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Prévia do material em texto

HISTÓRIA DA AMÉRICA II
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
História da América II – Prof. Ms. Dr. Marcos Sorrilha Pinheiro 
Meu nome é Marcos Sorrilha Pinheiro. Sou formado em História pela 
Universidade Estadual Paulista de Franca, onde também realizei meu 
mestrado e doutorado. Desde a graduação o meu campo de pesquisa 
é a História da América, mais precisamente a América Latina no século 
20. No entanto, vejo, no período colonial, um momento fundamental 
para a consolidação e para a formação do continente americano. O 
encontro de culturas e o processo de colonização do “Novo Mundo” 
deixaram muitas marcas e heranças que definem a nossa identidade 
contemporânea e ajudam-nos a nos entender.
E-mail: marcos.sorrilha@gmail.com
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
HISTÓRIA DA AMÉRICA II
Marcos Sorrilha Pinheiro
Batatais
Claretiano
2014
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2014
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 900 P721h 
 
 Pinheiro, Marcos Sorrilha 
 História da América II / Marcos Sorrilha Pinheiro – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 
 218 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-296-5 
 
 1. O "descobrimento" e a conquista da América. 2. Aspectos econômicos da América 
 colonial. 3. Aspectos políticos da América colonial. 4. Aspectos socioculturais da América 
 colonial. I. História da América I. 
 
 
 
 
 
 CDD 900 
 
 
 
 
 
 
 
 CDD 658.151 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Juliana Biggi
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 10
3 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 29
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 30
UNIDADE 1 – A DESCOBERTA E A CONQUISTA DA AMÉRICA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 31
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 32
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 34
5 ANTECEDENTES: A ESPANHA ANTES DO DESCOBRIMENTO ........................ 36
6 A VIAGEM DO DESCOBRIMENTO ................................................................... 41
7 A CONQUISTA ESPANHOLA .............................................................................. 48
8 PRINCÍPIOS DA COLONIZAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS ............................... 67
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 75
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 76
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 76
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 77
UNIDADE 2 – ASPECTOS POLÍTICOS DA COLONIZAÇÃO AMERICANA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 79
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 79
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 79
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 81
5 A “PRESENÇA” DA COROA ............................................................................... 81
6 A DINÂMICA INTERNA DA COLÔNIA............................................................... 87
7 ASPECTOS POLÍTICOS DA COLONIZAÇÃO NORTE-AMERICANA ................... 104
8 MATERIAL DE APOIO ........................................................................................ 117
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 118
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 118
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 119
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 120
UNIDADE 3 – ASPECTOS ECONÔMICOS DA COLONIZAÇÃO AMERICANA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 121
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 121
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 122
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 124
5 A EXPLORAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS ...................................................... 125
6 AS HACIENDAS .................................................................................................. 134
7 O TRABALHO NA AMÉRICA ESPANHOLA ....................................................... 142
8 ASPECTOS ECONÔMICOS DA COLONIZAÇÃO NORTE-AMERICANA ............. 152
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 164
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 165
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................165
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 166
UNIDADE 4 – ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA COLONIZAÇÃO 
AMERICANA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 167
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 167
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 168
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 169
5 A SOCIEDADE NA AMÉRICA ESPANHOLA ....................................................... 171
6 A IGREJA NA AMÉRICA COLONIAL .................................................................. 191
7 A RELIGIOSIDADE HISPANO-AMERICANA ...................................................... 196
8 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA COLONIZAÇÃO NORTE-AMERICANA ....... 200
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 214
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 214
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 216
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 217
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Conteúdo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O "descobrimento" e a conquista da América. Aspectos econômicos da América 
colonial. Aspectos políticos da América colonial. Aspectos socioculturais da Amé-
rica colonial.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO 
Olá! Seja bem-vindo ao estudo de História da América II. Nas 
próximas unidades, você poderá acompanhar como ocorreu o des-
cobrimento, a conquista e a colonização do continente americano 
por parte dos europeus. 
A descoberta da América é, sem dúvida, um dos eventos 
mais importantes da história da humanidade. Para alguns autores, 
a chegada do europeu à América representou um feito tão impor-
tante para a história, que seria considerado o marco que delimita-
ria o início da Idade Moderna. 
© História da América II8
É bem verdade que existem outras convenções que procu-
ram estabelecer o começo de tal época, como: a Reforma protes-
tante, a queda de Constantinopla, o Renascimento cultural italia-
no, o surgimento do capitalismo etc. 
Porém, de certa maneira, a descoberta da América apresen-
tou-se como uma espécie de consequência de todos esses movi-
mentos citados anteriormente, seja pela ideia da expansão das 
rotas comerciais impostas por uma nova dinâmica comercial e ma-
terial europeia (o capitalismo/mercantilismo), seja pela resposta 
católica à expansão protestante e à necessidade de divulgação do 
catolicismo, ou, ainda, pela "redescoberta" humana de sua capaci-
dade de desempenhar uma função protagonista na História. 
Assim, a viagem de Colombo significaria a melhor represen-
tação das principais características econômicas, políticas e cultu-
rais que delimitaram a Idade Moderna. 
A descoberta da América ainda trouxe outros marcos im-
portantes para nossa história. Segundo o linguista francês Tzvetan 
Todorov, em seu livro A Conquista da América (1983), esse evento 
não somente foi o marco inaugural da Idade Moderna, como tam-
bém aquele que promoveu "o encontro mais surpreendente de 
nossa história". 
Para Todorov, o evento é importante não apenas por suas 
motivações, pelas heranças europeias, mas, principalmente, por 
promover o encontro entre europeus e americanos. Um encontro 
entre grupos que jamais haviam imaginado a existência alheia. 
Trata-se, ainda, segundo esse autor, de um momento de 
descoberta não somente de um novo continente, mas de novos 
homens que permitiram à humanidade se conhecer de maneira 
completa, tanto geográfica como etnicamente. Em suas palavras: 
Na "descoberta" dos outros continentes e dos outros homens não 
existe, realmente, este sentido de estranheza. Os europeus nun-
ca ignoraram totalmente a existência da África, ou da Índia, ou da 
China, sua lembrança sempre esteve presente, desde as origens. A 
Lua é mais longe do que a América, é verdade, mas hoje sabemos 
Claretiano - Centro Universitário
9© Caderno de Referência de Conteúdo
que esta descoberta não guarda surpresas da mesma espécie. Para 
fotografar um ser vivo na Lua, é necessário que o cosmonauta se 
coloque diante da câmera, e em seu escafandro há um só reflexo: 
de um outro terráqueo. No início do século XVI, os índios estão ali, 
bem presentes, mas deles nada se sabe, ainda que, como é de es-
perar, sejam projetadas sobre os seres recentemente descobertos 
imagens e idéias relacionadas a outras populações distantes (TO-
DOROV, 2003, p. 5). 
Perceba, portanto, que a descoberta do outro levou o ho-
mem à formação de uma nova identidade, de uma nova visão so-
bre si mesmo, partindo de uma estranheza sobre o outro jamais 
visto ou imaginado. Surgiria, assim, sua nova concepção de si pró-
prio e dos reais espaços ocupados por ele. 
Dessa maneira, não somente a descoberta das terras ameri-
canas foi um evento marcante, mas também as suas consequên-
cias. Ou melhor: a conquista e a exploração do continente. 
Este material didático dedica-se justamente à chegada do ho-
mem europeu às terras americanas e ao encontro entre os dois povos. 
Antes de tudo, cabe aqui uma primeira explicação. Aqui terá 
o enfoque principal sobre o processo de colonização espanhola na 
América, além de outras considerações sobre a formação das co-
lônias inglesas na América no Norte. Assim, não nos interessa o 
estudo da colonização portuguesa, ainda que ela possa aparecer 
como instrumento de comparação.
Ao iniciar este estudo, você precisará acompanhar os even-
tos de aprendizagem com dedicação, interagir constantemente 
com seus professores (tutores) e colegas de curso, para, assim, fi-
car atualizado com o conteúdo desta obra e com as discussões no 
Fórum. 
Portanto, se ficar atento, participar e interagir, será mais fácil 
acompanhar o desenvolvimento do conteúdo e, com isso, bene-
ficiar-se do alargamento de ideias que trazem as discussões e os 
debates. E você será estimulado a desenvolver mais esse projeto 
em sua vida.
© História da América II10
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais 
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de 
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse 
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento 
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no 
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência 
cognitiva, ética e responsabilidade social. 
