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CONTABILIDADE EMPRESARIAL PROFESSORAS Me. Adriana Casavechia Fragalli Me. Juliana Moraes da Silva ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8960 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. FARGALLI, Adriana Casavechia; SILVA, Juliana Moraes da. Contabilidade Empresarial. Adriana Casavechia Fragalli Juliana Moraes da Silva. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Contabilidade 2. Empresarial 3. Negócios . EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Juliana Moraes da Silva Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Arthur Cantareli Silva Design Educacional Ivana Cunha Martins Curadoria Fernanda Feitoza de Brito Revisão Textual Sarah Mariana Longo C. Cocato Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-522-7 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universida- de, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atua- mos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o in- telectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professo- res e equipe que produzem a cada dia uma inova- ção, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamen- te para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Marin- gá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mu- dam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Adriana Casavechia Fragalli Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrado em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pós-graduanda em Docência no Ensino Superior pela UniCesumar. Atua como pro- fessora formadora em cursos a distância da UniCesumar. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8193667547216940 Me. Juliana Moraes da Silva Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Possui bacharelado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e é licenciada em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (2001). Atual- mente, é Perita Contábil nas áreas Civil e Trabalhista, é, também, professora e coor- denadora do curso de Ciências Contábeis da UniCesumar. Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0551257296562180 http://lattes.cnpq.br/8193667547216940 http://lattes.cnpq.br/0551257296562180 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A CONTABILIDADE EMPRESARIAL Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) aos nossos estudos sobre Contabilidade Empresarial! Há uma frase bastante popular que diz o seguinte: “Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. É mais ou menos assim que muitas pessoas vivem: não sabem o que querem, seguem por qualquer caminho e, por isso, nunca conseguem nada, nem chegam a lugar algum. Contudo, você é diferente, você escolheu o caminho da academia, e, para segui- -lo, é preciso traçar uma meta, e, para buscá-la, são necessários planejamento, organização, perseverança, conhecer as possibilidades e aproveitar as oportunidades. Tenha calma, você chegará lá, mas deve dar um passo de cada vez. No ensino a distância, é a sua disciplina de cada dia, de cada mês, de cada ano que te levará a essa conquista. Temos o desejo de contribuir com a construção do seu conhecimento. E é com grande sa- tisfação que este material de Contabilidade Empresarial foi especialmente elaborado para auxiliar nos passos da sua caminhada. O presente material está estruturado em cinco unidades, nas quais apresentamos uma expla- nação teórica e exemplos práticos acerca dos temas abordados. Ao final de cada unidade, você é convidado(a) a verificar o nível de absorção do conteúdo, resolvendo algumas atividades sobre o tema abordado. Nossos estudos começam com um pouco da história da Contabilidade, desde o seu surgi- mento e consolidação como Ciência Social até a sua atual posição como uma importante aliada no mundo dos negócios. Em seguida, na Unidade 2, são abordados alguns conceitos básicos para o entendimento da Contabilidade e da sua forma de atuação. Na Unidade 3, é apresentada a sistematização do patrimônio, o qual representa o objeto da Contabilidade. Este patrimônio e as suas modificações são acompanhados e divulgados pela Contabilidade por meio das demonstrações contábeis, as quais são abordadas nas Unidades 4 e 5. Poxa! Parece muita coisa, não é mesmo?! Contudo, fique tranquilo(a)! Nós da Unicesumar, professores(as) formadores(as) e mediadores(as), em conjunto com a coordenação, estaremos ao seu lado, acompanhando e auxiliando no seu crescimento acadêmico. Ante todo o exposto, não perca mais tempo. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento!pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE 8 ESTRUTURA CONCEITUAL 34 66 SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO 102 BALANÇO PATRIMONIAL 135 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E OUTRAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 178 CONCLUSÃO GERAL 1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • História da Contabilidade • Ciência Contábil • Pessoas Física e Jurídica • Os Negócios e a Contabilidade. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer como surgiu a Contabilidade • Compreender a inserção da Ciência Contábil na Ciência Social • Diferenciar as pessoas físicas das pessoas jurídicas • Compreender a importância da Contabilidade para os negócios. PROFESSORAS Me. Adriana Casavechia Fragalli Me. Juliana Moraes da Silva INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao mundo da Contabilidade! Aqui, nem tudo são números e cálculos, mas tudo ocorre de maneira lógica. O conteúdo desta disciplina, acumulado com o seu conhecimento acerca do mundo à sua volta, em especial, o seu conhecimento em relação ao mundo dos negócios, proporcionar-lhe-á condições de melhor investir ou negociar. Para isso, como se diz: iniciaremos do início, neste caso, conhecendo um pouco da história da Contabilidade. Você verá que a Contabilidade é tão antiga quanto o homem, mas, com o passar dos anos, ela se desenvolveu e se tornou uma ciência. Para se caracterizar como ciência, é necessário que o conhecimento seja construído com base em métodos científicos. Assim, você aprenderá quais são os critérios para se definir algo como ciência e compreenderá por que a Contabilidade é tida como uma Ciência Social. A Ciência Contábil visa estudar o patrimônio das entidades contábeis e as suas alterações, mas o que são entidades contábeis? Para compreender o que é uma entidade contábil, conheceremos a definição e as características das pessoas físicas e das pessoas jurídicas, segundo o Código Civil Brasilei- ro. A partir daí, conheceremos as pessoas no sentido contábil, assim você compreenderá a quem a Contabilidade se aplica. De qualquer forma, todos nós sabemos que a Contabilidade está presente na rotina das empresas. O que alguns não sabem é que ela não serve apenas para cumprir as determinações legais e para emitir guias de recolhimento de tributos. Na verdade, a Contabilidade é uma grande parceira dos negócios. Assim, encerraremos esta unidade falando sobre os negócios e a Con- tabilidade. Se, por um lado, a Contabilidade depende das empresas para existir, por outro, o sucesso das empresas, também, depende de uma boa Contabilidade. Bons estudos! U N ID A D E 1 10 1 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE Olá, caro(a) aluno(a). Pronto(a) para conhecer um pouco sobre a Contabilidade? Tenho certeza que sim. Vamos lá! Neste nosso estudo sobre a Contabilidade Empresarial, iniciaremos falando sobre como ela surgiu, qual é o seu objetivo e entenderemos qual é a sua im- portância no ramo dos negócios. Depois de estudar esta unidade, você saberá o quão necessário é aprender um pouco sobre a Contabilidade para ter sucesso nos negócios ou, até mesmo, para administrar seus recursos pessoais. Falando sobre o surgimento da Contabilidade, não é possível determinar uma data exata. Contudo, podemos afirmar que ela é tão antiga quanto a origem do homem. Talvez, você se pergunte: “mas como assim ela é tão antiga?”. Nem os números, que são tão utilizados pela Contabilidade, são tão antigos! É que, apesar de ela se utilizar dos números, estes não são o seu objeto principal. A Contabilidade cuida do patrimônio das entidades, assim, a partir do momento em que o homem começou a possuir e controlar seus bens, ela surgiu. Entretanto, o que seriam esses bens? Eram os instrumentos de caça e de pesca, os animais, as ânforas de bebidas, entre outros. Para controlar os animais, por exemplo, o dono do rebanho separava uma pedra para cada animal ou fazia “riscos” em um pedaço de madeira ou osso, assim ele acompanhava se havia a mesma quantidade de pedras ou de riscos em comparação aos animais. É claro que essa era uma forma muito rudi- mentar de Contabilidade, mas já representava um acompanhamento do patrimônio. U N IC ES U M A R 11 Segundo Favero et al. (2011, p. 9), “alguns pesquisadores revelam que os pri- meiros sinais objetivos da existência da Contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos a.C.”