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* VISÃO GERAL → O tecido cartilaginoso e o tecido ósseo são formas especializadas de tecido conjuntivo que possuem papéis fundamentais em proporcionar a estrutura de sustentação do esqueleto do corpo. Embora esses tecidos compartilhem de similaridades, existem importantes diferenças que os distinguem um do outro. Como em outros tecidos conjuntivos, eles são derivados a partir do tecido conjuntivo embrionário, o mesênquima; ambos consistem em células embebidas em uma abundante matriz extracelular. A matriz do tecido cartilaginoso é representada por um gel firme, ainda que elástico, com atributos físicos semelhantes aos de um plástico; tal matriz não se apresenta tão rígida quanto a matriz extracelular do tecido ósseo, mas proporciona uma consistência firme e sólida ao tecido cartilaginoso. A matriz cartilaginosa é altamente hidratada, contendo entre 70-75% de água. O restante da matriz é composto de colágeno do tipo II (15-20%), para resistência a forças tênseis, e proteoglicanos (2-10%), para resistência a forças de compressão. O tecido cartilaginoso proporciona um suporte estrutural para tecidos moles e uma área para deslizamentos em articulações, além de permitir o crescimento dos ossos longos em comprimento. O tecido cartilaginoso realiza diversas funções; porém, ele não possui propriedades presentes na maioria dos demais tecidos, uma vez que é um tecido avascular e não tem suprimento nervoso ou linfático. O tecido ósseo consiste no tecido mineralizado do esqueleto, o qual no ser humano constitui 206 ossos individuais. A matriz extracelular do tecido ósseo, em se tratando de este ser um tecido conjuntivo mineralizado – portanto, rígido –, consiste em colágeno do tipo I embebido em uma substância fundamental, sobre o qual uma complexa matriz inorgânica, constituída por cristais de hidroxiapatita, é depositada. Quando comparado ao tecido cartilaginoso, o tecido ósseo tem um índice metabólico mais alto, é ricamente vascularizado e recebe até 10% do débito cardíaco. O tecido ósseo possui bom potencial de regeneração para um autorreparo durante toda a vida. * TECIDO CARTILAGINOSO → Os três tipos de tecido cartilaginoso – cartilagem hialina, cartilagem elástica e cartilagem fibrosa (ou fibrocartilagem) – diferem essencialmente na aparência histológica e nas propriedades da matriz extracelular. → A cartilagem hialina: ↳ o tipo mais comum e mais característico, possui uma matriz com aparência vítrea – sob o ponto de vista macroscópico – porque o índice de refração de seu colágeno (do tipo II) é similar àquele da substância fundamental na qual ele se encontra embebido. ↳ Exceto nas articulações sinoviais e é exposta ao líquido sinovial, as peças deste tipo de cartilagem são envolvidas por uma camada de tecido conjuntivo, caracterizada como pericôndrio, a qual é essencial para o crescimento da cartilagem e para o fornecimento de nutrientes para os condrócitos. Este envoltório de tecido conjuntivo é rico em fibroblastos, células mesenquimais indiferenciadas e capilares sanguíneos. Durante o crescimento, o pericôndrio consiste em uma camada condrogênica interna e uma camada fibrosa externa de tecido conjuntivo denso modelado que a circunda. ↳ No pericôndrio condrogênico, as células cartilaginosas são achatadas (condroblastos). ↳ Os condrócitos da cartilagem hialina são frequentemente organizados em pares ou grupos de quatro a seis células; grupos isógenos. ↳ As fibrilas de colágeno do tipo II, água e a substância fundamental constituem a matriz cartilaginosa. A basofilia característica da matriz deste tipo de cartilagem é atribuída à presença de abundantes glicosaminoglicanos (GAGs). ↳ macromoléculas estruturais: colágenos, proteoglicanos e proteínas não colagênicas. O colágeno do tipo II provê resistência a forças de tração e colabora com a conformação do tecido. Pelo menos dois outros tipos de colágeno – os dos tipos IX e XI – ajudam a estabilizar a trama de fibrilas do tipo II. →CARTILAGEM FIBROSA (FIBROCARTILAGEM) ↳ Ela é um tecido cuja estrutura sugere uma mistura entre o tecido conjuntivo denso modelado (similar em muitos aspectos a tendões e ligamentos) e a cartilagem hialina. Ela combina a resistência a forças tênseis, a firmeza e a durabilidade do tendão com a resistência a forças de compressão da cartilagem. Contrapondo-se a outros tipos de cartilagem, a