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Aula 12
Direito Administrativo p/ Delegado de
Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso
Regular) 
Autor:
Rodolfo Breciani Penna
Aula 12
20 de Março de 2021
A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
Sumário 
Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 3 
1 – Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) ................................................................................ 3 
1.1 – Introdução ........................................................................................................................... 3 
1.2 – Natureza jurídica .................................................................................................................. 5 
1.3 – Elementos constitutivos do ato de improbidade administrativa ......................................... 5 
1.3.1 – Legitimidade passiva (sujeito ativo) ................................................................................................. 5 
1.3.1.1 – Agentes Públicos ................................ .......................................................................................... 6 
1.3.1.2 – Agentes políticos .......................................................................................................................... 6 
1.3.1.3 – Terceiros ....................................................................................................................................... 8 
1.3.2 – Legitimidade ativa ........................................................................................................................... 8 
1.3.3 – Sujeito passivo do ato ...................................................................................................................... 9 
1.3.4 – Espécies de ato de improbidade administrativa e conduta ímproba ............................................. 10 
1.3.5 – Elemento subjetivo (dolo ou culpa) ................................................................................................ 18 
1.4 – Sanções ............................................................................................................................. 18 
1.5 – Competência para julgamento da ação de improbidade administrativa .......................... 20 
1.6 – Procedimento administrativo de apuração de improbidade ............................................. 20 
1.7 – Procedimento judicial da ação civil pública por improbidade administrativa ................... 21 
1.7.1 – Pedidos e sentença ........................................................................................................................ 24 
1.7.2 – Acordo de não persecução cível e transação ................................................................................. 25 
1.8 – Medidas cautelares ............................................................................................................ 26 
1.9 – Prescrição .......................................................................................................................... 28 
1.9.1 – Imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário .............................................................. 29 
1.10 – Declaração de bens e valores .......................................................................................... 30 
Rodolfo Breciani Penna
Aula 12
Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) 
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A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
 
 
 
 2 
2 – Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) ........................................................................................ 31 
2.1 – Regras gerais .................................................................................................................................... 31 
2.2 – Extraterritorialidade da lei ................................................................................................................ 33 
2.3 – Dos atos lesivos à Administração Pública nacional ou estrangeira .................................................... 33 
2.4 – Responsabilização administrativa ...................................................................................................... 34 
2.4.1 – Sanções ......................................................................................................................................... 34 
2.4.2 – Processo administrativo ................................................................................................................. 36 
2.5 – Responsabilização judicial (cível) ....................................................................................................... 37 
2.5.1 – Sanções ......................................................................................................................................... 37 
2.5.2 – Processo civil de responsabilização por ato de corrupção ............................................................. 38 
2.6 – Prescrição ......................................................................................................................................... 38 
2.7 – Acordo de leniência .......................................................................................................................... 39 
Resumo .......................................................................................................................................... 40 
Jurisprudência Citada .................................................................................................................... 40 
Considerações Finais ..................................................................................................................... 74 
Questões Comentadas .................................................................................................................. 75 
Lista de Questões ........................................................................................................................ 113 
Gabarito ....................................................................................................................................... 126 
 
 
Rodolfo Breciani Penna
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A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
 
 
 
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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI 
8.429/92) E LEI ANTICORRUPÇÃO (LEI 
12.846/2013) 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Prezado aluno, na aula de hoje veremos todos os aspectos relacionados à improbidade 
administrativa (lei 8.429/92) e à lei anticorrupção (lei 12.846/2013), que podem ser considerados 
uma complementação da matéria “controle da Administração Pública”. 
Entretanto, possuem destacada importância, razão pela qual foram tratados de forma isolada. 
Vamos à nossa aula. 
Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir: 
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna 
1 – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92) 
1.1 – INTRODUÇÃO 
A responsabilização por improbidade administrativa tem base constitucional, prevista no art. 37, 
§4º, CF: 
Art. 37 (...) 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos 
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao 
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Por sua vez, a lei 8.429/92 regulamentou o dispositivo constitucional, prevendo os atos de 
improbidade administrativa, as sanções, os sujeitos que podem ser responsabilizados por estes 
atos e os procedimentos administrativo e judicial de apuração pertinentes. 
Rodolfo Breciani Penna
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APRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
 
 
 
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Conceito de ato de improbidade administrativa 
Ato de improbidade administrativa é uma conduta desonesta com a coisa 
pública, que afronte valores juridicamente protegidos (pela lei) e relevantes 
para o interesse público. 
Destaque-se que um ato de improbidade administrativa pode ou não 
configurar crime. 
A improbidade administrativa não se confunde com o princípio da moralidade, embora esteja 
ligado a ele. Alguns autores entendem que a probidade está contida na moralidade, sendo esta 
mais ampla que aquela. Outros autores, por sua vez, defendem o contrário, que a moralidade está 
contida na probidade, sendo esta mais ampla. Certo é que as expressões não se confundem, mas 
estão conectadas. 
O ato de improbidade administrativa sempre configura uma violação do princípio da moralidade, 
enquanto a violação do princípio da moralidade acarreta a anulação de um ato administrativo, mas 
nem sempre configurará ato de improbidade administrativa. Isto porque, para se configurar ato 
ímprobo, a conduta deve estar assim tipificada na lei. 
A lei de improbidade ainda traz algumas disposições gerais importantes que devem ser 
memorizadas: 
Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela 
estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e 
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. 
Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, 
do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. 
Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro 
beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio. 
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer 
ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança. 
Além dessas disposições, há ainda a obrigatoriedade de declaração de bens (art. 13), a ser 
estudada em tópico próprio. 
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1.2 – NATUREZA JURÍDICA 
 
O processo judicial de apuração e as sanções por improbidade administrativa 
possuem natureza jurídica cível. 
A ação judicial por improbidade administrativa é de natureza cível (ação civil 
pública por improbidade administrativa). 
Neste sentido, em virtude da independência entre as instâncias administrativa, civil e penal, a 
condenação por improbidade não impede ainda a responsabilização administrativa e penal. 
 
