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URINÁLISE E FLUIDOS 
BIOLÓGICOS
UNIDADE I
URINÁLISE
Elaboração
Rebeca Confolonieri
Julio Cesar Pissuti Damalio
Ana Isabel de Camargo
Atualização
Rebeca Confolonieri
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................4
UNIDADE I
URINÁLISE .................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO À URINÁLISE ................................................................................................ 5
CAPÍTULO 2 
FUNÇÃO DOS RINS E DOENÇAS RENAIS ........................................................................... 13
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................18
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INTRODUÇÃO
O Caderno de Estudos e Pesquisa “Urinálise e Fluidos Biológicos” foi elaborado com 
o objetivo de proporcionar a você, aluno(a), conhecimentos básicos aplicados na área 
laboratorial, assim como sua interação com outras áreas das ciências da saúde.
Para tanto, serão apresentados, de forma concisa, abrangente e cuidadosamente 
estruturada, os elementos da análise dos fluidos biológicos, visando acompanhar as 
constantes mudanças no campo da Medicina Laboratorial.
O exame de urina é um meio específico de avaliação da função renal do organismo 
humano, sendo, portanto, um forte elemento diagnóstico no estudo das patologias 
em geral.
Para a avaliação fidedigna de todos esses fluidos biológicos, o emprego de técnicas 
sensíveis e específicas é fator preponderante para o bom desenvolvimento da análise. 
Nesse sentido, será abordada a maneira correta para a coleta de cada amostra, quem 
pode realizá-la e como são feitas suas análises específicas.
Este caderno lhe fornecerá, ainda, uma visão detalhada das estruturas físicas, químicas 
e microscópicas da urina e dos outros tipos de fluidos biológicos. Nesse sentido, serão 
abordadas as análises dos líquidos serosos, do líquido sinovial, do líquido seminal, 
do líquido amniótico, do suor, da saliva e do suco gástrico, apontando o significado 
clínico de cada um deles e sua importância. Ademais, seu estudo será enriquecido com 
ilustrações recentes aplicadas principalmente à Medicina Laboratorial.
Objetivos
 » Aprofundar conhecimentos sobre os líquidos biológicos do organismo.
 » Aprofundar estudos sobre a importância da realização do exame de urina.
 » Saber associar o quadro clínico do paciente aos resultados encontrados.
 » Estimular a reflexão crítica em cada tipo de exame.
 » Construir habilidades e competências na área específica.
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UNIDADE IURINÁLISE
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO À URINÁLISE
1.1. História e importância
A medicina laboratorial teve início com a análise da urina. Embora os métodos não 
fossem sofisticados, a observação da urina permitia ao médico obter informações 
diagnósticas a partir da turvação, da cor, do odor, do volume, da viscosidade e até 
mesmo da presença de açúcar, ao perceberem que certas amostras atraíam formigas. 
Os meios modernos de urinálise ampliaram seu campo de ação, abrangendo não só o 
exame físico, mas também a análise bioquímica e a microscopia do sedimento urinário.
No século XVII, com a invenção do microscópio, foi possível realizar o exame do 
sedimento urinário e criar métodos para sua quantificação.
Além da amostra de urina ser de obtenção rápida e fácil, fornece informações sobre 
muitas das principais funções metabólicas do organismo, por meio de exames 
laboratoriais simples. Essas características se ajustam às tendências atuais em favor da 
medicina preventiva.
Devido ao fato de o exame urinário ser um método muito valioso de triagem metabólica, 
pode-se detectar, além de doenças renais, o início assintomático de patologias como 
o diabetes mellitus e as hepatopatias.
A urinálise é um grupo de exames químicos e microscópicos. Detecta produtos normais 
e anormais do metabolismo, células, fragmentos de células e bactérias na urina. Os rins 
filtram o sangue, eliminando na urina restos metabólicos desnecessários, como ureia e 
creatinina, e conservando substâncias necessárias e reaproveitáveis, como proteínas e 
glicose. Alterações da composição da urina podem indicar problemas metabólicos ou 
problemas renais (Strasinger, 2009).
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UNIDADE I | URINÁLISE
Muitos distúrbios afetam a composição da urina, principalmente aumentando a 
quantidade de substâncias, como proteínas, glicose ou bilirrubina, e células, como 
leucócitos e hemácias. Concentrações aumentadas de componentes que não são 
encontrados normalmente em quantidade significativa na urina podem ocorrer porque 
(Strasinger, 2009):
 » a quantidade no sangue está aumentada, e os rins estão eliminando o excesso;
 » a função renal está comprometida por uma doença; e
 » há uma infecção urinária, no caso de bactérias e leucócitos em excesso na urina.
