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Apostila de Princípios dos Estudos de Tempos 1 1 Introdução a Engenharia do trabalho ......................................................................................................................... 3 2 Processo Geral da Engenharia de Métodos .............................................................................................................. 7 3 PRODUTIVIDADE ............................................................................................................................................................... 12 4 ANÁLISE DAS OPERAÇÕES ............................................................................................................................................ 22 5 Técnicas para a análise de operações ....................................................................................................................... 27 6 Necessidades e especificações de um posto de trabalho................................................................................. 39 7 Os requisitos produtivos de uma operação............................................................................................................ 44 8 Estudo de movimentos ................................................................................................................................................... 54 9 O projeto da estação de trabalho ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 10 As posturas de trabalho ........................................................................................ Erro! Indicador não definido. 11 A movimentação de materiais ............................................................................ Erro! Indicador não definido. 12 O ambiente de trabalho ........................................................................................ Erro! Indicador não definido. 13 A Proteção de máquinas....................................................................................... Erro! Indicador não definido. 14 Seleção e aprimoramento dos conceitos ....................................................... Erro! Indicador não definido. 15 Detalhamento da estação de trabalho ........................................................... Erro! Indicador não definido. 16 O ESTUDO DOS TEMPOS ............................................................................................................................................... 60 17 SISTEMAS PREDETERMINADOS DE MEDIDAS DE TEMPO ................................................................................ 74 18 Amostragem do trabalho ............................................................................................................................................... 95 19 Projeto da estação de trabalho .......................................................................... Erro! Indicador não definido. 2 3 1 INTRODUÇÃO A ENGENHARIA DO TRABALHO Neste capítulo discutimos um pouco sobre a Engenharia do trabalho, sua história, seus conteúdos, suas aplicações e seus precursores. 1.1 O QUE É A ENGENHARIA DO TRABALHO? É um ramo da engenharia industrial especializado na análise, aprimoramento e padronização de métodos, equipamentos e condições de trabalho com o objetivo principal de melhorar a produtividade dos sistemas produtivos. Considera também os elementos humanos relacionados ao trabalho para melhorar a produtividade de manufatura, serviços, etc. 1.2 DE QUE FORMA A ENGENHARIA DO TRABALHO CONTRIBUI PARA MELHORAR O DESEMPENHO DAS EMPRESAS? Todos nós sabemos que o objetivo principal de uma empresa é a geração de lucro e o retorno sobre o capital. A Engenharia do trabalho é uma ferramenta que tem por objetivo aumentar a produtividade, portanto, propicia o melhor aproveitamento dos recursos produtivos, através do aumento das saídas (outputs), da diminuição das entradas (inputs), ou de ambos simultaneamente. Com a melhoria da eficiência técnica, a margem de lucro e os lucros aumentam, melhorando o desempenho da empresa. Além disso, ao possuir tempos e métodos bem estudados e padronizados uma empresa pode desempenhar o planejamento e controle de suas atividades de maneira mais precisa, melhorando seu desempenho de entrega. Métodos bem planejados também diminuem a quantidade de erros na fabricação e, portanto, a quantidade de defeitos nos produtos, aumentando seu valor no mercado. Assim, a engenharia do trabalho, não é somente capaz de melhorar a eficiência da empresa, mas pode também adicionar valor ao produto, aumentando a receita e a margem de lucro. 1.3 ONDE SE APLICA A ENGENHARIA DO TRABALHO? Principalmente em manufaturas, na fabricação de produtos, onde ocorre a transformação de materiais em bens, através da aplicação de métodos de produção. Nesse setor, mais do que em qualquer outro, os métodos adotados determinam se um produto será fabricado de forma competitiva. Mas não somente nas indústrias se aplica a engenharia do trabalho. Nos setores de serviços, cada vez mais, a engenharia do trabalho é utilizada com o 4 intuito de aumentar a produtividade das atividades desenvolvidas. Comércios, hospitais, escolas, lojas de varejos, são exemplos de locais nos quais é possível realizar estudos de Engenharia do trabalho. Qualquer lugar que apresente atividades de transformação nas quais interajam pessoas, materiais e equipamentos, a produtividade pode ser melhorada por meio da aplicação do Estudo dos tempos e métodos. 1.4 QUANDO SURGIU A ENGENHARIA DO TRABALHO? Há relatos da utilização dos conceitos envolvidos na Engenharia do trabalho pelos babilônicos por volta de 1950 AC. Mas a engenharia do trabalho como nós conhecemos tornou-se popular com a revolução industrial. Antes da revolução industrial, a produção era predominantemente artesanal: os trabalhadores eram altamente qualificados, executando atividades de projeto, operação de máquinas, ajuste e acabamento; as organizações eram descentralizadas em pequenas oficinas; as máquinas eram de uso geral; o volume de produção era baixo; os produtos finais não eram idênticos e os custos de produção eram elevados e não diminuíam com aumento de escala. Por volta de 1770 devido a várias inovações que que surgiram na época, cujas principais são: a utilização de máquinas em substituição ao ser humano; a utilização de fontes inanimadas de energia e a utilização de matérias primas mais abundantes, em particular as fontes minerais, a Revolução Industrial começou na Inglaterra. Essas inovações não só geraram um aumento sem precedentes na produtividade do trabalho, mas também elevaram a renda per capita (Landes, 2005). O trabalho sofreu várias transformações passando do modelo artesanal para o fabril. As máquinas tornaram-se grandes e complexas e demandavam grande quantidade de energia, precisaram, portanto, ser agrupadas em fábricas grandes, não mais em oficinas pequenas. O trabalho estava dividido, o operário executava poucas etapas do processo e não necessitava de grande qualificação. A Administração científica surgiu no início do século XIX para planejar e controlar as atividades de um número crescente de trabalhadores da produção. Os membros mais importantes desse movimento foram Frederick W.Taylor, Frank Gilbreth e Lillian Gilbreth. Frederick Taylor escreveu o livro Os Princípios da administração científica, nos qual propõem a utilização de métodos científicos, principalmente o Estudo de tempos e movimentos, na administração das empresas. Os estudos de Taylor marcam uma separação entre o planejamento e a execução do trabalho. Taylor acreditava que o trabalho deveria ser estudado sistematicamente na busca pela melhor forma de ser executado (the one best way) e que os trabalhadores deviam receber instruções detalhadas para trabalhar com mais produtividade.O casal Gilbreth desenvolveu a técnica moderna do estudo dos movimentos, com o intuito de realizar melhorias nos métodos realizados, eliminando movimentos desnecessários, simplificando os necessários e estabelecendo a sequência de movimento mais favorável para máxima eficiência. Eles também 5 realizaram estudos sobre fadiga e monotonia e criaram o estudo dos micromovimentos. Essas abordagens, revolucionárias na época, são técnicas fundamentais e indispensáveis usadas hoje nos negócios e na indústria para a gestão do trabalho. 1.5 QUAL É O CONTEÚDO DA ENGENHARIA DO TRABALHO? • A engenharia de métodos: consiste em selecionar os melhores métodos de fabricação, processos, ferramentas, equipamentos e habilidades para fabricar um produto com base nas especificações desenvolvidas pela área de engenharia de produto. Quando o método corresponde às melhores competências disponíveis, existe uma relação eficiente entre o trabalhador e a máquina. Uma vez que o método tenha sido totalmente estabelecido, um tempo deve ser determinado. • O estudo dos tempos: trata-se das técnicas utilizadas para determinar o tempo gasto (ou tempo padrão) em uma atividade padronizada em condições determinadas de execução. A determinação do tempo padrão é de vital importância para as empresas, pois ele é utilizado em vários aspectos nas indústrias, como, por exemplo, na determinação do custo do produto, ou ainda, no planejamento da produção. Dessa forma, se o tempo padrão estiver incorreto, a empresa pode não conhecer o custo exato do seu produto, bem como não conhecer sua real capacidade de produção. 