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Economia e Finanças Internacionais

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ECONOMIA E FINANÇAS INTERNACIONAIS
Apresentação
Professor Doutor Vinicius Borba da Costa
● Doutor em Economia, na área de Desenvolvimento Econômico pela UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
● Mestre em Teoria Econômica pela UEM (Universidade Estadual de Maringá)
● Graduado em Ciências Econômicas pela UEM
● Professor em ensino superior desde 2017, tendo lecionado na UEPG
(Universidade Estadual de Ponta Grossa) e na UEM.
● Lattes: http://lattes.cnpq.br/2815396821809365
Experiência como Professor de Ensino Superior, tendo lecionado diversas disciplinas
para o curso de Economia, Ciências Contábeis, Administração, Engenharia de Software,
dentre outras áreas. Experiência no mercado financeiro como consultor e investidor
desde 2008, tendo atuado tanto nos mercados à vista, quando em futuros e derivativos. 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA
Seja muito bem-vindo(a) ao material de Economia e Finanças Internacionais. Essa
disciplina, assim como as disciplinas relacionadas à Economia tem o potencial de
enriquecer muito sua maneira de entender diversos aspectos da vida. As relações
econômicas são, dadas as características das pessoas e como nos comportamos em
nossas tomadas de decisões, observadas todos os dias, da ida à padaria ao
relacionamento com seus familiares. Assim, no mundo das Finanças Internacionais não
seria diferente.
Esse material trará os conceitos principais da escolha econômica, suas políticas,
dinâmicas e resultados. Para isso, a unidade I, traz uma conceitualização do que é a
economia, de seus princípios mais básicos, porém mais importantes e dos fundamentos
da análise macro e microeconômica, que estão diariamente nos jornais, nos preços, na
produção.
Após ter alguns conceitos claros, partimos então, na unidade II, para análise
teórica das finanças e das relações internacionais com a variável (preço) mais importante
para as relações entre os países, a taxa de câmbio. Identificamos como, através das
políticas econômicas, a relação entre a moeda doméstica e as moedas estrangeiras
acontecem e como essa taxa é definida.
A unidade III avança um pouco sobre a história de como o Sistema Monetário
Internacional se estabeleceu da maneira como ele é hoje em dia. Partimos do padrãoouro, regime monetário que perdurou durante muito tempo mas teve problemas quando
os países já não estavam mais dispostos às suas desvantagens. Avançamos então para
o Sistema de Bretton Woods, um regime cheio de acordos e regras que também teve
seu fim. Chegamos então no sistema monetário internacional contemporâneo,
caracterizado pelo dólar como moeda internacional e a dívida americana como lastro
desse ativo.
Finalmente, na unidade IV, avançamos para análise mais prática dos mercados
internacionais e alguns de seus ativos. Nessa unidade falaremos sobre os mercados à
vista de ações, sobre os mercados futuros e derivativos e também sobre os mercados
emergentes como receptores dos fluxos internacionais. 
UNIDADE I
SISTEMAS E ECONOMIA
Professor Doutor Vinicius Borba da Costa
Plano de Estudo:
• Contexto geral dos estudos econômicos;
• Principais conceitos de economia;
• Sistemas econômicos, contextualização histórica da evolução do pensamento
econômico e o papel do Estado;
• Principais aspectos da Análise Micro e Macroeconômica.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar a economia como ciência;
• Entender como funcionam os sistemas econômicos e seus debates;
• Entender os fundamentos da análise e das políticas macroeconômicas;
• Entender os modelos e os fundamentos da análise microeconômica.
INTRODUÇÃO
Muito se discute sobre o conceito de economia e como ela está presente em
nossas vidas. Alguns dizem que ela fala sobre a produção, suas etapas e sobre a
distribuição de seus resultados, outros dizem que fala sobre tudo.
O fato é que a economia discute escolhas, análises, recompensas e prejuízos de
cada ação. Por isso, talvez ela esteja relacionada a quase tudo. Das análises mais óbvias,
como os gastos que um indivíduo tem com um bem qualquer – quanto essa pessoa vai
desejar desse bem e quanto ele lhe trará satisfação – às menos óbvias, como a decisão
de qual filme escolher com alguém que você sairá pela primeira vez, qual o impacto de
um voto dentro do seu reality show favorito, ou ainda, qual seleção ganhará a copa do
mundo.
As diferentes aplicabilidades da economia não deixam de nos impressionar a cada
dia. No entanto, para entender nosso mundo complexo, temos que, primeiro, entender
algumas bases econômicas muito simples, mas que possuem ampla abrangência. Esse
é o objetivo desta unidade, explicar a teoria econômica desde seus conceitos iniciais, que
permitirão o aprofundamento na análise macro e microeconômica da interação entre
agentes e países.
 Para atingir esse objetivo, a primeira seção deste material pretende recepcionar o
leitor ao ambiente econômico, apresentando seus problemas e dilemas principais. A
segunda seção apresenta, então, uma base conceitual um pouco mais sólida,
destacando os principais princípios econômicos. Na terceira seção apresenta-se a
contextualização da discussão entre Estado e Mercado, explicando sobre eficiência e
bem-estar da sociedade. Finalmente, na quarta seção introduz-se as duas principais
áreas da economia, a macro e a microeconomia. A última seção tece considerações
finais. 
1 CONCEITUALIZAÇÃO E AMBIENTAÇÃO
Imagem do Tópico: 726639061
O estudo da economia se origina na Grécia antiga, quando os filósofos e
pensadores teorizavam sobre a moralidade, as regras, as artes naturais e não naturais.
A origem da palavra se dá a partir do grego Oikonomus (oiko, casa; nomus, regra), ou
seja, administração da casa. Desde então a economia, ou o pensamento econômico,
evoluíram conforme as necessidades teóricas e práticas do cotidiano, da produção, do
consumo e das escolhas dos agentes econômicos.
Após diversas contribuições e evoluções no decorrer do tempo, o conceito de
Lionel Robbins foi aceito pela grande maioria como correto, apesar de amplo. Para
Robbins (1945, p. 12, tradução do autor) “a economia é uma ciência que estuda o
comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos, que possuem
usos alternativos”.
De maneira ampla isso quer dizer que os agentes econômicos, ou seja, os
indivíduos, empresas e governos, a todo momento fazem escolhas para buscar objetivos,
de satisfação (indivíduos), de lucro (empresas) ou de bem-estar social (governos). No
entanto, tais escolhas são restritas por limites impostos pela natureza ou pela própria
sociedade, ou seja, são escassos.
Um exemplo claro disso, que será melhor explorado no decorrer desta unidade, é
a busca dos indivíduos de maximizar sua satisfação (utilidade) através da compra e
consumo de bens materiais. Essa busca, no entanto, é restringida pela capacidade
orçamentária que os consumidores têm, em geral, proveniente de sua renda limitada.
Assim, o indivíduo consumidor, para garantir a maior satisfação possível, tem que
escolher entre diferentes usos para seu salário, seu dinheiro. Quando escolhe comprar
qualquer coisa, está deixando de adquirir outra.
O mesmo dilema se dá para a sociedade em geral, quando a mesma tem que
resolver, através da atividade individual ou pela organização do estado, o que
Vasconcellos e Garcia (2014) chamam problemas econômicos fundamentais: 
● O que e o quanto produzir: a partir das restrições de recursos, materiais
ou humanos e do que esses recursos podem produzir, quais produtos serão
escolhidos e em que quantidade.
● como produzir: A partir da tecnologias e processos produtivos disponíveis,
quais serão aplicados a que produtos são decisões essenciais que definem
o produto final de uma economia e os custos relacionados.
● para quem produzir: a partir da produção e de seu processo, temos um
produto final e uma renda proveniente de sua venda. A sociedade deve
decidir como é feita a distribuição desses produtos mas também como cada
agente que participou desta produção será remunerado (seja através de
salários, lucros, aluguéis ou juros).
2 CONCEITOS GERAIS DE ECONOMIA INTERNA E EXTERNA
Imagemdo Tópico: 1651728826
Para discutir como os agentes econômicos tentam resolver os problemas expostos
no tópico anterior, temos que entender alguns conceitos e princípios gerais da economia.
Alguns dos quais estão em nosso dia-a-dia, no pensamento e decisão cotidianos, sem
que percebamos ou se quer conhecermos.
Esses conceitos são muito bem explicados dentro de alguns princípios expostos
por Mankiw (2013).1 Alguns desses princípios são explicados abaixo:
▪ As pessoas enfrentam tradeoffs: O tradeoff se refere à uma situação de conflito de
opções, de alternativas. Sempre que você tem que escolher algo, quer dizer que você
está abrindo mão de outra coisa. Ou seja, esse conceito está intimamente ligado ao
como definimos a economia no tópico anterior. Se tiver recursos escassos, a todo o
momento temos que decidir se vamos aloca-los. E isso não se refere somente ao
dinheiro. Um bom exemplo dessas tradeoffs ocorreu antes de você abrir esse material.
Você tinha uma escolha, começar a estudar economia ou fazer qualquer outra coisa.
Naquele momento você enfrentou um dilema e pesou os custos e benefícios da sua
escolha. Que bom que escolheu estar aqui.
▪ O custo de alguma coisa é aquilo que você desiste para obtê-la: Quando se
enfrenta um tradeoff é uma decisão tomada, sempre há um custo envolvido. O de
cada decisão é tudo aquilo que a outra alternativa lhe proporcionaria, ou seja, é o
resultado daquilo que você escolheu não fazer. Esse é o Custo de oportunidade,
outro conceito fundamental na economia. No exemplo em que você escolheu estudar
economia, o custo é o prazer ou resultado que teria se estivesse escolhido fazer outra
coisa. Por exemplo, se você escolheu estudar economia ao invés de assistir algum
filme, você perdeu o entretenimento que o filme lhe proporcionaria. Quando você
escolhe usar seu dinheiro para consumir uma geladeira ao invés de investi-lo você
está deixando de ganhar o rendimento desse investimento e assim por diante.
1 Em sua obra, comumente utilizada nas disciplinas de Introdução à Economia na maioria das
universidades, o autor expõe 10 princípios da economia. Neste tópico tratamos de alguns dos mais
importantes. Para conhecer e entender os outros leia Mankiw (2013). 