Jurisprudência do STJ 
 Nesta mesma linha, já decidiu o STJ que, no caso de prática de ato por 
improbidade administrativa, é possível a aplicação de demissão do servidor no 
âmbito do processo administrativo disciplinar, sem prejuízo da ação por improbidade 
administrativa (MS 14.140-DF. Informativo 505). 
 Por outro lado, a Corte Superior também possui entendimento de que não 
configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial em decorrência 
de condenação por acórdão do TCU e sentença condenatória em ação civil pública 
de improbidade administrativa pelo mesmo fato, desde que seja observada a 
dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da 
execução do título remanescente (REsp 1.413.674-SE. Informativo 584). 
1.3 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA 
1.3.1 – Legitimidade passiva (sujeito ativo) 
O sujeito ativo é aquele que pratica o ato de improbidade administrativa. Já a legitimidade 
passiva, é a capacidade conferida pela lei para figurar no polo passivo da ação por improbidade 
administrativa. Fiquem atentos! Vocês podem encontrar esses dois termos na prova. 
De acordo com o art. 1º, os atos de improbidade administrativa podem ser cometidos por 
qualquer agente público. Já o art. 3º da lei prevê que as suas disposições são aplicáveis “àquele 
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade 
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.” 
Assim, estão sujeitos ao processo e à sanção por improbidade administrativa: 
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a) Agentes públicos; 
b) Terceiros que induziram ou concorreram para a prática do ato; 
c) Terceiros que se beneficiem sob qualquer forma, direta ou indireta, do ato de improbidade. 
1.3.1.1 – Agentes Públicos 
O conceito de agente público é dado pela própria lei de improbidade administrativa (LIA): 
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, 
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, 
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
Este é o conceito usado ainda pela doutrina em geral para identificar os agentes públicos em 
qualquer situação, não apenas naquelas relacionadas à improbidade. 
 
Verifica-se que a qualificação de uma pessoa como agente público independe do 
pagamento de remuneração e pode ocorrer ainda que o vínculo com a 
Administração seja transitório. 
Logo, por exemplo, um estagiário na Administração Pública ou um agente em 
colaboração que atue por delegação, ainda que sem remuneração, estão sujeitos às 
disposições da lei de improbidade como agentes públicos. 
No entanto, o art. 2º restringe, de certa forma, o conceito de agente público, estabelecendo que 
somente estarão sujeitos à lei de improbidade aqueles que exercem suas funções nas entidades 
previstas no art. 1º. É o que estudaremos no item 1.3.4. 
1.3.1.2 – Agentes políticos 
Muito embora os agentes políticos sejam considerados agentes públicos em sentido amplo, 
sempre houve muita discussão na doutrina e na jurisprudência quanto à sua sujeição à lei de 
improbidade. Isto porque os agentes políticos, na maioria dos casos, estão sujeitos à um regime 
especial de responsabilidade política, cujos atos ilícitos são denominados crime de 
responsabilidade. 
Isto porque a Constituição Federal previu um regime especial de responsabilização político-
administrativa (crime de responsabilidade) a determinados agentes políticos (arts. 52, I, 85, V, 102, 
I, “c”, dentre outras normas da CF). O Presidente da República, os Ministros de Estado, os 
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Ministros do STF e o Procurador-Geral da República se submetem ao procedimento da lei 
1.079/50. Os Prefeitos, ao procedimento do Decreto-Lei 201/1967. Enquanto os Governadores e 
seus secretários estão sujeitos à lei 7.106/83. 
Quanto a este ponto, a doutrina aponta três entendimentos: 
a) Corrente restritiva: para esse entendimento, os agentes políticos se submetem a regras 
específicas do crime de responsabilidade e não à lei de improbidade administrativa, sob 
pena de se configurar bis in idem; 
b) Corrente ampliativa: admite a aplicação tanto da lei de improbidade administrativa, quanto 
do regime dos crimes de responsabilidade, sem que se configure bis in idem, uma vez que 
natureza jurídica de cada regime é diferente; 
c) Corrente intermediária: os agentes políticos podem ser réus na ação de improbidade, 
desde que o ato não configure crime de responsabilidade, situação na qual estarão sujeitos 
apenas ao regime diferenciado. 
Na jurisprudência, houve variações de entendimentos durante o tempo. O STF já havia adotado a 
primeira corrente, entendimento que hoje está superado pela própria Corte. 
E qual entendimentoé válido hoje e deve ser adotado em provas? 
 
Jurisprudência do STF e do STJ 
 STF: Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-
se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à 
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à 
responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade (Pet 3240, 
AgR/DF, julgamento em 10.5.2018, Informativo 901). 
 STJ: A Corte Especial do STJ, no julgamento da Rcl 2.790/SC, pacificou o 
entendimento de que os agentes políticos podem ser processados por seus atos 
pela Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92), ressalvado apenas o Presidente 
da República (AgRg no AREsp 46.546/MA). 
 STJ: Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de 
Improbidade Administrativa - LIA, sem prejuízo da responsabilização política e 
criminal estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967 (REsp 1.135.767-SP, Informativo 
436). 
Logo, o entendimento pacificado e que deve ser levado para as provas é de que todos 
os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, estão sujeitos à lei de 
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improbidade administrativa, sem prejuízo da responsabilidade político-administrativa 
por crime de responsabilidade. 
1.3.1.3 – Terceiros 
O terceiro particular, conforme visto, também responde por ato de improbidade administrativa 
em duas situações: 
a) Se participar do ato: induzir ou concorrer para a sua prática; 
b) Se foi beneficiado de qualquer forma, direta ou indireta, pelo ato ímprobo. 
No entanto, o particular não pode ser responsabilizado isoladamente por improbidade 
administrativa. Somente poderá fazer parte do polo passivo da ação em litisconsórcio 
passivo com o agente público que praticou o ato ímprobo. 
Vale destacar que não há litisconsórcio passivo necessário na ação de improbidade. A ação pode 
ser proposta apenas em face do agente público, ainda que haja participação de terceiro. O que 
não pode ocorrer é a propositura da ação apenas em face do terceiro. 
 
