Prévia do material em texto
Especial inclusiva Educação De�ciência Intelectual, Motora e Paralisia Cerebral: Estratégias Educacionais para o Trabalho de Inclusão Dra. Alexandra Ayach Anache M.ª Jucélia Linhares Granemann E d u c a ç ã o e sp ec ia l in c lu si v a D ra. A lexan d ra A yach A n ach e M .ª Ju célia Lin h ares G ran em an n Ed u c a ç ã o esp ec ia l in c lu siv a D e�ciência Intelectual, M otora e Paralisia Cerebral Dra. Alexandra Ayach Anache M.ª Jucélia Linhares Granemann Deficiência Intelectual, Motora e Paralisia Cerebral: Estratégias Educacionais para o Trabalho de Inclusão Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Deficiência Intelectual, Motora e Paralisia Cerebral: Estratégias Educacionais para o Trabalho de Inclusão Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Dra. Alexandra Ayach Anache M.ª Jucélia Linhares Granemann Projeto Gráfico e Diagramação Giulia Paolillo Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Coordenadora Peda- gógica de Cursos EaD Esp. Maria de Lourdes Araujo 1ª Edição: Janeiro de 2012 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publica- ção pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia au- torização desta instituição. G756d Granemann, Jucélia Linhares. Deficiência intelectual, motora e paralisia cerebral : estratégias educacionais para o trabalho de inclusão. / Jucélia Linhares Granemann, Alexandra Ayach Anache – São Paulo : Know How, 2012. 245 p.: 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-145-4 1. Deficiências múltiplas. 2. Deficiência motora. 3. Paralisia cerebral. I. Título. CDD 371.92 “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que eles se desigualam” Rui Barbosa Apresentação Você está recebendo o livro-texto da disciplina Deficiência Intelectual: estratégias educacionais para o trabalho de inclusão, que foi elaborado com o objetivo de apresentar o conceito e as características da deficiência intelectual, bem como estudos que abordam o ensino e aprendizagem de alunos que apresentam estas caracterís- ticas e que avançam na perspectiva da inclusão escolar. Relacionamos alguns assuntos que lhe ajudarão na compreensão do tema em referência, dentre eles, as diferenças conceituais entre doença e deficiência, fatores etiológicos da deficiência intelectual e o papel da escola e da família na escolarização destes (as) alunos (as). Este livro foi escrito em uma linguagem aces- sível, com o cuidado de não simplificar um assunto complexo, pois ele envolve várias áreas do conheci- mento, e que requer mudanças estruturais na organi- zação da sociedade, com destaque para a remoção de barreiras físicas e atitudinais. Sumário INTRODUÇÃO EMBASAMENTO LEGAL Atividade 1. Deficiência motora, paralisia cerebral e deficiências múltiplas 1.1.1. Inclusão de alunos com deficiência motora 1.1.2. Causas da defciência motora 1.1.3. Tipos de defciência motora 1.1.3.1. Monoplegia 1.1.3.2. Hemiplegia 1.1.3.3. Paraplegia 1.1.3.4. Tetraplegia 1.1.3.5. Amputado 1.1.4. O Aluno com Deficiência Motora na Escola Atividade 1.1. 1.2. PARALISIA CEREBRAL 1.2.1. Tipos de Paralisia Cerebral 1.2.1.1. Espástica 1.2.1.2. Com movimentos involuntários 1.2.1.3. Atáxica 1.2.2. Causas 1.2.3. Prevenção 1.2.4. Diagnóstico Atividade 1.2. 17 23 42 45 47 47 47 49 49 50 51 51 52 53 55 55 56 57 58 59 61 62 64 1.3. DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS 1.3.1. Surdocegueira 1.3.2. Múltipla deficiência sensorial Atividade 1.3. 2. Lesão cerebral do sistema nervoso central, lesões nervosas periféricas e outras deficiências motoras 2.1.1. Quanto à disfunção motora 2.1.2. Quanto à topografia da lesão 2.1.3. Tratamento Atividade 2.1. 2.2. LESÕES NERVOSAS PERIFÉRICAS 2.2.1. Classificação das Neuropatias Periféricas Atividade 2.2. 2.3. OUTRAS DEFICIÊNCIAS MOTORAS 2.3.1. Artrite Reumatoide Juvenil 2.3.2. Malformações Congênitas 2.3.3. Esclerose Múltipla 2.3.4. Espinha Bífida 2.3.5. Poliomielite 2.3.6. Distrofia muscular Atividade 2.3. 3. Sugestões de materiais e atividades para trabalhar em sala de aula, sugestões jogos e conclusão 3.1. PASTAS E FICHÁRIOS 3.1.1. Prancha fixa na parede 65 66 67 69 71 74 75 77 80 81 81 83 84 84 84 84 85 85 85 87 89 91 92 3.1.2. Prancha fixa sobre a carteira 3.1.3. Pasta frasal 3.1.4. Objeto concreto e sua representação 3.1.5. Miniaturas 3.1.6. Símbolos gráficos 3.1.7. Figura temática 3.1.8. Fotos e figuras de atividade sequencial 3.1.9. Gestos 3.1.10. Expressões faciais 3.1.11. Estímulo único 3.1.12. Dois estímulos 3.1.13. Vários estímulos 3.1.14. Seleção dos estímulos 3.1.15. Parceiros de comunicação alternativa 3.2. SUGESTÕES DE JOGOS 3.2.1 Dados ampliados 3.2.2 Jogo da memória 3.2.3 Jogo da velha 3.2.4 Quebra cabeça 3.2.5 Alfabeto móvel 3.2.6 Quantidade e números 3.2.7. Quebra cabeça: quantida de enumeral 3.2.8. Jogo de encaixe: letra inicial 3.2.9. Painel de letras 3.2.10. Alfabeto 3.2.11. Painel da matemática 3.2.12. Jogo de damas 3.2.13. Bola ao alvo 3.2.14. Livro ampliados 3.2.15. Quantos somos? 93 94 94 95 95 96 96 97 97 98 98 98 99 100 101 101 102 102 103 105 105 105 105 105 106 106 107 107 108 109 3.2.16. Jogo de encaixe 3.2.17. Painel de encaixe 3.2.18. Bolsa de quantidades 3.2.19. Cubos 3.2.20. Montagem com formas geométricas 3.2.21. Torre 3.2.22. Ordenação de círculos 3.2.23. Ordenação de quadrados 3.2.24. Ordenação 3.2.25. Encaixe 3.2.26. Bingo diferente 3.2.27. Cadê a sílaba inicial 3.2.28. Encontre os pares 3.2.29. Bingo 3.2.30. Encontre a quantidade 3.3. CONCLUSÃO 4. A deficiência intelectual: concepções, características, fatores etilógicos e diagnósticos 4.1. CONCEPÇÕES DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 4.1.1 Quadro 1: Síntese da evolução: Concepções da deficiência intelectual 4.1.2. Conceito de doença e deficiência 4.1.3. Conceito de deficiência Intelectual 4.1.4. Aspectos etiológicos da defIciência intelectual 4.2. QUADRO 2: FATORES DE RISCO PARA O RETARDO MENTAL (DEFICIÊNCIA INTELECTUAL) E DEFICIÊNCIA 109 109 110 110 110 111 111 111 111 112 112 112 113 113 113 113 117 120 125 125 129 133 135 4.3. QUADRO 3: FATORES DE RISCO E ATIVIDADES DE PREVENÇÃO PARA DIFERENTES USUÁRIOS DE SERVIÇO 4.4. DIAGNÓSTICOS DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 4.4.1. Quadro 4: Hipóteses e estratégias para avaliação dos fatores de risco etiológicos 4.5. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Atividade 4. 5. Teorias e formas de Avaliação da aprendizagem 5.1. CONCEITO DE APRENDIZAGEM 5.2. TEORIAS DA APRENDIZAGEM QUE EMBASAM A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Atividade 5. 5.3. SUGESTÃO DE FILME 5.4. SUGESTÕES DE LIVROS 6. O processo de escolarização na perspectiva da construção da Educação Inclusiva 6.1. O DESAFIO DA INCLUSÃO 6.2. PRÁTICAS CURRICULARES 6.2.1. Conversando sobre a avaliação da apren- dizagem dos alunos com deficiência intelectual 6.2.2. Conversando sobre a construção da aula na escola e o aluno com deficiência intelectual 6.3. FILMES RECOMENDADOS 137 139 139 141 150 153 157 172 187 188 188 191 195 208 214 222 226 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO I 233 246 1 7 Introdução A inclusão de alunos com deficiência motora nas escolas regulares envolve várias questões pontuais, não bas- tando assim, apenas inseri-los no contexto da sala de aula. A comunidade escolar como um todo precisa envolver-se de maneira sistemática ao receber esse aluna- do nas escolas, tornando-se de fundamental importância a elaboração de um projeto pedagógico que contemple a participação de todos. Não obstante, o processo pedagógico deve con- templar atividades significativas de forma a sistematizar em seus novos conhecimentos um trabalho que leve es- ses alunos a novos caminhos e formas diferentes para aprenderem os conteúdos.Para Beyer (2006) definir educação inclusiva compreende mais do que uma visão de vida, mais do que um projeto educacional. Para o au- tor, essa proposta parte de um movimento que veio para questionar, confrontar e reestruturar o modo da organi- zação escolar que tem como característica básica a homo- geneidade entre os alunos. Nesse prisma, a educação inclusiva impõe a ne- cessidade de rever a organização, critérios de aprovação e reprovação, programas e, especialmente, a formação dos profissionais que conduzem escolas de todos os níveis de ensino. Mas é, sobretudo, um processo que está em construção e se faz a cada momento que consegue di- minuir práticas rotineiras de segregação e discriminação oferecendo oportunidades adequadas de aprendizagem e participação para aqueles indivíduos que durante o pro- 1 8 cesso histórico da humanidade foram excluídos. A inclusão escolar da pessoa com deficiência é um tema de grande relevância e vem ganhando espaço cada vez maior em debates e discussões que explicitam a necessidade de a escola atender às diferenças intrínsecas à condição humana. A Declaração Mundial sobre Educação para To- dos (UNESCO, 1990), aprovada pela Conferência