▪ As pessoas pensam na margem: Esse conceito está muito ligado à tomada de
decisão dos agentes econômicos. Um agente racional, ou seja, que não cometa erros
sistemáticos (que não repete os mesmos erros), faz análises marginais de suas
decisões. Isso quer dizer que ele não analisa o todo, mas sim sua próxima ação.
Pense no seu almoço, como um exemplo, sua decisão não será sobre almoçar ou não
para o resto da sua vida, mas sim em decidir qual será o próximo cardápio, pesando
os custos marginais (preço) e benefícios marginais (satisfação)2
. Isso acontece com
todas as decisões dos agentes econômicos. Uma empresa decidirá que produzirá
mais um lote de seu produto, calculando se esse lote extra resultará em um lucro
maior do que o seu custo.
▪ Os agentes reagem a incentivos: Como os agentes pensam na margem e tomam
decisões comparando custos e benefícios, qualquer situação que mude as variáveis
dessa conta, pode mudar também seus resultados. Em termos da economia, um
incentivo é aquilo que induz a pessoa a agir, a mudar seu comportamento. De maneira
mais simples imagine que se no exemplo do seu próximo almoço, você percebeu que
a comida japonesa ficou mais cara. Isso pode te incentivar a escolher por outro tipo
de culinária. Esse princípio é muito importante também quando tratamos de economia
internacional e comércio exterior, já que a variável taxa de câmbio pode alterar o preço
dos produtos importados em um país e também o produto desse país no resto do
mundo, alterando assim o quanto será consumido pelas pessoas e empresas.
▪ O comércio pode ser bom para todos: No decorrer das nossas vidas consumimos
uma variedade de bens e serviços. Do refrigerante do almoço de fim de semana ao
corte de cabelo antes de uma entrevista de emprego importante, há muitas pessoas
e empresas envolvidas nesse processo. Todo esse caminho pelo qual o produto
percorreu carrega consigo o esforço, a habilidade e o conhecimento de diversas
pessoas. Mesmo assim, alguns dos produtos que consumimos poderiam ser
produzidos por nós mesmos. Você consegue imaginar por que não os produzimos?
A resposta para essa pergunta é respondida pela economia e pelos benefícios do
comércio. Quando podemos trocar produtos, seja por dinheiro ou por outro produto
2 Pense na margem como a extremidade de uma bola. Você pode aumentar (encher) a bola
pressionando uma bomba de ar e alterando suas extremidades. A escolha marginal nesse sentido se
refere à próxima pressão na bomba de ar, que irá expandir um pouco mais a bola. 
qualquer, aumentamos a eficiência de produção. Isso ocorre primeiro porque nos
especializamos na produção daquele bem, mas também porque conseguimos ganhar
escala (produzir mais), o que reduz o custo e portanto, permite reduzir seu preço. Isso
permite com que, a partir da troca, consigamos uma quantidade maior de consumo,
com bens variados e de melhor qualidade.
Isso também se estende ao comércio internacional, ou seja, ao comércio entre
diferentes países. Com o comércio externo estabelecido, cada país tem a capacidade
de produzir aquilo no que é mais eficiente, dependendo de suas características
geográficas e humanas, o que permite com que o mundo inteiro se beneficie, tendo
produtos tecnologicamente mais avançados e com preço relativamente menor.
Esses conceitos são essenciais ao pensar e estudar economia porque guiam
diversas teorias de como as relações econômicas acontecem, do porquê uma empresa
não se mantém no mercado ou de como o mercado reagirá à alteração de um preço ou
de uma variável importante. Claro que, sozinho, os conceitos não são suficientes, mas
ao longo desse material analisaremos outros pontos que permitirão essas análises.
#SAIBA MAIS#
Como fazer um sanduiche em 6 meses e com US$ 1.500,00
Sabe quando temos aquela vontade insaciável de comer um sanduiche? Com a facilidade
do comércio que temos hoje, tudo que precisamos é de um smartphone com internet, além
de alguns reais para obtê-lo. Agora imagine que tivéssemos que fazer o lanche do absoluto
zero.
O YouTuber Andy George resolveu fazer essa experiência. Realizou todos os processos
desde o início, plantou o trigo para fazer a farinha, ordenhou uma vaca para fazer o queijo,
dessalgou água do mar para conseguir o tempero, dentre outros passos para atingir seu
objetivo. O resultado foi um sanduiche que custou 1.500,00 dólares e que demorou cerca de
6 meses para ficar pronto. Este é um exemplo que, apesar de extremo, nos mostra como o
comércio pode ser bom tanto para o comerciante (que busca o lucro) quanto para o
consumidor (que busca garantir sua satisfação). (PERAITA, 2015)
3 SISTEMAS ECONÔMICOS
Imagem do Tópico: 1336748825
Os sistemas de produção e consumo que conhecemos hoje foram resultado de
uma evolução histórica desde o começo das civilizações. Da idade média ao feudalismo
o sistema produtivo evoluiu em um passo lento. Foi só a partir da criação dos estados
nacionais (que evoluíram para o que hoje chamamos de países) e do início do
mercantilismo que os meios de produção passaram a se desenvolver de maneira mais
acelerada.
Desde então, muitos economistas, filósofos e sociólogos discutem qual a melhor
maneira de organizar uma sociedade de produção, à essa forma de organização
atribuímos o nome de sistema econômico.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2014), um sistema econômico é definido pela
forma que a sociedade se organiza em termos políticos, econômicos e sociais. É o
sistema que define quem deve decidir questões importantes como a organização da
produção, a distribuição da renda proveniente de suas receitas e do consumo dos bens
e serviços.
Podemos, para simplificação, classificar os sistemas econômicos entre o sistema
capitalista (também conhecido como economia de mercado) ou sistema socialista
(economia de planejamento central).
Mankiw (2013) define a economia de mercado como aquelaque aloca os recursos
através da decisão de inúmeras empresas e famílias que interagem nos mercados de
bens e serviços, ou seja, através das forças naturais de oferta e demanda, seja de
trabalho ou de bens.
Em um sistema de planejamento central (economia socialista), as autoridades do
governo decidem o que será produzido, quanto será cobrado e como é distribuída a renda
e os produtos finais. Nesse sistema o governo tentaria organizar a atividade econômica
de forma a garantir o bem-estar econômico a todos os cidadãos.
3.1 A evolução histórica dos sistemas econômicos
Segundo Brue (2006), a economia de produção capitalista tem suas origens há o
declínio do feudalismo e a ascensão do mercantilismo. No entanto, o mercantilismo ainda
carregava a característica forte de controle central através dos nobres e do Estado. As
nações, que entendiam que a acumulação de metais preciosos era o que definia a riqueza
de suas nações, controlavam excessivamente o que deveria ser produzido, como isso
deveria acontecer e a destinação dos produtos finais (priorizando as exportações que
gerariam um fluxo de entrada de metais preciosos como pagamento).
No entanto, o controle tão minucioso do sistema produtivo atrasava o
desenvolvimento tecnológico e produtivo, prejudicando a economia e o crescimento.
Essas condições, aliadas às reivindicações políticas e sociais do século XVIII
(principalmente representada pela revolução francesa), levaram ao domínio das
aspirações do Iluminismo, que na economia foram representadas pela ascensão da
Escola Clássica e pelas ideias de Adam Smith (considerado pai da economia moderna).
Os ideais clássicos que tinham como dogmas principais o livre mercado, o Estado
mínimo, a garantia da propriedade privada, dentre outros, couberam como uma luva na
no contexto da Revolução Industrial Inglesa (Séculos XVIII e XIV). Essa revolução se
caracterizava pelo aumento da produção de manufatura como nunca antes observado,
principalmente através da divisão do trabalho e da maquinaria. Esse período resultou em
um crescimento expressivo da economia da Inglaterra, bem como do comércio
internacional e da produção mundial. (BRUE, 2006)
No entanto, Brue (2006) destaca que junto ao progresso econômico, diversos
problemas sociais passaram a ficar evidentes. Apesar de o bem-estar geral da sociedade
ter melhorado desde o feudalismo até a economia industrial, os trabalhadores eram os
únicos que sofriam o ônus desse crescimento. Os relatos históricos mostram que havia
muita miséria, altas jornadas de trabalho e pouca responsabilização das empresas em
casos de acidentes de trabalhos e seguridade social. Isso fez com que nascesse teorias
e pensamentos socialistas dos mais variados.
A ascensão do pensamento socialista tinha diversas frentes, com atores principais
variados, mas com a característica principal de planejamento central (por um governo,
classe ou entidade) para redução das mazelas sociais.
Depois de muita disputa teórica e ideológica que se desenvolveram através de
guerras e disputas pelo mercado internacional e crises econômicas, Vasconcellos e
Garcia (2014) destacam que hoje são predominantes economias mistas, em que a
economia de mercado prevalece nas decisões econômicas, ou seja, em que as variáveis
são predominantemente definidas pelas forças de mercado, mas com características de
intervenção estatal para garantia da necessidades básicas da sociedade (educação,
saúde, justiça, etc) ou mesmo para auxiliar no crescimento econômico (com
investimentos públicos estratégicos).
3.2. A Economia de mercado e o papel do governo
Nos dias de hoje há um consenso3 de que a economia de mercado é a maneira
mais eficiente de organizar a produção. Isso é explicado, segundo Mankiw (2013),
principalmente pela eficiência da famosa mão invisível do mercado (de Adam Smith), que
faz com que a competitividade leve a preços mais baixos, produtos mais tecnológicos e
de maior qualidade e quantidade, ou seja, aumenta leva à resultados mais desejáveis de
bem-estar. No entanto, entende-se também que o governo tem alguns papéis
importantes nessa dinâmica.