. Contudo, exemplos completos de contabilização encontrados no Egito remetem, seguramente, a 3.000 anos a.C., época da civilização da Suméria e da Babilônia (hoje, Iraque) (IUDÍCIBUS, 2010). Entretanto, a Contabilidade como conhecemos hoje, em que os registros são feitos por meio das partidas dobradas, ou seja, os famosos débito e crédito, surgiu bem mais tarde. De acordo com Hendriksen e Van Breda (2012), siste- mas de escrituração por partidas dobradas começaram a surgir, gradativamente, nos séculos XIII e XIV. Foi, contudo, no século XV que o método por partidas dobradas foi divulgado pela primeira vez. O frei franciscano Luca Pacioli, que, por sinal, era professor de Matemática, escreveu um livro denominado Summa de arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá. Neste livro, Pacioli escreveu um capítulo que, segundo Hendriksen e Van Breda (2012, p. 39), “descrevia o sistema de partidas dobradas, e apresentava o raciocínio em que se baseavam os lançamentos con- tábeis”, os quais, por incrível que pareça, são utilizados até hoje. Figura 1 – Luca Pacioli O surgimento das parti- das dobradas, justamente na Itália, não foi por acaso. As cidades italianas de Vene- za, Gênova, Florença, Pisa e outras representavam o que de mais avançado poderia existir na época, em termos de empreendimentos comer- ciais e industriais (IUDÍCI- BUS, 2010). Nesse sentido, nada mais natural do que justamente os italianos de- senvolverem um mecanismo de controle patrimonial que auxiliasse nos negócios. Dessa forma, é possí- vel observar que a Conta- bilidade nasceu e continua U N ID A D E 1 12 Ficou curioso(a) sobre a história da Contabilidade, que, por sinal, é muito interessante e tem a ver com a nossa história? Então, leia o livro Teoria da Contabilidade, de Hendriksen e Van Breda (2012). O segundo capítulo, intitulado “Quatro mil anos de Contabilidade”, conta como ela evoluiu em conjunto com os negócios, a tecnologia e a sociedade. explorando Ideias evoluindo em função das necessidades da sociedade. De acordo com Iudícibus (2010, p. 16), “o grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”. Assim, em um primeiro momento, a Contabilidade teve grande destaque na Itália e, em seguida, em toda a Europa, onde foram desenvolvidas diversas teorias contábeis. Contudo, como ela tem uma estreita relação com o desenvolvimento econômico e social, no início do século XX, a escola italiana (europeia) de Con- tabilidade começou a perder sua hegemonia para a escola norte-americana. Como já foi dito, a Contabilidade acompanha o desenvolvimento comercial e industrial. Assim, o foco econômico passou a ser a América do Norte. Dessa forma, também, foi “natural” que os norte-americanos passassem a desenvolver novas teorias contábeis, as quais ganharam grande destaque no mundo dos ne- gócios, como a Contabilidade Gerencial, a Contabilidade de Custos e a Auditoria. Os registros contábeis, muito mais do que dados financeiros, sãouma impor- tante base de dados. Sobre isso, Hendriksen e Van Breda (2012, p. 39) relatam que: “ A história da contabilidade é a história da nossa era; de muitas for-mas, a própria contabilidade conta essa história, pois os registros contábeis fazem parte da matéria-prima dos historiadores. Apren- demos muito a respeito de homens como Isaac Newton e John Wesley graças aos livros contábeis que mantiveram. Como disse a novelista Josephine Tey, “a verdade não está nas histórias, mas nos livros de contabilidade”. Isso demonstra que os registros e as demonstrações contábeis não são apenas documentos para atender às exigências legais, mas, também, representam um re- trato da realidade patrimonial de empresas e/ou pessoas, fornecendo informações importantes tanto para gestores e governo quanto para a sociedade. U N IC ES U M A R 13 2 CIÊNCIA CONTÁBIL Conforme a sociedade e a Economia evoluem, a Contabilidade também se de- senvolve para atender às novas necessidades. É por esse motivo que, há alguns anos, a Contabilidade passa por um processo de internacionalização. No mundo globalizado, em que os negócios entre diferentes países se tornaram algo comum, é necessário falar a mesma língua, pelo menos, no que se refere às informações contábeis. Por esse motivo, as Normas Internacionais de Contabilidade, ou IFRS (International Financial Reporting Standards), estão sendo adotadas por diver- sos países, no intuito de padronizar e facilitar a compreensão das informações contábeis. O Brasil adotou as Normas Internacionais em 2007, com a promulga- ção da Lei n.º 11.638 (BRASIL, 2007). O que podemos concluir é que, enquanto houver evolução na área comercial e industrial, ou seja, na área dos negócios em geral, a Contabilidade continuará evo- luindo para atender às necessidades das entidades e da sociedade como um todo. De volta a mais um tópico para estudar Ciência Contábil, é pertinente iniciarmos pela reflexão acerca do conceito de ciência. De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2009, p. 496), ciência pode ser en- tendida como: U N ID A D E 1 14 “ Conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produ-zidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão e, estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e, possivelmente, orientar a natureza e as atividades humanas. Para Lakatos e Marconi (2010), o método científico é uma forma de investigação da natureza e pode ser elencado nas seguintes etapas: Identificação do problema ou observação do fenômeno: ato de examinar minuciosamente qualquer coisa. Levantamento de hipóteses: o problema deve ser identificado e enunciado de tal maneira que todos entendam do que se trata. Experimentos científicos: ocorrem quando se realiza todos os experimentos teóricos e práticos em busca de explicações para de- terminado problema. Publicação do trabalho: quando já se chegou a uma conclusão e se deve expô-la à crítica da comunidade científica. Desse modo, pode-se levar a tecnologia a todas as partes do mundo. A ciência tem várias divisões, dentre as quais destacam-se: Ciência Exata: qualquer campo da ciência capaz de expressar quantidades, predições precisas e métodos rigorosos, de testar hi- póteses, especialmente, os experimentos reprodutíveis, envolvendo predições e medições quantificáveis pela Matemática, Física, Enge- nharia, Química e Estatística. Ciência Social: ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano. Propõe conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado. Para ser considerado como ciência, o ramo de conhecimento precisa apresentar uma série de características. De acordo com Padoveze (2011, p. 16), essas carac- terísticas precisam ser, no mínimo, as seguintes: U N IC ES U M A R 15 ■ o ramo de conhecimento deve ter objeto de estudo próprio, ou seja, um campo de atuação dos fenômenos em que ela se debruça; ■ deve utilizar-se de métodos racionais ou científicos; ■ deve ter um corpo de teoria, normas e princípios; ■ apresentar o caráter de certeza de seus enunciados; ■ estar em evolução e relacionar-se com os demais ramos de conhecimento científico; ■ ter caráter de generalidade em seus estudos e aplicações; ■ seus resultados serem comprovados etc. Em consonância com tais características, Padoveze (2011, p. 16) explica por que a Contabilidade é uma ciência: ■ tem objeto de estudo próprio, que é o Patrimônio e os eventos econômicos que alteram esse Patrimônio; ■ utiliza-se de método racional, o Método das Partidas Dobradas; ■ estabelece relações entre os elementos patrimoniais, válidas em todos os espaços e tempos, ou seja, é um ramo de conhecimento universal e permanente; ■ apresenta-se em constante evolução; ■ o conhecimento contábil é regido por leis, normas e princípios, ou seja, tem um corpo de teorias e princípios contábeis; ■ seus estudos têm o caráter de generalidade, ou seja, os mesmos eventos eco- nômicos reproduzidos nas mesmas condições provocam os mesmos efeitos; ■ tem caráter preditivo, isto é, os modelos contábeis permitem a construção de modelos de decisão para eventos futuros; ■ tem o caráter de certeza na afirmação de seus enunciados, isto é, suas aplicações podem ser comprovadas por evidências posteriores; ■ está relacionada com os demais ramos do conhecimento científico, pois se utiliza de instrumentos das ciências da matemática, filosofia, economia, psicologia, administração, direito etc. A Ciência Contábil ou a Contabilidade é uma Ciência Social que estuda os fenô- menos no patrimônio das entidades, mediante registro, classificação, demonstra- ção, análise e interpretação dos fatos contábeis, objetivando oferecer informações U N ID A D E 1 16 3 PESSOAS FÍSICA E JURÍDICA e orientações para o auxílio na tomada de decisões (FRANCO, 1989). Embora a Contabilidade utilize métodos quantitativos, não se pode interpretar a aplicação como sendo uma Ciência Exata, pois esta objetiva as quantidades abstratas que independem de ações humanas, e não as aplicações. A ciência da Contabilidade, na condição de Ciência Humana, tem um rela- cionamento estreito com as outras áreas do conhecimento universal. Diante dessa interface, o estudo da Ciência Contábil não pode deixar de conhecer os aspectos das outras ciências que se aplicam ao seu estudo, tanto no campo teórico como no prático ou operacional. Desde os tempos mais remotos, o homem procurou se agrupar, viu que sozinho, sem ajuda mútua, não poderia sobreviver. Com o passar dos anos, passou a se juntar, principalmente, para a realização de determinados objetivos comuns ou negócios, criando companhias ou empresas. Hoje, por força de lei, a pessoa natural recebe o nome de pessoa física, e as pessoas físicas, quando identificadas por um número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), são denominadas pessoas jurídicas. U N IC ES U M A R 17 Pessoas de Acordo com o Código Civil Brasileiro – Lei n.