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Cap 2 Feijó parte 1

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Cap. 2 - Agregados macroeconômicos e identidades contábeis
	Agregados macroeconômicos: construções estatísticas que sintetizam aspectos relevantes da atividade econômica em um período de tempo.
	São derivados de um sistema contábil, formalizado em um conjunto de identidades. (SCN)
	Os principais agregados derivados das Contas Nacionais são as medidas de Produto, Renda e Despesa.
PRODUTO INTERNO BRUTO
	PIB de um país ou região: apresenta a produção de todas as unidades produtoras da economia, num dado período a preços de mercado.
	Produção para as Contas Nacionais: toda a produção de bens e serviços , mais a produção por conta própria e a produção de serviços pessoais e domésticos quando remunerados.
	Produção são as transações econômicas com valor de mercado. A valoração em termos monetários permite que se agregue quantidades heterogêneas
O que é excluído do cálculo do PIB?
	Atividades econômicas não-declaradas, com o objetivo de sonegar impostos ou por serem ilegais.
	produção de bens e serviços sem valor de mercado. Ex. serviços domésticos não remunerados.
	Transações de compra e venda envolvendo a transferência de bens produzidos em períodos anteriores. Ex: a venda de propriedades já construídas.
	Exaustão de recursos naturais não-renováveis.
PIB E VALOR ADICIONADO
Suponha a produção de uma firma no ano de 500 unidades, vendidas ao preço unitário de R$2,00:
- Valor da produção 500 x R$2,00 = R$ 1.000,00
- Despesas operacionais: R$ 800,00
-1 Pagamentos de salários R$500,00 W 
-2 Custo de matérias primas R$300,00 CMP
Receita Líquida de Vendas (L) = R$ 200,00
 
Valor que a firma adiciona ao PIB:
	Valor da produção menos produção intermediária 
	(R$ 1.000,00 - R$ 300,000 = R$ 700,00)
Ex: Volkswagen retira o custo dos insumos de um automóvel, como por exemplo o PNEU, que seria o valor da produção da indústria de PNEUS, que seria retirado o custo da borracha, que seria o valor da produção da indústria de borracha, e assim sucessivamente.
Óticas de mensuração do Produto:
	Ótica do produto = Valor da Produção- Valor dos Consumos Intermediários (valor adicionado) => R$ 1.000 - R$ 300 (CMP) = R$ 700
	Ótica da Renda = Soma das remunerações aos fatores de produção =>
 R$ 500 (W) + R$ 200 (CMP) = R$ 700
	Ótica da Despesa = Soma dos gastos finais na economia em bens em bens e serviços, nacionais e importados: R$ 500 (W) + R$ 200(L) = R$700
Resultado sempre igual nas 3 óticas!
PIB PER CAPITA
	PIB per capita - referência importante como medida síntese de padrão de vida e de desenvolvimento econômico dos países.
	 É obtido dividindo-se o PIB do ano pela população residente no mesmo período.
	O bem-estar da população é fortemente afetado pela distribuição de renda, fato não evidenciado na medida do PIB per capita
EX:
:Obs. Se a taxa de crescimento do produto da economia for menor que o da população, a taxa de crescimento do PIB per capita vai ser negativo
PIB vs. PNB:
	O PIB, avaliado pela ótica do produto, mede o total do Valor Adicionado produzido por firmas operando no país, independente da origem do seu capital
	Pela ótica da renda, mede a contribuição dos fatores de produção independentemente da nacionalidade dos possuidores desses fatores
	PNB (Produto Nacional Bruto) e a RNB (Renda Nacional Bruta) são agregados que consideram o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes
	Há fatores de produção de origem estrangeira (capital e trabalho) e produzindo no país e fatores de produção de propriedade de residentes no país produzindo fora deste
	Portanto, a produção de estrangeiros no Brasil conta no conceito de interno, mas não no conceito de nacional
	Já a produção de brasileiros no exterior conta como PIB do país estrangeiro e como PNB no Brasil
Produção de propriedade de residentes:
	 Valor da Produção 			R$ 1.000,00
	Despesas Operacionais		 R$ 800,00
	Pagamento de Salários 		R$ 500,00
	a brasileiros				R$ 400,00
	a argentinos			R$ 100,00
	Custo das Matérias-Primas
	 (nacional e importada)		 R$ 300,00
	Receita Líquida de Vendas		 R$ 200,00
	paga a brasileiros			R$ 100,00
	paga a argentinos			R$ 100,00
	PIB = R$ 700,00 = 1.000 – 300
	Ou, PIB = VP - CI
	Pela ótica do Produto: PNB = R$ 500 = (1.000 – 300) – 100 – 100 
	Ou, PNB = VP – CI – Salários Estrangeiros – Retorno Estrangeiros
	Pela ótica da renda: RNB = R$ 500 = 400 + 100 
	Ou, PNB = Salários Brasileiros + Retorno Brasileiros
Saldo das Remunerações a Fatores de Produção nas Transações Internacionais:
	O saldo vai ser igual ao recebimento menos o pagamento de dividendos, juros, lucros, royalties, aluguéis e salários
	Se o saldo é positivo, então:
	PNB = PIB + RLR
RLR é a Renda Líquida Recebida do exterior
		PNB > PIB. 
