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100 RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA Resolução CFN 383/2006 – dispõe sobre as especialidades reconhecidas pelo CFN para efeito de registro no CRN. Reconhecida a especialidade de fitoterapia na área de Nutrição. Resolução CFN 402/2007 – regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas ou como droga vegetal nas suas mais diferentes formas farmacêuticas. O nutricionista somente deverá prescrever aqueles produtos que sejam exclusivos de indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico, ou seja, não poderá prescrever produtos que exijam prescrição médica. RDC ANVISA 10/2010 – dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à ANVISA. Regulamenta todo o processo do uso de plantas medicinais, desde a produção, distribuição e uso, o que garante melhor organização, segurança, eficácia e qualidade de acesso a tais produtos. Resolução CFN 525/2013 – regulamenta a prática de fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para prescrição de fitoterápicos. Regulamenta a especialidade de fitoterapia em Nutrição. Resolução CFN 525/2013 (na realidade é a 556/2015) – acrescentou a obrigatoriedade do título de especialista ou certificado de pós-graduação para prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais. Resolução CFN 556/2015 - Altera as Resoluções nº 416, de 2008, e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da prática da Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética. Art. 2º O exercício das competências do nutricionista para a prática da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética deverá observar que: I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é permitida a todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista; II - a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos, como complemento de prescrição dietética, é permitida ao nutricionista desde que seja portador do título de especialista em Fitoterapia. § 4º Para a outorga do título de especialista em Fitoterapia, a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), atendido o disposto no § 1º deste artigo, adotará regulamentação própria, a ser amplamente divulgada aos interessados, prevendo os critérios que serão utilizados para essa titulação. § 5º Na regulamentação de que trata o § 1º deste artigo, serão considerados, como parâmetros, os componentes curriculares mínimos da base teórica, da teoria aplicada e da prática, além da experiência profissional na área, que capacitem o nutricionista para o exercício (...) Art. 3º O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) celebrará, com a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), instrumento jurídico de cooperação destinado a atender o disposto no § 1º do art. 3º da Resolução nº 525, de 2013, e a garantir os recursos institucionais, humanos, inclusive jurídicos, e financeiros necessários ao desempenho, pela ASBRAN, das atividades inerentes ao reconhecimento da especialidade Fitoterapia. Art. 4º Não se aplicará o disposto no caput, inciso II e § 4º do art. 3º da Resolução nº 525, de 2013, com as alterações dadas por esta Resolução, aos nutricionistas que, até a data de publicação desta Resolução, estejam matriculados ou tenham obtido certificado de conclusão de cursos de pós- graduação Lato Sensu, com ênfase na área de fitoterapia relacionada à nutrição. METABOLISMO DAS PLANTAS Metabolismo: Conjunto de reações químicas que continuamente ocorrem em cada célula. As reações enzimáticas podem: anabólicas, catabólicas e de biotransformação. As rotas metabólicas visam primariamente a obtenção de nutrientes para a necessidade da célula, como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e biossíntese de compostos essenciais à sua sobrevivência (carboidratos, lipídios e proteínas). Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados reações do metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção, distribuição universal e com funções essenciais. O metabolismo da célula vegetal é subdividido em metabolismo primário e metabolismo secundário. O metabolismo primário refere as reações metabólicas relacionadas diretamente aos processos vitais do vegetal. Resulta nas seguintes substâncias: carboidratos, proteínas, lipídios, celulose e lignina. É comum a todos os vegetais. Corresponde às reações de fotossíntese e respiração celular. É o metabolismo secundário que caracteriza-se pela biossíntese de micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em pequena escala, distribuição restrita e especificidade. Os metabólitos secundários por serem fatores de interação entre organismos, frequentemente apresentam atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse para o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais. São os produtos do metabolismo secundário da célula vegetal que possuem função específica na Nutrição Defensiva (Nutrição Funcional) e na Fitoterapia. As ações esperadas dos fitoquímicos derivados do metabolismo secundário das plantas