º 10.406, de 10/01/2002 Observamos que, no ambiente social, muitas forças coexistem e se relacionam umas com as outras em ambientes de conflito ou harmonia. Destacam-se, dentre essas forças, as pessoas naturais/físicas e as jurídicas. Pessoa Natural ou Física O Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002, on-line), em seu Capítulo I, trata da personalidade da pessoa natural, também conhecida como pessoa física, em que define que: Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. [...] Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; pre- sume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Assim, quando nos deparamos com qualquer ser humano, estamos diante de uma pessoa natural ou física. PessoaJurídica O Código Civil classifica as pessoas jurídicas como de direito público (interno ou externo) e de direito privado. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno Segundo o Código Civil (BRASIL, 2002, on-line), em seu artigo 41, as pessoas jurídicas de direito público interno são: U N ID A D E 1 18 I. A União (Ex.: República Federativa do Brasil). II. Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios (Ex.: Estado do Paraná). III. Os Municípios (Ex.: Município de Maringá). IV. As autarquias, inclusive as associações públicas. V. As demais entidades de caráter público criadas por lei. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo Consideram-se pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangei- ros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público (Art. 42) (por exemplo: Estados Unidos da América, Portugal, ONU). Pessoas Jurídicas de Direito Privado Correspondem às pessoas jurídicas que não são públicas. Segundo a legislação, a pessoa jurídica de direito privado começa sua existência legal com a inscrição do ato constitutivo (Contrato Social ou Estatuto) no respectivo registro. Quando necessário, esse registro deve ser precedido de autorização ou aprovação do Poder Executivo. Ao longo de sua existência, todas as alterações pelas quais o ato cons- titutivo passar devem ser registradas. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (Arts. 45, 985 e 1150). Termina a existência da pessoa jurídica com a inscrição do destrato social no respectivo órgão de registro. São pessoas jurídicas de direito privado (Art. 44): I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações. IV. as organizações religiosas; V. os partidos políticos. VI. as empresas individuais de responsabilidade limitada (BRASIL, 2002, on-line). U N IC ES U M A R 19 Pessoas no sentido contábil Para a Ciência Contábil, fora do contexto do Código Civil brasileiro, o conceito e a classificação das entidades contábeis são os seguintes: Entidade Contábil ou Azienda A entidade contábil/azienda pode ser definida como um patrimônio sob a ação ad- ministrativa do homem, que age sobre ele praticando atos de natureza econômica. Segundo o Novo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2009, p. 256), azienda é: “ [...] complexo de obrigações, bens materiais e direitos que consti-tuem um patrimônio, representados em valores ou que podem ser objeto de apreciação econômica, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que tem sobre ele poderes de adminis- tração e disponibilidade. As entidades contábeis/aziendas, quanto aos fins, classificam-se em: ■ Sociais: aquelas cujo fim é apenas social, ou seja, não visam lucros. Pode- mos citar como aziendas sociais as associações beneficentes, esportivas, culturais, recreativas etc. ■ Econômico-sociais: aquelas que, além de terem finalidades sociais, buscam um aumento delas mesmas, com o objetivo de prestar serviços, pecúlios, benefícios etc. às pessoas que contribuíram para a sua forma- ção. Podemos citar como exemplo desse tipo de azienda os institutos de pensão, aposentadoria, pecúlio e previdência. ■ Econômicas: aquelas constituídas com a finalidade de obter lucros que seriam revertidos em seu próprio benefício e no das pessoas que contri- buíram para sua formação. Nesse tipo de azienda, podemos classificar todas as sociedades comerciais, industriais, agrícolas, de serviços, além de outras que tenham lucro como finalidade. No Brasil, essas entidades econômicas são denominadas sociedades empresariais, empresas, fundos de comércio e estabelecimentos. ■ As entidades contábeis/aziendas, quanto aos seus proprietários, clas- sificam-se em: U N ID A D E 1 20 4 OS NEGÓCIOS E A CONTABILIDADE ■ Públicas: pertencentes à comunidade, mas que podem estar sob a admi- nistração do poder público ou privado. Podemos citar, por exemplo, as fundações, os sindicatos, as fundações com fins educacionais, intelectuais, esportivos e o próprio Estado. ■ Particulares: propriedades particulares pertencentes a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, como as sociedades civis ou comerciais ou o pró- prio patrimônio de uma família. Vale lembrar que essa classificação é muito genérica, pois existem diversas formas de atividades econômicas, cada qual com suas características e particularidades. A Contabilidade presta um importante serviço às empresas. Além de atender às determinações legais — tendo em vista que, exceto o MEI (Microempreen- dedor Individual), todas as outras formas de empresa são obrigadas a ter uma escrituração contábil —, ela também auxilia o processo de gestão, munindo os administradores com informações úteis. U N IC ES U M A R 21 Que a Contabilidade é fundamental para as empresas, isso todo mundo sabe. O que muitos não sabem é que ela é a origem do mundo como o conhecemos hoje. Se não fosse a Contabilidade, nós não teríamos mecanismos para desenvol- ver o mundo capitalista em que vivemos. “ A contabilidade é um produto do Renascimento Italiano. As forças que conduziram a essa renovação do espírito humano na Europa fo-ram as mesmas que criaram a contabilidade. Alguns argumentam até que essas forças não teriam progredido a ponto de moldar nosso mundo atual se não tivesse havido a invenção da contabilidade por partidas dobradas, pois ela criou a base para o desenvolvimento do ca- pitalismo privado, gerador da riqueza que sustentou o artista, o músi- co, o religioso e o escritor (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2012, p. 39). A Contabilidade por partidas dobradas criou um mecanismo capaz de men- surar a riqueza, ou seja, capaz de avaliar o resultado positivo (lucro/sobras/ superávit) ou negativo (prejuízo/perdas/déficit), impulsionando o comércio e a economia como um todo. Colaborando com o que Hendriksen e Van Breda (2012) afirmaram, Iudícibus e os professores da FEA/USP argumentam que: “ Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como for-ma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia de mer- cado e seu florescer foram, por sua vez, fortemente amparados pelo surgimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o que equi- vale a dizer que se verificou uma interação entre os dois fenômenos (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 1). O que os autores estão dizendo é que existe uma ligação muito forte entre a economia de mercado e a Contabilidade. Uma ligação que funciona nos dois sentidos, ou seja, a Economia influenciando a Contabilidade, e a Contabilidade influenciando a Economia. U N ID A D E 1 22 As empresas são tão importantes para a Contabilidade quanto a Contabilidade é impor- tante para as empresas. Elas representam o maior consumidor de serviços contábeis, seja para fins legais, tributários ou gerenciais. Por outro lado, se não fosse a Contabilidade, as empresas não teriam uma base informacional confiável para auxiliar sua gestão. pensando juntos Como isso acontece? Por um lado, a Economia influencia a Contabilidade, pois são as atividades econômicas que necessitam das informações contábeis. Nesse sentido, a Contabilidade funciona como prestadora de serviços às enti- dades e, assim, à Economia, fornecendo informações úteis para o processo de gestão. Por outro lado, o desenvolvimento e aperfeiçoamento da Contabilidade por partidas dobradas influencia a Economia, pois fornece mecanismos capazes de mensurar o desempenho econômico. Quando falamos que a Contabilidade é importante para os negócios, normal- mente, imaginamos as empresas, até as citamos com frequência, inclusive neste material. Contudo, é relevante esclarecer que a Contabilidade pode ser utilizada tanto por pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, quanto por pessoas físicas. Isso porque,como mencionado anteriormente, a Contabilidade acompanha o patrimônio e as suas variações. Dessa forma, toda pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que possuir um patrimônio, ou seja, um conjunto de bens, direitos e obrigações a serem administrados, pode usufruir da atividade contábil. A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa físi- ca, entidade de finalidade não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. Fonte: Iudícibus et al. (2010, p. 1). conceituando U N IC ES U M A R 23 Finalidades da Informação Contábil As informações contábeis, tão relevantes para os negócios, podem ter diversas finalidades. Baseado no livro de Robert N. Anthony, intitulado Management Accounting (Contabilidade Gerencial), Iudícibus et al. (2010) apresentam três finalidades básicas da informação contábil: planejamento, controle e auxílio no processo decisório. Planejamento Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 5), “planejamento é o processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro”. O processo de planejamento, muito mais do que uma simples previsão, consiste em avaliar diversas possibili- dades e optar pela melhor. Dessa forma, o planejamento pode ser utilizado para uma ação exclusiva, um departamento ou para a empresa como um todo. O uso das informações contábeis para definição de padrões ou para a elaboração de orçamentos é muito importante para o planejamento empresarial. Controle A finalidade da informação contábil como controle pode ser entendida como um acompanhamento das ações empresariais, ou seja, por meio das informações contábeis, a alta administração ou os sócios podem acompanhar se a organização está agindo conforme o previsto. Esse acompanhamento não se refere apenas à fiscalização das ações dos gestores num sentido “policial”, mas representa um importante mecanismo de acompanhamento das ações e dos seus respectivos resultados para a empresa, permitindo elaborar estratégias e tomar decisões necessárias para o sucesso e permanência do negócio. U N ID A D E 1 24 Segundo Anthony (s.d. apud IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 5), a informação contábil é útil ao processo de controle das seguintes formas: ■ Como meio de comunicação - Os relatórios contábeis podem ser de grande auxílio, ao informar a organização a respeito dos planos e políticas da administração e, em geral, das formas de comportamento ou ação que a administração deseja atribuir à organização. Como meio de comunicação, podemos acrescentar a prestação de contas à socie- dade e ao governo. Por meio das demonstrações contábeis, a empresa comunica suas ações, seus resultados e suas expectativas. ■ Como meio de motivação - A não ser que a empresa ou negócio seja do tipo individual, não compete à administração fazer ou executar o serviço. Isto quer dizer que a administração não fabrica e vende pessoal- mente o produto. Pelo contrário, a responsabilidade da administração consiste em gerenciar o trabalho que está sendo executado pelos outros. Isso requer, em primeiro lugar, que o pessoal seja contratado e formado dentro da organização, e, segundo lugar, que a organização seja motiva- da de forma que venha a fazer o que a administração quer que se faça. A informação contábil pode auxiliar (e também, desde que utilizada inadequadamente, prejudicar) esse processo de motivação (ANTHONY, s.d. apud IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 5). Um exemplo da informação contábil utilizada para motivação são as metas. Muitas empresas determinam metas financeiras ou de produtividade, as quais, quando conquistadas, podem ser recompensadas por meio de boni- ficações aos funcionários. ■ Como meio de verificação - Periodicamente, a administração neces- sita avaliar a qualidade dos serviços executados pelos empregados. A apreciação desse desempenho pode resultar em acréscimo de salários, promoções, readmissões, ações corretivas as mais variadas, ou, em casos extremos, demissões. A informação contábil pode auxiliar esse processo de avaliação, embora o desempenho humano não possa ser julgado ape- nas pela informação contida nos registros contábeis (ANTHONY, s.d. apud IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 6). U N IC ES U M A R 25 Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxo dos processos operacionais, apresentando como as in- formações contábeis podem auxiliar. Primeiramente, no planejamento, é feito o estabelecimento de padrões e a projeção de resultados. Esses dois interferem no controle, que é o processo operacional de controle e acompanhamento. Por fim, este interfere no processo decisório, que representa a tomada de decisão. A tomada de decisão, por sua vez, volta a interferir no planejamento, formando um fluxo contínuo de ações, nas quais a Contabilidade auxilia ao gerar informações. Como mencionado, as metas podem servir de motivação para os funcionários, mas, para isso, também é necessário verificar — no sentido de acompanhar pe- riodicamente os resultados obtidos. Processo Decisório O processo decisório representa o conjunto de ações a serem tomadas para que a organização atinja os objetivos definidos em seu planejamento. Para Iudícibus et al. (2010, p. 6), “o processo decisório ocorre pelas tomadas de decisões já pla- nejadas e pelas tomadas de decisões corretivas quando o controle evidencia que o caminho a ser seguido não era o planejado”. TOMADA DE DECISÃO PROJEÇÃO DE RESULTADOS PROCESSO OPERACIONAL - CONTROLE E ACOMPANHAMENTO ESTABELECIMENTO DE PADRÕES PLANEJAMENTO CONTROLE PROCESSO DECISÓRIO Figura 2 - Finalidades da Informação Contábil no Processo Operacional / Fonte: a autora. U N ID A D E 1 26 Podemos observar que a Contabilidade acompanha e participa de todo o pro- cesso operacional das empresas. As informações contábeis são, inicialmente, uti- lizadas no planejamento, sendo fundamentais para a definição de estratégias e orçamentos operacionais e administrativos. No processo de controle contínuo da empresa, a Contabilidade gera informações para acompanhar se o que foi definido no planejamento está sendo cumprido. Com base no que foi planejado e acompanhando o processo de controle, a Contabilidade fornece informações importantes para a tomada de decisão. Espero que, nesta unidade, você já tenha compreendido como a Contabili- dade é fundamental para o mundo dos negócios. E quando falo em negócios, não me refiro apenas às empresas, mas às pessoas físicas também. Nós, também, possuímos um patrimônio que deve ser bem administrado caso queiramos bons resultados, afinal quem não quer prosperar na vida? É claro que manter uma escrituração contábil é inviável para a maioria das pessoas, na verdade, muitas empresas só as mantêm por determinação legal. Con- tudo, conhecer os conceitos da Contabilidade, principalmente, no que se refere ao controle do patrimônio, é um conhecimento que, ao meu ver, deveriam ser observados por todos. Contudo, enquanto, para muitas pessoas físicas, a Contabilidade não tem muito sentido, para as empresas, em geral, ela representa um elemento fundamental para o sucesso do negócio. Afinal, sem informação, a gestão caminha no escuro. U N IC ES U M A R 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), você acaba de dar o primeiro passo para entender o quanto a Contabilidade é útil para os negócios e, ao conhecê-la melhor, você se tornará um profissional diferenciado. Iniciamos falando sobre a história da Contabilidade. Conhecer a história nos permite compreender o seu desenvolvimento e a imaginar o seu futuro. Como você aprendeu, a Contabilidade é tão antiga quanto o homem, pois surgiu com a necessidade de controlar os bens, ou, melhor dizendo, o patrimônio. Quanto à ciência, contudo,a Contabilidade surgiu por volta do século XIII ou XIV, com o desenvolvimento do método das partidas dobradas. Esse evento ocorreu na Itália e se espalhou, primeiramente, pela Europa. Por volta do século XX, a escola norte-americana de Contabilidade passou a se destacar. O que podemos concluir com isso é que a Contabilidade acompanha o de- senvolvimento econômico. Assim, enquanto houver empresas, negócios e patri- mônio a serem controlados, a Contabilidade atuará e buscará auxiliar os usuários da melhor forma possível. Nesta unidade, vimos, também, que a Contabilidade é classificada como uma Ciência Social. Apesar de utilizar números, ela não se enquadra nas característi- cas de Ciência Exata, afinal cada empresa é única, e os estudos da Contabilidade buscam analisar as variações no patrimônio de cada empresa, decorrente de sua interação com outras empresas e com a sociedade. Também, aprendemos que, apesar, de muitas vezes, associarmos a Contabili- dade às empresas, ela também pode ser utilizada por pessoas físicas. Na verdade, qualquer pessoa, seja física ou jurídica, que possui um patrimônio e que age sobre ele para praticar atos de natureza econômica, pode se utilizar da Contabilidade. Por fim, conhecemos como a Contabilidade é uma grande aliada dos negó- cios. Na verdade, se não fosse por ela, talvez, os negócios não teriam evoluído até o cenário atual. De uma coisa, podemos ter certeza: enquanto os negócios evoluírem, a Contabilidade também evoluirá. 