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Deficiencia Motora e Paralisia Cerebral - Unidades 1 e 2

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Prévia do material em texto

Especial
inclusiva
Educação
De�ciência Intelectual, Motora e Paralisia Cerebral: 
Estratégias Educacionais para o 
Trabalho de Inclusão
Dra. Alexandra Ayach Anache
M.ª Jucélia Linhares Granemann
E
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c
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siv
a
D
e�ciência
 Intelectual, M
otora
 e Paralisia Cerebral
Dra. Alexandra Ayach Anache 
M.ª Jucélia Linhares Granemann
Deficiência 
Intelectual, Motora e 
Paralisia Cerebral: 
Estratégias Educacionais para o 
Trabalho de Inclusão
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
Deficiência 
Intelectual, Motora 
e Paralisia Cerebral:
Estratégias Educacionais 
para o Trabalho de Inclusão
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professor Responsável
Dra. Alexandra Ayach Anache
M.ª Jucélia Linhares
Granemann
Projeto Gráfico e
Diagramação
Giulia Paolillo
Revisão Ortográfica
Vanessa Almeida
Coordenadora Peda-
gógica de Cursos EaD
Esp. Maria de Lourdes Araujo
1ª Edição: Janeiro de 
2012
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © 
EaD KnowHow 2011
Nenhuma parte dessa publica-
ção pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia au-
torização desta instituição.
G756d Granemann, Jucélia Linhares.
	 Deficiência	intelectual,	motora	e	paralisia	cerebral	:	estratégias		
 educacionais para o trabalho de inclusão. / Jucélia Linhares 
																Granemann,	Alexandra	Ayach	Anache		–	São	Paulo	:	Know			
 How, 2012.
																					 245	p.:	21	cm.
	 	 Inclui	bibliografia
	 	 ISBN:	978-85-8065-145-4	 	
																							1.	Deficiências	múltiplas.	2.	Deficiência	motora.		
 3. Paralisia cerebral. I. Título. 
	 CDD		371.92
“Tratar igualmente os iguais e desigualmente 
os desiguais, na medida em que 
eles se desigualam”
Rui Barbosa
Apresentação
Você	está	recebendo	o	livro-texto	da	disciplina	
Deficiência Intelectual: estratégias educacionais para o 
trabalho de inclusão, que foi elaborado com o objetivo 
de	apresentar	o	conceito	e	as	características	da	deficiência	
intelectual, bem como estudos que abordam o ensino e 
aprendizagem de alunos que apresentam estas caracterís-
ticas e que avançam na perspectiva da inclusão escolar. 
Relacionamos alguns assuntos que lhe ajudarão 
na	compreensão	do	 tema	em	referência,	dentre	eles,	 as	
diferenças	conceituais	entre	doença	e	deficiência,	fatores	
etiológicos	da	deficiência	intelectual	e	o	papel	da	escola	e	
da família na escolarização destes (as) alunos (as).
Este livro foi escrito em uma linguagem aces-
sível,	 com	 o	 cuidado	 de	 não	 simplificar	 um	 assunto	
complexo,	 pois	 ele	 envolve	 várias	 áreas	 do	 conheci-
mento, e que requer mudanças estruturais na organi-
zação da sociedade, com destaque para a remoção de 
barreiras físicas e atitudinais. 
Sumário
INTRODUÇÃO 
EMBASAMENTO LEGAL 
Atividade
1. Deficiência motora, paralisia
cerebral e deficiências múltiplas 
1.1.1. Inclusão de alunos com deficiência motora
1.1.2. Causas da defciência motora 
1.1.3. Tipos de defciência motora
1.1.3.1. Monoplegia
1.1.3.2. Hemiplegia
1.1.3.3. Paraplegia
1.1.3.4. Tetraplegia
1.1.3.5. Amputado
1.1.4. O Aluno com Deficiência
Motora na Escola
Atividade 1.1.
1.2. PARALISIA CEREBRAL 
1.2.1. Tipos de Paralisia Cerebral
1.2.1.1. Espástica
1.2.1.2. Com movimentos involuntários
1.2.1.3. Atáxica
1.2.2. Causas
1.2.3. Prevenção
1.2.4. Diagnóstico
Atividade 1.2.
17
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47
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62
64
 1.3. DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
1.3.1. Surdocegueira
1.3.2. Múltipla deficiência sensorial
Atividade 1.3.
2. Lesão cerebral do sistema nervoso
central, lesões nervosas periféricas e
 outras deficiências motoras
2.1.1. Quanto à disfunção motora 
2.1.2. Quanto à topografia da lesão
2.1.3. Tratamento
Atividade 2.1.
 2.2. LESÕES NERVOSAS PERIFÉRICAS
2.2.1. Classificação das Neuropatias
Periféricas
Atividade 2.2. 
 2.3. OUTRAS DEFICIÊNCIAS MOTORAS
2.3.1. Artrite Reumatoide Juvenil
2.3.2. Malformações Congênitas
2.3.3. Esclerose Múltipla
2.3.4. Espinha Bífida
2.3.5. Poliomielite 
2.3.6. Distrofia muscular
Atividade 2.3.
3. Sugestões de materiais e atividades 
para trabalhar em sala de aula,
 sugestões jogos e conclusão 
 3.1. PASTAS E FICHÁRIOS
3.1.1. Prancha fixa na parede
65
66
67
69
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3.1.2. Prancha fixa sobre a carteira
3.1.3. Pasta frasal
3.1.4. Objeto concreto e sua representação
3.1.5. Miniaturas
3.1.6. Símbolos gráficos
3.1.7. Figura temática
3.1.8. Fotos e figuras de atividade sequencial
3.1.9. Gestos
3.1.10. Expressões faciais
3.1.11. Estímulo único
3.1.12. Dois estímulos
3.1.13. Vários estímulos
3.1.14. Seleção dos estímulos
3.1.15. Parceiros de comunicação alternativa
3.2. SUGESTÕES DE JOGOS 
3.2.1 Dados ampliados
3.2.2 Jogo da memória
3.2.3 Jogo da velha
3.2.4 Quebra cabeça
3.2.5 Alfabeto móvel
3.2.6 Quantidade e números
3.2.7. Quebra cabeça: quantida de enumeral
3.2.8. Jogo de encaixe: letra inicial
3.2.9. Painel de letras
3.2.10. Alfabeto
3.2.11. Painel da matemática
3.2.12. Jogo de damas
3.2.13. Bola ao alvo
3.2.14. Livro ampliados
3.2.15. Quantos somos?
93
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109
3.2.16. Jogo de encaixe
3.2.17. Painel de encaixe
3.2.18. Bolsa de quantidades
3.2.19. Cubos 
3.2.20. Montagem com formas 
geométricas
3.2.21. Torre
3.2.22. Ordenação de círculos
3.2.23. Ordenação de quadrados
3.2.24. Ordenação
3.2.25. Encaixe
3.2.26. Bingo diferente
3.2.27. Cadê a sílaba inicial
3.2.28. Encontre os pares
3.2.29. Bingo
3.2.30. Encontre a quantidade
 3.3. CONCLUSÃO
4. A deficiência intelectual: concepções, 
 características, fatores etilógicos e diagnósticos
4.1. CONCEPÇÕES DE DEFICIÊNCIA 
 INTELECTUAL 
4.1.1 Quadro 1: Síntese da evolução: Concepções da 
deficiência intelectual
4.1.2. Conceito de doença e deficiência
4.1.3. Conceito de deficiência Intelectual
4.1.4. Aspectos etiológicos da defIciência intelectual
4.2. QUADRO 2: FATORES DE RISCO PARA O 
RETARDO MENTAL (DEFICIÊNCIA INTELECTUAL) 
 E DEFICIÊNCIA
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109
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125
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133
135
4.3. QUADRO 3: FATORES DE RISCO E
ATIVIDADES DE PREVENÇÃO PARA
DIFERENTES USUÁRIOS DE SERVIÇO 
4.4. DIAGNÓSTICOS DA DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
4.4.1. Quadro 4: Hipóteses e estratégias para
avaliação dos fatores de risco etiológicos
4.5. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
Atividade 4.
