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- A embriologia relaciona-se com a biologia observacional e manipulações experimentais. O desenvolvimento expande os estudos da embriologia, usando técnicas moleculares. Deste modo, utiliza-se abordagens genéticas para o estudo de sistemas de modelos. O desenvolvimento aproxima-se a outros campos da ciência como a biologia do câncer e neurociência, uma vez que as respostas para as questões levantadas nestes campos requerem conhecimentos de eventos particulares do desenvolvimento; - O estudo da biologia do desenvolvimento é a área em que se verificam os conceitos e os mecanismos capazes de formar um indivíduo a partir de uma célula ovo totipotente (que tem a capacidade de formar todos os tecidos), a qual se transforma em células indiferenciadas e diferenciadas específicas para o desenvolvimento de funções determinadas; base genética: o desenvolvimento embrionário ocorre baseado nos processos de indução, diferenciação, migração, segmentação e apoptose. Estudos demonstram que os genes transcrevem fatores que agem no seu ligamento e desligamento: esta cascata sequencial é coordenada para o controle do desenvolvimento; Como o embrião se desenvolve a partir de uma única célula em um organismo completo pluripotente? - Pela diferenciação celular. A maioria do desenvolvimento de sistemas é baseado na multicelularidade. Deste modo, células totipotentes tornam-se diferenciadas pela ação do gene master, os quais regulam a expressão diferencial de um segundo tipo celular, que sofrerá a ação de genes mantenedores do estado diferenciado e reguladores do desenvolvimento. Outros genes diferenciadores também são influenciados pelo gene master: promotores, silenciadores e acentuadores. Assim, identificam-se os genes relevantes e as vias de desenvolvimento para diferentes programas morfogenéticos no embrião; Como células diferenciadas se movem e se organizam durante o desenvolvimento? - A morfogênese induz ao movimento celular e à organização tissular. Os movimentos morfogenéticos caracterizam-se como uma série de dobramentos celulares, que resultam em mudanças radicais na formação do embrião. Nele, ocorre intensa síntese de material nuclear, sucessivas divisões celulares e migrações dessas células para posições específicas no embrião, resultando na formação de novas camadas que determinam conjuntos de órgãos e tecidos bem definidos; Quais são os fatores limitantes para a divisão celular? - O crescimento alométrico e isométrico controlam o crescimento durante o desenvolvimento. No crescimento alométrico, observa-se que partes do corpo não crescem na mesma taxa de crescimento e se relaciona às taxas variantes de mitose nas regiões do embrião ao passo que, no crescimento isométrico, a taxa de crescimento é igual, controlando e equilibrando o crescimento ao longo do embrião. O crescimento humano e animal demonstra crescimento alométrico, contudo algumas partes como os membros crescem de modo isométrico; Estabelecimento dos eixos corporais - Com isso, as células serão capazes de obedecerem às sinalizações de migração e diferenciação celular de acordo com a região em que se encontram para a formação de tecidos e órgãos específicos. Assim, estabelecem-se os eixos dorso-ventral, anterior- posterior e direito-esquerdo. Esta mesma definição de eixos determina a construção dos corpos; Organização das camadas germinativas - A diferenciação das camadas da ectoderme, mesoderme e endoderme induzem e sinalizam a diferenciação de grupamentos específicos de células que irão formar órgãos, tecidos e epitélios de cobertura; Morfogênese - Caracteriza-se por informar ao agrupamento de células que elas devem orientar-se especialmente de modo a formarem os arcabouços dos órgãos durante a sua fase de desenvolvimento; Diferenciação celular - Está associada à determinação da ação celular de modo específico. Esse processo é determinado por genes que codificam proteínas específicas, por meio da interação e ação das regiões controladoras e codificantes. O número de genes ativados envolvidos no desenvolvimento do embrião é de difícil determinação de acordo com a complexidade de desenvolvimento do ser vivo; Crescimento - O crescimento do embrião é característico em um desenvolvimento normal embrionário e é considerado secundário a todos os processos principais envolvidos neste desenvolvimento. O processo todo pode ser influenciado de modo deletério em casos de má nutrição, mau desenvolvimento da circulação útero-placentária e exposição a substancias teratogênicas; Proliferação celular - Relaciona-se com a especialização celular, uma vez que as células somáticas e as germinativas são derivadas das células totipotentes presentes no zigoto. Assim, devemos separar as duas populações entre somáticas e germinativas. Deste modo, as gerações seguintes não herdam as características dos pais, mas sim das células germinativas parentais. Na especialização celular, observamos a presença de determinantes no núcleo, que são distribuídos desigualmente durante as clivagens. O destino de cada célula é predeterminando no ovo pelos fatores que ela recebe durantes as clivagens, predominando um desenvolvimento em mosaico; Interação - As células