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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS Curso de Ciências Biológicas – Modalidade Médica BMW245 – Processos Básicos em Patologia Aluna: Glenda Domingos Mascarenhas DRE: 119.054.546 Profª: Márcia Cury El Cheikh Estudo Dirigido I Tópico III O trabalho do grupo da Dra. Maria Paula Curado é um trabalho Epidemiológico, onde vários parâmetros dos pacientes foram confrontados. Pergunta-se: 1- Qual foi o fato observacional que levou os pesquisadores a fazerem o estudo? O câncer colorretal (CCR) se refere aos tumores que se originam no intestino grosso, mais especificamente, nas regiões do cólon e reto. No Brasil, em 2018, o câncer colorretal foi o segundo mais comum entre as mulheres e o terceiro entre os homens, sendo, respectivamente, o segundo e quarto tipo de câncer que mais mata no mundo. Sob tal perspectiva, segundo o artigo “Survival of patients with colorectal cancer in a Cancer Center” as taxas de incidência e mortalidade do CCR estão intimamente relacionadas ao índice de desenvolvimento humano do país, de forma que quanto maiores as condições socioeconômicas do país em questão, mais estáveis ou reduzidas são essas taxas, o que contrapõe o cenário presente em países de baixa renda. Ao analisarmos as taxas de casos no Brasil, o mesmo padrão se repete, variando de acordo com cada região. Ademais, ao voltarmos nosso olhar para a sobrevida relativa da população – estimativa de pacientes que poderiam sobreviver ao câncer dada em percentagem – é observado, no mundo, com base em 296 registros, uma variabilidade elevada quanto aos casos de pacientes acometidos por CCR. Dessa forma, enquanto países, como Austrália apresentam taxas de sobrevivência superior a 70%, em países como o Brasil, entre 2010 e 2014, esse número era de 48,3%, com melhora na sobrevida para pacientes com diagnóstico da doença em estágio inicial, jovens e para mulheres. 2- De que fonte os pesquisadores obtiveram os dados para procederem nas análises? Ainda de acordo com o estudo em questão, a maneira como os pacientes são tratados em Centros especializados no tratamento de câncer servem como um reflexo do número de sobrevida desses. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi traçar um perfil descritivo e analisar a sobrevida de pacientes acometidos por câncer colorretal, tratados em um centro de oncologia. Nesse sentido, para os dados apresentados no “Survival of patients with colorectal cancer in a Cancer Center”, os pesquisadores utilizaram os registros do Hospital AC. Camargo Cancer Center, um hospital situado no estado de São Paulo, no Brasil. Para tanto, foram analisados alguns parâmetros, como faixa etária, sexo, período de diagnóstico, local onde o tumor se desenvolveu, estágio clínico, demora para o início do tratamento pós diagnóstico e qual a metodologia de tratamento utilizada. 3- Vários parâmetros foram analisados no trabalho, mas qual foi o resultado mais relevante do? Para o presente estudo foram observados pacientes acometidos por câncer colorretal tratados no Hospital AC Camargo Center, entre 2000 e 2013, sendo a maioria dos pacientes do sexo masculino com idade entre 50 e 74 anos, com tratamento iniciado até 60 dias após o diagnóstico de câncer de cólon em estágio III e IV. Visto que o estudo em questão se volta para a análise da sobrevida, como resultado, eles observaram ao longo de 5 anos que a taxa de sobrevida global (SG) desses pacientes era de, aproximadamente, 63,5% para ambos os sexos. Ademais, foi observado, ainda, que a taxa de sobrevida atingia 100% para os pacientes com idade menor que 49 anos, em especial, aqueles acometidos com câncer de cólon nos estágios I e II da doença; enquanto para os acometidos por câncer retal, em estágio I a sobrevida era de quase 90% e em estágio II, chegava a 88%. Diferentemente, quanto maior a idade do paciente, menores eram as taxas de sobrevida. Dessa forma, para aqueles pacientes com mais de 75 anos, a taxa de sobrevida caia drasticamente, não chegando nem a 44%. Não obstante, ao analisar o estágio clínico do câncer colorretal através de um modelo ajustado estratificado, foi observado maior risco de mortalidade para aqueles pacientes com idade entre 50 e 74 anos, pacientes acometidos com câncer retal e pacientes cujo tratamento foi iniciado mais de 60 dias após a data de diagnóstico. Além disso, observando um período de 5 anos, pacientes acometidos por câncer de cólon apresenta taxa de sobrevida de cerca de 65,5%, tendo o risco de mortalidade aumentado para os pacientes com idade mais