Convido você a participar de uma jornada rumo ao desco-
nhecido. Na primeira parte de nossa aula, entraremos no barco de 
Cristóvão Colombo em direção às Índias. Trataremos de conhecer 
alguns aspectos que fizeram parte dessa longa e difícil viagem que 
ficaria conhecida, muito tempo depois, como “A Viagem do Desco-
brimento”. Você está pronto? 
Mas antes de embarcarmos, gostaria de fazer algumas ad-
vertências importantes! Existem muitos elementos que compõem 
esse acontecimento e que nos permitem conhecer um pouco me-
lhor os homens que partiram em direção às Índias e produziram o 
encontro mais importante da história de nossa humanidade. 
Em seus diários de bordo, além de dados técnicos, Colombo 
compartilhava alguns de seus medos, suas suposições, suas cren-
ças, desconfianças e as desavenças que ocorriam dentro de seu 
navio. Analisando o conteúdo de seus relatos, é comum encon-
trarmos elementos próprios do homem moderno: confiante na 
ciência, na capacidade humana de conduzir o seu próprio destino, 
desafiandoos preceitos e as crenças religiosas que afirmavam que 
a terra era plana. 
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Ao mesmo tempo, vemos outras tantas características de um 
homem medieval: temente a Deus, que esperava encontrar nas 
Índias ouro suficiente para promover uma grande cruzada contra 
os muçulmanos da Terra Santa, e preocupado em não desagradar 
a Santa Igreja, representada pelos reis católicos Isabel de Castela e 
Fernando de Aragão.
Colombo é um claro exemplo de um homem da transição 
entre a Idade Média e a Idade Moderna, uma mistura entre fé e 
razão. Além disso, é um desses personagens históricos muito con-
troversos. Alguns o tratam como um gênio e outros como um ver-
dadeiro lunático. Independentemente dos rótulos e dos juízos de 
valor que se possa fazer sobre ele, temos de reconhecer que o seu 
feito produziu transformações que se refletiriam por todo o mun-
do. Algo sem precedentes em nossa história. Por que afirmo isso?
Veja que, a partir do feito de Colombo, o homem passou, 
então, a conhecer a totalidade da geografia terrestre, descobriu a 
existência de novos povos, deu início às navegações ultramarinas 
e impulsionou o sistema capitalista a converter-se em um sistema 
mundial. Por outro lado, começou, também, uma história marcada 
por muito sangue, pela exploração humana e pela alteração com-
pleta das culturas nativas de nosso continente.
De outra forma, esse encontro de dois mundos também pro-
vocou mudanças culturais na Europa e em outras partes do globo 
terrestre. Além das grandes transformações econômicas, políticas 
e sociais, se analisarmos, por exemplo, elementos cotidianos de 
nossa alimentação, veremos o quão revolucionário foi o descobri-
mento. 
Veja exemplos: você imagina uma macarronada da mama 
sem um bom molho de tomate? E o famoso prato inglês fish and 
potatoes (peixe com batatas) sem as batatas? Ou um bom choco-
late suíço sem chocolate? Saiba que a batata, o tomate e o choco-
© História da América II12
late são produtos legítimos do continente americano. Além desses 
exemplos, poderia ficar aqui por horas citando os milhares de ce-
reais, medicações e peças do mobiliário que possuem a sua origem 
na cultura ou nas terras americanas e que estão espalhados por 
vários países de todos os continentes. Tendo feito essas advertên-
cias, vamos dar início à nossa viagem! 
Colombo saiu no dia 3 de agosto de 1492 em direção às Ín-
dias no comando de três caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña (veja 
Figura 1). A proposta inicial de Colombo era descobrir uma nova 
rota para chegar às Índias que fosse diferente daquela com que, 
naquela época, sonhavam os portugueses, contornando a África 
(veja Figura 2), e radicalmente oposta à milenar rota terrestre para 
o Oriente, feita cruzando-se a Turquia ou atravessando-se o Mar 
Mediterrâneo até o Oriente Médio. Repare que ambos os cami-
nhos visavam chegar às Índias, indo em sua direção: o Oriente. 
Figura 1 Ilustração de Santa Maria, Pinta e Niña. 
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
Figura 2 Rota de Vasco da Gama. 
A ideia de Colombo, no entanto, era outra. Ele tinha certeza 
de que era possível encontrar as Índias partindo na sua direção 
oposta: o Ocidente. Para ele, seria possível atingir o leste indo em 
direção ao oeste, uma vez que, assim como outros navegadores 
e filósofos da época, Colombo discordava da ideia da Igreja e das 
pessoas comuns de que a Terra era plana. 
Essa crença de Colombo é retratada no filme 1492: A con-
quista do paraíso, do diretor Riddley Scott. Nele, há uma cena na 
qual Cristóvão Colombo, interpretado por Gerard du Pardieu, ex-
plica a seu filho Diego Colombo sobre o formato da Terra. 
Assim, Colombo acreditava que, navegando sempre a oeste, 
daria a volta na Terra e chegaria às Índias. Ele só não esperava que, 
no meio de seu caminho, estivesse um novo continente, a América.
Além de sua crença na natureza esférica da Terra, Colombo 
tinha outras certezas que garantiriam o sucesso de sua empreitada. 
Durante os anos em que esteve em Portugal, entre 1475 e 1483, o 
genovês havia conhecido os mapas de Paolo Toscanelli (veja Figura 
3), um navegador italiano que escrevia sobre a existência de terras 
a oeste. Colombo chegou a enviar mensagens para Toscanelli e re-
cebeu duas cartas com palavras de incentivo a sua viagem. 
© História da América II14
Figura 3 Mapa de Paolo Toscanelli. 
Nesse mesmo período em que esteve em Portugal, Colombo 
aprendeu as técnicas de navegação dos portugueses, como a volta 
simples, a volta completa e a volta tripla que permitiam uma nave-
gação segura pelos mares revoltos do Atlântico. A sua certeza de 
sucesso era tão grande que chegou a fazer uma proposta ao rei de 
Portugal explicando como ocorreria a sua expedição ao Ocidente. 
O pedido foi prontamente negado por D. João II e somente se tor-
naria realidade com o apoio da Coroa espanhola em 1492.
Em 1492, a viagem de Colombo não foi nada fácil! Desde 
o início de sua jornada, Colombo mostrou-se insatisfeito com o 
seu barco e com os comandantes das outras duas naus. Para ele, 
o Santa Maria era um barco pesado demais, e os irmãos Martín e 
Vicente Pinzón, espertos demais. Não seria nenhuma surpresa se 
Martín Pinzón, comandante do Pinta, roubasse os seus sonhos e 
suas glórias. 
Apesar dessas insatisfações, Colombo e seus marinheiros es-
tavam bastante confiantes e animados. A viagem seguiu conforme 
o previsto até a chegada às Ilhas Canárias, onde fizeram a última 
parada antes de navegarem rumo ao desconhecido, o que ocorreu 
no dia 7 de setembro de 1492. A saída ao mar foi acompanhada 
por muita apreensão. Em seu diário, Colombo narrou assim esse 
acontecimento: 
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
Neste dia, eles perderam completamente de vista a terra. Acredi-
tando não revê-la por muito tempo, muitos choraram e suspira-
ram. O almirante os reconfortou com promessas de muitas terras 
e riquezas, a fim de que conservassem a esperança e perdessem 
o medo que eles tinham de tão longo caminho (FAERMAN in: CO-
LOMBO, 1984, p. 13). 
Esse trecho do diário merece uma pequena pausa em nossa 
viagem para uma breve observação. Repare que o convencimento 
dos marinheiros foi conseguido por meio da promessa de rique-
zas e terras, o que demonstra uma característica que marcaria o 
homem europeu moderno, principalmente aqueles ligados às co-
lonizações e ao comércio: o metalismo. A busca incessante por 
riquezas, como o ouro e a prata, esteve presente não somente na 
viagem de Colombo, mas, também, em todas as outras que se se-
guiram pelos séculos 16 e 17.
Agora, voltemos à viagem! 
À medida que o mês de setembro avançou, o ânimo dos ma-
rinheiros diminuiu cada vez mais. A partir desse momento, o diário 
de Colombo começou a ficar repleto de elementos supersticiosos 
e religiosos, o que demonstra um homem muito diferente daquele 
homem moderno que acabei de mencionar. 
Veja rapidamente alguns exemplos: 
Em 11 de setembro, encontraram um navio naufragado, que 
era considerado um sinal de mau agouro; no dia 15, viram um co-
meta cair no mar, visto como uma mensagem dos céus. No dia 
seguinte, dia 16, o recado divino converteu-se em chuva e nebli-
na. Nesses dias também começaram a aparecer pássaros, como 
andorinhas, o que era um bom sinal, uma vez que a presença de 
pássaros era indício de terra. 
