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TEXTOS FUNDAMENTAIS DE FICÇÃO EM LÍNGUA INGLESA Márcia Costa Bonamin Narrator, narrative voice and narrative point of view Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Caracterizar o narrador do texto de ficção. � Definir o ponto de vista narrativo. � Identificar as vozes do texto de ficção. Introdução Alguns elementos são essenciais na elaboração de textos de ficção. Seja uma história fantástica, fruto da imaginação de seu autor, ou uma recriação de um fato da vida real, existe uma estrutura textual comum a todas elas. Assim, temos: enredo (plot), espaço (setting), personagens (character), ponto de vista (point of view) e tema (theme). Todos têm seu papel, mas é a partir da perspectiva do narrador que o leitor irá construir seu entendimento do texto. Neste capítulo, você irá aprender as características dos narradores de texto de ficção, a voz ou as vozes narrativas que irão permear história e como o ponto de vista narrativo irá conduzir o leitor a interpretar a história sob determinado ângulo e influenciá-lo em sua interpretação. Narrador (narrator) Quem é o narrador? Autor e narrador se confundem? Bem, o narrador é o ser que conta a história. Leitor e autor pertencem ao mundo real. Já o narrador faz parte do mundo fictício com todos aqueles outros elementos dos textos de ficção, sejam romances, novelas, peças, poemas, entre outros. É a partir do enfoque que o narrador nos dá ao discorrer sobre determinado tema que iremos julgar os acontecimentos que estão sendo expostos. A novela literária (não confundir com telenovela) é um texto de ficção semelhante a um romance. Entretanto, é um texto mais curto e tem o foco no evento, não explorando os personagens tão detalhadamente. O gênero novella teve origem nos primórdios da Renascença, na literatura italiana, especialmente com Boccacio. Na literatura americana, temos um exemplo clássico no livro “A Volta do Parafuso” (The Turn of the Screw), escrita por Henry James em 1898. Fonte: PUCRS (2010). Foi principalmente a partir do surgimento da novela, no século XIX, que a teoria literária começou a investigar mais de perto a figura do narrador. Até então, o foco era em poemas (incluindo os poemas épicos e líricos), nos quais a figura do narrador é geralmente associada à do próprio autor do texto. Outra característica, segundo Huhn e Sommer (2012), mais comum na poesia lírica, é situar o desenvolvimento da história no presente, com o conflito sendo resol- vido no final. O romance, por sua vez, embora seja uma narrativa em prosa, também apresenta características semelhantes, apesar de ter um movimento de personagens e narrador(es) mais elaborado e complexo. Há muitas coisas que temos que saber sobre o narrador, especialmente porque ele pode ser muito diferente do autor. Quanto mais o conhecemos, melhor nos situamos na história e melhor podemos entender e analisar a mensagem que ele pretende transmitir-nos. Quando lemos, temos que ficar atentos quanto às características do narrador, pois ele pode ser, ou não, um dos personagens no texto. Assim, como detetives literários, devemos ater-nos a algumas pistas que nos são dadas para estabelecer a real identidade desse elemento. A partir da narrativa, você pode descobrir, dentre outros, o sexo, a idade, a religião ou mesmo o local de onde provém ou vive esse narrador, mesmo que isso não esteja explícito no texto. Imagine, então, uma história que esteja situada nos Estados Unidos do século XIX. O narrador passa a descrever um dos personagens desse modo: “After leaving her flat, Lilian took a taxi and went to the cinema”. Ora, esse trecho apresenta um vocabulário típico da versão inglesa (na versão americana ficaria “After leaving her apartment, Lilian took a cab and went to the movie theater”). Daí, podemos concluir que o narrador é de algum país que utiliza o inglês na versão britânica (Inglaterra, Irlanda, Escócia, Nova Zelândia, Narrator, narrative voice and narrative point of view2 Austrália, dentre outros). A partir de então, poderíamos esperar que outros aspectos culturais dos britânicos pudessem ser descobertos no decorrer do texto. Além disso, se o narrador utilizar gírias constantemente ou expressões que sejam típicas de adolescentes, podemos inferir sua idade. Talvez até mesmo um vocabulário mais simples ou expressões idiomáticas possam indicar-nos sua condição social ou região de origem. No romance The Adventures of Huckleberry Finn, escrito por Mark Twain, em 1884, o narrador, sendo uma criança, faz algumas observações acerca dos personagens com quem interage que poderíamos julgar equivocadas, mas que têm a ver com sua falta de vivência e inocência. A narrativa pode, inclusive, indicar algum tipo de estereótipo ou pre- conceito por parte do narrador. Isso irá afetar nossa avaliação quanto à credibilidade, ou não, que daremos