fibrocartilagem não possui um pericôndrio distinto, o qual se mescla de forma imperceptível com o tecido conjuntivo circunjacente ou com a cartilagem hialina adjacente. Sua matriz é intensamente eosinófila (ou acidófila) em virtude das numerosas fibras colágenas (de colágeno do tipo I) presentes. Os condrócitos estão espalhados pela matriz e se encontram organizados em curtas fileiras paralelas por entre os feixes de fibras colágenas. A fibrocartilagem se forma a partir de um tecido conjuntivo denso que é rico em fibroblastos, alguns dos quais se diferenciam em condrócitos. → CARTILAGEM ELÁSTICA ↳ a cartilagem elástica parece mais opaca e amarelada que a cartilagem hialina em razão das abundantes fibras elásticas em sua matriz. A cartilagem elástica possui alto grau de elasticidade (ou resiliência), retornando facilmente ao seu formato original após um dobramento ou distorção, e apresenta maior flexibilidade do que os outros tipos de cartilagem. Sua matriz contém uma densa trama entrelaçada de fibras elásticas embebidas em uma pequena quantidade de substância fundamental da matriz extracelular. Esta trama é mais densa no interior do que na periferia das peças cartilaginosas. Os condrócitos esféricos, os quais estão situados em lacunas, parecem similares aos condrócitos da cartilagem hialina, exceto pelo fato de que eles são mais compactados e, em geral, encontrados isoladamente nas lacunas. Com métodos que coram seletivamente os componentes do sistema elástico, a ramificação e a anastomose das fibras elásticas são mais claramente visualizadas. A matriz também contém um pequeno número de fibrilas colágenas do tipo II que são mascaradas pela substância fundamental e se entrelaçam com as fibras elásticas, mais abundantes. ↳ são envolvidas por um pericôndrio. não se calcifica com a idade. * CONDRÓCITOS → a sua função: síntese e secreção de todos os componentes da matriz extracelular cartilaginosa. Esses aspectos são similares àqueles de outras células, como fibroblastos e osteoblastos, que sintetizam e secretam proteínas da matriz extracelular, dentre elas os colágenos, assim como os carboidratos que constituem a substância fundamental. → Em células ativas, um único núcleo irregularmente ovoide é essencialmente eucromático, com agregados periféricos de heterocromatina próximos ao envoltório nuclear. O citoplasma possui abundantes ribossomas livres e um retículo endoplasmático granular (REG) bem desenvolvido, com cisternas dilatadas. O proeminente aparelho de Golgi justanuclear contém sáculos expandidos e vacúolos de vários tamanhos. As mitocôndrias são esporádicas, muito provavelmente refletindo seu consumo de energia a partir de mecanismos glicolíticos, ou anaeróbicos, em vez de aeróbicos. *VISÃO GERAL DA OSSIFICAÇ ÃO (OSTEOGÊNESE) → é uma complexa e extraordinária série de processos interrelacionados que ocorrem simultaneamente: migração celular, mitose, diferenciação celular, modulação celular, síntese e secreção de matriz extracelular, mineralização extracelular e reabsorção da matriz extracelular. Os ossos são formados por ossificação intramembranosa ou por ossificação endocondral. → A maioria dos ossos longos (dos membros), a coluna vertebral, as costelas e a pelve se desenvolvem por ossificação endocondral, com base em modelos de cartilagem hialina preexistentes. Aqui, as células mesenquimais se diferenciam em condrócitos. Um modelo cartilaginoso é modificado para facilitar a mineralização da matriz cartilaginosa, a invasão desta matriz cartilaginosa mineralizada por vasos sanguíneos e a deposição de tecido ósseo sobre a matrizcartilaginosa mineralizada, havendo, consequentemente, sua progressiva substituição pelo tecido ósseo. Ambos os tipos de ossificação possuem o mesmo mecanismo de deposição e mineralização da matriz óssea, por meio da produção inicial de um tecido ósseo esponjoso (ou trabecular) primário. → a formação do tecido ósseo, este permanece dinâmico durante toda a vida, de modo a permitir o crescimento e servir como uma fonte de minerais para a homeostase. *OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA → se inicia durante a gestação, quando células mesenquimais se agregam em locais de mesênquima (tecido conjuntivo embrionário) ricamente vascularizado e se diferenciam em osteoblastos. Eles secretam o osteoide, que é uma matriz orgânica, constituída essencialmente por