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Direito Penal
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes 
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Culpabilidade
• Introdução;
• Culpabilidade;
• Imputabilidade;
• Potencial Consciência da Ilicitude;
• Exigibilidade de Conduta Diversa;
• Conclusão.
 · Conhecer o terceiro elemento do conceito analítico de crime:
a culpabilidade.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Culpabilidade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Culpabilidade
Introdução
Nos dois primeiros elementos do conceito analítico do crime, ou seja, no fato 
típico e na antijuridicidade, o foco principal é o que o agente fez e a contraposição 
de seu proceder com a lei.
Já na culpabilidade o foco é a pessoa do agente, sendo que iremos proceder a 
um juízo de reprovabilidade de sua conduta. Se houver essa reprovação de suas 
ações ele receberá uma sanção penal.
Vamos ver como tudo isso funciona!
Culpabilidade
A culpabilidade representa um juízo de reprovabilidade da conduta do agente 
perante o Direito. 
Também podemos falar que a conduta que causou o injusto penal se caracterizou 
como reprovável.
Injusto penal é um conceito que abrange os dois primeiros elementos do conceito 
de crime.
FATO TÍPICO ANTIJURIDICIDADE CULPABILIDADE
INJUSTO 
PENAL
Figura 1
Só haverá essa reprovabilidade se estiverem presentes os seguintes elementos:
CULPABILIDADE
IMPUTABILIDADE
POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA 
ILICITUDE
EXIGIBILIDADE DE 
CONDUTA DIVERSA
Figura 2
Vamos conhecer cada um desses elementos da culpabilidade.
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Imputabilidade
O primeiro requisito da culpabilidade é a imputabilidade, que é a capacidade 
de compreender o caráter criminoso do fato e de se orientar de acordo com 
esse entendimento.
 · A capacidade de compreender o caráter criminoso do fato → signifi ca 
que o agente (que praticou o injusto penal) deve ter a capacidade de com-
preender que sua conduta é contrária ao Direito, que aquilo que ele está 
fazendo é errado. É a capacidade de entender;
 · A capacidade de se orientar de acordo com esse entendimento → 
se refere à capacidade que as pessoas normalmente têm de não realizar 
condutas que elas sabem que são erradas, que são contrárias ao Direito. É 
a capacidade de querer.
Aqui cabem duas observações importantes:
 · Nestes casos não se exige que a pessoa conheça a norma penal, ou seja, 
ela não precisa conhecer a forma como o Código Penal defi ne os crimes 
de roubo, furto, homicídio etc., pois todos sabem que roubar, furtar e ma-
tar são condutas contrárias ao Direito;
 · Talvez o mais difícil é compreender como funciona a capacidade de querer 
– um exemplo bastante ilustrativo ocorre com os cleptomaníacos (pessoas 
que sofrem de um transtorno que faz com que elas tenham a necessidade 
incontrolável de praticar pequenos furtos), em muitos casos, essas pessoas 
sabem que essa conduta é errada, contudo, a doença afeta a capacidade 
de querer de tal forma que elas não conseguem deixar de realizar esse tipo 
de mania.
Sobre a imputabilidade há uma regra geral que devemos conhecer.
Importante!
Todas as pessoas maiores de 18 anos são imputáveis, sendo que as exceções devem estar 
previstas na norma legal.
Importante!
Há, na verdade, três graus de aferição:
 · Os imputáveis, que são a regra geral, ou seja, as pessoas que possuem a 
capacidade de entender e de querer;
 · Os inimputáveis, que são aquelas pessoas que, por razões previstas em 
lei, possuem um elevado défi cit da capacidade de entender e/ou de querer;
 · Os semi-imputáveis, que são aqueles que possuem uma redução nes-
sas capacidades.
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UNIDADE Culpabilidade
Requisitos da inimputabilidade
Os requisitos para a caracterização da inimputabilidade são três:
 · Requisito Causal: somente uma causa prevista em lei é que pode ser 
aceita como apta para afastar a imputabilidade. Em nossa legislação essas 
causas são as seguintes:
 · doença mental;
 · desenvolvimento mental incompleto;
 · desenvolvimento mental retardado;
 · embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.
 · Requisito Cronológico: as causas que levam à inimputabilidade devem 
existir e atuar quando da conduta do agente. Observe que em algumas do-
enças mentais há uma alternância de momentos em que a ela se manifesta 
de forma mais intensa e momentos de quase normalidade, razão pela qual é 
necessário se apurar, no momento da conduta, como era o estado do autor.