O primeiro e essencial papel das autoridades nacionais é a garantia do direito de
propriedade. O direito de propriedade é uma garantia legal de que o indivíduo terá
controle sobre algum recurso escasso (seja de um produto, terra ou ideia). Isso é
importante porque quando um indivíduo ou uma empresa empenha insumos, capital
humano ou recursos na produção de algo, espera ter a garantia de que o produto (ou
lucro) disso será garantido. Se o agente não tiver essa garantia, provavelmente não
incorrerá nesse empenho, nesse risco. (MANKIW, 2013)
De maneira mais simples, um agricultor não produzirá se não tiver a garantia legal
de que a sua colheita não será roubada. Um indivíduo não comprará um apartamento se
3 Como a economia não é uma ciência exata, ou seja, depende da interação de diversos agentes e
condições múltiplas em que não conseguimos somente uma resposta para cada problema, qualquer tópico
gera discussão e debate entre os economistas. No entanto, eventualmente algumas discussões chegam a
um consenso entre a maioria dos economistas. Isso quer dizer que, apesar de nem todos concordarem, a
maioria já tem essa discussão como encerrada e definida. 
não puder reavê-lo no caso de uma invasão. Uma farmacêutica não gastará milhões em
pesquisa e desenvolvimento se não tiver a garantia de que poderá ter a patente da
fórmula quando o remédio for comercializado.
REFLITA
Será que teríamos vacinas tão rápidas e eficazes para o COVID-19 se a indústria
não pudesse ter a patente e obter lucro com a sua venda?
Fonte: o autor.
#REFLITA#
Mankiw (2013) ainda acrescenta que os mercados apresentam imperfeições,
falhas, em que a eficiência econômica não é completamente verificada. Nessas falhas, o
governo poderia interferir na tentativa de gerar maior bem-estar à sociedade.
Um exemplo disso é quando temos setores em que está estabelecido algum tipo
de monopólio (somente uma controla o setor) ou oligopólio (poucas empresas controlam
o setor). Nesses casos há um poder de mercado na determinação de preços e
quantidade, o que reduz a eficiência econômica.
Um segundo exemplo se dá nas externalidades, quando a ação de um agente
prejudica os outros. Uma empresa que, na sua produção, libera poluição no ambiente,
está reduzindo o bem-estar de indivíduos que não fazem parte do seu processo, ou seja,
está gerando uma externalidade negativa. Nesse caso o governo pode determinar
sanções ou taxas para que essa empresa reduza a poluição ou compense a sociedade
de alguma maneira.
Mesmo hoje, depois de tanta evolução, as discussões acerca do papel do governo
e de sua importância continuam acirradas. A cada ciclo de expansão ou retração das
economias globais, se discute se o governo deve auxiliar no crescimento ou arrefecer as
crises, bem como o impacto dessas intervenções na eficiência econômica. Mas isso é
positivo, só através desses embates teóricos, podemos avançar como sociedade.
4 FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MACRO E MICROECONÔMICA
Imagem do Tópico: 1562235151
A economia tem várias esferas, níveis de estudos. Da análise da compra de um
produto à análise da taxa de câmbio, diversos caminhos podem ser tomados. Para dividir
esses estudos, analisamos a economia de forma macro ou micro.
A microeconomia estuda as relações entre famílias e empresas e como elas
interagem na troca de bens e serviços. Analisa, portanto, a formação de preços, as
quantidades, os excedentes recebidos, dentre outras coisas. Já a macroeconomia
analisa as relações de forma agregada, variáveis tais como renda, preços, emprego,
moeda, câmbio e balanço de pagamentos.
Esse tópico apresenta os principais fundamentos da macroeconomia e da
microeconomia, bem como os conceitos centrais que serão importantes para o bom
aproveitamento desse material.
4.1. Macroeconomia
O foco da macroeconomia é direcionado a assuntos mais amplos, que impactam
um número maior de pessoas, que impactam a sociedade. Nesse sentido, a discussão
macroeconômica se divide em curto-prazo, ondequestões conjunturais como
desemprego e inflação são mais analisadas, e longo-prazo, onde as preocupações são
estruturais de desenvolvimento e crescimento econômico, como a educação, tecnologia,
distribuição de renda, etc.
Desde a fisiocracia, principalmente a partir da figura de François Quesnay,
aspectos agregados e de contabilidade nacional já eram mencionados e importantes para
a definição de relações econômicas. No entanto, a macroeconomia se tornou uma
preocupação teórica principalmente após a grande depressão de 1930, nos Estados
Unidos, quando o economista britânico John Maynard Keynes, entrou em evidência
(BRUE, 2006)
O contexto e os determinantes da crise em Nova Iorque faziam com que a
população e os economistas passassem a questionar se o mercado, por si só, poderia 
garantir a estabilidade econômica, o crescimento e o emprego. Visto de outra maneira,
questionava-se se o pensamento liberal estava correto em defender um Estado Mínimo,
que não interferisse na alocação de recursos econômicos. Até hoje o papel do Estado
como interventor, regulador e investidor são objeto de discussão.
No entanto, a imensa maioria das autoridades nacionais ao redor do mundo
utilizam instrumentos de política macroeconômica para garantir alguns objetivos, tais
quais os apresentados por Vasconcellos e Garcia (2014):
● Alto nível de emprego;
● Distribuição de renda socialmente justa;
● Estabilidade de preços;
● Crescimento econômico;
● Equilíbrio externo.
Para entender esses aspectos, inicialmente precisamos entender como se dá a análise
da atividade econômica e da determinação da renda nacional.
4.1.1 Atividade Econômica e Renda Nacional
Durante os ciclos econômicos, muitas variáveis encontram níveis baixos e altos, o
que influencia positivamente ou negativamente a sociedade. Para medir a importância e
impactos dessas mudanças e desses ciclos, os economistas usualmente utilizam o PIB,
Produto Interno Bruto.
O PIB é um dos melhores indicadores do bem-estar da sociedade. Mankiw (2013,
p. 468) define o PIB como sendo “o valor de mercado de todos os bens e serviços finais
produzidos em um país, em um dado período”. O autor explica que apesar de simples,
essa definição está carregada de questões importantes.
O fato de o PIB ser definido pelo valor de mercado, quer dizer que o preço é a
variável que permite analisar em conjunto a venda de diferentes bens e serviços, ou seja,
para que na produção do país, um carro e uma maçã não tenham a mesma importância,
utiliza-se o preço de cada um deles como uma variável já ponderada pela sua importância
na produção nacional. 
O PIB, em sua definição, considera o valor de mercado de todos os bens e
serviços finais. Isso se refere à consideração de todos os produtos e serviços, seja eles
formais ou informais, tangíveis ou intangíveis (com exceção dos produtos ilegais), no seu
estado final. Essa última consideração se refere ao fato de os bens intermediários já
estarem inclusos no produto final. Em um exemplo de cálculo do PIB que envolve a
farinha e o pão, devemos considerar somente o produto final (pão), já que os gastos com
a farinha já estão incorporados ao preço do pão. Se somássemos a produção (medida
pela quantidade e preço) de ambos, a produção da farinha estaria sendo duplicada.
O conceito ainda explica que são considerados os bens e serviços finais
produzidos em um país. Nesse trecho identifica-se primeiramente que se considera
somente aquilo que é produzido, o que exclui qualquer revenda e um bem usado, em um
país, ou seja, dentro dos limites geográficos do país.
Outros indicadores permitem a identificação e cálculo do que é produzido por
residentes do país fora das fronteiras nacionais. É o caso do PNB (Produto Nacional
Bruto) que é a soma dos produtos e serviços finais produzidos pelos residentes de um
país, dentro ou fora dele. No cálculo do PNB entraria, portanto, toda produção que uma
empresa brasileira tem no estrangeiro, mas bem não se consideraria toda produção que
um a empresa estrangeira faz no Brasil.
Para finalizar o conceito de PIB, ele ainda considera um período de tempo, o que
se refere à capacidade de analisar diferentes janelas temporais, sendo as mais comuns
a anual e a trimestral.
Para a determinação do PIB, na contabilidade nacional, considera-se três
diferentes maneiras de cálculo:
● A ótica do produto (da oferta), onde se considera os produtos finais dos setores,
indústria, comércio e atividade agropecuária;
● A ótica do dispêndio (despesa), que considera os gastos dos agentes econômicos;
● A ótica da renda que considera o quanto é pago aos fatores de produção no
período.
A ótica do dispêndio, também conhecida como da despesa ou da demanda, é a
mais utilizada nas análises macroeconômicas e mostra os gastos dos diferentes agentes 
macroeconômicos. Segundo Mankiw (2013), através dela podemos dividir os
componentes do PIB em:
𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + (𝑋 − 𝑀) (1)
onde:
Y = Renda Nacional (PIB)
C = Consumo das famílias
I = Investimento produtivo (gasto das empresas)
G = Gastos do governo
X = Exportações
M = Importações
(X-M) = Exportações líquidas
Essa equação mostra que o produto nacional é a soma de tudo que é gasto da
economia, pelos diferentes agentes. As famílias gastam para consumo próprio, as
empresas consomem insumos, fatores de produção e bens de capital para aumentar sua
produção, gerando gastos no sistema econômicos. Enquanto isso, os governos gastam
para garantir os serviços aos quais ele se propõe (educação, saúde, infraestrutura, etc).
Somam-se ainda as exportações líquidas. Essa se refere a subtração das
importações sob tudo que é exportado. Isso acontece porque quando exportamos
estamos recebendo a renda de residentes de outros países. Mas o contrário é verdadeiro,
quando importamos não só estamos consumindo a produção de outro país, como
também estamos usando nossos recursos para tal. Assim, para renda nacional, quanto
maior as exportações maior o PIB e quanto maior as importações menor o PIB.
A análise apresentada aqui foca nas três principais políticas econômicas.
4.1.2. Políticas econômicas
Na tentativa de endereçar os problemas econômicos, as autoridades nacionais,
ou tomadores de decisão (conhecidos na economia como policy makers), a partir das
relações e conceitos sobre a determinação da renda explicados na seção anterior,
utilizam as políticas econômicas e suas séries de instrumentos.
4.1.2.1. Política Fiscal
A política fiscal diz respeito aos gastos do governo e aos tributos impostos por ele.