A urinálise inclui três fases (Strasinger, 2009):
 » exame visual: que avalia a cor e a transparência da urina;
 » exame químico: que avalia dez componentes da urina que podem estar alterados;
 » exame microscópico: que identifica e determina a quantidade e o tipo de células, 
bactérias, cristais e outros componentes que podem ocorrer na urina.
1.2. Formação e composição
A formação da urina ocorre nos rins, como um ultrafiltrado do plasma, a partir do 
qual são reabsorvidos glicose, aminoácidos, água e outras substâncias essenciais ao 
metabolismo do organismo (Strasinger, 2009).
A urina é formada a partir da filtração do sangue que passa no interior dos néfrons. De 
maneira resumida, podemos dizer que o processo de formação da urina ocorre em três 
etapas (Strasinger, 2009):
 » filtração;
 » reabsorção;
 » secreção.
Inicialmente, o sangue arterial chega sob alta pressão nos capilares do glomérulo. 
Nesse momento, a pressão faz com que parte do plasma saia em direção à cápsula de 
Bowman. Essa passagem de plasma é conhecida como filtração. O filtrado formado é 
muito semelhante ao plasma no interior dos vasos sanguíneos, entretanto não possui 
proteínas nem células do sangue (Strasinger, 2009).
O material proveniente da filtração segue para os túbulos renais, local onde ocorre a 
reabsorção. Nessa etapa, as substâncias importantes que não devem ser perdidas são 
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URINÁLISE | UNIDADE I
reabsorvidas. Quase 99% da água filtrada no corpúsculo, por exemplo, é absorvida. 
A grande reabsorção é também verificada para glicose e aminoácidos (Strasinger, 2009).
No túbulo proximal ocorre a maior parte da reabsorção de água e sódio, duas substâncias 
essenciais para o funcionamento do corpo. Estima-se que cerca de 67% a 80% de íons 
Na+ e água são absorvidos do filtrado nessa etapa. Na alça de Henle e no túbulo distal, 
substâncias também são reabsorvidas (Strasinger, 2009).
Além da reabsorção, ocorre a secreção no túbulo renal, que é um processo oposto ao 
da reabsorção. Na secreção, as substâncias presentes nos capilares são lançadas no 
interior do túbulo renal, o que garante a sua eliminação pela urina. Substâncias tóxicas 
do metabolismo e medicamentos, por exemplo, são excretadas no túbulo proximal 
(Strasinger, 2009).
Ao final dessas três etapas, temos a urina formada. Sendo assim, podemos dizer que a 
urina é o produto formado pelo filtrado glomerular, retirando-se o que foi reabsorvido 
e somando-se o que foi secretado (Strasinger, 2009).
A ureia, um produto residual do metabolismo do fígado a partir de proteínas, é 
responsável por quase metade do total de sólidos dissolvidos na urina. O principal 
sólido inorgânico dissolvido é o cloreto, seguido pelo sódio e pelo potássio. A ingestão 
dietética influencia as concentrações desses compostos inorgânicos, o que torna difícil 
estabelecer níveis normais.
Substâncias como hormônios, vitaminas e medicamentos também são encontradas na 
urina. Ela tambémpode conter elementos formados, como células, cilindros, cristais, 
muco e bactérias, sendo que o aumento destes é indicativo de doença.
Para ter certeza de que um determinado fluido é realmente urina, pode-se dosar ureia 
e creatinina nessa alíquota, tendo em vista que tais substâncias se encontram presentes 
em altas concentrações se comparadas a outro fluido corporal.
1.3. Volume
O volume urinário depende da quantidade de água excretada pelos rins, portanto, a 
quantidade excretada, em geral, é determinada pelo estado de hidratação do organismo.
Os fatores que influenciam o volume de urina são:
 » ingestão de líquidos;
 » perda de líquidos por fontes não renais;
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 » variações na secreção do hormônio antidiurético; e
 » necessidade de excretar grandes quantidades de solutos, como glicose ou sais.
O débito urinário médio é de 1.200 mL a 1.500 mL, porém podem ser considerados 
normais os valores limites de 600 mL a 2.000 mL.
Redução do volume diário normal de urina, também chamada de oligúria, geralmente 
se dá quando o organismo se encontra em um estado de desidratação devido à perda 
excessiva de água em decorrência de episódios de vômito, diarreia, transpiração ou 
queimaduras graves.