Jurisprudência do STJ 
 É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa 
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público 
no polo passivo da demanda (REsp 1.171.017-PA. Informativo 535). 
 Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo necessário 
entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo. REsp 896.044-
PA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/9/2010. Informativo 447. 
➢ Pessoa Jurídica 
Segundo o STJ (REsp 970.393/CE), a lei de improbidade administrativa se aplica a pessoas 
jurídicas. Considerando que as pessoas jurídicas podem ser beneficiadas e condenadas por atos 
ímprobos, é de se concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de uma 
demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios (mas devem figurar em 
litisconsórcio passivo necessário com o agente público ímprobo). 
1.3.2 – Legitimidade ativa 
A legitimidade ativa é a possibilidade de propor a ação civil pública por improbidade 
administrativa (ACPIA). De acordo com a lei 8.429/92, as partes legítimas são as seguintes: 
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a) Ministério Público; 
b) Pessoa jurídica interessada. 
O Ministério Público, por sua vez, possui atuação destacada na ACPIA. Se não intervir no processo 
como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei, sob pena de nulidade. Por outro lado, se 
o autor desistir da ação, o Ministério Público poderá assumir o polo ativo, tendo em vista a 
aplicação analógica do art. 9º da lei 4.717/65 (ação popular) e do art. 5º, §3º, da lei 7.347/85 (ação 
civil pública), visto que integra o denominado “microssistema das ações coletivas”. 
Por outro lado, o STJ possui o entendimento de que o Ministério Público tem legitimidade ad 
causam para a propositura de Ação Civil Pública objetivando o ressarcimento de danos ao erário, 
decorrentes de atos de improbidade (REsp 1.069.723-SP, Informativo 384). Essa ação não é a de 
improbidade propriamente dita, pois não busca aplicar as sanções previstas na lei. Trata-se de 
ação de ressarcimento ao erário, com base em ato de improbidade. 
Já a pessoa jurídica interessada é a “vítima” do ato ímprobo (o sujeito passivo do ato), conforme 
veremos no próximo tópico. 
1.3.3 – Sujeito passivo do ato 
O sujeito passivo é a vítima do ato de improbidade administrativa. É aquele que sofre as 
consequências negativas do ato, sejam elas patrimoniais, sejam relacionadas aos princípios 
administrativos. 
O sujeito passivo mediato será sempre a sociedade, tendo em vista que é a titular do patrimônio 
e do interesse público. Já o sujeito passivo imediato é o órgão ou entidade que sofre diretamente 
o prejuízo. 
O art. 1º da lei 8.429/92 elenca os sujeitos que podem ser vítimas do ato de improbidade 
administrativa: 
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou 
não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa 
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário 
haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da 
receita anual, serão punidos na forma desta lei. 
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade 
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou 
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação 
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do 
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patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à 
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. 
A lei amplia bastante o rol de órgãos e entidades que podem ser “vítimas” do ato de improbidade, 
podendo serem assim resumidos: 
a) Órgãos da Administração direta; 
b) Entidades da Administração indireta (todos); 
c) Empresa incorporada ao patrimônio público, ainda que não integrante da Administração 
indireta; 
d) Entidade para cuja criação ou custeio o erário tenha concorrido com mais de 50% do 
patrimônio ou da receita anual. 
Há ainda, no parágrafo único, a definição de entidades que podem ser vítimas de improbidade, 
cuja responsabilização do agente será limitada, pois a sanção patrimonial, nestes casos, é restrita 
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos: 
a) Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício; 
b) Entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 
50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita anual. 
 
No entanto, a lei não mencionou as concessionárias de serviços públicos. Assim, 
ainda que se considerem os empregados ou dirigentes dessas pessoas jurídicas 
privadas como agentes públicos para outros fins, estes não estarão sujeitos às 
cominações da lei de improbidade administrativa, salvo se forem enquadrados no 
art. 3º da referida lei como participantes ou beneficiários do ato. 
1.3.4 – Espécies de ato de improbidade administrativa e conduta ímproba 
Atualmente, existem quatro espécies de ato de improbidade administrativa na LIA: 
Espécies de ato de improbidade administrativaArt. 9º Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito. 
Art. 10 Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário. 
Art.10-A Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação 
Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário. 
Art. 11 Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da 
Administração Pública. 
Cada um desses dispositivos traz um rol aberto de condutas que configuram ato de improbidade 
em suas respectivas modalidades. 
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Prevalece o entendimento de que o rol estabelecido em cada artigo é exemplificativo, 
tendo em vista a expressão “notadamente” para tratar das condutas em específico. 
Assim, seria possível a configuração de improbidade em ato não previsto 
expressamente nas listas, desde que se preencham os requisitos do caput. Isso é 
possível especialmente quanto aos atos de improbidade que atentam contra os 
princípios administrativos. 
Exemplo disso é o julgado pelo STJ no REsp 1.177.910-SE (noticiado no informativo 577) em que 
foi decidido que a tortura praticada por servidor público é ato de improbidade administrativa que 
atenta contra os princípios administrativos, muito embora não esteja expressamente prevista no 
rol do art. 11. 
Quanto às condutas expressamente previstas, é necessário memorizar, ao menos, aquelas que 
mais são cobradas, pois as bancas cobram questões em que se pede em qual espécie se encaixam 
determinadas condutas. Ao analisar cada lista de condutas, tentarei fornecer algumas dicas para 
ajudar na memorização dos principais casos. 
Já quanto às sanções previstas para cada espécie, veremos separadamente no tópico 1.4. 
a) Atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito (art. 9º) 
A hipótese geral é: “auferir (obter) qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do 
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º 
desta lei”. Neste sentido, os requisitos são: 
i. Recebimento de vantagem indevida (independentemente de danos ao erário); 
ii. Conduta dolosa por parte do agente ou terceiro (não se admite modalidade 
culposa); 
iii. Nexo causal entre a conduta do agente público e o recebimento da vantagem. 
O ponto central desta espécie de improbidade é o recebimento de vantagem indevida, 
ainda que não cause prejuízo ao erário. As suas espécies são: 
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem 
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de 
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou 
omissão decorrente das atribuições do agente público; 
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou 
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 
1° por preço superior ao valor de mercado; 
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III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou 
locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao 
valor de mercado; 
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de 
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no 
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros 
contratados por essas entidades; 
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a 
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de 
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; 
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração 
falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre 
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função 
pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio 
ou à renda do agente público; 
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para 
pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação 
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade; 
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública 
de qualquer natureza; 
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato 
de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; 
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores 
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; 
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo 
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. 
Veja que o inciso I não exige que o interesse de terceiro seja efetivamente atingido. Basta a mera 
possibilidade de ser atendido pelo agente que recebeu qualquer tipo de vantagem econômica 
para se configurar a hipótese. 
Portanto, em provas, sempre que a conduta importar em enriquecimento do agente ou de 
terceiros, será hipótese do art. 9º da LIA. 
b) Atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário (art. 10) 
A hipótese geral é: “qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, 
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas 
no art. 1º desta lei”. Os requisitos podem ser assim resumidos: 
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i. Prejuízo ao erário; 
ii. Conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; 
iii. Nexo de causalidade entre a ação ou omissão e o prejuízo sofrido pelo erário. 
 