Portanto, a política fiscal se divide em política de gastos (onde o instrumento é o gasto
do governo) e política tributária (onde os impostos são o principal instrumento)
O funcionamento da política de gastos fica evidente quando observamos a
equação da renda nacional (1) da seção anterior. Os gastos do governo são
determinantes e diretamente relacionados ao PIB, portanto, aumentando os gastos, o
produto nacional automaticamente aumenta. Isso acontece porque quando o governo
resolve construir uma estrada, por exemplo, estará gerando demanda aos construtores,
ao comércio de insumos e aos trabalhadores.
Vasconcellos e Garcia (2014) ainda destacam a existência do multiplicador de
gastos que faz com que os gastos do governo (ou de qualquer outro agente) geram um
aumento mais do que proporcional na renda nacional dentro do sistema. No exemplo da
construção de uma ponte isso se dá porque aqueles que recebem esta renda acabam
gastando uma parte com outros bens e serviços. Portanto, um real gasto na contratação
de um trabalhador será utilizado por ele para comprar arroz no mercado, que será
utilizado para pagar os fornecedores e assim por diante.
De maneira semelhante, a política tributária também influencia nos gastos dos
agentes. Quando o governo utiliza a redução de impostos como instrumento de política
fiscal, está aumentando a capacidade de compra dos agentes econômicos, ou seja, sua
renda disponível. Esse impacto se dá principalmente nas famílias e nas empresas.
Os exemplos de política fiscal referem-se aos esforços para aumentar a demanda
agregada,o que chamamos de política fiscal expansionista. No entanto, quando a
demanda crescente por produtos leva à um aumento generalizado de preços, o que é
conhecido por inflação, o governo pode desejar arrefecer a economia. Para reduzir a
demanda agregada implementa-se uma política fiscal contracionista, ou seja, uma
redução dos gastos do governo ou um aumento dos impostos.
4.1.2.2. Política Monetária
A política monetária, como o nome já diz, se direciona ao lado monetário da
economia, ou seja, aquele que representa a circulação de meios de pagamentos, a
moeda, entre os diversos agentes, como forma de pagamento para a obtenção de bens
e serviços.
Basicamente, a política monetária atua de forma a aumentar ou reduzir a
circulação de moedas no ambiente econômico. Quanto maior a quantidade de moeda,
ou seja, a liquidez na economia, maior a capacidade que os agentes têm de consumir,
de gastar, levando assim a um aumento da demanda agregada e, portanto, do PIB. Isso
pode ser feito através de:
● Emissões de moeda: o governo pode aumentar a impressão de moedas para
injetar mais liquidez na economia e assim aumentar a renda nacional;
● Reservas compulsórias: são reservas que os bancos têm que obrigatoriamente
deixar nas contas do Banco Central. Essas reservas impedem que os bancos
comerciais emprestem mais dinheiro na economia, o que reduz a liquidez e a
renda nacional. Se o governo desejar estimular a economia, ele pode reduzir o
requerimento de reservas compulsórias, aumentando a possibilidade do banco
comercial de realizar empréstimos aos seus clientes.
● Open Market (operações de mercado aberto): As operações de mercado aberto
são leilões de títulos da dívida públicos realizados pelo Banco Central e pelos
dealers (instituições autorizadas a participar desses leilões). Quando o Banco
Central vende título públicos no mercado aberto, está retirando dinheiro de
circulação e dando em troca tais títulos. Ao contrário, quando compra títulos no
mercado aberto, está injetando dinheiro na economia (e recebendo novamente os
títulos). É através desse mercado que o Banco Central opera para que a Taxa
Selic over convirja para a meta estabelecida na reunião do Comitê de Política
Monetária. (Leia o Saiba Mais abaixo)
● redescontos: a taxa que o Banco Central cobra para emprestar dinheiro para os
bancos comerciais (quando eles emprestam mais do que que captaram em
depósitos). Nesse caso, se o Banco Central impuser uma taxa mais baixa, estará
dando um incentivo para que os bancos comerciais emprestem mais dinheiro e
assim aumentem a oferta de moeda. O contrário também é verdadeiro, quando a 
taxa de redesconto é maior, há menos incentivo para que os bancos emprestem
recursos.
Através desses instrumentos, o Banco Central faz políticas monetárias
expansionistas – no qual injeta dinheiro na economia, estimulando crescimento e
reduzindo emprego – ou políticas fiscais contracionistas – para retirar dinheiro da
economia e a arrefecer, geralmente para controlar a inflação.
Pode-se imaginar que, como levam ao aumento do emprego e da renda, políticas
monetárias expansionistas sejam sempre mais desejáveis, no entanto, o objetivo
principal do Banco Central como responsável pela política monetária é de garantir o poder
de compra da moeda nacional, ou seja, controlar a inflação.
A inflação, um aumento generalizado dos preços, quando descontrolada se torna
um problema para as economias e para o bem-estar da nação. O poder de compra das
empresas e das famílias é reduzido, influenciando o consumo e desincentivando o
investimento.
Na teoria econômica a inflação é considerada, por algumas escolas de
pensamento (principalmente representadas pela Escola Monetarista), como um
fenômeno monetário, ou seja, a expansão monetária, mesmo que feita com intuito de
#SAIBA MAIS#
A TAXA SELIC E O COPOM
A SELIC, Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é um sistema no qual são negociados
títulos do tesouro nacional ou dívidas lastreadas nesses títulos. A taxa Selic, considerada a
taxa básica da economia, tem duas versões: (i) a Taxa Selic Over é a média das taxas das
operações de curtíssimo prazo entre os bancos comerciais (lastreadas com títulos públicos),
no fechamento de suas contas no fim do dia; (ii) a Taxa Selic Meta é definida pelo Comitê de
Política Monetária (COPOM) de maneira a equilibrar o sistema financeiro e a demanda por
moeda, mas também para atingir seus objetivos macroeconômicas, de inflação e emprego.
O Banco Central opera no mercado aberto para fazer com a que a taxa Selic Meta esteja em
linha com a taxa Selic Over (comprando títulos quando títulos quando quer reduzir a taxa e
vendendo títulos para aumenta-la). (BCB, 2021) 
estimular o emprego e o crescimento econômico, gera inflação no longo prazo. Por isso,
os Bancos Centrais de todo mundo sempre enfrentam um trade-off entre inflação e
desemprego. Para que atinja níveis mais altos de emprego, há que se aturar um nível de
preços mais elevados. Do outro lado, se o objetivo for controlar a inflação através de
políticas monetárias contracionistas, o governo abrirá mão de um bom nível de emprego
e de crescimento.
4.1.2.2. Política Externa
As políticas externas são as que se relacionam ao setor externo da economia.
Vasconcellos e Garcia (2014) dividem essas políticas em:
● Política Cambial: atuação no mercado de câmbio pelas autoridades nacionais,
através do regime de câmbio ou atuando na oferta ou demanda de moeda para
fixar uma taxa compatível com seus objetivos.
● Política Fiscal: atuação do governo através de incentivos ou barreiras às
exportações e importações, sejam eles fiscais, creditícios ou de normativos.
No mercado externo, a relação de entre os países se dá pela troca de bens e serviços
bem como pela movimentação de recursos financeiros, todos contabilizados pelo
Balanço de Pagamentos.
O Balanço de Pagamentos (BP) é, portanto, o registro contábil das transações
econômicas entre residentes e estrangeiros. O quadro abaixo apresenta a estrutura do
BP:
Quadro 1 - Balanço de Pagamentos Simplificado
Balanço de Pagamentos
A- Balança comercial
B- Serviços e Rendas
C- Transferências internacionais
D- Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente (A+B+C)
E- Conta Capital e Financeira
F- Erros e Omissões
G- Saldo do Balanço de Pagamentos (D+E+F)
H- Variação de Reservas (-G)
Fonte: Adaptação de Vasconcellos e Garcia (2014).
A balança comercial compreende o comércio de mercadorias (exportações menos
importações) enquanto a balança de serviços e rendas registra tudo que é pago ao país
em serviços como fretes, seguros e afins, além de rendas pagas aos fatores. As
transferências internacionais são aquelas que registram donativos e transferências sem
contrapartida. Essas três contas compõem o Balanço de transações correntes, ou saldo
em conta corrente. Quando há um período positivo neste saldo, houve um superávit em
transações correntes4
. Quando o saldo fica negativo, houve um déficit em transações
correntes.
A conta capital e financeira registra as transações que produzem variações no
ativo e no passivo de um país e que, assim, modificam a posição credora ou devedora
com o resto do mundo (VASCONCELLOS e GARCIA, 2014). Na prática se referem aos
movimentos de capitais, sejam eles de natureza produtiva, especulativa, de dívida ou de
derivativos. Essas movimentações são a base da discussão das finanças internacionais
e serão extensivamente abordadas nesse material.
As políticas cambiais ocorrem no mercado de divisas, ambiente onde as moedas
estrangeiras, instrumento para trocas de bens, serviços e ativos, são negociadas. O
Banco Central pode interferir no mercado de divisas fixando uma taxa de câmbio (regime
de câmbio fixo) e para isso tendo que suprir eventuais excessos de oferta ou demanda
por moeda estrangeiras.
Em um outro extremo, o Banco Central pode definir que o preço da moeda
estrangeira, a taxa de câmbio, deve flutuar segundo a oferta e demanda da mesma,
conhecido como câmbio flutuante.
No entanto, entre o câmbio fixo e o câmbio flutuante temos alguns regimes
intermediários.O mais utilizado é o regime de flutuação suja, no qual, para manter a taxa
de câmbio em um patamar ou reduzir sua volatilidade, o governo intervém através da
4
 No cotidiano da mídia e dos noticiários é mais comum se referir ao superávit ou déficit da balança
comercial, ou seja, ao saldo positivo ou negativo que um país em das exportações menos as importações. 
compra/venda direta da moeda estrangeira, ou através de derivativos como SWAPs ou
SWAPs reversos de câmbio (voltaremos a falar sobre eles).
Portanto, a macroeconomia considera variáveis agregadas para abordar os
problemas econômicos e através de teorias e políticas econômicas persegue objetivos
coletivos buscando maximizar o bem-estar e o crescimento de uma nação.
4.2. Microeconomia
A Microeconomia é o estudo de como os agentes interagem e tomam as decisões.
Essas relações definem preços e quantidades nas trocas e, por isso, a microeconomia
também é conhecida como Teoria do Preços.