 · Requisito Consequencial: a causa prevista em lei, que atuou no momen-
to de sua conduta, deve trazer como consequência a perda completa da 
capacidade de entender ou da capacidade de querer.
Requisitos da semi-imputabilidade
Ao verificar a presença dos requisitos acima, podemos nos deparar com a 
seguinte situação:
 · O agente cumpre os requisitos causal e cronológico.
 · Contudo, a causa não lhe retirou totalmente as capacidades de entender e 
de querer, ou seja, não está totalmente presente o requisito consequencial.
Neste caso, falamos em semi-imputabildiade. 
Este quadro não exclui a culpabilidade e, após análise do caso concreto, o juiz 
deve aplicar ao agente uma pena diminuída (redução de 1/3 a 2/3).
Código Penal
Art. 26 [...]
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvi-
mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento.
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Sistemas de aferição da inimputabilidade
Para a verificação da presença dos requisitos da inimputabilidade foram criados 
sistemas baseados na lei de cada país.
Esses sistemas podem ser de três tipos.
Sistema Psicológico
Esse tipo de sistema se apega somente à necessidade de verificação da possibili-
dade do agente, quando de sua conduta, possuir ou não a capacidade de entender 
o caráter ilícito de sua conduta e de conduzir-se de acordo com esse entendimento.
Se essas capacidades não estão presentes o agente será considerado inimputável, 
não havendo qualquer preocupação em relação ao requisito causal (causas previstas 
em lei que podem levar à imputabilidade).
Esse sistema não foi adotado pelo sistemajurídico brasileiro, sendo que ele 
possibilita, por exemplo, que uma criança que praticou um fato típico e antijurídico 
seja considerada imputável, pois possuía, quando de sua conduta, a capacidade de 
entender e de querer.
Sistema Biológico
Nesse sistema há uma maior valorização do requisito causal para que o agente seja 
declarado inimputável, presumindo, de forma absoluta, os outros dois (cronológico 
e consequencial).
Esse sistema é adotado no sistema jurídico brasileiro somente para os casos de 
menores de 18 anos (art. 27 do Código Penal e art. 228 CF).
Constituição Federal
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, su-
jeitos às normas da legislação especial.
Código Penal
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Duas observações são cabíveis:
 · Neste caso, por haver uma presunção absoluta criada pela lei, não são 
admissíveis provas em contrário – dessa forma, de nada valeria qualquer 
tentativa de se provar que um adolescente de 17 anos de idade possui, em 
um caso concreto, as capacidades de entender e de querer;
 · Para as situações que se enquadrariam como crimes envolvendo autores 
menores de 18 anos devem ser aplicadas as disposições do Estatuto da 
Criança e do Adolescente – Lei n.º 8.069/90.
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UNIDADE Culpabilidade
Sistema Biopsicológico
Neste sistema se exige a presença dos três requisitos para apuração da inimpu-
tabilidade – causal, cronológico e consequencial, os quais possuem o mesmo valor 
nesse processo.
REQUISITO
CAUSAL
REQUISITO
CRONOLÓGICO
REQUISITO
CONSEQUENCIAL
Figura 3
Esse sistema é o adotado pelo Código Penal, conforme consta de seu artigo 26.
Código Penal
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvol-
vimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.
[...]
Vamos destacar os trechos em que a lei se refere a cada um desses requisitos:
 · por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
→ requisito causal1;
 · era, ao tempo da ação ou da omissão → requisito cronológico;
 · inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento → requisito consequencial.
1. A embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior é prevista em outro dispositivo – o §1º do artigo 
28 do Código Penal.
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Embriaguez
A embriaguez pode ser definida como sendo uma intoxicação aguda e transitória 
provocada pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
Quando falamos em substância de efeitos análogos nos referimos:
 · A drogas ilícitas, tais como a maconha, cocaína etc;
 · Substâncias lícitas (tais como remédios de uso controlado) que tiveram 
no corpo do agente uma reação que guarda semelhanças com a em-
briaguez alcóolica.