Com as andorinhas, a alegria voltou rapidamente ao navio. 
Como reflexo da boa nova, alguns marinheiros do Niña aproveita-
ram, até mesmo, para pescar atum. 
© História da América II16
Porém, a animação durou somente alguns dias. No dia 20, 
avistaram um grupo de albatrozes. Sinal de alerta. Para os mari-
nheiros, esses eram pássaros místicos mensageiros dos deuses, 
restava somente saber se trariam uma boa ou uma má mensagem. 
Quatro dias mais tarde, a chegada de outro grupo de pássaros 
confirmaria que o conteúdo da mensagem era negativo. Ao 
perceberem que muitasprocelárias aproximavam-se dos navios, 
os marinheiros entraram em verdadeiro pânico. Para os homens 
do mar, esse animal costumava prenunciar tempestades e morte. 
Isso foi o suficiente para que alguns homens organizassem 
um verdadeiro motim contra Colombo. Já havia quase dois meses 
que estavam em mar aberto e não tinham visto nenhum sinal de 
terra. Além disso, perdiam as esperanças e a confiança em seu 
comandante. Conter o levante não foi nada fácil para Colombo, fato 
que exigiu um desgaste político de sua parte e medidas drásticas, 
como o aprisionamento de alguns homens. 
Ao entrar o mês de outubro, os ânimos voltaram a se acalmar. 
O mar estava mais manso, e os indícios de terra vinham cada vez 
mais fortes. A terra firme não poderia tardar. Até mesmo porque 
os homens das três caravelas não aguentariam por mais tempo. O 
cansaço, a má alimentação e as noites maldormidas brevemente 
os consumiriam. Por sorte, realmente não durou muito. No dia 
11 de outubro, o marinheiro Rodrigo Triana, tripulante do Pinta, 
gritou as palavras que todos almejavam ouvir: “terra à vista”. 
No dia seguinte, 12 de outubro de 1492, 65 dias depois de 
terem deixado os portos espanhóis, os tripulantes do Santa Maria, 
Pinta e Niña desembarcaram em terra firme, dando início, sem ao 
menos saber, à História da América Colonial. 
Vejamos algumas peculiaridades do desembarque de Co-
lombo. 
Colombo e seus homens acreditavam ter chegado ao Orien-
te, provavelmente a alguma ilha do arquipélago do Japão. Colom-
bo morreria 14 anos mais tarde sem ao menos suspeitar de que 
realmente havia descoberto algo novo. 
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
Os navios desembarcaram nas Antilhas, provavelmente na 
Ilha de Santo Domingo, batizada por Colombo de San Salvador. A 
viagem durou muito mais tempo do que poderia ser feita. Alguns 
desvios de rotas e mudança de ventos haviam prejudicado a jor-
nada. Já na volta à Europa, o mesmo trajeto foi feito em menos 
de um mês. 
Para dar continuidade à nossa aula, gostaria de fazer algu-
mas observações finais sobre a viagem de Colombo e suas mo-
tivações. O que realmente levou Colombo a fazer essa viagem? 
O que levou milhares de outros conquistadores a virem para as 
terras de além-mar? Voltemos à viagem de 1492 para buscarmos 
nossas respostas. 
A primeira atitude de Colombo ao desembarcar foi a de fin-
car uma cruz em terra firme e batizar a Ilha de San Salvador, em 
clara referência a Jesus Cristo. Com esse ato, Colombo demons-
trava que não eram apenas europeus que chegavam ali, mas sim 
a cristandade, o mundo cristão. 
Se alguém perguntar para professores de História quais fo-
ram os motivos da viagem do descobrimento, certamente, res-
ponderão rápido: o mercantilismo, o espírito metalista reinante 
na Europa do século 15 e a vontade do comandante da expedição 
de enriquecer. 
Tais respostas estão realmente corretas, mas não pode-
mos limitar nossas análises a aspectos econômicos da expedição. 
Existe, ainda, outro motivo que é tão importante quanto a busca 
por riquezas e está representado pelo ato de se fincar uma cruz 
em solo americano. Para Colombo, tão ou mais importante do 
que ficar rico era a vontade de promover a expansão do catolicis-
mo e financiar uma nova cruzada à Terra Santa. 
Colombo, quando leu os diários de viagens de Marco Polo 
ao Oriente, pôde conhecer uma bela descrição sobre as terras 
do Grande Cã na China e sobre todas as riquezas que lá existiam. 
Tratava-se da terra onde "brotava" ouro do chão. 
© História da América II18
Para o genovês, então, chegar à China e buscar ouro do Orien-
te tornou-se uma verdadeira obsessão. Porém, se engana quem 
pensa que isso é uma prova suficiente de sua vontade incontrolável 
de enriquecer. Não se tratava somente da aquisição do ouro pelas 
riquezas que ele propiciaria. Na realidade, em incansáveis momen-
tos de seu diário, Colombo afirma que somente ouro em grandes 
quantidades seria capaz de financiar uma nova e grande cruzada ao 
Oriente Médio, o que consistia no seu grande sonho.
O historiador francês de origem húngara, Tzvetan Todorov, 
afirma que:
O ouro é um valor humano demais para interessar a Colombo, e 
devemos acreditar nisso quando ele escreve no diário da terceira 
viagem: "Nosso senhor bem sabe que eu não suporto todas estas 
penas para acumular tesouros nem para descobri-los para mim; 
pois quanto a mim, bem sei que tudo se faz neste mundo é vão, se 
não tiver sido feito para a honra e o serviço de Deus". E no fim do 
relato de sua quarta viagem: "Não fiz esta viagem para nela obter 
ouro e fortuna; é a verdade, pois disso toda esperança já estava 
morta. Vim até Vossas Altezas com uma intenção pura e um gran-
de zelo, e não minto" (TODOROV, 2003, p. 12). 
Não podemos ser ingênuos a ponto de descartarmos a in-
fluência do metalismo na viagem do descobrimento e muito me-
nos nos esforços despendidos para a concretização da empresa 
colonial. Ela realmente existiu. Porém, tampouco podemos des-
cartar o poder que o cristianismo tinha sobre as mentes e as "al-
mas" dos europeus daquela época. 
Você sabe que o cristianismo foi um elemento universal 
durante toda a Idade Média a ponto de se converter em uma 
espécie de modo de vida para o homem medieval, não é mesmo? 
O conceito de "religião" somente surgiu na época contem-
porânea, no final do século 18. Durante toda a Idade Média e 
parte da Idade Moderna, o cristianismo não foi uma religião, mas 
sim uma concepção de vida. 
Assim como a maioria das pessoas, Colombo não escapava 
dessa característica da mentalidade europeia do final do século 
15. Ainda que o humanismo avançasse dentro dos movimentos 
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
laicos e clericais, o cristianismo continuou por um longo período 
como a principal explicação e justificação das ações de homens 
e instituições em sua passagem pela vida terrena, sempre na ex-
pectativa das recompensas além-túmulo.
Portanto, se voltássemos àquela nossa pergunta sobre os 
motivos da viagem do descobrimento e da colonização da Améri-
ca, teremos que responder: o mercantilismo, o metalismo, mas, 
também, a necessidade de expansão do cristianismo, em espe-
cial, o catolicismo. 
De certa maneira, esses também seriam os elementos que 
marcariam a história da colônia da Espanha na América entre os 
séculos 16 e 19, representados pela mineração e pelas missões 
evangelizadoras (veja as Figuras 4 e 5). 
Figura 4 Representação do trabalho na mineração no período colonial. 
© História da América II20
Figura 5 Jesuítas catequizando indígenas. 
Como afirmamos anteriormente, a chegada de Colombo às 
Antilhas representou não somente a descoberta da América, mas 
também o início da história colonial deste continente. A partir desse 
período, não demoraria muito para que outras nações europeias che-
gassem ao nosso continente e iniciassem, também, suas colonizações. 
Como todos nós sabemos, em abril de 1500, os barcos por-
tugueses, liderados por Pedro Álvares Cabral, aportaram em terras 
brasileiras, dando início à colonização de nosso país. Ainda no sé-
culo 16, chegariam à América os franceses, holandeses e suecos. 
Os últimos e não menos importantes a tocarem o solo do 
novo mundo foram os ingleses. Por volta de 1584, com autorização 
expressa da rainha, sir Walter Raleight iniciou a colonização britâni-
ca. Ao chegar ao solo americano, fundou a colônia de Virgínia, em 
homenagem à rainha Elizabeth I, chamada por muitos de “a rainha 
virgem”. Porém, sua estadia em terras americanas não duraria muito 
tempo. A expedição liderada por Raleight durou somente três anos 
e terminou de maneira trágica, com a morte de todos os colonos 
vítimas de fome, doenças e ataques de indígenas, em 1587. 