28 na prática 1. De acordo com Iudícibus (2010, p. 16), “o grau de desenvolvimento das teorias con- tábeis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”, o que explica o fato da Contabilidade, enquanto ciência, ter surgido nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa, entre outras. Explique por que a Contabilidade, enquanto disciplina, surgiu justamente nessas cidades italianas. 2. Luca Pacioli é conhecido como o pai da Contabilidade, isso porque foi ele quem publicou, em seu livro, Summa de arithmetica, geometrica, proportioni et proportio- nalitá, um método que é utilizado até hoje pela Contabilidade. Apesar de não tê-lo desenvolvido, Luca Pacioli foi o primeiro a registrar o método. Assinale a alternativa que descreve o método publicado por Luca Pacioli. a) Método ativo. b) Método passivo. c) Método de rateios. d) Método de custos. e) Método das partidas dobradas. 3. A Contabilidade registra, controla e analisa os fatos que provocam alterações no patrimônio das entidades. Por esse motivo, ela é classificada como uma Ciência __________, que tem como objetivo o controle do ____________, que, por sua vez, repre- senta o objeto da Contabilidade. Diante do texto exposto, na sequência, preencha as lacunas com as palavras que melhor se adequam ao texto. a) Exata; patrimônio. b) Exata; dinheiro. c) Social; patrimônio. d) Social; dinheiro. e) Humana; patrimônio. 29 na prática 4. O campo de atuação da Contabilidade é constituído pelas pessoas físicas e jurídicas. Analisando uma empresa do Terceiro Setor (associação sem fins lucrativos), pode-se dizer que a Contabilidade atua nesse tipo de entidade? Justifique. 5. O Código Civil brasileiro prevê a existência de duas formas de pessoas: físicas e jurídicas. A pessoa jurídica pode ser de direito público (interno ou externo) ou de direito privado. Relacione as colunas a seguir, observando o exemplo de pessoa jurídica e a sua correta classificação. (1) Organização das Nações Unidas (ONU) ( ) Pessoa jurídica de direito público interno. (2) Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida ( ) Pessoa jurídica de direito público externo. (3) Pernambuco (PE) ( ) Pessoa jurídica de direito privado. A sequência correta é: a) 1, 2, 3. b) 1, 3, 2. c) 2, 1, 3. d) 2, 3, 1. e) 3, 1, 2. 6. A Contabilidade e os negócios são parceiros de longa data. Enquanto a Contabilida- de vê, nas empresas, os clientes que utilizam seus serviços, as empresas veem, na Contabilidade, um apoio fundamental para o controle e gestão dos negócios. Nesse sentido, Robert N. Anthony (s.d. apud IUDÍCIBUS et. al., 2010) apresentou, em seu livro Management Accounting (Contabilidade Gerencial), três finalidades básicas da informação contábil: planejamento, controle e auxílio no processo decisório. Des- creva em que consiste cada uma dessas finalidades da informação contábil, as quais são tão importantes para o mundo dos negócios. 30 aprimore-se COMO A CONTABILIDADE PODE AUXILIAR NA GESTÃO EMPRESARIAL Contabilidade e gestão empresarial são termos, que, correlacionados trazem inú- meros benefícios para seu negócio. A relação entre contabilidade e gestão é mais próxima do que muitos empresá- rios imaginam. O contador tem papel estratégico na tomada de decisões e seu apoio é fundamental para resultados eficientes. O papel da contabilidade mudou. Mais do que cuidar somente da parte burocrá- tica, os contadores possuem informações valiosas que podem auxiliar na gestão de uma empresa. Saber explorar e transmitir essa nova vantagem é um grande diferencial para o escritório contábil. Veja como aproximar contabilidade e gestão com o objetivo de auxiliar os gesto- res e conquistar uma vantagem competitiva. Contabilidade e gestão: apoio à tomada de decisão Se antes a contabilidade era vista apenas como um serviço obrigatório de cálculo de impostos e processos burocráticos, hoje essa visão mudou. Para aqueles que desejam manter sua competitividade no mercado, se adequar às novas demandas é fundamental. A contabilidade digital já é uma realidade e muitos empresários já reconhecem seu valor nos processos de planejamento, execução e controle de empresas. Com o avanço da tecnologia muitos processos antes repetitivos e demorados já foram automatizados, possibilitando que os profissionais contábeis tenham mais tempo para se dedicar às questões estratégicas dos seus clientes. Esta é justamente a nova era dos serviços contábeis, a contabilidade e gestão do conhecimento em apoio à tomada de decisões dos gestores. Nesse novo mercado, chamado de contabilidade gerencial, o contador auxilia na análise da saúde financeira da empresa ao fornecer informações e dados econômicos, além de buscar oportunidades através da interpretação e análise da performance. Não é de agora que a contabilidade e gestão andam juntas, mas foi só agora que estamos vivenciando, de fato, essa mudança de papel. https://www.contabeis.com.br/contabil/contador/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contador/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ 31 aprimore-se No início do século 19, o teórico clássico da administração Henri Fayol já dizia que a contabilidade é o órgão visual das empresas e que uma boa contabilidade é um poderoso meio de direção para os gestores. A mudança de um profissional burocrático para um parceiro estratégico dos ne- gócios exige do contador habilidades como domínio da tecnologia, construção de relacionamentos, consultoria de negócios e gestão de projetos. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DA CONTABILIDADE NA GESTÃO Que a contabilidade e gestão estão próximas você já sabe, mas como o profissional contábil pode auxiliar na gestão empresarial de fato? ■ Fornecer informações que apoiem às decisões: É serviço da contabilidade tradicional a coleta e registro dos dados financeiros das empresas, além da elaboração de demonstrativos como o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), por exemplo. Estes, por si só, já são peças valiosas para avaliar a situação econômica e finan-ceira do negócio. Na nova dimensão da contabilidade, os profissionais vão além da elaboração destes demonstrativos, eles também analisam, interpretam e traduzem esses rela- tórios a fim de fornecer informações selecionadas aos gestores. Dessa forma, podem alertar sobre os principais registros, como por exemplo, o produto com maior lucratividade, projeções de caixa e redução de custos. Tudo isso auxilia o gestor na tomada de decisão mais acertada, corrigindo erros do passado e tornando a empresa mais próspera. ■ Ajudar no controle financeiro A integração entre a contabilidade e gestão financeira é muito benéfica para uma empresa. Enquanto a contabilidade tradicional é responsável pelos registros de movimentações financeiras, seja de lucros ou prejuízos, e cálculos dos tributos, um novo olhar sobre essas movimentações garante um diferencial e ajuda no controle financeiro da empresa. https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contador/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ 32 aprimore-se Uma abordagem mais ampla e mais estratégica da contabilidade sobre os indicado- res econômicos da organização garantem o controle de custos, rentabilidade, controle orçamentário, análise de risco e melhor planejamento financeiro, por exemplo. Uma vez que essa aproximação da contabilidade e gestão aumenta a confiabi- lidade da análise dos dados e auxilia na elaboração das melhores estratégias para melhorar o financeiro da empresa. ■ Identificar oportunidades no mercado Mais do que olhar somente para os dados internos da empresa, a contabilidade gerencial também deve estar atenta para o mercado e todas as suas oportunida- des ou ameaças, a fim de se prevenir de eventos e/ou mudanças na legislação, por exemplo, que possam ameaçar ou beneficiar a empresa. Dessa forma, é possível orientar o cliente sobre as medidas corretas a se seguir, linhas de crédito e aplicações mais atrativas, alterações dos regimes tributários, en- fim, tudo que possa ser vantajoso para a empresa. COMO UNIR CONTABILIDADE E GESTÃO A contabilidade pode auxiliar na gestão empresarial fornecendo informações, anali- sando dados, identificando oportunidades, entre outros. Porém, para explorar ao máximo a capacidade do contador de se tornar o braço direito do gestor e agregar valor ao negócio, é preciso ajuda da tecnologia. Sistemas de gestão otimizam diversos processos e automatizam tarefas que an- tes demandavam muito tempo dos profissionais. Ao digitalizar as rotinas contábeis, o profissional ganha produtividade e tempo para apoiar a gestão dos seus clientes. Além disso, com a integração contábil, fica muito mais fácil se conectar aos dados e movimentações financeiras dos clientes proporcionando ainda mais agi- lidade nas tarefas. Conte com a tecnologia para agregar valor ao seu trabalho e se tornar competiti- vo neste novo