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Nota de Aula Direito Previdênciario Unidade I

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FACULDADE MAURICIO DE NASSAU 
 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO E SEGURIDADE SOCIAL 
PROFESSOR: JULIO ALCEU FIGUEIREDO 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E COMPOSIÇÃO 
 
A seguridade social é um sistema instituído pela Constituição Federal de 1988 para 
proteção do povo brasileiro (e estrangeiros em determinadas hipóteses) contra 
riscos sociais que podem gerar miséria e a intranquilidade social. Caracteriza-se 
como uma conquista do Estado social de Direito, que deve garantir através da 
intervenção os direitos fundamentais de 2ª dimensão (direitos sociais). 
 
OBS: A CF/88 foi a primeira a instituir no Brasil o sistema de seguridade social, que 
significa segurança social, através da PREVIDÊNCIA SOCIAL, ASSISTÊNCIA SOCIAL 
e SAÚDE PÚBLICA. 
 
SEGURIDADE SOCIAL É A COMPOSIÇÃO DE: - Previdência 
 - Assistência Social 
 - Saúde 
 
OBS: As ações da seguridade social (organização e custeio) são tanto de 
responsabilidade do setor público quanto do setor privado. 
 
SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL – DIVISÃO: 
 
Subsistema contributivo – PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
Subsistema não contributivo – SAÚDE PÚBLICA e ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
 
DEFINIÇÃO E NATUREZA JURÍDICA 
 
A seguridade social no Brasil consiste no conjunto integrado de ações que visam a 
assegurar os direitos fundamentais à saúde, à assistência e à previdência social, 
através de iniciativa do poder público e de todo sociedade, nos termos do artigo 
194 da CF/88. 
 
Tem natureza simultânea de direito fundamental de 2ª e 3ª dimensão (ou 
geração), posto que tem natureza prestacional positiva (direito social) e possui 
caráter universal (natureza coletiva). 
 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
 
Segundo regra geral a competência é privativa da União por força do artigo 22, 
inciso XXIII, da Constituição Federal de 1988. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
XXIII - seguridade social; 
 
OBS: Contudo, a competência passa a ser concorrente entre as entidades políticas 
quando se tratar de previdência social, proteção e defesa da saúde dos portadores 
de deficiência, da infância e juventude, nos termos do artigo 24, incisos XII, XIV e 
XV da CF/88. 
 
 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
(...) 
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; 
(...) 
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; 
(...) 
XV - proteção à infância e à juventude; 
 
 
 
OBS2: Aos municípios também é assegurada competência legislativa para assuntos 
de interesse local e suplementar à legislação estadual e federal no que couber nos 
termos do artigo 30, inciso I e II da CF/88. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
 
ANTINOMIA ENTRE OS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS? 
 
 
PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
a) Universalidade da cobertura e do atendimento: A seguridade social 
deverá atender a todos os necessitados, especialmente assistência social e 
saúde pública (subsistema não contributivo). Quanto à previdência a 
universalidade se limita aos contribuintes e aos em período de “graça” 
(subsistema contributivo), teoria da universalidade mitigada quanto a 
previdência social. 
 
b) Equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: 
A Previdência Social não pode privilegiar uns segurados em detrimento de 
outros. Deve haver equivalência de benefícios para todos os segurados. 
Segundo este princípio, as coberturas não necessitam ser exatamente 
iguais, mas equivalentes, levando-se em conta os aspectos pecuniário e de 
fato (sinistro). 
 
c) Equidade no custeio: O princípio da equidade traduz a retribuição do 
segurado em razão de sua capacidade contributiva. Ou seja, quem tem 
maior poder aquisitivo contribui mais, mas recebe um benefício maior. 
 
 
d) Diversidade da base de financiamento: O financiamento da seguridade 
social deverá ter múltiplas fontes, a fim de garantir a solvibilidade do 
sistema, para se evitar que a crise em determinados setores comprometa 
demasiadamente a arrecadação. Ex: empregador, trabalhador, apostadores, 
demais segurados etc. 
 
e) Obrigatoriedade: Princípio que se aplica à Previdência Social, se volta à 
obrigação de que todos aqueles que exercem atividade remunerada tenham 
que se vincular ao sistema previdenciário social. Este princípio deriva do 
princípio da universalidade. 
 
f) Solidariedade: Este princípio se fundamenta na contribuição de toda a 
sociedade economicamente ativa e o Estado, que vertem para que os 
inativos de hoje recebam seus benefícios. O objetivo visa a pacificação social 
e a função social da aposentadoria. 
 
OBJETIVOS, PRINCÍPIOS (INFORMADORES) E DIRETRIZES DA 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
Os objetivos da assistência social brasileira estão consignados nos artigos 203 da 
CF/88: 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de 
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua 
integração à vida comunitária; 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao 
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família, conforme dispuser a lei. 
 
 
Já os princípios informadores da assistência social foram postos no artigo 4º, 
da lei 8.742/93, que guardam grande semelhança com os objetivos: 
 
 Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: 
 I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade 
econômica; 
 II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial 
alcançável pelas demais políticas públicas; 
 III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de 
qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação 
vexatória de necessidade; 
 IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, 
garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; 
 V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como 
dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. 
 
Quanto às diretrizes da assistência social foram postos no artigo 5º, da mesma 
lei 8.742/93: 
 
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: 
 I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
e comando único das ações em cada esfera de governo; 
 II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das 
políticas e no controle das ações em todos os níveis; 
 III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em 
cada esfera de governo. 
 
Benefício do amparo assistencial ao idoso ou deficiente carente (BPC/LOAS) 
- Trata-se de benefício mensal no valor de um salário mínimo à pessoa portadora 
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, nos termos da lei e artigo 203, 
inciso V da CF/88. 
- Outros benefícios sociais: Bolsa Família, Seguro Defeso (SDPA), FAT 
 
 
 
SAÚDE PÚBLICA – DEFINIÇÃO, NATUREZA JURÍDICA, SUS E 
PRINCÍPIOS 
 
É umdireito fundamental de difícil concretização plena, em razão do alto custo 
operacional. 
 
Regulamentação pela lei 8080/90, com previsão constitucional nos artigos 196 a 
200 da CF/88. 
 
Dever do poder público – solidariedade entre todos os entes políticos. 
 
Tema 500 STF – Fornecimento medicamentos experimentais – decisão 
judicial. 
 
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – ARTIGO 200 CF/88: 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e 
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros 
insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do 
trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a 
inovação; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem 
como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de 
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
 
PRINCÍPIOS DA SAÚDE PÚBLICA 
 
Conforme artigo 7º da Lei 8.080/90, as ações e serviços de saúde do SUS devem 
observar esses princípios: 
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou 
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as 
diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: 
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e 
serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis 
de complexidade do sistema; 
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; 
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; 
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização 
pelo usuário; 
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de 
recursos e a orientação programática; 
VIII - participação da comunidade; 
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: 
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; 
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; 
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da 
população; 
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e 
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins 
idênticos. 
XIV – organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas 
de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento 
psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto 
de 2013.

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