Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
• 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. “Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar palavras que vos sustentam. A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser mordenoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e de chuva caindo. (...) Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?” Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham. (...) De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu. Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve por causa da esvoaçada magreza. E se for triste a minha narrativa? Depois na certa escreverei algo alegre, embora alegre por quê? Porque também sou um homem de hosanas e um dia, quem sabe, cantarei loas que não as dificuldades da nordestina.” (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.) Indique que tipo de narrador está sendo desenvolvido no trecho. Resposta Selecionada: Modo dramático. Resposta Correta: Narrador onisciente intruso. Feedback da resposta: Resposta incorreta. No trecho, percebemos que a obra está narrada na terceira pessoa: Rodrigo S. M. narra a história da nordestina (Macabéa), realizando diversos comentários a respeito de si mesmo, do próprio ato de escrever e da personagem, dialogando com o leitor ao dizer “Cuidai dela (...)”. Pergunta 2 0,25 em 0,25 pontos Leia os itens a seguir e analise a relação entre as citações do texto O ponto de vista na ficção, de Norman Friedman e o tipo de narrador, de acordo com a classificação proposta pelo autor. 1. Câmera - “(...) A aparência dos personagens, o que eles fazem e dizem, o cenário - todos os materiais da estória, portanto - podem ser transmitidos ao leitor unicamente através da mente de alguém presente” (FRIEDMAN, 2002, p. 177). 2. Onisciente intruso - “(...) De modo semelhante, o leitor tem acesso a toda amplitude de tipos de informação possíveis, sendo elementos distintivos dessa categoria os pensamentos, sentimentos e percepções do próprio autor; ele é livre não apenas para informar-nos as ideias e emoções das mentes de seus personagens como também as de sua própria mente.” (FRIEDMAN, 2002, p. 173). 3. Modo dramático - “As informações disponíveis ao leitor (...) limitam-se em grande parte ao que os personagens fazem e falam; suas aparências e o cenário devem ser dados pelo autor (...): nunca há, entretanto, nenhuma indicação direta sobre o que eles percebem (...), o que pensam ou sentem. Isso não significa dizer, é claro, que os estados mentais não possam ser inferidos a partir da ação e do diálogo”. (FRIEDMAN, 2002, p. 178). 2. É correto a correlação que se faz em: Resposta Selecionada: II e III, apenas. Resposta Correta: II e III, apenas. Feedback da resposta: Resposta correta. Interpretando a tipologia de Friedman, se existe registro da percepção a partir de um personagem, não teremos uma câmera. Como vimos, quando a opinião da voz narrativa é impressa no texto, temos o narrador onisciente intruso e quando as informações apresentadas limitam-se às ações e falas dos personagens, sem desenvolvimento sobre suas percepções, temos o modo dramático. Pergunta 3 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. “Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?” Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham. Voltando a mim: o que escreverei não pode ser absorvido por mentes que muito exijam e ávidas de requintes. Pois o que estarei dizendo será apenas nu. Embora tenha como pano de fundo – e agora mesmo – a penumbra atormentada que sempre há nos meus sonhos quando de noite atormentado durmo. Que não se esperem, então, estrelas no que se segue: nada cintilará, trata-se de matéria opaca e por sua própria natureza desprezível por todos. É que a esta história falta melodia cantabile. O seu ritmo é às vezes descompasso. E tem fatos. Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura – fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir. Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém que eu mesmo ainda não sei bem como isto terminará. E também porque entendo que devo caminha passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta é também a minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça.” (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.) Assinale a alternativa correta em relação ao modo de enunciação observado. Resposta Selecionada: A digressão é o modo enunciativo amplamente explorado nesta obra, assim como em outras de Clarice Lispector. No trecho em destaque, observa-se que as reflexões a respeito da construção de personagem desencadeiam reflexões sobre o ato da escrita e sobre o próprio narrador, e vice-versa. Resposta Correta: A digressão é o modo enunciativo amplamente explorado nesta obra, assim como em outras de Clarice Lispector. No trecho em destaque, observa-se que as reflexões a respeito da construção de personagem desencadeiam reflexões sobre o ato da escrita e sobre o próprio narrador, e vice-versa. Feedback da resposta: Resposta correta. Conhecida pela ampla utilização de digressões, Clarice Lispector não poderia escrever sua última obra diferente. Na leitura de A Hora da Estrela, percebemos em diversos momentos a relação de