Importa notar que os atos de improbidade que causam lesão ao erário 
podem ser configurados na modalidade culposa. De fato, é a única espécie 
de improbidade que admite a modalidade culposa, todos os demais 
somente podem ser cometidos de forma dolosa. 
Por outro lado, não há necessidade de enriquecimento do agente público. A expressão erário 
compreende os recursos financeiros dos cofres públicos ou destinados pelo Estado às demais 
entidades citadas no art. 1º. 
As espécies de ato ímprobo que causam lesão ao erário são as seguintes: 
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de 
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial 
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas 
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, 
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins 
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legaise 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de 
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte 
delas, por preço inferior ao de mercado; 
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior 
ao de mercado; 
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar 
garantia insuficiente ou inidônea; 
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de 
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; 
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; 
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à 
conservação do patrimônio público 
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XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer 
forma para a sua aplicação irregular; 
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou 
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou 
terceiros contratados por essas entidades. 
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços 
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; 
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação 
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. 
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular 
de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela 
administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a 
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas 
ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante 
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares 
aplicáveis à espécie; 
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância 
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas 
sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua 
aplicação irregular; 
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas 
sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua 
aplicação irregular. 
Em regra, para configuração do ato de improbidade administrativa que causa prejuízo 
ao erário é necessária a comprovação da efetiva lesão ao patrimônio público. 
Entretanto, na hipótese específica de frustração da licitude de licitação (VIII) o prejuízo 
é presumido. 
 
Para caracterização dos atos de improbidade administrativa descritos no art. 
10 da Lei n. 8.429/1992, é indispensável a comprovação da lesão ao erário, 
exceto nas hipóteses específicas do inciso VIII do referido dispositivo, nas 
quais se enquadra o caso em comento, uma vez que o prejuízo é presumido 
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(in re ipsa). (AREsp 1507319/PB, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2020, DJe 10/03/2020). 
c) Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da Administração 
Pública (art. 11) 
A hipótese geral é: “qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, 
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”. Os princípios citados são meramente 
exemplificativos. Os requisitos são: 
i. Violação a princípio da Administração Pública; 
ii. Conduta dolosa (não admite a modalidade culposa); 
iii. Nexo causal. 
 
Nos termos da jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, os 
atos de improbidade administrativa descritos no artigo 11 da Lei nº 8429/92 
dependem da presença do dolo genérico (este consubstanciado na atuação 
deliberada no sentido de praticar ato contrário aos princípios da Administração 
Pública), mas dispensam a demonstração da ocorrência de dano para a 
Administração Pública ou enriquecimento ilícito do agente” (AgInt no AREsp 
1121329/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
19/06/2018, DJe 26/06/2018). 
Os atos expressamente citados que atentam contra os princípios Administrativos são: 
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra 
de competência; 
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva 
permanecer em segredo; 
IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
V - frustrar a licitude de concurso público; 
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação 
oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou 
serviço. 
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação. 
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X - transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde 
sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do 
parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. 
Os incisos IV e IX são muito cobrados em provas. O inciso I trata do desvio de finalidade e o inciso 
II trata da omissão dolosa (lembrem que para configurar o ato ímprobo do art. 11 é necessário 
dolo). 
 
Uma dica é que quase todas as condutas ímprobas relacionadas a parcerias são 
consideradas ato de improbidade que causam lesão ao erário. Apenas uma 
conduta relacionada a parceria não está no art. 10: “transferir recurso a 
entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde sem a 
prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos 
do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990”, 
que consiste em ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios administrativos. 
Logo, todos os atos ímprobos relacionados a “parcerias” são da espécie que 
causa prejuízo ao erário (art. 10), exceto as parcerias relacionadas a serviços na 
área da saúde, que configura espécie que atenta contra os princípios (art. 11). 
Outra dica é que as condutas violadoras das normas de licitaçãofazem parte das espécies que 
causam prejuízo ao erário. Por outro lado, as condutas ímprobas relacionadas a concursos públicos 
atentam contra os princípios administrativos (art. 11). 
d) Atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão ou aplicação indevida de 
benefício financeiro ou tributário (art. 10-A) 
O art. 10-A dispõe, expressamente: 
Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, 
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e 
o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. 
Em resumo, são duas hipóteses em que pode ser caracterizada esta modalidade de improbidade: 
a) Fixação de alíquota mínima do ISS em patamar inferior a 2% (art. 8º-A, caput, da LC 
116/2003); 
b) Concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros relativos ao ISS, 
que resultem em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima 
de 2%, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista 
anexa à LC 116/2003 (art. 8º-A, §1º, LC 116/2003). 
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O primeiro ponto é que somente os agentes públicos municipais ou do Distrito Federal estão 
sujeitos a praticar esses atos administrativos, considerando que o ISS é um imposto municipal. No 
entanto, é possível que terceiros que concorreram para o ato ou dele se beneficiaram também 
sejam responsabilizados com base neste dispositivo. 
Em segundo lugar, o objetivo do legislador ao prever essa espécie de improbidade é evitar a 
guerra fiscal entre Municípios. 
Destaque-se ainda que esta espécie de improbidade foi inserida pela lei complementar nº 
157/2016 e somente teve vigência a partir de 30/12/2017. 
Por fim, para se configurar o ato de improbidade do art. 10-A, a conduta do agente deve ser 
praticada com dolo, não se admitindo a modalidade culposa. 
e) Improbidade na Ordem Urbanística (art. 52, lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade) 
Trata-se de hipótese específica de ato improbidade administrativa relacionada à tutela da ordem 
urbanística. São atos praticados pelo Prefeito (ou Governador do DF), sem prejuízo da punição de 
outros agentes públicos envolvidos, quando: 
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel 
incorporado ao patrimônio público, conforme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei; 
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto no 
art. 26 desta Lei 
IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de construir e de alteração 
de uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Lei; 
V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em desacordo com o previsto no 
§ 1o do art. 33 desta Lei; 
VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III do § 4o do art. 40 
desta Lei 
VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto no § 
3o do art. 40 e no art. 50 desta Lei; 
VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei, 
pelo valor da proposta apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de mercado. 
No entanto, o Estatuto da Cidade não previu sanções por estes atos, devendo ocorrer a sua 
interpretação em conformidade com a lei 8.429/92, em especial o art.12. Assim, deve-se verificar 
se a conduta do Prefeito importou em enriquecimento ilícito, causou lesão ao erário ou atentou 
contra os princípios administrativos. 
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1.3.5 – Elemento subjetivo (dolo ou culpa) 
De acordo com o STJ, é inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei n. 8.429/1992, 
exigindo-se a presença de dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e 
o atentado aos princípios administrativos, respectivamente) e ao menos de culpa nos termos do 
art. 10, que censura os atos de improbidade por dano ao Erário (REsp 1.193.248-MG, Informativo 
540). 
O elemento subjetivo do ato, portanto, é o dolo ou, no caso do art. 10, a culpa, sendo impossível 
a responsabilização de qualquer pessoa sem demonstração deste elemento. 
Vejamos a jurisprudência recente do STJ: 
 