A teoria da microeconomia nasce para a economia a partir da revolução
marginalista e da formalização matemática de modelos econômicos. Isso se deu
principalmente através da evolução da Escola Clássica que já tinha a utilidade como um
importante conceito.
Segundo Mankiw (2013), a utilidade é uma medida de satisfação, de felicidade.
Os agentes buscam sempre buscar a maior felicidade possível com o menor sofrimento
(custo) possível. Assim, fazem análises marginais de suas ações (como já explicado
anteriormente).
Para a análise microeconômica, procura explicar como são determinados os
preços e quantidades dos bens, dos insumos e dos serviços. Para isso, além dos
conceitos que já visitamos, Vasconcellos e Garcia (2014) ainda destacam a hipótese de
coeteris paribus, que significa tudo o mais mantido constante. Essa hipótese é importante
pois como a microeconomia faz uma análise focada na relação entre os agentes, para
um bem ou serviço específico, é necessário considerar que algo fora dessa relação
exerce uma influência muito pequena ou até nula na relação em questão. Essa hipótese
torna possível o estudo de determinado mercado ou troca.
4.2.1 Oferta e Demanda
Os modelos microeconômicos se referem aos modelos matemáticos de relações
e leis naturais da economia. Um dos exemplos mais básicos, mas também mais
importantes é o de determinação de preços e quantidades através das leis da oferta e da
demanda.
Mankiw (2013) define ambas as leis como segue:
● Lei da demanda: a quantidade demandada por um bem diminui à medida que seu
preço aumenta.
● Lei da oferta: a quantidade ofertada de um bem aumenta à medida que seu preço
aumenta.
Essas são conhecidas como leis gerais já que, com poucas exceções, podemos
tomá-las como verdade e, a partir disso, realizar análise microeconômicas. Um exemplo
é a análise de oferta e demanda de mercado de um bem. Observe o gráfico abaixo:
Gráfico 1 - Equilíbrio
Fonte: o autor.
Imaginemos que o mercado seja formado por inúmeros consumidores e que a
demanda por esse bem esteja de acordo com a lei da demanda. Assim, podemos
considerar que a curva de demanda de mercado (a soma de todas as curvas individuais)
seja negativamente inclinada, já que com a redução de preços a quantidade demandada
aumenta.
Da mesma forma, se considerarmos um mercado competitivo e que a curva de
oferta de mercado seja a soma da curva de oferta das empresas individuais, de acordo
com a lei da oferta podemos definir essa relação com a curva de oferta positivamente
inclinada, como demonstrado no gráfico acima.
Nesse sentido temos que o equilíbrio estático desse mercado se dá no ponto onde
a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada por um bem, chamado ponto de
equilíbrio. O nível é estático pois não há nenhum incentivo seja das empresas ou dos
consumidores em consumir outra quantidade, dado o preço.
Qualquer ponto diferente deste será um ponto de desequilíbrio. Se o preço que o
mercado estiver praticando for superior ao preço de equilíbrio (Pe) haverá um excesso de
oferta (quantidade ofertada > quantidade demandada), isso fará com que os produtos se 
acumulem e para vende-los, os produtores tenham que reduzir ao preço até o momento
em que o preço se iguale ao preço de equilíbrio.
De forma semelhante, quando o preço de mercado está abaixo do preço de
equilíbrio há um excesso de demanda (quantidade demandada > quantidade ofertada).
Nos modelos microeconômicos temos as variáveis endógenas, que são explicadas
dentro do modelo e portanto, deslocam os pontos em cima da curva (nesse exemplo a
variável exógena é o preço que, conforme muda, altera a quantidade ofertada e
demandada). Observamos também as variáveis exógenas, que são aquelas que não são
definidas dentro do modelo, mas podem alterar as conclusões. Essas variáveis explicam
o deslocamento das curvas de oferta e de demanda (a curva de demanda por exemplo,
um aumento no número de compradores nesse mercado, desloca toda a curva de
demanda para a direita).
Perceba que o modelo de oferta e demanda, que utilizamos para exemplificação
dos modelos microeconômicos, tem pressupostos rígidos a partir dos quais podemos
fazer análises estáticas, ou seja, analisar o que ocorre com as variáveis a partir da
mudança de outras variáveis selecionadas.
4.2.2 Análise e aplicações da microeconomia
A teoria microeconômica é utilizada para estudar diversas relações entre os
agentes e como se dá a maximização de sua utilidade. A partir da relação de oferta e
demanda, que observamos anteriormente, é possível fazer outras análises mais
aprofundadas. Algumas outras aplicações são explicadas por Vasconcellos e Garcia
(2014) e resumidas abaixo:
● Teoria do consumidor: mostra como um consumidor consegue maximizar
seu bem-estar através da maximização da utilidade ou minimizar seu custo.
● Teoria da Firma: analisa como as empresas conseguem maximizar seus
lucros e minimizar seus custos;
● Estruturas de mercado: estuda como a maximização da firma se dá em
diferentes estruturas de mercado, como monopólios, oligopólios, concorrência
monopolística e concorrência perfeita. 
● Teoria do Equilíbrio Geral e Bem-Estar: analisa como alcançar soluções
que sejam eficientes para a sociedade como um todo, considerando externalidade e
eficiência na alocação de recursos. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ciência econômica é um estudo carregado de desenvolvimentos teóricos
desenvolvidos após muito estudo e muitos contextos históricos relevantes. Desde que o
desenvolvimento do capitalismo de produção acelerou, do mercantilismo até os dias de
hoje, as discussões ainda são acirradas e poucas conclusões são finais. No entanto, hoje
temos um corpo teórico importante que nos permite fazer análises e tirar conclusões
sobre diversas relações entre os agentes econômicos.
Essa unidade, através de sua estrutura, buscou trazer os conceitos e aspectos
mais importantes para munir o leitor na tarefa de entender como os principais indicadores
são determinados.
Inicialmente, observou-se que a economia busca responder as questões
relacionadas à satisfação e ao bem-estar, seja individual ou coletivo. Nessa busca pela
garantia da satisfação, as escolhas são feitas em ambientes de conflito de opções e de
custos de oportunidade.
A partir de então, analisamos como uma sociedade pode se organizar
economicamente. Como vimos, há um consenso entre os economistas que a economia
de mercado é mais eficiente na alocação de recursos quando consideramos os objetivos
de aumento de produção. No entanto, a economia de mercado por si só, às vezes não
consegue endereçar questões que para a sociedade são de extrema importância, como
meio ambiente, igualdade e desenvolvimento. Assim, eventualmente, é necessária a
presença Estatal.
Por fim, analisamos as principais características da macroeconômica e sua
enorme gama de instrumentos de política econômica, bem como a análise
microeconômica expressa em seus modelos matemáticos e simplificados, mas que ainda
assim nos permitem conclusões assertivas.
Após entender esses conceitos introdutórios passaremos nas próximas unidades
a aplicar a base econômica à discussão definanças internacionais. 
LEITURA COMPLEMENTAR
The Sims x SimCity: o que isso tem de economia?
Os jogos The Sims e SimCity foram criados por Will Wright e foram fenômenos
entre os jogos para PC. Você já deve ter jogado ou pelo menos já ouviu falar desses
jogos. Mas o que isso tem a ver com economia e finanças? Bem, a diferença desses
jogos pode nos dizer muito sobre a diferença entre micro e macroeconomia.
Pra quem ainda não conhece o The Sims é um jogo onde você controla um
personagem que irá se instalar em sua casa (ou construir uma) e simplesmente viverá. É
um jogo que simula a vida real, portanto, você tem que atender suas necessidades
físicas, mentais e psicológicas. Para isso, tem que se alimentar, ir ao banheiro, dormir,
trabalhar.
Dentro de cada uma dessas atividades, há sempre escolhas a se fazer. O que
você realizaria primeiro? Vai ao banheiro ou vai almoçar? Garanto que, quando você
jogava, a primeira coisa que observava eram as barras correspondentes a cada uma
dessas necessidades. Você sabia que, se a barra de energia chegasse ao mínimo e você
não comandasse ao seu personagem que comesse algo, ele iria passar mal e seu jogo
estaria prejudicado. Portanto, a cada ação o jogador enfrenta trade-offs e custos de
oportunidade.
Podemos comparar esse jogo com a microeconomia. A análise que você faz das
ações de seu personagem consideram ele e aqueles que estão envolvidos naquela ação.
O visitante que chegou à casa, o seu trabalho que exige estudos e habilidades, ou mesmo
as suas necessidades marginais.
Já no jogo SimCity o jogador, ou controlador, constrói uma cidade e tem que
governar de maneira que a produção e o bem-estar dos habitantes sempre aumentem.
Nesse sentido, o jogador não está pensando na necessidade de um dos seus habitantes
e sim no agrupamento das necessidades. O que uma autoridade local deveria fazer para
permitir que a cidade cresça? O jogador então pensa no agregado e assim, instala
pontes, ruas, analisa como está a produção, define os impostos. 
Perceba que, nesse contexto, também há trade-offs, também há custo de
oportunidade, mas sob um espectro de visão diferente. O Simcity pode então ser
comparado com a macroeconomia, a visão agregada dos componentes como renda,
inflação, moeda e relação com outras cidades.
Então, pelas analogias feitas aqui, podemos observar a microeconomia como uma
visão de dentro de casa, dos problemas enfrentados pelo indivíduo nas suas relações
com o mundo. Já a macroeconomia é a visão da cidade inteira. Dos problemas das
pessoas como um conjunto, da produção de um agregado, dos setores e assim por
diante.
Fonte: o autor. 
LIVRO
• Título: Economia: Modo de usar
• Autor: Há-Joon Chang.
• Editora: Portfolio Penguin.
• Sinopse: De maneira irreverente e sagaz e com um conhecimento histórico profundo,
Ha-Joon Chang apresenta um acessível manual que explica como a economia global
realmente funciona. Diferente de muitos economistas que apresentam apenas uma
vertente de sua área, Chang introduz uma variedade de teorias econômicas, da clássica
à keynesiana, revelando os pontos fortes e fracos de cada uma, e apresenta as
ferramentas necessárias para entender esse mundo cada vez mais interconectado,
frequentemente guiado pela economia. Do futuro do euro à desigualdade na China ou à
condição da indústria de manufatura norte-americana, Economia: modo de usar é um 
conciso e hábil guia sobre os fundamentos econômicos. Ele oferece um precioso retrato
da economia global e nos mostra como e por que ela afeta nosso cotidiano. 