Mun- dial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtiem - Tailândia, no ano de 1990 -, e a Declaração de Sala- manca (UNESCO, 1994), firmada na Espanha em 1994, marcam, no plano internacional, momentos históricos em prol da Educação Inclusiva. No Brasil, a Constitui- ção Federal de 1988, art. 208, inciso III (BRASIL, 1988), o Plano Decenal de Educação para todos, 1993 – 2003 (MEC, 1993) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1999) são exemplos de documentos que defen- dem e asseguram o direito de todos à educação. Segundo esses documentos, todas as crianças devem ser acolhidas pela escola, independentemente de suas condições físi- cas, intelectuais, sociais ou emocionais. Segundo as Diretrizes Nacionais para a Edu- cação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) o Brasil optou pela construção de um sistema educacional inclusivo ao assinar a Declaração Mundial de Educação para Todos (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 1990) e a Declaração de Salamanca, resul- tado da Conferência Mundial sobre Necessidades Educa- cionais Especiais: Acesso e Qualidade (BRASIL, 1994). Nessa opção política pela implementação de 1 9 uma escola para todos, a educação da pessoa com defici- ência se insere numa nova perspectiva voltada para o efetivo respeito à igualdade dos direitos e valorização da diversidade humana, em oposição às práticas se- gregativas e assistencialistas tradicionalmente defen- didas pela Educação Especial, centradas no modelo médico de deficiência Para tanto, a resposta da escola ao atendimen- to às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência só será possível mediante mudanças que possibilitem sua organização para eliminação das barreiras atitudinais, pedagógicas, de comunicação, ar- quitetônicas, entre outras, pois, como afirma Dutra e Griboski (2006, p. 21). Essa política coloca aos sistemas de ensino a responsabilidade de garantir que nenhum aluno seja dis- criminado, de reestruturar as escolas de ensino regular, de elaborar projeto pedagógico inclusivo, de implementar propostas e atividades diversificadas, de planejar recur- sos para promoção da acessibilidade nos ambientes e de atender às necessidades educacionais especiais, de forma que todos os alunos tenham acesso pleno ao currículo. Logo, pensar em organizar a escola para tor- ná-la inclusiva é pensá-la para além das questões pu- ramente políticas e pedagógicas. É pensá-la, também, como contexto cultural que envolve relações entre in- divíduos, pois, “embora seja possível cumprir uma lei que obrigue escolas a receberem crianças portadoras de deficiências em suas classes [...] não se pode fazer uma lei obrigando que as pessoas aceitem e sejam ami- 2 0 gas dos deficientes” (GLAT, 1995, p. 16). É preciso que, neste momento, os professores também se deem conta de que não é preciso uma nova formação para poder ensinar aos alunos com necessida- des educacionais especiais, mas de ajuda para ressignificar a sua prática pedagógica, dando um novo sentido ao seu papel de educador e ao ensino por ele transmitido. Assim, “é necessário ajudar os professores a aperfeiçoarem-se como profissionais mais reflexivos e mais críticos, de modo a ultrapassarem as limitações e os perigos das concepções baseadas na deficiência” (AINSCOW; PORTER; WANG,1997, p. 20). Portan- to, é preciso que diferentes setores da sociedade pos- sam articular ações conjuntas para que, de fato, a esses alunos sejam garantidos não apenas o acesso à escola, mas a sua permanência nela, com uma educação de qualidade que lhes possibilite condições possíveis para sua formação e exercício da cidadania. Pois, “Levá- -lo para este contexto sem prover recursos adaptados pode expô-lo ao fracasso e à constatação de que ele não consegue acompanhar as atividades desenvolvidas na classe comum” (ARAÚJO, 1998, p. 79). Desta forma, a inclusão escolar pressupõe mu- danças físicas relacionadas às posturas frente às concep- ções que coabitam a escola, sendo que um dos embates de maior significância é o que se refere à formação de professores em níveis teóricos, práticos e pessoais, que, na maioria das vezes, se mostra bastante insólita para edificar práticas que realmente estimulem a autonomia, a criatividade e a ampliação das competências do aluno 2 1 com deficiência motora e/ou múltipla. Nesse cenário, a formação profissional passa a ser uma questão central para a implantação da escola inclusiva. Acima de tudo, a predisposição para perce- ber o aluno como ser cognocente e se perceber como peça-importante em seu processo de desenvolvimento de forma a corresponsabilizar-se pelas mudanças que surgem serem realizadas no processo educacional e que se traduz como uma questão urgente a ser vivenciada no trabalho com os professores. 2 3 Embasamento Legal Nesse estudo, inicialmente, iremos discutir o tra- balho realizado com alunos que apresentam dificuldades acentuadas ou limitações motoras que, por conseguinte, en- contram dificuldades em seu processo de desenvolvimento e em seu aprendizado escolar como um todo, necessitando desse modo de recursos ou apoios diferenciados por parte de seus professores e/ou da comunidade escolar. Nesse sentido, o parecer CNE/CEB número 17/2001 afirma que: Todos os alunos, em determinado momento de suas vidas, podem apresentar necessidades educacionais especiais, e seus professores em geral conhecem diferentes estratégias para solucioná-las. No entanto, existem necessidades edu- cacionais que requerem da escola, uma série de recursos e apoios de caráter mais especializados que proporcionem meios para acesso ao currículo ao aluno. No Decreto Federal nº. 3.298, de 20 de dezem- bro de 1999, ao regulamentar a Lei Federal nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 (que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e dá outras providências), considerou os seguintes conceitos: Em seu Art. 3º para os efeitos deste Decre- to, considera-se: I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou ana- 2 4 tômica que gere incapacidade para o desempenho de ati- vidade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II – deficiência permanente – aquela que ocor- reu ou se estabilizou durante um período de tempo sufi- ciente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com ne- cessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recur- sos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitirinformações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. O Ministério do Trabalho, em 2000, preocupan- do-se com a inserção da pessoa com deficiência no mer- cado de trabalho, publicou a seguinte definição: Pessoa portadora de deficiência é toda aquela que sofreu perda ou possua anormalidade de uma estrutura ou fun- ção psicológica, fisiológica ou anatômica que venha gerar uma incapacidade para o desempenho de atividade dentro do padrão considerado normal para o homem, podendo a gênese estar associada a uma deficiência física, auditiva, visual, mental, quer permanentemente, quer temporária. A Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 igualmente definiu a pessoa portadora de deficiên- cia ou com mobilidade reduzida, nos seguintes termos, 2 5 no segundo artigo estabelece como definição: Pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade redu- zida: a que temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989 A Lei n. 7.853, de outubro de 1989 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua inte- gração social, sobre a Coordenadoria Nacional para In- tegração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE - institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Artigo 1º - Ficam estabelecidas normas que as- seguram o pleno exercício dos direitos individuais e so- ciais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º - Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º - As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e 2 6 entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. Artigo 2º - Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único - Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administra- ção direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educa- ção Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a educação infantil e fundamental, o EJA, a habilitação e reabilitação profissionais, com currí- culos, etapas e exigências de diplomação próprias; b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial na educação infantil, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos por- tadores de deficiência; 2 7 e) o acesso de alunos com de deficiência aos be- nefícios conferidos aos demais educandos, inclusive ma- terial escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas com deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino. Através da Lei nº 7.853/89, foi criada a Co- ordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Por- tadora