àquele elemento, embora estejamos cientes de que estamos no contexto da ficcionalidade, ou seja, tudo é, ao mesmo tempo, real e fictício. Booth (1961), que inicialmente abordou o conceito de um narrador não confiável, afirma que o leitor pode distingui-lo observando se ele segue as normas propostas pelo autor, com o que pode atestar sua credibilidade. Já Rabinowitz (1977) considera que o narrador não é confiável somente quando engana o leitor a partir de falsas alegações ou mentiras, que, eventualmente, serão descobertas no decorrer da história. Além do narrador desleal, podemos ter aqueles que percebemos não serem mentalmente estáveis, como o do livro Tell Tale Heart — escrito por Edgar Allan Poe em 1843 —, especialmente quando ele nos relata seus atos e pensamentos obscuros. Esse recurso é bastante comum em textos policiais ou de suspense, aplicado com o fim de criar um clima de certa instabilidade e prender o leitor até a resolução do conflito. O livro The Racketeer (“O Manipulador”, título em português), um suspense escrito por John Grisham em 2012, contém um típico exemplo de narrador não confiável. A história é contada em grande parte pelo protagonista Malcom Bannister, ex-fuzileiro naval americano. Agora um pacato advogado, envolve-se involuntariamente em uma transação ilícita e, para se livrar do cumprimento total de sua pena, faz um acordo com o FBI para delatar o criminoso que assassinou um juiz famoso. Resguardado por um programa de proteção a testemunhas, Bannister se envolve em uma trama complexa e deixa o leitor em dúvida sobre quem realmente foi o assassino do juiz. 3Narrator, narrative voice and narrative point of view Portanto, ao ler ou analisar um texto literário a partir de seu narrador, temos sempre que examinar seu papel na história: é um personagem ou um observador? Se personagem, como relata os acontecimentos? Pode-se per- ceber algum tipo de parcialidade ou talvez uma opinião tendenciosa sobre os acontecimentos? Se observador, é alguém que podemos nomear ou cuja identidade conseguimos inferir? Ou é algum narrador misterioso? Que tipo de credibilidade esse elemento nos passa? Qual é a sua autoridade para relatar os eventos, fazer suposições, descrever personagens e até nos informar como esses agem e pensam? Será que ele está apresentando tudo que sabe? Do mesmo modo, também devemos questionar o porquê de o narrador estar contando aquela história de uma determinada maneira: seria uma confissão? Uma lição de moral? Quer vangloriar-se ou colocar-se como aquele que tudo sabe? Um certo cuidado é necessário, nesse momento, para que não se confunda autor e narrador. Autor é aquele que escolhe tema, enredo, narrador e perso- nagens e lhes dá vida própria. Narrador é aquele que nos leva a compreender a trama, que descreve os personagens e os acontecimentos. É aquele que nos leva a compreender a temática, ou temáticas, da história sob seu próprio ponto de vista. É essa visão do narrador que deve levar-nos a questionar seus julgamentos, seu modo de contar a história. Bons autores costumamcriar narradores intrigantes, que nos levam a um mundo desconhecido e nos prendem a atenção até o final da leitura. Para esse fim, há múltiplos recursos literários que permitem a caracterização de vários tipos de narradores, bem como o modo como esses nos transmitirão a história. É a partir dessa voz narrativa que nos envolveremos com o enredo e que jul- garemos os personagens — enfim, que mergulharemos no mundo da ficção. Ponto de vista da narrativa (narrative point of view) A narrativa é o tipo de texto a partir do qual os textos ficcionais são escritos. A narração envolve uma série de técnicas por meio das quais o autor apresenta sua história; dessas, destacamos, aqui, o ponto de vista narrativo. Quando examinamos as perspectivas do narrador, tendemos a observar o relaciona- mento entre a pessoa que conta a história (o narrador) e os agentes referidos por ele (os personagens). Podemos entender o “ponto de vista” do narrador sob dois ângulos distintos: (a) a relação do narrador com os acontecimentos da história, seja o narrador Narrator, narrative voice and narrative point of view4 parte dela ou não; (b) a relação do narrador com as questões e os personagens: se ele é solidário, se apoia determinada prática ou tem certa ideologia. O primeiro item tem a ver com a própria estruturação do texto: uma história precisa ser contada e há diferentes modos de abordá-la para que os leitores possam processá-la diferentemente. Já o segundo item é mais ideológico: ocorre especialmente quando a narrativa é feita em primeira pessoa e se refere ao modo pelo qual o narrador percebe e avalia as várias questões que a história pode abordar. O narrador analisa e transmite ao leitor conflitos e inquietações sob seu ponto de vista. Dependendo do tema, do propósito e dos leitores-alvo, os