interagem entre si e com o meio no qual se encontram. Durante o desenvolvimento, as células em multiplicação podem diferenciar-se já na divisão celular, observando-se processos de divisões assimétricas (as células filhas adquirem características diferentes a partir da célula-mãe) ou divisões simétricas (as células filhas são idênticas, mas o meio em que se encontra é capaz de induzir modificações em uma das células-filha); - O processo de morfogênese pode ser desencadeado por duas vias distintas, sendo ambas relacionas à interação celular. As células são capazes de serem influenciadas a modificar seu comportamento devido à interação com substâncias difusíveis (hormônios, fatores de crescimento, morfógenos) produzidas por outra célula, ou as células interagem entre si e, devido ao reconhecimento das suas moléculas de superfície, podem agrupar-se ou migrar umas sobre as outras; Movimentação - A movimentação celular durante o desenvolvimento permite que as células se organizem de modo a se agruparem e formarem tecidos e órgãos, conforme a figura; - É um processo continuado a partir da interação. As células movem-se em tempos e lugares determinados, assim, observa-se que apresentam afinidade seletiva. Em situação experimental na qual houve a mistura de células da epiderme, mesoderme e endoderme, observou-se que elas não permaneceram misturadas, com o tempo arranjaram-se de modo a imitarem o seu posicionamento durante o desenvolvimento normal. Na sua configuração final, o ectoderma estava na periferia, o endoderma internamente e o mesoderma se situa na região entre eles. Deste modo, pode-se inferir que a superfície interna do ectoderma tem uma afinidade positiva pelas células mesodérmicas e uma afinidade negativa para o endoderma, enquanto o mesoderma tem afinidades positivas para ambas as células, ectodérmicas e endodérmicas; Se as células possuem determinantes assimetricamente distribuídos, como estas moléculas agem influenciando o destino celular? - Por meio da regulação e da indução: Regulação - É observado que os embriões mantêm a capacidade de desenvolver-se mesmo quando algumas partes são removidas ou rearranjadas. As células iniciais do embrião podem se reorganizar, modificando seu comportamento, e formar um embrião completo. Este processo é definido pela regulação; - Os experimentos comprovam que os embriões se desenvolvem através de comunicações entre suas células. Assim, se células mortas estão presentes, resultam no desenvolvimento de meio embrião, ao passo que se as células mortas estão separadas ocorrerá o desenvolvimento de um embrião completo menor; Indução - O processode indução revela que um tecido dirige o desenvolvimento de outro. Os experimentos comprovaram que o lábio dorsal do blastóporo enxertado em outro embrião induziu a formação de um embrião parcial. Esse tecido foi chamado de organizador por ser capaz de organizar um novo embrião. Conclusão: Um tecido tem a capacidade de dirigir o desenvolvimento de outro tecido vizinho pelo processo de indução. Assim, ao se implantar o mesmo centro organizador de uma espécie não pigmentada em uma espécie pigmentada, visualizamos a formação de 2 tubos neurais e notocordas cada um induzido à diferenciação de acordo com o centro organizador de cada espécie; - O comportamento celular é controlado geneticamente através das proteínas que são produzidas por cada célula embrionária. Assim, a atividade gênica diferencial controla o desenvolvimento e, deste modo, o programa genético do embrião é gerador do processo diferencial e não descritivo; - Com base nisso, observamos que a diferenciação de uma célula não pode ser definida como um processo que ocorra em um único passo, pois inclui as fases de especificação, determinação e diferenciação, processos caracterizados por serem progressivos e temporalmente variados do estabelecimento do destino celular; - Observamos que cada mapa de destino é formado por 2 regiões, uma A representada em amarelo e uma B representada em verde. No primeiro quadro, observa-se que, naturalmente, cada célula em cada uma das regiões irá diferenciar-se e adquirir um formato específico; - No segundo quadro, denominado de região B não determinada, uma de suas células será implantada na região A (a área transplantada é representada pela cor vermelha). Assim, ao observarmos o tecido diferenciado, podemos visualizar que o tecido transplantado da região B diferenciou-se no formato específico da região A, ou seja, como estas células não haviam sido determinadas para diferenciar-se no formato específico da região B, elas tornam-se suscetíveis à interação com o meio A e, portanto, adquirem o seu formato; - No quadro seguinte, onde a região B é determinada, ao transplantarmos uma célula dessa região para a área A, estas células diferenciam-se no formato específico de B no interior da região A: esse processo só ocorre pois as células já estavam determinadas, ou seja, comprometidas a diferenciar-se no formato de B, independente da interação com o meio; - No último quadro, quando as células da região B já estão na fase especificada, ao serem transplantadas, independente de qualquer região, irão manter a sua diferenciação para o formato específico para o qual haviam