	Se o saldo é negativo, então: 
	PNB = PIB – RLEE
RLEE é a Renda Líquida Enviada ao Exterior
		PIB > PNB. (Brasil)
Brasil: Produto Interno e Nacional Bruto 1995 (R$ 1.000)
Produto Interno Bruto 646.191.517
Menos rendimentos líquidos enviados ao resto do mundo	 						 10.153.742
Produto Nacional Bruto 636.037.775
Fonte:IBGE.
As diferenças entre PIB e PNB podem ser muito grandes em países com um elevado grau de endividamento externo, devido ao pagamento de juros a estrangeiros, e em países com grande presença de multinacionais que remetem lucros e royalties para seus países de origem
Renda Nacional Bruta e Renda Disponível Bruta
	Renda Nacional Bruta (RNB) engloba: rendas dos setores público e privado e as transferências de recursos entre o país e o resto do mundo. 
	Renda Disponível Bruta (RDB): considera o saldo das transferências correntes recebidas e enviadas ao exterior. 
	Transferência é toda movimentação de recursos entre agentes econômicos e países, sem contrapartida com o processo de produção (por exemplo, remessa e recebimento de recursos entre governos e residentes)
	A RDB corresponde aos recursos que os agentes econômicos têm para gastar em consumo e formação de capital
	 RDB = RNB + Tr
Onde, Tr = Transferências correntes líquidas recebidas.
RNB E RENDA NACIONAL DISPONÍVEL BRUTA: BRASIL,1995 (R$ 1.000)
	Produto Interno Bruto			646.191.517
	Menos rendimentos líquidos enviados ao resto do mundo							 10.153.742
	Produto Nacional Bruto			 636.037.775
	Menos: transferências unilaterais, líquidas, ao resto do mundo					 	 (-) 3.324.649*
	Renda Disponível Bruta			639.362.424
	Fonte:IBGE
* Observe que o Brasil é um país recebedor líquido de transferências, portanto, esse saldo deve-se acrescer ao PNB para se obter a Renda Nacional Disponível.
 RENDA LÍQUIDA DO GOVERNO E RENDA PRIVADA DISPONÍVEL
	RDB = RLG + RPD
	Renda Líquida do Governo (RLG):
	Soma dos impostos diretos e indiretos arrecadados pelo governo e outras receitas correntes
 menos - 
	As transferências e subsídios pagos pelo governo. 
	Renda Privada Disponível (RPD) é composta pela soma de:
	salários, 
	juros, lucros e aluguéis pagos a indivíduos,
	transferências pagas a indivíduos, menos impostos sobre renda e patrimônio e
	lucros retidos nas empresas e reserva para depreciação.  
Em resumo:
	O conceito de Renda Nacional considera as rendas auferidas pelos fatores de produção em contrapartida a serviços prestados ao processo de produção
	Como transferências são pagamentos sem contrapartida com o processo de produção, o seu saldo deve ser considerado para se chegar à estimativa de Renda Disponível que equivale ao montante que os agentes econômicos têm para gastar.
	Numa economia fechada e sem governo, as estimativas de Renda (ou Produto) Interna, Renda Nacional, Renda Disponível e Renda Disponível Privada são iguais.
	Numa economia fechada e com governo, as estimativas de Renda (ou Produto) Interna e Renda Nacional são idênticas.
Líquido X Bruto
O conceito de líquido se aplica à ótica de mensuração do produto. 
	Valor da Produção			R$ 1.000,00
	Despesas Operacionais 		R$ 810,00
	Pagamento de Salários 			R$ 500,00
	Custo de Matérias Primas			R$ 300,00
	Reserva paraDepreciação			R$ 10,00
	Receita Líquida de Vendas		R$ 190,00
	PIB = R$ 700,00 
	PIL - Produto Interno Líquido = R$690,00. 
PIB Real ou a Preços Constantes de um ano determinado:
PIB Corrente = Produto medido aos preços médios do ano corrente.
PIB a preços constantes = Produto medido a preços constantes de um determinado ano.