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
Somente 20 anos depois, os britânicos recomeçariam a sua 
colonização, já sob o reinado de Jaime I. Dessa vez, a colonização 
ficou a cargo deduas companhias privadas, a Cia. de Londres e a 
Plymouth. A Cia. de Londres refundou a colônia da Virgínia e criou 
a colônia de New Hampshire, e a Plymouth fundou Massachus-
setts. Era o início da colonização das 13 colônias britânicas. A últi-
ma colônia fundada foi a Geórgia, em 1713. 
A colonização dos Estados Unidos apresenta uma série de 
particularidades que a diferenciam muito da colonização das Amé-
ricas espanholas. Diferentemente dos espanhóis, por exemplo, os 
ingleses não encontraram sociedades com alto grau de complexi-
dade tecnológica. A maior sociedade indígena norte-americana no 
século 17 tinha aproximadamente 19 mil pessoas. 
Além disso, os britânicos não encontraram ouro ou prata nos 
primeiros anos da conquista, como ocorreu com os espanhóis. Isso 
somente viria no período independente dos Estados Unidos. 
Existiam, também, elementos que aproximaram as duas co-
lonizações, como a formação de fazendas para a venda de produ-
tos agrícolas para o mercado metropolitano na Europa. O interes-
sante de realizar uma comparação entre a colonização dos Estados 
Unidos e a colonização da América Latina, incluindo o Brasil, é que, 
por meio desse exercício, podemos compreender um pouco das 
diferenças que existem entre nós e os norte-americanos. 
Os Estados Unidos servem-nos como um paradigma, ou seja, 
um espelho para a nossa formação como nação. Apesar de terem 
sido colonizados praticamente na mesma época que os demais 
países latino-americanos, os Estados Unidos é uma nação que se 
converteu em uma grande potência mundial, se não a maior e 
mais influente no mundo. Quais fatores teriam levado esse país e 
se destacar tanto dos demais países da América? 
Durante muito tempo, a resposta mais utilizada para explicar 
esse fato foi uma ideia que até hoje ocupa o senso comum: a 
América Latina foi uma colônia de exploração e os Estados Unidos 
© História da América II22
foram uma colônia de povoamento. Crescemos escutando essa 
justificativa nos bancos escolares. Pelo menos, foi isso que me 
ensinaram na minha época de primário.
Ao longo das unidades, você verá que, apesar de ser a mais 
conhecida, esta não é a melhor resposta. Apenas para adiantar 
nossa conversa e aguçar a sua curiosidade, pense na seguinte 
questão: se o objetivo dos espanhóis era somente o de explorar a 
América, por que eles dedicaram três séculos de sua história para 
construir a catedral do México (veja a Figura 6)? Se a minha ideia é 
vir para a América, ficar rico e voltar, por que construir uma igreja, 
ou melhor, por que ficar 300 anos construindo uma igreja? 
Figura 6 Catedral do México. 
Além disso, essa ideia de "vou para a América ficar rico e 
já volto" é algo completamente impensado para a época colonial. 
Chegar ao nosso continente era extremamente difícil, demorado e 
perigoso. Voltar, então, era quase impossível! Somente os vice-reis 
e a alta aristocracia colonial tinham essa liberdade de ir e vir, e, de 
verdade, poucos o fizeram.
Por outro lado, a colonização dos Estados Unidos foi iniciada 
por duas empresas privadas, duas companhias especializadas em 
exploração de riquezas naturais, e não por colonos bem-intencio-
nados, de alma limpa e de coração puro, interessados em fazer dos 
Estados Unidos a nação mais poderosa do mundo. 
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
Nos Estados Unidos, assim como aqui, também existiu o fa-
moso pacto colonial, que proibia a produção de mercadorias em 
terras coloniais, incentivava a produção de recursos naturais para 
a exportação e estipulava que o comércio externo deveria ser feito 
somente com a metrópole. 
Por isso, concordamos com o professor Leandro Karnal, 
quando ele afirma que: “[...] não é, certamente, nesta explicação 
simplista de exploração e povoamento que encontraremos as res-
postas para as tão intrigantes diferenças na América” (KARNAL, 
2003, p. 17-18). 
É evidente que a explicação se encontra, também, no pe-
ríodo colonial, mas não podemos permitir que se concorde com 
a existência de projetos com objetivos tão claros e inseparáveis. 
Isso significa afirmar que onde existe exploração obrigatoriamente 
deve existir povoamento e vice-versa. 
E, ao longo do estudo deste estudo, você poderá encontrar 
outros temas interessantíssimos sobre a conquista, o povoamen-
to, a exploração e a colonização do continente americano. Assun-
tos como a mineração, a religião, a educação, o comércio, a agro-
pecuária, entre tantos outros, farão parte de seus estudos. 
Aliás, é preciso que eu deixe alguns esclarecimentos sobre 
o conteúdo desta obra, que apesar de ser dedicada ao estudo da 
América Colonial, nosso aprendizado não se estende ao Brasil. 
Sabemos que o Brasil se encontra na América, mas, para o 
estudo do Brasil colonial, os cursos de História de nosso país, geral-
mente, reservam um conteúdo específico. Por isso, ao longo desta 
obra, você somente encontrará temas relacionados à América Es-
panhola e à América Inglesa. Mas, tenho certeza de que é assunto 
para anos e anos de pesquisas, conversas e debates!
Para finalizar, gostaria de indicar um dos filmes mais bonitos 
e emocionantes sobre a colonização da América Espanhola. Trata-
-se do filme A missão, ganhador da Palma de Ouro de Cannes, em 
© História da América II24
1986. Algumas cenas do filme são acompanhadas pela magistral 
obra de Ennio Morricone, que assina a trilha sonora. 
Bom proveito! 
Glossário de Conceitos 
O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa 
das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio 
dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento 
dos temas tratados em História da América II. Veja a seguir a defi-
nição dos principais conceitos:
1) Caballerías: o primeiro sistema métrico adotado para 
a divisão de terras entre fidalgos na América Espanhola 
foram as caballerías. As caballerías tiveram um tamanho 
fixado em 43 hectares.
2) Lei do Mayorazgo: a lei do mayorazgo garantia a posse 
indissolúvel dos bens de uma família nas mãos do filho 
mais velho, em espanhol o filho mayor, daí o nome ma-
yorazgo. Assim, o patrimônio da família não poderia se 
desmembrar e, com isso, somente aumentaria. A prática 
também recebe o nome de morgadio. 
3) Metalismo: uma das principais características do capita-
lismo mercantil (ou mercantilismo). A busca por metais 
e pedras preciosas era considerada a melhor forma de se 
manter favorável a balança comercial.
4) Pulperías: as pulperías eram estabelecimentos seme-
lhantes aos armazéns no Brasil. Possuíam o necessário 
para abastecer as vilas localizadas em zonas rurais ou em 
bairros de grandes cidades de alimentos e bebidas, além 
de pequenas ferramentas ou utensílios domésticos.
5) Ratio Studiorum: modelo de educação jesuítica dividido 
em duas etapas: a Studia inferiora, em que se ensinava 
Letras Humanas (gramática, humanidades e retóricas), 
por 3 a 6 anos, e Filosofia e Ciências (lógica, metafísica, 
matemática, física etc.), durante 3 anos; e a Studia supe-
riora, que instruía conhecimentos em Teologia e Ciên-
cias Sagradas, com duração de 4 anos.
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais impor-
tantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema 
dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o 
seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. 
Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, 
ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-seque, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem esco-
lar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em 
Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia 
fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que 
a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de pro-
posições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e infor-
mações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
© História da América II26
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 jul. 2012). 
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de História da América II. 
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os 
principais conceitos abordados e descobrir o caminho para construir 
o seu processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, quando abor-
damos o Descobrimento da América, você deve saber como ocorreu 
a expansão marítima europeia e relacioná-la aos conceitos de mer-
cantilismo, absolutismo, bem como aos resultados provocados por 
essa expansão em uma nova configuração geográfica e cultural do 
mundo. Sem o domínio conceitual desse processo explicitado pelo 
Esquema, pode-se ter uma visão confusa do tratamento da temática 
do ensino de História proposto nesta obra. 
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como 
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, 
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com a prática do ensino de História pode ser uma forma 
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de 
questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando 
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma 
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir 
uma formação sólida para a sua prática profissional. 