escritores de textos ficcionais podem usar o ponto de vista de primeira, segunda ou terceira pessoa. Essa última, além disso, pode ser subdividida em terceira pessoa objetiva, limitada e onisciente. Cada um desses termos se refere a um modo especifico de narração definido pela distância do narrador da história e pelo quanto o narrador revela sobre os pensamentos e sentimentos dos personagens. Vamos conhecê-los um pouco mais? A escolha do ponto de vista afeta significativamente tanto a experiência do leitor quanto o tipo de informação que o autor deseja passar. A narrativa em primeira pessoa cria uma grande intimidade entre o leitor e a história, enquanto a terceira pessoa permite ao autor adicionar maior complexidade ao enredo e ao desenvolvimento de diferentes personagens. Historicamente, o ponto de vista em primeira pessoa era comum nos chamados romances epistolares (baseado em documentos) até o século XVIII. Posteriormente, caíram em desuso com a popularização das “novelas”, especialmente no século XX, e a utilização de pontos de vista diversos. Os romances epistolares se referem a narrativas baseadas especialmente em cartas – daí o nome que, derivado do latim, significa carta, epístola. Também são conside- rados integrantes desse gênero os diários, os artigos jornalísticos e as mensagens eletrônicas. O objetivo desse recurso literário é fornecer maior credibilidade ao enredo, e a história é narrada em primeira pessoa. Os romances epistolares foram muito difundidos até o século XVIII, quando caíram em declínio. Exemplos na literatura: “O diário de Anne Frank”, de sua própria autoria, e “A Cor Púrpura”, de Alice Walker (SANTANA, 2018). 5Narrator, narrative voice and narrative point of view Narração em primeira pessoa Nesse modo, o narrador é usualmente o protagonista ou o personagem cen- tral da história – mesmo que não o seja, ele ou ela é quem está contando os acontecimentos em primeira mão. Entretanto, é uma testemunha incompleta dos fatos, porque não lhe é permitido ver ou compreender tudo que se passa com os outros personagens, além de que, possivelmente, tem sua objetividade comprometida pelo seu modo pessoal de julgar os eventos. Exemplos: � Narração em primeira pessoa, narrador protagonista: livro The Catcher in the Rye (1951), de J. D. Salinger. O personagem Holden Caulfield é o narrador e o protagonista que conta sua própria história. � Narração em primeira pessoa em que o narrador não é o protagonista: The Great Gatsby (1925), de F. Scott Fitzgerald. A história é narrada por Nick Carraway, mas o protagonista é Jay Gatsby. É fácil identificar que a história está sendo narrada em primeira pessoa, es- pecialmente porque o narrador usa os pronomes I, me, my, our, us, we. Observe o exemplo a seguir e note que o narrador descreve seus próprios pensamentos e atitudes na obra The Sun also Rises (1926), de Ernest Hemingway: I could picture it. I have a habit of imagining the conversations between my friends. We went out to the Cafe Napolitain to have an aperitif and watch the evening crowd on the Boulevard. Narração em segunda pessoa Nessa modalidade, não muito comum em textos ficcionais, você (you) é o agente. Nesses casos, é sugerido que o leitor (você) seja também um elemento participante da história. Em textos não literários, como receitas e manuais de instrução, esse recurso é muito utilizado. Nesses casos, o uso do imperativo é frequente e implica que o discurso está sendo dirigido a “você”. Em Bright Lights, Big City, obra escrita pelo americano Jay McInterney (1984), vemos o emprego desse modo narrativo, possivelmente para demonstrar que o narrador observa sua vida à distância, a fim de se ligar melhor com seus traumas. O trecho a seguir reproduz essa ideia: You keep thinking that with practice you will eventually get the knack of enjoying superficial encounters, that you will stop looking for the universal Narrator, narrative voice and narrative point of view6 solvent, stop grieving. You will learn to compound happiness out of small increments of mindless pleasure. Fonte: McInterney (1984). Narração em terceira pessoa A narração em terceira pessoa fornece grande flexibilidade ao autor, pois os pronomes he, she e it podem representar vários personagens da história. O narrador pode fazer parte, ou não, dos eventos, ser um personagem de apoio ou secundário. O uso frequente dos pronomes he, she, them, they, him, her, his, their indica que a passagem é narrada segundo a perspectiva de um observador. Sendo o modo mais frequente de narração na literatura, a narração em terceira pessoa é frequentemente subdivida em dois ângulos: o primeiro com um caráter mais objetivo (terceira pessoa objetiva), em que os fatos são abordados de modo mais lógico e direto, e outro que contempla a subjetividade (terceira pessoa limitada e onisciente), com o narrador geralmente capaz de entender