, narrative voice and narrative point of view6
solvent, stop grieving. You will learn to compound happiness out of small 
increments of mindless pleasure.
Fonte: McInterney (1984).
Narração em terceira pessoa
A narração em terceira pessoa fornece grande flexibilidade ao autor, pois 
os pronomes he, she e it podem representar vários personagens da história. 
O narrador pode fazer parte, ou não, dos eventos, ser um personagem de 
apoio ou secundário. O uso frequente dos pronomes he, she, them, they, 
him, her, his, their indica que a passagem é narrada segundo a perspectiva 
de um observador.
Sendo o modo mais frequente de narração na literatura, a narração em 
terceira pessoa é frequentemente subdivida em dois ângulos: o primeiro com um 
caráter mais objetivo (terceira pessoa objetiva), em que os fatos são abordados 
de modo mais lógico e direto, e outro que contempla a subjetividade (terceira 
pessoa limitada e onisciente), com o narrador geralmente capaz de entender 
a mente dos personagens. Assim, as emoções e motivações dos personagens 
podem ser inferidas pelo leitor ou explicitamente reveladas pelo narrador. 
Vamos ver, com mais detalhes, como isso acontece.
Terceira pessoa objetiva
Nessa modalidade, o narrador conta a história em terceira pessoa, mas somente 
descreve os comportamentos das pessoas e o diálogo. Ele não revela nada sobre 
pensamentos ou sentimentos dos personagens. No trecho a seguir, extraído 
do livro The Hills like elephants (1927), de Ernest Hemingway, veja como o 
autor descreve o local e os acontecimentos, utilizando adjetivos descritivos, 
sem interferir na história com sua opinião. Nomes e pronomes indicando a 
terceira pessoa estão destacados.
The hills across the valley of the Ebro were long and white. On this side, 
there was no shade and no trees and the station was between two lines 
of rails in the sun. Close against the side of the station there was the warm 
shadow of the building and a curtain, made of strings of bamboo beads, 
hung across the open door into the bar, to keep out flies. The American 
and the girl with him sat at a table in the shade, outside the building. 
7Narrator, narrative voice and narrative point of view
O cenário onde os personagens se encontram é descrito:as montanhas, a 
estação de trem, o bar e o local onde os personagens se encontram.
Terceira pessoa onisciente
O narrador onisciente parece ter acesso às ações e aos pensamentos dos perso-
nagens e parece estar presente em todos os locais e eventos que fazem parte da 
obra. Assim, participa de toda a trama, que é narrada sob seu ponto de vista. 
No trecho que segue, da obra Anna Karenina (1877), de Leo Tolstoy, podemos 
notar que o narrador partilha os pensamentos de mais de um personagem 
(Vronsky e Kitty).
If he could have heard what her parents were saying that evening, if he 
could have put himself at the point of view of the family and have heard 
that Kitty would be unhappy if he did not marry her, he would have been 
greatly astonished, and would not have believed it. 
Vemos que o narrador conhece o pensamento de Vronsky e até sugere o 
que o personagem poderia fazer. Além disso, sabe que Kitty ficaria infeliz se 
não se casasse com Vronsky.
Terceira pessoa limitada
Muito semelhante às características da terceira pessoa onisciente, a terceira 
pessoa limitada conhece sentimentos, pensamentos e atitudes de um número 
limitado de personagens, ou, muitas vezes, de somente um. No trecho a seguir, 
do livro The Chamber of Secrets, de J. K. Rowling, o narrador descreve o que 
acontece com o personagem Harry Potter e como ele se sente.
Harry had taken up his place at wizard school, where he and his scar 
were famous … but now the school year was over, and he was back with 
the Dursleys for the summer, back to being treated like a dog that had 
rolled in something smelly. The Dursleys hadn’t even remembered that 
today happened to be Harry’s twelfth birthday. Of course, his hopes hadn’t 
been high… [...]
Nessa perspectiva de narração, vemos que o foco do narrador está no 
personagem Harry Potter, suas atitudes e a relação desse com outros perso-
nagens. A Figura 1, a seguir, resume os principais pontos de vista narrativos.
Narrator, narrative voice and narrative point of view8
Figura 1. Principais pontos de vista narrativos.
