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A culpa e a clínica fenomenológico-existencial: uma vivência de estágio Nilzilene M S Oliveira¹ e Liliam Medeiros da Silva² O presente trabalho corresponde à experiência de estágio, em psicologia clínica, proposto pelo curso de Psicologia da Universidade Presidente Antônio Carlos, de Barbacena – MG e realizado na Clínica Escola da mesma instituição. Iniciou-se o mesmo em fevereiro de 2016, com previsão de término para dezembro do mesmo ano, sendo que as atividades são orientadas à partir de uma visão fenomenológico-existencial. A clínica fenomenológico-existencial propõe uma compreensão do homem em todos os contextos de sua vivência, abrindo espaço para que o este se apodere em sua alteridade. “Abrir espaço, sem conduzir; traduzir, sem mapear um caminho que leve a algo como uma conscientização” (Feijóo, 2010, p. 123). Sendo assim, a ação psicoterapêutica se estabelece a partir da escuta e da fala, sendo possível apenas se na relação psicoterapeuta x cliente, o vínculo e a confiança mútua forem constituídos (Feijóo, 2010). Neste contexto, a culpa existencial aparece como uma das temáticas mais observadas no discurso dos clientes, sendo caracterizada, nesta visão, pelo aprisionamento do sujeito em acontecimentos do passado, o impedindo de lançar-se no futuro (Feijóo, 2010). Farias (2015) aponta que o fenômeno da culpa na atualidade vem ganhando cada vez mais notoriedade e sendo assimilada à sintomas patológicos, e apontada como desencadeador ou agravante de doenças, como por exemplo o transtorno depressivo maior, transtorno obsessivo-compulsivo e a toxicomania. No que se refere aos atendimentos psicoterápicos realizados, João apareceu, encaminhado pelo CAPS da cidade e em nosso primeiro contato, relatou sua experiência com o uso de álcool. Consumia diariamente, em vários momentos ao longo de seu dia. João relatou que no decorrer de sua vida, foi perdendo tudo o que possuía e de maneira semelhante, perdeu todos à sua volta. Atualmente, João está em recuperação, sendo que está há dois anos longe do álcool, tendo obtido “alta” do CAPS. Entretanto, não se desvencilha de seu passado, alegando que seu rompimento familiar ocorreu pelas escolhas que tivera feito. Lamenta pela maioria, e teme o que está por vir, demonstrando dificuldade de assumir-se como ser lançado. Desta forma, notou-se no discurso de João, que o mesmo se sente culpado por sua história, manifestando seu ser-no-mundo de forma rígida, presa ao passado e padecendo por não ter conseguido corresponder às expectativas assumidas no agora. Cabe ao estagiário, compreender o fenômeno tal qual este se apresenta e então, auxiliar João no reencontro consigo mesmo, de forma a assumir com liberdade sua possibilidade de vir a ser. Referências Bibliográficas Farias, B. R. (2015). A experiência de culpa: possibilidades em uma clínica fenomenológico- existencial. In: Feijóo, A. M. L. C. (org). Situações Clínicas I: Análise Fenomenológica de Discursos Clínicos. Rio de Janeiro: IFEN Feijóo A. M. L. C. A escuta e a fala em psicoterapia: uma proposta fenomenológico- existencial. Rio de Janeiro: IFEN.
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