espelhamento entre a personagem de quem o narrador conta a história (a nordestina Macabéa) e a personagem que cria para si próprio, de nome Rodrigo S. M. Isto torna-se possível na narração através do uso do modo digressivo, uma vez que as reflexões sobre um aspecto puxam reflexões sobre os demais aspectos, em um contínuo até o fim da história. Pergunta 4 0 em 0,25 pontos Baseando-se em seus conhecimentos a respeito da tipologia da narração proposta por Norman Friedman e também da classificação de Gerard Genette, assinale a alternativa que estabelece adequadamente uma relação entre os conceitos de ambos teóricos. Resposta Selecionada: O narrador onisciente neutro é sempre homodiegético. Resposta Correta: O narrador personagem é sempre autodiegético. Feedback da resposta: Resposta incorreta. O narrador personagem, por se tratar de um tipo de narrador que é, também, protagonista da história narrada, narrando a mesma a partir do centro, é sempre autodiegético. Lembrando-se dos conceitos da diegese, dizer que um narrador é autodiegético significa dizer que este narra sua própria experiência partindo de um ângulo central, já o homodiegético parte de um ângulo mais distanciado paranarrar uma história da qual faz parte; por fim, o heterodiegético narra uma história de que não faz parte. Pergunta 5 0 em 0,25 pontos Leia os trechos a seguir, retirados do romance A menina morta , de Cornélio Penna. “- Não dona Frau, vancê não pode mais costurar êsse babado no vestido, neste vestido (...). (...) Considerou com grave atenção a roupa posta diante dela pela escrava a reconheceu tristemente ter esquecido de não se tratar de vestuário de gala destinado a figurar nas reuniões da Côrte longínqua, apenas entrevista quando de sua vinda da Europa para ‘As Américas’. Aquêle pesado estofo de pregas duras não iria revestir o corpinho quente e agitado da criança que recebera com tanto carinho e crescera tão diferente da imperiosa e morena imaginada por ela… (...)” Capítulo I. “(...) Era ali que devia ser posto o pequenino caixão de cetim branco, nesse momento quase terminado por José Carapina, e fôra esse trabalho demorado porque o escravo o fazia sem enxergar bem o que tinha diante de si, de tal modo seus olhos estavam nublados. (...) Não era o suor que lhe caía do rosto, e abria pequenas manchas no pinho de Riga, muito branco e marmoreado por desenhos em sépia, mas sim lágrimas puras e cristalinas, em contraste luminoso com a pele negra e enrugada. Na alma do velho carpinteiro cativo enovelavam-se pequenos e confusos problemas, que se formavam e desapareciam sem que êle pudesse perceber onde estava a verdade e até onde ia a tentação do demônio, pois parecia- lhe grande crime estar a fazer o caixão onde seria aprisionada a Sinhazinha. (...)” Capítulo II. “(...) Mas agora Bruno sabia que o passeio seria bem triste… Ia buscar o padre que viria abençoar a Sinhazinha, para que ela pudesse partir para sempre. Como não iria ela para o Céu, se os anjos deviam estar ansiosos para tê-la em sua companhia? Pensou, pois sempre imaginara que os serafins deviam ter aquêle rosto pequeno e redondo (...). As bestas olharam para êle, e pôde ler naquelas pupilas luminosas compreensão de tal modo perfeita que não lhe foi possível resistir, e deixou as lágrimas correrem, sem ao menos espiar para todos os lados se alguém o via nesse estado (...).” Capítulo III. (PENNA, Cornélio. A menina morta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.) Indique a que tipo de narrador o texto parece aderir. Resposta Selecionada: “Eu” como testemunha. Resposta Correta: Onisciência seletiva múltipla. Feedback da resposta: Resposta incorreta. Como podemos observar nos trechos transcritos, o narrador acompanha as reflexões, sentimentos e percepções de diversas personagens (Dona Frau, José Carapina, Bruno), sem se ater a uma em específico, mostrando o que se passa na mente destas personagens hora utilizando o discurso indireto livre, hora sumarizando as experiências. Pergunta 6 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, extraído do conto O dia do desmoronamento, de Juan Rulfo. “- Isto aconteceu em Setembro. Não em Setembro deste ano mas sim no do ano passado. Ou foi no ano anterior, Melitón? - Não, foi no ano passado. - Sim, eu bem me lembrava. Foi em Setembro do ano passado, pelo dia vinte e um. Ouve-me, Melitón, Não foi a vinte e um de Setembro o dia do tremor de terra? - Foi um pouco antes. Quer-me parecer que foi a dezoito. - Tens razão. Eu por esses dias andava em Tuxcacuesco. Até vi quando se desmoronavam as casas como se fossem feitas de mel, simplesmente, retorciam-se assim, fazendo trejeitos, e vinham as paredes inteiras para o chão. E as pessoas saíam dos escombros todas aterrorizadas, correndo direitinhas para a igreja aos gritos. Mas esperem. Ouve, Melitón, parece-me que em Tuxcacuesco não existe nenhuma igreja. Tu não te lembras? - Não há. Ali não restam senão umas paredes feitas em quatro bocados que dizem que foi a igreja há coisa de duzentos anos; mas ninguém se lembra dela, nem de como era; aquilo mais parece um curral abandonado infestado de figueirinhas. - Dizes bem. Então não foi em Tuxcacuesco que me apanhou o tremor de terra, deve ter sido no El Pochote. Mas El Pochote é um rancho, não é?” (RULFO, Juan. O dia do desmoronamento. In: RULFO, Juan. A planície em chamas. Lisboa: Cavalo de Ferro Editores Ltda, 2003. p. 121- 129.) Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto, considerando-se que a estrutura apresentada no trecho segue até o final do conto. Resposta Selecionada: Câmera. Resposta Correta: Modo dramático. Feedback da resposta: Resposta incorreta. Como vimos, o modo dramático caracteriza-se pela omissão do narrador, de forma que os acontecimentos, percepções e descrições apreendem-sem através das falas das personagens. O que diferencia este tipo de narração de uma câmera ou narrador observador é justamente a ausência de descrições externas às falas das personagens. Pergunta 7 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, retirado do texto O Narrador, do crítico Walter Benjamin: “Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de fato presente entre nós, em sua atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais. Descrever um Leskov como narrador não significa trazê-lo mais perto de nós, e sim, pelo contrário, aumentar a distância que nos separa dele. Vistos de uma certa distância, os traços grandes e simples que caracterizam o narrador se destacam nele. Ou melhor, esses traços aparecem, como um rosto humano ou um corpo de animal aparecem num rochedo, para um observador localizado numa distância apropriada e num ângulo favorável. Uma experiência quase cotidiana nos impõe a existência dessa distância e desse ângulo de observação”. (BENJAMIM, Walter; BRASILIENSE, Editora (Ed.). Magia e técina, arte e política: O narrador. 1936. Disponível em: <http://letrasorientais.fflch.usp.br/sites/letrasorientais .fflch.usp.br/files/BENJAMIN, Walter_O narrador (._.).pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) Considerando seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, bem como os tipos de narrador e modos de elocução mais frequentes em cada um; os textos já vistos até aqui e o fragmento em destaque, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: O narrador observador ou câmera, da mesma forma em que distancia-se da narração, também produz um efeito estético de maior afastamento do leitor em relação ao texto, ao passo em que este acompanha a história deste ponto de vista: de observador das ações. Resposta Correta: O narrador observador ou câmera, da mesma forma em que distancia-se da narração, também produz um efeito estético de maior afastamento do leitor em relação ao texto, ao passo em que este acompanha a história deste ponto de vista: de observador das ações. Feedback da resposta: Resposta correta. Tomando por base o excerto de Walter Benjamin, se o narrador se coloca distante do leitor, assim também estará o leitor mais ou menos distante em relação à história a depender do tipo de narrador, já que o ponto de vista a partir do qual lemos uma história será também o ponto de vista do narrador. Assim, o narrador observador ou câmera, até pela ampla utilização da cena como modo de elocução em seu texto, tende a produzir um maior efeito de afastamento entre o leitor e o texto em questão, visto que o leitor neste caso localiza-se também como observador, afastado da história. Pergunta 8 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, retirado do texto O ponto de vista na ficção , de Norman Friedman: Já que o problema do narrador é a transmissão apropriada de sua estória ao leitor, as questões devem ser algo como: 1) Quem fala ao leitor? (...); 2) De que posição (ângulo) em relação à estória ele a conta? (de cima, da periferia, do centro, frontalmente ou alternando); 3) Que canais de informação o narradorusa para transmitir a estória ao leitor? (palavras, pensamentos, percepções e sentimentos do autor; ou palavras e ações do personagem; pensamentos, percepções e sentimentos do personagem: através de qual - ou de qual combinação - destas três possibilidades as informações sobre estados mentais, cenário, situação e personagem vêm?); e 4) A que distância ele coloca o leitor da estória? (próximo, distante ou alternando?). O PONTO DE VISTA NA FICÇÃO: O desenvolvimento de um conceito crítico. São Paulo: Revista Usp , maio 2002. Norman Friedman. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/331 95>. Acesso em: 30 ago. 2019. Com base em seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena. Resposta Correta: A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena. Feedback da resposta: Resposta correta. De acordo com Friedman (2002), o narrador tipo câmera seria o último estágio do apagamento de sua figura, caracterizando-se então pelo registro de uma cena. Ainda segundo o autor, ambos os narradores oniscientes acontecem, em geral, na terceira pessoa. Entretanto, há de se considerar que “(...) A ausência de intromissão não implica necessariamente, contudo, que o autor negue a si mesmo uma voz ao usar o Narrador Onisciente Neutro” (FRIEDMAN, 2002, p. 174). Já em relação aos narradores personagem e protagonista, estes diferenciam-se em relação ao ângulo em que posicionam-se na história: o narrador protagonista, como o próprio nome sugere, narra do centro (e se não estiver narrando do centro, pode ser considerado, então, personagem). Quanto à onisciência seletiva comum e a onisciência seletiva múltipla, a diferença está justamente no modo de elocução, visto que na onisciência seletiva comum o narrador costuma sumarizar o que está se passando na mente dos personagens, enquanto que na onisciência seletiva múltipla o narrador mostra em cena o que cada personagem está sentindo. Pergunta 9 0,25 em 0,25 pontos Leia a seguir um fragmento do conto Colinas como elefantes brancos, de Ernest Hemingway. “‘Você faria uma coisa por mim?’ ‘Faria qualquer coisa por você.’ ‘Você pode parar de falar, por favor, por favor, por favor?’ Ele não disse nada mas olhou para as malas encostadas na mureta da estação. Tinham etiquetas de todos os hotéis em que haviam dormido. ‘Mas eu não quero que você faça’, ele disse, ‘eu não me importo com nada.’ ‘Eu vou gritar’, a moça disse. A mulher atravessou a cortina com dois copos de cerveja e os depositou sobre os apoios de feltro úmidos. ‘O trem chega em cinco minutos’, ela disse. ‘O que ela disse?’, perguntou a moça. ‘Que o trem chega em cinco minutos.’ A moça deu um sorriso radiante para a mulher, para agradecer. ‘Acho melhor levar as malas para o outro lado da estação’, o homem disse. Ela sorriu para ele. ‘Está bem. Depois volte e terminamos a cerveja.’ Ele pegou as duas malas pesadas e carregou-as pela estação até os trilhos do outro lado. Espreitou mas não conseguiu ver o trem. Voltando, entrou no salão do bar, onde as pessoas que esperavam o trem estavam bebendo. Bebeu um anis no balcão e olhou para as pessoas. Todas esperavam ordeiramente pelo trem. Atravessou a cortina de contas. Ela estava sentada à mesa e sorriu para ele. ‘Está se sentindo melhor?’, ele perguntou. ‘Estou bem’, ela disse. ‘Não tem nada de errado comigo. Estou bem.’” (HEMINGWAY, Ernest. Colinas como elefantes brancos. Tradução: Samuel Titan Jr.. Disponível em: <http://stoa.usp.br/gabrielamorandini/files/2130/1207 5/7+Colinas+como+Elefantes+Brancos+- +Ernest+Hemingway+OK.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) Assinale a alternativa que melhor corresponde ao tipo de narrador apresentado. Resposta Selecionada: Câmera. Resposta Correta: Câmera. Feedback da resposta: Resposta correta. Observamos a existência de diversos diálogos e de uma descrição dos movimentos do homem, da mulher e das demais pessoas no mesmo ambiente (a estação de trem). A respeito desta descrição, observamos também uma busca por imparcialidade, visto que não existem julgamentos ou valorações das atitudes de nenhum personagem. Este apagamento do narrador em um texto com tais características é típico do narrador câmera ou observador. Pergunta 10 0 em 0,25 pontos Leia o texto a seguir. O rugido do jaguar abala a floresta; mas o caçador também despreza o jaguar, que já cansou de vencer. Elle chama-se Jaguaré, o mais feroz jaguar da floresta; os outros fogem espavoridos quando de longe o pressentem. Não é esse o inimigo que procura, porém outro mais terrível para vencê-lo em combate de morte e ganhar nome de guerra. Jaguaré chegou à idade em que o mancebo troca a fama do caçador pela glória do guerreiro. Para ser aclamado guerreiro por sua nação é preciso que o jovem caçador conquiste esse título por uma grande façanha. Por isso deixou a taba dos seus, e a presença de Jandyra, a virgem formosa que lhe guarda o seio de esposa. Mas o sol três vezes guiou o passo rápido do caçador através das campinas, e três vezes como agora deitou-se além nas montanhas da Aratuba, sem mostrar-lhe um inimigo digno de seu valor. O romance Ubirajara, de José de Alencar, possui um subtítulo que diz “Lenda Tupy”. Lido o trecho apresentado, retirado do primeiro capítulo do livro, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: A utilização de um narrador testemunha já indica por si só traços de uma busca por verossimilhança na obra, visto que este tipo de narrador é considerado de maior confiabilidade em oposição ao narrador onisciente intruso ou aos narradores personagem e protagonista. Resposta Correta: Justamente, a utilização de um subtítulo como este, que diz “Lenda Tupy” indica uma busca por verossimilhança na obra por parte do autor, que pretende compor um mito a respeito da formação do estado do Tocantins. Feedback da resposta: Resposta incorreta. O subtítulo e o tipo de narrador escolhidos por José de Alencar nos apontam para uma tentativa de escrever uma história confiável, criar, de fato, um mito de formação. Pensando sobre isto, faz sentido, pensando nas características do narrador onisciente neutro, que o modo de elocução escolhida seja o da sumarização. Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2019 23h59min56s BRT De: Camila Fernandes <mila.cfs@hotmail.com> Enviado: terça-feira, 3 de dezembro de 2019 00:39 Para: Jéssica Souza <jhessy.fds@outlook.com> Assunto: ENC: Teoria Literaria De: Camila Fernandes <mila.cfs@hotmail.com> Enviado: terça-feira, 26 de novembro de 2019 01:43 Para: Camila Fernandes <mila.cfs@hotmail.com> Assunto: Teoria Literaria 1 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, extraído do conto O dia do desmoronamento, de Juan Rulfo. “- Isto aconteceu em Setembro. Não em Setembro deste ano mas sim no do ano passado. Ou foi no ano anterior, Melitón? mailto:%3Cmila.cfs@hotmail.com mailto:%3Cjhessy.fds@outlook.com mailto:%3Cmila.cfs@hotmail.com mailto:%3Cmila.cfs@hotmail.com - Não, foi no ano passado. - Sim, eu bem me lembrava. Foi em Setembro do ano passado, pelo dia vinte e um. Ouve-me, Melitón, Não foi a vinte e um de Setembro o dia do tremor de terra? - Foi um pouco antes. Quer-me parecer que foi a dezoito. - Tens razão. Eu por esses dias andava em Tuxcacuesco. Até vi quando se desmoronavamas casas como se fossem feitas de mel, simplesmente, retorciam-se assim, fazendo trejeitos, e vinham as paredes inteiras para o chão. E as pessoas saíam dos escombros todas aterrorizadas, correndo direitinhas para a igreja aos gritos. Mas esperem. Ouve, Melitón, parece-me que em Tuxcacuesco não existe nenhuma igreja. Tu não te lembras? - Não há. Ali não restam senão umas paredes feitas em quatro bocados que dizem que foi a igreja há coisa de duzentos anos; mas ninguém se lembra dela, nem de como era; aquilo mais parece um curral abandonado infestado de figueirinhas. - Dizes bem. Então não foi em Tuxcacuesco que me apanhou o tremor de terra, deve ter sido no El Pochote. Mas El Pochote é um rancho, não é?” (RULFO, Juan. O dia do desmoronamento. In: RULFO, Juan. A planície em chamas. Lisboa: Cavalo de Ferro Editores Ltda, 2003. p. 121- 129.) Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto, considerando-se que a estrutura apresentada no trecho segue até o final do conto. Resposta Selecionada: Modo dramático. Resposta Correta: Modo dramático. Feedback da resposta: Resposta correta. Como vimos, o modo dramático caracteriza-se pela omissão do narrador, de forma que os acontecimentos, percepções e descrições apreendem-sem através das falas das personagens. Pergunta 2 0,25 em 0,25 pontos Baseando-se em seus conhecimentos a respeito da tipologia da narração proposta por Norman Friedman e também da classificação de Gerard Genette, assinale a alternativa que estabelece adequadamente uma relação entre os conceitos de ambos teóricos. Resposta Selecionada: O narrador personagem é sempre autodiegético. Resposta Correta: O narrador personagem é sempre autodiegético. Feedback da resposta: Resposta correta. O narrador personagem, por se tratar de um tipo de narrador que é, também, protagonista da história narrada, narrando a mesma a partir do centro, é sempre autodiegético. Pergunta 3 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, retirado do texto O ponto de vista na ficção , de Norman Friedman: Já que o problema do narrador é a transmissão apropriada de sua estória ao leitor, as questões devem ser algo como: 1) Quem fala ao leitor? (...); 2) De que posição (ângulo) em relação à estória ele a conta? (de cima, da periferia, do centro, frontalmente ou alternando); 3) Que canais de informação o narrador usa para transmitir a estória ao leitor? (palavras, pensamentos, percepções e sentimentos do autor; ou palavras e ações do personagem; pensamentos, percepções e sentimentos do personagem: através de qual - ou de qual combinação - destas três possibilidades as informações sobre estados mentais, cenário, situação e personagem vêm?); e 4) A que distância ele coloca o leitor da estória? (próximo, distante ou alternando?). O PONTO DE VISTA NA FICÇÃO: O desenvolvimento de um conceito crítico. São Paulo: Revista Usp , maio 2002. Norman Friedman. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/331 95>. Acesso em: 30 ago. 2019. Com base em seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena. Resposta Correta: A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena. Feedback da resposta: Resposta correta. De acordo com Friedman (2002), o narrador tipo câmera seria o último estágio do apagamento de sua figura, caracterizando-se então pelo registro de uma cena. Ainda segundo o autor, ambos os narradores oniscientes acontecem, em geral, na terceira pessoa. Entretanto, há de se considerar que “(...) A ausência de intromissão não implica necessariamente, contudo, que o autor negue a si mesmo uma voz ao usar o Narrador Onisciente Neutro” (FRIEDMAN, 2002, p. 174). Já em relação aos narradores personagem e protagonista, estes diferenciam-se em relação ao ângulo em que posicionam-se na história: o narrador protagonista, como o próprio nome sugere, narra do centro (e se não estiver narrando do centro, pode ser considerado, então, personagem). Quanto à onisciência seletiva comum e a onisciência seletiva múltipla, a diferença está justamente no modo de elocução, visto que na onisciência seletiva comum o narrador costuma sumarizar o que está se passando na mente dos personagens, enquanto que na onisciência seletiva múltipla o narrador mostra em cena o que cada personagem está sentindo. Pergunta 4 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, de Esperando Godot, obra de Samuel Beckett. “Vladimir: Temos que comemorar, mas como? (Pensa) Levante que lhe dou um abraço. (Oferece a mão a Estragon). Estragon (irritado): Daqui a pouco, daqui a pouco. Silêncio. Vladimir (magoado, com frieza)> Pode-se saber onde o senhor passou a noite? Estragon: Numa vala. Vladimir (espantado): Numa vala! Onde? Estragon (sem indicar): Logo ali. Vladimir: E eles não bateram em você? Estragon: Bateram, mas não