FILME/VÍDEO
• Título: Explicando... Dinheiro
• Ano: 2021.
• Sinopse: Nós o gastamos, emprestamos e poupamos. Mas agora vamos falar sobre
as armadilhas do dinheiro, como os cartões de crédito, os cassinos, os golpes e o
crédito estudantil. 
REFERÊNCIAS
BCB. Banco Central do Brasil. Taxa Selic. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/taxaselic. Acesso em: 14 maio. 2021.
BRUE, Stanley L. História do Pensamento Econômico. Tradução de Luciana
Penteado Miquelino. São Paulo: Thomson Learning, 2006.
MANKIW, N. Gregory Introdução à economia. Tradução de Allan Vidigal Hasting,
Elisete Paes e Lima. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
PERAITA, Bailey. The $1,500 sandwich-from-scratch guy: 'Now it's hard for me to waste
any food', The Guardian, 2015. Disponível em:
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2015/sep/23/1500-sandwich-from-scratchandy-george-youtube-food-supply-chain . Acesso em: 10 maio. 2021
ROBBINS, Lionel. Na Essay on the Nature and Significance of Economic Science.
London: MacMillan and Co, Ltda. 1945
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez.
Fundamentos de economia. 5. ed. – São Paulo : Saraiva, 2014.
UNIDADE II
FINANÇAS E RELAÇÕES FINANCEIRAS
Professor Doutor Vinicius Borba da Costa
Plano de Estudo:
• Taxa de Câmbio e Ativos Internacionais;
• Moeda;
• Juros;
• Nível de preços e câmbio;
• Política econômica.
Objetivos de Aprendizagem:
• Estabelecer o conceito da taxa de câmbio e da moeda;
• Compreender como a quantidade de moeda afeta na taxa de câmbio;
• Estabelecer o resultado de políticas econômicas no câmbio e nas variáveis
macroeconômicas.
INTRODUÇÃO
Os negócios entre diferentes países aumentaram muito nos últimos séculos. O
que antes era dificultado pelo incipiente transporte e lenta comunicação, hoje pode ser
resolvido em segundos. Isso fez com que o comércio mundial aumentasse de maneira
expressiva, mas foi ainda mais relevante para a transação de ativos e moedas
internacionais.
Hoje o mercado de câmbio transaciona valores muito superiores àqueles relativos
à compra de bens e serviços tradicionais. Isso porque com a facilidade e mobilidade de
recursos cada vez maior, os investidores internacionais têm uma gama muito mais ampla
de produtos financeiros à sua disposição. Essas transações, então, são resultado de
diversas variáveis, mas principalmente, da busca por maior retorno nos ativos mundiais.
Essa unidade analisa como a taxa de câmbio responde às variáveis econômicas,
principalmente a um dos ativos mais importantes da economia, a moeda. Para isso,
inicialmente a unidade apresenta o conceito de taxa de câmbio. O segundo tópico dessa
unidade apresenta como a moeda e a oferta desse ativo se relaciona com a taxa de
câmbio dos países. O tópico seguinte apresenta a relação entre a taxa de juros, que é o
retorno dos depósitos nacionais e as movimentações do câmbio que estabelecem um
equilíbrio no mercado de moeda e no mercado estrangeiro. A partir de então apresentase a relação entre a taxa de câmbio e o nível de preços. A unidade finaliza sumarizando
algumas consequências das políticas econômicas. 
1 TAXA DE CÂMBIO
Imagem do Tópico: 301066361
A taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra e é um dos preços
mais importantes para uma economia. Ela tem influência tanto na conta corrente (parte
do balanço de pagamentos), através das exportações e importações, quanto em outras
variáveis macroeconômicas como a dívida externa e o fluxo de capitais de um país.
Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) ressaltam que a taxa de câmbio é também o
preço de um ativo, a moeda nacional ou estrangeira, por isso, como todo ativo, mede
qual o poder de compra hoje mas também no futuro. Em decorrência dessa relação
temporal, as expectativas sobre o nível futuro da taxa de câmbio são extremamente
importantes para a taxa de câmbio presente.
A taxa de câmbio pode ser representada de duas formas. Pela moeda estrangeira
em termos da moeda local, como dólar por real, ou pela moeda local em termos da moeda
estrangeira, como o exemplo do real por dólar. No Brasil utilizamos mais extensivamente
a segunda forma. No dia 24 de maio de 2021, às 10:16, por exemplo, a taxa de câmbio
real por dólar estava cotada à R$ 5,31/US$. Isso significa que precisaríamos de 5,31
reais para adquirir 1 dólar.1
Através do câmbio podemos medir quanto custa nossos produtos em relação aos
produtos estrangeiros, ou então medir o montante de exportações e importações. No
entanto, essa taxa pode variar ao longo do tempo, principalmente em economiasem que
a taxa de câmbio é flutuante.
Quanto uma moeda passa a valer menos em relação a outra, observamos uma
desvalorização da taxa de câmbio. Quando, pelo contrário, a moeda nacional passa a
valer mais em relação a estrangeira, temos uma valorização cambial. Pensando de
maneira simples, um aumento da taxa de câmbio se refere a uma desvalorização, já que
precisamos de mais moeda doméstica para comprar cada unidade de moeda estrangeira.
1 Na forma invertida, a mesma cotação seria expressa em US$0.19/R$, ou seja, seriam necessários
aproximadamente 19 centavos de dólar para comprar 1 real. 
Ao contrário, uma redução da taxa de câmbio é chamada de valorização, pois precisamos
de menos moeda nacional para comprar a moeda estrangeira.2
Na figura abaixo observamos a trajetória do câmbio nominal entre o primeiro
trimestre de 1994 até o primeiro trimestre de 2021. Observe que de 2002 a 2011, o real
esteve em uma tendência clara de valorização. A partir de então, se desvalorizou até os
valores de hoje.
Figura 1 - Taxa de câmbio R$/US$, fim de período (anual), 1994-2020
Fonte: IPEADATA (2021)
Como já ressaltado, a taxa de câmbio é um preço essencial à economia. Para o
comércio exterior, o preço das moedas altera o quanto se paga por um produto
estrangeiro e quanto os não-residentes pagam por produtos locais. Quando há uma
desvalorização na taxa de câmbio de um país, o produto local fica mais competitivo no
exterior e o produto estrangeiro fica menos competitivo nesse mesmo país, por isso, as
2 Os termos depreciação e apreciação também são utilizados para se referir às variações da taxa de
câmbio. Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) argumentam que os termos não são sinônimos. Para os autores
deve-se referir à desvalorização e valorização quando se trata de uma intervenção das autoridades
monetárias, como em um regime de câmbio fixo ou administrado, e à depreciação e apreciação quando a
mudança ocorre pelas forças livre de mercado, como em um regime de flutuação livre. No entanto, tornouse prática usar os termos como sinônimos.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Taxa de câmbio R$/US$
exportações tendem a crescer e as importações a diminuir. Quando observamos uma
valorização cambial, os produtos de um país ficam mais caros no exterior e os
estrangeiros mais baratos localmente, assim, as exportações caem e as importações
aumentam.
Para compreender melhor imagine, por exemplo, que um produtor de camisetas
no Brasil tenha uma estrutura de custos segundo a qual tenha que vender por pelo menos
R$ 10,00 uma unidade de produto para não ter prejuízo. Se a taxa de câmbio for de R$
2,00/dólar, significa que se ele conseguir vender seu produto por 5 dólares para o
mercado internacional, seu custo está coberto. Imagine agora que a taxa de câmbio se
desvalorize para R$ 5,00/dólar. Isso significa que, para cobrir seus custos, ele poderia
vender sua camiseta no mercado internacional por 2 dólares, ou seja, o seu preço ficou
mais competitivo. Agora, se a taxa de câmbio se valorizar para R$1,00/dólar, o produtor
teria que vender cada camiseta por 10 dólares, estaria menos competitivo no mercado
internacional.
Isso pode levar a um pensamento intuitivo de que deveríamos sempre manter a
taxa de câmbio a mais desvalorizada possível, no entanto, a taxa de câmbio nominal, a
qual estamos nos referindo até aqui, é a taxa de equilibrar a oferta e a demanda por
moeda estrangeira no mercado de câmbio. Se estivermos exportando mais do que
importando (em decorrência da taxa desvalorizada) haverá mais dólares entrando do que
saindo no país. Esses dólares sobrando serão ofertados no mercado de divisas e, para
encontrar demandantes para todo o excedente, seu valor deduzirá, ou seja, valorizando
o real. Terra (2014) destaca que, por esse mecanismo, a taxa de câmbio nominal é a taxa
que equilibra o balanço de pagamentos e quem a determina é o mercado.
REFLITA
O Mercado de câmbio é o maior Mercado financeiro do mundo. Segundo o BIS
(2021), o FX MARKET, chegou a negociar US$ 6,6 trilhões por dia em abril de 2019,
aumentando ainda mais as negociações com derivativos. Para ter uma ideia desse
mercado, o PIB Global foi igual a US$87,8 trilhões no ano de 2019, ou seja, o mercado
de câmbio negociava, por dia, cerca de 7% do PIB anual (BIS, 2019).
#REFLITA#
O governo pode tentar determinar a taxa de câmbio nominal atuando no mercado
de divisas, oferecendo ou demandando moeda estrangeira, mas para isso tem que gastar
ou acumular reservas internacionais ou utilizar outros instrumentos como swaps
cambiais.
Segundo Terra (2014), a taxa de câmbio real, por outro lado, é o preço relativo que
mede o poder de compra, como expresso na fórmula abaixo.
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐶â𝑚𝑏𝑖𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 =
𝐸𝑃
∗
𝑃
(1.1)
Onde, P é o índice de preços no país local, P* é o índice de preços no país estrangeiro e
E é a taxa de câmbio nominal.