Múltiplos narradores
Embora a tendência geral para obras literárias seja adotar um ponto de vista 
único em todo o livro, alguns autores têm experimentado outros pontos de 
vista, alternando a narrativa, por exemplo, com diversos personagens, em 
primeira, segunda ou terceira pessoas. A vantagem de usar esse recurso é 
explorar múltiplas perspectivas em uma única experiência, possibilitando que o 
leitor apreenda diferentes pontos de vista de pessoas de idades, classes sociais 
e gêneros diversos. Em alguns livros, até animais apresentam seu ponto de 
vista. Quando a narração está em primeira pessoa, o narrador pode utilizar o 
recurso da terceira pessoa para apresentar fatos em que ele ou ela não estariam 
presentes. Assim, uma história, por exemplo, pode ter uma seção narrada pelos 
pais, uma segunda pela criança e uma terceira pelo assistente social. Como 
resultado, é muito provável que esses personagens tenham olhares diferentes 
sobre o mesmo evento. A autora de Harry Potter, J. K. Rowling, utiliza muito 
9Narrator, narrative voice and narrative point of view
esses recursos alternando a terceira pessoa limitada, com foco em Harry, em 
outros personagens, além de apresentar, algumas vezes, a terceira pessoa 
onisciente, como em Harry Potter and the Sorcerer’s stone.
Narrador nos textos de ficção: voz narrativa 
(narrative voice)
Ao iniciar uma leitura, somos guiados pelo narrador (em primeira, segunda 
ou terceira pessoas) a entender a história a partir de seu ponto de vista. Assim, 
em geral, seguimos a sua “voz”, embora, por vezes, possamos discordar de 
sua visão de mundo ou desconfiar dos fatos que esse narrador nos apresenta. 
O termo “voz” na escrita ficcional tem, na realidade, dois significados 
principais. Voz é o estilo do autor, o traço que torna sua escrita única e que 
transmite a atitude, a personalidade e o caráter da sua obra. A escolha de 
palavras e do conteúdo, o tom da escrita e, até mesmo, a pontuação constituem 
a voz do autor. Em narrativas sob o ponto de vista de terceira pessoa, a voz do 
autor é mais consistente, permitindo ao leitor reconhecê-lo mais facilmente. 
Voz também significa a fala característica e os padrões de pensamento do 
narrador de uma obra de ficção. Cada pessoa tem seu modo particular de co-
locar as palavras, frases e ideias. Algumas são autoritárias, outras engraçadas, 
atenciosas, carinhosas, arrogantes ou talvez uma combinação desses elementos, 
formando, assim, uma personalidade única e complexa. No decorrer do texto, o 
leitor irá, com certeza, identificar esses e outros atributos no narrador e observar 
o seu comportamento a partir deles. Esses elementos irão caracterizar a sua voz.
Ao identificar a função da voz na literatura, é necessário considerar o grau 
de objetividade, confiabilidade e onisciência do narrador. A voz demonstra as 
características daquele que nos mostra a narrativa e que fornece personalidade 
à obra literária. Além disso, uma voz intensa e marcante impõe consistência 
e captura a atenção dos leitores.
Charles Dickens é tido como o mestre das vozes narrativas, além de em-
prestar vozes, também, aos seus personagens, muitos dos quais foram baseados 
em pessoas que ele realmente conhecia.
No exemplo a seguir, do livro The Italian Prisoner, da série The Uncom-
mercial Travellers, narrado em primeira pessoa, note que, na primeira frase, 
“Allow me to introduce myself” (Permita-me que me apresente), o narrador 
parece estar falando com o leitor. Isso, de algum modo, chama-nos a participar 
da trama e nos motiva a continuar a leitura. A sequência da frase (“first negati-
vely”) quebra um pouco a sequência do que esperaríamos quando conhecemos 
Narrator, narrative voice and narrative point of view10
uma pessoa pela primeira vez, pois, naturalmente, queremos causar uma boa 
impressão. Aí, então, podemos questionar o porquê desse narrador começar a 
sua apresentação de forma negativa e, a partir do que isso nos instiga, vamos, 
pouco a pouco, entendendo um pouco mais sobre ele. Descobrimos, então, 
que ele quer se apresentar como uma pessoa simples, que viaja para fins 
humanitários, e não por vaidade.
Allow me to introduce myself — first negatively.