O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei n. 8.429/92 não requer 
a demonstração de dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas exige a 
demonstração de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico, sendo 
suficiente o dolo genérico (AgRg no REsp 1500812/SE, julgado em 21/05/2015). 
Por outro lado, há relevante discussão quanto à possibilidade de responsabilização por 
improbidade administrativa no caso de omissão. Em primeiro lugar, é válido destacar que o art. 
10 prevê expressamente que a omissão, dolosa ou culposa, enseja a responsabilidade por 
improbidade em razão de prejuízo ao erário. 
Os demais dispositivos não preveem expressamente a omissão. Entretanto, em alguns incisos é 
possível verificar a previsão de conduta omissiva, tal como o art. 9º, V (receber vantagem 
econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de 
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra 
atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem), X (receber vantagem econômica de 
qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a 
que esteja obrigado) e o art. 11, II (retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício). 
No entanto, ainda que se admita a modalidade omissiva nos arts. 9º e 11, a omissão deverá ser, 
necessariamente, dolosa. 
1.4 – SANÇÕES 
As sanções estão previstas no art. 12 da lei 8.429/92. Passarei a dispor sobre elas de forma 
esquematizada para facilitar a memorização. 
Enriquecimento ilícito Lesão ao erário Violação de princípios 
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Perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio; 
Perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio, se concorrer esta 
circunstância; 
- 
Ressarcimento integral do 
dano, quando houver; 
Ressarcimento integral do 
dano; 
Ressarcimento integral do 
dano, se houver; 
Perda da função pública; Perda da função pública; Perda da função pública; 
Suspensão dos direitos 
políticos de oito a dez anos; 
Suspensão dos direitos 
políticos de cinco a oito anos; 
Suspensão dos direitos 
políticos de três a cinco anos; 
Multa civil de até três vezes o 
valor do acréscimo 
patrimonial; 
Multa civil de até duas vezes o 
valor do dano; 
Multa civil de até cem vezes o 
valor da remuneração do 
agente; 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de dez anos. 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de cinco anos. 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de três anos. 
Já para o caso do art. 10-A, são cominadas as sançõesde perda da função pública, suspensão dos 
direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício 
financeiro ou tributário concedido. 
As sanções previstas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, devendo o juiz levar em 
conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente. Veja 
como já decidiu o STJ: 
 
 O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas 
previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/92, podendo, mediante adequada 
fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as 
consequências da infração (REsp 1.191.613-MG. Informativo 560). 
 A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade 
administrativa implica reexame do conjunto fático-probatório dos autos, 
encontrando óbice na súmula 7/STJ, salvo se da leitura do acórdão recorrido verificar-
se a desproporcionalidade entre os atos praticados e as sanções impostas (EREsp 
1.215.121-RS, Informativo 549). 
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1.5 – COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA 
A competência para processar e julgar a ação civil pública de improbidade administrativa será 
sempre do juízo de primeiro grau, independentemente do agente que compõe o polo passivo. 
Por se tratar de ação cível, não há que se falar em foro por prerrogativa de função, conforme já se 
manifestaram os Tribunais Superiores. 
A competência territorial é do juízo do local do dano ao erário, nos termos do art. 2º da lei 
7.347/85 (lei da ação civil pública), aplicável às ações de improbidade em razão de comporem o 
microssistema de tutela coletiva. 
Por outro lado, será da justiça federal a competência quando a ação for proposta pelo Ministério 
Público Federal ou quando forem parte (ativa ou passiva) as pessoas indicadas no art. 109, I, da 
CF. Nos demais casos, a competência é da Justiça Estadual. 
Vejamos os julgados pertinentes: 
 