Graus de embriaguez
O grau de intoxicação provocado pela ingestão de álcool ou outra substância, 
bem como a reação no corpo do agente podem fazer com que a embriaguez seja 
classificada como:
 · Completa: acarreta a perda total da capacidade de entendimento
e autodeterminação;
 · Incompleta: causa a perda parcial da capacidade de entendimento
e autodeterminação.
Origem do estado de embriaguez
Para efeitos penais, podemos classificar a origem do estado de embriaguez do 
agente como sendo não-acidental, acidental, preordenada e patológica.
Não-acidental
Decorre da própria conduta do agente e subdivide-se em:
 · voluntária ou dolosa: o agente quer se embriagar;
 · culposa: o agente quer ingerir a substância, mas não quer entrar em situ-
ação de embriaguez. 
A embriaguez não-acidental, seja voluntária, seja culposa, não exclui a imputa-
bilidade. O agente tinha plena liberdade para decidir se deveria ou não ingerir a 
substância, portanto, se em razão de sua ação perdeu a capacidade de avaliação, 
responderá pelas consequências. 
Nesses casos de embriaguez não-acidental deve ser aplicada a Teoria da actio 
libera in causa (ações livres na causa). Considera-se, assim, o momento da inges-
tão da substância e não o momento da prática delituosa.
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UNIDADE Culpabilidade
Um cuidador tem que dar um remédio para um idoso às 23 horas, sendo que a aus-
ência da dose aumenta, de forma drástica, as chances de o paciente ter um grave 
comprometimento de sua saúde que pode levar à sua morte.
O cuidador, contudo, resolve às 22 horas, fazer a ingestão de várias doses de uma 
bebida alcoólica, sendo que, em razão de sua embriaguez (não-acidental) ele 
dorme, não dá o remédio ao idoso e este vem a morrer.
Observe que em nosso exemplo:
 · No momento em que o remédio deveria ser administrado, ou seja, às 23 
horas – o cuidador não estava consciente;
 · Apesar de, no momento da omissão, ele não estar consciente, ele respon-
derá pelo crime, pois tinha plena consciência de que realizar a ingestão 
da bebida poderia levar a essa consequência e, mesmo assim, prosseguiu 
descumprindo com seu dever.
Em relação a essa forma de embriaguez, observe a seguinte disposição do 
Código Penal.
Código Penal
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
[...]
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de 
efeitos análogos.
Acidental
É a que deriva de caso fortuito ou força maior, podendo ser completa ou 
incompleta. Nela não se aplica a Teoria da actio libera in causa, uma vez que o 
agente não teve a intenção de ingerir a substância e de colocar-se voluntariamente 
em estado de embriaguez. Como consequência:
 · na embriaguez acidental completa há a exclusão da imputabilidade, razão 
pela qual o agente não pode receber uma pena;
 · na embriaguez acidental incompleta, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
Sobre essas formas de embriaguez as disposições do Código Penal são as seguintes:
Código Penal
Art. 28
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, pro-
veniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.
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§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao 
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Observe o seguinte exemplo:
Em razão de um defeito no sistema de ar condicionado de uma empresa, os fun-
cionários são expostos a um gás (invisível e sem cheiro) que faz com que eles percam 
completamente a capacidade de entender e de querer em razão de fortes alucinações.
Um dos funcionários, estando em completo estado de embriaguez devido a essa 
substância, agride um outro funcionário, causando-lhe uma fratura em seu braço.
Este é o caso de alguém que pratica um crime em estado de embriaguez acidental, 
completa e decorrente de caso fortuito.
Uma pessoa é ameaçada por outra que lhe aponta um revólver e a força a realizar 
a ingestão de uma grande dose de bebida alcoólica, provocando um estado de 
completa embriaguez.
A vítima, em seguida, é deixada em uma via pública e nesta acaba por discutir com 
uma terceira pessoa e, neste seu estado de completa embriaguez, acaba por agredi-
la, causando a fratura de seu braço.
Figura 4
Fonte: pixabay.com
Neste caso, o autor da lesão corporal está em estado de embriaguez completa 
decorrente de força maior.
Nesses dois últimos exemplos, os autores das lesões corporais não possuíam 
consciência quando da prática de suas condutas. Como não houve a voluntarie-
15
UNIDADE Culpabilidade
dade em se colocar nesse estado de embriaguez, eles não irão responder pelos 
fatos provocados.
Já se a embriaguez não for completa, nessas situações eles responderão pelos 
crimes praticados, mas com o direito a uma reduçãoda pena (1/3 a 2/3).