1.6 A NATUREZA DO TRABALHO Na física, o trabalho é a transferência de energia devido a atuação de uma força. Realizamos um trabalho quando aplicamos uma força em um corpo e este sofre um deslocamento. O trabalho humano, no entanto, inclui muitas atividades além da aplicação muscular de forças para mover objetos. As atividades de trabalho humano incluem esforços físicos e mentais por parte do trabalhador. Do ponto de vista da Engenharia do trabalho, é possível dividir o trabalho em tarefas. A tarefa pode ser repetitiva, como, por exemplo, o trabalho em uma linha de montagem, ou não repetitiva, como, por exemplo, o trabalho de um cientista. A tarefa, por sua vez, pode ser dividida em elementos de trabalho, e estes, em elementos básicos de movimentos ou micro movimentos. Estas definições serão usadas adiante em conteúdos da Engenharia do trabalho. Referências BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: Projeto e Medida do Trabalho. 8ª edição. São Paulo. EDGARD BLUCHER, 1977. GROOVER, M. P. Work Systems: The Methods, Measurement and Management of Work. First Edition. Pearson Education. 2014. 6 MEYERS, F. E. Estudios de tiempos y movimientos: para la manufactura ágil. 2ª. Edición. 2000. NIEBEL, Benjamin. Freivalds, Andris. Niebel's Methods, Standards, & Work Design. 12th edition. 2009. TAYLOR, F. W. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 8. ed.- 14.reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. 7 2 PROCESSO GERAL DA ENGENHARIA DE MÉTODOS A engenharia de métodos visa obter uma sequência ordenada de operações para produzir algo com eficiência e eficácia. Duas situações diferentes podem ocorrer para o projeto de métodos: (1) o projeto de um novo método ou processo ou (2) o redesenho de um método ou processo existente com base em uma análise de métodos anterior. Embora o projeto de um novo método não apresente precedente e, muitas vezes, precise ser projetado do zero buscando práticas em operações semelhantes, as fases pelas quais o projeto deve passar são as mesmas. 2.1 ABORDAGEM SISTEMÁTICA NA ENGENHARIA DE MÉTODOS Uma abordagem sistemática tem mais probabilidade de produzir melhorias operacionais do que uma abordagem desordenada. Assim, propõe-se: Etapa 1: Definir o problema e os objetivos. O problema em um estudo de engenharia de métodos, geralmente, está relacionado a baixa produtividade de uma operação (alto custo de fabricação, métodos ineficientes, tempos improdutivos) ou a necessidade de um novo método. O objetivo é melhorar algum método existente, modificar uma estação de trabalho existente, ou conceber uma nova estação de trabalho. Etapa 2: Analisar o problema. Esta etapa consiste em coletar e analisar dados apropriadas para o tipo de problema que está sendo estudado. Os tipos de análises frequentemente usados nesta etapa incluem o seguinte: • Descrever o método atual, ou observar métodos semelhantes; • Desenvolver um modelo do processo; • Fazer simulações com o modelo; • Usar técnicas gráficas. Etapa 3: Formular alternativas. O objetivo desta etapa é formular todas as alternativas viáveis para a resolução do problema estudado. Sempre existem várias maneiras de realizar uma tarefa, algumas mais eficientes e eficazes do que outras para determinados objetivos. Somente enumerando as formas alternativas e comparando-as é possível determinar o método ou processo mais eficiente e eficaz. A primeira etapa na resolução dos problemas é realizar uma pesquisa com o objetivo de encontrar soluções existentes para o problema geral e os subproblemas identificados. A busca ocorre continuamente ao longo do processo de desenvolvimento da solução. 8 Implementar uma solução existente geralmente é mais rápido e barato do que desenvolver uma nova solução. O uso das soluções existentes permite concentrar a energia criativa nos subproblemas críticos para os quais não existem soluções satisfatórias. Além disso, uma solução convencional para um subproblema pode frequentemente ser combinada com uma nova solução para outro subproblema para produzir um projeto geral superior. As principais fontes de informação são: a consulta à especialistas, a consulta aos trabalhadores que estão envolvidos no problema, caso existam; a busca de patentes, a busca em fornecedores; a consulta a literatura. A seguir, busca-se desenvolver soluções internas para os subproblemas que não possuem soluções existentes que podem ser aplicadas. O próximo passo é explorar sistematicamente as soluções listando todas as opções possíveis antes de descartar qualquer uma delas. A busca por soluções existente pode gerar soluções parciais, ou fragmentadas que devem ser combinadas em uma solução integral. O processo se inicia com a listagem das possíveis soluções para o problema, posteriormente, pode-se abandonar categorias de solução que sejam pouco promissoras para o problema em questão. De posse das soluções consideradas como promissoras, deve-se verificar a compatibilidade das soluções dos subproblemas, pois pode ocorrer de duas soluções que são boas opções separadas não funcionarem a contento juntas. Essa etapa visa eliminar incompatibilidade entre as soluções encontradas para os subproblemas e trabalhar somente com as opções viáveis. Finalmente teremos as possíveis soluções para os problemas estudados. A seguir são apresentados os conteúdos relacionados a Engenharia de métodos. Etapa 4: Selecionar as alternativas. Esta etapa consiste em uma avaliação metódica das alternativas e na seleção da melhor solução entre elas, com base na definição original do problema e objetivos. Etapa 5: Detalhar e Implementar. Implementação significa instalar a solução selecionada: introduzir as mudanças propostas no método ou operação existente, ou instituir o novo método ou processo. Isso pode envolver estudos- piloto ou testes do método novo ou revisado preliminarmente à implementação e aplicação online do método. A implementação também inclui a documentação completa do método novo ou revisado e a substituição da documentação anterior no caso de um método revisado. A menos que a documentação antiga seja substituída, o método antigo pode permanecer como o método oficial até que umnovo estudo de engenharia de métodos seja realizado em algum momento no futuro. Etapa 6: Auditar o estudo. É desejável realizar uma auditoria ou acompanhamento no projeto de engenharia de métodos. Qual foi o sucesso do projeto em termos da definição original do problema e dos objetivos? Quais foram os problemas de implementação? O que deve ser feito de forma diferente no próximo estudo de engenharia de métodos? Para uma organização 9 comprometida com a melhoria contínua, as respostas a esses tipos de perguntas ajudam a ajustar suas habilidades de resolução de problemas e tomada de decisão. 2.2 AS TÉCNICAS DE ENGENHARIA DE MÉTODOS Uma variedade de técnicas está disponível para análise de operações. As técnicas estão mais intimamente associadas à etapa de análise na engenharia de métodos, embora também possam ser aplicáveis em algumas das outras etapas. Além da coleta de dados básicos e técnicas de análise, que são aplicáveis em muitas disciplinas diferentes da engenharia de métodos, existem as técnicas de análise especializadas mais intimamente associadas à análise de operações e engenharia industrial. Elas são descritas resumidamente nas seções a seguir. 2.2.1 Técnicas de gráficos e diagramas. Existem muitas técnicas de gráficos disponíveis para coletar, exibir e analisar dados em um determinado sistema de trabalho ou sequência de operação de interesse. Elas podem ser classificadas nas seguintes categorias: • Diagramas de rede. Eles são usados para analisar o fluxo de trabalho, equilíbrio da linha de montagem e programação do projeto. Frequentemente, algoritmos especiais estão disponíveis para analisar esses diagramas de rede. • Técnicas tradicionais de gráficos de engenharia industrial. Eles são usados para simbolizar e resumir os detalhes de uma operação existente ou sequência de operações. As técnicas tradicionais de gráficos podem ser usadas para analisar as atividades de um trabalhador humano, grupos de trabalhadores, sistemas operário-máquina, materiais, peças e produtos. • Diagramas de blocos e mapas de processos. Esses diagramas representam maneiras alternativas de representar processos. Às vezes, eles são usados no lugar das técnicas tradicionais de gráficos do IE. 2.2.2 Estudo dos movimentos e projeto de trabalho. Esta área da engenharia de métodos se preocupa com o estudo dos movimentos básicos de um trabalhador durante a execução de uma determinada tarefa. Os movimentos básicos incluem alcançar (usar a mão para alcançar um objeto), agarrar (agarrar o objeto), mover (mover o objeto) e soltar (soltá-lo). Todas as tarefas manuais realizadas em um único local de trabalho são compostas por esses movimentos básicos. Existem 17 elementos básicos de movimento, a maioria dos quais envolve movimentos do braço e da mão. Ao estudar os movimentos básicos no método de trabalho usado por um trabalhador, movimentos desnecessários podem ser eliminados, ou alguns dos elementos de movimento podem ser combinados (por exemplo, usando ambas as mãos para realizar movimentos simultaneamente em vez de um braço fazendo tudo), ou o método pode ser simplificado de outra forma. 10 Durante muitos anos, o estudo dos movimentos básicos nas operações manuais resultou no desenvolvimento de certos princípios sobre como executar o trabalho. Comumente chamados de princípios da economia de movimento, eles fornecem diretrizes para o design do trabalho em três categorias: (1) uso do corpo humano no desenvolvimento do método padrão, (2) layout do local de trabalho e (3) projeto das ferramentas e equipamentos usados na tarefa. Muitos dos princípios são simples e óbvios; por exemplo, “projete o trabalho de forma que ambas as mãos sejam totalmente utilizadas”. No entanto, princípios simples de projeto de trabalho como esses são frequentemente negligenciados em muitas operações manuais realizadas em todo o mundo. Com essas diretrizes disponíveis, os métodos de trabalho podem ser projetados para serem mais seguros, rápidos, mais eficientes e menos fatigantes. 