Jurisprudência do STF e do STJ 
 STF: O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal 
(CF) em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de 
improbidade administrativa. (Pet 3240, AgR/DF, julgamento em 10.5.2018, 
Informativo 901). 
 STJ: A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas 
instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro 
privilegiado (AgRg na Rcl 12.514-MT. Informativo 527). 
Por fim, dispõe o art. 17, §5º, que a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas 
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 
1.6 – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE APURAÇÃO DE 
IMPROBIDADE 
Os arts. 14 e 15 da lei 8.429/92 preveem os procedimentos que podem ser adotados em âmbito 
administrativo para investigação dos atos de improbidade administrativa e a providências que 
podem ser tomadas: 
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Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente 
para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de 
improbidade. 
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a 
qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação 
das provas de que tenha conhecimento. 
Vale o destaque, quanto ao parágrafo primeiro, de que a representação pode ser oral, desde que 
seja reduzida a termo e assinada pelo representante. Além disso, qualquer que seja a forma, deve 
conter a qualificação do representante. No entanto, o STF e o STJ já admitiram a denúncia 
anônima, quando fundada (STF: HC 99.490; STJ: RMS 32.065). 
Se a representação não contiver as formalidades do §1º, a autoridade administrativa deverá 
rejeitá-la em despacho fundamentado, o que não impede que a mesma representação seja feita 
ao Ministério Público (art. 14, §2º). 
Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos 
que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 
da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com 
os respectivos regulamentos disciplinares (art. 14, §3º). 
A comissão processante da investigação deverá dar conhecimento ao Ministério Público e ao 
Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a 
prática de ato de improbidade. Estes órgãos podem, a requerimento, designar representante para 
acompanhar o procedimento investigatório (art. 15). 
1.7 – PROCEDIMENTO JUDICIAL DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
A ação civil pública de improbidade administrativa (ACPIA) deve seguir o rito ordinário do CPC, 
com as modificações estabelecidas pela lei 8.429/92. A petição inicial deve preencher os requisitos 
do Código processual, tendo em vista a natureza cível da ação, e será instruída com documentos 
ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com 
razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada 
a legislação vigente. 
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação 
do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com 
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias 
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A lei 8.429/92 estabeleceu um procedimento de defesa prévia do acusado. Neste 
procedimento, quando a inicial é protocolada, se estiver em devida forma, o juiz 
manda autuar e manda notificar o requerido (não manda citar) para apresentar 
defesa prévia (e não para apresentar contestação). 
Esse procedimento ocorre antes do “recebimento” da inicial, que somente será 
recebida se existirem indícios da prática do ato de improbidade. Por isto, neste 
momento, a manifestação do requerido deve ser no sentido de convencer o juiz da 
inexistência do ato de improbidade, improcedência da ação ou inadequação da via 
eleita. 
Apenas se houverem indícios da prática do ato, após a defesa prévia, é que a petição 
inicial será recebida e o requerido citado para contestar. O STJ já definiu que, nesta 
fase, vigora o princípio in dubio pro societate, bastando meros indícios para o 
recebimento da inicial. 
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, 
rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da 
improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. 
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação. 
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. 
Caso a petição inicial seja recebida, a decisão de recebimento será uma decisão 
interlocutória, sendo cabível agravo de instrumento contra ela. Por outro lado, caso a 
inicial seja preliminarmente rejeitada quanto a todos os requeridos, por um dos motivos 
do §8º, o recurso cabível será a apelação, tendo em vista que esta decisão extingue o 
processo. No entanto, se a rejeição preliminar disser respeito a apenas um dos 
requeridos, o recurso será o agravo de instrumento, vez que o processo continua em 
relação aos demais requeridos (STJ). 
Este procedimento é específico das ações de improbidade, não se aplicando às ações de 
ressarcimento ao erário, ainda que fundadasem ato de improbidade administrativa. Trata-se de 
duas ações distintas, pois a primeira busca a condenação do requerido nas sanções da LIA, 
enquanto a segunda objetiva a condenação do agente ao ressarcimento do erário público. 
Jurisprudência do STJ 
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 A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, prevista no art. 17, § 7º, 
da Lei de Improbidade Administrativa, só acarreta nulidade processual se houver 
comprovado prejuízo (pas de nullité sans grief). EDcl no REsp 1.194.009-SP, Rel. 
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgados em 17/5/2012 (informativo 497). 
 A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos autoriza o recebimento 
fundamentado da petição inicial nos termos do art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n. 
8.429/92, devendo prevalecer, no juízo preliminar, o princípio do in dubio pro 
societate (REsp 1.192.758-MG. Informativo 547). 
 Nas ações de improbidade administrativa, é admissível a utilização da prova 
emprestada, colhida na persecução penal, desde que assegurado o contraditório e 
a ampla defesa (REsp 1.189.192-GO. Informativo 440). 
 O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei n. 8.429/92, que prevê um 
juízo de delibação para recebimento da petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º), precedido 
de notificação do demandado (art. 17, § 7º), somente é aplicável para ações de 
improbidade administrativa típicas. Não se aplica às ações de ressarcimento ao 
erário com base em ato de improbidade. (Recurso repetitivo - TEMA 344. REsp 
1.163.643-SP. Informativo 428). 
 O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como parte 
no Superior Tribunal de Justiça nas ações de improbidade administrativa, 
reservando-se ao Ministério Público Federal a atuação como fiscal da lei (AgRg no 
AREsp 528143/RN). 
Após o recebimento da petição inicial, o processo segue o procedimento comum do CPC, sendo 
o requerido citado para contestar. 
 
Possibilidade de intervenção móvel por parte da pessoa jurídica lesada: 
Art. 17, §3º: “No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, 
aplica-se, no que couber, o disposto no § 3º do art. 6º da Lei no 4.717, de 29 de 
junho de 1965.” 
O dispositivo citado permite que, nas ações populares (também aplicável às ações 
civis públicas), as pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado, cujo ato 
seja objeto de impugnação, podem se abster de contestar o pedido, ou poderá 
atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo 
do respectivo representante legal ou dirigente. 
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Essa possibilidade, denominada de “intervenção móvel”, também é aplicável às 
ações de improbidade propostas pelo Ministério Público. Vale destacar, entretanto, 
que o STJ possui entendimento de que essa atitude somente poderá ser tomada se 
o Poder Público tomou as providências para correção do ato. 
1.7.1 – Pedidos e sentença 
O pedido principal da ACPIA é a condenação do requerido nas sanções do art. 12, podendo 
requerer a aplicação de uma, algumas ou todas as sanções previstas para a espécie do ato 
ímprobo. 
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar 
a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos 
bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. 
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: 
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de 
ressarcimento; 
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal 
ou Conselho de Contas. 
 