Quando ocorre anúria, ou seja, cessação do fluxo urinário, a oligúria pode ser resultante 
de qualquer tipo de lesão renal grave ou até de uma diminuição do fluxo sanguíneo 
para os rins.
Nictúria é o aumento na excreção noturna de urina. Contudo, a poliúria é o aumento 
do volume urinário diário, que, por sua vez, está muito associada ao diabetes mellitus 
e ao diabetes insípido.
1.4. Coleta
O recipiente da amostra deve ser devidamente etiquetado com o nome do paciente, 
a data e a hora da colheita, lembrando que as etiquetas devem ser postas sobre o 
recipiente e não sobre a tampa.
Amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de uma hora, sem conservantes, 
podem apresentar as seguintes alterações:
 » Aumento do pH, bactérias, turvação.
 » Diminuição da concentração de glicose, cetonas, bilirrubinas, urobilinogênio.
 » Desintegração de hemácias e cilindros.
 » Alteração de cor = oxirredução de metabólitos.
A orientação e a preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando do sexo 
feminino, não se constituem, na prática diária, um procedimento dos mais simples. Por 
isso, frequentemente nos deparamos com amostras de urina inadequadamente colhidas, 
que apresentam características de contaminação com fluxo vaginal.
No caso de pacientes do sexo feminino, elas devem ser orientadas a lavar 
cuidadosamente as mãos e, após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os 
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órgãos genitais externos em torno da uretra com água e secar com lenços de papel 
ou limpar com lenços de higiene. Após essa higienização, os lábios vaginais devem 
ser mantidos afastados até a micção e durante ela. A primeira parte do jato da micção 
deve ser desprezada. Após isso, colhem-se aproximadamente 50 mL e despreza-se o 
restante. As pacientes devem colher a amostra de urina imediatamente após realizar a 
higiene, sem se levantarem do vaso; caso contrário, o procedimento de higiene deve 
ser repetido. O rigor necessário na higiene dos órgãos genitais externos torna o êxito 
do procedimento de coleta difícil de ser alcançado.
Como alternativa para o procedimento de higiene, recomenda-se que a paciente proceda 
à colheita da urina após lavar bem as mãos. Com os dedos indicador e médio, ela deve, 
então, afastar bem os grandes lábios vaginais. Com leve pressão, deve promover a 
retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta uma curva descendente de, 
aproximadamente, 45° (Figura 1).
Figura 1. Orientação para coleta de urina para pacientes do sexo feminino.
Fonte: https://www.ourilab.com.br/instrucoes_coleta.html#c2.
Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavar cuidadosamente as mãos 
e, após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para permitir cuidadosa lavagem da 
glande peniana apenas com água ou, então, realizar essa limpeza com lenços de higiene. 
Após essa higienização, sem permitir que o prepúcio volte a cobrir a glande peniana, 
deve ser realizada a coleta, desprezando o primeiro jato da micção, recolhendo, assim, 
no frasco fornecido pelo laboratório, aproximadamente 50 mL do jato médio. Por fim, 
desprezar o restante da urina dessa micção (Figura 2).
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Figura 2. Orientação para coleta de urina para pacientes do sexo masculino.
Fonte: https://www.ourilab.com.br/instrucoes_coleta.html#c2. 
1.5. Tipos de amostras
Para obter uma amostra de urina significativamente fidedigna em relação ao estado 
metabólico do paciente, é necessário controlar alguns aspectos da coleta (Tabela 1), 
como:
 » hora;
 » duração;
 » dieta;
 » medicamentos ingeridos; e
 » método de colheita.
Tabela 1. Relação entre o tipo de amostra e sua finalidade.
Tipo de Amostra Finalidade
Aleatória (ao acaso) Urina tipo I ou de rotina
Primeira da manhã
Urina tipo I ou de rotina
Teste de gravidez
Proteinúria ortostática
Em jejum (2ª da manhã) Monitoramento de diabetes
2 horas pós-prandial
Monitoramento de diabetes
Glicosúria
Teste de tolerância à glicose (TTG) Acompanham as amostras de sangue no TTG
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Tipo de Amostra Finalidade
24 horas (tempo marcado) Testes bioquímicos quantitativos.
Por cateterização Cultura de bactérias.
Coleta de jato médio
Urina tipo I ou de rotina.
Cultura de bactérias.
Aspiração suprapúbica
Coleta de urina da bexiga para cultura de bactérias.
Citologia.
Prova de Valentine Infecção de próstata.
