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Reabilitação Cardíaca O QUE É REABILITAÇÃO CARDÍACA? •De acordo com a OMS: A reabilitação cardíaca é o somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva. É baseada em uma intervenção multidisciplinar Médico Fisioterapeuta Enfermeiro Nutricionista Psicológo Assistente social Educador físico Papel do fisioterapeuta na reabilitação cardíaca Os pilares da reabilitação cardíaca são: •Atividade física •Adoção de hábitos alimentares saudáveis •Remoção do tabagismo e outras drogas • Estratégias para modular o estresse Mudanças no estilo de vida Objetivos da reabilitação cardíaca Auxiliar àqueles pacientes que já possuem alguma DCV ou que possuem alto risco de as desenvolverem; Reabilitar o paciente de forma integral, oferecendo suporte nos aspectos físico, psíquico, social, vocacional e espiritual; Educar os pacientes para que possam criar e aderir permanentemente à manutenção de hábitos saudáveis, associados ou não ao tratamento farmacológico ou cirúrgico. Reduzir a incapacidade Melhorar a qualidade de vida; Prevenir eventos cardiovasculares desfavoráveis e controlar fatores de risco. → Infarto agudo do miocárdio (IAM)/Síndrome coronariana aguda (SCA) →Cirurgia de revascularização miocárdica → Angioplastia coronária → Angina estável → Reparação ou troca valvular → Transplante cardíaco ou cardiopulmonar → Insuficiência cardíaca crônica → Doença vascular periférica → Doença coronária assintomática → Pacientes com alto risco de doença cardiovascular Indicações para a reabilitação cardíaca → Infarto agudo do miocárdio muito recente (< 72 h) → Angina instável (< 72 h da estabilização) → Valvopatias graves sintomáticas com indicação cirúrgica – Reabilitar somente após o procedimento cirúrgico →Hipertensão arterial descontrolada: PAS > 190 mmHg e/ou PAD > 120 mmHg → Insuficiência cardíaca descompensada →Arritmias ventriculares complexas, graves → Suspeita de lesão de tronco de coronária esquerda, instabilizada ou grave → Endocardite infecciosa, miocardite, pericardite Contraindicações para a reabilitação cardíaca extra hospitalar → Cardiopatias congênitas severas não corrigidas, sintomáticas →Tromboembolismo pulmonar e tromboflebite – fase aguda → Dissecção de aorta – tipo A ou fase aguda do tipo B →Obstrução severa sintomática do trato de saída do ventrículo esquerdo com baixo débito esforço-induzido →Diabetes melito descontrolada →Todo quadro infeccioso sistêmico agudo Contraindicações para a reabilitação cardíaca extra hospitalar Após superado o quadro agudo o paciente já pode iniciar ou retomar o programa de exercícios físicos A prescrição de exercício destinado a pacientes com DC deve ser baseada no Quadro clínico e no condicionamento físico do paciente É recomendada a realização de um teste de esforço para avaliar a presença ou não de arritimias cardíacas, isquemias induzidas pelo esforço entre outras alterações hemodinâmicas. Avaliação pré-participação Estratificação de risco Estratificação de risco Com base nessa estratificação são definidos os níveis de supervisão e monitorização na RC. Baixo risco: monitoramento durante as primeiras 6-18 sessões através de eletrocardiograma ou frequencímetro, a monitorização deve ser reduzida progressivamente. Esses pacientes podem ainda ser candidatos a programas semissupervisionados ou com supervisão a distância. Estratificação de risco Risco intermediário: monitoramento durante as primeiras 12 a 24 sessões preferencialmente através de eletrocardiograma e com supervisão clínica permanente com diminuição para uma forma intermitente após a 24 sessão. Alto risco: monitoramento eletrocardiográfico durante as primeiras 36 sessões com supervisão clinica permanente. Estratificação de risco As possíveis complicações cardíacas que podem ocorrer durante os programas de Reabilitação cardiovascular são: • Parada cardíaca • IAM • Arritmias Para garantir maior segurança é importante se realizar uma avaliação integral do paciente reconhecendo o grau de risco cardiovascular, a prescrição individual de exercício e o monitoramento adequado! Fase 1: intra-hospitalar, se inicia logo após estabilização do paciente. Fase 2: ambulatorial, dura em média 3 meses. Fase 3: tem duração indefinida, ocorre o aprimoramento da capacidade funcional e a preparação para que o paciente esteja autonomo para a realização do exercício. Fase 4: pode ser realizada sem supervisão, Nessa fase ocorre a manutenção do condicionamento do paciente. Fases da reabilitaçã o cardíaca Fase 1 • Aplica-se ao paciente internado (fase hospitalar); • Tem como objetivo reduzir os efeitos do imobilismo e diminuir o tempo de internação, permitindo que o paciente receba alta com as melhores condições físicas e fisiológicas; • Encontramos