5. Teorias e formas de
Avaliação da aprendizagem 
5.1. CONCEITO DE APRENDIZAGEM 
5.2. TEORIAS DA APRENDIZAGEM QUE
EMBASAM A EDUCAÇÃO DE ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
Atividade 5.
5.3. SUGESTÃO DE FILME 
5.4. SUGESTÕES DE LIVROS 
6. O processo de escolarização na 
perspectiva da construção da 
Educação Inclusiva 
6.1. O DESAFIO DA INCLUSÃO 
6.2. PRÁTICAS CURRICULARES 
6.2.1. Conversando sobre a avaliação da apren-
dizagem dos alunos com deficiência intelectual
6.2.2. Conversando sobre a construção da aula na 
escola e o aluno com deficiência intelectual
6.3. FILMES RECOMENDADOS 
137
139
139
141
150
153
157
172
187
188
188
191
195
208
214
222
226
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO I
233
246
 1 7
Introdução
A	inclusão	de	alunos	com	deficiência	motora	nas	
escolas	regulares	envolve	várias	questões	pontuais,	não	bas-
tando assim, apenas inseri-los no contexto da sala de aula. 
A comunidade escolar como um todo precisa 
envolver-se	de	maneira	sistemática	ao	receber	esse	aluna-
do nas escolas, tornando-se de fundamental importância 
a elaboração de um projeto pedagógico que contemple a 
participação de todos. 
Não obstante, o processo pedagógico deve con-
templar	atividades	significativas	de	forma	a	sistematizar	
em seus novos conhecimentos um trabalho que leve es-
ses alunos a novos caminhos e formas diferentes para 
aprenderem	 os	 conteúdos.Para	 Beyer	 (2006)	 definir	
educação inclusiva compreende mais do que uma visão 
de vida, mais do que um projeto educacional. Para o au-
tor, essa proposta parte de um movimento que veio para 
questionar, confrontar e reestruturar o modo da organi-
zação	escolar	que	tem	como	característica	básica	a	homo-
geneidade entre os alunos. 
Nesse	prisma,	a	educação	inclusiva	impõe	a	ne-
cessidade de rever a organização, critérios de aprovação e 
reprovação, programas e, especialmente, a formação dos 
profissionais	 que	 conduzem	 escolas	 de	 todos	 os	 níveis	
de	ensino.	Mas	é,	 sobretudo,	um	processo	que	está	em	
construção e se faz a cada momento que consegue di-
minuir	práticas	rotineiras	de	segregação	e	discriminação	
oferecendo oportunidades adequadas de aprendizagem e 
participação para aqueles indivíduos que durante o pro-
1 8
cesso histórico da humanidade foram excluídos.
A	inclusão	escolar	da	pessoa	com	deficiência	é	
um tema de grande relevância e vem ganhando espaço 
cada	vez	maior	em	debates	e	discussões	que	explicitam	a	
necessidade de a escola atender às diferenças intrínsecas 
à condição humana.
A Declaração Mundial sobre Educação para To-
dos	(UNESCO,	1990),	aprovada	pela	Conferência	Mun-
dial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtiem 
-	Tailândia,	 no	 ano	 de	 1990	 -,	 e	 a	Declaração	 de	 Sala-
manca	(UNESCO,	1994),	firmada	na	Espanha	em	1994,	
marcam, no plano internacional, momentos históricos 
em prol da Educação Inclusiva. No Brasil, a Constitui-
ção	Federal	de	1988,	art.	208,	inciso	III	(BRASIL,	1988),	
o	Plano	Decenal	de	Educação	para	todos,	1993	–	2003	
(MEC,	 1993)	 e	 os	 Parâmetros	 Curriculares	 Nacionais	
(MEC,	 1999)	 são	 exemplos	de	documentos	que	defen-
dem e asseguram o direito de todos à educação. Segundo 
esses documentos, todas as crianças devem ser acolhidas 
pela	 escola,	 independentemente	 de	 suas	 condições	 físi-
cas, intelectuais, sociais ou emocionais.
Segundo as Diretrizes Nacionais para a Edu-
cação	 Especial	 na	 Educação	 Básica	 (BRASIL,	 2001)	 o	
Brasil optou pela construção de um sistema educacional 
inclusivo ao assinar a Declaração Mundial de Educação 
para Todos (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA 
A	INFÂNCIA,	1990)	e	a	Declaração	de	Salamanca,	resul-
tado	da	Conferência	Mundial	sobre	Necessidades	Educa-
cionais	Especiais:	Acesso	e	Qualidade	(BRASIL,	1994).
Nessa opção política pela implementação de 
 1 9
uma	escola	para	todos,	a	educação	da	pessoa	com	defici-
ência	se	insere	numa	nova	perspectiva	voltada	para	o	
efetivo respeito à igualdade dos direitos e valorização 
da	diversidade	humana,	 em	oposição	 às	 práticas	 se-
gregativas e assistencialistas tradicionalmente defen-
didas pela Educação Especial, centradas no modelo 
médico	de	deficiência
Para tanto, a resposta da escola ao atendimen-
to às necessidades educacionais especiais dos alunos 
com	 deficiência	 só	 será	 possível	mediante	mudanças	
que possibilitem sua organização para eliminação das 
barreiras atitudinais, pedagógicas, de comunicação, ar-
quitetônicas,	entre	outras,	pois,	como	afirma	Dutra	e	
Griboski (2006, p. 21).
Essa política coloca aos sistemas de ensino a 
responsabilidade de garantir que nenhum aluno seja dis-
criminado, de reestruturar as escolas de ensino regular, 
de elaborar projeto pedagógico inclusivo, de implementar 
propostas	 e	 atividades	 diversificadas,	 de	 planejar	 recur-
sos para promoção da acessibilidade nos ambientes e de 
atender às necessidades educacionais especiais, de forma 
que todos os alunos tenham acesso pleno ao currículo.
Logo, pensar em organizar a escola para tor-
ná-la	 inclusiva	é	pensá-la	para	 além	das	questões	pu-
ramente	políticas	e	pedagógicas.	É	pensá-la,	 também,	
como	contexto	cultural	que	envolve	relações	entre	in-
divíduos, pois, “embora seja possível cumprir uma lei 
que obrigue escolas a receberem crianças portadoras 
de	deficiências	em	suas	classes	 [...]	não	se	pode	fazer	
uma lei obrigando que as pessoas aceitem e sejam ami-
2 0
gas	dos	deficientes”	(GLAT,	1995,	p.	16).
É preciso que, neste momento, os professores 
também se deem conta de que não é preciso uma nova 
formação para poder ensinar aos alunos com necessida-
des educacionais especiais, mas de ajuda para ressignificar 
a	sua	prática	pedagógica,	dando	um	novo	sentido	ao	seu	
papel de educador e ao ensino por ele transmitido. 
Assim,	 “é	 necessário	 ajudar	 os	 professores	 a	
aperfeiçoarem-se	como	profissionais	mais	reflexivos	e	
mais	 críticos,	 de	modo	 a	 ultrapassarem	 as	 limitações	
e	os	perigos	das	concepções	baseadas	na	deficiência”	
(AINSCOW;	PORTER;	WANG,1997,	p.	20).	Portan-
to, é preciso que diferentes setores da sociedade pos-
sam	articular	ações	conjuntas	para	que,	de	fato,	a	esses	
alunos sejam garantidos não apenas o acesso à escola, 
mas	 a	 sua	 permanência	 nela,	 com	 uma	 educação	 de	
qualidade	que	lhes	possibilite	condições	possíveis	para	
sua	 formação	 e	 exercício	 da	 cidadania.	 Pois,	 “Levá-
-lo para este contexto sem prover recursos adaptados 
pode expô-lo ao fracasso e à constatação de que ele 
não consegue acompanhar as atividades desenvolvidas 
na	classe	comum”	(ARAÚJO,	1998,	p.	79).