são: Adstringentes – cicatrizantes e anti-inflamatórios; Antirreumáticas – diminuição de ácido úrico, gota e reumatismo; Antissépticas – diminuição de microrganismos; Antidiarréicas – controlam a eliminação de água; Calmantes – ansiolíticos e diminuidores de estresse mental; Carminativas – diminuição de flatulência; Coleréticas – aumentam a eliminação de bile; Depurativas – aumentam a eliminação de toxinas; Digestivas – aumentam a hidrolise em TGI; Diuréticas – ação aquarética, com ou sem eliminação de eletrólitos; Emagogas – regulam a eliminação menstrual; Eméticas – estimulam o vômito; Estimulantes – aumentam a energia e o TMB; Expectorantes – eliminam catarro do sistema aéreo; Laxativas – aceleram o peristaltismo; Hepatoprotetoras – atuam em fases de desintoxicação hepáticas; e Oxigenas – estimulam o apetite. FITOTERAPIA: UMA VISÃO NUTRICIONAL Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 101 CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA 102 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS RASURA Processo de fragmentação da droga vegetal através de moinhos. A droga vegetal rasurada é largamente utilizada no preparo de chás (infusos ou decoctos) pelo próprio paciente. Indicação: infusos e decoctos. Podem ser utilizadas para uso externo, como banhos e cataplasmas. Vantagens: acondiciona bem grandes doses e plantas volumosas. Desvantagem: em fórmulas, não há boa homogeneidade. PÓ Consiste na droga vegetal, seca, moída finamente. É a forma farmacêutica em que o princípio ativo encontra-se pulverizado, podendo ser destinado ao uso interno ou externo. Droga vegetal Moagem Pó Limitação de uso: dificuldade de padronização farmacológica e do controle de qualidade. Indicação: é usado como infuso (chá) ou misturado diretamente em bebidas ou frutas amassadas. É especialmente indicado para pacientes com dificuldade em ingerir cápsulas ou com intolerância gástrica a elas. Vantagens: garante homogeneidade da mistura, bom acondicionamento, facilita a extração dos princípios ativos e possui facilidade de administração ao paciente. Desvantagens: pode causar irritabilidade em esôfago e promover náuseas em pessoas sensíveis, em especial para princípios amargos. INFUSÃO Trata-se de uma técnica extrativa que consiste em lançar sobre a planta água fervente, mantendo- se o líquido e a planta encerrados num vaso fechado, em contato durante certo tempo. Esta técnica é utilizada para plantas tenras, folhas, flores reduzidas normalmente a pó ou rasuradas. É conhecido popularmente como chá por infusão. Preparo: separe as partes que lhe interessam e lave-as cuidadosamente. Pode-se utilizar plantas medicinais variadas, desde que de órgãos vegetais idênticos (só folhas ou só flores). Ferva a água, desligue e mergulhe as partes da planta. Observe a proporção: 5 partes de planta para 95 partes de água! Cubra e deixe abafado por 5 a 30 minutos. Obs.: É importante abafar, principalmente quandose utiliza folhas e flores, para evitar a perda das propriedades medicinais. DECOCÇÃO Consiste em manter um sólido (no caso, a planta) em contato, durante certo tempo, com um solvente, normalmente a água em ebulição, obtendo-se deste modo, uma solução extrativa denominada decocto ou cozimento. É uma técnica empregada para plantas que possuem superfície e partes lenhosas (cascas, raízes e folhas muito duras). É chamado de chá por fervura. Preparo: separe as partes da planta que lhe interessem e lave-as cuidadosamente. Em um recipiente com água, adicione as partes da planta e submeta à cocção (10 a 20min). O tempo de preparo depende da parte da planta utilizada: 2 minutos para folhas e flores 7 minutos para raízes e caules 10 minutos para a planta toda Observe a proporção: 10 partes de planta para 150 partes de água. Após este tempo, retire do fogo e deixe o recipiente tampado por alguns minutos antes de usar. Proceda a filtragem antes de ingerir. MACERAÇÃO consiste em um tipo de extração a frio de acordo com a relação quimica entre ativo e solvente, no qual certas plantas são deixadas em repouso em determinado líquido (água destilada, vinho, álcool de cereais e óleos), durante um certo período, para extração, exemplo azeite aromatizado ou vinagre com especiarias. TINTURA As tinturas são soluções hidroalcoólicas (30º a 96ºGL) obtidas de vegetais secos por maceração ou por percolação. Geralmente feito com 20% a 25% de planbtas secas para as tinturas vegetais. A tintura mãe segue a padronização de 10% e é a base para produção de homeopatias. Podem ser: simples (extração de uma única espécie) ou composta (extração de duas ou mais espécies). As tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e sabor forte das plantas. Indicação: pacientes com dificuldade para ingestão de cápsulas. Vantagens: redução da quantidade de material ingerido para atingir a mesma ação medicinal, além da alta biodisponibilidade. Desvantagens: Alto teor alcoólico e eventuais incompatibilidades físico-químicas entre algumas plantas. EXTRATOS SECOS São preparações sólidas obtidas pela evaporação