demais. Vladimir: Os mesmos de sempre? Estragon: Os de sempre? Não sei. Silêncio. Vladimir: Quando paro para pensar… estes anos todos… não fosse eu… o que teria sido de você…? (Com firmeza) Não seria mais do que um montinho de ossos, neste exato momento, sem sombra de dúvida. Estragon (ofendido): E daí? Vladimir (melancólico): É demais para um homem só. (Pausa. Com vivacidade) Por outro lado, qual a vantagem de desanimar agora, é o que eu sempre digo. Deveríamos ter pensado nisso milênios atrás, em 1900. Estragon: Chega. Ajude aqui a tirar esta porcaria. Vladimir: De mãos dadas, pular do alto da torre Eiffel, os primeiros da fila. Éramos gente distinta, naquele tempo. Agora é tarde demais. Não nos deixariam nem subir. (Estragon luta com a bota) O que você está fazendo?” (BECKETT, Samuel . Esperando Godot. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. Trad. Fábio de Souza Andrade.) Indique qual tipo de narrador está categorizado no texto. Resposta Selecionada: Onisciência seletiva múltipla. Resposta Correta: Modo dramático. Feedback da resposta: Resposta incorreta. A apresentação das características, sentimentos e percepções das personagens, no trecho, se dá exclusivamente pelas falas e apresentações de cenário. De certa maneira, o modo dramático se aproxima muito das peças teatrais. Pergunta 5 0,25 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir: “Uma voz chega a alguém no escuro. Imaginar. A alguém deitado de costas no escuro. Isso ele pode dizer pela pressão nas partes traseiras e pela mudança do escuro quando ele fecha os olhos e de novo quando os abre de novo. Só uma pequena parte do que é dito pode ser verificada. Como por exemplo quando ele ouve, Você está deitado de costas no escuro. Então ele deve reconhecer a verdade do que é dito. Mas de longe a maior parte do que é dito não pode ser verificada. Como por exemplo quando ouve, Você viu a luz primeiro em tal e tal dia. Às vezes os dois se combinam como por exemplo, Você viu a luz primeiro em tal e tal dia e agora está deitado de costas no escuro. Um expediente talvez da incontrovertibilidade de um para ganhar crédito para o outro. Aquela então é a proposição. A alguém deitado de costas no escuro uma voz conta de um passado. Com alusões ocasionais a um presente e mais raramente a um futuro como por exemplo, Você acabará como está agora. E num outro escuro ou no mesmo um outro imaginando tudo por companhia. Depressa deixa-lo. (...) Inventor da voz e do seu ouvinte e dei si mesmo.Inventor de si mesmo por companhia. Deixar assim. Ele fala de si mesmo como de um outro. Ele diz falando de si mesmo, Ele fala de si mesmo como de um outro. A si mesmo ele inventa também por companhia. Deixar assim. Confusão também é companhia até certo ponto Melhor esperança adiada que nenhuma. Até certo ponto Até o coração começar a desgostar-se. Companhia também até certo ponto. Melhor um coração desgostoso que nenhum. Até começar a partir-se. Então falando de si mesmo ele conclui por enquanto, Por enquanto deixar assim.” (BECKETT, Samuel. Companhia. In: BECKETT, Samuel. Companhia e outros textos. São Paulo: Globo, 2012. p. 27-64.) No conto Companhia, obra de Samuel Beckett, a interpretação do tipo de narrador é crucial para a apreensão de sentido. Pensando nisso, leia o trecho a seguir e assinale a alternativa correta em relação aos recursos formais utilizados pelo autor quanto ao modo de enunciação. Resposta Selecionada: O modo enunciativo predominante em Companhia é a cena, pois como visto no trecho em destaque, são descritos cenários e percepções a todo momento. Resposta Correta: O modo enunciativo predominante em Companhia é a cena, pois como visto no trecho em destaque, são descritos cenários e percepções a todo momento. Feedback da resposta: Resposta correta. Observamos no trecho que em nenhum momento a voz do narrador resume o que está acontecendo - pelo contrário, todo o desenvolvimento da narrativa é muito elíptico, quase sem chegar a conclusão alguma sobre qualquer coisa. Logo, o modo predominante quanto à enunciação é o da cena. Também, quanto ao estilo, predomina o indireto livre, sendo a ferramenta que permite que, no texto, a voz do narrador e as percepções do “alguém” narrado sejam, em certo momento, indissociáveis. Pergunta 6 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. “Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?” Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham. Voltando a mim: o que escreverei não pode ser absorvido por mentes que muito exijam e ávidas de requintes. Pois o que estarei dizendo será apenas nu. Embora tenha como pano de fundo – e agora mesmo – a penumbra atormentada que sempre há nos meus sonhos quando de noite atormentado durmo. Que não se esperem, então, estrelas no que se segue: nada cintilará, trata-se de matéria opaca e por sua própria natureza desprezível por todos. É que a esta história falta melodia cantabile. O seu ritmo é às vezes descompasso. E tem fatos. Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura – fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir. Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém que eu mesmo ainda não sei bem como isto terminará. E também porque entendo que devo caminha passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta é também a minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça.” (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.) Assinale a alternativa correta em relação ao modo de enunciação observado. Resposta Selecionada: O recurso do estilo indireto livre é amplamente utilizado na obra, pois como demonstrado no trecho, as reflexões da personagem nordestina e do narrador misturam- se. Resposta Correta: A digressão é o modo enunciativo amplamente explorado nesta obra, assim como em outras de Clarice Lispector. No trecho em destaque, observa-se que as reflexões a respeito da construção de personagem desencadeiam reflexões sobre o ato da escrita e sobre o próprio narrador, e vice-versa. Feedback da resposta: Resposta incorreta. Conhecida pela ampla utilização de digressões, Clarice Lispector não poderia escrever sua última obra diferente. Na leitura de A Hora da Estrela, percebemos em diversos momentos a relação de espelhamento entre a personagem de quem o narrador conta a história (a nordestina Macabéa) e a personagem que cria para si próprio, de nome Rodrigo S. M. Isto torna-se possível na narração através do uso do modo digressivo, uma vez que as reflexões sobre um aspecto puxam reflexões sobre os demais aspectos, em um contínuo até o fim da história. Pergunta 7 0 em 0,25 pontos Leia o texto a seguir. O rugido do jaguar abala a floresta; mas o caçador também despreza o jaguar, que já cansou de vencer. Elle chama-se Jaguaré, o mais feroz jaguar da floresta; os outros fogem espavoridos quando de longe o pressentem. Não é esse o inimigo que procura, porém outro mais terrível para vencê-lo em combate de morte e ganhar nome de guerra. Jaguaré chegou à idade em que o mancebo troca a fama do caçador pela glória do guerreiro. Para ser aclamado guerreiro por sua nação é preciso que o jovem caçador conquiste esse título por uma grande façanha. Por isso deixou a taba dos seus, e a presença de Jandyra, a virgem formosa que lhe guarda o seio de esposa. Mas o sol três vezes guiou o passo rápido do caçador através das campinas, e três vezes como agora deitou-se além nas montanhas da Aratuba, sem mostrar-lhe um inimigo digno de seu valor. O romance Ubirajara, de José de Alencar, possui um subtítulo que diz “Lenda Tupy”. Lido o trecho apresentado, retirado do primeiro capítulo do livro, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: No trecho, somos apresentados a Jaguaré, que logo percebemos como personagem principal da história pela exaltação de suas qualidades feita pelo narrador testemunha. Resposta Correta: Justamente, a utilização de um subtítulo como este, que diz “Lenda Tupy” indica uma busca por verossimilhança na obra por parte do autor, que pretende compor um mito a respeito da formação do estado do Tocantins. Feedback da resposta: Resposta incorreta. O subtítulo e o tipo de narrador escolhidos por José de Alencar nos apontam para uma tentativa de escrever uma história confiável, criar, de fato, um mito de formação. Pensando sobre isto, faz sentido, pensando nas características do narrador onisciente neutro, que o modo de elocução escolhida seja o da sumarização. Pergunta 8 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, retirado do texto O Narrador, do crítico Walter Benjamin: “Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de fato presente entre nós, em sua atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais. Descrever um Leskov como narrador não significa trazê-lo mais perto de nós, e sim, pelo contrário, aumentar a distância que nos separa dele. Vistos de uma certa distância, os traços grandes e simples que caracterizam o narrador se destacam nele. Ou melhor, esses traços aparecem, como um rosto humano ou um corpo de animal aparecem num rochedo, para um observador localizado numa distância apropriada e num ângulo favorável. Uma experiência quase cotidiana nos impõe a existência dessa distância e desse ângulo de observação”. (BENJAMIM, Walter; BRASILIENSE, Editora (Ed.). Magia e técina, arte e política: O narrador. 1936. Disponível em: <http://letrasorientais.fflch.usp.br/sites/letrasorientais .fflch.usp.br/files/BENJAMIN, Walter_O narrador (._.).pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) Considerando seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, bem como os tipos de narrador e modos de elocução mais frequentes emcada um; os textos já vistos até aqui e o fragmento em destaque, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: Um narrador onisciente intruso impele o leitor a uma distância maior em relação ao texto. Resposta Correta: O narrador observador ou câmera, da mesma forma em que distancia-se da narração, também produz um efeito estético de maior afastamento do leitor em relação ao texto, ao passo em que este acompanha a história deste ponto de vista: de observador das ações. Feedback da resposta: Resposta incorreta. Tomando por base o excerto de Walter Benjamin, se o narrador se coloca distante do leitor, assim também estará o leitor mais ou menos distante em relação à história a depender do tipo de narrador, já que o ponto de vista a partir do qual lemos uma história será também o ponto de vista