Desta	forma,	a	 inclusão	escolar	pressupõe	mu-
danças físicas relacionadas às posturas frente às concep-
ções	que	coabitam	a	escola,	sendo	que	um	dos	embates	
de	maior	 significância	 é	o	que	 se	 refere	 à	 formação	de	
professores	em	níveis	teóricos,	práticos	e	pessoais,	que,	
na maioria das vezes, se mostra bastante insólita para 
edificar	práticas	que	 realmente	 estimulem	a	 autonomia,	
a	criatividade	e	a	ampliação	das	competências	do	aluno	
 2 1
com	deficiência	motora	e/ou	múltipla.
Nesse	cenário,	a	formação	profissional	passa	a	
ser uma questão central para a implantação da escola 
inclusiva. Acima de tudo, a predisposição para perce-
ber o aluno como ser cognocente e se perceber como 
peça-importante em seu processo de desenvolvimento 
de forma a corresponsabilizar-se pelas mudanças que 
surgem serem realizadas no processo educacional e que 
se traduz como uma questão urgente a ser vivenciada no 
trabalho com os professores.
 2 3
Embasamento Legal
Nesse estudo, inicialmente, iremos discutir o tra-
balho	 realizado	 com	 alunos	 que	 apresentam	 dificuldades	
acentuadas	ou	limitações	motoras	que,	por	conseguinte,	en-
contram	dificuldades	em	seu	processo	de	desenvolvimento	
e em seu aprendizado escolar como um todo, necessitando 
desse modo de recursos ou apoios diferenciados por parte 
de seus professores e/ou da comunidade escolar.
Nesse	sentido,	o	parecer	CNE/CEB	número	
17/2001	afirma	que:
Todos os alunos, em determinado momento de suas vidas, 
podem apresentar necessidades educacionais especiais, e 
seus professores em geral conhecem diferentes estratégias 
para solucioná-las. No entanto, existem necessidades edu-
cacionais que requerem da escola, uma série de recursos e 
apoios de caráter mais especializados que proporcionem 
meios para acesso ao currículo ao aluno.
No	Decreto	Federal	nº.	3.298,	de	20	de	dezem-
bro	de	1999,	ao	regulamentar	a	Lei	Federal	nº	7.853,	de	24	
de	outubro	de	1989	(que	dispõe	sobre	a	Política	Nacional	
para	a	Integração	da	Pessoa	Portadora	de	Deficiência	e	dá	
outras	providências),	considerou	os	seguintes	conceitos:
Em seu Art. 3º para os efeitos deste Decre-
to,	considera-se:
I	–	deficiência	–	toda	perda	ou	anormalidade	de	
uma	estrutura	ou	função	psicológica,	fisiológica	ou	ana-
2 4
tômica que gere incapacidade para o desempenho de ati-
vidade, dentro do padrão considerado normal para o 
ser humano;
II	–	deficiência	permanente	–	aquela	que	ocor-
reu	ou	se	estabilizou	durante	um	período	de	tempo	sufi-
ciente para não permitir recuperação ou ter probabilidade 
de que se altere, apesar de novos tratamentos;
III – incapacidade – uma redução efetiva e 
acentuada da capacidade de integração social, com ne-
cessidade	de	equipamentos,	adaptações,	meios	ou	recur-
sos	especiais	para	que	a	pessoa	portadora	de	deficiência	
possa	receber	ou	transmitirinformações	necessárias	ao	
seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou 
atividade a ser exercida.
O Ministério do Trabalho, em 2000, preocupan-
do-se	com	a	inserção	da	pessoa	com	deficiência	no	mer-
cado	de	trabalho,	publicou	a	seguinte	definição:
Pessoa portadora de deficiência é toda aquela que sofreu 
perda ou possua anormalidade de uma estrutura ou fun-
ção psicológica, fisiológica ou anatômica que venha gerar 
uma incapacidade para o desempenho de atividade dentro 
do padrão considerado normal para o homem, podendo a 
gênese estar associada a uma deficiência física, auditiva, 
visual, mental, quer permanentemente, quer temporária.
A	Lei	Federal	nº	10.098,	de	19	de	dezembro	de	
2000	igualmente	definiu	a	pessoa	portadora	de	deficiên-
cia ou com mobilidade reduzida, nos seguintes termos, 
 2 5
no	segundo	artigo	estabelece	como	definição:
Pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade redu-
zida: a que temporária ou permanentemente tem limitada 
sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. 
Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989
A	Lei	n.	7.853,	de	outubro	de	1989	dispõe	sobre	
o	 apoio	 às	 pessoas	 portadoras	 de	 deficiência,	 sua	 inte-
gração social, sobre a Coordenadoria Nacional para In-
tegração	da	Pessoa	Portadora	de	Deficiência	–	CORDE	
- institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou 
difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério 
Público,	define	crimes,	e	dá	outras	providências.
Artigo 1º - Ficam estabelecidas normas que as-
seguram o pleno exercício dos direitos individuais e so-
ciais	das	pessoas	portadoras	de	deficiências,	e	sua	efetiva	
integração social, nos termos desta Lei.
§ 1º - Na aplicação e interpretação desta Lei, 
serão	 considerados	 os	 valores	 básicos	 da	 igualdade	 de	
tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito 
à dignidade da pessoa humana, do bem-estar e outros, 
indicados	na	Constituição	ou	justificados	pelos	princípios	
gerais de direito.
§ 2º - As normas desta Lei visam garantir às 
pessoas	portadoras	de	deficiência	as	ações	governamentais	
necessárias	ao	seu	cumprimento	e	das	demais	disposições	
constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as 
discriminações	e	os	preconceitos	de	qualquer	espécie,	e	
2 6
entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do 
Poder	Público	e	da	sociedade.
Artigo	2º	-	Ao	Poder	Público	e	seus	órgãos	cabe	
assegurar	 às	 pessoas	 portadoras	 de	 deficiência	 o	 pleno	
exercício	de	 seus	direitos	básicos,	 inclusive	dos	direitos	
à	educação,	à	saúde,	ao	trabalho,	ao	lazer,	à	previdência	
social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros 
que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu 
bem-estar pessoal, social e econômico.
Parágrafo	 único	 -	 Para	 o	 fim	 estabelecido	 no	
caput deste artigo, os órgãos e entidades da administra-
ção direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua 
competência	e	finalidade,	aos	assuntos	objetos	esta	Lei,	
tratamento	prioritário	e	adequado,	tendente	a	viabilizar,	
sem	prejuízo	de	outras,	as	seguintes	medidas:
I	-	na	área	da	educação:
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educa-
ção Especial como modalidade educativa que abranja a 
educação precoce, a educação infantil e fundamental, o 
EJA,	a	habilitação	e	reabilitação	profissionais,	com	currí-
culos,	etapas	e	exigências	de	diplomação	próprias;
b) a inserção, no referido sistema educacional, 
das	escolas	especiais,	privadas	e	públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação 
Especial	em	estabelecimento	público	de	ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de 
Educação Especial na educação infantil, em unidades 
hospitalares	e	congêneres	nas	quais	estejam	 internados,	
por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos por-
tadores	de	deficiência;
 2 7
e)	o	acesso	de	alunos	com	de	deficiência	aos	be-
nefícios conferidos aos demais educandos, inclusive ma-
terial escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares 
de	estabelecimentos	públicos	e	particulares	de	pessoas	
com	deficiência	 capazes	de	 se	 integrarem	no	 sistema	
regular de ensino.
Através	da	Lei	nº	7.853/89,	foi	criada	a	Co-
ordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Por-
tadora	 de	Deficiência	 –	 CORDE,	 órgão	 incumbido	
de	 elaborar	 os	 planos	 e	 programas	 que	 compõem	 a	
Política Nacional para Integração da Pessoa Portado-
ra	de	Deficiência,	assim	como	também	medidas	que	
possam garantir a sua implementação e o acompa-
nhamento de forma mais eficaz.