a mente dos personagens. Assim, as emoções e motivações dos personagens podem ser inferidas pelo leitor ou explicitamente reveladas pelo narrador. Vamos ver, com mais detalhes, como isso acontece. Terceira pessoa objetiva Nessa modalidade, o narrador conta a história em terceira pessoa, mas somente descreve os comportamentos das pessoas e o diálogo. Ele não revela nada sobre pensamentos ou sentimentos dos personagens. No trecho a seguir, extraído do livro The Hills like elephants (1927), de Ernest Hemingway, veja como o autor descreve o local e os acontecimentos, utilizando adjetivos descritivos, sem interferir na história com sua opinião. Nomes e pronomes indicando a terceira pessoa estão destacados. The hills across the valley of the Ebro were long and white. On this side, there was no shade and no trees and the station was between two lines of rails in the sun. Close against the side of the station there was the warm shadow of the building and a curtain, made of strings of bamboo beads, hung across the open door into the bar, to keep out flies. The American and the girl with him sat at a table in the shade, outside the building. 7Narrator, narrative voice and narrative point of view O cenário onde os personagens se encontram é descrito:as montanhas, a estação de trem, o bar e o local onde os personagens se encontram. Terceira pessoa onisciente O narrador onisciente parece ter acesso às ações e aos pensamentos dos perso- nagens e parece estar presente em todos os locais e eventos que fazem parte da obra. Assim, participa de toda a trama, que é narrada sob seu ponto de vista. No trecho que segue, da obra Anna Karenina (1877), de Leo Tolstoy, podemos notar que o narrador partilha os pensamentos de mais de um personagem (Vronsky e Kitty). If he could have heard what her parents were saying that evening, if he could have put himself at the point of view of the family and have heard that Kitty would be unhappy if he did not marry her, he would have been greatly astonished, and would not have believed it. Vemos que o narrador conhece o pensamento de Vronsky e até sugere o que o personagem poderia fazer. Além disso, sabe que Kitty ficaria infeliz se não se casasse com Vronsky. Terceira pessoa limitada Muito semelhante às características da terceira pessoa onisciente, a terceira pessoa limitada conhece sentimentos, pensamentos e atitudes de um número limitado de personagens, ou, muitas vezes, de somente um. No trecho a seguir, do livro The Chamber of Secrets, de J. K. Rowling, o narrador descreve o que acontece com o personagem Harry Potter e como ele se sente. Harry had taken up his place at wizard school, where he and his scar were famous … but now the school year was over, and he was back with the Dursleys for the summer, back to being treated like a dog that had rolled in something smelly. The Dursleys hadn’t even remembered that today happened to be Harry’s twelfth birthday. Of course, his hopes hadn’t been high… [...] Nessa perspectiva de narração, vemos que o foco do narrador está no personagem Harry Potter, suas atitudes e a relação desse com outros perso- nagens. A Figura 1, a seguir, resume os principais pontos de vista narrativos. Narrator, narrative voice and narrative point of view8 Figura 1. Principais pontos de vista narrativos. Múltiplos narradores Embora a tendência geral para obras literárias seja adotar um ponto de vista único em todo o livro, alguns autores têm experimentado outros pontos de vista, alternando a narrativa, por exemplo, com diversos personagens, em primeira, segunda ou terceira pessoas. A vantagem de usar esse recurso é explorar múltiplas perspectivas em uma única experiência, possibilitando que o leitor apreenda diferentes pontos de vista de pessoas de idades, classes sociais e gêneros diversos. Em alguns livros, até animais apresentam seu ponto de vista. Quando a narração está em primeira pessoa, o narrador pode utilizar o recurso da terceira pessoa para apresentar fatos em que ele ou ela não estariam presentes. Assim, uma história, por exemplo, pode ter uma seção narrada pelos pais, uma segunda pela criança e uma terceira pelo assistente social. Como resultado, é muito provável que esses personagens tenham olhares diferentes sobre o mesmo evento. A autora de Harry Potter, J. K. Rowling, utiliza muito 9Narrator, narrative voice and narrative point of view esses recursos alternando a terceira pessoa limitada, com foco em Harry, em outros personagens, além de apresentar, algumas vezes, a terceira pessoa onisciente, como em Harry Potter and the Sorcerer’s stone. Narrador nos textos de ficção: voz narrativa (narrative voice) Ao iniciar uma leitura, somos guiados pelo narrador (em primeira, segunda ou terceira pessoas) a entender a história a partir de seu ponto de vista. Assim, em geral, seguimos a sua “voz”, embora, por vezes, possamos