o paciente contemplativo e aberto para novas propostas para a mudança do estilo de vida. Fase 1 • Inicia-se os exercícios com fisioterapeutas, sempre em baixa intensidade • Os exercícios podem ser iniciados imediatamente após a estabilização da doença. Fase 1 • Síndromes coronarianas: iniciar após 24 à 48 após ausência dos sintomas. • Insuficiência cardíaca iniciar após a melhora da dispneia; • Cirurgias cardíacas iniciar de forma progressiva. Fase 1 Avaliar o paciente é sempre a melhor maneira de se determinar quando e quais exercícios serão realizados. ▪ Inicia-se com exercícios de baixa intensidade, 2 METs ( equivalente metabólico), Prescrição de exercícios na fase 1 Prescrição de exercícios na fase 1 ▪ Deve-se elevar até 20 bpm além da FC de ortostatismo; ▪ Percepção subjetiva de esforço não deve ultrapassar 7 ( BORG) ou 3 (BORG modificada). Prescrição de exercícios na fase 1 Prescrição de exercícios na fase 1 TECNOLOGIA E RECURSOS ADJUVANTES NA FASE 1 DA REABILITAÇÃO PÓS-CIRURGIA CARDÍACA A inclusão de novas tecnologias na fase 1 da reabilitação cardíaca, como a utilização de jogos e realidade virtual, estimula a prática de exercício e atividade física por parte dos pacientes. Essas tecnologias são cada vez mais utilizadas por fornecerem feedback sobre desempenho motor e nível de atividade física, incentivando a prática de atividade física por torná-la mais atraente para muitas pessoas, em todo os grupos de idade. USO DO MÉTODO PILATES NA FASE AMBULATORIAL DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR Guimarães e colaboradores, em ensaio clínico randomizado, demonstraram que, na fase ambulatorial da RCV, o método Pilates melhora a capacidade funcional, a ventilação e o pulso de oxigênio (relação entre o consumo de oxigênio e a frequência cardíaca) em pacientes com IC. Componentes de cada sessão Aquecimento: iniciamos com pequenos grupos musculares e depois envolvemos maiores grupos, iniciando de forma lenta e aumentando a velocidade gradativamente. Duração de 1 a 3 minutos. Treinamento propriamente: nas primeiras sessões podemos iniciar com um treinamento de curta duração (15 minutos) e aumentar de forma gradativa. Volta a calma: momento em que o paciente deve recuperar os valores de FC e PA iniciais. Podemos reduzir de forma gradual a carga de exercício aeróbico, utilizar alongamentos, repouso em cadeira ou colchão e técnicas de respiração Tipos de treinamento Treinamento continuo: se baseia em um esforço constante durante um tempo determinado. Caminhada ou corrida intensidade moderada. O tempo mínimo oscila entre 20- 30 minutos. Treinamento intervalado: um exercício ou serie deles composto por períodos de esforço alternados com períodos de recuperação ativos ou passivos. Em pacientes com baixa capacidade funcional, utilizamos de recuperação passiva. É a melhor opção em pacientes com baixa tolerância a esforços. Prescrição do treinamento físico na reabilitação cardíaca O exercício aeróbio, éo principal componente da RC e o exercício resistido entra como um complemento; ACSM recomenda que antes, durante e após cada sessão da reabilitação deve ser realizada uma avaliação rotineira: • FC; • PA; • Peso corporal (semanal); • Sintomas ou evidências de alterações no estado clínico; • Sintomas ou evidências de intolerância ao exercício; • Alterações nos medicamentos e adesão ao regíme medicamentoso prescrito. Treinamento aeróbio São recomendadas atividade rítmicas, envolvendo grandes grupos musculares, Alguns ergômetros podem requerer mais esforço do paciente, elevando consideravelmente a intensidade de trabalho a ser realizado, tendo assim a necessidade dos ajustes as condições individuais. Bicicleta ergométrica Esteira rolante Ergômetro de braçoMáquina de remo Elíptico Intensidade Um teste de esforço na estratificação de risco, deve vir antes de qualquer prescrição de exercícios físicos; Teste ergoespirométrico Teste ergométrico Intensidade • No Brasil é amplamente utilizada de 75 a 85% da FC máx predita para a idade: (220- idade). • Em cardiopatas, idosos, crianças e atletas a fórmula pode sub- ou superestimar a intensidade dos esforços; • Pacientes pós evento cardíaco fazem uso de medicamentos que interferem no cronotropismo, como betabloqueadores, antagonistas de cálcio e antiarrítmicos, reduzindo a FC máxima, fazendo se necessária a realização de um novo teste de esforço máximo; Intensidade de treinamento com base no teste ergométrico • Calculamos a FC reserva : (FC máx – FC basal) • Em seguida FC alvo, utilizando a fórmula de Karvonen: FC alvo= ( FC máxima – FC basal) x % (intensidade) + FC repouso Segundo a ACSM, para essa população a intensidade pode ser descrita entre 40% - 80% da FC reserva Iniciantes, sedentários 40 a 60% da FC reserva Ativos 50 a 