2.2.3 Projeto da estação de trabalho. As estações de trabalho são os locais onde os trabalhadores efetivamente realizam as operações, transformam os materiais em produtos, ou realizam serviços. Seu projeto envolve diversos elementos: homens, máquinas, materiais, serviços, etc. Desenvolver uma estação de trabalho segue o processo geral da engenharia de métodos e envolve uma série de conhecimentos relativos às necessidades dos usuários, às características produtivas necessárias, ao ambiente na qual está inserida. 2.2.4 Técnicas de medição de trabalho As técnicas de medição do trabalho mais relevantes são as seguintes: O estudo dos tempos: trata-se de analisar o trabalho decompondo-o em elementos, medir diretamente os valores de tempo, avaliar o desempenho do operador e atribuir complementos ou folgas apropriados. Sistemas de tempo de movimento predeterminado (PMTS): são bancos de dados de elementos de movimento básicos e seus valores de tempo normais associados. Incluem procedimentos para aplicar o banco de dados para analisar tarefas manuais e estabelecer tempos padrão para as tarefas. Amostragem de trabalho é uma técnica estatística para determinar as proporções de tempo gasto por trabalhadores ou máquinas em várias categorias de atividade. Pode ser aplicado para determinar a utilização da máquina, a utilização do trabalhador e o tempo médio gasto na execução de vários tipos de atividades. Referências BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: Projeto e Medida do Trabalho. 8a. edição. São Paulo. EDGARD BLUCHER, 1977. MEYERS, F. E. Estudios de tiempos y movimientos: para la manufactura ágil. 2ª. Edición. 2000. 11 NIEBEL, Benjamin. Freivalds, Andris. Niebel's Methods, Standards, & Work Design. 12th edition. 2009. 12 3 PRODUTIVIDADE Os problemas típicos a serem resolvidos pela engenharia de métodos, geralmente, estão relacionados a baixa produtividade de uma operação (alto custo de fabricação, métodos ineficientes, tempos improdutivos) ou a necessidade de um novo método. Os objetivos são, geralmente, melhorar algum método existente, modificar uma estação de trabalho existente, ou conceber uma nova estação de trabalho. Neste capítulo apresentamos uma sequência de etapas que devem ser realizadas para definir o problema e os objetivos da engenharia de métodos. 3.1 PRODUTIVIDADE A produção pode ser entendida como um sistema que realiza um processo de transformação de insumos (inputs) em produtos (outputs), ou seja, um sistema de entradas e saídas (MANNE, 1961). Figura 3.1 - a caixa preta da produção (Manne, 1961). A relação entre as saídas e as entradas determina a eficiência da fabricação, ou seja, a produtividade. Encontrar formas de produzir mais, utilizando menos recursos, é a chave para aumentar a produtividade das operações. Essa estratégia maximiza a utilização de máquinas e instalações, tem como resultado um custo de fabricação mais baixo e, potencialmente, maiores retornos para as empresas. Mas essa é apenas uma das formas de aumentar a eficiência da empresa, com o advento da produção enxuta, percebeu-se que é possível melhorar a produtividade atendendo as demandas do cliente, eliminado os desperdícios, sempre a um preço competitivo. O conceito de eficiência técnica ou rendimento dos processos de transformação representa a relação entre saída e a entrada do processo. Assim podemos definir a produtividade como: Equação 1 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒= 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 𝑖𝑛𝑝𝑢𝑡𝑠 A produtividade do trabalho é outra medida comum de produtividade, definida da seguinte maneira: Equação 2 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜= 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 Transformação Entradas Saídas 13A definição de unidades de trabalho depende do processo em consideração. Por exemplo, na indústria do aço, toneladas de aço são a medida comum, nesse caso um exemplo desse indicador é: 10 toneladas/hora. Na indústria automobilística, o número de carros produzidos é a medida de produção apropriada, nesse caso temos, por exemplo, 2 carros/hora. Embora a produtividade do trabalho seja uma medida comumente usada, o trabalho em si não contribui muito para melhorar a produtividade. Os fatores mais importantes para determinar e melhorar a produtividade são capital e tecnologia. Exemplo 1 - Medição de Produtividade Durante o ano-base em uma pequena usina siderúrgica, 326.000 toneladas de aço foram produzidas usando 203.000 horas de trabalho. No ano seguinte, a produção foi de 341.000 toneladas usando 246.000 horas de trabalho. Determine (a) o índice de produtividade do trabalho para o ano-base, (b) o índice de produtividade do trabalho para o segundo ano e (c) o índice de produtividade do trabalho para o segundo ano. Solução: a) No ano base: 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜= 326.000 203.000 = 1.606 1606 toneladas por hora de trabalho. b) No segundo ano 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜= 341.000 246.000 = 1.386 1.386 toneladas por hora de trabalho. c) o índice de produtividade para o segundo ano é calculado considerando- se o primeiro ano como base: índice de produtividade: 1386/1606 = 0,863, ou 86,3 %, ou seja, a produtividade no segundo ano diminui cerca de 14%. Medir a produtividade não é tão fácil quanto parece. Os seguintes problemas são frequentemente encontrados: • Unidades de saída não homogêneas. As unidades de saída não são necessariamente homogêneas. Por exemplo, usar a produção anual de automóveis como medida de produção não leva em consideração as diferenças nos modelos, tamanhos dos veículos e preços. Um modelo de luxo é mais complexo, possui mais componentes e exigirá mais horas de trabalho de montagem do que um carro popular. • Vários fatores de entrada. O trabalho não é o único fator de entrada que determina a produtividade, temos também capital, tecnologia, materiais, energia, etc. Na produção de alumínio, por exemplo, a energia elétrica e a bauxita como 14 matéria-prima são muito mais importantes do que o trabalho como insumos do processo. • Mudanças no mix de produtos. O mix de produtos se refere às proporções relativas dos itens que uma empresa fabrica. Se o mix de produtos muda ao longo do tempo, uma comparação anual da produtividade é pouco significativa. Logo, na engenharia industrial é comum utilizarmos a produtividade real em relação a uma produtividade padrão: Equação 3 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒= 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑠 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 = 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑜𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡𝑠 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 3.1.1 Tempo produtivo e improdutivo A produtividade está ligada ao tempo no qual o sistema se encontra produzindo algo útil (produtivo) e ao qual o sistema se encontra parado ou produzindo algo não útil (improdutivo), como, por exemplo, a espera por materiais, ou um produto com defeito. A Figura 3.2 apresenta a decomposição do tempo gasto na fabricação de um produto, é possível notar que existem vários fatores suplementares e improdutivos. Figura 3.2 - Elementos presentes nas operações de fabricação (Fonte: ). Esses elementos são definidos da seguinte maneira: • Conteúdo de trabalho fundamental - o tempo mínimo necessário para fabricar o produto ou executar uma tarefa, considerando que a concepção do produto e dos métodos sejam perfeitos. • Conteúdo de trabalho suplementar devido à defeitos de concepção ou de especificação do produto: problemas encontrados no projeto do produto que o tornam mais difícil de fabricá-lo. 15 • Conteúdo de trabalho suplementar devido ao emprego de maus métodos de fabricação ou de execução: métodos de trabalho da empresa que são ineficientes. • Tempo improdutivo devido a deficiências da direção: inatividade ou lentidão do sistema por planejamento falho. • Tempo improdutivo imputável ao trabalhador: inatividades ou lentidão do sistema causadas pelos trabalhadores. Logo, considerando os elementos descritos, é possível trabalhar a equação 3, de forma que podemos calcular a produtividade da seguinte maneira: Equação 4 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒=o𝑢𝑡𝑝𝑢𝑡 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜. %𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑜 A partir da equação 4, fica fácil de perceber que a produtividade depende, fundamentalmente, de duas características principais: 1. output padrão: conteúdos de trabalho, suplementar devido ao projeto do produto e aos métodos de produção. 2. % tempo improdutivo: os tempos improdutivos referentes à direção ou ao trabalhador. Exemplo. Uma pequena indústria metalmecânica possui diversas máquinas em seu setor de fabricação, uma delas é a prensa. Seu output padrão é de uma peça por minuto, considerando que a máquina trabalhou 200 horas e produziu 11.432 peças. Saída padrão = 200*60 = 12.000 peças Saída real = 11.432 peças Produtividade = 11.432/12.000 = 0,95, ou 95% Existem várias maneiras de buscar o aumento de produtividade, mas as técnicas são adequadas para condições específicas de mercado. A produção em massa, por exemplo, depende de dois fatores: a) um mercado que consuma produtos padronizados em massa e b) um mercado que absorva os aumentos de produtividade. Além disso, é necessário que os produtos apresentem longos ciclos de vida e, consequentemente, sejam fabricados por longos períodos, sem grandes modificações possibilitando, assim, a especialização de fábricas e operações. Portanto, não funciona bem em mercados fragmentados de produtos diferenciados (MATTHEWS, 1996). 