de Deficiência – CORDE, órgão incumbido de elaborar os planos e programas que compõem a Política Nacional para Integração da Pessoa Portado- ra de Deficiência, assim como também medidas que possam garantir a sua implementação e o acompa- nhamento de forma mais eficaz. A elaboração dos planos e programas a seu cargo, o CORDE deverá, dentre outros, considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio às enti- dades privadas voltadas à integração social da pessoa com deficiência (artigo 14, parágrafo 2º, inciso II, do Decreto Federal nº 3.298/99). Dentre os direitos garantidos pela Consti- tuição Federal e pela criada Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, ressalta o apoio às pessoas com de- ficiência, sua inclusão e sobre a CORDE, também aborda a tutela jurisdicional de interesses coletivos e as responsabilidades do Ministério Público. Ainda, define como crime, punível com reclu- são obstar sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivos derivados de deficiência, bem 2 8 como negar-lhe, pelo mesmo motivo, emprego ou trabalho. Como também, assegurando os seguintes direitos: igualdade de tratamento e oportunidade; de ir e vir, isto é, a acessibilidade a edifícios, logradouros, vias públicas, transportes etc.; justiça social; dignidade da pessoa humana; bem-estar pessoal, social e econômico; não sofrer discriminação e preconceito; educação, bem como a adoção de educação especial que abranja, dentre outras coisas, programas de habilitação e reabilitação de profissionais; saúde e assistência social, além da adoção de programas voltados às pessoas com deficiência e que lhes propiciem a integração social; trabalho, com garantia de apoio governamen- tal à formação profissional e à reserva de mercado de trabalho às pessoas com deficiência; o direito ao lazer, à cultura, à previdência so- cial, ao amparo, à infância e à maternidade. No Decreto nº 914, de 6 de setembro de 1993, atualizado em 20 de dezembro de 1999 pelo Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei Federal nº 7.853/89, instituiu a “Política Nacional para a integração da Pes- soa Portadora de Deficiência”, executada sob coor- denação da CORDE, com o objetivo de assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, adotando, dentre outros, os seguintes princípios, fins, diretrizes e instrumentos: 2 9 a ação conjunta entre Estado e sociedade para assegurar a plena integração das pessoas com deficiência no contexto socioeconômico-cultural; o respeito a essas pessoas com garantia da igualdade de oportunidades na sociedade, sem privilé- gios ou paternalismos; o acesso, ingresso e permanência de pessoas com deficiência em todos os serviços oferecidos à comunidade; o desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das necessidades especiais das pessoas com deficiência; o estabelecimento de mecanismos e instru- mentos legais que assegurem às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorren- tes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico; a inclusão das pessoas com deficiência, respei- tadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas go- vernamentais relacionadas à educação, saúde, trabalho, edificação pública, previdência social, assistência social, transporte, habitação, cultura, esporte e lazer; a ampliação de alternativas de inserção econômi- ca das pessoas com deficiência, proporcionando sua qualifi- cação profissional e incorporação no mercado de trabalho; a integração das ações dos órgãos e entidades públicos e privados nas áreas da saúde, educação,traba- lho, transporte, assistência social, edificação pública, pre- vidência social, habitação, cultura, desporto e lazer, vi- sando à prevenção das deficiências, à eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social; 3 0 a formação de recursos humanos para atendi- mento das pessoas com deficiência; a garantia da efetividade dos programas de pre- venção, de atendimento especializado e de inclusão social; o fomento à formação de recursos huma- nos para adequado e eficiente atendimento das pes- soas com deficiência; a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de trabalho em favor das pessoas com deficiência, nos órgãos e nas entidades públicos e privados; o fomento da tecnologia de bioengenharia vol- tada para a pessoa com deficiência, bem como a facilita- ção da importação de equipamentos; a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente às pessoas com deficiência. Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Art. 1o Esta Lei estabelece normas e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes definições: 31 I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora com deficiência ou com mobilidade reduzida. II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em: a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as exis- tentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras arquitetônicas na edificação: as exis- tentes no interior dos edifícios públicos e privados; c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes; d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa. III – pessoa com deficiência ou com mobilidade re- duzida: a que temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. IV – elemento da urbanização: qualquer compo- nente das obras de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, saneamento, encanamentos para esgo- tos, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico. V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou 32 adicionados aos elementos da urbanização ou da edi- ficação, de forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, tais como: semáforos, postes de sinalização e similares, cabi- nes telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marqui- ses, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga. VI – ajuda técnica: qualquer elemento que fa- cilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico. Cap. I - Dos elementos da urbanização Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso pú- blico deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público existentes, assim como as respec- tivas instalações de serviços e mobiliários urbanos deve- rão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior eficiência das modificações, no sentido de promover mais ampla acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Parágrafo único. Os parques de diversões, públi- cos e privados, devem adaptar, no mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento e identificá-lo para possibilitar sua utilização por pessoas com defici- ência ou com mobilidade reduzida, tanto quanto tecni- 33 Cap. III - Do desenho e da localização do mobiliário urbano camente possível. (Incluído pela Lei nº 11.982, de 2009) Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de uso comunitário, nes- tes compreendidos os itinerários e as passagens de pe- destres, os percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especifica- ções das normas técnicas da ABNT. Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas com deficiência com dificuldade de locomoção. Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão ser em número equivalente a dois por cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga, devida- mente sinalizada e com as especificações técnicas de dese- nho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes. Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes 34 de iluminação ou quaisquer outros elementos verticais de sinalização que devam ser instalados em itinerário ou espaço de acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma a não dificultar ou impedir a circulação, e de modo que possam ser utilizados com a máxima comodidade. Art. 9o Os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar equipados com meca- nismo que emita sinal sonoro suave, intermitente e sem estridência, ou com mecanismo alternativo, que sirva de guia ou orientação para a travessia de pessoas com defi- ciência visual, se a intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via assim determinarem. Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano de- verão ser projetados e instalados em locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Parágrafo único. Para os fins do disposto neste arti- go, na construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser observa- dos, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade: Cap. IV - Da acessibilidade nos edifícios públicos ou de uso coletivo 3 5 I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a estacionamento de uso públi- co, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para ve- ículos que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção permanente; II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; III – pelo menos um dos itinerários que co- muniquem horizontale verticalmente todas as depen- dências e serviços do edifício, entre si e com o exte- rior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei; e IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessível, distribuindo-se seus equipamen- tos e acessórios de maneira que possam ser utilizados por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza similar deverão dispor de es- paços reservados para pessoas que utilizam cadeira de ro- das, e de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação. 3 6 Cap. V - Da acessibilidade nos edifícios de uso privado Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a instalação de elevadores deverão ser construídos atendendo aos seguintes requisitos mínimos de acessibilidade: I – percurso acessível que una as unidades habitacionais com o exterior e com as dependências de uso comum; II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às edificações e aos serviços anexos de uso co- mum e aos edifícios vizinhos; III – cabine do elevador, e respectiva porta de entrada, acessíveis às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não este- jam obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes edifícios atender aos re- quisitos de acessibilidade. Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela coordenação da política habitacional regulamentar a reserva de um percentual mínimo do total das habitações, conforme a característica da população local, para o aten- dimento da demanda de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 37 Cap. VI - Da acessibilidade nos veículos de transporte coletivo Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deve- rão cumprir os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas. Cap. VII - Da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização Art. 17. O Poder Público promoverá a elimina- ção de barreiras na comunicação e estabelecerá meca- nismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas com deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à co- municação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cul- tura, ao esporte e ao lazer. Art. 18. O Poder Público implementará a forma- ção de profissionais intérpretes de escrita em braile, lingua- gem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiên- cia sensorial e com dificuldade de comunicação. Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas com deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento. 3 8 Cap. VIII - Disposições sobre ajudas técnicas Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de comunicação, mediante ajudas técnicas. Art. 21. O Poder Público, por meio dos organis- mos de apoio à pesquisa e das agências de financiamento, fomentará programas destinados: I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e prevenção de deficiências; II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de ajudas técnicas para as pessoas com deficiência; III – à especialização de recursos humanos em acessibilidade. C ap. IX - Das medidas de fomento à eliminação de barreiras Art. 22. É instituído, no âmbito da Secreta- ria de Estado de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Acessibilidade, com dotação orçamentária específica, cuja execução será disciplinada em regulamento. Cap. X - Disposições finais Art. 23. A Administração Pública federal direta 39 e indireta destinará, anualmente, dotação orçamentária para as adaptações, eliminações e supressões de barrei- ras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso públi- co de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua administração ou uso. Parágrafo único. A implementação das adapta- ções, eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas referidas no caput deste artigo deverá ser iniciada a partir do primeiro ano de vigência desta Lei. Art. 24. O Poder Público promoverá campanhas informativas e educativas dirigidas à população em geral, com a finalidade de conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à acessibilidade e à integração social da pessoa com defi- ciência ou com mobilidade reduzida. Art. 25. As disposições desta Lei aplicam-se aos edifícios ou imóveis declarados bens de interesse cultural ou de valor histórico-artístico, desde que as mo- dificações necessárias observem as normas específicas reguladoras destes bens. Art. 26. As organizações representativas de pessoas com deficiência terão legitimidade para acom- panhar o cumprimento dos requisitos de acessibilidade estabelecidos nesta Lei. O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, regulamenta as Leis 10.048/2011 e 10.098/2000 define a acessibilidade como: I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas 4 0 e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movi- mento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informa- ção, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no en- torno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edi- ficações de uso privado multifamiliar; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transportes; e d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossi- bilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comu- nicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação; V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmen- te projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; VI - edificações de uso público: aquelas adminis- tradas por entidades da administração pública, direta e in- direta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral; 4 1 Apesar dos esforços em definir uma termino- logia mais adequada, ainda hoje persiste a confusão. Assim sendo, vale a pena lembrar que toda pessoa com deficiência poderá manifestar uma necessidade especial, mas nem toda pessoa com necessidade es- pecial possui uma deficiência. Já o uso do termo “portador” também vem sen- do questionado. Embora ainda se encontre na legislação e em boa parte da literatura sobre o assunto, hoje há um consenso de que a expressão é imprópria. A deficiência não é algo que se carrega, não é um objeto que se porta durante certo tempo e depoisse desfaz. A deficiência é parte constituinte da pessoa. Não há como a pessoa se desfazer dela por sua mera vontade. Assim, a pessoa não porta deficiência, ela a possui como integrante de sua identidade, de seu ser. Outro equívoco é o uso da expressão “deficien- te físico” para indicar outros tipos de deficiência como, por exemplo, a sensorial e a mental. Recomenda-se, as- sim, bastante cuidado antes de qualquer conclusão pre- cipitada, seja para caracterizar uma deficiência, seja para negar a sua existência, uma vez em que vivemos numa sociedade que sempre estabelece padrões de perfeição, beleza, inteligência etc. Neste trabalho, uma das maiores preocupa- ções é evitar os “rótulos”, lembrando sempre que o maior problema da pessoa com deficiência não é a de- ficiência em si, mas o tratamento, as atitudes ou ações que recebe por parte da sociedade. 42 Atividade I 1. Produzir um pequeno texto retratando a im- portância de leis e de políticas públicas destinadas ao alu- no com deficiência. 2. Definir: Deficiência Deficiência Permanente Incapacidade o1Capítulo o1Capítulo Deficiência Motora, Paralisia Cerebral e Deficiências Múltiplas 47 1.1.1. Inclusão de alunos com deficiência motora na escola Considera-se o indivíduo com deficiência moto- ra de caráter permanente, nos membros superiores ou inferiores, de grau igual ou superior a 60% (avaliada pela Tabela Nacional de Incapacidades, aprovada pelo decreto de lei nº 341/93, 30 de Setembro). Considera-se deficiência permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabi- lidade de que se altere, apesar de novos tratamentos (De- creto nº 3.298/99, art. 3º, II). É necessário que essa deficiência dificulte, com- provadamente, a locomoção na via pública sem auxílio de outrem ou recurso a meios de compensação, bem como o acesso ou utilização dos transportes públicos. Pode ter como origem alterações musculares, ósseas, osseoarticular ou anomalias. Apresenta-se em: Carácter definitivo: estável que não so- fre alterações. Caráter evolutivo: com tendência a modi- ficar-se ao longo do tempo. 1.1.2. Causas da deficiência motora Pesquisas apontam diversas causas para as di- ferentes deficiências motoras, mas para efeito de estu- 4 8 do divide-se em dois grandes grupos em conformidade com sua origem: cerebral e de origem não cerebral, e podendo permear os períodos pré e pós-natal. Ou seja, podemos nascer com alguma deficiência ou adquiri-la no decorrer da vida. As lesões cerebrais no período pré-natal podem ocorrer aproximadamente entre os cinco e os sete meses de vida intrauterina. Nessa fase algumas infecções, como a rubéola, podem causar estes tipos de lesões. As lesões cerebrais perinatais são aquelas que resultam, por exemplo, da falta de oxigênio no cé- rebro e de hemorragias cerebrais. São exemplos de deficiência pré-natal: desnutrição da mãe enquanto gestante, problemas genéticos, problemas durante o período gestacional. As lesões cerebrais pós-natais são causadas por traumatismos cranioencefálicos e infecções, como meningites bacterianas e tuberculosas, aci- dentes de trânsito, acidentes de trabalho, erros mé- dicos durante o parto, problemas durante o parto, violência, desnutrição. Já as deficiências motoras de origem não ce- rebral podem ser decorrentes de traumatismos, sendo que as paralisias podem ser causadas por infecções virais, por tumores ou por esclerose múltipla. Mes- mo que o traumatismo não origine uma paralisia, o indivíduo pode não só apresentar gestos e expressões verbais lentas e descoordenadas, como perda de me- mória e alterações no comportamento. 