A elaboração dos planos e programas a seu 
cargo,	 o	 CORDE	 deverá,	 dentre	 outros,	 considerar	
a necessidade de ser oferecido efetivo apoio às enti-
dades privadas voltadas à integração social da pessoa 
com	deficiência	(artigo	14,	parágrafo	2º,	inciso	II,	do	
Decreto	Federal	nº	3.298/99).
Dentre os direitos garantidos pela Consti-
tuição Federal e pela criada Lei nº 7.853, de 24 de 
outubro	de	1989,	ressalta	o	apoio	às	pessoas	com	de-
ficiência,	 sua	 inclusão	 e	 sobre	 a	 CORDE,	 também	
aborda a tutela jurisdicional de interesses coletivos e 
as	responsabilidades	do	Ministério	Público.
Ainda,	 define	 como	 crime,	 punível	 com	 reclu-
são obstar sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer 
cargo	público	por	motivos	derivados	de	deficiência,	bem	
2 8
como negar-lhe, pelo mesmo motivo, emprego ou trabalho. 
Como	também,	assegurando	os	seguintes	direitos:
 igualdade de tratamento e oportunidade;
 de ir e vir, isto é, a acessibilidade a edifícios, 
logradouros,	vias	públicas,	transportes	etc.;
 justiça social;
 dignidade da pessoa humana;
 bem-estar pessoal, social e econômico;
 não sofrer discriminação e preconceito;
 educação, bem como a adoção de educação 
especial que abranja, dentre outras coisas, programas de 
habilitação	e	reabilitação	de	profissionais;
	saúde	e	assistência	social,	além	da	adoção	de	
programas	voltados	às	pessoas	com	deficiência	e	que	lhes	
propiciem a integração social;
 trabalho, com garantia de apoio governamen-
tal	 à	 formação	 profissional	 e	 à	 reserva	 de	mercado	 de	
trabalho	às	pessoas	com	deficiência;
	o	direito	ao	lazer,	à	cultura,	à	previdência	so-
cial, ao amparo, à infância e à maternidade.
No	Decreto	nº	914,	de	6	de	setembro	de	1993,	
atualizado	em	20	de	dezembro	de	1999	pelo	Decreto	
nº	3.298,	que	regulamenta	a	Lei	Federal	nº	7.853/89,	
instituiu a “Política Nacional para a integração da Pes-
soa	 Portadora	 de	 Deficiência”,	 executada	 sob	 coor-
denação da CORDE, com o objetivo de assegurar o 
pleno exercício dos direitos individuais e sociais das 
pessoas	 com	deficiência,	 adotando,	 dentre	 outros,	 os	
seguintes	princípios,	fins,	diretrizes	e	instrumentos:
 2 9
 a ação conjunta entre Estado e sociedade para 
assegurar	a	plena	integração	das	pessoas	com	deficiência	
no contexto socioeconômico-cultural;
 o respeito a essas pessoas com garantia da 
igualdade de oportunidades na sociedade, sem privilé-
gios ou paternalismos;
	o	acesso,	ingresso	e	permanência	de	pessoas	com	
deficiência	em	todos	os	serviços	oferecidos	à	comunidade;
 o desenvolvimento de programas setoriais 
destinados ao atendimento das necessidades especiais 
das	pessoas	com	deficiência;
 o estabelecimento de mecanismos e instru-
mentos	legais	que	assegurem	às	pessoas	com	deficiência	
o	pleno	exercício	de	seus	direitos	básicos	que,	decorren-
tes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar 
pessoal, social e econômico;
	a	inclusão	das	pessoas	com	deficiência,	respei-
tadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas go-
vernamentais	 relacionadas	 à	 educação,	 saúde,	 trabalho,	
edificação	pública,	 previdência	 social,	 assistência	 social,	
transporte, habitação, cultura, esporte e lazer;
 a ampliação de alternativas de inserção econômi-
ca	das	pessoas	com	deficiência,	proporcionando	sua	qualifi-
cação	profissional	e	incorporação	no	mercado	de	trabalho;
	a	integração	das	ações	dos	órgãos	e	entidades	
públicos	e	privados	nas	áreas	da	saúde,	educação,traba-
lho,	transporte,	assistência	social,	edificação	pública,	pre-
vidência	 social,	 habitação,	 cultura,	 desporto	 e	 lazer,	 vi-
sando	à	prevenção	das	deficiências,	à	eliminação	de	suas	
múltiplas	causas	e	à	inclusão	social;
3 0
 a formação de recursos humanos para atendi-
mento	das	pessoas	com	deficiência;
 a garantia da efetividade dos programas de pre-
venção, de atendimento especializado e de inclusão social;
 o fomento à formação de recursos huma-
nos para adequado e eficiente atendimento das pes-
soas	com	deficiência;
	a	aplicação	da	legislação	específica	que	disciplina	
a reserva de mercado de trabalho em favor das pessoas com 
deficiência,	nos	órgãos	e	nas	entidades	públicos	e	privados;
 o fomento da tecnologia de bioengenharia vol-
tada	para	a	pessoa	com	deficiência,	bem	como	a	facilita-
ção da importação de equipamentos; 
	 a	 fiscalização	 do	 cumprimento	 da	 legislação	
pertinente	às	pessoas	com	deficiência.
Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000
Estabelece	normas	gerais	e	critérios	básicos	para	
a	promoção	da	acessibilidade	das	pessoas	com	deficiência	
ou	com	mobilidade	reduzida,	e	dá	outras	providências.
Art. 1o Esta Lei estabelece normas e critérios 
básicos	 para	 a	 promoção	 da	 acessibilidade	 das	 pessoas	
com	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida,	mediante	a	
supressão	de	barreiras	e	de	obstáculos	nas	vias	e	espaços	
públicos,	no	mobiliário	urbano,	na	construção	e	reforma	
de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
Art. 2o	Para	os	fins	desta	Lei	são	estabelecidas	
as	seguintes	definições:
 31
I	–	acessibilidade:	possibilidade	e	condição	de	
alcance para utilização, com segurança e autonomia, 
dos	espaços,	mobiliários	 e	 equipamentos	urbanos,	das	
edificações,	dos	transportes	e	dos	sistemas	e	meios	de	
comunicação,	por	pessoa	portadora	com	deficiência	ou	
com mobilidade reduzida.
II	–	barreiras:	qualquer	entrave	ou	obstáculo	que	
limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a 
circulação	com	segurança	das	pessoas,	classificadas	em:
a)	barreiras	 arquitetônicas	urbanísticas:	 as	 exis-
tentes	nas	vias	públicas	e	nos	espaços	de	uso	público;
b)	barreiras	arquitetônicas	na	edificação:	as	exis-
tentes	no	interior	dos	edifícios	públicos	e	privados;
c)	 barreiras	 arquitetônicas	 nos	 transportes:	 as	
existentes nos meios de transportes;
d)	barreiras	nas	comunicações:	qualquer	entrave	
ou	obstáculo	que	dificulte	ou	impossibilite	a	expressão	ou	
o recebimento de mensagens por intermédio dos meios 
ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa.
III	–	pessoa	com	deficiência	ou	com	mobilidade	re-
duzida:	a	que	temporária	ou	permanentemente	tem	limitada	
sua	capacidade	de	relacionar-se	com	o	meio	e	de	utilizá-lo.
IV	–	elemento	da	urbanização:	qualquer	compo-
nente das obras de urbanização, tais como os referentes 
à pavimentação, saneamento, encanamentos para esgo-
tos,	distribuição	de	 energia	 elétrica,	 iluminação	pública,	
abastecimento	e	distribuição	de	água,	paisagismo	e	os	que	
materializam	as	indicações	do	planejamento	urbanístico.
V	 –	mobiliário	 urbano:	 o	 conjunto	 de	 objetos	
existentes	 nas	 vias	 e	 espaços	 públicos,	 superpostos	 ou	
32
adicionados aos elementos da urbanização ou da edi-
ficação,	de	 forma	que	 sua	modificação	ou	 traslado	não	
provoque	 alterações	 substanciais	 nestes	 elementos,	 tais	
como:	semáforos,	postes	de	sinalização	e	similares,	cabi-
nes	 telefônicas,	 fontes	públicas,	 lixeiras,	 toldos,	marqui-
ses,	quiosques	e	quaisquer	outros	de	natureza	análoga.