discordar de sua visão de mundo ou desconfiar dos fatos que esse narrador nos apresenta. O termo “voz” na escrita ficcional tem, na realidade, dois significados principais. Voz é o estilo do autor, o traço que torna sua escrita única e que transmite a atitude, a personalidade e o caráter da sua obra. A escolha de palavras e do conteúdo, o tom da escrita e, até mesmo, a pontuação constituem a voz do autor. Em narrativas sob o ponto de vista de terceira pessoa, a voz do autor é mais consistente, permitindo ao leitor reconhecê-lo mais facilmente. Voz também significa a fala característica e os padrões de pensamento do narrador de uma obra de ficção. Cada pessoa tem seu modo particular de co- locar as palavras, frases e ideias. Algumas são autoritárias, outras engraçadas, atenciosas, carinhosas, arrogantes ou talvez uma combinação desses elementos, formando, assim, uma personalidade única e complexa. No decorrer do texto, o leitor irá, com certeza, identificar esses e outros atributos no narrador e observar o seu comportamento a partir deles. Esses elementos irão caracterizar a sua voz. Ao identificar a função da voz na literatura, é necessário considerar o grau de objetividade, confiabilidade e onisciência do narrador. A voz demonstra as características daquele que nos mostra a narrativa e que fornece personalidade à obra literária. Além disso, uma voz intensa e marcante impõe consistência e captura a atenção dos leitores. Charles Dickens é tido como o mestre das vozes narrativas, além de em- prestar vozes, também, aos seus personagens, muitos dos quais foram baseados em pessoas que ele realmente conhecia. No exemplo a seguir, do livro The Italian Prisoner, da série The Uncom- mercial Travellers, narrado em primeira pessoa, note que, na primeira frase, “Allow me to introduce myself” (Permita-me que me apresente), o narrador parece estar falando com o leitor. Isso, de algum modo, chama-nos a participar da trama e nos motiva a continuar a leitura. A sequência da frase (“first negati- vely”) quebra um pouco a sequência do que esperaríamos quando conhecemos Narrator, narrative voice and narrative point of view10 uma pessoa pela primeira vez, pois, naturalmente, queremos causar uma boa impressão. Aí, então, podemos questionar o porquê desse narrador começar a sua apresentação de forma negativa e, a partir do que isso nos instiga, vamos, pouco a pouco, entendendo um pouco mais sobre ele. Descobrimos, então, que ele quer se apresentar como uma pessoa simples, que viaja para fins humanitários, e não por vaidade. Allow me to introduce myself — first negatively. No landlord is my friend and brother, no chambermaid loves me, no waiter worships me, no boots admires and envies me. No round of beef or tongue or ham is expressly cooked for me, no pigeon-pie is especially made for me, no hotel-advertisement is personally addressed to me, no hotel-room tapes- tried with great-coats and railway wrappers is set apart for me, no house of public entertainment in the United Kingdom greatly cares for my opinion of its brandy or sherry. […] And yet — proceeding now, to introduce myself positively — I am both a town traveller and a country traveller, and am always on the road. Figuratively speaking, I travel for the great house of Human Interest Brothers, and have rather a large connection in the fancy goods way. Literally speaking, I am always wandering here and there from my rooms in Covent Garden, London — now about the city streets: now, about the country by-roads — seeing many little things, and some great things, which, because they interest me, I think may interest others. These are my chief credentials as the Uncommercial Traveller. Fluxo de consciência (stream of consciousness) Na literatura, o fluxo da consciência, também conhecido como monólogo interior, é um método de narração que descreve os acontecimentos a partir do fluxo de pensamento das mentes dos personagens. O termo foi inicialmente cunhado pelo psicólogo William James e se refere ao diálogo interior que o narrador ou personagem tem consigo mesmo, muitas vezes sem preocupações com a gramática, sintaxe, pontuação ou lógica. Esse estilo é geralmente associado com os romances modernos do século XX, como em obras de Virginia Woolf e William Faulkner. Entretanto, seu grande representante foi James Joyce. Na obra Ulisses,por exemplo, esse autor emprega o fluxo da consciência e o narrador onisciente de terceira pessoa. 