Preordenada
Nela o agente voluntariamente se embriaga para cometer o crime. Nesse caso, 
além de não excluir a imputabilidade, é considerada agravante genérica.
São situações em que o agente se utiliza de bebidas alcoólicas, drogas proibidas 
ou outras substâncias para, por exemplo, “criar coragem” para realizar um roubo. 
São situações extremamente graves que aumentam o risco de ocorrerem conse-
quências mais sérias para as vítimas, razão pela qual o legislador estipulou ser esta 
forma de embriaguez uma circunstância agravante – que deverá ser considerada 
pelo juiz quando do cálculo da pena.
Código Penal
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime:
[...]
II - ter o agente cometido o crime:
[...]
l) em estado de embriaguez preordenada.
Patológica
É a embriaguez do alcoólatra e do dependente de substância química. Essas 
situações são classificadas pela medicina como doenças mentais e, assim, são 
passíveis de causar a inimputabilidade ou a semi-imputabilidade, conforme estejam 
presentes ou não os requisitos de aferição no caso concreto.
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Emoção e Paixão
Quando nos deparamos com pessoas que praticaram crimes, vemos, com algu-
ma frequência, a seguinte situação:
Figura 5
Fonte: pixabay.com
A pessoa alega que:
 • Fiz aquilo, pois estava muito nervoso! Estava com muita raiva!
Dessa forma, precisamos saber como o Direito Penal lida com esse tipo
de emoção.
A resposta está no inciso I do artigo 28 do Código Penal.
Código Penal
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
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UNIDADE Culpabilidade
Há, contudo, certos crimes em que fortes emoções podem causar a diminuição 
de pena (desde que associadas a certos requisitos). Isso ocorre, por exemplo:
 · No homicídio;
Código Penal
Homicídio simples 
Art. 121 [...]
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida 
a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço.
 · Na lesão corporal.
Código Penal
Lesão corporal 
Art. 129 [...]
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida 
a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço.
Além disso, elas podem ser enquadradas como atenuantes genéricas, podendo 
ser aplicadas no cálculo de pena para todos os crimes.
Código Penal
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento 
de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, 
provocada por ato injusto da vítima;
Potencial Consciência da Ilicitude
O segundo elemento da culpabilidade é a potencial consciência da ilicitude.
Há duas situações diferentes que não podem ser confundidas:
 · Há uma presunção de que todas as pessoas conhecem a lei e não podem 
praticar condutas ilícitas alegando seu desconhecimento. Essa presunção é ab-
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soluta, não admitindo prova em contrário. Dessa forma, nosso Direito não ad-
mite o chamado erro de direito. Mas, não é esse o requisito da culpabilidade.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – Decreto-lei 4.657/42
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Código Penal
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. [...]
 · O que é requisito da culpabilidade é o potencial conhecimento da ilicitude 
do fato, ou seja, a possibilidade de o agente saber que aquilo que está 
fazendo é errado, que ele não deveria ter realizado determinada conduta, 
pois ela é incorreta.
Veja o seguinte exemplo:
Um vendedor de televisores sabe que tem a obrigação de entregar para os 
adquirentes desses aparelhos a nota fi scal e o termo de garantia.
Contudo, poucos, de verdade, sabem que não entregar o termo de garantia 
adequadamente preenchido é uma infração penal prevista no Código de Defesa do 
Consumidor – art. 74.
Se ele sabe que deve entregar o certifi cado e não o faz – ele tem potencial 
conhecimento da ilicitude de sua conduta, portanto, responderá pelo crime.
Dessa forma, o que se exige é que o agente tenha um conhecimento leigo 
(não-técnico) de que sua atuação é injusta (que ela é errada). Com isso temos que 
todas as pessoas sabem que é errado matar outras pessoas, furtar seus bens etc., 
portanto, podem responder por homicídio, furto etc. se praticarem essas condutas.
O que se deve buscar, na análise de um caso concreto, é se o agente tinha ou 
não condições de saber que sua conduta era errada.
Há, contudo, situações em que ele não tinha como alcançar a consciência de 
que aquilo que ele fez é injusto, sendo caracterizado que ele agiu por erro.
Essa forma de erro é chamada de erro de proibição.