3.2 AS PRIORIDADES COMPETITIVAS As prioridades competitivas são elementos que guiam a organização dos fatores produtivos, as práticas de gestão, tecnologia, os processos de fabricação 16 e a capacidade produtiva de uma manufatura. Desse modo, além da produtividade, o desempenho operacional de uma manufatura é influenciado pelas escolhas referentes às prioridades competitivas. Na literatura existem diferentes definições sobre as prioridades competitivas, a mais comum delas apresenta um conjunto de quatro prioridades: custo, qualidade, desempenho de entregas e flexibilidade (PAIVA, CARVALHO JÚNIOR, FENSTERSIFER, 2009; CORRÊA, GIANESI E CAON, 2001). De acordo com Hill (1994), as prioridades competitivas podem ser separadas em qualificadoras e ganhadoras de pedidos. Qualificadoras são prioridades cujo desempenho deve estar acima de um patamar mínimo para conseguir competir em um determinado mercado. Ganhadoras de pedidos são prioridades pelas quais o mercado opta por comprar determinado produto, portanto, podem fazer a manufatura destacar-se dentre as concorrentes. Essas são as prioridades competitivas mais importantes na definição da estratégia competitiva da empresa. Se uma empresa não for capaz de produzir a certo patamar de custo, por exemplo, ela não conseguirá entrar no mercado, pois estará desqualificada de competir. No entanto, se ela for capaz de produzir a um custo abaixo da concorrência, ela estará qualificada a competir e ainda poderá conquistar um grande número de compradores por apresentar um baixo preço. O mesmo pode ocorrer para os outros critérios. É importante ressaltar que a principal prioridade competitiva pode mudar de acordo com a indústria que a empresa atua. A seguir são discutidas as principais características das prioridades competitivas. 3.2.1 Custo De acordo com Garvin (1993), o custo, como uma prioridade competitiva, é composto dos seguintes elementos: custo inicial, custo de operação e custo de manutenção. O custo inicial refere-se ao custo de aquisição para o consumidor,é o montante pago em um refrigerador, por exemplo. O custo de operação é o gasto relacionado ao uso do produto, o consumo de energia elétrica do refrigerador, por exemplo. E o custo de manutenção referem-se ao montante gasto para a manutenção do bem ao longo de sua vida útil. De acordo com Hill (1994), muitas empresas não concentram seus esforços nas áreas em que possuem maiores custos. Os materiais e as despesas gerais são, geralmente, a maior parcela do custo total, responsáveis por cerca de 85%. As estratégias para diminuir os custos de fabricação dependem de características presentes no mercado, quando os mercados absorvem grandes quantidades de produtos e aumentos de produtividade e consomem produtos padronizados, algumas das principais técnicas são (ZILBOVICIUS, 1999; DOLL e VONDEREMBSE, 1991): 17 • aumentar a quantidade de produtos fabricados e, dessa forma, diluir os custos fixos, por uma quantidade maior de produtos, diminuindo, portanto, os custos unitários (Pires, 1995). • mecanizar a produção, as máquinas são mais eficientes que o trabalhador em tarefas simples e repetitivas (MATTHEWS, 1996). • dividir o trabalho, aumenta a destreza do trabalhador; diminui as perdas de tempo em trocas; facilita a substituição do homem por máquinas uma vez que simplificou as tarefas; diminui o tempo de aprendizagem do trabalho, devido à simplicidade das tarefas e diminui as perdas de material durante a aprendizagem tornou-o mais simples e o operário não necessitava de grande qualificação, portanto, era mais fácil de ser encontrado e mais barato (LANDES, 2005) ; • otimizar a movimentação, aumenta a produtividade através da diminuição do esforço humano na movimentação; • simplificação da gestão: a variedade restrita de produtos aumenta a especialização e facilita a gestão. • economia de escala: possibilita baixar custos unitários de produção ao adotar práticas mais eficientes. As diminuições do custo e do preço de venda possibilitam o aumento da quantidade vendida, ampliam o mercado, aumentam a escala e trazem novas economias, formando um círculo virtuoso. • integração vertical é uma técnica utilizada para diminuir os custos, escala integram-se atividades ao longo da cadeia produtiva, pois, em muitos casos, não existem fornecedores com capacidade de suprir as necessidades de algumas fábricas (MATTHEWS, 1996). • a construção de estoques, os estoques amortecem as variações da demanda e permitem que a produção opere com estabilidade. (PIORE E SABEL 1984). Quando os mercados são instáveis, competitivos e segmentados deve-se procurar outras práticas para o aumento de produtividade (ZILBOVICIUS, 1999; DOLL e VONDEREMBSE, 1991). Nesse caso, para aumentar a produtividade é preciso diminuir os recursos utilizados (CORIAT, 1994). Portanto, as principais técnicas são: • a fabricação puxada pelo mercado e utilização de técnicas de Just in time; • diminuição do tamanho dos lotes de fabricação e do tempo de setup; • diminuição dos estoques; 3.2.2 Qualidade A qualidade do produto é um atributo amplo, composto segundo Garvin (1992), por oito dimensões, apresentadas na figura abaixo: 18 Dimensões da qualidade Funções Desempenho Funções primárias do produto, objetivo ou função. Projeto Características secundárias Funções secundárias não fazem parte de seus objetivos Projeto Confiabilidade Probabilidade de apresentar mal funcionamento em determinado período de tempo Projeto Conformidade Grau de semelhança com as especificações, não apresentar defeitos de fabricação. Manufatura Durabilidade Vida útil técnica e econômica do produto Projeto Atendimento Facilidade de manutenção Projeto e pós-venda Estética Aparência final do produto Projeto Qualidade percebida Como o consumidor vê o produto Projeto e Marketing Figura 3.3 - Dimensões da Qualidade e as funções tipicamente responsáveis por sua provisão. A maioria das dimensões da qualidade são definidas durante o projeto do produto: desempenho, características secundárias, durabilidade, confiabilidade, estética, atendimento e qualidade percebida. A fabricação dos produtos deve garantir a conformidade dos itens fabricados. Várias ferramentas são utilizadas com o objetivo garantir a qualidade dos produtos fabricados, essas técnicas podem modificar a forma como a estação de trabalho é organizada. Algumas das principais técnicas são: o controle estatístico de processos (CEP); a gestão por processos, o gerenciamento de rotinas, as ferramentas da qualidade, as normas ISO, os custos da qualidade, as atividades de inspeção, etc. 3.2.3 Desempenho de entregas O desempenho de entregas é composto pela confiabilidade de entregas e pela velocidade de entregas (HILL, 1994). A confiabilidade de entrega A confiabilidade de entregas traduz a capacidade de a empresa entregar seu produto mesmo que ocorram imprevistos na fabricação (HILL, 1994). Os imprevistos causam interrupções na produção e diminuem o número de itens fabricados, dificultando a entrega dentro do prazo acordado com o cliente. As principais causas das interrupções na fabricação são: falta de materiais, paradas não programadas e a fabricação de itens não conformes (HILL, 1994). Em muitos negócios esse é um critério qualificador e, frequentemente, passa a ser um perdedor de ordens, pois se a empresa apresenta uma contínua perda de prazo, os clientes passam a desconsiderá-la como um fornecedor potencial. A velocidade de entregas A velocidade de entrega é o tempo entre a colocação do pedido e a disponibilização do produto para o uso, é composto pelos lead-times de suprimento, produção e entrega. Para uma empresa, além disso, resulta em menores níveis de estoques de segurança (HILL, 1994; CORRÊA, GIANESI E CAON, 2001). Frequentemente, uma empresa ganha pedidos se for capaz de fornecer mais rapidamente que outras, ou aceitar uma data de entrega que todas as outras 19 empresas negaram. Tratando-se de um consumidor final, pode ser fator atrativo e ganhador de pedidos. Os processos devem ser capazes de responder a essas necessidades, mas os prazos de fornecimento dependem do sistema de produção adotado e de características dos produtos, são eles: Make to stock (MTS), Assembly to order (ATO), Make to order (MTO) e Engineer to order (ETO), uma vez que eles apresentam diferenças em relação aos três lead times mencionados. Se os produtos são padronizados e fabricados para estoque (MTS), a entrega é imediata, pois o produto está pronto e somente aguarda ser entregue. Se o produto é montado sob encomenda (ATO), só existem estoques de componentes, portanto, a entrega é igual, no mínimo, ao tempo de montagem do produto. Produtos fabricados sob encomenda (MTO) não possuem estoques de produtos acabados ou de componentes e, nesse caso, a entrega leva, no mínimo, o tempo de fabricação do produto, portanto, é mais longo que os dois anteriores. Produtos que são projetados por encomenda (ETO) não apresentam estoques de produtos acabados, componentes ou de matérias primas e o tempo de fornecimento é, no mínimo, igual ao tempo de se projetar, comprar as matérias primas e fabricar o produto, portanto, o mais longo de todos (HILL, 1994). As estratégias para aumentar a velocidade de entrega incluem: • adotar um sistema de manufatura mais rápido: • aumentar o tempo operacional: diminuindo o tempo não operacional ou aumentando o tempo disponível; • diminuir o lead time de suprimento; • diminuir lead time de fabricação; • diminuir o lead time de entrega; Os tempos não operacionais estão ligados aos seguintes fatores: fabricação de produtos não conformes; interrupções no fornecimento; e interrupções na transformação. As interrupções na transformação podem ser: paradas programadas e paradas não programadas. As paradas não programadasincluem todo o tipo de acontecimento não previsível que interrompa o funcionamento da transformação. 