11Narrator, narrative voice and narrative point of view No último capítulo desse livro, a personagem Molly Bloom inicia um longo diálogo interno, como veremos no trecho a seguir: [...] I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under the Moorish wall and I thought well as well him as another and then I asked him with my eyes to ask again yes and then he asked me would I yes to say yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart was going like mad and yes I said yes I will Yes. Observe como a personagem relembra sua experiência romântica, num parágrafo sem pontuação, deixando que a imaginação corresse solta num tom quase delirante. A palavra yes funciona ali como uma pausa. É como se suspirasse, fantasiando em seus pensamentos, e pensasse: I put my arms around him yes (Coloquei meus braços em volta dele, sim) and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes (e o aproximei de mim para que sentisse em meios seios todo o perfume, sim). O propósito dessa técnica é expressar o sentimento mais íntimo do narrador e/ou dos personagens, o que nos proporciona a sensação de também estarmos dentro de suas mentes. Esse recurso nos aproxima mais da história e do(s) personagem(ens), pois são partilhados conosco (e talvez com mais nenhum outro personagem) dúvidas, certezas e também segredos. Narrador com várias vozes O livro To Kill a Mockingbird (1960) (“O Sol é para Todos”), escrito por Har- per Lee, é um bom exemplo de múltiplas vozes do narrador. A obra trata do personagem Scout, que narra toda a história. Embora ela seja adulta, a história é contada a partir do seu ponto de vista de criança. À medida que cresce, percebemos uma mudança em sua linguagem, que se torna mais sofisticada. Assim, podemos perceber, por meio de suas atitudes e diálogos, como essa criança vai crescendo, ao mesmo tempo que permite que sintamos a voz de um adulto em suas ações e pensamentos. Atente para esse trecho extraído do capítulo 10, em que Scout ainda é criança: Miss Maudie, this is an old neighborhood, ain’t it? Been here longer than the town. Narrator, narrative voice and narrative point of view12 […] I mean the folks on our street are all old. Jem and me’s the only children around here. Mrs. Dubose is close on to a hundred and Miss Rachel’s old and so are you and Atticus. Notamos vários usos gramaticais incorretos típicos de uma criança ou de alguém com linguagem pouco letrada, como ain’t it (no lugar de isn’t it) e Jem and me (no lugar de Jem and I). Talvez também podemos nos questionar, o seria a perspectiva de “velho” na visão de uma criança de 6 anos? Podemos ver a diferença da linguagem e do raciocínio, agora da jovem Scout, neste trecho: I never understood her preoccupation with heredity. Somewhere, I had received the impression that Fine Folks were people who did the best they could with the sense they had, but Aunt Alexandra was of the opinion, obliquely expressed, that the longer a family had been squatting on one patch of land the finer it was. Scout explica como ela e a tia Alexandra veem o mundo. Mesmo sendo jovem, parece-nos, Scout tem um entendimento mais maduro do que sua tia acerca do que seriam “pessoas finas”. Observe, também, que ela utiliza uma linguagem mais refinada (preoccupation, obliquely, squatting), sem expressões idiomáticas e com a gramática correta. Vozes enganosas O conto de Edgar Allan Poe The Tell-Tale Heart, escrito em 1843, sob o ponto de vista de primeira pessoa, é um típico exemplo de narrador não confiável. Sua voz narrativa é tendenciosa, infantil e simplória. Por isso, ficamos em dúvida, por vezes, se ele é ingênuo ou mentalmente perturbado. Esse narrador fala diretamente conosco, como que se desculpando ou pedindo nossa apro- vação. Assim, essa voz consegue que tornar-nos parte da narrativa, de modo que tentemos entendê-lo e não o julguemos por seus atos. Segue um trecho: TRUE! --nervous --very, very dreadfully nervous I had been and am; but why will you say that I am mad? The disease had sharpened my senses --not destroyed --not dulled them. Above all was the sense of hearing acute. I heard all things in the heaven and in the earth. I heard many things in hell. How, then, am I mad? Hearken! and observe how healthily --how calmly I can tell you the whole story. 13Narrator, narrative voice and narrative point of view It is impossible to say how first the idea entered my brain; but once concei- ved, it haunted me day and night. Object there was none. Passion there was none. I loved the old man. He had never wronged me. He had never given me insult. For his gold I had no desire. I think it was his eye! yes, it was this! He had the eye of a vulture --a pale blue eye, with a film over it. Whenever it fell upon me, my blood ran cold; and so by degrees --very gradually --I made up my mind to take the life of the old man, and thus rid myself of the eye forever. Veja que o narrador tenta nos convencer que é nervoso — nervous —, mas não louco — mad. Entretanto, ele afirma que não tem nada contra o idoso e que gosta dele (I loved the old man. He had never wronged me), mas que precisa matá-lo por conta de seus olhos, que se parecem com um urubu (he had the eye of a vulture). Com esse tipo de contradição, como poderíamos confiar nele? Em um segundo momento, o