do narrador. Assim, o narrador observador ou câmera, até pela ampla utilização da cena como modo de elocução em seu texto, tende a produzir um maior efeito de afastamento entre o leitor e o texto em questão, visto que o leitor neste caso localiza-se também como observador, afastado da história. Já o narrador onisciente intruso pode ou não afastar o leitor: ao mesmo tempo em que este tipo de narrador impele o leitor a acompanhar suas opiniões pessoais, a seguir uma interpretação enviesada dos fatos narrados, há momentos também em que pode afastar o leitor (ou tentar afastar) para fins estéticos, como ocorre em algumas obras de Machado de Assis, por exemplo em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.” (ASSIS, Machado de. 1881). Pergunta 9 0 em 0,25 pontos Leia a seguir um fragmento do conto Colinas como elefantes brancos, de Ernest Hemingway. “‘Você faria uma coisa por mim?’ ‘Faria qualquer coisa por você.’ ‘Você pode parar de falar, por favor, por favor, por favor?’ Ele não disse nada mas olhou para as malas encostadas na mureta da estação. Tinham etiquetas de todos os hotéis em que haviam dormido. ‘Mas eu não quero que você faça’, ele disse, ‘eu não me importo com nada.’ ‘Eu vou gritar’, a moça disse. A mulher atravessou a cortina com dois copos de cerveja e os depositou sobre os apoios de feltro úmidos. ‘O trem chega em cinco minutos’, ela disse. ‘O que ela disse?’, perguntou a moça. ‘Que o trem chega em cinco minutos.’ A moça deu um sorriso radiante para a mulher, para agradecer. ‘Acho melhor levar as malas para o outro lado da estação’, o homem disse. Ela sorriu para ele. ‘Está bem. Depois volte e terminamos a cerveja.’ Ele pegou as duas malas pesadas e carregou-as pela estação até os trilhos do outro lado. Espreitou mas não conseguiu ver o trem. Voltando, entrou no salão do bar, onde as pessoas que esperavam o trem estavam bebendo. Bebeu um anis no balcão e olhou para as pessoas. Todas esperavam ordeiramente pelo trem. Atravessou a cortina de contas. Ela estava sentada à mesa e sorriu para ele. ‘Está se sentindo melhor?’, ele perguntou. ‘Estou bem’, ela disse. ‘Não tem nada de errado comigo. Estou bem.’” (HEMINGWAY, Ernest. Colinas como elefantes brancos. Tradução: Samuel Titan Jr.. Disponível em: <http://stoa.usp.br/gabrielamorandini/files/2130/1207 5/7+Colinas+como+Elefantes+Brancos+- +Ernest+Hemingway+OK.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) Assinale a alternativa que melhor corresponde ao tipo de narrador apresentado. Resposta Selecionada: Modo dramático. Resposta Correta: Câmera. Feedback da resposta: Resposta incorreta. Apesar da grande quantidade de diálogos, que poderiam nos levar a pensar no modo dramático como escolha para este texto, observamos a existência de uma descrição dos movimentos do homem, da mulher e das demais pessoas no mesmo ambiente (a estação de trem). A respeito desta descrição, observamos também uma busca por imparcialidade visto que não existem julgamentos ou valorações das atitudes de nenhum personagem. Este apagamento do narrador em um texto com tais características é típico do narrador câmera ou observador. Pergunta 10 0 em 0,25 pontos Leia o trecho a seguir, retirado do livro Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. “Ao ver, o menino mandou encostar; só descemos. – ‘Você não arreda daqui, fica tomando conta!’ – ele falou para o canoeiro, que seguiu de cumprir aquela autoridade, desde que amarrou a corrente num pau- pombo. Aonde o menino queria ir? Sofismei, mas fui andando, fomos, na vargem, no meio avermelhado do capim-pubo. Sentamos, por fim, num lugar mais salientado, com pedras, rodeado por áspero bamburral. Sendo de permanecer assim, sem prazo, isto é, o quase calados, somente. Sempre os mosquitinhos era que arreliavam, o vulgar. – ‘Amigo, quer de comer? Está com fome?’ – ele me perguntou. E me deu a rapadura e o queijo. Ele mesmo, só tocou em miga. Estava pitando. Acabou de pitar, apanhava talos de capim-capivara, e mastigava; tinha gosto de milho-verde, é dele que a capivara come. Assim quando me veio vontade de urinar, e eu disse, ele determinou: – ‘Há-te, vai ali atrás, longe de mim, isso faz…’ Mais não conversasse; e eu reparei, me acanhava, comparando como eram pobres as minhas roupas, junto das dele.” (ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/- 1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) Assinale a alternativa que indica adequadamente o tipo de narrador que está sendo desenvolvido no romance. Resposta Selecionada: Narrador protagonista. Resposta Correta: “Eu” como testemunha. Feedback da resposta: Resposta incorreta. A única mente de que temos acesso é a do narrador, não sabemos de nada a respeito do que se passa com o menino além do que nos é narrado. Entretanto, observa-se pelo uso do pronome oblíquo me e do tempo verbal conjugado na primeira pessoa que o narrador está falando de si mesmo, de uma posição acima do momento de sua história, como observador dos fatos que já sucederam. Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5 Pergunta 6 Pergunta 7 Pergunta 8 Pergunta 9 Pergunta 10 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5 Pergunta 6 Pergunta 7 Pergunta 8 Pergunta 9 Pergunta 10
Compartilhar