mercado contábil. Fonte: Soares (2020, on-line). https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contabilidade/ https://www.contabeis.com.br/contabil/contador/ 33 eu recomendo! Contabilidade: teoria e prática Autores: Hamilton Luiz Favero, Mário Lonardoni, Clóvis de Souza e Massakazu Takakura Editora: Atlas Ano: 2011 Sinopse: os autores buscam um equilíbrio entre a teoria e a prá- tica contábil, evidenciando a ligação entre o que fazer, por que fazer e como fazer a Contabilidade, de modo a gerar informações com a qualida- de necessária aos diversos usuários. Trata-se, portanto, de um material que apre- senta inovações no conteúdo da Contabilidade e nos aspectos metodológicos do ensino. Prioriza o raciocínio lógico em face do pragmatismo, ou seja, trabalha o ensino da Contabilidade numa abordagem descritiva (por que e como fazer). Encadeados logicamente, os oito capítulos abordam: objetivos da Contabilidade; evolução da Contabilidade; a estrutura conceitual básica da Contabilidade; esta- tística patrimonial; dinâmica patrimonial; procedimentos contábeis; fatos contá- beis; e operações com mercadorias. livro Contabilidade Introdutória Autores: professores da FEA/USP e coordenação de Sérgio de Iu- dícibus Editora: Atlas Ano: 2010 Sinopse: os livros que integram o conjunto Contabilidade Intro- dutória (livro-texto, livro de exercícios e manual do professor) inovam o ensino da Contabilidade no Brasil. Permanentemente revistos e atua- lizados, têm em vista não só a sua adaptação aos modernos padrões de ensino da Contabilidade, como, ainda, as frequentes modificações introduzidas na legis- lação fiscal e societária do País. O conjunto se originou de cursos desenvolvidos no Departamento de Contabilidade da FEA/USP, sob a preocupação básica de clareza e de didática na exposição da matéria. Quanto ao conteúdo e ao enfoque operacional, a diretriz central tem sido a de apresentar a Contabilidade como um poderoso instrumento de administração. livro 2 ESTRUTURA CONCEITUAL PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Objeto, Objetivo e Usuários da Contabilidade • Campos de Atuação da Ciência Contábil • Objetivo da Elaboração e Divulgação de Relatório Financeiro • Características Qualitativas de Informações Financeiras Úteis. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Reconhecer o objeto, o objetivo e os usuários internos e externos da Contabilidade • Identificar os cam- pos de atuação da Contabilidade • Compreender o objetivo da elaboração e divulgação dos relatórios financeiros • Conhecer as características qualitativas de informações financeiras úteis. PROFESSORAS Me. Adriana Casavechia Fragalli Me. Juliana Moraes da Silva INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a)! Agora que você conheceu um pouco sobre o surgi- mento da Contabilidade e aprendeu que a Ciência Contábil é uma Ciência Social que estuda o patrimônio à disposição da entidade, começaremos a nos aprofundar em seus conceitos e em sua atuação. A Contabilidade surgiu em razão da necessidade do homem. Sua his- tória se confunde com a própria história da civilização, totalmente inter- ligada com atividades de interpretação dos fatos ocorridos e propostos pelo homem. Mesmo estando em uma sociedade em constante evolução, o objeto de estudo e o objetivo da Contabilidade permanecem praticamente inalterados desde a sua sistematização. Como estudado na unidade anterior, a Ciência Contábil está voltada para o patrimônio da entidade contábil, assim você aprenderá que ele cons- titui o objeto da Contabilidade. Além do objeto, nesta unidade, apresentare- mos o objetivo da Contabilidade. Ao contrário do que muitos pensam, ela não serve apenas para elaborar demonstrações contábeis e emitir guia de recolhimento de impostos. Na verdade, a Contabilidade é responsável por atender às necessidades dos usuários no que se refere à informações sobre a entidade contábil. E você sabe quem são os usuários das informações con- tábeis? Nesta unidade, você conhecerá quem são e como são classificados. O campo de atuação da Contabilidade é amplo e diversificado: vai des- de a aplicações para fins fiscais e controle até a interferência no processo decisório, razões pelas quais as informações geradas pela Contabilidade devem ocorrer de forma fidedigna e em tempo real, refletindo a real si- tuação econômica e financeira da empresa. Assim, ao elaborar e divulgar os relatórios financeiros, a Contabilidade deve observar as características qualitativas de informações financeiras úteis, afinal de nada adianta uma informaçãose ela não for útil para o usuário. Além das características qualitativas fundamentais, necessárias para garantir que a informação contábil seja útil, existem as características de melhoria, que aumentam a utilidade da informação. Nesta unidade, você conhecerá todas elas. U N ID A D E 2 36 1 OBJETO, OBJETIVO E USUÁRIOS da Contabilidade O homem mais bem sucedido na vida é aquele que tem a melhor informação. (Benjamin Disraeli, primeiro-ministro da Inglaterra no século XIX) pensando juntos Agora que você percorreu a Unidade 1 e conheceu um pouco sobre a Contabili- dade e o quanto ela é importante para os negócios, apresentaremos a você alguns conceitos importantes: o objeto e o objetivo da Contabilidade, os usuários das informações contábeis e as características necessárias para que a informação seja útil, afinal de nada adianta uma informação irrelevante. Além desses conceitos, você identificará os diferentes campos de atuação da Contabilidade e o objetivo de elaborar e divulgar os relatórios contábeis. Espero que, ao final desta unidade, você reconheça como as informações contábeis podem auxiliar no seu desempenho profissional, afinal de contas, seja você um(a) conta- dor(a), um(a) funcionário(a), um(a) gestor(a) ou um(a) empresário(a), obter in- formações sobre o negócio é fundamental para o seu sucesso e o dos seus negócios. O estudo de uma nova disciplina é de importância ímpar para a composição do conhecimento. O perfeito entendimento dos conceitos básicos, envolvidos em cada desafio, requer a compreensão de termos e expressões adotadas nas áreas U N IC ES U M A R 37 exploradas. Isso porque cada área pode dar seu próprio significado aos termos e às expressões utilizados. Afinal, o que é Contabilidade? A Contabilidade, assim como qualquer área de conhecimento, desenvolveu- -se para atender aos anseios da sociedade (FAVERO et al., 2011). Nesse caso, o anseio pela informação sobre o patrimônio administrado. A Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica. “ De certa forma, o “homem contador” põe ordem, classifica, agrega e inventaria o que o “homem produtor”, em seu anseio de produzir, vai, às vezes, desordenadamente, amealhando, dando condições a este último para aprimorar cada vez mais a quantidade e a qualidade dos bens produzidos, por meio da obtenção de maiores informações sobre o que conseguiu até o momento (IUDÍCIBUS, 2010, p. 16). O que o autor nos descreve é que a contabilidade põe ordem nos negócios, ou seja, produzir e vender sem informações, controle ou avaliação do que é feito é, de certo modo, um caos. Por outro lado, uma gestão baseada em informações contábeis aprimora, de forma quantitativa e qualitativa, os negócios realizados. A Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das azien- das, em seus aspectos estáticos e em suas variações, para evidenciar os efeitos da administração sobre a formação e a distribuição dos créditos. Objeto de Estudo da Contabilidade A Contabilidade registra, controla, analisa e relata os fatos que afetam o patri- mônio econômico. Dessa forma, pode-se dizer que o seu objeto de estudo é o patrimônio das entidades contábeis e as suas variações. Objetivo da Contabilidade A Contabilidade é classificada como uma Ciência Social e estuda o patrimônio com a finalidade de fornecer, aos seus usuários, informações econômicas, finan- ceiras e patrimoniais, sendo esse o objetivo e o fim que justifica a sua existência. U N ID A D E 2 38 Descrição da Imagem: do lado esquerdo da figura, está escrito “Eventos econômico-financeiros”, que repre- sentam o input. Uma seta segue do input até um retângulo escrito “Contabilidade (processamento)”. Deste re- tângulo, sai uma seta para a direita, onde está escrito “Demonstrações contábeis”, que representam o output. Segundo Favero et al. (2011, p. 1), ela tem como objetivo “gerar informações para o controle e tomada de decisões”. Para Szuster et al. (2013), Contabilidade é um sistema de informação e avalia- ção destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade no que tange à entidade objeto da contabilização. Observe o sistema para processamento de dados: Eventos Econômico-financeiros Demonstrações contábeis CONTABILIDADE (processamento)Input Output Figura 1 - Processamento de dados / Fonte: adaptada de Szuster et al. (2013). A figura demonstra que os eventos econômico-financeiros representam a entrada de dados que são processados pela Contabilidade. Após serem processados, ela gera informações por meio da apresentação das demonstrações