VI	–	ajuda	técnica:	qualquer	elemento	que	fa-
cilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o 
uso de meio físico.
Cap. I - Dos elementos da urbanização
Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias 
públicas,	dos	parques	e	dos	demais	espaços	de	uso	pú-
blico deverão ser concebidos e executados de forma a 
torná-los	 acessíveis	 às	pessoas	 com	deficiência	ou	 com	
mobilidade reduzida.
Art. 4o	As	vias	públicas,	os	parques	e	os	demais	
espaços	de	uso	público	existentes,	assim	como	as	respec-
tivas	instalações	de	serviços	e	mobiliários	urbanos	deve-
rão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade 
que	vise	à	maior	eficiência	das	modificações,	no	sentido	
de promover mais ampla acessibilidade às pessoas com 
deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida.
Parágrafo	único.		Os	parques	de	diversões,	públi-
cos e privados, devem adaptar, no mínimo, 5% (cinco por 
cento)	de	cada	brinquedo	e	equipamento	e	 identificá-lo	
para	 possibilitar	 sua	 utilização	 por	 pessoas	 com	 defici-
ência	ou	com	mobilidade	 reduzida,	 tanto	quanto	 tecni-
 33
Cap. III - Do desenho e da localização do 
mobiliário urbano
camente possível. (Incluído	pela	Lei	nº	11.982,	de	2009)
Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de 
urbanização	públicos	e	privados	de	uso	comunitário,	nes-
tes	 compreendidos	os	 itinerários	 e	 as	passagens	de	pe-
destres, os percursos de entrada e de saída de veículos, 
as escadas e rampas, deverão observar os parâmetros 
estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Art. 6o	Os	banheiros	de	uso	público	existentes	
ou a construir em parques, praças, jardins e espaços livres 
públicos	deverão	ser	acessíveis	e	dispor,	pelo	menos,	de	
um	sanitário	e	um	 lavatório	que	atendam	às	especifica-
ções	das	normas	técnicas	da	ABNT.
Art. 7o	 Em	 todas	 as	 áreas	 de	 estacionamento	
de	veículos,	localizadas	em	vias	ou	em	espaços	públicos,	
deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de 
circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para 
veículos	que	transportem	pessoas	com	deficiência	com	
dificuldade	de	locomoção.
Parágrafo	único.	As	vagas	a	que	se	refere	o	caput	
deste	artigo	deverão	ser	em	número	equivalente	a	dois	por	
cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga, devida-
mente	sinalizada	e	com	as	especificações	técnicas	de	dese-
nho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes.
Art. 8o	Os	 sinais	de	 tráfego,	 semáforos,	postes	
34
de iluminação ou quaisquer outros elementos verticais 
de	sinalização	que	devam	ser	instalados	em	itinerário	ou	
espaço de acesso para pedestres deverão ser dispostos de 
forma	a	não	dificultar	ou	impedir	a	circulação,	e	de	modo	
que	possam	ser	utilizados	com	a	máxima	comodidade.
Art.	9o	Os	semáforos	para	pedestres	 instalados	
nas	 vias	 públicas	 deverão	 estar	 equipados	 com	 meca-
nismo que emita sinal sonoro suave, intermitente e sem 
estridência,	ou	com	mecanismo	alternativo,	que	sirva	de	
guia	ou	orientação	para	a	travessia	de	pessoas	com	defi-
ciência	visual,	 se	a	 intensidade	do	fluxo	de	veículos	e	a	
periculosidade da via assim determinarem.
Art.	10.	Os	elementos	do	mobiliário	urbano	de-
verão ser projetados e instalados em locais que permitam 
sejam	 eles	 utilizados	 pelas	 pessoas	 com	 deficiência	 ou	
com mobilidade reduzida.
Art. 11. A construção, ampliação ou reforma 
de	 edifícios	 públicos	 ou	 privados	 destinados	 ao	 uso	
coletivo deverão ser executadas de modo que sejam 
ou	se	tornem	acessíveis	às	pessoas	com	deficiência	ou	
com mobilidade reduzida.
Parágrafo	único.	Para	os	fins	do	disposto	neste	arti-
go,	na	construção,	ampliação	ou	reforma	de	edifícios	públicos	
ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser observa-
dos,	pelo	menos,	os	seguintes	requisitos	de	acessibilidade:
Cap. IV - Da acessibilidade nos edifícios 
públicos ou de uso coletivo
 3 5
I	–	nas	áreas	externas	ou	internas	da	edificação,	
destinadas	a	garagem	e	a	estacionamento	de	uso	públi-
co, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de 
circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para ve-
ículos	que	transportem	pessoas	portadoras	de	deficiência	
com	dificuldade	de	locomoção	permanente;
II – pelo menos um dos acessos ao interior da 
edificação	deverá	estar	livre	de	barreiras	arquitetônicas	e	
de	obstáculos	que	impeçam	ou	dificultem	a	acessibilidade	
de	pessoa	com	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida;
III	–	pelo	menos	um	dos	 itinerários	que	 co-
muniquem horizontale verticalmente todas as depen-
dências	e	 serviços	do	edifício,	entre	si	e	com	o	exte-
rior,	deverá	cumprir	os	requisitos	de	acessibilidade	de	
que trata esta Lei; e
IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de 
um banheiro acessível, distribuindo-se seus equipamen-
tos e acessórios de maneira que possam ser utilizados por 
pessoa	com	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida.
Art.	12.	Os	locais	de	espetáculos,	conferências,	
aulas e outros de natureza similar deverão dispor de es-
paços reservados para pessoas que utilizam cadeira de ro-
das,	e	de	lugares	específicos	para	pessoas	com	deficiência	
auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com 
a	ABNT,	de	modo	a	facilitar-lhes	as	condições	de	acesso,	
circulação e comunicação.
3 6
Cap. V - Da acessibilidade nos edifícios 
de uso privado
Art. 13. Os edifícios de uso privado em que 
seja obrigatória a instalação de elevadores deverão 
ser construídos atendendo aos seguintes requisitos 
mínimos	de	acessibilidade:
I – percurso acessível que una as unidades 
habitacionais	com	o	exterior	e	com	as	dependências	
de uso comum;
II	–	percurso	acessível	que	una	a	edificação	à	via	
pública,	às	edificações	e	aos	serviços	anexos	de	uso	co-
mum e aos edifícios vizinhos;
III – cabine do elevador, e respectiva porta 
de	entrada,	acessíveis	às	pessoas	com	deficiência	ou	
com mobilidade reduzida.
Art. 14. Os edifícios a serem construídos com 
mais de um pavimento além do pavimento de acesso, 
à	 exceção	das	habitações	unifamiliares,	 e	 que	não	 este-
jam obrigados à instalação de elevador, deverão dispor 
de	 especificações	 técnicas	 e	 de	 projeto	 que	 facilitem	 a	
instalação de um elevador adaptado, devendo os demais 
elementos de uso comum destes edifícios atender aos re-
quisitos de acessibilidade.
Art.	 15.	 Caberá	 ao	 órgão	 federal	 responsável	
pela coordenação da política habitacional regulamentar a 
reserva	de	um	percentual	mínimo	do	total	das	habitações,	
conforme a característica da população local, para o aten-
dimento	da	demanda	de	pessoas	com	deficiência	ou	com	
mobilidade reduzida.
 37
Cap. VI - Da acessibilidade nos 
veículos de transporte coletivo
Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deve-
rão cumprir os requisitos de acessibilidade estabelecidos 
nas	normas	técnicas	específicas.