Perceba então que a taxa de câmbio real relaciona tanto a taxa de câmbio nominal
quanto a relação entre os preços dos dois países. Assim, relaciona o poder de compra
da moeda local. Tomemos como exemplo a taxa de câmbio argentina, ou seja, peso
argentinos/dólar, se a taxa de câmbio real se desvalorizar, o poder de compra do peso
argentino cai, pode-se comprar menos produtos com 1 peso. Se a taxa de câmbio real
se valorizar, o poder de compra do peso sobe, assim é possível adquirir mais produtos
com 1 peso.
A teoria da Paridade do Poder de Compra (PPC) relaciona os bens em diferentes
países e estabelece que, sob premissas rígidas (como a ausência de barreiras
comerciais, de custos de transportes e de homogeneidade perfeita entre os produtos), no
longo prazo o preço dos produtos, considerando a taxa de câmbio seja igual em todos os
países.
SAIBA MAIS
Quanto custa um BIG MAC pelo mundo?
Um dos índices baseados na teoria da paridade de poder de compra mais
conhecido é o índice Big Mac. Esse índice é calculado a partir do preço de um dos lanches
mais famosos do mundo nos diferentes países. Isso porque o sanduíche é uma referência 
em padronização. É montado com os mesmos ingredientes na maioria dos países que
possuem uma franquia do McDonalds.
A ideia é a de que, como o produto é igual em todos os países, no longo prazo ele
deveria custar o mesmo preço quando convertida a taxa de câmbio entre os países.
Assim, se você fosse viajar do Brasil para os Estados Unidos, trocaria o real por dólar e
gastaria a mesma quantia para almoçar na franquia.
O índice foi inventado pela revista The Economist em 1986 para tentar identificar,
através da PPC, o nível correto das taxas de câmbio. Segundo a The Economist (2021),
a partir de seu cálculo, é possível identificar quais moedas estão sobre ou subvalorizadas
de acordo com a PPC.
Fonte: o autor.
#SAIBA MAIS#
A teoria do PPC é de extrema importância para entender como a inflação impacta
na taxa de câmbio, no entanto, por suas premissas serem dificilmente encontradas nas
relações entre os países, é considerada meramente teórica. Na realidade, como
demonstrado nos próximos tópicos, outros fatores também são determinantes para a taxa
de câmbio e seu nível de equilíbrio. 
2 MOEDA
Imagem do Tópico: 1767227042
A moeda é um dos ativos mais importantes da economia. É através desse ativo
que são possíveis a produção, a troca e o pagamento dos fatores produtivos. Para
entender como se relacionam as moedas de diferentes países, bem como o mercado
internacional responde às políticas monetárias nacionais, é preciso entender inicialmente
as definições da moeda.
2.1 Conceitos da Moeda
Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) destacam que para se tornar uma moeda de
circulação em uma economia interna, o ativo precisa cumprir 3 funções:
▪ Meio de troca: funcionar como um meio de pagamento aceito pelos
agentes econômicos locais. Sem a moeda, a teria que ocorrer entre
alguém que tenha o produto que você deseja, mas, ao mesmo tempo,
deseje o produto que você tem a oferecer (escambo). Se a moeda for meio
de troca,todos a desejam, o que facilita o comércio.
▪ Unidade de conta: proporcionar uma medida de valor amplamente
conhecida. Essa medida permite comparações entre diferentes bens. Para
as finanças internacionais isso é de extrema importância já que a taxa de
câmbio permite a comparação entre bens e ativos em diferentes moedas
para os mais variados países. Além disso, utiliza-se algumas cotações de
produtos padronizados mundialmente (as commodities) em dólar, para
facilitar a unidade de conta para os mercados financeiros.
▪ Reserva de valor: preservar o valor ao longo do tempo. Para ser meio de
troca, a moeda não pode sofrer grandes volatilidades em seu valor ao
longo do tempo. Isso porque a moeda tem que possuir a capacidade de
transferir poder de compra do presente para o futuro. Se os agentes
tiverem a expectativa de que ela pode perder muito valor de um dia para 
outro, eles não desejam reter esse ativo, o que dificulta o comércio e a
troca.3
Para entendermos como se dá o equilíbrio no mercado monetário, devemos
entender os determinantes da oferta e da demanda por moeda.
Por oferta de moeda entendemos a moeda em seu estado de maior liquidez, ou
seja, com grande facilidade de ser trocada. Representamos, portanto, a oferta de moeda
como o M1, da contabilidade nacional, que é a base monetária.4 A oferta de moeda é
determinada pelo Banco Central de cada país através de diversos mecanismos (lembrese dos instrumentos de política monetária da primeira unidade).
Para Terra (2014), a demanda por moeda pelos indivíduos depende da quantidade
que os agentes precisam para transacionar no dia-a-dia, ou seja, para cumprir com suas
obrigações monetárias de pagamentos e consumo, mas também depende inversamente
dos juros. Isso porque, como a moeda não tem nenhuma rentabilidade, os juros acabam
sendo um custo de oportunidade para a moeda.
Enquanto os agentes mantêm dinheiro na carteira, estão perdendo os juros que
essa quantidade renderia se ela estivesse aplicada em outro ativo. Assim, quanto maior
a taxa de juros, menos as pessoas querem manter a moeda em sua forma mais líquida,
porque estarão deixando de ganhar mais.
Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) acrescentam então que, além da taxa de juros,
a demanda agregada por moeda depende do nível de preços da economia (que
determina o quanto se gasta pelo consumo diário) e da Renda Nacional Real (quanto
maior a renda, bens e serviços são vendidos).
3 Note que a inflação se caracteriza pela perda do poder de compra da moeda ao longo do tempo. No
entanto, quando a inflação é controlada, não há incerteza que faça com que os agentes reduzam o uso
desse meio de pagamento. Em períodos de hiperinflação, ao contrário, a moeda pode perder sua função
de reserva de valor.
4 A base monetária é o M1, da contabilidade nacional, discutido na macroeconomia. M1 = Papel Moeda
em poder do Público + depósitos à vista. O M1 representa toda moeda que conseguimos usar em
transações instantaneamente. 
A partir disso, os autores determinam a demanda agregada por moeda (𝑀𝑑
) como
sendo:
𝑀𝑑 = 𝑃 × 𝐿(𝑅, 𝑌) (2.1)
𝑀𝑑
𝑃
= 𝐿(𝑅, 𝑌) (2.2)
Sendo:
P = nível de preços;
Y = Renda Nacional Real
R = Taxa de juros
A equação (2.1) mostra que a demanda agregada por moeda depende dos preços
dos juros e da renda. No entanto, é mais comum utilizar a forma equivalente, expressa
pela equação (2.2), na qual a demanda por moeda real (𝑀𝑑
𝑃
) é igual a L(R, Y), que
representa a “quantia de poder real de compra que as pessoas gostariam de ter em forma
líquida” (Krugman, Obstfeld e Melitz , 2015, p. 302)
2.2. Equilíbrio no mercado monetário e a taxa de juros
O mercado monetário é o ambiente onde a moeda é transacionada e tem seu
equilíbrio no ponto onde a oferta de moeda (Ms
) é igual a demanda por moeda (Md
). Como
representado abaixo:
𝑀𝑠 = 𝑀𝑑
(2.4)
Considerando essa igualdade e a relação da demanda por moeda expressa na
equação (2.1) temos que:
𝑀𝑠 = 𝑃 × 𝐿(𝑅, 𝑌) (2.5)
Ao dividir ambos os lados pelo preço, para que obtenhamos o equilíbrio em termos
de demanda agregada real, temos:
𝑀𝑠
𝑃
= 𝐿 (𝑅, 𝑌) (2.6)
Assim, segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 303), “dado o nível de preço,
P, e o nível de produção, Y, a taxa de juros de equilíbrio é aquela na qual a demanda 
agregada por moeda real é igual à oferta real de moeda”. O mercado monetário é o
ambiente onde são transacionados esses ativos e tem seu equilíbrio no ponto onde a
oferta de moeda (Ms
) é igual a demanda por moeda (Md
). Como representado abaixo:
𝑀𝑠 = 𝑀𝑑
(2.7)
A partir de então podemos encontrar o ponto de equilíbrio do mercado monetário
que relaciona a quantidade de moeda em saldos reais e a taxa de juros de equilíbrio.
Observe a figura abaixo:
Figura 2 - Equilíbrio no mercado monetário
Fonte: Krugman, Obstfeld e Melitz (2015).
A figura apresenta o equilíbrio no mercado monetário dada a oferta de moeda real,
representada por uma reta vertical (já que é determinada exogenamente pelo Banco 
Central)5 e a demanda agregada por moeda real é representada por uma curva
negativamente inclinada.
A curva de demanda agregada por moeda real tem esse formato porque a redução
na taxa de juros aumenta a demanda por liquidez, ou seja, o quanto as pessoas desejam
reter em moeda, como já observado no tópico anterior.6
Examinando primeiramente os pontos que não estão em equilíbrio podemos ver
que no ponto 2, onde temos uma taxa de juros alta e uma quantidade de demanda por
moeda (Q2) menor do que a oferta por moeda (Ms
/P, ou Q1), ou seja, há um excesso de
moeda ofertada no mercado. Os agentes, à essa taxa de juros R2 não desejam, manter
moeda na sua forma líquida pois estão deixando de ganhar um juro alto de uma aplicação
que rende esse juro do mercado.
Assim, esses agentes tentam aplicar esse excesso de moeda. No entanto, como
há mais gente com moeda sobrando do que pegando empréstimos, aqueles que pegam
emprestado oferecem cada vez menos rentabilidade (juros) aos que desejam aplicar o
dinheiro. Essas negociações acarretam uma queda nos juros até o ponto onde não haja
mais excesso de oferta de moeda, ou seja, até o ponto Q1
, onde o juros é igual à R1 e
obtemos o equilíbrio no mercado de moedas.
No outro caso, no ponto 3, temos um patamar de excesso de demanda por moeda.