4 9 1.1.3. Tipos de deficiência motora 1.1.3.1. Monoplegia É o comprometimento mais sério de um só membro do corpo, ou melhor, refere-se a uma perda grave ou à completa perda da função motora em um lado do corpo. Este estado, normalmente, é causado por doen- ças cerebrais que estão localizadas no hemisfério cerebral oposto ao lado da fraqueza, sendo menos frequente, le- sões do tronco encefálico, doenças da medula espinhal cervical, doenças do sistema nervoso periférico e outras condições podem se manifestar como hemiplegia. 1.1.3.2. Hemiplegia Esse quadro é evidenciado quando ocorre a paralisia na metade do corpo. Refere-se a uma sequela neurológica grave devido a um comprometimento cir- culatório no cérebro com consequências e comprome- timentos em vários níveis. O indivíduo adulto, que por algum motivo sofreu uma lesão cerebral, compromete uma deter- minada área do cérebro. Essa área é responsável por determinadas funções no corpo humano; então, de- pendendo da área lesada, teremos: comprometimento sensorial: falhas na de- gustação, tato e sensibilidade, olfato, visão e audição; 5 0 comprometimento mental: falhas na me- mória, raciocínio etc.; comprometimento físico: é o que mais nos cha- ma a atenção no hemiplégico e também temos então compro- metimentos em nível de tônus, coordenação, equilíbrio etc. 1.1.3.3. Paraplegia É evidenciada quando a paralisia dos membros inferiores, secundária a lesão medular ao nível da coluna vertebral toracolombar. Assim, a paralisia ocorre da cin- tura para baixo. As causas mais frequentes de lesão medular são os traumatismos, os processos tumorais e as infecções. Os traumatismos que mais atingem a medula es- pinhal são aqueles produzidos em acidentes de automó- veis, ou mergulho em águas rasas. O nível em que há a le- são do 4. Segmento da medula torácico, do umbigo para baixo - lesão do 12. Segmento da medula torácico e etc. Existem adaptações, algumas confeccionadas pelo próprio profissional especializado na área, que pos- sibilitam maior desempenho funcional e independência do deficiente, daí ser fundamental a atuação do profis- sional terapeuta ocupacional em seu processo de reabili- tação, valorizando e reforçando o potencial funcional da pessoa deficiente. Os cuidados com a pele são muito importantes para evitar formação de escaras (feridas) nos locais de contato diário entre colchão e proeminência óssea, devem 5 1 ser usados colchões de água e assentos especiais, nestes casos a higiene corporal é extremamente importante. 1.1.3.4. Tetraplegia Refere-se à paralisia dos quatro membros secun- dários à lesão medular ao nível da coluna vertebral cervi- cal, ou seja, quando há o comprometimento ou paralisia do pescoço para baixo. As causas mais frequentes da te- traplegia - ou da lesão medular - são os traumatismos, os processos tumorais e as infecções. A lesão medular impede a passagem dos impulsos voluntários do cérebro para a musculatura e das sensibilida- des cutâneas até o cérebro. O controle voluntário da bexiga e intestino também fica prejudicado, tendo como consequência a incontinência e posteriormente, retenção de urina e fezes. 1.1.3.5. Amputado Esse quadro é caracterizado quando, por algum motivo, há falta de um membro do corpo. Entre as causas mais comuns de amputação de órgãos inferiores e supe- riores encontramos: vasculopatias periféricas, traumáti- cas, tumorais, infecciosas, congênitas e iatrogênicas. Destaca-se dentre elas a vasculopatia periférica, que acomete maior número pessoas na faixa etária aci- ma de 50 anos; sendo os membros inferiores - dedos, pés e pernas - os mais comprometidos. A causa mais comum nas 52 amputações provocadas por eventos vasculares é a dia- betes e o tabagismo. 1.1.4. O Aluno com Deficiência Motora na Escola O professor deve, sempre que possível, colo- cá-lo sentando mais próximo. Quando o aluno utilizar cadeira de rodas, estas devem ter como acompanhamento mesas adap- tadas, sendo mais alta que as demais mesas da sala. O professor deve procurar, sempre que pos- sível, retirar os obstáculos no ambiente escolar, evitan- do assim situações desagradáveise constrangedoras. O professor necessita ter atenção aos horá- rios de evacuação para evitar situações embaraçosas frente aos demais alunos da sala. A interação entre os demais alunos, pais dos alunos deficientes motores e da escola como um todo é fundamental. É importante que a escola faça um breve esclarecimento sobre o problema do aluno e que ele necessita, em alguns momentos, de uma atenção di- ferenciada por parte da comunidade escolar (alunos, professores, coordenadores, diretores, secretários, merendeiras, inspetores de alunos etc.). Os professores envolvidos diretamente com o aluno devem estudar, conhecer, ser orientados pela equipe pedagógica acerca do tipo de deficiência e suas causas. 5 3 Atividade 1.1. 1. Enumerar as possíveis causas, bem como me- didas preventivas da Deficiência Motora: 2. Relacionar ações ou posturas que a escola e os professores devem manter ao receber um aluno com deficiência motora. 3. Discuta: Quem pode ser considerado de- ficiente motor? 4. Procure no quadro (pág. 52) os cinco tipos de Deficiência Motora: Monoplegia Hemiplegia Paraplegia Tetraplegia Amputado 5 4 5 5 1.2. Paralisia cerebral O cérebro comanda todas as funções do corpo, desse modo, cada área do cérebro é responsável por uma determinada função, por exemplo: os movimentos dos braços e das pernas, a visão, a audição e a inteligência. Uma criança com PC – Paralisia Cerebral - pode apresentar alterações que variam desde leve descoordena- ção dos movimentos ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir. Paralisia cerebral define qualquer desordem ca- racterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento. Dentre os fatores potencialmente determinantes de lesão cerebral irreversível, os mais comumente obser- vados são infecções do sistema nervoso, hipóxia (falta de oxigênio) e traumas de crânio. O desenvolvimento anormal do cérebro pode tam- bém estar relacionado a uma desordem genética, e nestas circunstâncias, geralmente, observam-se outras alterações pri- márias além da cerebral. Em muitas crianças, a lesão ocorre nos primeiros meses de gestação e a causa é desconhecida. 1.2.1. Tipos de paralisia cerebral O tipo de alteração do movimento observado está relacionado com a localização da lesão no cérebro e a gravidade das alterações depende da extensão da lesão. A PC é classificada de acordo com a alteração de movimen- 5 6 to que predomina. Formas mistas são também observadas. 1.2.1.1. Espástica Quando a lesão está localizada na área responsá- vel pelo início dos movimentos voluntários, trato pirami- dal, o tônus muscular é aumentado, isto é, os músculos são tensos e os reflexos tendinosos são exacerbados. Esta condição é chamada de paralisia cerebral espástica. Já, quando a lesão atinge principalmente a por- ção do trato piramidal responsável pelos movimentos das pernas, localizada em uma área mais próxima dos ventrí- culos (cavidades do cérebro), a forma clínica é a diplegia espástica, na qual o envolvimento dos membros inferio- res é maior do que o dos membros superiores. A região periventricular é muito vascularizada e os prematuros, por causa da imaturidade cerebral, com muita frequência apresentam hemorragia nesta área. As alterações tardias provocadas por esta hemorragia podem ser visualizadas com o auxílio da neuroimagem (leucoma- lácea periventricular). Por este motivo, a diplegia espástica é quase sempre relacionada com prematuridade. Esta forma é menos grave do que a tetraplegia, e a grande maioria das crianças adquire marcha independente antes dos oito anos de idade. Na hemiplegia espástica, são observadas altera- ções do movimento em um lado do corpo, como por exemplo, perna e braço esquerdos. As causas mais fre- 57 quentes são alguns tipos de malformação cerebral, aci- dentes vasculares ocorridos ainda na vida intra-uterina e traumatismos cranioencefálicos. As crianças com este tipo de envolvimento apresentam bom prognóstico mo- tor e adquirem marcha independente. Algumas apresen- tam um tipo de distúrbio sensorial que impede ou difi- culta o reconhecimento de formas e texturas com a mão do lado da hemiplegia. Estas crianças têm muito mais dificuldade para usar a mão. As crianças com espasticidade tendem a desenvol- ver deformidades articulares porque o músculo espástico não tem crescimento normal. Flexão e rotação interna dos quadris, flexão dos joelhos e equinismo são as deformi- dades mais frequentes nas crianças que adquirem marcha. Além destas, as crianças com tetraplegia espástica podem desenvolver luxação paralítica dos quadris e escoliose. 