Fonte: Strasinger, 2001.
A urina do paciente com poliúria possui alta densidade. Nesse caso, deve-se 
investigar a possibilidade de diabetes mellitus.
1.6. Manuseio da amostra
O fato de a urina ser tão disponível e facilmente coletada muitas vezes leva ao descuido 
no tratamento da amostra in vitro, exigindo assim procedimento de manuseio corretos. 
(Strasinger, 2009).
Após a coleta, as amostras deverão ser entregues imediatamente ao laboratório e 
testadas dentro de duas horas. Uma amostra que não pode ser entregue e analisada 
no prazo de duas horas deve ser refrigerada ou ter um conservante químico adequado 
adicionado a ela (Strasinger, 2009).
A Tabela 2 descreve as mais importantes alterações que podem ocorrer em uma amostra 
que permanece em temperatura ambiente por mais de duas horas. É importante observar 
que a conservação inadequada pode afetar seriamente os resultados de um exame de 
urina de rotina (Strasinger, 2009).
Tabela 2. Alterações na urina não preservada.
Analito Alteração Causa
Cor Modificada/escurecida Oxidação ou redução de metabólitos.
Aspecto Turva Crescimento bacteriano e precipitação do material amorfo.
Odor Aumentado Multiplicação bacteriana ou metabolização da ureia para amônia.
pH Aumentado Metabolização da ureia para amônia por bactérias produtoras de uréase/perda de CO2.
Glicose Reduzida Glicólise e consumo bacteriano.
Cetonas Reduzidas Volatilização e metabolismo bacteriano.
Bilirrubina Reduzida Exposição à luz/fotoxidação a biliverdina.
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Analito Alteração Causa
Urobilinogênio Reduzido Oxidação à urobilina.
Nitrito Aumentado Multiplicação de bactérias redutoras de nitrato.
Eritrócito, 
leucócito e 
cilindro
Reduzidos Desintegração em urina alcalina diluída.
Bactérias Aumentadas Multiplicação.
Fonte: Strasinger, 2009.
1.7. Preservação da amostra
O método de conservação mais rotineiramente utilizado é a refrigeração de 2 a 8 ºC, o 
que diminui o crescimento bacteriano e o metabolismo (Strasinger, 2009).
Se a urina é para ser cultivada, deve ser refrigerada durante o transporte e ser mantida 
refrigerada até o cultivo, por até 24 horas (Strasinger, 2009).
A refrigeração pode aumentar a gravidade específica quando medida por urodensímetro, 
e a precipitação de fosfatos e uratos amorfos pode dificultar a análisemicroscópica do 
sedimento. A amostra deve atingir a temperatura ambiente antes da análise química 
por tiras reagentes. Isso corrigirá a gravidade específica e poderá dissolver alguns dos 
uratos amorfos (Strasinger, 2009).
Quando uma amostra for transportada para longas distâncias e a refrigeração não 
for possível, conservantes químicos podem ser adicionados. Tubos de transporte 
comercialmente preparados são acessíveis (Strasinger, 2009).
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CAPÍTULO 2 
FUNÇÃO DOS RINS E DOENÇAS RENAIS
2.1. Fisiologia renal
O ser humano possui dois rins que têm cor vermelho-escura em forma de um grão 
de feijão e cada um deles contém, aproximadamente, 1 a 1,5 milhões de néfrons. Os 
néfrons controlam a capacidade renal de depurar seletivamente resíduos provenientes 
do sangue e, ao mesmo tempo, de manter a água essencial e o equilíbrio eletrolítico 
no organismo, por meio das seguintes funções renais:
 » fluxo sanguíneo renal;
 » filtração glomerular;
 » reabsorção tubular; e
 » secreção tubular.
O sistema urinário, encarregado da produção, coleta e eliminação da urina, está 
localizado no espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. 
Em uma pessoa adulta, cada um dos rins mede 12 cm e pesa de 130 a 170 g.
É constituído pelos rins direito e esquerdo; pela pelve renal, que recebe os coletores de 
urina do parênquima renal; pelos ureteres, bexiga e uretra. Os rins são envolvidos por 
uma cápsula fibrosa que, no nível do hilo renal, deixa-se atravessar pela artéria renal, 
pela veia renal e pela pelve coletora, que dá continuidade com o ureter. O parênquima 
renal apresenta duas regiões bastante distintas: a região periférica, cortical ou córtex 
renal; e a região central, medular ou medula renal (Figura 3).
Figura 3. Rim esquerdo e suas partes.