No landlord is my friend and brother, no chambermaid loves me, no waiter 
worships me, no boots admires and envies me. No round of beef or tongue 
or ham is expressly cooked for me, no pigeon-pie is especially made for me, 
no hotel-advertisement is personally addressed to me, no hotel-room tapes-
tried with great-coats and railway wrappers is set apart for me, no house of 
public entertainment in the United Kingdom greatly cares for my opinion of 
its brandy or sherry. […]
And yet — proceeding now, to introduce myself positively — I am both a 
town traveller and a country traveller, and am always on the road. Figuratively 
speaking, I travel for the great house of Human Interest Brothers, and have 
rather a large connection in the fancy goods way. Literally speaking, I am 
always wandering here and there from my rooms in Covent Garden, London 
— now about the city streets: now, about the country by-roads — seeing 
many little things, and some great things, which, because they interest me, I 
think may interest others.
These are my chief credentials as the Uncommercial Traveller.
Fluxo de consciência (stream of consciousness)
Na literatura, o fluxo da consciência, também conhecido como monólogo 
interior, é um método de narração que descreve os acontecimentos a partir do 
fluxo de pensamento das mentes dos personagens. O termo foi inicialmente 
cunhado pelo psicólogo William James e se refere ao diálogo interior que o 
narrador ou personagem tem consigo mesmo, muitas vezes sem preocupações 
com a gramática, sintaxe, pontuação ou lógica.
Esse estilo é geralmente associado com os romances modernos do século 
XX, como em obras de Virginia Woolf e William Faulkner. Entretanto, seu 
grande representante foi James Joyce. Na obra Ulisses,por exemplo, esse autor 
emprega o fluxo da consciência e o narrador onisciente de terceira pessoa. 
11Narrator, narrative voice and narrative point of view
No último capítulo desse livro, a personagem Molly Bloom inicia um longo 
diálogo interno, como veremos no trecho a seguir:
[...] I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like 
the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under 
the Moorish wall and I thought well as well him as another and then I asked 
him with my eyes to ask again yes and then he asked me would I yes to say 
yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew 
him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart 
was going like mad and yes I said yes I will Yes.
Observe como a personagem relembra sua experiência romântica, num 
parágrafo sem pontuação, deixando que a imaginação corresse solta num 
tom quase delirante. A palavra yes funciona ali como uma pausa. É como 
se suspirasse, fantasiando em seus pensamentos, e pensasse: I put my arms 
around him yes (Coloquei meus braços em volta dele, sim) and drew him down 
to me so he could feel my breasts all perfume yes (e o aproximei de mim para 
que sentisse em meios seios todo o perfume, sim).
O propósito dessa técnica é expressar o sentimento mais íntimo do narrador 
e/ou dos personagens, o que nos proporciona a sensação de também estarmos 
dentro de suas mentes. Esse recurso nos aproxima mais da história e do(s) 
personagem(ens), pois são partilhados conosco (e talvez com mais nenhum 
outro personagem) dúvidas, certezas e também segredos.
Narrador com várias vozes
O livro To Kill a Mockingbird (1960) (“O Sol é para Todos”), escrito por Har-
per Lee, é um bom exemplo de múltiplas vozes do narrador. A obra trata do 
personagem Scout, que narra toda a história. Embora ela seja adulta, a história 
é contada a partir do seu ponto de vista de criança. À medida que cresce, 
percebemos uma mudança em sua linguagem, que se torna mais sofisticada. 
Assim, podemos perceber, por meio de suas atitudes e diálogos, como essa 
criança vai crescendo, ao mesmo tempo que permite que sintamos a voz de 
um adulto em suas ações e pensamentos.
Atente para esse trecho extraído do capítulo 10, em que Scout ainda é criança: 
Miss Maudie, this is an old neighborhood, ain’t it?
Been here longer than the town.
Narrator, narrative voice and narrative point of view12
[…] I mean the folks on our street are all old. Jem and me’s the only children 
around here. Mrs. Dubose is close on to a hundred and Miss Rachel’s old and 
so are you and Atticus.
Notamos vários usos gramaticais incorretos típicos de uma criança ou de 
alguém com linguagem pouco letrada, como ain’t it (no lugar de isn’t it) e Jem 
and me (no lugar de Jem and I). Talvez também podemos nos questionar, o 
seria a perspectiva de “velho” na visão de uma criança de 6 anos? 
Podemos ver a diferença da linguagem e do raciocínio, agora da jovem 
Scout, neste trecho:
I never understood her preoccupation with heredity. Somewhere, I had 
received the impression that Fine Folks were people who did the best they could 
with the sense they had, but Aunt Alexandra was of the opinion, obliquely 
expressed, that the longer a family had been squatting on one patch of land 
the finer it was.