Jurisprudência do STJ 
 Todas as penalidades do art. 12, decorrentes do ato de improbidade 
administrativa, podem ser aplicadas pelo juiz, independentemente de pedido 
explícito pelo autor da ação. De acordo com a Corte, não há sentença extra petita 
no caso, uma vez que todas as sanções previstas na lei são pedidos implícitos da 
ACPIA, ao passo que o requerido se defende dos fatos e não dos pedidos (AgInt no 
REsp 1628455/ES, julgado em 06/03/2018, DJe 12/03/2018). 
 A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de 
improbidade administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na 
aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 
da Lei nº 4.717/65, independentemente do valor da sucumbência, a exemplo do que 
ocorre na ação popular (EREsp 1.220.667-MG. Informativo 607). 
Por fim, a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o 
trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 20). 
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1.7.2 – Acordo de não persecução cível e transação 
Originalmente, a lei 8.429/92 vedava de forma peremptória a transação, o acordo ou a conciliação 
na ACPIA. No entanto, essa regra foi recentemente alterada para permitir o acordo de não 
persecução cível: 
 
Art. 17 (...) 
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de não 
persecução cível, nos termos desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer 
ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 
(noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
Apesar da previsão legislativa, a lei 8.429/92 não estabeleceu parâmetros procedimentais e 
materiais a serem observados neste ajuste. A regulamentação do referido acordo até foi prevista 
no projeto de lei, mas foi integralmente vetada pelo Presidente da República. 
Diante disso, é possível que a própria Administração Pública ou o Ministério Público poderão 
regulamentar o procedimento do acordo de não persecução cível. 
Por sua vez, Rafael Carvalho1, talvez antecipando a referida alteração, leciona que, na tutela de 
direitos coletivos, é possível e frequente a celebração de TACs (Termo de Ajustamento de 
Conduta), em que não há composição acerca do direito material em si, haja vista que o Poder 
Público não pode dele dispor. A transação diz respeito apenas à forma, o modo e os prazos de 
cumprimento das obrigações. 
Vale destacar ainda que apenas os legitimados para a propositura da ACPIA podem celebrar o 
referido acordo. 
Ademais, em que pese a ausência de parâmetros na lei, a doutrina tem sustentado que a 
celebração do acordo deve gerar algum benefício ao interesse público, especialmente relacionado 
à rápida elucidação do ilícito, seja pela confissão do requerido, seja pela sua colaboração 
apresentando os fatos, documentos e demais elementos probatórios. 
 
 
1 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. 
P. 925. 
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Outrossim, a reparação integral do dano causado é indispensável à celebração do acordo, tendo 
em vista o art. 5º da lei 8.429/92. 
Outra dúvida deixada pela lei diz respeito à necessidade ou não de homologação judicial do 
acordo, o que parece ser necessário diante da reserva jurisdicional para aplicação das sanções do 
art. 12 da LIA. 
No mais, cabe-nos aguardar a manifestação dos Tribunais Superiores quanto a este novoinstituto. 
1.8 – MEDIDAS CAUTELARES 
A lei 8.429/92 prevê ainda medidas cautelares com o objetivo de assegurar o resultado prático de 
uma eventual sentença condenatória. As medidas cautelares da LIA seguem a regra geral das 
tutelas de urgência do ordenamento jurídico, ou seja, exigem a demonstração do periculum in 
mora e do fumus boni iuris, embora existam algumas peculiaridades, conforme veremos. 
As medidas previstas pela lei são as seguintes: 
a) Afastamento preventivo do agente público (art. 20, parágrafo único): a autoridade judicial 
ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do 
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida 
se fizer necessária à instrução processual; 
Essa medida busca evitar a influência do servidor investigado no processo. Embora o dispositivo 
não estabeleça prazo máximo de afastamento, o STJ já se pronunciou no sentido de que deverá 
observar o prazo máximo de 180 dias. Vale destacar ainda que o afastamento ocorre sem prejuízo 
da remuneração. 
b) Sequestro (art. 16): havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão 
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo 
competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha 
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público; 
Neste caso, não é apenas o agente público que está sujeito à medida cautelar, o terceiro 
participante ou beneficiário do ato também poderá sofrer a medida de sequestro. 
c) Bloqueio de bens (art. 16, §2º): quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame 
e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no 
exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais; 
d) Indisponibilidade dos bens (art. 7º): quando o ato de improbidade causar lesão ao 
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa 
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responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos 
bens do indiciado. 
A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o 
integral ressarcimento do dano ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento 
ilícito (§1º). 
Embora o dispositivo do art. 7º tenha citado expressamente apenas o ato de improbidade que 
causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, a jurisprudência é pacífica no 
sentido de que é possível aplicar a indisponibilidade para atos de improbidade que atentam contra 
os princípios da Administração Pública. 
Além disso, o STJ possui entendimento pacífico de que é desnecessária a demonstração 
de prática de atos (ou a sua tentativa) que induzam a conclusão de risco de alienação, 
oneração ou dilapidação patrimonial de bens do acionado para decretação da 
indisponibilidade. De acordo com a Corte, o periculum in mora é presumido neste caso. 
Neste ponto da matéria, é muito importante conhecer a jurisprudência do STJ. Por este motivo, 
passamos a dispor sobre ela de forma esquematizada: 
 
Jurisprudência do STJ: 
1) Aplica-se a medida cautelar de indisponibilidade dos bens do art. 7º aos atos de improbidade 
administrativa que impliquem violação dos princípios da administração pública do art. 11 da LIA 
(AgRg no REsp 1.299.936-RJ. Informativo 523). 
2) O afastamento cautelar do agente público de seu cargo, previsto no parágrafo único do art. 
20 da Lei n. 8.429/92, é medida excepcional que pode perdurar por até 180 dias (REsp 895.415-
BA. Informativo 379). 
3) É possível o deferimento da medida acautelatória de indisponibilidade de bens em ação de 
improbidade administrativa nos autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, 
portanto, antes da notificação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92 (REsp 895.415-
BA. Informativo 379). A medida cautelar pode ser concedida até mesmo antes da propositura 
da ação e da oitiva do réu. 
4) É possível a decretação da indisponibilidade de bens do promovido em ação civil Pública por 
ato de improbidade administrativa, quando ausente (ou não demonstrada) a prática de atos (ou 
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a sua tentativa) que induzam a conclusão de risco de alienação, oneração ou dilapidação 
patrimonial de bens do acionado, dificultando ou impossibilitando o eventual ressarcimento 
futuro. O periculum in mora é presumido (REsp 1.366.721-BA. Informativo 547). 
5) Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode recair sobre 
aqueles adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar em consideração, o valor de 
possível multa civil como sanção autônoma (REsp 1.176.440-RO. Informativo 533). 
6) A indisponibilidade dos bens do requerido pode recair, inclusive, sobre o bem de família, t 
pois tal medida não implica em expropriação do bem (REsp 1204794/SP). 
7) A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu de modo suficiente a 
garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, 
ainda, o valor de possível multa civil como sanção autônoma (STJ. AgRg no REsp 1311013 / RO). 
Por fim, se houver concessão de medida cautelar antecipada, isto é, em processo autônomo 
antecedente, a ação principal deverá ser proposta dentro de trinta dias da efetivação da medida 
cautelar. O prazo não é contado da concessão da medida, mas de sua efetivação. 
1.9 – PRESCRIÇÃO 
A prescrição é a extinção do poder que a Administração Pública e o Ministério Público possuem 
de propor a ação para a aplicação de sanção por ato de improbidade administrativa. Trata-se da 
perda não do direito em si, mas da pretensão de reparação do direito violado e/ou da punição do 
agente. 
A lei estabelece os prazos prescricionais de acordo com o sujeito ativo do ato ímprobo: 
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser 
propostas: 
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou 
de função de confiança; 
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares 
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo 
efetivo ou emprego. 
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de 
contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei. 
Se o detentor de mandato eletivo for reeleito, o prazo prescricional começa a contar apenas a 
partir do término do segundo mandato. Por outro lado, se o ocupante de cargo em comissão for 
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também ocupante de cargo efetivo, o prazo prescricional deve respeitar as regras relativas ao 
cargo efetivo. 
No caso dos particulares participantes ou beneficiários do ato ímprobo, o STJ possui 
entendimento de que o prazo prescricional é o mesmo aplicado ao agente público que praticou 
o ato (Súmula 634-STJ), sendo o termo inicial idêntico. 
O STJ possui ainda importantes decisões sobre o tema: 
 