© História da América II28
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta 
apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por 
resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos abordados, pois relacionar aquilo que está no campo visual 
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, 
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É 
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e 
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem 
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se 
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a 
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, 
uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
esta obra, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para 
ajudar você. 
3. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Ilustração de Santa Maria, Pinta e Niña. Disponível em: <http://www.bruceruiz.
net/PanamaHistory/Nina_Pinta_SantaMaria.jpg>. Acesso em: 21 jul. 2011. 
Figura 2 Rota de Vasco da Gama. Disponível em: <http://www.marinacivil.com/images/
articulos/VASCO%20DE%20GAMA.bmp>. Acesso em: 21 jul. 2011. 
© História da América II30
Figura 3 Mapa de Paolo Toscanelli. Disponível em: <http://www.dragonbear.com/
images/Tosc252a.gif>. Acesso em: 21 jul. 2011. 
Figura 4 Representação do trabalho na mineração no período colonial. Disponível em: 
<http://www.puc.cl/sw_educ/historia/america/html/f2_1-1.html>. Acesso em: 22 jul. 
2011. 
Figura 5 Jesuítas catequizando indígenas. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.
unicamp.br/navegando/iconograficos/Jesuitas_catequizando_indios.jpg>. Acesso em: 
22 jul. 2011. 
Figura 6 Catedral do México. Disponível em: <http://www.trilhaseaventuras.com.br/diarioviagem/images/cidade-do-mexico09.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011. 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAERMAN. In: COLOMBO, C. Diários da descoberta da américa: as quatro viagens e o 
testamento. Rio Grande do Sul: L&PM, 1984. 
TODOROV, T. A conquista da América: a questão do outro. 2 ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998. 
1
EA
D
A Descoberta e a 
Conquista da América
1
1. OBJETIVOS
• Apresentar as principais características que compuseram 
a descoberta e a colonização do território americano.
• Conhecer e discutir as principais teorias a respeito dos 
mecanismos de colonização do território espanhol na 
América e tecer algumas comparações com a colonização 
inglesa no mesmo continente. 
2. CONTEÚDOS
• Os antecedentes europeus à descoberta da América.
• A descoberta da América e a conquista dos povos ameri-
canos.
• O início da colonização inglesa. 
© História da América II3232
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir e também, algumas informações 
complementares ao conteúdo que iremos abordar:
1) Tenha sempre a mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de 
Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades 
deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu 
desempenho.
2) Para compreender melhor a respeito dos elementos que 
compunham a expansão marítima europeia, sugerimos 
que você revise os conteúdos estudados na obra História 
Moderna I. 
3) No tópico: Atlântico: o laboratório, estudaremos sobre 
a descoberta das ilhas Canárias e da ilha da Madeira. 
Desse modo, anteciparemos algumas informações a res-
peito do assunto: as ilhas Canárias foram descobertas 
pelo navegador genovês Lancelotto Malocello em 1312 
e ocupadas por portugueses e catalães em 1341. A ilha 
da Madeira foi descoberta por portugueses em 1418. As 
ilhas Canárias encontravam-se ocupadas por nativos, os 
Guanches, já a Madeira era inabitada. 
4) Para melhor aproveitamento do conteúdo abordado no 
Tópico 6, saiba que apesar da fama em torno da Escola 
de Sagres, existem muitas controvérsia sobre sua exis-
tência. Para alguns historiadores, houve tal "instituição" 
em que as técnicas náuticas mais recentes eram ensina-
das para novos navegadores. Para outros autores, Sagres 
era uma região onde os marinheiros aportavam antes e 
depois de cruzar o estreito de Gibraltar, em seu caminho 
para o Mediterrâneo ou para o Atlântico Norte. Por ser 
uma região com muitos marinheiros, seria natural que 
as mais recentes descobertas feitas por eles lá fossem 
comentadas, criando-se um ambiente onde boa parte 
do que se discutia referia-se à navegação e a seus mais 
recentes inventos. Por essa hipótese, não haveria uma 
Claretiano - Centro Universitário
33© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
"academia" patrocinada pelo Estado português, como 
sugere a alternativa anterior. 
5) Em 1501, Américo Vespúcio realizou uma viagem pelo 
litoral brasileiro, onde constatou que aquele território 
explorado não se tratava da costa asiática. Era, na reali-
dade, um novo continente. Dessa forma, a América foi, 
oficialmente, inserida no mapa-múndi. A partir de en-
tão, o novo continente passou a ser chamado de "Terras 
de Américo" e, logo, América. Para conhecer suas cartas, 
veja: VESPÚCIO, Américo. Novo mundo: as cartas que 
batizaram a América. São Paulo: Planeta, 2003. 
6) No tópico A conquista do "México" (os astecas), fala-
remos sobre a organização político-social dos Astecas, 
então tente se lembrar do que foi apresentado na obra 
História da América I: Ronaldo Vainfas, entre outros, 
afirmará que os astecas eram os líderes de uma Confe-
deração de cidades-Estado, não de um império. 
7) Ainda sobre os Astecas, como vimos na obra de História 
da América I, a figura de seu imperador não era divina, 
assim como era o imperador Inca. Por isso, atacar o im-
perador não era o mesmo que agredir um deus. 
8) Sobre o contato dos espanhóis com os incas, assunto 
abordado no Tópico 7, saiba que as doenças trazidas pe-
los europeus à América chegaram antes ao império Inca 
do que os próprios colonizadores.
9) E ainda, sobre a conservação de construções e monu-
mentos pré-colombianos, os espanhóis são muito cri-
ticados pela destruição de monumentos, vestígios ma-
teriais e tantas outras informações importantes para o 
estudo dos povos pré-colombianos. No entanto, no caso 
do Império Inca, devemos reconhecer que a destruição 
provocada por Atahualpa em Cuzco, para a história, tam-
bém foi tão danosa quanto a ibérica. 
10) No tópico A conquista do Peru, será apresentado o His-
toriador peruano Hugo Vallenas Málaga que recente-
mente contestou o lugar de aprisionamento de Huáscar 
por seu irmão Atahualpa. As informações colhidas por 
Vallenas são resultados de um longo trabalho junto a co-
© História da América II3434
munidades andinas na região de Ayacucho e baseiam-se 
na análise de relatos colhidos junto à tradição oral. De 
qualquer maneira, contrastam com a opinião de outros 
autores que dizem ter ocorrido nas margens do rio Apu-
rimac em Cotabamba, como sugere Leon-Portilla (1987). 
11) Para o Tópico 8, temos como informação complemen-
tar que o desenvolvimento de uma modernidade polí-
tica pioneira na Inglaterra, em partes explica algumas 
transformações em sua história econômica. A mudança 
da composição parlamentar, entre 1215 (Magna Carta) 
e 1640 (deflagração da Revolução Inglesa), explica, de 
fato, o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra ao 
longo deste período. Em 1215, o Parlamento que obri-
gou o rei João Sem Terra a assinar a Magna Carta era 
composto, majoritariamente, por nobres tradicionais. 
Em 1640, o Parlamento que obrigou Carlos I a cumprir 
a Magna Carta era composto por nobres tradicionais 
(minoria), nobres capitalistas (gentry) e burgueses. Com 
isso, percebe-se melhor a precocidade inglesa na cons-
trução de uma forma menos absolutista de governo.
12) A titulo de comparação da história espanhola e ingle-
sa, no mesmo momento em que a Espanha construía a 
sua identidade em torno da homogeneidade religiosa, 
o catolicismo, a Inglaterra passava por um processo de 
diversidade religiosa com a formação de múltiplas reli-
giões cristãs. Diante disso, sugerimos que reflita sobre a 
seguinte questão: será que essa realidade influenciou no 
processo de colonização das duas "nações"? 
13) Para mais informações sobre a conjuntura política ingle-
sa dessa época, leiam a obra de FLORENZANO, M. As re-
voluções burguesas, 12. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Quando nos propomos a trabalhar temas como a expansão 
marítima, a descoberta da América e a colonização desse continen-
te, rapidamente associamos tais eventos a outros elementos da 
história moderna ocidental, como o mercantilismo, o metalismo, o 
surgimento do capitalismo, a expansão comercial, entre outros. 
Claretiano - Centro Universitário
35© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
Esses são temas importantes e que não podem fugir de nos-
so vocabulário e de nossas explicações. No entanto, a história do 
descobrimento, a conquista e a colonização da América não se re-
sumem somente a isso. 
Há outros elementos, para além daqueles econômicos, que 
são indispensáveis para qualquer análise. Por exemplo: é impossí-
vel compreendermos o desenvolvimento da empresa colonial sem 
levarmos em conta o cristianismo e as transformações culturais 
pelas quais passava a Europa nos séculos 15 e 16. 
