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A existência ética

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Filosofia - A existência ética
Muitas vezes tomamos
conhecimento de movimentos contra a
desigualdade social. Ficamos sabendo
que, em outros países e no Brasil,
milhões de pessoas estão
desempregadas e foram prejudicadas
pelas crises econômicas e pela
concentração da riqueza nas mãos de
poucos. Sentimo-nos enganados e, por
isso, ficamos indignados.
Outras vezes, movidos pela
solidariedade, engajamo-nos em
campanhas contra a desigualdade
social, a pobreza e a corrupção. Esses
sentimentos e as ações desencadeadas
por eles exprimem a maneira como
avaliamos nossas situações e a de
nossos semelhantes. Mas como
distinguimos o certo e o errado, o justo
e o injusto? De onde se originam
nossas ideias de bem e de mal, de vício
e de virtude?
Esquina de Porto Alegre com cartazes fixados
por estudantes em protestos em protesto por
Vida, Pão, Vacina e Educação (UNE).
Senso moral
Não raras vezes somos
tomados pelo horror diante da
violência: chacina de seres humanos e
animais, linchamentos, assassinatos
brutais, estupros, genocídio e torturas.
Com frequência ficamos indignados ao
saber que um inocente foi
injustamente acusado e condenado,
enquanto o verdadeiro culpado
permanece impune. Esses
sentimentos também manifestam
nosso senso moral, ou a maneira
como avaliamos as condutas alheias
segundo as ideias de justiça e
injustiça.
Outras vezes convivemos com
situações de extrema aflição e
angústia. Por exemplo, uma pessoa
querida, com uma doença terminal,
está viva apenas porque seu corpo
está ligado a máquinas. Inconsciente,
geme no sofrimento. Não seria melhor
que descansasse em paz? Podemos
desligar os aparelhos? Ou não temos
o direito de fazê-lo? O que fazer? Qual
a ação correta?
Um pai de família
desempregado, com vários filhos
pequenos e a esposa doente, recebe
uma oferta de emprego que exige que
seja desonesto e cometa
irregularidades que beneficiem seu
patrão. Sabe que o trabalho lhe
permitirá sustentar os filhos e pagar o
tratamento da esposa. Pode aceitar o
emprego? Ou deve recusá-lo e ver os
filhos com fome e a mulher morrendo?
Uma pessoa vê, nas portas de
uma escola, um jovem vendendo
droga a um outro. Essa pessoa sabe
que as ações tanto do jovem traficante
como do jovem consumidor são
decorrentes da atividade do crime
organizado, contra o qual as forças
policiais parecem impotentes. Ela
deve denunciar o jovem traficante,
mesmo sabendo que com isso não
atingirá e que poderão voltar-se contra
quem fez a denúncia? Ou deve falar
com as autoridades escolares para
Filosofia - A existência ética
que tomem alguma providência com
relação ao jovem consumidor? De que
adiantará voltar-se contra o consumo,
se nada pode fazer contra a venda
propriamente dita? No entanto, como
poderá sentir-se em paz sabendo que
há um jovem que talvez possa ser
salvo de um vício que irá destruí-lo? O
que fazer?
Consciência moral
Situações como essas surgem
a todo momento em nossa vida.
Nossas dúvidas quanto à decisão
tomar não manifestam nosso senso
moral, mas põem à prova nossa
consciência moral, pois exigem que
decidamos, por nossa conta, o que
fazer, que justifiquemos para nós
mesmos e para os outros as razões de
nossas decisões e que assumamos
todas as consequência delas. Em
outras palavras, a consciência moral
não se limita aos nossos sentimentos
morais, mas se refere também a
avaliações de conduta que nos levam
a tomar decisões por nós mesmos, a
agir em conformidade com elas e a
responder por elas perante os outros.
Os exemplos mencionados
indicam que o senso moral e a
consciência moral referem-se a
valores (justiça, honradez, espírito de
sacrifício, integridade, generosidade),
a sentimentos provocados pelos
valores (admiração, vergonha, culpa,
remorso, contentamento, cólera, amor,
dúvida, medo) e a decisões que
trazem consequências para nós e para
os outros.
O senso moral e a consciência
moral dizem respeito a valores,
sentimentos, intenções, decisões e
ações referidos ao bem e ao mal, ao
desejo de felicidade e ao exercício da
liberdade. Dizem respeito às relações
que mantemos com os outros e,
portanto, nascem e existem como
parte de nossa vida com outros
agentes morais. O senso e a
consciência morais são por isso
constitutivos de nossa existência
intersubjetiva, isto é, de nossas
relações com outros sujeitos morais.
Juízo de fato e juízo de valor
Se dissermos: “Está chovendo”,
estaremos enunciando um
acontecimento constatado por nós, e o
juízo proferido é um juízo de fato. Se,
porém, falarmos: “A chuva é boa para
as plantas” ou “A chuva é bela”,
estaremos interpretando e avaliando o
acontecimento. Nesse caso, proferimos
um juízo de valor.
> Juízos de fato são aqueles que
dizem o que as coisas são, como são e
por que são.
> Juízos de valor avaliam
coisas, pessoas, ações, experiências,
acontecimentos, sentimentos, estados
de espírito, intenções e decisões como
bons ou maus, desejáveis ou
indesejáveis. Não se contentam em
dizer como algo é, mas se referem a
que algo deve ser.
Dessa perspectiva, os juízos
morais de valor são normativos, isto é,
enunciam normas que dizem como
devem ser os bons sentimentos, as
boas intenções e as boas ações, e como
devem ser as decisões e ações livres.
São normas que determinam o dever
ser de nossos sentimentos e de nossos
Filosofia - A existência ética
atos. São por isso juízos que enunciam
obrigações e avaliam intenções e ações
segundo o critério do correto e do
incorreto.
O agente moral
O sujeito ético ou moral - ou
seja, a pessoa moral - só pode existir se
for:
> consciente de si e dos outros,
isto é, capaz de refletir e de reconhecer
a existência dos outros como sujeitos
éticos iguais a si;
> dotado de vontade, isto é, de
capacidade para controlar e orientar
desejos, impulsos, tendências,
sentimentos e de capacidade para
deliberar e decidir entre várias
alternativas possíveis;
> responsável, isto é, caso se
reconheça como autor da ação e avalie
os efeitos e as consequências dela
sobre si e sobre os outros;
> livre, isto é, capaz de
oferecer-se como causa interna de seus
sentimentos, atitudes e ações, por não
estar submetido a poderes externos
que o forcem e o constranjam a sentir,
a querer e a fazer alguma coisa.
Os valores ou os fins éticos e os
meios morais
O campo ético é constituído por
dois polos internamente relacionados:
o agente ou o sujeito moral e os valores
ou os fins éticos. Além disso, é
constituído também por outro
elemento, que vai de par com os fins,
isto é, os meios morais.
Do ponto de vista dos valores ou
fins éticos, a ética exprime a maneira
como uma cultura e uma sociedade
definem para si mesmas o que julgam
ser o mal e o vício, a violência e o
crime, e, como contrapartida, o que
consideram ser o bem e a virtude, a
brandura e o mérito.
Independentemente do conteúdo e da
forma que cada cultura dá à virtude,
ela é sempre considerada algo que é o
melhor como sentimento e como ação;
a virtude é a excelência, a realização
perfeita de um modo de ser, sentir e
agir. Em contrapartida, o vício é o que
é o pior como sentimento e como ação.
* Resumo produzido por Rudson
Varela e baseado no livro Iniciação à
Filosofia - Marilene Chaui.

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