	Exemplo PIB de 2002 a valores de 2001.
	As últimas recomendações internacionais sugerem que se adote sempre como ano de referência o ano imediatamente anterior
	Dessa forma, a passagem do PIB de 2001 a preços correntes para o PIB de 2002 a preços correntes pode ser decomposta em dois fatores: 
	A variação das quantidades transacionadas ou variação real
	A variação dos preços ou Deflator do PIB
	Quantidades heterogêneas só podem ser agregadas após terem sido transformadas em valores, ou seja, quando associadas a um determinado preço e a um determinado período de tempo
	Dessa forma, atualmente, chamamos as variações associadas às quantidades de variações em volume
A evolução do PIB corrente entre dois anos consecutivos, exemplo, 2001 e 2002
	PIB (2001) X Variação de Volume entre 2002 e 2001 = PIB (2002 a preços de 2001)
	PIB (2002 a preços de 2001) X Variação dos preços entre 2002 e 2001 = PIB (2002)
Variação em volume:
Onde:
ΔVOLt = Índice de Volume
PIBRt = PIB a preços constantes de t
PIBt-1 = PIB a preços correntes de t - 1 
Deflator Implícito
Onde:
ΔDIt = Deflator Implícito
PIBt = PIB a preços correntes de t
PIBRt = PIB a preços constantes de t 
PIB, PIB REAL E DEFLATOR IMPLÍCITO (R$ 1 milhão)
O Brasil segue as orientações do Manual da ONU. Dessa forma, o PIB a preços constantes é referenciado sempre no ano anterior e as taxas divulgadas são interpretadas como a variação entre a média de um ano e a média do ano anterior
Novas metodologias e adequações às normas internacionais:
	Os resultados adequados às recomendações internacionais foram divulgados pelo IBGE em dezembro de 1997 retroagindo para 1990
	Assim, os dados da década de 1990 foram construídos com uma metodologia diferente dos dados anteriores
	Essa ruptura traz o dilema de que, ao se inovar na metodologia, cria-se um rompimento com as séries passadas, porém se não se inova, o sistema continua desatualizado, sem incorporar a melhor visão da economia que as inovações permitem
	A nova metodologia desenvolvida para a estimação do PIB que foi desenvolvida recentemente também representa uma inovação no fato que incorpora novas pesquisas aplicadas pelo IBGE e novas fontes de informações, conforme veremos adiante
Exemplo:
	As taxas entre 2002 e 2001 foram calculadas por:
	Índice de Volume
	Deflator Implícito
PIB sob a Ótica da Produção (2001-2005), p.47
PIB sob a Ótica da Despesa (2001-2005)
Formação bruta de capital fixo = Investimento
PIB sob a Ótica da Renda (2001-2005)
Ótica menos conhecida e não divulgada pelo IBGE.
Excedente operacional bruto = lucro das empresas
Interpretação das 3 óticas:
	Pela ótica do produto, o Valor Adicionado num determinado período é calculado, para cada unidade de produção, como a diferença entre o valor de produção destinado ao mercado interno e externo e os consumos intermediários de bens e serviços nacionais e importados, adicionando-se os impostos sobre produtos
	Pela ótica da despesa, os agregados representam os destinos do Produto para consumo, investimento e variação dos estoques (Formação Bruta de Capital) mais o saldo das exportações sobre as importações de bens e serviços
	Pela ótica da renda, o Valor Adicionado é obtido através da remuneração dos fatores de produção – salários, juros, lucros e aluguéis. Os salários correspondem à remuneração ao trabalho, os juros ao capital de empréstimo, os lucros ao capital de risco, e os aluguéis à propriedade de bens de produção. Adicionam-se também as rendas líquidas enviadas ao exterior e os impostos sobre os produtos e a atividade
Preço básico, de mercado e custo de fator:
	Mensuração a preço básico equivale a considerar os preços na porta da fábrica. 
	Adicionando a este nível de valoração os impostos líquidos de subsídios sobre produtos, tem-se a valoração a nível de preços de produtor. 
	Acrescentando as margens de comércio e transporte e os impostos sobre o valor adicionado chega-se ao preço de consumidor. Este é o nível de valoração do PIB sob a ótica do produto 
	O nível de valoração pela ótica da despesa também é a nível do consumidor, pois incorpora os impostos e as margens de transporte e comercialização e os impostos sobre a atividade incidentes sobre os bens destinados ao mercado interno e externo
	O produto medido pela ótica da renda é a custo de fator. Então, deve-se adicionar a parcela de “impostos líquidos de subsídios sobre a produção e importação” para transformá-lo a preços de consumidor

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