colágeno do tipo I e proteoglicanos. Os osteoblastos também secretam fosfatase alcalina, a qual induz a mineralização do osteoide mediante precipitação de sais de cálcio e fosfato inorgânicos, formando cristais de hidroxiapatita. A hidroxiapatita é o mineral dominante da matriz óssea. Durante a ossificação, os osteoblastos são encarcerados na matriz e se tornam osteócitos – as células maduras do tecido ósseo. → Os osteoblastos se organizam sobre a superfície das trabéculas e continuam a produzir matriz óssea orgânica. As trabéculas se espessam e se fundem umas às outras para formar uma treliça tridimensional de tecido ósseo esponjoso (ou trabecular) primário. → Grandes células multinucleadas chamadas de osteoclastos migram para a superfície das trabéculas e começam a reabsorver a matriz óssea, o que proporciona um mecanismo para a constante remodelação óssea. A conversão do tecido ósseo esponjoso primário em tecido ósseo compacto secundário ocorre em regiões específicas. → A deposição das lamelas ósseas – que são camadas concêntricas de matriz óssea – ao redor de vasos sanguíneos forma os sistemas de Havers, ou osteons. Uma camada de mesênquima que envolve o osso em desenvolvimento se torna o periósteo. * OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL → Se inicia com réplicas, ou modelos, de cartilagem hialina dos futuros ossos adultos. À medida que células mesenquimais se diferenciam em condrócitos, são constituídos modelos cartilaginosos que assumem o formato dos futuros ossos. O primeiro dos dois ou mais centros de ossificação aparece na diáfise (haste central) do modelo cartilaginoso. Um delgado colar ósseo surge ao redor da diáfise, formado por ossificação intramembranosa do pericôndrio mesenquimal da região mediana da diáfise. → A partir do periósteo, vasos sanguíneos, coletivamente considerados como o broto vascular perióstico, invadem o interior da diáfise e carreiam células mesenquimais osteoprogenitoras; as células osteoprogenitoras se dispõem sobre as traves de cartilagem mineralizada, se diferenciam em osteoblastos e depositam matriz óssea sobre a cartilagem mineralizada, compondo trabéculas ósseas (tecido ósseo esponjoso primário). → os condrócitos constituem os discos epifisários nas regiões de junção entre a diáfise e as epífises. Os discos epifisários de cartilagem hialina determinam o crescimento longitudinal da diáfise. Ao final da vida fetal, e continuando até a puberdade, os centros secundários de ossificação aparecem nas duas epífises dos ossos longos. Após a adolescência, os discos epifisários se fecham e o crescimento cessa. *HISTOLOGIA E FUNÇÃO DAS CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO ESPONJOSO → tipos celulares presentes no tecido ósseo são as células osteoprogenitoras, os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. As primeiras são células-tronco mesenquimais indiferenciadas que, dependendo do estímulo, podem se modular em osteoblastos, fibroblastos ou condroblastos. → Os osteoblastos, as células que sintetizam a matriz óssea orgânica e são derivadas das células osteoprogenitoras, produzem o colágeno e outras moléculas do osteoide, bem como induzem a mineralização da matriz óssea durante o desenvolvimento e a remodelação ósseas. → Os osteoclastos são grandes células multinucleadas que se originam através da fusão de monócitos derivados da medula óssea. Eles atuam na reabsorção óssea pela remoção da matriz mineralizada. Estão situados em depressões na superfície óssea, caracterizadas como lacunas de Howship (ou compartimentos subosteoclásticos), as quais são criadas pela digestão extracelular da matriz óssea subjacente através de enzimas lisossômicas liberadas pelos osteoclastos no meio extracelular, juntamente com a dissolução dos cristais de hidroxiapatita da matriz mineral. *MICROARQUITETURA DO TECIDO ÓSSEO COMPACTO → O tecido ósseo compacto está limitado à camada externa, ou córtex, dos ossos. Ele é constituído por muitos sistemas de Havers (ou osteons) adjacentes, os quais aparecem de formato oval a arredondado em corte transversal e, em geral, estão orientados paralelamente ao longo eixo do osso. Cada osteon é uma unidade cilíndrica, que consiste em um canal de Havers central, o qual contém pequenos vasos sanguíneos e nervos e está circundado por 4-20 lamelas ósseas concêntricas. Os osteócitos em lacunas estão organizados circunferencialmente