1.2.1.2. Com movimentos involuntários Esta condição é definida como paralisia cerebral com movimentos involuntários forma coreoatetósica ou distônica. O termo coreoatetose é usado para definir a as- sociação de movimentos involuntários contínuos, unifor- mes e lentos (atetósicos) e rápidos, arrítmicos e de início súbito (coreicos). A criança com PC tipo distônica apre- senta movimentos intermitentes de torção devido à con- tração simultânea da musculatura agonista e antagonista, muitas vezes acometendo somente um lado do corpo. A PC com movimentos involuntários está fre- 5 8 quentemente relacionada à lesão dos gânglios da base (núcleos localizados no centro do cérebro, formados pe- los corpos dos neurônios que compõem o trato extrapi- ramidal), causada por hiperbilirrubinemia neonatal. Os movimentos involuntários podem ser leves ou acentuados e são raramente observados durante o pri- meiro ano de vida. Nas formas graves, antes desta idade a criança apresenta hipotonia (tônus muscular diminuído) e o desenvolvimento motor é bastante atrasado. Muitas crianças não são capazes de falar, andar ou realizar mo- vimentos voluntários funcionais e são, portanto, depen- dentes para a alimentação, locomoção e higiene. 1.2.1.3. Atáxica A paralisia cerebral atáxica está relacionada com lesões cerebelares ou das vias cerebelares. Como a função principal do cerebelo é controlar o equilíbrio e coorde- nar os movimentos, as crianças com lesão cerebelar apre- sentam ataxia, ou seja, marcha cambaleante por causa da deficiência de equilíbrio, e apresentam, ainda, não coor- denação dos movimentos com incapacidade para realizar movimentos alternados rápidos e dificuldade para atingir um alvo. Por exemplo, se a criança for apertar um botão que liga/desliga um aparelho elétrico com o seu indica- dor, ela tem dificuldade para comandar o movimento de maneira a colocar o dedo exatamente sobre o botão e no final do movimento observa-se um tremor grosso. Quando a lesão é muito extensa, o atraso do 5 9 desenvolvimento motor é importante e é possível que a criança nunca seja capaz de andar sem apoio. Assim como nas formas extrapiramidais de PC, durante o pri- meiro ano de vida, a alteração observada é a hipotonia. A alteração mais frequentemente encontrada é a ataxia associada a sinais piramidais (tônus muscular aumentado e reflexos tendinosos exacerbados). Ataxia pura em crian- ças com PC é rara. 1.2.2. Causas Desde que o médico inglês William Little, nos anos 1860, descreveu pela primeira vez as alterações clínicas en- contradas em uma criança com PC e relacionou estas alte- rações com hipóxia (baixa de oxigênio), se valorizou muito o papel da hipóxia perinatal e dos traumas de parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis. E mesmo depois de Sigmund Freud, em 1897, ter chamado a atenção para o fato de que se muitas das crian- ças apresentavam além das alterações motoras, outros pro- blemas, tais como, retardo mental, convulsões e distúrbios visuais, o mais provável é que a causa pudesse estar tam- bém relacionada com agressões ocorridas em fases bem mais precoces da vida intra-uterina, a hipóxia perinatal foi considerada atérecentemente como a principal causa de PC. O pensamento de Freud era que em certos casos, os problemas ao nascer seriam, na realidade, consequência de um desenvolvimento anormal do cérebro. Durante anos, essas observações de Freud não 6 0 foram muito valorizadas até que no final dos anos 80, pesquisas importantes realizadas nos Estados Unidos e na Austrália demonstraram que tanto a hipóxia quanto outros problemas neonatais não são as principais causas de PC e que na maioria das crianças com PC a causa era desconhecida. Desordens genéticas, fatores teratogênicos ou outras influências nas fases iniciais da gravidez teriam que ser mais intensamente investigadas. Porém, com os avanços da tecnologia para diag- nóstico, principalmente nas áreas da imagem e da gené- tica, uma melhor compreensão das causas de PC vem sendo cada vez mais possível. Um número significativo de crianças que antes recebiam o diagnóstico de PC por hipóxia perinatal porque demoraram a chorar e tiveram cianose (ficaram roxinhas). Hoje, depois da ressonância magnética, recebem o diagnóstico de uma malformação cerebral, e a implicação deste fato é que a causa do pro- blema é uma desordem genética ou um fator agressivo ocorrido nas primeiras semanas ou meses de gestação. Dentre as causas pré-natais, além das desor- dens genéticas, as mais importantes são infecções con- gênitas (citomegalia, toxoplasmose, rubéola) e hipóxia fetal decorrente de complicações maternas, como no caso das hemorragias. A exposição da mãe a substân- cias tóxicas ou agentes teratogênicos tais como radia- ção, álcool, cocaína e certas medicações principalmen- te nos primeiros meses de gestação são fatores de risco que têm que ser considerados. As causas perinatais estão relacionadas princi- palmente com complicações durante o parto, prematuri- 6 1 dade e hiperbilirrubinemia. As principais causas de paralisia cerebral pós-na- tal são infecções do sistema nervoso central (meningites e encefalites), traumatismo cranioencefálico e hipóxia ce- rebral grave (quase afogamento, convulsões prolongadas e parada cardíaca). 1.2.3. Prevenção Um acompanhamento pré-natal regular e boa assistência ao recém-nascido na sala de parto diminuem a possibilidade de certas crianças desenvolverem lesão ce- rebral permanente. Por outro lado, muitas das crianças que superam situações críticas com a ajuda de recursos sofisticados das terapias intensivas neonatais modernas, principalmente os prematuros, sobrevivem, mas com se- quelas neurológicas. Apesar de ter havido uma evolução importante em termos de atendimento à gestante e ao recém-nascido na sala de parto, nos últimos 40 anos não houve nenhuma redução significativa da prevalência da PC mesmo nos países desenvolvidos. De qualquer forma, houve uma modificação da história natural. Muitas das formas graves de PC estão relacionadas com causas que podem ser preve- nidas como hipóxia perinatal, infecções congênitas e hiperbilirrubinemia neonatal, e a prematuridade está relacionada à diplegia espástica, tipo de paralisia cere- bral de melhor prognóstico. 62 Todo esforço para que o período gestacional seja o mais saudável possível deve ser feito. Com a manutenção da nutrição e da eliminação do álcool, fumo, drogas e me- dicações teratogênicas, a gestante estará contribuindo para a prevenção de alguns tipos de PC. A rubéola congênita pode ser prevenida se a mulher for vacinada antes de engravidar. Quanto à toxoplasmose materna, medidas de higiene, como não ingerir carnes mal cozidas ou verduras que possam estar contaminadas com fezes de gato são importantes. No período pós-natal, uma das principais causas de PC é o traumatismo cranioencefálico que pode ser pre- venido, em algumas circunstâncias, com o uso de cadeiras de segurança especiais para crianças pequenas, ajustadas nos bancos dos automóveis. Outra causa importante é a anóxia cerebral grave por afogamento, sendo o número de crianças com lesão ce- rebral relativamente elevado, justificando a urgência por uma campanha de prevenção. Algumas das infecções cerebrais po- dem ser prevenidas com vacinas, como por exemplo: contra o sarampo, a meningite meningogócica e a Haemophilus in- fluenza, a gripe HN1. 1.2.4. Diagnóstico Dificuldade de sucção, tônus muscular diminu- ído, alterações da postura e atraso para firmar a cabeça, sorrir e rolar são sinais precoces que chamam a atenção para a necessidade de avaliações mais detalhadas e acom- panhamento neurológico. 6 3 A história clínica deve ser completa e o exame neurológico deve incluir a pesquisa dos reflexos primitivos (próprios do recém-nascido), pois a persistência de certos reflexos além dos seis meses de idade pode indicar presença de lesão cerebral. Os reflexos são movimentos automáticos que o corpo faz em resposta a um estímulo específico. O reflexo primitivo mais conhecido é o reflexo de Moro que pode ser assim descrito: quando a criança é colocada deitada de costas em uma mesa sobre a palma da mão de quem avalia, a retirada brusca da mão causa um movimento súbito da região cervical, o qual inicia a resposta que consiste inicialmente em abdução (abertura) e extensão dos braços com as mãos abertas seguida de adução (fechamento) dos braços como em um abraço. Este reflexo é normalmente observado no recém-nasci- do, mas com a maturação cerebral, respostas automáticas como esta são inibidas. Após a identificação da história clínica e reali- zado o exame neurológico, o próximo procedimento é afastar a possibilidade de outras condições clínicas ou doenças que também evoluem com atraso do desenvolvi- mento neurológico ou alterações do movimento como as descritas anteriormente. Exames de laboratório (sangue e urina) ou neuroimagem (tomografia computadorizada ou res- sonância magnética) poderão ser indicados de acordo com a história e as alterações encontradas ao exame neurológico. Estes exames, em muitas situações, escla- recem a causa da paralisia cerebral ou podem confir- mar o diagnóstico de outras doenças. 