narrador, em segunda pessoa, continua a se dirigir a nós, mostrando como planejou calculadamente o assassinato, tentando provar, dessa forma, que ele é uma pessoa equilibrada. (You fancy me mad. [...] you should have seen how wisely I proceed). Now this is the point. You fancy me mad. Madmen know nothing. But you should have seen me. You should have seen how wisely I proceeded — with what caution --with what foresight — with what dissimulation I went to work! Voz epistolar A narrativa epistolar aborda a história a partir de vários documentos, em especial cartas ou diários, podendo haver uma ou mais vozes na narração. Um exemplo clássico é o livro Frankenstein, escrito por Mary Shelley em 1818. A história é contada a partir de cartas que o explorador, o Capitão Robert Walton, escreve cartas para a sua irmã (a senhora Seville) acerca de sua viagem cientifica ao Polo Norte e, posteriormente, abordando seu encontro com uma pessoa de nome Victor Frankenstein, que lhe relata os acontecimentos que se sucederam após conceber uma criatura. Convém mencionar que, embora parece ser senso comum que conheçamos a criatura como Frankenstein, na realidade, esse é o nome de seu criador. Temos, na história, uma mistura de vozes, ora sendo do Capitão Walton em primeira pessoa, ora do senhor Victor e também da criatura. No trecho a seguir, a história é contada em primeira pessoa pelo narrador principal, Capitão Walton. Nesse trecho, ele relata o seu encontro com o senhor Victor Frankenstein, ao resgatá-lo do mar, e coloca suas impressões Narrator, narrative voice and narrative point of view14 contraditórias sobre esse desconhecido. Segundo Walton, ele não parecia, como inicialmente havia pensado, ser um selvagem originário de uma ilha não descoberta, mas aparentava ser europeu. Letter 4 August 5th, 17— To Mrs. Saville, England So strange an accident has happened to us that I cannot forbear recording it, although it is very probable that you will see me before these papers can come into your possession. […]I went upon deck and found all the sailors busy on one side of the vessel, apparently talking to someone in the sea. […] He was not, as the other traveller seemed to be, a savage inhabitant of some undiscovered island, but a European. . […] His limbs were nearly frozen, and his body dreadfully emaciated by fatigue and suffering.I never saw a man in so wretched a condition… Após mencionar as cartas trocadas entre o capitão e sua irmã, a autora introduz o capítulo um, a partir do qual o narrador, em primeira pessoa, passa a ser o senhor Frankenstein, que se apresenta como uma pessoa de família ilustre. I am by birth a Genevese, and my family is one of the most distinguished of that republic. My ancestors had been for many years counsellors and syndics, and my father had filled several public situations with honour and reputation. Então, após ter lido as cartas do capitão Walton, ficamos curiosos para saber o porquê de uma pessoa de origem nobre estar perdida em local tão distante. Neste outro trecho, temos a versão de Victor, logo após a criatura ter assassinado sua esposa. A grin was on the face of the monster; he seemed to jeer, as with his fiendish finger he pointed towards the corpse of my wife. I rushed towards the window, and drawing a pistol from my bosom, fired; but he eluded me. Nesse instante, provavelmente, solidarizamo-nos com o senhor Victor em sua aversão pelo monstro. Em outro trecho, ficamos sabendo da história a partir do ponto de vista da criatura. Vemos que, ao mesmo tempo em que ela se arrepende de ter matado Clerval (amigo de infância de Victor), fica também triste por saber que Victor deve ter sofrido por isso. Ao mesmo tempo, sente um desejo de vingança ao 15Narrator, narrative voice and narrative point of view verificar que sua vida é um tormento enquanto a de Victor é só felicidade, especialmente por causa de seu casamento com Elizabeth. After the murder of Clerval I returned to Switzerland, heart-broken and overcome. I pitied Frankenstein; my pity amounted to horror; I abhorred myself. But when I discovered that he, the author at once of my existence and of its unspeakable torments, dared to hope for happiness, ……bitter indignation filled me with an insatiable thirst for vengeance. I recollected my threat and resolved that it should be accomplished. Assim, temos diferentes vozes presentes no livro: a do capitão, que nos dá sua primeira impressão sobre Victor a partir de suas cartas; a do próprio Victor sobre si e a criatura; e a da criatura, sobre as consequências de sua própria criação. Então, nós, os leitores, vamos dividindo-nos em opiniões no decorrer da história: de um lado, apoiando Victor, de outro, compadecendo-nos da criatura. Ouvimos todas as “vozes” e tiramos nossas próprias conclusões. Examinamos, neste capítulo, o papel de destaque do narrador do texto de