Cap. VII - Da acessibilidade nos sistemas 
de comunicação e sinalização
Art.	17.	O	Poder	Público	promoverá	a	elimina-
ção	 de	 barreiras	 na	 comunicação	 e	 estabelecerá	 meca-
nismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os 
sistemas de comunicação e sinalização às pessoas com 
deficiência	sensorial	e	com	dificuldade	de	comunicação,	
para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à co-
municação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cul-
tura, ao esporte e ao lazer.
Art.	18.	O	Poder	Público	implementará	a	forma-
ção	de	profissionais	intérpretes	de	escrita	em	braile,	lingua-
gem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer 
tipo	de	comunicação	direta	à	pessoa	portadora	de	deficiên-
cia	sensorial	e	com	dificuldade	de	comunicação.	
Art.	 19.	Os	 serviços	 de	 radiodifusão	 sonora	 e	
de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas 
com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais 
ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à 
informação	às	pessoas	com	deficiência	auditiva,	na	forma	
e no prazo previstos em regulamento.
3 8
Cap. VIII - Disposições sobre 
ajudas técnicas
Art.	20.	O	Poder	Público	promoverá	a	supressão	
de barreiras urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e 
de comunicação, mediante ajudas técnicas.
Art.	21.	O	Poder	Público,	por	meio	dos	organis-
mos	de	apoio	à	pesquisa	e	das	agências	de	financiamento,	
fomentará	programas	destinados:
I	–	à	promoção	de	pesquisas	científicas	voltadas	
ao	tratamento	e	prevenção	de	deficiências;
II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à 
produção	de	ajudas	técnicas	para	as	pessoas	com	deficiência;
III – à especialização de recursos humanos 
em acessibilidade.
C ap. IX - Das medidas de fomento 
à eliminação de barreiras
Art. 22. É instituído, no âmbito da Secreta-
ria de Estado de Direitos Humanos do Ministério da 
Justiça, o Programa Nacional de Acessibilidade, com 
dotação	 orçamentária	 específica,	 cuja	 execução	 será	
disciplinada em regulamento.
Cap. X - Disposições finais
Art.	23.	A	Administração	Pública	federal	direta	
 39
e	 indireta	destinará,	anualmente,	dotação	orçamentária	
para	as	adaptações,	eliminações	e	supressões	de	barrei-
ras	arquitetônicas	existentes	nos	edifícios	de	uso	públi-
co de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua 
administração ou uso.
Parágrafo	único.	A	 implementação	das	 adapta-
ções,	eliminações	e	supressões	de	barreiras	arquitetônicas	
referidas	no	caput	deste	artigo	deverá	ser	iniciada	a	partir	
do	primeiro	ano	de	vigência	desta	Lei.
Art.	24.	O	Poder	Público	promoverá	campanhas	
informativas e educativas dirigidas à população em geral, 
com	a	finalidade	de	conscientizá-la	e	sensibilizá-la	quanto	
à	acessibilidade	e	à	integração	social	da	pessoa	com	defi-
ciência	ou	com	mobilidade	reduzida.
Art.	 25.	 As	 disposições	 desta	 Lei	 aplicam-se	
aos edifícios ou imóveis declarados bens de interesse 
cultural ou de valor histórico-artístico, desde que as mo-
dificações	necessárias	observem	as	normas	 específicas	
reguladoras destes bens.
Art.	 26.	 As	 organizações	 representativas	 de	
pessoas	com	deficiência	terão	legitimidade	para	acom-
panhar o cumprimento dos requisitos de acessibilidade 
estabelecidos nesta Lei.
O Decreto nº	5.296,	de	2	de	dezembro	de	2004,	
regulamenta	as	Leis	10.048/2011	e	10.098/2000	define	a	
acessibilidade	como:	
I	-	acessibilidade:	condição	para	utilização,	com	
segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, 
mobiliários	 e	 equipamentos	 urbanos,	 das	 edificações,	
dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas 
4 0
e meios de comunicação e informação, por pessoa com 
deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida;
II	 -	 barreiras:	 qualquer	 entrave	 ou	 obstáculo	
que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movi-
mento, a circulação com segurança e a possibilidade de 
as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informa-
ção,	classificadas	em:
a)	 barreiras	 urbanísticas:	 as	 existentes	 nas	 vias	
públicas	e	nos	espaços	de	uso	público;
b)	barreiras	nas	edificações:	as	existentes	no	en-
torno	e	interior	das	edificações	de	uso	público	e	coletivo	
e	no	entorno	e	nas	áreas	internas	de	uso	comum	nas	edi-
ficações	de	uso	privado	multifamiliar;
c)	 barreiras	 nos	 transportes:	 as	 existentes	 nos	
serviços de transportes; e
d)	 barreiras	 nas	 comunicações	 e	 informações:	
qualquer	entrave	ou	obstáculo	que	dificulte	ou	impossi-
bilite a expressão ou o recebimento de mensagens por 
intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comu-
nicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que 
dificultem	ou	impossibilitem	o	acesso	à	informação;
V	 -	 ajuda	 técnica:	 os	 produtos,	 instrumentos,	
equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmen-
te projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa 
portadora	com	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida,	
favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida;
VI	-	edificações	de	uso	público:	aquelas	adminis-
tradas	por	entidades	da	administração	pública,	direta	e	in-
direta,	ou	por	empresas	prestadoras	de	serviços	públicos	
e	destinadas	ao	público	em	geral;
 4 1
Apesar dos esforços em definir uma termino-
logia mais adequada, ainda hoje persiste a confusão. 
Assim sendo, vale a pena lembrar que toda pessoa 
com	deficiência	 poderá	manifestar	 uma	necessidade	
especial, mas nem toda pessoa com necessidade es-
pecial	possui	uma	deficiência.
Já	o	uso	do	termo	“portador”	também	vem	sen-
do questionado. Embora ainda se encontre na legislação 
e	em	boa	parte	da	literatura	sobre	o	assunto,	hoje	há	um	
consenso de que a expressão é imprópria. 
A	deficiência	não	 é	 algo	que	 se	 carrega,	não	 é	
um objeto que se porta durante certo tempo e depoisse 
desfaz.	A	deficiência	é	parte	constituinte	da	pessoa.	Não	
há	como	a	pessoa	se	desfazer	dela	por	sua	mera	vontade.	
Assim,	a	pessoa	não	porta	deficiência,	ela	a	possui	como	
integrante de sua identidade, de seu ser.
Outro	equívoco	é	o	uso	da	expressão	“deficien-
te	físico”	para	indicar	outros	tipos	de	deficiência	como,	
por exemplo, a sensorial e a mental. Recomenda-se, as-
sim, bastante cuidado antes de qualquer conclusão pre-
cipitada,	seja	para	caracterizar	uma	deficiência,	seja	para	
negar	a	sua	existência,	uma	vez	em	que	vivemos	numa	
sociedade	que	sempre	estabelece	padrões	de	perfeição,	
beleza,	inteligência	etc.
Neste trabalho, uma das maiores preocupa-
ções	 é	 evitar	 os	 “rótulos”,	 lembrando	 sempre	 que	 o	
maior	problema	da	pessoa	com	deficiência	não	é	a	de-
ficiência	em	si,	mas	o	tratamento,	as	atitudes	ou	ações	
que recebe por parte da sociedade.
42
Atividade I
1. Produzir um pequeno texto retratando a im-
portância	de	leis	e	de	políticas	públicas	destinadas	ao	alu-
no	com	deficiência.
2.	Definir:	
	Deficiência
	Deficiência	Permanente
 Incapacidade
o1Capítulo
o1Capítulo
Deficiência Motora, Paralisia Cerebral 
e Deficiências Múltiplas
 47
1.1.1. Inclusão de alunos com deficiência 
motora na escola
Considera-se	o	indivíduo	com	deficiência	moto-
ra	 de	 caráter	 permanente,	 nos	membros	 superiores	 ou	
inferiores, de grau igual ou superior a 60% (avaliada pela 
Tabela Nacional de Incapacidades, aprovada pelo decreto 
de	lei	nº	341/93,	30	de	Setembro).