Scout explica como ela e a tia Alexandra veem o mundo. Mesmo sendo 
jovem, parece-nos, Scout tem um entendimento mais maduro do que sua tia 
acerca do que seriam “pessoas finas”. Observe, também, que ela utiliza uma 
linguagem mais refinada (preoccupation, obliquely, squatting), sem expressões 
idiomáticas e com a gramática correta.
Vozes enganosas
O conto de Edgar Allan Poe The Tell-Tale Heart, escrito em 1843, sob o ponto 
de vista de primeira pessoa, é um típico exemplo de narrador não confiável. 
Sua voz narrativa é tendenciosa, infantil e simplória. Por isso, ficamos em 
dúvida, por vezes, se ele é ingênuo ou mentalmente perturbado. Esse narrador 
fala diretamente conosco, como que se desculpando ou pedindo nossa apro-
vação. Assim, essa voz consegue que tornar-nos parte da narrativa, de modo 
que tentemos entendê-lo e não o julguemos por seus atos. Segue um trecho:
TRUE! --nervous --very, very dreadfully nervous I had been and am; but 
why will you say that I am mad? The disease had sharpened my senses --not 
destroyed --not dulled them. Above all was the sense of hearing acute. I heard 
all things in the heaven and in the earth. I heard many things in hell. How, 
then, am I mad? Hearken! and observe how healthily --how calmly I can tell 
you the whole story.
13Narrator, narrative voice and narrative point of view
It is impossible to say how first the idea entered my brain; but once concei-
ved, it haunted me day and night. Object there was none. Passion there was 
none. I loved the old man. He had never wronged me. He had never given 
me insult. For his gold I had no desire. I think it was his eye! yes, it was this! He 
had the eye of a vulture --a pale blue eye, with a film over it. Whenever it fell 
upon me, my blood ran cold; and so by degrees --very gradually --I made up 
my mind to take the life of the old man, and thus rid myself of the eye forever.
Veja que o narrador tenta nos convencer que é nervoso — nervous —, mas 
não louco — mad. Entretanto, ele afirma que não tem nada contra o idoso e que 
gosta dele (I loved the old man. He had never wronged me), mas que precisa 
matá-lo por conta de seus olhos, que se parecem com um urubu (he had the eye 
of a vulture). Com esse tipo de contradição, como poderíamos confiar nele?
Em um segundo momento, o narrador, em segunda pessoa, continua a se 
dirigir a nós, mostrando como planejou calculadamente o assassinato, tentando 
provar, dessa forma, que ele é uma pessoa equilibrada. (You fancy me mad. 
[...] you should have seen how wisely I proceed).
Now this is the point. You fancy me mad. Madmen know nothing. But you 
should have seen me. You should have seen how wisely I proceeded — with 
what caution --with what foresight — with what dissimulation I went to work! 
Voz epistolar
A narrativa epistolar aborda a história a partir de vários documentos, em 
especial cartas ou diários, podendo haver uma ou mais vozes na narração. Um 
exemplo clássico é o livro Frankenstein, escrito por Mary Shelley em 1818. 
A história é contada a partir de cartas que o explorador, o Capitão Robert 
Walton, escreve cartas para a sua irmã (a senhora Seville) acerca de sua viagem 
cientifica ao Polo Norte e, posteriormente, abordando seu encontro com uma 
pessoa de nome Victor Frankenstein, que lhe relata os acontecimentos que se 
sucederam após conceber uma criatura. 
Convém mencionar que, embora parece ser senso comum que conheçamos 
a criatura como Frankenstein, na realidade, esse é o nome de seu criador. 
Temos, na história, uma mistura de vozes, ora sendo do Capitão Walton em 
primeira pessoa, ora do senhor Victor e também da criatura.
No trecho a seguir, a história é contada em primeira pessoa pelo narrador 
principal, Capitão Walton. Nesse trecho, ele relata o seu encontro com o 
senhor Victor Frankenstein, ao resgatá-lo do mar, e coloca suas impressões 
Narrator, narrative voice and narrative point of view14
contraditórias sobre esse desconhecido. Segundo Walton, ele não parecia, 
como inicialmente havia pensado, ser um selvagem originário de uma ilha 
não descoberta, mas aparentava ser europeu.