Por outro prisma, é inconcebível que analisemos esses fatos 
sem levarmos em consideração as mudanças no cenário político eu-
ropeu e o surgimento da modernidade política, representada pela 
racionalização do poder temporal e pela centralização do Estado.
Além disso, o avanço dos homens em territórios americanos 
não foi responsável somente pela sobreposição da cultura euro-
peia às sociedades nativas. Não se tratou de um processo de acul-
turação. Ao contrário: no lugarda sobreposição cultural, o que se 
viu foi um encontro cultural. O catolicismo, o barroco, a política e 
o trabalho que se construíram na América, apesar de suas origens 
europeias, eram bem diversos daquilo que ocorria em sua terra de 
origem.
Dessa maneira, não podemos dizer que a colônia é tão so-
mente o resultado da vontade capitalista de enriquecer os cofres 
da Coroa e de movimentar os mercados europeus. Não se trata 
de um simples jogo de causa e efeito. Como alerta o historiador 
Karnal (2003, p. 18), “a epopéia incluiu a exploração mercantilista, 
mas não se reduziu a ela".
Ao longo do processo de reconquista da Península Ibérica, 
forjaram-se as regras do Padroado Régio, acordo entre a Igreja e as 
Coroas de mútua vantagem e responsabilidades. Com o Padroado, 
as Coroas Ibéricas imbuíram-se de alguns "poderes" da Igreja, já 
que a partir da consolidação dos Estados modernos a Igreja deixa-
ra de ser a única grande instituição política da Europa. 
© História da América II3636
Sobre esses e outros assuntos, trataremos ao longo de nosso 
estudo. Comecemos pela primeira unidade dessa epopeia, a des-
coberta e conquista da América.
Vamos lá!
5. ANTECEDENTES: A ESPANHA ANTES DO DESCO-
BRIMENTO 
O século 15 foi decisivo para o descobrimento e a conquista 
do continente americano. Antes dos processos históricos desen-
volvidos nesse período, nenhum reino da Europa ocidental en-
contrava em condições políticas de desenvolver tal empreitada. A 
fragmentação política ainda era uma realidade em um mundo em 
que a estrutura feudal pouco a pouco se desmoronava. Além disso, 
os avanços sobre o Atlântico no século 14 ainda se demonstravam 
muito tímidos. 
A unificação espanhola
O primeiro país a conseguir a sua unificação política foi Por-
tugal. A Espanha, principal protagonista do descobrimento, foi 
construindo a sua unificação ao longo do século 15. Além da frag-
mentação política, a Espanha convivia com um sério problema de 
conflitos religiosos devido à presença de muçulmanos ao sul de 
seus territórios. 
O passo decisivo em direção à unificação teve início em 
1469, quando, a contragosto de Portugal, ocorreu a união matri-
monial dos soberanos dos principais reinos espanhóis, Fernando 
de Aragão e Isabel de Castela (Figura 1). Com essa união, segundo 
o historiador Vainfas (1984, p. 11), “somente o reino de Granada, 
ao sul, e o de Navarra, ao norte, permaneciam independentes”.
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37© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
Figura 1 Fernando de Aragão e Isabel de Castela. 
A unificação completa somente veio em 1515, com a ane-
xação de Navarra. No entanto, para o processo de solidificação da 
união territorial, mais importante do que a incorporação de Na-
varra, foi, sem dúvida, a reconquista de Granada em 1492, com a 
expulsão dos mouros dos territórios espanhóis. 
A vitória sobre os muçulmanos trouxe aos espanhóis um 
elemento de identidade que o acordo matrimonial entre Aragão e 
Castela não pôde jamais construir. Diante de um inimigo reconhe-
cido por outra crença, ser espanhol era, antes de tudo, ser católi-
co. A partir de então, os reis da Espanha passariam a personificar o 
próprio catolicismo e, por isso, ficariam conhecidos como os "Reis 
Católicos". 
Conforme argumenta Vainfas (1984, p. 12): 
A monarquia católica não foi senão uma unidade imperfeita, resul-
tado das alianças palacianas, e garantida, de fato, pelo predomínio 
de Castela, o mais rico dos reinos e principal força militar ibérica ao 
findar-se o século XV. [...] Foi, talvez, a religião católica, que acabou 
associada ao próprio reinado de Fernando e Isabel, o mais podero-
so fator de unidade política. 
Se o catolicismo dava aos espanhóis um elemento de identi-
dade, por sua vez, associado ao discurso cruzadista antimuçulma-
no, ele também proporcionou à Coroa a legitimidade necessária 
para justificar suas ações de uma política centralizadora. Ainda se-
gundo Vainfas (1984, p. 12-13): 
Em primeiro lugar, a instituição monárquica sempre gozou de pres-
tígio na Península Ibérica, na medida em que se associava ao co-
mando da guerra santa. [...] Em segundo lugar, o ideal de cruzada 
© História da América II3838
como razão do poder régio complementou-se com uma prática re-
lativamente nova em Espanha, expressa na intolerância religiosa. 
[...] Porém, sobre todos os aspectos, a intolerância católica deu à 
monarquia a oportunidade de preencher o vazio de uma naciona-
lidade fragmentada e heterogênea. A noção de súdito passava, as-
sim, a identificar-se cada vez mais à condição de cristão.
O catolicismo como elemento de “nacionalidade” para o es-
panhol acarretou uma “grave” consequência: o repúdio ao estran-
geiro passou a ser sinônimo de repúdio ao não cristão. Tal fato ge-
rou, consequentemente, uma cultura que dificultava a promoção 
de uma assimilação religiosa. Não demorou muito para se desen-
volver na Espanha o mais rigoroso tribunal inquisitório do mundo 
católico. 
Em contrapartida, o catolicismo, como único traço identitá-
rio, significou, também, a existência de uma heterogeneidade cul-
tural na Espanha que, mesmo sobre o controle de Castela, possuía 
muitas peculiaridades regionais e tipos de sociabilidades diversos 
com um caldo cultural também diversificado. Esses dois elemen-
tos, a intolerância religiosa e a diversidade cultural espanhola, são 
fatores que se transportariam imediatamente para a colônia, aju-
dando-nos, portanto, a compreender o processo de colonização. 
De qualquer forma, para a consolidação desta unidade e 
para a contenção do avanço muçulmano e a retomada dos ter-
ritórios europeus, uma das estratégias adotadas foi a expansão 
marítima. Invariavelmente associada à expansão comercial, a ex-
pansão marítima também teve as suas razões religiosas e culturais. 
Conforme alerta o pesquisador espanhol Malamud (2005, p. 39), 
"a expansão marítima dos reinos ibéricos se assentou na necessi-
dade de frear uma possível contra-ofensiva muçulmana, para qual 
o controle de certos pontos da costa africana resultava essencial”. 
Vamos entender como se deu essa expansão marítima!
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39© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
Atlântico: o laboratório
Outro fator preponderante para a descoberta da América foi 
o avanço de portugueses e espanhóis sobre os mares do Atlântico. 
A descoberta das Ilhas Canárias e Ilha da Madeira e a exploração 
da costa da África permitiram o desenvolvimento de novas técni-
cas de navegação e a construção de embarcações mais resistentes. 
 Além disso, a própria exploração das Ilhas Canárias e Madei-
ra serviu de experiência para os ibéricos quanto a algumas realida-
des que seriam típicas do mundo colonial: o contato com nativos, 
as disputas de poder entre a Coroa real e os encomenderos, a plan-
tação e o cultivo da cana-de-açúcar.
Após o domínio do arquipélago, que envolvia também a Ilha 
dos Açores, os ibéricos puderam expandir suas conquistas e expe-
dições pelas costas africanas, aumentando ainda mais a sua expe-
riência com os mares atlânticos. Dessa maneira, esse “laboratório” 
ibérico no Atlântico pode ser dividido em quatro fases: 
1) A primeira fase consiste na conquista de Ceuta pelos 
portugueses, quando, em 1415, Gil Eanes dobrou o cabo 
Bojador pela primeira vez. 
2) A segunda fase resume-se à descoberta da desemboca-
dura do Rio Senegal e à conquista da Ilha de Cabo Verde 
entre 1433 e 1444. 
3) A terceira etapa define-se pelo controle da costa afri-
cana, que vai de Serra Leoa até o Congo, entre 1446 e 
1475. Essa fase foi marcada, também, pela disputa de 
castelhanos e portugueses pelo controle do Golfo da 
Nova Guiné. 