Considera-se	deficiência	permanente	aquela	que	
ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo 
suficiente	para	não	permitir	recuperação	ou	ter	probabi-
lidade de que se altere, apesar de novos tratamentos (De-
creto	nº	3.298/99,	art.	3º,	II).
É	necessário	que	essa	deficiência	dificulte,	com-
provadamente,	a	locomoção	na	via	pública	sem	auxílio	de	
outrem ou recurso a meios de compensação, bem como 
o	acesso	ou	utilização	dos	transportes	públicos.
Pode	 ter	 como	 origem	 alterações	 musculares,	
ósseas, osseoarticular ou anomalias.
Apresenta-se	em:
 Carácter definitivo:	estável	que	não	so-
fre	alterações. 
 Caráter evolutivo:	com	tendência	a	modi-
ficar-se ao longo do tempo.
1.1.2. Causas da deficiência motora
Pesquisas apontam diversas causas para as di-
ferentes	 deficiências	motoras,	mas	 para	 efeito	 de	 estu-
4 8
do divide-se em dois grandes grupos em conformidade 
com	sua	origem: cerebral e de origem não cerebral, e 
podendo permear os períodos pré e pós-natal. Ou seja, 
podemos	nascer	com	alguma	deficiência	ou	adquiri-la	no	
decorrer da vida. 
As	lesões	cerebrais	no	período	pré-natal	podem	
ocorrer aproximadamente entre os cinco e os sete meses 
de	vida	intrauterina.	Nessa	fase	algumas	infecções,	como	
a	rubéola,	podem	causar	estes	tipos	de	lesões.
As	lesões	cerebrais	perinatais	são	aquelas	que	
resultam,	 por	 exemplo,	 da	 falta	 de	 oxigênio	 no	 cé-
rebro e de hemorragias cerebrais. São exemplos de 
deficiência	 pré-natal:	 desnutrição	 da	 mãe	 enquanto	
gestante, problemas genéticos, problemas durante o 
período gestacional.
As	lesões	cerebrais	pós-natais	são	causadas	
por	 traumatismos	 cranioencefálicos	 e	 infecções,	
como meningites bacterianas e tuberculosas, aci-
dentes de trânsito, acidentes de trabalho, erros mé-
dicos durante o parto, problemas durante o parto, 
violência,	desnutrição.	
Já	as	deficiências	motoras	de	origem	não	ce-
rebral podem ser decorrentes de traumatismos, sendo 
que	 as	 paralisias	 podem	 ser	 causadas	 por	 infecções	
virais,	 por	 tumores	 ou	 por	 esclerose	múltipla.	Mes-
mo que o traumatismo não origine uma paralisia, o 
indivíduo	pode	não	só	apresentar	gestos	e	expressões	
verbais lentas e descoordenadas, como perda de me-
mória	e	alterações	no	comportamento.
 4 9
1.1.3. Tipos de deficiência motora
1.1.3.1. Monoplegia
É o comprometimento mais sério de um só 
membro do corpo, ou melhor, refere-se a uma perda 
grave ou à completa perda da função motora em um 
lado do corpo. 
Este estado, normalmente, é causado por doen-
ças cerebrais que estão localizadas no hemisfério cerebral 
oposto ao lado da fraqueza, sendo menos frequente, le-
sões	do	 tronco	 encefálico, doenças da medula espinhal 
cervical, doenças do sistema nervoso periférico e outras 
condições	podem	se	manifestar	como	hemiplegia. 
1.1.3.2. Hemiplegia
Esse quadro é evidenciado quando ocorre a 
paralisia na metade do corpo. Refere-se a uma sequela 
neurológica grave devido a um comprometimento cir-
culatório	no	cérebro	com	consequências	e	comprome-
timentos	em	vários	níveis.	
O indivíduo adulto, que por algum motivo 
sofreu uma lesão cerebral, compromete uma deter-
minada	 área	do	 cérebro.	Essa	 área	 é	 responsável	por	
determinadas	 funções	 no	 corpo	 humano;	 então,	 de-
pendendo	da	área	lesada,	teremos:
 comprometimento sensorial: falhas na de-
gustação, tato e sensibilidade, olfato, visão e audição;
5 0
 comprometimento mental: falhas na me-
mória, raciocínio etc.;
 comprometimento físico: é o que mais nos cha-
ma a atenção no hemiplégico e também temos então compro-
metimentos em nível de tônus, coordenação, equilíbrio etc.
1.1.3.3. Paraplegia
É evidenciada quando a paralisia dos membros 
inferiores,	secundária	a	lesão	medular	ao	nível	da	coluna	
vertebral toracolombar. Assim, a paralisia ocorre da cin-
tura para baixo. 
As causas mais frequentes de lesão medular são 
os	traumatismos,	os	processos	tumorais	e	as	infecções.	
Os traumatismos que mais atingem a medula es-
pinhal são aqueles produzidos em acidentes de automó-
veis,	ou	mergulho	em	águas	rasas.	O	nível	em	que	há	a	le-
são	do	4.	Segmento	da	medula	torácico,	do	umbigo	para	
baixo	-	lesão	do	12.	Segmento	da	medula	torácico	e	etc.	
Existem	 adaptações,	 algumas	 confeccionadas	
pelo	próprio	profissional	especializado	na	área,	que	pos-
sibilitam	maior	desempenho	 funcional	 e	 independência	
do	deficiente,	daí	 ser	 fundamental	 a	 atuação	do	profis-
sional terapeuta ocupacional em seu processo de reabili-
tação, valorizando e reforçando o potencial funcional da 
pessoa	deficiente.	
Os cuidados com a pele são muito importantes 
para evitar formação de escaras (feridas) nos locais de 
contato	diário	entre	colchão	e	proeminência	óssea,	devem	
 5 1
ser	 usados	 colchões	 de	 água	 e	 assentos	 especiais,	 nestes	
casos a higiene corporal é extremamente importante. 
1.1.3.4. Tetraplegia
Refere-se à paralisia dos quatro membros secun-
dários	à lesão medular ao nível da coluna vertebral cervi-
cal,	ou	seja,	quando	há	o	comprometimento	ou	paralisia	
do pescoço para baixo. As causas mais frequentes da te-
traplegia - ou da lesão medular - são os traumatismos, os 
processos	tumorais	e	as	infecções.	
A lesão medular impede a passagem dos impulsos 
voluntários	do	cérebro	para	a	musculatura	e	das	sensibilida-
des	cutâneas	até	o	cérebro.	O	controle	voluntário	da	bexiga	e	
intestino	também	fica	prejudicado,	tendo	como	consequência	
a	incontinência	e	posteriormente,	retenção	de	urina	e	fezes.
1.1.3.5. Amputado
Esse quadro é caracterizado quando, por algum 
motivo, há falta de um membro do corpo. Entre as causas 
mais comuns de amputação de órgãos inferiores e supe-
riores	 encontramos:	 vasculopatias	 periféricas,	 traumáti-
cas,	tumorais,	infecciosas,	congênitas	e	iatrogênicas.	
Destaca-se dentre elas a vasculopatia periférica, 
que	acomete	maior	número	pessoas	na	 faixa	etária	 aci-
ma de 50 anos; sendo os membros inferiores - dedos, pés e 
pernas - os mais comprometidos. A causa mais comum nas 
52
amputações	provocadas	por	eventos	vasculares	é	a	dia-
betes e o tabagismo.
1.1.4. O Aluno com Deficiência Motora na Escola
O professor deve, sempre que possível, colo-
cá-lo	sentando	mais	próximo.
	Quando	o	 aluno	utilizar	 cadeira	de	 rodas,	
estas devem ter como acompanhamento mesas adap-
tadas, sendo mais alta que as demais mesas da sala.
 O professor deve procurar, sempre que pos-
sível,	retirar	os	obstáculos	no	ambiente	escolar,	evitan-
do	assim	situações	desagradáveise	constrangedoras.
 O	professor	necessita	ter	atenção	aos	horá-
rios	de	evacuação	para	evitar	 situações	embaraçosas	
frente aos demais alunos da sala.