3.3 FLEXIBILIDADE De acordo com Beach et. al. (2000), flexibilidade é a capacidade de se adaptar as mudanças do ambiente sem grandes prejuízos para a produção. Para D’Souza e Williams (2000) a flexibilidade de manufatura é uma característica multidimensional que representa a habilidade da função produção de fazer os ajustes necessários para reagir a mudanças no ambiente, sem sacrifícios significantes no desempenho. São muitos os motivos que levam as empresas a buscar um sistema produtivo que apresente flexibilidade. De maneira geral, mudanças no mercado, 20 tais como a diminuição do tempo de vida dos produtos, a entrada de novos competidores, o aumento da demanda por novos produtos, materiais e processos, além da dificuldade de antecipar informações a respeito de mercados instáveis, são exemplos dessas mudanças. Para Koste e Malhotra (1999), após uma análise de vários trabalhos, a flexibilidade pode ser decomposta em dez dimensões que possuem ligação com a função produção. São elas: 1. flexibilidade de máquinas: refere-se ao número de operações que a máquina pode executar sem grandes penalidades de transição ou problemas no desempenho; 2. flexibilidade do trabalho: refere-se ao número de tarefas que o trabalhador é capaz de realizar sem que ocorram penalidades ou quedas de desempenho; 3. flexibilidade do sistema de movimentação: número de rotas existentes entre os centros de produção e variedade de materiais que o sistema pode transportar; 4. flexibilidade de rotas: número de produtos com rotas alternativas e a possibilidade de variação entre as rotas utilizadas; 5. flexibilidade de operação: número de produtos que possuem sequências alternativas de produção e a variedade dessas sequências; 6. flexibilidade de expansão: número e variedade de expansões que podem ser acomodadas sem que ocorram penalidades ou quedas de desempenho; 7. flexibilidade de volume: extensão da mudança e grau de flutuação no nível de output que o sistema é capaz de absorver sem que ocorram penalidades ou quedas do desempenho; 8. flexibilidade de mix: número e variedade de produtos que podem ser fabricados sem que ocorram penalidades ou quedas na produção, está geralmente, atrelado ao tempo de setup. ; 9. flexibilidade de novos produtos: número e variedade de novos produtos que podem ser introduzidos sem grandes penalidades ou perda no desempenho; 10. flexibilidade de modificação: número e variedade de modificações nos produtos que podem ser executas sem grandes penalidades ou perdas no desempenho. Portanto, um sistema será mais flexível se for capaz e produzir grande número de itens heterogêneos sem que ocorram penalidades referentes à transição e ao desempenho da produção como um todo. Entendidas essas questões, é possível buscar compreender como as dimensões da flexibilidade são operacionalizadas. Referências 21 BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: Projeto e Medida do Trabalho. 8a. edição. São Paulo. EDGARD BLUCHER, 1977. MEYERS, F. E. Estudios de tiempos y movimientos: para la manufactura ágil. 2ª. Edición. 2000. NIEBEL, Benjamin. Freivalds, Andris. Niebel's Methods, Standards, & Work Design. 12th edition. 2009. 22 4 ANÁLISE DAS OPERAÇÕES Consiste em estudar os elementos produtivos e improdutivos da operação com o intuito de aumentar a produtividade por unidade de tempo, bem como reduzir os custos unitários ou melhorar a qualidade Esse aumento ocorre através da obtenção de um método melhor, ao simplificar procedimentos operacionais e movimentação de materiais, utilizar equipamentos de maneira mais eficaz e revisando a necessidade de cada uma das etapas. As principais áreas a serem revisadas são: • O propósito da operação; • O projeto da peça ou produto; • Tolerâncias ou especificações; • Material; • Sequência de manufatura e processo; • Setup e ferramentas; • Movimentação de materiais; • Layout; • Concepção do posto de trabalho. 4.1.1 Propósito da operação A melhor maneira de simplificar uma operação é tentar eliminar ou combinar uma operação antes de tentar melhorá-la. É possível eliminar uma operação, alterando a forma como ela é feita atualmente, frequentemente, é possível que fornecedores externos sejam mais eficientes em realizar a operação. Por exemplo: rolamentos são adquiridos de um fornecedor externo, e devem ser engraxados antes de serem montados. Um estudo de fornecedores de rolamentos revelou que rolamentos "blindados" não precisariam ser engraxados e seu preço final compensaria a operação eliminada da produção. 4.1.2 Projeto da peça ou produto Muitas vezes pequenas mudanças no projeto do produto podem trazer grandes economias na fabricação. O DFMA (Design for Manufacturing and assembly) recomenda uma série de princípios que tornam os produtos mais fáceis de serem fabricados e montados, podemos citar: • Minimizar o número de partes; • Desenvolver projetos modulares; • Minimizar as variações das partes; • Projetar as peças para serem multifuncionais/multiuso; 23 • Projetar as partes para fácil fabricação; • Evitar o uso de elementos de fixação separados; • Eliminar ou simplificar os ajustes. 4.1.3 Tolerâncias e especificações As tolerâncias e especificações muito rígidas afetam diretamente o custo do produto, pois processos mais precisos tendem a ser mais caros. É importante revisar os procedimentos de inspeção, não utilizar recursos desnecessários nessas atividades. Muitas vezes inspeções amostrais são suficientes e garantem o nível de qualidade do produto, sem que sejam necessárias inspeções em 100% das unidades. Investigando tolerâncias e especificações e aplicando medidas corretivas quando necessário, as empresas podem reduzir os custos de inspeção, minimizar o desperdício, reduzir os custos de reparo e manter a alta qualidade. Ao mesmo tempo, resolvem o problema dos resíduos resultantes de produtos defeituosos. 4.1.4 Material As possibilidades para obter os materiais mais econômicos para um processo, são as seguintes: 1. Encontrar um material mais leve e menos caro; 2. Encontrar materiais fáceis de processar; 3. Usar materiais de forma mais econômica; 4. Usar materiais recuperáveis; 5. Usar ferramentas de forma mais econômica; 6. Padronizar os materiais; 7. Encontre o melhor fornecedor do ponto de vista de preço e disponibilidade. 4.1.5 Sequência de manufatura e processo Para melhorar o processo de fabricação, o analista deve considerar: 1. modificar as operações; 2. a mecanização das operações manuais; 3. a utilização de recursos mais eficientes nas operações mecânicas; 4. a operação dos recursos mecânicos de forma mais eficiente; 5. fabricação próxima à forma final (a manufatura aditiva, em substituição a fundição de metais que possui várias etapas de processamento); e 6. o uso de robôs. 4.1.6 Setup e ferramentas O setup está estreitamente relacionado com o ferramental, pois o ferramental invariavelmente determina os tempos de setup e startup. Deve-se determinar a quantidade mais econômica de ferramental baseando-se na quantidade de produção, na repetibilidade, na mão de obra, nos requisitos de entrega e no capital disponível. 24 O sistema SMED (Single-Minute Exchange of Dies) é um método utilizado para diminuir os tempos de setup. Em resumo, os oito princípios do SMED utilizados para diminuir o tempo de setup são: 1. Separe as operações de setup internas das externas; 2. Converta setup interno em externo; 3. Padronize a função, não a forma; 4. Use braçadeiras funcionais ou elimine os fixadores completamente; 5. Use gabaritos intermediários; 6. Adote operações paralelas; 7. Elimine ajustes; 8. Mecanize; 4.1.7 Movimentaçãode materiais Deve-se garantir que os materiais sejam entregues no local certo, no momento certo e na quantidade correta. Os cinco pontos a seguir devem ser levados em consideração para reduzir o tempo gasto no manuseio de materiais: 1. reduzir o tempo gasto na coleta de materiais; 2. usar equipamento mecanizado ou automático; 3. fazer o melhor uso possível das instalações existentes; 4. manusear o material cuidadosamente; e 5. automatizar a informação na movimentação de materiais; Os analistas devem sempre procurar maneiras de eliminar o manuseio ineficaz de materiais sem comprometer a segurança. Para auxiliar esta tarefa, o Materials Handling Institute (1998) desenvolveu 10 princípios: 1. Princípio de planejamento. Todo manuseio de materiais deve ser o resultado de um plano deliberado no qual as necessidades, objetivos de desempenho e especificações funcionais dos métodos propostos serão totalmente definidos desde o início. 2. Princípio de padronização. Métodos de manuseio de materiais, equipamentos, controles e software devem ser padronizados dentro dos limites de atingir os objetivos de desempenho e sem sacrificar a flexibilidade, modularidade e produtividade necessárias. 3. Princípio do trabalho. O trabalho de manuseio de materiais deve ser minimizado sem sacrificar a produtividade ou o nível de serviço que a operação exige. 4. Princípio da ergonomia. As forças e limitações dos humanos devem ser reconhecidas e respeitadas no projeto de equipamentos e tarefas de manuseio de materiais para garantir que as operações sejam realizadas de maneira segura e eficiente. 5. Princípio da unitização de carga. As cargas unitárias devem ser adequadamente dimensionadas e configuradas para atender às metas de estoque e fluxo de material em todas as fases da cadeia de abastecimento. 