Jurisprudência do STJ 
 Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na 
Lei de Improbidade Administrativa para o agente público. 
 O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a 
particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que 
praticou a ilicitude.(REsp 1.067.561-AM. Informativo 382). 
 No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas 
ações de improbidade administrativa deve ser contado a partir do término do último 
mandato (REsp 1.107.833-SP. Informativo 406). 
 Exercendo cumulativamente cargo efetivo e cargo comissionado ao tempo do ato 
reputado ímprobo, há de prevalecer o primeiro para fins de contagem prescricional, 
pelo simples fato de o vínculo entre agente e Administração Pública não cessar com 
a exoneração do cargo em comissão, por esse ser temporário (REsp 1.060.529-MG). 
 O art. 23 da Lei 8.429/1992, que regula o prazo prescricional para propositura da 
ação de improbidade administrativa, não possui comando a permitir a aplicação da 
prescrição intercorrente nos casos de sentença proferidas há mais de 5 (cinco) anos 
do ajuizamento ou do ato citatório na demanda. (REsp 1289993/RS). 
Por fim, segundo o STJ, nas ações civis por ato de improbidade administrativa, 
interrompe-se a prescrição da pretensão condenatória com o mero ajuizamento da 
ação. 
1.9.1 – Imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário 
Conforme estudado, a ação civil pública de improbidade administrativa é uma ação com 
peculiaridades, que objetiva a aplicação de sanção ao agente ímprobo e a terceiro participante 
ou beneficiário do ato. No entanto, em determinados casos, o ressarcimento ao erário pode ser 
buscado em uma ação autônoma por diversos motivos. 
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Quanto à esta ação de ressarcimento, dispõe a Constituição Federal: 
Art. 37 (...) 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos 
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao 
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer 
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas 
ações de ressarcimento. 
O entendimento que prevalecia era de que a ressalva feita pelo §5º, do art. 37, da CF estabelecia 
a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário apenas quando decorrentes de ato de 
improbidade administrativa (REsp 1.089.492-RO). Assim, ainda que restasse prescrita a ação civil 
pública para a aplicação das sanções por improbidade administrativa, umas de suas sanções seria 
sempre imprescritível: o ressarcimento ao erário. 
Em 2016, o STF proferiu decisão estabelecendo que a ação de ressarcimento de danos 
decorrentes de ilícito civil era prescritível: “É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda 
Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao 
erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo 
prescricional previsto em lei (RE 669069/MG)”. 
Posteriormente, a Corte Suprema manifestou um entendimento ainda mais restritivo. Estabeleceu 
que somente o ressarcimento ao erário decorrente de ato de improbidade administrativa 
praticados com dolo são imprescritíveis. No caso de ato de improbidade que causa prejuízo ao 
erário praticado com culpa, a ação de ressarcimento é prescritível (RE 852475/SP). 
Assim, o entendimento válido hoje é o seguinte: 
 
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato 
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). 
Já as demais ações de ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado 
de forma culposa, são prescritíveis. 
1.10 – DECLARAÇÃO DE BENS E VALORES 
A lei 8.429/92 ainda estabelece algumas obrigações ao servidor, de forma a fiscalizar e prevenir a 
prática de atos ímprobos. Neste ponto, é suficiente a leitura do disposto na legislação: 
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Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação 
de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser 
arquivada no serviço de pessoal competente. 
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, 
e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no 
exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou 
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica 
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico. 
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente 
público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função. 
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de 
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, 
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. 
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens 
apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto 
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para 
suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo. 
2 – LEI ANTICORRUPÇÃO (LEI 12.846/2013) 
2.1 – Regras gerais 
A lei anticorrupção foi mais uma medida para efetivar o princípio da moralidade, buscando evitar 
e reprimir atos de corrupção praticado por pessoas jurídicas em face da Administração Pública 
nacional ou estrangeira. 
Em âmbito federal, a lei 12.846/2013 foi regulamentada pelo Decreto 8.420/2015. 
A lei estabelece a responsabilização objetiva, administrativa e civil, das pessoas jurídicas pela 
prática de atos previstos na lei contra a Administração Pública nacional ou estrangeira. Além disso, 
a lei é aplicável, inclusive, às sociedades não personificadas, isto é, aquelas que não foram 
regularmente constituídas: 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira. 
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Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às 
sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de 
organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, 
associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, 
filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda 
que temporariamente. 
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos 
administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse 
ou benefício, exclusivo ou não. 
 
 A responsabilidade civil e administrativa é objetiva, ou seja, não é necessária a 
comprovação de culpa ou dolo dos dirigentes. 
 Para responsabilização da pessoa jurídica, é necessário apenas comprovar que o 
ato lesivo foi praticado em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. 
Para fins da lei anticorrupção: 
 
Considera-se Administração Pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou 
representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de 
governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo 
poder público de país estrangeiro. Além disso, as organizações públicas 
internacionais são equiparadas a Administração estrangerias para

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