do solvente utilizado na extração. Os extratos secos são obtidos pela evaporação do extrato aquoso ou alcóolico a uma temperatura que não exceda 50ºC e apresentam, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculados como porcentagem de massa, ou seja, não podem exceder 5% de seu peso em água. A Farmacopéia Brasileira não estabelece a concentração do extrato seco em relação à droga vegetal, ficando a critério do produtor. Extrato seco padronizado: O teor de um ou mais constituintes é ajustado a valores previamente definidos. O objetivo é garantir o controle de qualidade e o desenvolvimento de produtos fitoterápicos que preenchessem os requisitos de qualidade, eficácia e segurança, exigidos para qualquer medicamento. Exemplo de extratos padronizados: - Ginkgo biloba: 24% de gingkosídeos; - Glycine max: 40% de isoflavonas. Normalmente os extratos secos são prescritos em cápsulas. Indicação: pacientes com intolerância ao cheiro e/ou ao gosto de uma ou mais plantas da fórmula. Vantagens: fácil administração e facilidade de transporte. Desvantagens: dificuldade de uso pediátrico, inviável para algumas plantas volumosas, fracionamento da dose em grande quantidade de cápsulas, intolerância gástrica às cápsulas ou desconforto em virtude de agentes de volume (excipientes). A relação entre o derivado de droga vegetal e sua concentração pode ser dada de duas formas: a primeira, em que se correlaciona a quantidade de droga vegetal utilizada para se obter determinada quantidade de extrato; e a segunda, em que se explicita a quantidade, em percentual, do marcador químico e/ou farmacológico daquele extrato. À primeira situação dá-se o nome do extrato concentrado e, à segunda situação dá-se o nome do extrato padronizado. PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM NUTRIÇÃO 1.Camomila (Matricaria chamomilla) É uma planta tradicionalmente utilizada para tratamento de desconfortos abdominais, como cólicas e como sedativo leve. Extratos das flores de camomila possuem efeitos antidiarréicos, antissecretório e antiespasmódico, por ativação de canais de potássio e antagonista de canais de cálcio. A camomila diminui a cólica abdominal por diminuição do peristaltismo. 2.Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) Possui uso popular para tratamento de distúrbios gástricos. Suas folhas possuem frações flavônicas que exercem ações gastroprotetoras. Possui ação na motilidade gástrica em quadros de diarreia. O mecanismo por trás desse efeito dá-se pela ação em receptores muscarínicos e não em dopaminérgicos. 104 O extrato de espinheira-santa reduz a secreção ácida por inibição da bomba de prótons, sendo gastroprotetor em hipersecreção ácida. Em paralelo, possui ação anti-inflamatória em parede de estômago, sendo mais um auxílio no tratamento de úlceras. A infusão de espinheira-santa pode ser feita por nutricionista, ao passo que a prescrição de medicamentos à base é exclusiva médica. 3.Guaçatonga (Casearia sylvestris) Utilizada tradicionalmente para inflamação e úlceras, por mecanismos diferentes da espinheira-santa. Suas folhas contem uma classe de terpenos que inibem fosfolipase A2, evitando lesão de parede gástrica por meio de atividade anti- inflamatória não esteroidal, ou seja, interferência na cascata química da ciclo-oxigenases. Possui ação cicatrizante da mucosa gástrica. Foi demonstrado aumento de deposição de colágeno em pontos de úlceras, em modelo animal. O efeito é melhor na forma de infusão que extrato seco, dada a ação direta do infuso na mucosa gástrica. 4.Boldo-do-Chile (Peumus boldus) Suas folhas contém um grande número de alcalóides boldina e flavonóides. É utilizada para desordens hepáticas. Possui ação na inibição da atividade da acetilcolinesterase e ação antioxidante., inclusive na ação SOD mitocondrial manganês dependente. (MnSOD) em fígado e pâncreas. A infusão de folhas exerce ação hepatoprotetora contra xenobióticos, uma vez que agem nas fases de biotransformação hepática e diminuem o processo de peroxidação lipídica. Sua ação é complementada com alcachofra (Cyanara scolymus), cardo mariano (Sylibum marianum) e dente-de-Leão (Taraxacum officinale), uma sinergia que modula enzimas chaves dos diversos desequilíbrios associados à síndrome plurimetabólica, como a lípase pancreática e a α-glucosidase. Sua ação no estômago se deve à presença das catequinas, que tem demonstrado uma potente atividade antiurease e antiaderência de H. pylori, possuindo ação gastroprotetora, especialmente contra câncer de estômago. 5.Dente-de-Leão (Taraxacum officinale) Uso popular para processo de má digestão de gorduras e como diurético. Suas folhas são ricas em sesquiterpenos, saponinas, compostos fenólicos, flavonóides e fibras. Possui atividade antioxidante e anti-inflamatória em TGI, além de possível atuação em fases de biotransformação hepática. Folhas de dente-de-Leão consumidas cruas ou como infuso estimulam o crescimento de lactobacilos e bifidobactérias. Uso clínico em disbiose.
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