6 4 1. Conceitue Paralisia Cerebral. 2. Relacione as possíveis causas de Paralisia Cerebral. 3. Fazer uma síntese do diagnóstico de Parali- sia Cerebral na forma de história em quadrinhos. 4. Resuma os Tipos de Paralisia Cerebral em uma frase ou parágrafo. Atividade 1.2. 6 5 1.3. Deficiências múltiplas Deficiências múltiplas são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações. Dois exemplos seriam os portadores de surdocegueira e os portadores de deficiên- cia mental e física ao mesmo tempo. Considera-se uma criança com múltipla defici- ência sensorial aquela que apresenta deficiência visual e auditiva associadas a outras condições de comportamen- to e comprometimentos, sejam eles na área física, intelec- tual ou emocional, e dificuldades de aprendizagem. Quase sempre os canais de visão e audição não são os únicos afetados, mas também outros sistemas, como: os sistemas tátil (toque), vestibular (equilíbrio), pro- prioceptivo (posição corporal), olfativo (aromas e odores) ou gustativo (sabor). Limitações em uma dessas áreas po- dem ter um efeito singular no funcionamento, aprendiza- gem e desenvolvimento da criança. (Perreault, 2002). Crianças que apresentam graves comprometi- mentos múltiplos e condições médicas frágeis: I. Apresentam mais dificuldades no entendimen- to das rotinas diárias, gestos ou outras habilidades de co- municação; II. Demonstram dificuldades acentuadas no re- conhecimento das pessoas significativas no seu ambiente; III. Realizam movimentos corporais sem propósito; IV. Apresentam resposta mínima a barulho, mo- vimento, toque, odores e/ou outros estímulos. 6 6 1.3.1. Surdocegueira É uma deficiência única que apresenta a perda da audição e visão de tal forma quea combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de dis- tância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca. A criança surdocega é portadora de caracterís- ticas únicas, que resultam do efeito combinado das de- ficiências auditiva e visual. As características clínicas que definem a criança, do ponto de vista oftalmológico e au- diológico, são insuficientes para prever o quanto poderá se desenvolver quando imersa num ambiente que pro- porcione uma estimulação adequada às suas necessidades (CADER & COSTA, 2001). As crianças surdocegas podem frequentemente apresentar os seguintes comportamentos: I) dificuldades em elaborar a consciência da rela- ção dos segmentos corporais em si e destes com objetos (fase comum a todas as crianças); II) limitações para o movimento e funcionamen- to do próprio corpo; III) insegurança pessoal; IV) atraso no desenvolvimento motor e afeti- vo, pode ser atribuído à qualidade e quantidade das in- terações mantidas com o ambiente. Afinal, enquanto as crianças normais usam a audição e a visão para direcio- nar sua ação, e com isso aprendem, por exemplo, que 67 seu comportamento e movimento têm consequências determinadas e que objetos e crianças que não podem ser vistos continuam a existir, a criança surdocega não possui condições para responder e compreender as de- mandas do meio, precisando, por isso, que esses aspec- tos lhes sejam ensinados. O papel do professor, intérprete ou guia-intérpre- te junto à criança surdocega será o de suprir sua carência de funcionamento sensorial com estímulos organizados e significativos, promovendo a construção de sua consciên- cia e imagem corporal, seu desenvolvimento motore afeti- vo, e também sua autonomia (ERIKSON, 2002). 1.3.2. Múltipla deficiência sensorial Deficiência múltipla é o termo usado para classi- ficar a condição do individuo que é portador de mais de uma deficiência associadas. Segundo a Política Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação (1994), múltipla deficiência é “a associação, no mesmo individuo de duas ou mais deficiências primárias... com compro- metimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e capacidade adaptativa.” (p.15). A múltipla deficiência pode se manifestar por combinações entre deficiências física, intelectual e senso- rial. Essas associações trazem prejuízos socioeducativos, já que muitas vezes, o indivíduo será privado de uma per- cepção integral do mundo que o rodeia e com isso terá poucas possibilidades de interagir com seu meio social. 6 8 O indivíduo com uma múltipla deficiência terá seu comprometimento agravado, ou não, dependendo do grau de cada deficiência e da forma de suas associações. Portanto o individuo que tiver em associação a deficiência sensorial, pode estar mais alienado de seu meio físico e social que outro, cuja associação envolve deficiência física e intelectual. Segundo Nunes (2001), os sentidos da visão e audição, são os principais canais para se receber e inter- pretar informações externas, sendo assim, quando há uma deficiência sensorial associada, o indivíduo possui menos capacidade de interagir com o ambiente do qual participa. 6 9 1. Pesquise na internet o alfabeto manual para surdocego. 2. Defina surdocegueira. 3. Faça uma síntese de Deficiência Múltipla em verso. 4. Relacione os comportamentos mais comuns apresentados por crianças surdocegas: Atividade 1.3. o2Capítulo o Lesão Cerebral do Sistema Nervoso Central, Lesões Nervosas Periféricas e Outras Deficiências Motoras 2 Capítulo 7 3 O cérebro é o órgão que controla todas as fun- ções do organismo e para isso necessita do oxigênio. A falta deste nutriente é uma das maiores causas de lesão cerebral, trazendo prejuízo para o desenvolvimento. Conhecida como Paralisia cerebral (“PC”) define-se como um conjunto de lesões permanentes no cérebro que podem ocorrem nos seguintes períodos: A) Pré-natal: através de infecções, rubéola, sífi- lis, listeriose, citomegalovirus, toxoplasmose, AIDS, uso de drogas, tabagismo, álcool, desnutrição materna; alte- rações cardiocirculatórias maternas. B) Peri-natal: através de anóxia, hemorragias intra- cranianas, trauma obstétrico. C) Pós-natal: traumas cerebrais, meningites, con- vulsões, desnutrição, falta de estímulo, hidrocefalia. Nesse processo podem ocorrer também outras alterações mentais, visuais, auditivas, de linguagem ou de movimentos físicos. As lesões cerebrais variam con- forme a área atingida. Paralisia cerebral é uma desordem do movimen- to e da postura, persistente, porém variável, surgida nos primeiros anos de vida pela interferência no desenvolvi- mento do sistema nervoso central, causada por uma de- sordem cerebral não progressiva. Barraquer Bordas (1999) conceitua como: PC” é a sequela de uma agressão cerebral que se caracteriza primordialmente por um transtor- no persistente, porém não invariável, do tônus, da postura e do movimento, que surge na pri- 7 4 meira infância e que não é somente secundária a esta lesão não evolutiva do encéfalo, mas se deve também à influência que a referida lesão exerce sobre a maturação neurológica. Atualmente a utilização do termo paralisia cere- bral (PC) não é o mais tão utilizado na literatura especia- lizada, embora seja usualmente falado, pois caracterizaria desta forma uma perda total das funções cerebrais, o que não define as lesões focais ocorridas com consequências no desenvolvimento neurológico do paciente. Os pacientes com PC possuem principalmen- te comprometimento motor, influenciando no seu de- sempenho funcional. Segundo Schwartzman (1993) e Souza & Ferraretto (1998) a PC pode ser classificada por: Tipo de disfunção motora extrapiramidal ou dis- cinético (Atetoide, coreico e distônico), atáxico, misto e espástico; ou pela topografia das lesões (Localização no corpo), que inclui tetraplegia, monoplegia, diplegia e hemiplegia. Na PC, a forma espástica é a mais encon- trada e frequente em 88% dos casos. 2.1.1. Quanto à disfunção motora Atetoide: Caracterizada por movimentos involuntários. Neste tipo, os movimentos são invo- luntários devido a um estímulo ineficaz e exagerado que o cérebro envia ao músculo não sendo capaz de manter um padrão. 7 5 Coreico: Acomete crianças e jovens do sexo fe- minino com movimentos involuntários e descoordenados dos membros e dos músculos da face (Dança de S. Guido). Distônico: Incoordenação do tônus muscular Atáxico: Dificuldade de coordenação motora (Tremores ao realizar um movimento). Mistos: Quando apresentam pelo menos dois tipos associados de alteração do movimento (Exemplo: espástico e atetoide) Espástico: Ocorre uma lesão do córtex cere- bral, diminuindo a força muscular e aumentando o tônus muscular. A tensão muscular encontra-se aumentada no- tada ao realizar algum alongamento da musculatura ou mesmo um estiramento. 