 
Vasos arqueados 
Cálice menor 
Cálice maior 
Pelve 
Pirâmide 
Papila 
Coluna renal 
Córtex Cápsula 
Ureter 
Medula 
Veia renal 
Nervo renal 
Artéria renal 
Hilo 
renal 
Vasos interiobares 
Vasos sanguíneos corticais 
Fonte: Robbins et al., 2000.
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UNIDADE I | URINÁLISE
Entre as diversas funções dos rins, vale destacar algumas:
 » É responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso 
organismo, como a ureia e o ácido úrico. É sua a função de filtração, de limpeza 
ou de depuração.
 » Controla o volume dos líquidos. Portanto, qualquer excesso de água no corpo é 
eliminado pela urina – é o chamado efeito diurético.
 » Exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos ou 
poupando-os nas situações de carência.
 » A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, exerce grande influência sobre 
a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
 » Produz e secreta hormônios: a eritropoetina, a vitamina D e a renina. A eritropoetina 
interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a uma 
anemia de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção intestinal 
de cálcio. E a renina, com a aldosterona, controla o volume dos líquidos e a pressão 
arterial de nosso organismo.
2.2. Doenças renais
Doenças renais são a nona principal causa de morte nos Estados Unidos da América 
(EUA). Diabetes e hipertensão arterial aumentam o risco de doença renal e são as causas 
mais comuns de insuficiência renal. Qualquer doença que afete os vasos sanguíneos, 
incluindo diabetes, hipertensão arterial e aterosclerose, pode afetar a função renal. 
Doenças e infecções em outras partes do corpo também podem provocar um distúrbio 
renal (Guyton; Hall, 2002).
Como lesões renais podem causar risco de vida, qualquer doença ou distúrbio que possa 
afetar o rim merece atenção imediata (Guyton; Hall, 2002).
Doenças renais, com frequência, não causam sintomas até provocarem lesões avançadas, 
e podem evoluir para insuficiência renal, que é fatal a não ser que o paciente seja 
submetido à diálise ou a um transplante de rim. Existem mais de 100 distúrbios ou 
doenças que causam lesão renal progressiva (Guyton; Hall, 2002).
Entre as principais doenças renais, destacam-se (Guyton; Hall, 2002):
 » Nefrite: caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina, edema 
e hipertensão.
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 » Infecção urinária: o paciente se queixa de dor, ardência e urgência para urinar. O 
volume urinado torna-se pequeno e frequente, tanto durante o dia como à noite. 
A urina é turva e malcheirosa, podendo surgir sangue no final da micção. Nos 
casos em que a infecção atingiu o rim, surge febre, dor lombar e calafrios, além 
de ardência e urgência para urinar.
 » Cálculo renal: a cólica renal, com dor no flanco e nas costas, é muito característica, 
quase sempre com sangue na urina. Em certos casos, pode haver eliminação de 
pedras.
 » Obstrução urinária: ocorre quando há um impedimento da passagem da urina 
pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores, estenoses de 
ureter e uretra. A ausência ou o pequeno volume da urina é a queixa característica 
da obstrução urinária.
 » Insuficiência renal aguda: é causada por uma agressão repentina ao rim, por falta 
de sangue ou pressão para formar urina ou por obstrução aguda da via urinária. 
A principal característica é a total ou a parcial ausência de urina.
 » Insuficiência renal crônica: surge quando o rim sofre a ação de uma doença que 
deteriora irreversivelmente a função renal, apresentando-se com retenção de ureia, 
anemia, hipertensão arterial, entre outros.
 » Tumores renais: o rim pode ser acometido de tumores benignos e malignos. 
As queixas são de massas palpáveis no abdome, dor, sangue na urina e obstrução 
urinária.
 » Doenças multissistêmicas: o rim pode se ver afetado por doenças reumáticas, 
diabete, gota, colagenases e doenças imunológicas. Podem surgir alterações 
urinárias em doenças do tipo nefrite, geralmente com a presença de sangue e 
albumina na urina.
 » Doenças congênitas e hereditárias: um exemplo dessas doenças é a presença 
de múltiplos cistos no rim (rim policístico).
 » Nefropatias tóxicas: causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e drogas. 
Caracterizam-se por manifestações nefríticas e insuficiência funcional do rim.
 » Síndrome nefrótica: é o conjunto de sintomas associados a um aumento da 
permeabilidade glomerular. Os sintomas gerados por essa síndrome são, 
principalmente, a proteinúria, a hipoproteinemia e o edema. São vários os tipos 
de doença renal que se manifestam na forma de síndrome nefrótica. Um exemplo 
é a glomerulonefrite.