4) E, por fim, a quarta etapa (1482-1497) representa a en-
trada das naus lusitanas no Oceano Índico, quando Bar-
tolomeu Dias dobrou pela primeira vez o Cabo da Boa 
Esperança e Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia. 
Na Figura 2, podemos observar a rota percorrida por Barto-
lomeu Dias. 
© História da América II4040
Figura 2Rota estabelecida por Bartolomeu Dias. 
Como afirmamos anteriormente, essa expansão pela costa 
africana possibilitou o desenvolvimento de novos experimentos e 
novas técnicas de navegação. É importante ressaltarmos que tan-
to ibéricos, especialmente portugueses, quanto genoveses logo 
aprenderam que algumas práticas de navegações utilizadas no 
Mediterrâneo não funcionavam em mares mais revoltos, como 
aqueles do Atlântico. 
Um dos primeiros problemas encontrados pelos navegado-
res foi no regresso das ilhas em direção à Península Ibérica. Mui-
tos barcos naufragaram ao fazer o retorno pelo mesmo caminho 
da ida. Para superar esse problema, foi preciso realizar aquilo que 
os portugueses chamaram de volta, ou seja, eles afastavam-se da 
costa em direção ao meio do Atlântico para superar as correntes 
marítimas que se punham contra as embarcações.
À medida que se direcionavam cada vez mais ao sul da Áfri-
ca, maior deveria ser a volta realizada pelos barcos, o que acarre-
tou no desenvolvimento de outras técnicas. Por exemplo: para a 
execução da terceira fase do “laboratório Atlântico”, seria preciso 
empreender uma volta ainda mais longa, chamada de “volta com-
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41© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
pleta” e, para a realização da quarta etapa, uma manobra maríti-
ma ainda mais ousada, ou seja, a “volta dupla”. 
Para Malamud (2005, p. 41), "esta navegação exigiu dominar 
a arte de navegar longe da costa e um bom conhecimento do regi-
me de ventos, o que foi possível depois de trinta anos de ensaios 
contínuos". 
Assim, os ibéricos aprendiam cada vez mais que era possível 
se desprender da costa e realizar viagens também seguras. Além 
disso, aprenderam a dominar os ventos, observar constelações e 
se sustentarem em alto-mar. Entre os ibéricos, um astuto genovês 
participava ativamente de tais manobras e aprendia a dominar o 
barco para além das terras firmes. Seu nome: Cristóvão Colombo.
6. A VIAGEM DO DESCOBRIMENTO 
Cristóvão Colombo (veja a Figura 3) foi uma personagem 
controversa na historiografia, tido como louco por uns e gênio por 
outros, ele não era um simples aventureiro com uma ideia fixa na 
cabeça. Quando Colombo partiu com seus barcos em direção a 
Oeste em busca de uma nova rota para as Índias, ele sabia muito 
bem o que fazia. Não era uma novidade entre os navegadores da 
época a crença de que a Terra, ao contrário do que comumente se 
pensava, era esférica e não plana. 
Figura 3 Cristóvão Colombo. 
© História da América II4242
Além disso, Colombo passou muitos anos de sua vida em 
Portugal, onde aprendeu as técnicas de navegação dos famosos 
portugueses da Escola de Sagres. Sua permanência em Portugal 
foi fundamental para o aprendizado dessas técnicas no Atlântico. 
Lembremos que o Atlântico não era nenhuma novidade para os 
portugueses, como vimos anteriormente. 
Em 1476, aos 25 anos, Colombo encontrava-se em terras 
portuguesas. Dois anos mais tarde, partiu para a Ilha da Madeira, 
onde presenciou algumas experiências portuguesas de exploração 
da ilha. Também com os portugueses, partiu para a África e outras 
tantas rotas abertas pelos lusitanos no Atlântico. Conforme afirma 
Malamud (2005, p. 43):
[e]sta experiência, que tanto influenciou na empresa americana, 
permitiu-lhe conhecer as fábricas da Madeira e das costas do Con-
go e da Angola, onde, como viu, trocavam-se ouro e escravos ne-
gros por mercadorias européias.
Também em Portugal, Colombo conheceu o mapa desenha-
do pelo navegador italiano Toscanelli. Nesse mapa, o italiano pre-
via a existência de terras e uma rota para o Oriente via Atlântico. A 
inquietação diante das informações trazidas no mapa fez com que 
o genovês escrevesse para Toscanelli. Foram duas cartas, duas res-
postas e um conselho animador que afirmava que "a viagem não 
seria só possível, mas lhe traria honra, lucros e o reconhecimento 
da cristandade" (FAERMAN in COLOMBO, 1984, p. 16). 
As cartas de Toscanelli serviram como combustível para os 
planos de Colombo, que, em 1483, tentou convencer a Coroa por-
tuguesa a financiar a sua viagem, prometendo muitas riquezas e 
lucros com o comércio. Esses argumentos, no entanto, não sensi-
bilizaram o rei D. João II. 
Dois anos mais tarde, Colombo deixou as terras lusitanas e 
partiu rumo à Espanha. Durante sete anos serviu à Coroa espa-
nhola com quem, após esse período, procurou financiamento para 
seus planos. 
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43© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
Como vimos anteriormente, a Espanha vivia um momento 
de avanço perante os mouros que garantiria a sua unificação po-
lítica e territorial. O espírito cruzadista era algo muito forte nas 
terras de Castela. O catolicismo era o grande elemento identitário 
entre os espanhóis, sendo justamente esse o principal argumento 
utilizado por Colombo para conquistar o apoio dos Reis Católicos.
Diferentemente da estratégia utilizada com D. João II, Co-
lombo não visava somente ao ouro, aos lucros e às riquezas, mas, 
também, ao grande número de conversos para a religião católica. 
Ele objetivava, então, a unificação do mundo por meio da Cruz. 
Assim, como nos conta Malamud (2005, p. 44): 
[...] finalmente, e depois de algumas negociações prévias, em abril 
de 1492 se assinou as Capitulaciones de Santa Fé e a Carta de privi-
legios de Granada, que nomeavam Colombo, com caráter vitalício 
e hereditário, Almirante Mayor de la Mar Oceána e Virrey e Gover-
nador Geral de todas as ilhas e terras por descobrir. Entre outras 
vantagens, receberia os 10% dos benefícios gerados pela empresa. 
Quatro meses depois, no dia 3 de agosto de 1492, Colombo 
partiu no comando de três caravelas, Santa Maria, Pinta e Niña 
(veja ilustração a seguir na Figura 4). A contragosto foi comandando 
Santa Maria, uma embarcação que julgava pesada. Porém, como 
as naus não eram suas, teve que se contentar com a decisão. Já 
no comando do melhor barco, o Pinta, seguiu Martín Pizón, que 
despertava em Colombo grandes desconfianças.
© História da América II4444
Figura 4 Ilustração de Santa Maria, Pinta e Nina. 
A viagem não foi nada fácil. A longa permanência em ma-
res abertos, sem nenhum contato visual com terras, levou muitos 
tripulantes a pensarem em desistir da viagem. Alguns pragueja-
ram dizendo que estes estavam subestimando as vontades divinas. 
Uma sublevação chegou a ser ensaiada. Esses fatos exigiram do 
almirante um desgaste além daqueles previstos anteriormente.
Ainda no final de setembro, alguns sinais de terra trouxeram 
mais confiança aos homens de Colombo. A presença de pássaros 
e insetos nas embarcações era o indício suficiente da proximidade 
das caravelas de terra firme. 
Após 65 dias de viagem, no dia 12 de outubro, finalmente 
Colombo desembarcou em terras americanas. Na realidade, ima-
ginava ter chegado a algum arquipélago do leste asiático. Isso por-
que, apesar de Colombo estar certo de que era possível chegar 
às Índias pelo leste, ele não contava com a existência de um novo 
continente entre a Europa e a Ásia. De certa maneira, a América foi 
descoberta por conta de um erro de cálculo de Colombo. 
A primeira atitude de Colombo ao desembarcar foi a de fin-
car uma cruz em terra firme e batizar a ilha de San Salvador. Essa 
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45© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
ação é muito significativa para compreendermos as motivações de 
tal viagem. Podemos dizer que, com esse ato, Colombo demons-
trava que não eram apenas espanhóis que chegavam ali, mas sim 
a cristandade, o mundo cristão.
Muito se atribui a viagem de descobrimento da América ao 
espírito metalista reinante na Europa do século 15 e à vontade do 
comandante da expedição em enriquecer. Entretanto, a expansão 
do catolicismo e o financiamento de uma nova cruzada à Terra 
Santa foram, também, algumas das principais motivações de Co-
lombo.