contábeis. Diante do exposto, pode-se afirmar que os objetivos da Contabilidade são: ■ Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como às alterações futuras. ■ Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades. ■ Gerar informações para a tomada de decisão da administração. ■ Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse com o em- preendimento (acionistas, investidores, fornecedores, governo etc.). Isso demonstra que, ao contrário do que muitos pensam, a Contabilidade não serve apenas para atender às determinações legais. É muito comum associá-la ao recolhimento de impostos. Na verdade, a parte tributária é apenas mais uma das atividades contábeis. U N IC ES U M A R 39 Silva (2002) afirma que a Contabilidade pode ser estudada de modo geral — para todas as empresas — ou particular — aplicada a certo ramo de atividade ou setor da economia. Assim, no estudo da Contabilidade, pode-se enfocar, dentre outros, os seguintes ramos: ■ Contabilidade Comercial e de Serviços. ■ Contabilidade Industrial. ■ Contabilidade Bancária. ■ Contabilidade Hospitalar. ■ Contabilidade Pública. ■ Contabilidade Agropecuária. ■ Contabilidade Securitária. ■ Contabilidade de Transporte (rodoviário, marítimo, aéreo). ■ Contabilidade das Pessoas Físicas e Atividade Rural. ■ Contabilidade de Autônomos. As particularidades de cada ramo requerem que a Contabilidade, no seu processo de geração de informação, se ajuste de forma a melhor atender às empresas. Usuários da Contabilidade Considera-se usuário TODAS as pessoas que se utilizam da Contabilidade. Os usuários da informação contábil podem ser internos ou externos e correspon- dem a todas as entidades contábeis — pessoas físicas e jurídicas — que, direta ou indiretamente, tenham interesses na avaliação e na situação da entidade contábil. A depender do tamanho da empresa e da tecnologia utilizada, a diversidade de informação gerada é extensa, possibilitando atender a uma gama de usuários. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa; já os usuários externos não atuam internamente, mas possuem alguma relação ou interesse na empresa. Assim, as informações para cada tipo de usuário são diferentes. Os usuários internos, como participam da atividade da empresa, precisam de informações direcionadas, ou seja, específicas para a sua necessidade. Por exem- plo, o gerente financeiro precisa de dados referentes aos valores a pagar, a receber e à movimentação de caixa; já o gerente de produção precisa de dados referentes aos pedidos a serem atendidos, à quantidade de matéria-prima disponível, ao custo de produção, entre outros. Eventos Econômico-financeiros Demonstrações contábeis CONTABILIDADE (processamento)Input Output U N ID A D E 2 40 Por outro lado, para os usuários externos, a informação fornecida é, nor- malmente, padronizada, ou seja, apresentam-se as demonstrações contábeis, e o usuário busca, nessas demonstrações, os dados que necessita. Usuários internos, como os administradores, valem-se de informações fi- nanceiras e operacionais, por exemplo, ciclo financeiro, ciclo operacional, fluxo de caixa e tempo de estocagem. Os empregados têm interesse em informações quanto à capacidadede pagamento da empresa. De acordo com Castro (2014), o usuário interno principal da informação contábil é a alta administração, que, pela proximidade com a Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios e demonstrativos de acordo com suas neces- sidades específicas, auxiliando na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quaisquer áreas de informação — fluxo financeiro, disponibilidades, contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, com- pra e vendas no dia ou no período e os gastos gerais de funcionamento —, ser elaborados diariamente ou em curtos períodos de tempo — semana, quinzena, mês etc. —, de acordo com as necessidades administrativas. Os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis. Para Miranda (2002), os usuários externos são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demons- trações pela entidade, tais como: Bancos: interessados nas demonstrações financeiras, a fim de anali- sar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado. Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado. Governo: necessita obter informações sobre as receitas e as despe- sas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne à sua parcela de tributação. Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a enti- dade, além de medir a garantia de recebimento futuro. Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a ga- rantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado. U N IC ES U M A R 41 Neste tópico, estudamos que a Contabilidade é uma Ciência Social cujo objeto de estudo é o patrimônio das entidades contábeis e as suas variações. A finalidade é produzir informações para o controle e tomada de decisões. Estudamos, também, que, apesar das pessoas associarem a Contabilidade à parte tributária, ela pode ser focada nas áreas: comercial e de serviços, industrial, bancária, hospitalar, pública, agropecuária, securitária, transporte, de pessoas físicas, de atividade rural e de autônomos. No próximo tópico, aprofundar-nos-emos nos diversos campos de atuação da Ciência Contábil. O governo e os órgãos reguladores são alguns dos usuários da Contabilidade, mas é impor- tante lembrar que não são os únicos. A informação gerada pela Contabilidade vai muito além do cumprimento das exigências legais, elas são fundamentais para o processo de gestão. pensando juntos 2 CAMPOS DE ATUAÇÃO da ciência contábil A Contabilidade é aplicada a qualquer tipo de pessoa que exerça atividades para alcançar determinados fins, sejam eles lucrativos ou não. O campo de atuação da Contabilidade, em sentido amplo, é a azienda, que é o patrimô- nio que está à disposição de uma pessoa, física ou jurídica, e sujeito a uma U N ID A D E 2 42 administração. Está presente nas empresas públicas e privadas para fornecer diversos tipos de informações. Szuster et al. (2013, p. 28) afirmam que “a atuação segmentada da Contabi- lidade Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no mundo dos negócios”. Uma síntese das características dos campos de atuação da Conta- bilidade pode ser observada no Quadro 1. CARACTERÍSTICAS CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE FISCAL Adoção e elaboração Facultativa. Obrigatória. Obrigatória. Utilizada para Relações internas. Relações externas. Relações tributárias. Vínculo à legislação Não está condi- cionada às dispo- sições legais. Condicionada às disposições legais. Condicionada às disposições le- gais e tributárias. Vínculo aos Princípios Contábeis Não precisa acompanhar. Deve acompanhar todos os Princí- pios de Contabili- dade. Normalmente, o fisco acompanha, mas tem poder de determinar tratamento dife- rente. Produto principal Relatórios para planejamento e controle. Conjunto comple- to de demonstra- ções contábeis. Relatórios espe- cíficos exigidos por lei. Visão da empresa Interesse nas partes. Empresa como um todo. Empresa como um todo. A informação é Rápida. Relevante e confiável. Precisa (objetiva). A informação busca Utilidade. Essência econô- mica das transa- ções. Objetividade e legalidade. Quadro 1 - Características dos segmentos da Contabilidade Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013). U N IC ES U M A R 43 É justamente por existirem esses campos de atuação que vemos, por exemplo, di- ferenças entre o resultado contábil (Contabilidade Financeira) e o resultado fiscal (Contabilidade Fiscal). Para apurar o resultado contábil, é preciso seguir as normas contábeis, que, em algumas questões, podem se diferenciar das normas fiscais. Por exemplo, as normas contábeis determinam que a depreciação dos bens do ativo imobilizado deve ser calculada com base na vida útil do bem, portanto um mesmo bem pode ter vida útil diferente em cada empresa, devido à sua forma de utilização. Assim, o veículo pode ter vida útil de quatro anos em uma empresa, enquanto, em outra empresa, a vida útil do veículo pode ser de oito anos. Por outro lado, a Receita Federal, uma das entidades que regulamenta a Con- tabilidade Fiscal, apresenta uma tabela com a vida útil e a taxa de depreciação já pré-estabelecida por tipo de bem. Nessa tabela, por exemplo, os veículos devem ser depreciados em, no máximo, cinco anos, isso para todas as empresas. Já a Contabilidade Gerencial não possui regras, assim ficaria livre a forma a ser utilizada para depreciação. O objetivo dessa Contabilidade, na verdade, é gerar informações que auxiliem na rotina da empresa, assim é preciso que ela busque representar, da forma mais fiel possível, a realidade da empresa. Agora, falando, especificamente, da Contabilidade Financeira, esta tem pas- sado por uma série de alterações nos últimos anos. A rapidez de comunicação e informação entre pessoas e países trouxe consequências determinantes para a entidade contábil, tornando-a mais competitiva, global, instável e complexa. U N ID A D E 2 44 A Contabilidade é a principal linguagem