2.1.2. Quanto à topografia da lesão Tetraplegia (Hemiplegia bilateral ou quadri- plegia): Ocorrendo em 9 a 43% dos casos, com lesões difusas bilaterais no sistema piramidal apresentando te- traparesia espástica com retrações em semiflexão severas, síndrome pseudobulbar (hipomimia, disfagia e disartria) e até microcefalia, deficiência mental e epilepsia. Diplegia: Surge em 10 a 30 % dos pacientes, sendo mais comum em prematuros, comprometendo os membros inferiores, podendo apresentar hipertonia dos músculos Adutores, denominado Síndrome de Little (cruzamento dos membros inferiores e marcha «em te- soura»). Existem vários graus para classificar a intensida- 76 de do distúrbio, podendo ser pouco afetado (com um prognóstico bom, sendo capaz de se adaptar à vida diá- ria) ou graves com limitações funcionais. Ao 1º ano de vida, a criança podese apre- sentar hipotônica, passando para distonia intermiten- te, com tendência ao opistótono quando estimulada. Nos casos mais graves a criança pode permanecer num destes estágios por toda a sua vida, porém geralmente passa a exibir hipertonia espástica, inicialmente exten- sora e, finalmente, com graves retrações semiflexoras. Hemiplegia: É a mais comum de todas, com- prometendo mais o membro superior; acompanhada de espasticidade, hiper-reflexia e sinal de Babinski. O padrão hemiplégico caracteriza-se pela postura semifle- xora do membro superior, com o membro inferior hi- perestendido e aduzido, e o pé em postura equinovara, podendo aparecer ser encontrado hipotrofia dos seg- mentos acometidos, hemi-hipoestesia ou hemianopsia. O diagnóstico está ligado ao atraso no desen- volvimento neuropsicomotor com associação ou não de outros sintomas. A criança apresenta alguns refle- xos indevidos para sua idade e dificuldade em adquirir outros próprios de sua idade atual. Os profissionais que atendem este tipo de criança devem dispor de várias técnicas e recursos com objetivos de melhorar a espasticidade, eliminar os fa- tores agravantes, reabilitar através do uso de órteses, farmacoterapia, cirurgias ortopédicas e neurocirurgia. 7 7 2.1.3. Tratamento O tratamento da PC visa controlar as crises con- vulsivas, as complicações decorrentes das lesões e a pre- venção de outras doenças, contraturas ou problemas. O tratamento medicamentoso baseia-se no uso de anticonvulsivantes e psiquiátricos, quando necessários para obter controle dos distúrbios afetivo-emocionais e da agitação psicomotora. O tratamento cirúrgico envolve cirurgias orto- pédicas para corrigir deformidades e estabilizar a articu- lação, além de preservar a função e aliviar a dor. A Terapia Ocupacional é indispensável para o indivíduo com PC, visto que estes apresentam dificulda- des em níveis variados na realização de suas atividades de vida diária, como alimentação, banho, vestuário, higiene pessoal, mobilidade e transferências. O terapeuta ocu- pacional trabalha com a rotina do indivíduo e o auxilia a desempenhar suas atividades de maneira autônoma e independente, buscando o melhor nível de desempenho em todas suas atividades, incluindo autocuidado, lazer, trabalho, participação social e educação. A fisioterapia tem por objetivo inibir a atividade reflexa anormal, normalizando o tônus muscular e fa- cilitando o movimento normal, consequentemente me- lhorando a força, flexibilidade, amplitude de movimento (ADM) e as capacidades motoras básicas para a mobili- dade funcional. As metas de um programa de reabilitação são reduzir a incapacidade, prevenir contraturas e defor- midades e otimizar a função. 78 Os alongamentos músculo-tendinosos devem ser lentos e realizados diariamente para manter a amplitu- de de movimento e reduzir o tônus muscular. Exercícios de grande resistência podem auxiliar no fortalecimento muscular, mas com as devidas precauções em pacientes com lesões centrais, pois reforçarão as reações tônicas anormais já existentes aumentando a espasticidade. Há quatro categorias de intervenção, as quais devem apresentar uma combinação para suprir to- dos os aspectos das disfunções dos movimentos nas crianças com PC: a) Enfoque biomecânico; b) Enfoque neurofisiológico; c) Enfoque do desenvolvimento; d) Enfoque sensorial. O enfoque biomecânico aplica os princípios da cinética e cinemática para os movimentos do corpo hu- mano. Incluem movimento, resistência e as forças neces- sárias para melhorar as atividades de vida diária. O neurofisiológico e do desenvolvimento são realizados juntos, recebendo o nome de neuroevolutivo. Inclui uma combinação de técnicas neurofisiológicas e do conhecimento da sequência do desenvolvimento, como se observa no tratamento de Rood, de Brunnstrom, na facilitação neuromuscular proprioceptiva (Kabat) e no tratamento neuroevolutivo Bobath. As técnicas de tratamento sensorial promovem experiências sensoriais apropriadas e variadas (Tátil, pro- prioceptiva, cinestésica, visual, auditiva, gustativa etc.) para as crianças com espasticidade, facilitando assim uma 7 9 aferência motora apropriada. O acompanhamento psicológico familiar é im- portante no tratamento da ECNPI, pois ajuda os pais a entenderem melhor, podendo assim auxiliar no atendi- mento e prevenir complicações. Deve-se reconhecer quando as deficiências são muito graves, sendo desnecessário a utilização de recur- sos caros e demorados que geram ansiedade e expectativa da família, sem alterar o quadro clínico do paciente. 8 0 Atividade 2.1. 1. Definir os períodos em que ocorrem as lesões cerebrais do sistema nervoso central. 2. Quais são as formas de tratamento? 3. Completar os quadros conforme as infor- mações do texto. Quanto à disfunção motora Quanto à topografia da lesão 8 1 2.2. Lesões nervosas periféricas As lesões dos nervos periféricos apresentam alterações funcionais tanto sensitivas quanto motoras, e se não forem adequadamente tratadas, podem provo- car um déficit importante, com prejuízos na qualidade de vida dos pacientes. As lesões nervosas periféricas se dividem em neuropraxia, quando há perda da condutividade elétrica em determinado segmento da fibra nervosa; axonotmese, quando há degeneração; walleriana do axônio e neurot- mese, quando afeta todas as fibras do nervo. A Neuropatia Periférica é um distúrbio fun- cional ou orgânico do sistema nervoso periférico e sua apresentação clínica pode ser classificada em: mono- neuropatia, mononeuropatia múltipla, polineuropatia e polirradiculoneurítico ou polirradiculopatia. Suas causas podem ser diversas, tais como: distúrbios here- ditários, tumores, doenças autoimunes, dentre outras. Diversos fatores devem ser considerados no momento do diagnóstico e do tratamento e este deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. 2.2.1. Classificação das neuropatias periféricas Embora o número de etiologias das Neuropa- tias Periféricas (NP) seja muito grande, sua apresentação clínica é mais limitada. Desse modo, as NP podem ser 82 classificadas de acordo com seis parâmetros principais: 1. Velocidade de instalação: aguda (menos de uma semana); subaguda (menos de um mês); crônica (mais de um mês); 2. Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sen- sitiva, autonômica ou mista; 3. Tamanho de fibra nervosa envolvida: gros- sa, fina ou mista; 4. Distribuição: proximal, distal, difusa; 5. Padrão: mononeuropatia, mononeuropatia múltipla, polineuropatia e polirradiculoneurítico; 6. Patologia: degeneração axonal, desmieliniza- ção segmentar e mista. 8 3 Atividade 2..2. 1. Conceituar Lesões Nervosas Periféricas: 2. Enumerar as Neuropatias Periféricas: 84 2.3. Outras deficiências motoras 2.3.1. Artrite reumatoide juvenil É uma doença sistemática, não infecciosa, que afeta as articulações especialmente das mãos, pulsos, região cervical e joelhos. A inflamação dolorosa e crônica que produz, pode dar lugar à destruição articular e a outros tecidos de órgãos como o coração e o fígado, não é uma condição exclusiva de pessoas idosas como se pensava anteriormente e afeta a uma maior percentagem de mulheres. 2.3.2. Malformações congênitas Aqui se agrupam todos os defeitos de tipo con- gênito como, por exemplo, pessoas que nascem sem per- nas, sem braços, pés, mãos ou dedos e o deslocamento dos ossos da cintura, a cabeça, o crânio e o rosto. A cirurgia reconstrutiva ou plástica, e emprego de prótese e de aparelhos ortopédicos, são as modalida- des de tratamento e reabilitação mais usadas nestes casos. 2.3.3. Esclerose múltipla É uma doença crônica do sistema nervoso ca- racterizada pela formação de múltiplos focos de escle- 8 5 roses e falta de mielina, substância existente no tecido nervoso, consiste no endurecimento