Nesse patamar, há menos oferta de moeda do que demanda, assim, os agentes desejam
resgatar os títulos para manter a moeda na forma líquida. Agora, os agentes que desejam
dinheiro emprestado têm que aumentar a rentabilidade (juros) para convencer alguns
agentes a manter os recursos aplicados. Nesse sentido, os juros aumentarão até o
momento onde o equilíbrio seja novamente satisfeito. Estando em equilíbrio, todos que
querem aplicar seu dinheiro ou dinheiro emprestado, consegue fazê-lo.
Imaginando um exemplo fictício, para simplificar, se a demanda por moeda é maior
que a oferta de moeda (excesso de demanda por moeda), os bancos terão que pagar
mais (em juros) para que você aplique em um dos seus produtos de investimento. Agora,
se estiver sobrando dinheiro no mercado (excesso de oferta de moeda), há muita gente
5 Aumentos na oferta de moeda determinada pelo Banco Central deslocam a reta vertical para direita e
reduções na oferta de moeda deslocam a reta para esquerda.
6 Alterações na renda real, que também é determinante da demanda por moeda, deslocariam a curva
como um todo para direita (com o aumento de Y) ou para a esquerda (com uma redução de Y). 
querendo investir no produto do banco e, por isso, ele não precisa pagar muito juros para
conseguir os recursos que precisa. Os juros sempre cairão ou subirão até que se alcance
o equilíbrio no mercado monetário. 
3 RETORNO, CÂMBIO E EQUILÍBRIO
Imagem do Tópico: 1777344389
Quando tratamos de finanças internacionais, ou de movimentação de recursos
entre países para investimento em ativos, temos que entender que a escolha de alocação
é determinada, dentre outras coisas, pelas características dos ativos nos diversos países,
que aqui vamos simplificar para depósitos em moeda estrangeira. Isso significa que você
escolhe entre manterdepósitos (investimentos) em seu país de origem em moeda local
ou nos mercados internacionais, em moeda estrangeira.
Nesse sentido, a rentabilidade dos depósitos (ou dos investimentos de ativos)
dependem de dois fatores. Da taxa de juros, que remunera esses depósitos e da taxa de
câmbio, que é o fator de conversão no início e no final da operação.
Por exemplo, suponha que um investidor dos Estados Unidos transfira US$ 100,00
para o Brasil para investir em um título do Banco XYZ. Nessa operação, primeiramente o
recurso será convertido de dólar para real, à taxa de câmbio vigente, imagine que seja
de R$ 5,00/US$. Assim, o investidor norte-americano estaria investindo R$ 500,00 no
título do Banco XYZ. Se a taxa de juros desse título for de 10% a.a., terá após um ano
R$ 550,00 (500 referente ao principal, 50 de juros).
No entanto, para repatriar esse montante, o investidor terá novamente que
converter à taxa de câmbio vigente. Se a taxa de câmbio não se alterou, o retorno seria
de 10% (teria US$ 110,00). Se o câmbio se valorizou nesse período, para R$ 4,00, por
exemplo, o seu retorno foi ainda maior. Nesse caso os R$ 550,00 reais se converteriam
em US$ 137,50 dólares, somando um retorno total de 37,5%.
Se, ao contrário, a taxa de câmbio se desvalorizasse para R$ 6,00/US$, os 550
reais seriam convertidos em US$ 91,67. Ou seja, a desvalorização cambial foi maior do
que o retorno da taxa de juros e o investidor resgatou menos do que aplicou, em dólar.
Portanto, essas decisões dependem da taxa de retorno dos depósitos nos países,
mas também, da expectativa sobre o movimento da taxa de câmbio. 7
7 Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) acrescentam que além do retorno esperado (relativo aos juros e à
taxa de câmbio), a liquidez e o risco também são fatores importantes. Nesse sentido, quanto maior o risco 
3.1 Paridade de Juros e a taxa de câmbio de equilíbrio
A partir das análises de rentabilidade e de expectativa da taxa de juros, os
investidores internacionais decidem investir em moedas que lhe proporcionem o maior
retorno. Esse movimento faz com que o mercado se ajuste em um equilíbrio conhecido
como condição de paridade de juros.
Segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 285), “O mercado cambial
estrangeiro está em equilíbrio quando depósitos de todas as moedas oferecem a mesma
taxa de retorno esperada. ”
Essa condição mostra que se há um retorno esperado para depósitos em uma
moeda maior do que em outra, haverá um excesso de demanda pela moeda que oferece
maior retorno e um excesso de oferta pela moeda cujo retorno é menor.
O mercado encontra o equilíbrio somente quando todas as taxas de retorno
esperadas são iguais, ou seja, quando a condição de paridade de juros é mantida. Essa
condição é demonstrada pela equação a seguir:
𝑅𝑅$ = 𝑅𝑈𝑆$ +
𝐸 𝑅$
𝑈𝑆$
𝑒 −𝐸 𝑅$
𝑈𝑆$
𝐸 𝑅$
𝑈𝑆$
(3.1)
Retorno dos depósitos em reais é igual ao retorno dos depósitos em dólar mais a
variação cambial esperada entre as duas moedas. Ou seja, depende dos juros, mas
também de como os mercados preveem a taxa de câmbio nos próximos períodos.
Observe que, na equação (3.1), a taxa de câmbio ER$/US$ está expressa no
denominador e na subtração do numerador. Isso significa que à medida que a taxa de
câmbio se desvaloriza, reduz o retorno da moeda estrangeira pois reduz o potencial de
ganho que se tem com a desvalorização futura do ativo (considerando que a expectativa
da taxa de câmbio esperada é fixa).
Para exemplificar, imagine que você deseje comprar ativos nos Estados Unidos.
Se o câmbio de hoje for de 2 Reais/dólar, mas você tem a expectativa que em um ano
esse câmbio se desvalorize para 2,20 reais/dólar, você está esperando um retorno
e menor a liquidez, maior o prêmio (rentabilidade) que os ativos têm que pagar para atrair investimentos
estrangeiros.
(somente da variação cambial) de 10%. No entanto, se o câmbio, antes de você realizar
a aplicação se desvalorizar, no período atual, para 2,10 reais/dólar, e sua expectativa
futura do dólar não se alterar, a variação cambial gerará um retorno de 4,7% (de 2,10
para 2,20), ou seja, reduzirá o retorno total. Essa redução de retorno pode fazer com que
você decida aplicar seus recursos no Brasil ao invés do mercado estadunidense,
dependendo de suas opções. Essa noção, como veremos, é extremamente importante
para entender o equilíbrio das taxas de câmbio.
Segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015), a taxa de câmbio de equilíbrio
sempre se ajusta para manter a condição de paridade de juros. Observe essa dinâmica
na figura abaixo:
Figura 3 - Equilíbrio da taxa de câmbio
Fonte: adaptação de Krugman, Obstfeld e Melitz (2015).
Na figura acima, a linha vertical demonstra o retorno dos depósitos em real, que
consideraremos aqui a moeda local. A taxa de retorno (juros) é vertical pois é
determinada de maneira exógena pelas autoridades nacionais. A linha negativamente 
inclinada mostra os retornos esperados de depósitos em dólar, porém medidos em
termos de real, ou seja, depende da taxa de câmbio Real/Dólar.8
Para analisar como o equilíbrio é estabelecido observe primeiramente o ponto 2.
Nesse ponto, a taxa de retorno em dólar é menor do que em reais, assim, os agentes não
vão querer manter depósitos em dólares e sim depósitos em reais. Para migrar para
depósitos em reais, os agentes terão que oferecer dólar e demandar real, fazendo com
que a taxa R$/US$ se valorize (caia, para cada dólar se conseguirá menos Reais). Essa
dinâmica acontecerá até que a paridade representada pela equação (3.1) ocorra.
No ponto 3 o mesmo processo funciona na lógica oposta. Nesse ponto, o retorno
em depósitos de dólares ultrapassa o retorno dos depósitos de reais. Sob essa condição,
existe agora um excesso de oferta de real e uma demanda crescente por dólares. Para
equalizar esse desequilíbrio a taxa de câmbio se desvaloriza até que os retornos entre
os dois países sejam iguais, nos termos da condição de paridade de juros.
O equilíbrio ocorre porque quando a taxa de câmbio se moveu para E1
, as taxas
de retorno são igualadas entre as moedas e o mercado está em equilíbrio. A depreciação
do real de E3 para E1
torna os depósitos de dólar menos atrativos em relação aos
depósitos de real, já reduz o potencial de desvalorização futura do câmbio, como
explicado anteriormente.
3.2 Oferta de Moeda, câmbio e equilíbrio no mercado cambial estrangeiro
Podemos agora unir as duas análises para identificar a relação entre o mercado
financeiro nacional e o mercado cambial estrangeiro. Basicamente, a política monetária
das autoridades nacionais influencia o mercado de câmbio já que a oferta de moeda
determina a taxa de juros (retorno dos depósitos), que determina a condição de paridade
de juros e, portanto, a taxa de câmbio de equilíbrio.
A figura abaixo integra as duas análises:
8 Mudanças na taxa de juros deslocam a reta vertical RR$ para a direita (aumento da taxa de juros) ou para
esquerda (redução da taxa de juros). Ao contrário, alterações na taxa de juros relacionadas ao dólar
deslocam a curva negativamente inclinada para cima (e para direita) ou para baixo (e para a esquerda).
Figura 4 - Equilíbrio simultâneo do mercado financeiro brasileiro e do mercado cambial
estrangeiro
Fonte: adaptação de Krugman, Obstfeld e Melitz (2015).
A figura mostra uma conjunção da figura 2 (equilíbrio no mercado monetário) e da
figura 3 (equilíbrio no mercado de câmbio). Perceba, no entanto, que o quadrante inferior,
que representa o mercado monetário, sofreu um giro de 90o
, para que a taxa de retorno
estivesse no mesmo eixo da figura 2.
Como já analisado anteriormente, o mercado monetário se estabelece em
equilíbrio quando a oferta e demanda por moeda são iguais. Essa condição estabelece a
taxa de juros, que é o retorno dos depósitos, ou dos títulos nacionais. Assim, estabelece
a reta de retorno dos depósitos em reais do quadrante superior da figura, que define o
equilíbrio da taxa de câmbio. 
Esse diagrama é útil para entender como uma alteração na oferta monetária de
curto prazo altera a taxa de retorno e estabelece novo equilíbrio na

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