de comunicação dos agentes econômicos na busca de oportunidades de investimentos e na avaliação do risco de suas transações. A existência de práticas contábeis distintas tem sido um problema para a melhor compreensão e com- parabilidade das informações de natureza econômico-financeira. Por essa razão, procura-se com a convergência das normas contábeis no mundo, facilitar o processo de comunicação. Fonte: Niyama e Silva (2011, p. 32). explorando Ideias Em razão desses fatos, as entidades contábeis passaram a exigir uma Conta- bilidade em tempo real, não só das informações patrimoniais até então geradas, mas, também, de outras de natureza financeira, econômica e social. O usuário da Contabilidade não se contenta mais com informações fracionadas, quer uma visão contextualizada, integral de todo o sistema que envolve a entidade contábil. A barreira que a Contabilidade Tradicional tinha de transformar a enorme quantidade de dados em informações úteis para a entidade contábil está sendo vencida graças à informática. Atualmente, as informações estão sendo geradas de forma eficaz, gerando maior segurança no controle. Vale ressaltar, caro(a) aluno(a), que, dentre as principais invenções da humanida- de, encontra-se a Contabilidade. Ela nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela. Sem a Contabilidade, os negócios não teriam avan- çado, e a humanidade não teria o grau de progresso hoje alcançado. Enfim, uma vez mais, cabe à Contabilidade revolucionar sua estrutura para se adaptar ao meio cultural vigente, com geração de informaçõesde forma rápida e transparente. É importante destacar que as práticas contábeis mundiais tendem a se uni- ficarem, a falarem uma só linguagem contábil, de forma que o interessado possa entender e comparar os resultados das informações contábeis em qualquer parte do mundo. É essa a proposta das Normas Internacionais de Contabilidade. Se- gundo Niyama e Silva (2011), essas normas são editadas desde 1975 e têm como principal finalidade reduzir as diferenças entre os procedimentos e as normas contábeis adotadas em diferentes países. U N IC ES U M A R 45 Como foi abordado no primeiro tópico desta unidade, a Contabilidade tem como principal finalidade a geração de informação para o controle e a tomada de de- cisão. Neste processo, os relatórios contábeis são os principais veículos para a divulgação dessas informações. 3 OBJETIVO DA ELABORAÇÃO e divulgação de relatório financeiro Coleta de dados Relatórios contábeis Usuários de contabilidadeContabilidade • Administração • Bancos • Governo • Fornecedores Figura 2 - Geração de informações contábeis Fonte: Marion (2009, p. 46) Descrição da Imagem: a figura apresenta uma sequência de quatro imagens que demonstram o processo de geração de informações contábeis. A primeira imagem está do lado esquerdo e apresenta o desenho de um funil cheio de cifrões; acima dele, está escrito “Coleta de dados”. A segunda imagem, apontada por uma seta que segue uma ordem da esquerda para a direita, apresenta o desenho de um escritório com pessoas trabalhando; acima delas, está escrito “Contabilidade”. A terceira figura apresenta o desenho de papéis que fazem menção a relatórios; acima deles, está escrito “Relatórios contábeis”. A última imagem, que finaliza à direita, tem as palavras Administração, Bancos, Governo e Fornecedores; acima delas, está escrito “Usuários da Contabilidade”. U N ID A D E 2 46 Iudícibus e Marion (2008, p. 161) afirmam que o “relatório contábil é a exposi- ção resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período”. Conforme demonstrado na figura a seguir, o processo de geração de informações contábeis se inicia pela coleta de dados que são pro- cessados pela Contabilidade, gerando relatórios contábeis, os quais, então, são utilizados pelos usuários da Contabilidade. Conforme descrito na Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TG Estrutura Conceitual, o relatório financeiro para fins gerais tem o seguinte objetivo: “ [...] fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por em-préstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. Essas decisões envolvem decisões sobre: a. comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; b. conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou c. exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade (CFC, 2019, s.p.). Os relatórios contábeis devem ser elaborados de acordo com as características do negócio. É evidente que o relatório sobre o resultado anual de uma pequena empresa conterá bem menos informações que o relatório de uma grande indús- tria, por exemplo, que possui um grande volume de negócios, uma enorme carga tributária e operações em diversas agências bancárias. Além da complexidade do negócio, um outro fator que influencia no nível de dados apresentados pelos relatórios contábeis é a distância entre os sócios e proprietários da gestão da empresa. Em empresas em que os sócios estão pre- sentes na administração, a necessidade de dados é menor, pois o sócio consegue acompanhar de perto a rotina e os resultados obtidos. Por outro lado, em empresas por ações, em que os acionistas não têm o privilégio de acompanhar a rotina da empresa, as demonstrações contábeis são o principal meio de obtenção de informações sobre o andamento da empresa. Nesse tipo de empresa, por mais que os acionistas sejam considerados “proprietários” da empresa, eles são clas- sificados como usuários externos, pois não têm fácil acesso às informações contábeis. U N IC ES U M A R 47 É por esse motivo que a Lei das Sociedades por Ações, Lei n.º 6.404/76 e alterações, determina a elaboração de uma série de demonstrações no intuito de munir os acionistas com informações suficientes para avaliar corretamente o andamento da empresa. “ Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará ela-borar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mu- tações ocorridas no exercício: I. balanço patrimonial; II. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III. demonstração do resultado do exercício; e IV. demonstração dos fluxos de caixa; e V. se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (BRA- SIL, 1976, on-line). As demonstrações contábeis “são uma forma específica de relatórios financeiros para fins gerais” (CFC, 2019, s.p.). Enquanto estes podem ser elaborados obser- vando um ponto de vista específico, as demonstrações são elaboradas observando o ponto de vista da entidade como um todo. “ As demonstrações contábeis fornecem informações sobre transa-ções e outros eventos observados do ponto de vista da entidade que reporta como um todo e, não, do ponto de vista de qualquer gru- po específico de investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes ou potenciais, da entidade (CFC, 2019, s.p.). O conjunto de demonstrações tem o objetivo de fornecer uma quantidade satis- fatória de informações sobre a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade. Conforme descrito na NBC TG Estrutura Conceitual, “o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos, pas- sivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis” (CFC, 2019, s.p.). U N ID A D E 2 48 Contudo, os relatórios financeiros não garantem o atendimento a todas as necessidades informacionais dos usuários. “ Relatórios financeiros para fins gerais não fornecem nem podem fornecer todas as informações de que necessitam investidores, cre-dores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais. Es- ses usuários precisam considerar informações pertinentes de outras fontes, como, por exemplo, condições e expectativas econômicas gerais, eventos políticos e ambiente político e perspectivas do setor e da empresa (CFC, 2019, s.p.). De qualquer forma, as normas contábeis são desenvolvidas de forma a buscar atender um grande número de usuários. No entanto, nada impede que a entidade complemente as informações exigidas pelas normas contábeis com dados que julgar importantes para os seus usuários. “ Usuários primários individuais têm necessidades e desejos de in-formação diferentes e possivelmente conflitantes. Ao desenvolver as normas, busca-se fornecer um conjunto de informações que atenda às necessidades do maior número de principais usuários. Contu- do, concentrar-se em necessidades de informação ordinárias não impede que a entidade que reporta inclua informações adicionais que sejam mais úteis para um subconjunto específico de principais usuários (CFC, 2019, s.p.). Tendo em vista essas necessidades diferenciadas dos usuários, a Contabilida- de deve buscar atendê-las da melhor forma possível. Por esse motivo, quando a empresa possui uma Contabilidade interna, a geração de informações, principal- mente, para os usuários internos, torna-se mais rápida e segura. Podemos concluir que a geração de informações contábeis pode ter diversas finalidades, contudo sempre estará relacionada a dados da entidade que auxiliam no processo de tomada de decisão. U N IC ES U M A R 49 De nada adianta a Contabilidade gerar informação se ela não
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