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 » Glomerulonefrite: ocorrem basicamente duas formas de alteração imunológica: 
a primeira é a lesão que resulta da deposição de complexo antígeno-anticorpo 
circulante no glomérulo. A segunda são as lesões resultantes de reação de 
anticorpos diretamente contra antígenos glomerulares, exemplificados pela 
doença Antimembrana Basal Glomerular (anti-GBM). Então, pode-se descrever o 
processo fisiopatológico da seguinte maneira: há uma entrada de antígeno no 
sangue, formando, assim, o complexo antígeno-anticorpo; o complexo é depositado 
no glomérulo, onde se formam anticorpos anti-GBM. Formando os complexos, 
ocorrem inflamação e ativação de medidores químicos (complementos e leucócitos); 
os leucócitos e as enzimas lisossômicas vão até a região e atacam a membrana 
basal glomerular; e, como consequência, ocorre a alteração da permeabilidade da 
membrana, que torna impossível a filtração normal. As alterações ocorridas podem 
levar à insuficiência renal (aguda ou crônica) ou até à falência renal.
 » Pielonefrite: resulta da infecção do tecido renal ou da pelve, que pode ser 
ocasionada a partir de diversas fontes. A manifestação dessa doença, assim como 
da insuficiência renal, pode ser de duas formas: aguda ou crônica. Essa doença é 
mais comumente causada por bactérias, mas também pode ser causada por vírus 
ou por fungos. A forma aguda da doença provém da contaminação bacteriana 
oriunda da uretra ou de instrumentação, mas tambémpode ser levada até os rins 
pelo sangue que passa por uma área infectada do organismo. A forma crônica 
pode ser idiopática, com a obstrução ou reflexos oxigenados de cálculos renais, 
ou por presença de bexiga neurogênica.
Muitas doenças renais são resultantes de reações imunológicas.
As doenças renais, com frequência, permanecem silenciosas durante muitos anos, 
sem sinais ou sintomas reconhecíveis ou com sinais muito genéricos. Por isso, é muito 
importante fazer exames de rotina. Eles podem revelar sangue ou proteínas na urina 
ou níveis elevados de creatinina e de ureia no sangue, que são sinais precoces de lesão 
renal (Guyton; Hall, 2002).
Entretanto, alguns avisos de doença renal não devem ser ignorados. É necessário 
procurar um médico imediatamente quando ocorrem (Guyton; Hall, 2002):
 » Inchação (edema), especialmente em torno dos olhos ou na face, nos pulsos, no 
abdome, nas coxas e nos tornozelos.
 » Urina espumosa, sanguinolenta ou com cor de café.
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URINÁLISE | UNIDADE I
 » Diminuição do volume urinário.
 » Problemas durante a micção, como queimação ou secreção anormal, ou alteração 
da frequência urinária, especialmente à noite.
 » Dor no meio das costas (flanco), abaixo das costelas, perto da localização dos rins.
 » Hipertensão arterial.
Exames de sangue e de urina detectam problemas renais e permitem minimizar as 
lesões. Eles mostram a eficiência da remoção de água e de resíduos pelos rins. Além 
disso, a pressão arterial deve ser medida porque a hipertensão arterial pode causar 
lesão renal, e doenças renais podem causar hipertensão arterial. Quando há suspeita 
de lesões estruturais, são usados diversos exames de imagem. Uma biópsia renal é útil 
para diagnosticar problemas específicos (Guyton; Hall, 2002).
O tratamento varia com o tipo de doença renal. Em geral, o diagnóstico precoce melhora 
os resultados. Talvez seja necessário estabelecer restrições na alimentação (restrições 
dietéticas), prescrever medicamentos e fazer cirurgias. Se os rins não conseguem mais 
eliminar resíduos e água, faz-se diálise diversas vezes por semana, seguida de transplante 
renal. O controle do diabetes mellitus e da hipertensão arterial é muito importante para 
evitar ou minimizar lesão renal (Guyton; Hall, 2002).
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REFERÊNCIAS
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Elsevier Editora Ltda, 2010.
AIRES, M. Fisiologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
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CATE, A. R. T. Histologia Bucal, Desenvolvimento, Estrutura e Função. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
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	Introdução
	UNIDADE I
	Urinálise
	Capítulo 1 
	Introdução à urinálise
	Capítulo 2 
	Função dos rins e doenças renais
	Referências

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