sido determinadas e especificadas; Especificação - Refere-se às células comprometidas com um destino celular. Contudo, deve notar-se que, devido a comunicações com outras células, pode ocorrer a alteração do destino. A especificação celular pode ser autônoma ou condicional; - Na ESPECIFICAÇÃO AUTÔNOMA, as células são especificadas devido aos seus próprios componentes citoplasmáticos internos. É característica da maioria dos invertebrados. As clivagens invariantes produzem as mesmas linhagens em cada embrião da espécie. O destino dos blastômeros é geralmente pré-fixado e invariante. A especificação do destino celular precede qualquer tipo de migração celular embrionária em larga escala; - Assim, se um determinado blastômero fosse removido precocemente no desenvolvimento de um embrião A para um B, esse blastômero de A produziria as mesmas células como se fizesse parte do seu embrião de origem. Adicionalmente, o embrião A remanescente que não possuiria mais aquelas células transplantadas não desenvolveria aquele tipo celular, uma vez que as células haviam sido retiradas, conforme pode-se observar na imagem, na qual, devido à ausência das células identificadas em rosa, não se visualiza o desenvolvimento das estruturas dependentes dela. A especificação autônoma faz surgir um padrão de embriogênese referido como desenvolvimento em mosaico, uma vez que o embrião parece ser formado por um mosaico de peças autodiferenciadas; - A ESPECIFICAÇÃO CONDICIONAL é característica de todos os vertebrados e de alguns invertebrados. Ocorre como consequência de interações celulares, assim as posições relativas das células são importantes, permitindo os rearranjos e migrações celulares em larga escala que podem acompanhar ou mesmo preceder a especificação. Desenvolve-se assim a capacidade para um desenvolvimento “regulativo”, no qual se permite que as células adquiram diferentes funções. Observa-se que ao retirarmos as células representadas em rosa, de mesmo modo não obteremos as células desenvolvidas a partir dela, contudo, as estruturas finais ainda são desenvolvidas a partir das células que restaram, pois além de migrarem para as devidas regiões também desenvolveram outras funções; Determinação - Refere-se às células em um estágio mais avançado de maturação que formarão as estruturas para as quais estão designadas, mesmo em contato com tecidos diferentes; Diferenciação - Refere-se às células com características diferentes de outros tipos celulares; - Interações proximais são, em geral, mediadas por proteínas que podem difundir-se ao longo de curtas distâncias para induzir mudanças em suas células vizinhas. Essas proteínas são muitas vezes chamadas de fatores parácrinos ou fatores de diferenciação e crescimento (GDFs). Enquanto os fatores endócrinos (hormônios) circulam pelo sangue para exercer seus efeitos, os fatores parácrinos (como FGF e NGF) são secretados para os espaços imediatamente ao redor da célula que os produz. A formação de numerosos órgãos é realmente efetuada por uma população relativamente pequena de proteínas; - O processo de indução não é, sozinho, o responsável pela alteração nas células-alvo. A célula-alvo precisa ser competente para responder a este sinal: possuir o receptor adequado, o mecanismo de transdução necessário para passar o sinal para a célula, determinados fatores de transcrição para a ativação gênica. O grupo de genes transcricionalmente ativos determina a capacidade de resposta daquela célula-alvo. Cada célula-alvo possui um repertório de respostas a sinais vindos de outras células. O mesmo sinal pode induzir diferentes respostas em diferentes células; - O gradiente de concentração de substâncias morfógenas auxiliam as células a manterem a sua posição e a diferenciar-se adequadamente de acordo com a sua posição. Deste modo, o morfógeno pode ser liberado/posicionado de forma a se difundir a partir da fonte espalhando-se até a sua degradação e estabelecendo, assim, um intervalo contínuo de concentrações dentro dessa região. Assim, na dependência da concentração e da interação com os receptores de membrana das células, ocorrerá a sua especialização de acordo com a sua posição; - O morfógeno é uma molécula envolvida na formação do padrão e cujas concentrações são variáveis e afetam as células-alvo de acordo com estas concentrações. O gradiente de concentração do morfógeno ao longo de um eixo expõe as células em cada posição neste eixo a uma quantidade desta substância. As células respondem a concentrações limiares para que tenham determinado comportamento. Exemplo da bandeira francesa: em uma concentração mais alta, as células se tornam azuis; um pouco mais baixa, brancas; e mais baixa ainda, vermelhas; Como estruturas podem tornar-se regularmente espaçadas? Pela inibição lateral; - Durante o desenvolvimento e também em organismos adultos, ocorrem espaçamentos e padrões de distribuição. Para que isso aconteça, uma célula começa a produzir maior quantidade de determinada substância inibibora e inibe a diferenciação das células vizinhas na mesma estrutura que ela formou. Exemplos deste sistema são observados nas penas de uma ave; células sensoriais ou de suporte;
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