No erro de proibição, o agente pensa agir corretamente, mas na verdade, prati-
ca um ilícito em razão de sua equivocada compreensão sobre o que é justo e o que 
é injusto.
Situações que envolvem a potencial consciência da ilicitude ocorrem, por exem-
plo, com estrangeiros que desconhecem diferenças culturais e de comportamento 
entre os seus países de origem e o que ocorre no Brasil, sendo que, dependendo 
da situação, esse desconhecimento pode acarretar o afastamento desse requisito 
da culpabilidade.
19
UNIDADE Culpabilidade
O erro de proibição possui dois tipos:
 · Erro de proibição inevitável: o agente não tinha condições de conhecer 
a ilicitude do fato em face das circunstâncias do caso concreto – sua 
consequência é a exclusão da culpabilidade e a absolvição.
 · Erro de proibição evitável: embora o sujeito desconhecesse que o fato 
era ilícito, ele tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, que 
contrariava o ordenamento jurídico (tinha potencial consciência da ilicitude). 
O agente será condenado, mas com a pena reduzida de 1/6 a 1/3.
Código Penal
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude 
do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um 
sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se 
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas 
circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Exigibilidade de Conduta Diversa
O último requisito da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa, ou seja, 
a expectativa social de que o agente tenha outro comportamento e não aquele que 
se efetivou.
Por outro lado, o Direito reconhece que há certas circunstâncias em que todos 
poderiam incidir e praticar crimes, razão pela qual há hipóteses em que esse ele-
mento da culpabilidade pode ser afastado.
No Código Penal há duas causas expressas que afastam este requisito: a coação 
moral irresistível e a obediência hierárquica.
Coação Moral Irresistível
A coação moral irresistível é a grave ameaça contra a qual o homem não conse-
gue resistir – ela incide sobre o próprio agente ou em pessoa que lhe seja próxima.
Ela não exclui a conduta, pois resta um resquício de vontade, mas exclui a cul-
pabilidade, pois afasta a exigibilidade de conduta diversa.
Um gerente de banco tem sua filha de 5 anos sequestrada por uma quadrilha que 
promete matá-la se ele não abrir o cofre da agência sem alertar à segurança. 
Se ele abrir o cofre e entregar os valores para os autores do crime, ele estará abriga-
do pela coação moral irresistível, que afasta a sua culpabilidade.
Em uma situação como esta, não é exigível que o gerente do banco faça algo diferente.
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Contudo, se a coação moral, apesar de séria, for resistível, não estará eliminada 
a culpa, estando presente somente uma circunstância atenuante (artigo 65, inciso 
III, alínea “c”, primeira parte, do Código Penal).
ObediênciaHierárquica
A obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, torna 
viciada a vontade do subordinado e afasta a exigência de conduta diversa.
Se o subordinado cumprir ordem ilegal, conhecendo sua ilegalidade, responde 
pelo crime praticado.
É o caso de um enfermeiro que, como de costume, aplica uma injeção com um 
medicamento prescrito pelo médico.
Ocorre que, neste caso, o médico deseja matar o paciente e receitou uma medicação 
que causará um irremediável comprometimento de seu coração.
Não poderia ser exigível do enfermeiro uma conduta diferente da que teve, assim, 
ele não responderá pelo crime.
Código Penal
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita 
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, 
só é punível o autor da coação ou da ordem.
Conclusão
O estudo da culpabilidade é essencial para entendermos o que é um crime, pois, 
ao contrário dos primeiros elementos (o fato típico e a antijuridicidade), o seu foco 
maior é na pessoa do agente.
Como vimos, há uma série de situações que, por afastarem a culpabilidade, 
permitem que o agente não seja penalmente responsabilizado ou tenha a sua 
sanção diminuída.
Concluída a análise da culpabilidade temos condições de, definitivamente, afir-
mar se o crime ocorreu ou não.
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UNIDADE Culpabilidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Constituição Federal
https://goo.gl/Venhdk
Código Penal
https://goo.gl/7JHg9n
Código de Processo Penal
https://goo.gl/wBCC8K
Lei das Contravenções Penais
https://goo.gl/HepSFy
22
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Referências
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. v. 1. 24. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
GONÇ ALVES, V. E, R. Curso de direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 
2015. (e-book)
ISHIDA, V. K. Curso de direito penal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. (e-book)
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
SARLET, Ingo Wolfgang. MARIONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. Curso 
de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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