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Doença de Caroli, Pâncreas Divisum e Doença de Wilkie → Doença de Caroli: Má formação congênita por dilatações multifocais dos ductos biliares maiores intra-hepáticos. A doença de Caroli é uma má-formação congênita rara caracterizada por dilatações multifocais e desorganização embriológica dos ductos biliares intra-hepáticos que predispõem a colestase e episódios recorrentes de colangite. Quando os ductos maiores são afetados, caracteriza-se a doença de caroli. Etiologia: Desorganização embriologia dos ductos biliares maiores. Vias biliares: Localizada logo abaixo da do lobo direito do fígado está a vesícula biliar, a mesma fica anexa este órgão. Possui como função armazenar a bile que é produzida no fígado. Está bile chega pela vesícula através dos ductos biliares. Tem-se os ductos intra hepáticos, maiores e menores, que estão na porção interna do fígado e os ductos extras hepáticos da porção externa do mesmo. Complicações: A bile se acumula nas dilatações dos ductos maiores intra hepáticos. As alterações estruturais que a doença causa gera uma maior predisposição a colestase e a episódios de colangite aguda. Esses episódios de colangite aguda se forem muito recorrentes, podem acabar gerando complicações com a formação de cálculos biliares, sepse, e principalmente de abscesso hepático. A formação do abscesso hepático acaba sendo uma consequência das colangites recorrentes, pois nesse processo, a defesa do corpo liderada pelos anticorpos está em ação contra as bactérias trazidas pela infecção. Como resultado, a morte de neutrófilos, bactérias e células mortas, geram o pus, que logo vai ser envolvido por um tecido que isola esse material formando o abscesso. A formação do abscesso hepático acaba sendo uma consequência das colangites agudas, que com ela traz bactérias que acabam sendo superiores a capacidade do fígado de eliminá-las, ocorrendo assim, uma invasão tecidual, infiltração de neutrófilos e, finalmente, o resultado disso tudo gera a formação de abscesso. A função da bile é prejudicada por conta da irregularidade das vias biliares, uma vez que seu transporte não pode ser feito corretamente. Porção intra-hepática (bile condensada): Complicações: Colelitíase (formação de pedra da bile condensada), colangite (inflamação), abcessos hepáticos. Ductos maiores = Doença de caroli; Ductos menores = Fibrose hepática congênita (Faixas cicatriciais); Maiores + menores + fibrose hepática + doença de Caroli = Síndrome de Caroli. → Pâncreas Divisum (dividido no ponto de vista funcional): Normal: O pâncreas em sua normalidade é constituído pela porção endócrina e exócrina e suas divisões anatômicas (cabeça, colo, corpo e cauda). Possui também, o ducto pancreático principal (Wirsung) que desemboca junto com o ducto colédoco, além do ducto acessório (Santorini - presente em algumas pessoas), no ponto de vista funcional ele tem uma importância fisiológica. Pâncreas divisum: Ocorre uma falha na fusão da parte ventral com a parte dorsal, no segundo mês de gravidez. Embriologia do pâncreas: Desenvolve-se de dois brotos, dorsal e ventral, do pâncreas primitivo. Essas duas evaginações posteriormente fundem-se. A fusão faz-se de uma forma mais ou menos completa, assumindo o pâncreas a forma de um órgão único. A evaginação ventral do duodeno primitivo surge de um divertículo hepático, tendo uma relação direta com o canal biliar comum. O canal originário da evaginação ventral será o canal de Wirsung. O duodeno primitivo no seu crescimento gira para a direita e a evaginação ventral segue esse movimento de rotação para a direita, passando pela face posterior do duodeno, e fundindo-se com a evaginação dorsal . Possibilitando a fusão dos canais ventral (Wirsung) e dorsal (Santorini - atrofia em algumas pessoas) no nível da cabeça do pâncreas. Fisiopatologia: É uma ausência de fusão ou uma fusão incompleta da porção ventral e dorsal do pâncreas, principalmente dos canais de drenagem, Wirsung e Santorini. O pâncreas divisum é a malformação congênita do pâncreas mais comum. Por definição, encontra-se um pâncreas com dois canais separados e orifícios de drenagem independentes. Podendo existir uma pequena porção do ducto drenando apenas a cabeça do pâncreas ou mesmo ser um ducto inexistente. Se o ducto de Wirsung não se funde com o ducto biliar comum, a drenagem do órgão fica comprometida, dessa forma o que é produzido no pâncreas não consegue chegar no duodeno para exercer sua função. Relação do pâncreas divisum com a pancreatite: A malformação congênita pancreática é causa de pancreatite aguda e crônica. A pancreatite se dá pela autodigestão do tecido pancreático, por enzimas pancreáticas ativadas inapropriadamente, em especial através da ativação inapropriada do tripsinogênio. Um dos mecanismos de ativação das enzimas pancreáticas é justamente a obstrução dos ductos pancreáticos, proporcionando drenagem inadequada das secreções pancreáticas através da papila menor, especialmente quando combinada com defeitos genéticos que também aumentam a suscetibilidade à pancreatite. → Doença de Wilkie ou Síndrome da Artéria Mesentérica Superior: Rara causa de obstrução do intestino delgado, na terceira porção do Duodeno. *Pode servir como um diagnóstico de exclusão. Fisiopatologia: Ocorre a diminuição do ângulo entre a artéria mesentérica superior, a qual irriga o intestino, e da a aorta, podendo ocorrer a obstrução do duodeno, uma vez que ele passa entre as duas estruturas. Geralmente acontece após uma cirurgia bariátrica, por conta da grande diminuição de gordura corporal, levando a uma perda de gordura do coxim gorduroso que fica em torno do duodeno, o protegendo, e também por conta da deficiência do fluxo intestinal, o mesmo acaba sendo comprimido pela AMS, após ela perder sua angulação. Consequentemente, ocorre um comprometimento do trânsito intestinal, podendo causar por sua vez uma crise absortiva. * Distância normal entre a a.aorta e a.mesentérica superior é de 10 a 20 mm, com ângulo de 40 a 60 graus. * Em Wilkie: A distância entre as aa. reduz para 2 a 8 mm ou ângulo de 6 a 35 graus. Causando a compressão do duodeno.