Letter 4
August 5th, 17— To Mrs. Saville, England 
So strange an accident has happened to us that I cannot forbear recording 
it, although it is very probable that you will see me before these papers can 
come into your possession. […]I went upon deck and found all the sailors 
busy on one side of the vessel, apparently talking to someone in the sea. […] 
He was not, as the other traveller seemed to be, a savage inhabitant of some 
undiscovered island, but a European. . […] His limbs were nearly frozen, and 
his body dreadfully emaciated by fatigue and suffering.I never saw a man in 
so wretched a condition…
Após mencionar as cartas trocadas entre o capitão e sua irmã, a autora 
introduz o capítulo um, a partir do qual o narrador, em primeira pessoa, 
passa a ser o senhor Frankenstein, que se apresenta como uma pessoa de 
família ilustre.
I am by birth a Genevese, and my family is one of the most distinguished of 
that republic. My ancestors had been for many years counsellors and syndics, 
and my father had filled several public situations with honour and reputation.
Então, após ter lido as cartas do capitão Walton, ficamos curiosos para 
saber o porquê de uma pessoa de origem nobre estar perdida em local tão 
distante. Neste outro trecho, temos a versão de Victor, logo após a criatura 
ter assassinado sua esposa.
A grin was on the face of the monster; he seemed to jeer, as with his fiendish 
finger he pointed towards the corpse of my wife. I rushed towards the window, 
and drawing a pistol from my bosom, fired; but he eluded me.
Nesse instante, provavelmente, solidarizamo-nos com o senhor Victor em 
sua aversão pelo monstro. 
Em outro trecho, ficamos sabendo da história a partir do ponto de vista da 
criatura. Vemos que, ao mesmo tempo em que ela se arrepende de ter matado 
Clerval (amigo de infância de Victor), fica também triste por saber que Victor 
deve ter sofrido por isso. Ao mesmo tempo, sente um desejo de vingança ao 
15Narrator, narrative voice and narrative point of view
verificar que sua vida é um tormento enquanto a de Victor é só felicidade, 
especialmente por causa de seu casamento com Elizabeth.
After the murder of Clerval I returned to Switzerland, heart-broken and 
overcome. I pitied Frankenstein; my pity amounted to horror; I abhorred myself. 
But when I discovered that he, the author at once of my existence and of its 
unspeakable torments, dared to hope for happiness, ……bitter indignation 
filled me with an insatiable thirst for vengeance. I recollected my threat and 
resolved that it should be accomplished.
Assim, temos diferentes vozes presentes no livro: a do capitão, que nos 
dá sua primeira impressão sobre Victor a partir de suas cartas; a do próprio 
Victor sobre si e a criatura; e a da criatura, sobre as consequências de sua 
própria criação. Então, nós, os leitores, vamos dividindo-nos em opiniões no 
decorrer da história: de um lado, apoiando Victor, de outro, compadecendo-nos 
da criatura. Ouvimos todas as “vozes” e tiramos nossas próprias conclusões.
Examinamos, neste capítulo, o papel de destaque do narrador do texto 
de ficção, visto que é ele quem nos conduz por toda a trama. O narrador é, 
tipicamente, um personagem cuja identidade é identificável (especialmente 
se a narrativa for em primeira pessoa) ou um observador sem nome ou não 
identificado, que pode dar suas opiniões sobre personagens e eventos (nar-
rador onisciente), ou simplesmente um observador neutro, que descreve os 
acontecimentos sem intervir de algum modo neles.
Nós, como leitores, também temos um papel importante, pois, em nossa 
interpretação da história, julgamos as atitudes desse narrador a partir das vozes 
que nos são apresentadas. Ele está mais envolvido com a história e com os 
personagens ou é um observador distante? Ele nos chama a participar desse 
mundo de ficção por meio do ponto de vista de segunda pessoa?
Assim, é com base no narrador que nos transportaremos do mundo real 
para o mundo da ficção, experienciando ou identificando-nos com os conflitos 
dos personagens ou com a trama e, muitas vezes, duvidando da credibilidade 
do que nos é contado. Nossa interação com o texto faz com que aflore uma 
combinação de emoções, pois ficamos tensos em momentos de suspense, ali-
viados ou tristes na resolução de conflitos, talvez reflexivos ao final de história. 
Sendo leitores ativos, é importante observarmos o narrador, pois ele 
é o mediador entre a história e o leitor e seu modo de expor os fatos vai 
ter uma grande influência na maneira como iremos interpretar e julgar os 
acontecimentos. 