ficção, visto que é ele quem nos conduz por toda a trama. O narrador é, tipicamente, um personagem cuja identidade é identificável (especialmente se a narrativa for em primeira pessoa) ou um observador sem nome ou não identificado, que pode dar suas opiniões sobre personagens e eventos (nar- rador onisciente), ou simplesmente um observador neutro, que descreve os acontecimentos sem intervir de algum modo neles. Nós, como leitores, também temos um papel importante, pois, em nossa interpretação da história, julgamos as atitudes desse narrador a partir das vozes que nos são apresentadas. Ele está mais envolvido com a história e com os personagens ou é um observador distante? Ele nos chama a participar desse mundo de ficção por meio do ponto de vista de segunda pessoa? Assim, é com base no narrador que nos transportaremos do mundo real para o mundo da ficção, experienciando ou identificando-nos com os conflitos dos personagens ou com a trama e, muitas vezes, duvidando da credibilidade do que nos é contado. Nossa interação com o texto faz com que aflore uma combinação de emoções, pois ficamos tensos em momentos de suspense, ali- viados ou tristes na resolução de conflitos, talvez reflexivos ao final de história. Sendo leitores ativos, é importante observarmos o narrador, pois ele é o mediador entre a história e o leitor e seu modo de expor os fatos vai ter uma grande influência na maneira como iremos interpretar e julgar os acontecimentos. Narrator, narrative voice and narrative point of view16 1. Analise as afirmações sobre o narrador de obras de ficção e verifique se são verdadeiras ou falsas. Indique a alternativa que apresenta a ordem correta. I. O autor pode ser também o narrador. II. O narrador em terceira pessoa pode opinar, ou não, sobre eventos e personagens. III. Podemos perceber se o narrador está mais próximo ou mais distante dos eventos narrados. a) F, V, V. b) F, F, F. c) V, F, V. d) F, F, V. e) V, V, F. 2. Assinale a alternativa que indique corretamente as características do narrador onisciente: a) É um espírito que está presente em todos os locais. b) É um personagem que conhece todos os eventos. c) É uma entidade que sabe de tudo e de todos. d) É um ser que adivinha os pensamentos dos personagens. e) É uma entidade que narra os eventos. 3. A fala “Miss Baker and I exchanged a short glance consciously devoid of meaning” pertence ao personagem Nick Carraway, de O Grande Gatsby, escrito por F. Scott Fitzgerald. É por meio dele que conhecemos a história do protagonista Jay Gatsby. A partir dessas considerações, podemos afirmar que Nick é um narrador: a) de primeira pessoa. b) de segunda pessoa. c) de terceira pessoa objetivo. d) de terceira pessoa onisciente. e) de terceira pessoa limitado. 4. No trecho, a seguir, da obra de Virginia Woolf, a autora usa um recurso literário para indicar o modo como um de seus personagens pensa. All the same, that one day should follow another; Wednesday, Thursday, Friday, Saturday; that one should wake up in the morning; see the sky; walk in the park; meet Hugh Whitbread; then suddenly in came Peter; then these roses; it was enough. After that, how unbelievable death was!-that it must end; and no one in the whole world would know how she had loved it all; how, every instant. Podemos afirmar que se trata de: a) múltiplas vozes. b) fluxo de pensamento (stream of consciousness). c) vozes enganosas. d) voz epistolar. e) narrador objetivo. 5. Os dois trechos que seguem são narrados, respectivamente, em: I. I was distracted when the stranger approached and talked to me in English, although with a foreign accent. He was old and hoarse, so it was difficult for me to understand what he was saying. II. You are not the kind of person who would be at that park at this 17Narrator, narrative voice and narrative point of view time of the morning. But here you are, and you can’t say that the place is unfamiliar to you. a) primeira pessoa/ segunda pessoa. b) segunda pessoa/ primeira pessoa. c) ambos em primeira pessoa. d) primeira pessoa/terceira pessoa. e) segunda pessoa/terceira pessoa. BOOTH, W. C. The rhetoric of fiction. Chicago: University of Chicago Press, 1961. HUHN, P.; SOMMER, R. Narration in poetry and drama. 06 Dec. 2012. Disponível em: <http://wikis.sub.uni-hamburg.de/lhn/index.php/Narration_in_Poetry_and_Drama>. Acesso em: 17 jul. 2018; RABINOWITZ, P. J. Truth in Fiction: A reexamination of audiences. Critical inquiry, n. 1, p. 121–141, 1977. Leituras recomendadas ALLISON, B. 13 Short Stories for engaging secondary students & teaching literary element. 27 maio 2016. Disponível em: <https://www.theliterarymaven.com/2016/05/short- -stories-high-school-middle-school.html>. Acesso em: 17 jul. 2018. DICKENS, C. The Italian Prisoner. In: DICKENS, C. The uncommercial traveller. New York: P. F. 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