25 6. Princípio do uso do espaço. Deve ser feito uso eficiente e eficaz de todo o espaço disponível, aproveitando, sempre que possível a altura dos edifícios. 7. Princípio do sistema. Movimentação de materiais e atividades de armazenamento devem ser totalmente integrados para formar um sistema operacional e coordenado que engloba recebimento, inspeção, armazenamento, produção, montagem, embalagem, unificação, separação de pedidos, expedição, transporte e manuseio de devoluções. 8. Princípio de automação. As operações de manuseio de materiais devem ser mecanizadas ou automatizadas onde viável, a fim de aumentar a eficiência operacional, aumentar a capacidade de resposta, melhorar a consistência e previsibilidade, reduzir os custos operacionais e eliminar o trabalho repetitivo e potencialmente inseguro. 9. Princípio ambiental. O efeito sobre o meio ambiente e o consumo de energia são critérios que devem ser levados em consideração no projeto e na seleção de equipamentos alternativos e sistemas de manuseio de materiais. 10. Princípio do custo do ciclo de vida. Uma análise econômica cuidadosa deve levar em consideração o ciclo de vida completo de todos os equipamentos de manuseio de materiais e os sistemas resultantes. 4.1.8 Layout A distribuição física dos fatores de produção interfere em todo o processo produtivo podendo interferir nos custos de mão de obra indiretos representados por viagens extensas, atrasos e paralisações de trabalho devido à gargalos, acidentes frequentes, ociosidade, etc. No caso de a planta apresentar um problema de layout, recomenda-se um estudo sistemático das instalações industriais para solucionar o problema. A descrição das etapas desse tipo de estudo foge ao escopo desta apostila, sugere- se a leitura de livros da área, como, por exemplo, Tompkins (2013) e Muther (1978). 4.1.9 Concepção do posto de trabalho Os centros de produção são de vital importância para a produtividade das instalações, pois neles ocorrem as atividades que transformam a matéria prima em produtos. É, portanto, indispensável que os centros de produção funcionem de maneira adequada, com a maior eficiência e eficácia possível. É preciso organizar o centro de produção da melhor maneira possível, desenvolver métodos econômicos e adequados a empresa o nível de produtividade desejado. Não podemos esquecer que o trabalhador apresenta uma série de características físicas, cognitivas e psicológicas, que precisam ser levadas em consideração ao se projetar um centro de produção. É preciso considerar características ambientais; condicionantes temporais do trabalho; características da organização do trabalho; características fisiológicas do trabalhador; 26 características dos objetos, ferramentas, comandos de máquinas sobre os quais o operador deve agir; o ambiente psicossociológico. Referências BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: Projeto e Medida do Trabalho. 8a. edição. São Paulo. EDGARD BLUCHER, 1977. GROOVER, M. P. Work Systems: The Methods, Measurement and Management of Work. First Edition. Pearson Education. 2014. MANNE, AS., 1961. Basic concepts of activity analysis. In: Manne, AS., Markowitz, H.M., Studies in Process Analysis. Wiley, New York, pp. 417-422. MATERIAL HANDLING INSTITUTE, The Ten Principles of Material Handling. Charlotte, NC,1998. MEYERS, F. E. Estudios de tiempos y movimientos: para la manufactura ágil. 2ª. Edición. 2000. MUTHER, R. Planejamento do Layout: sistema SLP. Tradução. São Paulo. Edgard Blücher, 1978. NIEBEL, Benjamin. Freivalds, Andris. Niebel's Methods, Standards, & Work Design. 12th edition. 2009. TOMPKINS, J. A. Planejamento de Instalações. Tradução. Rio de Janeiro. LTC, 2013. 27 5 TÉCNICAS PARA A ANÁLISE DE OPERAÇÕES O primeiro passo para resolver um problema é torná-lo claro o suficiente para ser analisado, se preciso, o problema deve ser decomposto em subproblemas antes de se procurar alternativas de soluções. A Engenharia de métodos possui diversas ferramentas para obtenção e análise de dados, possibilitam o levantamento sistemático de dados relevantes, como, por exemplo, a sequência de produção, as atividades desempenhadas, os tempos de operação, capacidades da máquina, materiais e ferramentas. Primeiramente, as operações devem ser estudadas como um todo, somente após essa análise geral deve-se fazer uma análise mais detalhada de uma operação específica. A seguir são apresentadas nove técnicas e ferramentas para a análise das operações: carta de operações, fluxograma de processo, gráfico das duas mãos; mapofluxograma, diagrama homem-máquina, gráfico de fluxo de processo para equipes, mapa do fluxo de valor, diagrama espinha de peixe e análise de Pareto. 5.1 CARTA DE OPERAÇÕES Mostra a sequência cronológica de todas as operações e inspeções, subsídios de tempo, materiais usados em uma manufatura. Mostram cada operação necessária a transformação da matéria-prima em produto. Deve-se descrever todos os componentes e subconjuntos existentes no processo de fabricação e montagem. São usados dois símbolos para construir a carta de operações operacional: o círculo representa uma operação e o quadrado representa uma inspeção. Uma operação ocorre quando um objeto sofre uma transformação intencional de qualquer natureza. Uma inspeção é realizada quando a peça é comparada a um padrão, classificada, ou contada. As linhas verticais representam o fluxo geral do processo, as linhas horizontais indicam os materiais utilizados materiais. A carta de operações é feita de forma que as linhas de fluxo verticais e as linhas de material horizontais não se cruzem. Se o cruzamento de uma linha vertical com uma linha horizontal for estritamente necessário, a convenção deve ser usada para mostrar que nenhuma conexão está presente; isto é, desenhe um pequeno semicírculo na linha horizontal no ponto onde a linha vertical o cruza (Figura 5.1). 28 Figura 5.1 -Linhas verticais e horizontais na carta deoperações Os valores de tempo, com base em estimativas ou medições reais, podem ser atribuídos a cada operação ou inspeção. Um diagrama de processo operacional completo típico é mostrado na Figura 5.2, ilustrando a fabricação de cabines telefônicas. A carta de operações auxilia o analista a se familiarizar com o método de atual em todos os detalhes, o que facilita a identificação de melhorias potenciais nos procedimentos utilizados Figura 5.2 - Carta de operações típica 5.2 FLUXOGRAMA DE PROCESSO Em geral, o fluxograma de processo apresenta mais detalhes que a carta de operações. Em função disso, pode não ser viável aplicá-lo em qualquer processo que se deseja mapear, mas naqueles que se deseja conhecer com maior nível de detalhamento. É particularmente útil para registrar custos ocultos de produção, como distâncias percorridas, atrasos e buffers. 29 É uma técnica utilizada para se registrar um processo de maneira rápida, para melhor compreendê-lo e, posteriormente, melhorá-lo. O diagrama, usualmente, segue o fluxo da entrada da matéria-prima na fábrica e todas as etapas pelas quais ocorre a transformação do produto, como, por exemplo, transportes e armazenamentos, inspeções, usinagens, montagens, até que ela se torne ou um produto acabado, ou parte de um subconjunto. O fluxograma pode ser do tipo homem ou do tipo produto, e os dois tipos não devem ser combinados. A simbologia utilizada nos fluxogramas de processo é padronizada pela ASME e representada pelo quadro abaixo. Operação: transformação intencional em alguma característica do objeto. Inspeção: identificação, classificação, ou contagem de características do objeto Transporte: movimentação de um objeto Espera: condição do objeto que impede que ele possa ser submetido a outras atividades. Armazenagem: guarda de materiais que requer autorização para sua retirada Símbolos combinados: são utilizados quando deseja-se representar a ocorrência de mais de uma atividade ao mesmo tempo Figura 5.3 - Símbolos utilizados na elaboração do fluxograma de processos É importante observar todos as operações realizadas, as transformações diretas, movimentações, armazenamentos e serviços auxiliares. Pode-se realizar a diagramação de duas maneiras: acompanhando o material da entrada ao final dos processos ou observando cada etapa de processamento e, a seguir, determinando entradas e saídas. A construção de um fluxograma de processo, geralmente, demanda várias tentativas consecutivas, pois alguns detalhes do processo sempre escapam do analista. O grau de detalhamento do fluxograma de processo depende do objetivo, é possível fazer um fluxograma detalhando as operações caso o objetivo seja avaliar uma estação de trabalho. Em contrapartida, um fluxograma mais geral é construído, sem apegar-se aos detalhes de cada operação manual, se o intuito é mapear o processo como um todo. Quando se tem mais de um produto ou serviço é possível criar um único diagrama com cores diferentes para cada um deles, ou trabalhar com múltiplos diagramas. Exemplo de um fluxograma de processo preenchido para a atividade de Descarregamento de açúcar no Porto de Santos. 30 Figura 5.4 - fluxograma de processo para o descarregamento de açúcar. 5.3 GRÁFICOS DAS DUAS MÃOS. O gráfico de operações ou o gráfico das duas mãos é uma ajuda simples e efetiva para a análise de uma operação. É desnecessário qualquer instrumento para medida de tempo, e, para a maior parte das tarefas, o analista pode construir o gráfico simplesmente observando o operador em seu trabalho. A finalidade principal deste gráfico é assistir o desenvolvimento de uma maneira melhor para se executar a tarefa, mas ele também tem valor no treinamento de operadores. Dois símbolos são comumente usados na construção de um gráfico de operações. O círculo pequeno indica um transporte, como, por exemplo, o movimento da mão em direção a uma peça, e o círculo maior denota ação do tipo agarrar, posicionar, usar ou soltar a peça. A Figura 5.5 apresenta a montagem de arruelas e parafusos. 