70% da FC reserva Com boa capacidade funcional 60 a 80% da FC reserva Intensidade de treinamento com base no teste cardiopulmonar • A intensidade do exercício será entre os limiares ventilatórios; FC do primeiro limiar ventilatório/limiar anaeróbio (LA) Segundo limiar ventilatório/ponto de compensação respiratória (PCR) • A intensidade de trabalho pode ser prescrita entre a FC no LA e 10% acima, quando o PCR não for atingido ou não puder ser determinado. • Para casos que apresentem alterações eletrocardiográficas sugestivas, deve ser limitada até a FC da alteração, independentemente dos limiares respiratórios • A intensidade de treinamento pode ser manejada pela PSE seguindo a escala de BORG entre 11 e 16 (relativamente fácil e cansativo) em especial nos casos em que a FC não puder ser aferida adequadamente. Frequência e volume É recomendado que : • A frequência do treinamento seja de 3 a 5 dias por semana, • Duração de 40 a 60 minutos a sessão, Realizando o aumento gradativo da duração de 1 a 5 minutos ou de 10% a 20% por semana Treinamento resistido O fortalecimento muscular é de extrema importância, pois reduz a sobrecarga cardíaca para as atividades diárias, melhora a força e a resistência muscular. Devem ser prescritos exercícios dinâmicos para os grandes grupos musculares; Intensidade: Teste de 1 repetição máxima (1RM). • Pacientes com disfunção ventricular: 40% a 60% 1 RM • Pacientes sem disfunção ventricular: 40% a 80% 1 RM Treinamento resistido • De 8 a 15 repetições ; • De uma a três séries; • Em torno de 8 a 10 exercícios ou de maneira empírica (cargas baixas evoluindo até que a sensação de esforço seja de baixa a moderada); • Halteres leves para inicio da atividade (1 a 2 kg para MMSS, 2 a 4 kg para MMII). Treinamento resistido Precauções durante o exercício resistido: • Exercícios que atinjam a falha concêntrica podem aumentar excessivamente a FC e PA causando um aumento no trabalho cardíaco; • Ocorre hiperemia reativa, vasodilatação muscular, redução do débito cardíaco e consequentemente redução abrupta da PA, o que pode diminuir a perfusão coronariana. • Os ritmos e repetições do treinamento tem que ser controlados e lentos para que não ocorra manobra de valsalva, afim de minimizar pressão arterial elevada. • Recomenda se uma pausa maior entre as séries de exercícios. Cuidados especiais para a prescrição do exercício para pacientes isquêmicos FC: 10 batimentos abaixo do limiar de angina/isquemia encontrados no teste de esforço; Fator psicológico que pode dificultar a adesão ao programa; Devido a dor, é sugerido o uso de uma escala de dor numérica visual de 0 a 10; O aquecimento e a recuperação são de extrema importância para essa população. Borges DL, Andrade FMD, Oliveira GU, Cacau LAP. Tecnologia e recursos adjuvantes na fase 1 da reabilitação pós-cirurgia cardíaca. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Reis LFF, Andrade FMD, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto: Ciclo 9. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p. 121–48. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). Herdy AH, López-Jimenez F, Terzic CP, Milani M, Stein R, Carvalho T; Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Sul-Americana de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular. Arq Bras Cardiol 2014; 103(2Supl.1): 1-31. NEGRÃO, Carlos Eduardo; BARRETTO, Antônio Carlos Pereira; RONDON, Maria Urbana Pinto Brandão. Cardiologia do Exercício: do atleta ao cardiopata. 4. ed. Barueri: Manole, 2019. 836 p Plentz RDM, Reis MH, Neves LF. Uso do método Pilates na fase ambulatorial do processo de reabilitação cardiovascular. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Karsten M, dal Corso S, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória: Ciclo 2. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2015. p. 121-42. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). Referências Bibliográficas Paciente JPG, 65 anos, está internado na enfermaria do Hospital Santa Casa De Misericórdia De Goiânia após cirurgia de troca valvar há 4 dias. Após avaliação inicial da fisioterapia, foram identificados os seguintes sinais vitais: P.A.: 125x87 mmHg, F.C. em repouso: 92bpm, FR.:22 ipm SPO2: 96%. Como prescrever o exercício para esse paciente? Após sua alta hospitalar, JPG foi encaminhado para o ambulatório de reabilitação cardíaca. O mesmo realizou um teste ergométrico que apontava um Fcmáx de 160bpm. Ao ser avaliado pelo fisioterapeuta o mesmo encontrou os seguintes sinais vitais: F.C. em repouso:86bpm, PA.: 122x84 mmHG, FR:16 ipm, SPO2:96%. Como prescrever o exercício para esse paciente? Caso clínico 1 Reabilitação Cardíaca Jandielle Aires Pimentel João Paulo Chaveiro
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