ao redor do canal central. As lacunas estão orientadas paralelamente às lamelas e conectadas entre si por delgados canalículos contendo delicados prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos. Os canais de Havers se conectam com outros canais e com a cavidade medular através de canais de Volkmann, que têm trajeto transversal; esses canais interligam canais de Havers adjacentes e entram no tecido ósseo a partir da superfície periosteal para carrear vasos sanguíneos de um osteon a outro. → O tecido ósseo compacto pode ser formado ou ser reabsorvido abaixo do periósteo ou sobre o endósteo. Com o envelhecimento, a circunferência óssea aumenta, mas a espessura e a densidade do córtex diminuem. O tecido ósseo compacto também sofre remodelação por meio da formação de osteons (ou sistemas de Havers), os quais estão alinhados na mesma direção para resistir a forças de flexão. Externamente, o periósteo fornece uma rota para vasos sanguíneos e nervos, além de participar ativamente no crescimento e no reparo ósseos após a ocorrência de fraturas. * ESTRUTURA E FUNÇÃO DO PERIÓSTEO → Exceto em locais onde um osso se associa a outros nas articulações, a superfície externa dos ossos é recoberta por um resistente tecido conjuntivo altamente especializado. Conhecido como periósteo, ele consiste em duas camadas mal demarcadas que diferem histologicamente. Uma camada externa de tecido conjuntivo denso modelado é composta essencialmente de fibroblastos entremeados a feixes paralelos de fibras colágenas do tipo I e uma proporção menor de fibras elásticas. Esta camada contém abundantes vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Uma camada interna (câmbio), formada por tecido conjuntivo frouxo e ricamente vascularizada, contém células osteogênicas e osteoblastos em contato direto com a superfície óssea. Os vasos sanguíneos possuem um pequeno calibre e dão origem a ramos que suprem os canais de Havers e de Volkmann. A partir da camada externa do periósteo, feixes de fibras colágenas, caracterizadas como fibras de Sharpey, penetram no tecido ósseo subjacente a intervalos regulares para ancorar o periósteo firmemente ao tecido ósseo. As superfícies internas do tecido ósseo – incluindo os espaços medulares da diáfise, as superfícies das trabéculas ósseas do tecido ósseo esponjoso e os canais de Havers – são revestidas por uma delgada camada única de células achatadas com potencial osteogênico, conhecida como endósteo. *ULTRAESTRUTURA DOS OSTEOBLASTOS → Os osteoblastos são células polarizadas que sintetizam e secretam a matriz óssea não mineralizada, caracterizada como osteoide, a qual consiste principalmente em colágeno do tipo I e glicoproteínas não colagênicas, como a osteocalcina e a osteopontina. Os osteoblastos contêm outras organelas para glicosilação e secreção de proteínas. Os osteoblastos possuem receptores de membrana parahormônio da paratireoide (paratormônio), estrógenos e progesterona. *ULTRAESTRUTURA DOS OSTEÓCITOS → Os osteócitos, as células maduras do tecido ósseo, apresentam alta proporção núcleo-citoplasma e relativamente poucas organelas citoplasmáticas. Elas ocupam, juntamente com líquido extracelular, o interior de lacunas na matriz óssea. Cada célula exibe delicados prolongamentos citoplasmáticos que se estendem para o interior de delgados canais, ou canalículos, em meio à matriz mineralizada. Os prolongamentos de uma célula estão associados àqueles de células adjacentes por intermédio de junções comunicantes (“gap junctions”). O líquido extracelular nos canalículos e nas lacunas permite a transferência de moléculas, oxigênio e nutrientes por difusão. Os osteócitos mantêm de forma ativa a matriz óssea. Eles participam do intercâmbio de íons cálcio e de outros minerais com o líquido extracelular, um processo conhecido como osteólise osteocítica. *ULTRAESTRUTURA E FUNÇÃO DOS OSTEOCLASTOS → Os osteoclastos são células gigantes multinucleadas . As células são altamente polarizadas, e os núcleos se concentram em áreas citoplasmáticas distantes das áreas de reabsorção de matriz óssea. Sua ultraestrutura exclusiva é consistente com seu papel na reabsorção da matriz óssea. Os osteoclastos em atividade são encontrados em meio a depressões nas superfícies ósseas, conhecidas como lacunas de Howship (ou compartimentos subosteoclásticos).
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