Narrator, narrative voice and narrative point of view16
1. Analise as afirmações sobre o 
narrador de obras de ficção e 
verifique se são verdadeiras ou 
falsas. Indique a alternativa que 
apresenta a ordem correta.
I. O autor pode ser 
também o narrador.
II. O narrador em terceira pessoa 
pode opinar, ou não, sobre 
eventos e personagens.
III. Podemos perceber se o 
narrador está mais próximo 
ou mais distante dos 
eventos narrados. 
a) F, V, V.
b) F, F, F.
c) V, F, V.
d) F, F, V.
e) V, V, F.
2. Assinale a alternativa que indique 
corretamente as características do 
narrador onisciente: 
a) É um espírito que está 
presente em todos os locais.
b) É um personagem que 
conhece todos os eventos.
c) É uma entidade que sabe 
de tudo e de todos.
d) É um ser que adivinha os 
pensamentos dos personagens.
e) É uma entidade que 
narra os eventos.
3. A fala “Miss Baker and I exchanged 
a short glance consciously devoid of 
meaning” pertence ao personagem 
Nick Carraway, de O Grande Gatsby, 
escrito por F. Scott Fitzgerald. É 
por meio dele que conhecemos 
a história do protagonista 
Jay Gatsby. A partir dessas 
considerações, podemos afirmar 
que Nick é um narrador: 
a) de primeira pessoa.
b) de segunda pessoa.
c) de terceira pessoa objetivo.
d) de terceira pessoa onisciente.
e) de terceira pessoa limitado.
4. No trecho, a seguir, da obra 
de Virginia Woolf, a autora 
usa um recurso literário para 
indicar o modo como um de 
seus personagens pensa. 
All the same, that one day should 
follow another; Wednesday, 
Thursday, Friday, Saturday; that one 
should wake up in the morning; 
see the sky; walk in the park; meet 
Hugh Whitbread; then suddenly 
in came Peter; then these roses; 
it was enough. After that, how 
unbelievable death was!-that it 
must end; and no one in the whole 
world would know how she had 
loved it all; how, every instant.
Podemos afirmar que se trata de:
a) múltiplas vozes.
b) fluxo de pensamento 
(stream of consciousness).
c) vozes enganosas.
d) voz epistolar.
e) narrador objetivo.
5. Os dois trechos que seguem são 
narrados, respectivamente, em:
I. I was distracted when the stranger 
approached and talked to me in 
English, although with a foreign 
accent. He was old and hoarse, 
so it was difficult for me to 
understand what he was saying.
II. You are not the kind of person 
who would be at that park at this 
17Narrator, narrative voice and narrative point of view
time of the morning. But here 
you are, and you can’t say that 
the place is unfamiliar to you.
a) primeira pessoa/
segunda pessoa.
b) segunda pessoa/
primeira pessoa.
c) ambos em primeira pessoa.
d) primeira pessoa/terceira pessoa.
e) segunda pessoa/terceira pessoa.
BOOTH, W. C. The rhetoric of fiction. Chicago: University of Chicago Press, 1961. 
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<http://wikis.sub.uni-hamburg.de/lhn/index.php/Narration_in_Poetry_and_Drama>. 
Acesso em: 17 jul. 2018;
RABINOWITZ, P. J. Truth in Fiction: A reexamination of audiences. Critical inquiry, n. 1, 
p. 121–141, 1977.
Leituras recomendadas
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27 maio 2016. Disponível em: <https://www.theliterarymaven.com/2016/05/short-
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DICKENS, C. The Italian Prisoner. In: DICKENS, C. The uncommercial traveller. New York: P. 
F. Collier & Son, 1991. v. 28. p. 181-191. (The Works of Charles Dickens in Thirty Volumes).
PROENÇA, F. D. A linguagem literária. São Paulo: Ática, 2007.
PUCRS. Você sabe a diferença entre romance e novela? 24 maio 2010. Disponível em: 
<http://biblioteca.pucrs.br/curiosidades-literarias/voce-sabe-a-diferenca-entre-
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READINGVINE. Improve reading skills. 2018. Disponível em: <https://www.readingvine.
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Narrator, narrative voice and narrative point of view18
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https://www.readingvine/
http://infoescola.com/literatura/autores-do-romance-epistolar/
http://com.br/teorialiteraria/448180
http://the-writers-craft.com/point-of-view-in-literature-perspectives.html
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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