31 Figura 5.5 – Gráfico de operações O primeiro passo na execução de um gráfico de operações é desenhar um esquema do local de trabalho, indicando os conteúdos dos diversos depósitos e a localização das ferramentas e materiais. Após isso, observa-se o operador, anotando mentalmente seus movimentos, observando cada uma das mãos em separado. Registra-se os movimentos ou elementos para a mão esquerda no lado esquerdo de uma folha de papel, e, de maneira análoga, registra-se os movimentos da mão direita no lado direito da folha. Como, geralmente, não se consegue obter o sincronismo dos movimentos das duas mãos, em uma primeira tentativa, é, em geral, necessário que se refaça o gráfico até que a simultaneidade seja obtida. 5.4 MAPOFLUXOGRAMA O mapofluxograma representa a movimentação física de um item através estações de trabalho dispostas no arranjo físico de uma instalação produtiva, seguindo uma sequência ou rotina fixa. A trajetória ou rota física do item, é desenhada, por meio de linhas com indicação de sentido de movimento, sobre a planta baixa, em escala, da instalação envolvida. O mapofluxograma permite estudar em conjunto, as condições de movimentação física de um determinado processo produtivo, os espaços disponíveis, ou necessários, e as localizações relativas dos centros de trabalho. O modelo fornece uma visão compacta e global do processo, existente ou proposto, em termos de sua ocupação física na instalação produtiva. 32 A melhor forma de fornecer essas informações é obter um diagrama das áreas envolvidas e, a seguir, traçar as linhas de fluxo, ou seja, indicar a movimentação do material de uma atividade para outra. A Figura 5.6 apresenta o mapofluxograma de uma fábrica de chocolates, os fluxos dos produtos estão representados em cores diferentes. É possível perceber uma grande confusão na movimentação dos materiais durante a fabricação. Figura 5.6- Mapa fluxograma de uma fábrica de chocolates. 5.5 DIAGRAMA HOMEM- MÁQUINA O Diagrama Homem-Máquina representa o trabalho coordenado de um ou mais homens empregados na operação de uma ou mais máquinas. Este modelo consiste num esquema de atividades simultâneas acompanhado de um cálculo matemático, que possibilita determinar o número ótimo viável, técnica e economicamente, de máquinas e homens. Em alguns tipos de trabalho, o operador e a máquina trabalham intermitentemente. Ou seja, a máquina espera enquanto o operador realiza a tarefa e o operador fica inativo enquanto a máquina realiza o processo. Para esses casos, esse diagrama auxilia a observação de falhas nos métodos utilizados e possibilidades de melhorias. O diagrama mostra, graficamente, a relação temporal e sequencial das atividades do Homem e da Máquina na realização de um conjunto de atividades em um posto de trabalho. Portanto, é possível utilizar o diagrama para levantar os dados necessários para calcular a quantidade de máquinas que um operador consegue tomar conta. A Figura 5.7 apresenta a operação de uma serra fita feita por um operador, note que durante uma parte do tempo a máquina opera sem que seja necessária 33 a supervisão do operador. Durante esse período, o operador poderia estar cuidando de outras máquinas. Descrição da tarefa Operador Tempo [ Min] Descrição da tarefa Máquina 1 Tempo [ Min] 0 Preparação da serra 2 Ajuste do batente 2 1 2 Controle da velocidade 0,5 Corte inicial 0,5 Espera (ocioso) 3 Corte da barra 3 3 4 5 Conferência do corte 0,5 Espera (ocioso) 0,5 6 Limpeza da máquina 0,5 Limpeza da máquina 0,5 Total ocioso 3 Total ocioso 0,5 Total trabalhando 3,5 Total trabalhando6,0 Figura 5.7 - Diagrama homem-máquina 5.5.1 SERVIÇO SÍNCRONO Atribuir mais de uma máquina a um operador é quase sempre o caso ideal, em que tanto o operador quanto a máquina ficam ocupados durante todo o ciclo. Esses casos ideais são conhecidos como serviço síncrono, e o número de máquinas a serem alocadas pode ser calculado como: 𝑛 = 𝑙 + 𝑚 𝑙 onde n = número de máquinas atribuídas ao operador; l = tempo total de serviço por máquina; m = tempo total de operação da máquina; Por exemplo, consideremos um tempo de ciclo total de 4 minutos para fabricar um produto, medido desde o início da descarga do produto acabado até o final do tempo de ciclo da máquina. O serviço do operador, que inclui a descarga do produto acabado e o carregamento da matéria-prima, é de 1 minuto, enquanto o tempo de ciclo da máquina automática é de 3 minutos. O serviço síncrono resultaria na alocação de: 𝑛 = 𝑙 + 𝑚 𝑙 = 1 + 3 1 = 4 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠 34 Uma dificuldade adicional surge se o operador precisar realizar outras atividades além de carregar e descarregar a máquina, como, por exemplo, deslocar-se entre elas. Assim, a fórmula ajustada é: 𝑛1 ≤ 𝑙 + 𝑚 𝑙 + 𝑤 onde n1 = menor número inteiro; w = tempo total do trabalhador quando não interage diretamente com a máquina. 5.5.2 Serviço aleatórios Situações de serviço totalmente aleatórias são casos em que não se sabe quanto tempo um equipamento precisa de assistência para funcionar. Normalmente os valores médios são conhecidas ou podem ser determinadas, com essas médias, as leis da probabilidade podem fornecer uma ferramenta útil para determinar o número de máquinas a serem atribuídas a um único operador. Como exemplo, vamos determinar a proporção mínima de tempo de máquina perdido para tornos CNC nos quais a máquina funciona sem supervisão 60% do tempo e requer atenção do operador 40% do tempo, em média. Nesta situação, um operador é capaz de tomar conta da seguinte quantidade de máquinas: 𝑛 = 𝑙 + 𝑚 𝑙 = 0,6 + 0,4 0,4 = 2,5 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠 Onde n = número de máquinas atribuídas ao operador; l = tempo médio de supervisão da máquina; m = tempo médio de operação da máquina; Caso seja preciso determinar o número de equipamentos necessários, é possível utilizar a seguinte equação: 𝑛𝑒𝑞 = 𝑡𝑝𝑜𝑝 + 𝑡𝑝𝑝𝑟 𝑇𝑑. 𝑛 𝑞𝑡𝑑 Onde: Neq = número de recursos no processo; tpop = tempo padrão da operação; tppr = tempo padrão de preparação; n = rendimento do processo Td = Tempo disponível; 35 qtd = Quantidade necessária. 5.6 GRÁFICO DE FLUXO DE PROCESSO PARA EQUIPES O gráfico de fluxo de processo para equipes é utilizado quando uma máquina demanda de vários trabalhadores para ser operada. A finalidade básica desse gráfico é analisar as atividades do grupo e, depois, compor o grupo de modo a reduzir ao mínimo o tempo de espera e atrasos, portanto, o tempo ocioso. A primeira coluna representa a operação da máquina e as demais colunas representam as tarefas dos operadores. As operações devem ser preenchidas de acordo com a ordem cronológica das atividades, respeitando a escala de tempo. Dessa maneira é possível verificar se é possível otimizar a operação da equipe no equipamento analisado. A Figura 5.8 apresenta um exemplo desse tipo de gráfico. Figura 5.8 - Gráfico de fluxo de processo para equipes 5.7 MAPA DO FLUXO DE VALOR É uma técnica de mapeamento visual usada na Toyota Motor Corporation, conhecida como "fluxos de materiais e informações". Visa fornecer um meio eficaz de estabelecer uma direção estratégica para fazer melhorias. Mapeia o conjunto de ações que agregam e não agregam valor, necessárias para fabricar o produto. Compõe-se do: Fluxo de Materiais; Fluxo de Informações; Mapa do Estado Presente; Mapa do Estado Futuro. É uma representação visual que mostra como o trabalho é executado atualmente. Representa como o trabalho flui, quem faz o trabalho e como o fluxo de valor está sendo executado no dia em que o mapa é criado. O mapa completo apresenta o fluxo de informações, o fluxo de produção e a linha do tempo. A Figura 5.9 representa um mapa do fluxo de valor. O fluxo de produção é representado por caixas que devem conter a quantidade de trabalhadores na estação de trabalho, o lead time de produção, o tempo de processamento e a porcentagem concluída e precisa. No fluxo de produção também são representados o Work in process (WIP), estoques e se a 36 produção é puxada ou empurrada (através do formato das setas, setas pontilhadas indicam produção empurrada). O fluxo de informação é representado a partir de setas e sistemas de TI. Os sistemas de TI e blocos de processo devem ser conectados com setas, onde a ponta da seta indica a direção do fluxo de informações: uma ponta de seta apontando para um sistema de TI significa que os dados são inseridos; uma ponta de seta apontando para um bloco de processo significa que os dados são visualizados ou recuperados; uma ponta de seta em ambas as extremidades significa que as informações são inseridas e recuperadas para esse processo A Linha do tempo e resumo do mapa demonstra a velocidade com que a organização entrega bens ou serviços ao cliente e permite visualizar a diferença entre o tempo de processamento (que representa o tempo que a peça é transformada) e o lead time de produção (que representa o intervalo de tempo que a peça permanece na fábrica). Figura 5.9 - Mapa do fluxo de valor 5.8 DIAGRAMAS ESPINHA DE PEIXE Os diagramas espinhas de peixes, também conhecidos como diagramas de causa e efeito, foram desenvolvidos por Ishikawa no início dos anos 1950, enquanto trabalhava em um projeto de controle de qualidade para a Kawasaki Steel Company. O método consiste em definir a ocorrência de um evento ou problema indesejável, ou seja, o efeito, como a "cabeça do peixe" e, a seguir, identificar os fatores que contribuem para a sua formação, ou seja, as causas, como os “ossos de peixe ”presos à espinha e à cabeça do peixe. Geralmente, as causas principais são subdivididas em cinco ou seis categorias principais: pessoas, máquinas, métodos, materiais, ambiente, administração, cada uma delas subdividida em subcausas. 