Nos diários das viagens de Marco Polo ao Oriente, Colombo 
pôde ler uma descrição sobre as terras do GrandeCã na China e 
sobre todas as riquezas que lá existiam. Outra descrição sobre a 
terra onde "nascia" ouro pôde ser lida no mesmo diário. A busca 
pelo ouro das terras do Oriente tornou-se uma verdadeira obses-
são para o navegador. Porém, não se tratava somente da aquisição 
do ouro pelas riquezas que ele propiciaria, mas também pela pos-
sibilidade de que esse pudesse financiar uma nova grande cruzada 
ao Oriente Médio.
Nos diários de Colombo, encontramos não apenas várias re-
ferências à sua obsessão pelo metal, mas também os motivos de 
tal fixação. Como ilustra Todorov (2003, p. 12): 
[...] o ouro é um valor humano demais para interessar a Colombo, 
e devemos acreditar nisso quando ele escreve no diário da terceira 
viagem: "Nosso senhor bem sabe que eu não suporto todas estas 
penas para acumular tesouros nem para descobri-los para mim; 
pois quanto a mim, bem sei que tudo se faz neste mundo é vão, 
se não tiver sido feito para a honra e o serviço de Deus" (Las Casas, 
Historia, I, 146). E, no fim do relato de sua quarta viagem: "Não 
fiz esta viagem para nela obter ouro e fortuna; é a verdade, pois 
disso toda esperança já estava morta. Vim até Vossas Altezas com 
uma intenção pura e um grande zelo, e não minto" (Carta rarrisima, 
7.7.1503). 
Não podemos ser ingênuos ao ponto de descartarmos a in-
fluência do metalismo na viagem do descobrimento e muito me-
nos nos esforços despendidos para a concretização da empresa co-
© História da América II4646
lonial. Ela realmente existiu. Porém, tampouco podemos descartar 
o poder que o cristianismo tinha sobre as mentes e as "almas" dos 
europeus daquela época. 
Considerações sobre o Cristianismo ––––––––––––––––––––
O cristianismo foi um elemento universal durante toda a Idade Média a ponto de 
se converter em uma espécie de modo de vida para o homem medieval. Não 
podemos nos esquecer que o conceito “religião” foi algo que surgiu somente na 
época contemporânea. Durante toda a Idade Média e parte da Idade Moderna, o 
cristianismo não foi uma religião, mas sim uma concepção de vida. 
Colombo não escapava dessa característica da mentalidade europeia do final do 
século 15. Ainda que o humanismo, impulsionado também pelo Renascimento 
Cultural, avançasse dentro dos movimentos laicos e clericais, o cristianismo 
perdurou por um longo período como a principal explicação e justificação das 
ações de homens e instituições em sua passagem pela vida terrena, sempre na 
expectativa das recompensas além-túmulo. 
Para Todorov (2003, p. 16), Colombo representou muito bem esse conflito de 
ideias entre o materialismo humanista e uma mentalidade espiritualista cristã. 
Para o autor francês, o genovês era até “muito” medieval para a sua época, 
já que Colombo imaginava financiar uma nova Cruzada em um momento em 
que as missões cruzadistas já estavam sendo abandonadas pelos Estados. No 
entanto, o autor adverte algo curioso: paradoxalmente, é um traço da mentalidade 
medieval de Colombo que faz com que ele descubra a América e inaugure a era 
moderna. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Após essas considerações sobre o cristianismo, voltemos ao 
descobrimento! 
Tão logo desembarcou em terra, Colombo, segundo ele mes-
mo conta em seus diários, foi recebido por nativos. Homens e mu-
lheres jovens, de boa estatura, cabelos lisos e grossos e nus vieram 
até eles e, depois, nadaram em direção a seus barcos. 
Segundo seus relatos, o primeiro contato foi bastante amis-
toso. Os nativos mostraram-se bastante receptivos. Ajudaram no 
reconhecimento das ilhas, indicaram possíveis locais onde pudes-
se existir ouro e forneceram alimentos. "Enfim, tudo aceitavam 
e davam do que tinham com a maior boa vontade” (COLOMBO, 
1983, p. 44). Vejam, na referida citação, a presença do "mito do 
bom selvagem", que por vezes desaparece do relato dos viajan-
tes quando os indígenas demonstravam "desrespeito" aos valores 
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47© U1 - A Descoberta e a Conquista da América
cristãos europeus. É o etnocentrismo de Colombo e dos demais 
cronistas em ação.
No regresso à Europa, em janeiro de 1493, Colombo deixou 
39 homens na Ilha La Española para que montassem uma fortaleza 
(La Natividad) que serviria de apoio para as outras futuras viagens. 
Em seu barco, levava não apenas as notícias de seu achado, mas 
também alguns nativos, frutas, plantas e pedras das novas terras. 
Seu desembarque aconteceu emergencialmente em Lisboa, devi-
do a uma forte tempestade que assolou as embarcações Pinta e 
Niña. Sua chegada em terras portuguesas foi o que permitiu que 
D. João II se inteirasse rapidamente das novas descobertas do ge-
novês. 
Em setembro do mesmo ano, foi organizada uma nova via-
gem encabeçada por Colombo. Então, o investimento espanhol foi 
muito mais consistente. Partiram dezessete navios com mais de 
1.500 homens, 20 cavalos e 13 sacerdotes. Ao chegarem à Amé-
rica, encontraram um ambiente muito mais hostil do que aquele 
deixado no começo do ano. O Forte de Natividad estava abando-
nado e alguns espanhóis foram encontrados mortos. Os sobrevi-
ventes foram achados refugiados no meio da floresta de posse de 
algumas índias.
Esse foi um sinal de que a segunda missão terminaria em 
fracasso. Muitas discórdias e disputas pelo poder marcaram essa 
nova expedição que, assim como a primeira, não atingiu o seu 
grande objetivo: encontrar ouro. Com o passar dos anos, outras 
duas viagens foram feitas por Colombo, mas o seu prestígio já era 
muito contestado e a sua exclusividade sobre as terras foi comple-
tamente esquecida. Sua quarta e última viagem ocorreu em 1502 
e, em 1506, Colombo faleceu pobre e sem nenhum tipo de reco-
nhecimento.
Veja, na Figura 5, as rotas das quatro viagens de Cristóvão 
Colombo.
© História da América II4848
Figura 5 Rotas das 4 viagens de Cristóvão Colombo. 
Apesar do insucesso imediato das primeiras viagens, o desco-
brimento serviu para equiparar as forças navais de Portugal e Espa-
nha. O interesse português pelas novas terras fez com que a legiti-
midade da posse dos territórios fosse contestada por D. João II junto 
ao papa. Somente chegariam a uma decisão sobre o assunto com a 
assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 7 de junho de 1494.
7. A CONQUISTA ESPANHOLA
O período inicial da conquista deu-se primordialmente nas 
Ilhas do Caribe. Da descoberta até 1519, a empresa colonial res-
tringiu suas ações nessa localidade. Esse momento é conhecido 
pela historiografia como "ensaio antilhano", uma vez que, de certo 
modo, as Antilhas serviram como uma espécie de laboratório colo-
nial para os espanhóis.
Entre 1492 e 1500, muito pouco foi realizado. O contato com 
os indígenas restringiu-se a algumas “trocas comerciais”. Por algumas 
raízes, animais e madeiras, os espanhóis ofereceram aos indígenas al-
gumas "quinquilharias europeias”, nos dizeres de Vainfas (1984). 
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A exploração das ilhas somente mudaria no início do século 
16, com a descoberta de ouro. Com esse fato consumado, os euro-
peus optaram por escravizar os povos locais como os arawaks e os 
karibs. Submetidas à escravidão, essas etnias viram o número de 
sua população diminuir vertiginosamente.
De qualquer forma, a extração de ouro não durou muito. Em 
pouco tempo os veios auríferos reduziram consideravelmente em 
quantidade. Além disso, com a morte de quase todos os nativos, a mão 
de obra indígena converteu-se em algo escasso. Em vez da mineração, 
a Espanha decidiu optar pela implantação da agropecuária nas ilhas. 
No entanto, a conquista espanhola partiu para a zona conti-
nental atrás de novos nativos para a conversão e novas minas para 
a extração de riquezas minerais. A primeira missão foi liderada por 
Hernán Cortez, em 1519, quando se iniciou a conquista dos astecas. 
Após 13 anos, partiriam Francisco Pizarro e Diego de Almagro para a 
segunda missão mais conhecida, a conquista do Peru incaico. 
De maneira muito panorâmica, nas

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