avançada e maior taxa de sobrevida para aqueles com idade inferior a 49 anos. Ademais, cabe ressaltar também, que no presente estudo foi observada uma redução na taxa de mortalidade nos últimos anos, sendo as taxas de 2010 a 2013 inferiores à dos anos de 2005 a 2009. Sob mesma perspectiva, para o câncer retal, em 5 anos, a taxa de sobrevida era de 60,6%. De modo semelhante ao citado para o caso anterior, pacientes com menos de 49 anos tinham maior taxa de sobrevida quando comparados com aqueles com idade superior a 74 anos. Resumidamente, com base nos resultados apresentados o presente estudo, é possível observar que pacientes com câncer retal apresentam, em geral, uma taxa de sobrevida reduzida quando comparados aqueles acometidos por câncer de cólon. Ademais, foi observado também que quanto mais jovem o paciente e mais rápido for iniciado o tratamento pós diagnóstico, maiores suas chances de sobrevivência, principalmente, quando o câncer apresenta estágio clínico I ou II. Além disso, foi observado também, que nos últimos anos o risco de mortalidade tem diminuído, o que pode estar associado a um maior entendimento da patologia e, consequente melhora no tratamento do paciente. 4- A hipótese do trabalho foi confirmada? Os dados apresentados poderão influenciar na conduta terapêutica? De acordo com o artigo “Survival of patients with colorectal cancer in a Cancer Center”, o tratamento recebido por cada paciente nos centros especializados no tratamento de câncer infere na taxa de sobrevida destes pacientes, sendo importante, portanto, entender como os diversos parâmetros avaliados – idade, sexo, estágio clínico, início de tratamento –, interferem na conduta terapêutica e, tão logo, nas taxas de sobrevida de pacientes acometidos com câncer colorretal (CCR). Nesse sentido, através do presente estudo foi, sim, possível confirmar a hipótese do trabalho. Ademais, com base no presente estudo é possível observar, ainda, que embora não tenham sido observadas diferenças significativas com relação ao sexo ou lateralidade do câncer de cólon, este trabalho apresenta diversos dados capazes de influenciar na conduta terapêutica para tratamento de CCR. Isso porque, como observado, outros fatores afetam a maneira como o paciente deve ser tratado. Um dos fatores contribui consideravelmente para a taxa de sobrevida do paciente é a idade, de tal forma que os pacientes com menos de 50 anos tinham uma taxa de mortalidade reduzida quando comparados aqueles pacientes com mais de 70, o que pode ser explicado pela maior incidência de risco de comorbidades por aquele paciente. Outro dado importante, é que os casos de câncer de cólon apresentam um melhor prognóstico comparado os casos de câncer retal, o que pode estar associado, segundo o trabalho “Survival of patients with colorectal cancer in a Cancer Center”, não só ao início do tratamento, como também à complexidade do tratamento, de forma que haja necessidade de realizar mais exames e tratamento multimodal, que combina diversas intervenções terapêuticas, a fim de se adequar melhor às necessidades de cada paciente. Além disso, cabe ressaltar também a data de início do tratamento como um fator importante para a observação do prognóstico da doença, visto que, quando iniciada em até 60 dias após o diagnóstico,oferecia maiores taxas de sobrevida ao paciente. Além desses, outros parâmetros analisados que também auxilia na conduta terapêutica é o estágio clínico da doença. Dessa forma, foi observado que para os pacientes com estágio I ou II, a opção de tratamento utilizada é unicamente a cirurgia, enquanto aqueles em estágio III ou IV, para câncer de cólon, o tratamento realizado era a combinação de cirurgia com sessões quimioterapia; enquanto que para o câncer retal, nos estágios II e III, além da cirurgia e quimioterapia, era necessária radioterapia também – sendo a necessidade terapias adjuvantes, influenciada pela idade do paciente. Dessa forma, o presente estudo fornece um conjunto de dados capazes de influenciar e propiciar uma conduta terapêutica mais especializada e rápida, que permita aumentar as chances de sobrevivência do paciente acometido com câncer colorretal. REFERÊNCIAS 1. AGUIAR, Samuel et al. SURVIVAL OF PATIENTS WITH COLORECTAL CANCER IN A CANCER CENTER. Arquivos de Gastroenterologia [online]. 2020, v. 57, n. 2 [Accessed 20 September 2021] , pp. 172-177. Available from: <https://doi.org/10.1590/S0004- 2803.202000000-32>. Epub 01 July 2020. ISSN 1678-4219. https://doi.org/10.1590/S0004- 2803.202000000-32.
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