37 O processo continua até que todas as causas possíveis sejam encontradas e listadas. Um bom diagrama terá vários níveis de espinhos e fornecerá uma boa visão geral do problema e dos fatores que contribuem para sua existência. Os fatores são então analisados criticamente em termos de sua provável contribuição para todo o problema. Este processo também pode tender a identificar soluções potenciais. 5.9 ANÁLISE DE PARETO Um economista italiano do século XIX, chamado Vilfredo Pareto, executou em 1906, um estudo sobre a concentração de renda italiana. Essa pesquisa, apontou que grande parte da riqueza do país - 80% - era possuída por apenas 20% da população. Esse conceito ficou conhecido como Lei de Pareto e tem sido utilizado em outras áreas, além da economia. A Lei do Pareto, também conhecida como regra do 80-20, preconiza que, para qualquer fenômeno, 80% das consequências resultam de 20% das causas. Assim, é correto afirmar que que 80% dos acidentes de trabalho seriam causados dos 20% dos trabalhos, e 80% do custo de um produto estaria concentrado em 20% das operações de fabricação. Essa regra já foi testada em inúmeros casos e trata-se de uma aproximação correta da realidade, podendo, portanto, ser utilizada na tomada de decisão em inúmeros casos. A utilização da técnica é interessante pois permite concentrar os esforços nas atividades mais importantes para a organização. Sua construção é feita colocando-se os dados em ordem decrescente e construindo uma curva dos dados. 38 Figura 5.10 - Exemplode histograma Referências BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: Projeto e Medida do Trabalho. 8a. edição. São Paulo. EDGARD BLUCHER, 1977. MEYERS, F. E. Estudios de tiempos y movimientos: para la manufactura ágil. 2ª. Edición. 2000. MUTHER, R. Planejamento do Layout: sistema SLP. Tradução. São Paulo. Edgard Blücher, 1978. NIEBEL, Benjamin. Freivalds, Andris. Niebel's Methods, Standards, & Work Design. 12th edition. 2009. 39 6 NECESSIDADES E ESPECIFICAÇÕES DE UM POSTO DE TRABALHO Os postos de trabalho, também chamados de centros de produção, ou estações de trabalho, são os locais onde os trabalhadores executam as atividades de transformação que juntas realizam a fabricação de produtos ou a prestação de serviços. As estações de trabalho podem variar muito de acordo com a atividade desempenhada, podem ser fixas, como, por exemplo, uma bancada de trabalho; ou móveis, como os veículos utilizados no transporte de materiais; podem apresentar máquinas estacionárias, como, por exemplo, um operador trabalhando em um torno, ou estar relacionada a um serviço, como um caixa de um supermercado, por exemplo. Uma estação de trabalho típica, geralmente, é composta de trabalho humano, combinado com máquinas, materiais, serviços, etc. Elas, geralmente, encontram-se inseridas em sistemas produtivos complexos para produzir bens e serviços em sequências de produção e, portanto, dependem das características do sistema como um todo para funcionar. Antes de começar a projetar o posto de trabalho é preciso definir quais são as necessidades da empresa que o utilizará, bem como de todos os envolvidos na utilização desses postos que trabalhos, que usualmente são chamados de Stakeholders e incluem os trabalhadores diretos, indiretos, administração, proprietários, etc. Uma série de requisitos surge nessa etapa. A partir das necessidades são criadas as especificações que orientarão a criação de soluções para os problemas. A seguir exploraremos as necessidades típicas dos projetos dos postos de trabalho. 6.1 AS NECESSIDADES TÍPICAS DE UMA ESTAÇÃO DE TRABALHO As necessidades estão divididas em: produtivas, ambientais, de produtos, componentes e materiais, equipamentos, operador, serviços de fábrica, atendimento aos dispositivos legais, e investimento. 6.1.1 Operacionais São características que definem como ocorrerá a produção, as quantidades envolvidas, o tempo disponível, o sistema de produção adotado. Os seguintes parâmetros são necessários: o horário de trabalho; o ciclo de produção requerido, o tempo disponível, a disponibilidade das instalações, as pausas de trabalho, os tempos de setup, o ciclo de vida dos produtos. É igualmente importante conhecer: a demanda e seu comportamento esperado ao longo do tempo, os 40 níveis de qualidade, os índices de perdas, o lead time desejado, o sistema de controle da produção utilizado, o tamanho dos lotes de produção e o sistema de produção utilizado, os níveis de estoques intermediários; o mix de produtos esperado e a sequência de fabricação. 6.1.2 Ambientais. Este tópico trata de como deve ser o ambiente de trabalho no qual estarão inseridos os trabalhadores. É preciso, portanto, determinar as condições de iluminamento necessárias, o conforto térmico, os níveis de ruído e vibração esperado, além da exposição a agentes químicos e biológicos conforme o caso. Na ausência de requisitos específicos, podemos utilizar os limites estabelecidos em normas nacionais e internacionais. 6.1.3 Produto, componentes e materiais. Os produtos, componentes e materiais transformados, incluindo os resíduos produzidos na estação determinarão as demandas espaciais necessárias, já que serão manuseados e armazenados temporariamente. O projeto do produto pode fornecer algumas das informações necessárias, outras dependem do sistema de movimentação que será adotado na fábrica. São informações necessárias para o projeto da estação: as dimensões e os pesos das peças, componentes e materiais utilizados no posto de trabalho; as embalagens de transporte utilizadas e sua capacidade; os sistemas de movimentação utilizados, incluindo a dimensão dos veículos de transporte, se for o caso; a frequência de transporte, pois isso determinará a quantidade de materiais armazenados no posto; a produção de resíduos, incluindo as características físicas desses resíduos. É importante saber se haverá no posto de trabalho espaço para segregação de produtos com defeito, nesse caso, o percentual de produtos com defeito, as formas de armazenamento e movimentação também são dados importantes. 6.1.4 Equipamentos. Frequentemente as estações de trabalho possuem algum tipo de equipamento utilizado para auxiliar as transformações. Quando isso ocorre, é preciso conhecer em detalhes suas características, pois isso permitirá inclui-lo no layout do posto com o mínimo de problemas. É necessário saber as dimensões do equipamento, suas características de operação e manutenção, bem como as necessidades de serviços auxiliares (eletricidade, água, vapor, ar comprimido, etc.). A localização de controles e das áreas de abastecimento e retirada de materiais deve ser levantada, pois influenciará na movimentação de materiais e de trabalhadores no posto de trabalho. O uso de ferramental, como, por exemplo, moldes, brocas, fresas, lâminas, equipamentos de medição, etc. também é relevante, pois determina a demanda por espaço para armazenamento e movimentação, para a troca e armazenagem. 41 6.1.5 Operador. A quantidade de operadores necessários, bem como a população escolhida para trabalhar na fábrica e suas características antropométricas, a participação de trabalhadores com necessidades especiais, são informações necessárias ao projeto da estação de trabalho. É preciso conhecer também as demandas físicas e mentais do trabalho desenvolvido: os movimentos realizados, as posturas adotadas, a carga manuseada, os esforços envolvidos, o gasto energético, as exigências cognitivas e psíquicas da tarefa. Outro dado importante, que muitas vezes é ignorado, é o controle de informações no posto de trabalho e suas necessidades, como, por exemplo, a necessidade de um terminal de computador, ou um espaço para anotações, etc. 6.1.6 Serviços da fábrica. Os equipamentos frequentemente necessitam de algum tipo de suprimento para funcionar, água, vapor, água fria, iluminação, ventilação, ar comprimido, etc. são requisitos comuns. Esses serviços devem chegar aos equipamentos e serem considerados no projeto da estação. 6.1.7 Atendimento aos dispositivos legais. São requisitos determinados pela legislação vigente que podem determinar distâncias mínimas, necessidade de dispositivos de proteção coletiva nos equipamentos, instalação de anteparos, barreiras de proteção, etc. 6.1.8 Investimento alvo. É preciso saber antecipadamente qual é o valor que se pretende investir no posto de trabalho que se está projetando, esta informação servirá de parâmetro para escolhas de projeto. 6.2 CRIANDO A LISTA DE ESPECIFICAÇÕES Uma especificação consiste em uma métrica e um valor, a lista de especificações é, portanto, o conjunto de todas as especificações necessárias para o projeto da estação de trabalho. As especificações derivam das necessidades e devem satisfazer uma necessidade completamente, nem que para isso seja necessário mais que uma especificação. É prudente construir uma matriz de necessidades x especificações para verificar se todas as necessidades levantadas para o projeto da estação de trabalho foram contempladas em pelo menos uma especificação. A lista de especificações deve apresentar um valor alvo que se trata daquele que a equipe de projeto deve perseguir em relação a especificação e valores marginais, que se trata de valores que a estação de trabalho pode assumir
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