 A interação entre os demais alunos, pais 
dos alunos deficientes motores e da escola como um 
todo é fundamental.
 É importante que a escola faça um breve 
esclarecimento sobre o problema do aluno e que ele 
necessita, em alguns momentos, de uma atenção di-
ferenciada por parte da comunidade escolar (alunos, 
professores,	 coordenadores,	 diretores,	 secretários,	
merendeiras, inspetores de alunos etc.).
 Os professores envolvidos diretamente com o 
aluno devem estudar, conhecer, ser orientados pela equipe 
pedagógica	acerca	do	tipo	de	deficiência	e	suas	causas.
 5 3
Atividade 1.1.
1. Enumerar as possíveis causas, bem como me-
didas	preventivas	da	Deficiência	Motora:
2.	Relacionar	ações	ou	posturas	que	a	escola	e	
os professores devem manter ao receber um aluno com 
deficiência	motora.
3.	Discuta:	Quem	pode	 ser	considerado	de-
ficiente motor?
4.	Procure	no	quadro	(pág.	52)	os	cinco	tipos	
de	Deficiência	Motora:
Monoplegia
Hemiplegia
Paraplegia
Tetraplegia
Amputado
5 4
 5 5
1.2. Paralisia cerebral
O	cérebro	comanda	todas	as	funções	do	corpo,	
desse	modo,	cada	área	do	cérebro	é	responsável	por	uma	
determinada	 função,	 por	 exemplo:	 os	movimentos	 dos	
braços	e	das	pernas,	a	visão,	a	audição	e	a	inteligência.	
Uma criança com PC – Paralisia Cerebral - pode 
apresentar	alterações	que	variam	desde	leve	descoordena-
ção dos movimentos ou uma maneira diferente para andar 
até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir. 
Paralisia	cerebral	define	qualquer	desordem	ca-
racterizada	por	alteração	do	movimento	secundária	a	uma	
lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento.
Dentre os fatores potencialmente determinantes 
de lesão cerebral irreversível, os mais comumente obser-
vados	são	infecções	do	sistema	nervoso,	hipóxia	(falta	de	
oxigênio)	e	traumas	de	crânio.	
O desenvolvimento anormal do cérebro pode tam-
bém estar relacionado a uma desordem genética, e nestas 
circunstâncias,	geralmente,	observam-se	outras	alterações	pri-
márias	além	da	cerebral.	Em	muitas	crianças,	a	lesão	ocorre	
nos primeiros meses de gestação e a causa é desconhecida.
1.2.1. Tipos de paralisia cerebral
O tipo de alteração do movimento observado 
está	relacionado	com	a	localização	da	lesão	no	cérebro	e	a	
gravidade	das	alterações	depende	da	extensão	da	lesão.	A	
PC	é	classificada	de	acordo	com	a	alteração	de	movimen-
5 6
to que predomina. Formas mistas são também observadas. 
1.2.1.1. Espástica
Quando	a	lesão	está	localizada	na	área	responsá-
vel	pelo	início	dos	movimentos	voluntários,	trato	pirami-
dal,	o	tônus	muscular	é	aumentado,	 isto	é,	os	músculos	
são	tensos	e	os	reflexos	tendinosos	são	exacerbados.	Esta	
condição	é	chamada	de	paralisia	cerebral	espástica.
Já,	quando	a	lesão	atinge	principalmente	a	por-
ção	do	trato	piramidal	responsável	pelos	movimentos	das	
pernas,	localizada	em	uma	área	mais	próxima	dos	ventrí-
culos (cavidades do cérebro), a forma clínica é a diplegia 
espástica,	na	qual	o	envolvimento	dos	membros	inferio-
res é maior do que o dos membros superiores. 
A região periventricular é muito vascularizada e 
os prematuros, por causa da imaturidade cerebral, com 
muita	frequência	apresentam	hemorragia	nesta	área.	As	
alterações	tardias	provocadas	por	esta	hemorragia	podem	
ser visualizadas com o auxílio da neuroimagem (leucoma-
lácea	periventricular).	
Por	 este	motivo,	 a	 diplegia	 espástica	 é	 quase	
sempre relacionada com prematuridade. Esta forma é 
menos grave do que a tetraplegia, e a grande maioria 
das crianças adquire marcha independente antes dos 
oito anos de idade.
Na	hemiplegia	espástica,	são	observadas	altera-
ções	 do	movimento	 em	 um	 lado	 do	 corpo,	 como	 por	
exemplo, perna e braço esquerdos. As causas mais fre-
 57
quentes são alguns tipos de malformação cerebral, aci-
dentes vasculares ocorridos ainda na vida intra-uterina 
e	 traumatismos	cranioencefálicos.	As	crianças	com	este	
tipo de envolvimento apresentam bom prognóstico mo-
tor e adquirem marcha independente. Algumas apresen-
tam	um	tipo	de	distúrbio	sensorial	que	 impede	ou	difi-
culta o reconhecimento de formas e texturas com a mão 
do	 lado	 da	 hemiplegia.	 Estas	 crianças	 têm	muito	mais	
dificuldade	para	usar	a	mão.
As crianças com espasticidade tendem a desenvol-
ver	deformidades	articulares	porque	o	músculo	espástico	
não tem crescimento normal. Flexão e rotação interna dos 
quadris,	flexão	dos	 joelhos	 e	 equinismo	 são	 as	deformi-
dades mais frequentes nas crianças que adquirem marcha. 
Além	destas,	as	crianças	com	tetraplegia	espástica	podem	
desenvolver luxação paralítica dos quadris e escoliose.
1.2.1.2. Com movimentos involuntários
Esta	condição	é	definida	como	paralisia	cerebral	
com	movimentos	involuntários	forma	coreoatetósica	ou	
distônica.	O	termo	coreoatetose	é	usado	para	definir	a	as-
sociação	de	movimentos	involuntários	contínuos,	unifor-
mes	e	lentos	(atetósicos)	e	rápidos,	arrítmicos	e	de	início	
súbito	(coreicos).	A	criança	com	PC	tipo	distônica	apre-
senta movimentos intermitentes de torção devido à con-
tração simultânea da musculatura agonista e antagonista, 
muitas vezes acometendo somente um lado do corpo. 
A	PC	com	movimentos	 involuntários	 está	 fre-
5 8
quentemente relacionada à lesão dos gânglios da base 
(núcleos	localizados	no	centro	do	cérebro,	formados	pe-
los	corpos	dos	neurônios	que	compõem	o	trato	extrapi-
ramidal), causada por hiperbilirrubinemia neonatal. 
Os	movimentos	 involuntários	podem	ser	 leves	
ou acentuados e são raramente observados durante o pri-
meiro ano de vida. Nas formas graves, antes desta idade a 
criança apresenta hipotonia (tônus muscular diminuído) 
e o desenvolvimento motor é bastante atrasado. Muitas 
crianças não são capazes de falar, andar ou realizar mo-
vimentos	voluntários	funcionais	e	são,	portanto,	depen-
dentes para a alimentação, locomoção e higiene.
1.2.1.3. Atáxica
A	paralisia	cerebral	atáxica	está	relacionada	com	
lesões	cerebelares	ou	das	vias	cerebelares.	Como	a	função	
principal do cerebelo é controlar o equilíbrio e coorde-
nar os movimentos, as crianças com lesão cerebelar apre-
sentam ataxia, ou seja, marcha cambaleante por causa da 
deficiência	de	equilíbrio,	e	apresentam,	ainda,	não	coor-
denação dos movimentos com incapacidade para realizar 
movimentos	alternados	rápidos	e	dificuldade	para	atingir	
um alvo. Por exemplo, se a criança for apertar um botão 
que liga/desliga um aparelho elétrico com o seu indica-
dor,	ela	tem	dificuldade	para	comandar	o	movimento	de	
maneira a colocar o dedo exatamente sobre o botão e no 
final	do	movimento	observa-se	um	tremor	grosso.
Quando	 a	 lesão	 é	 muito	 extensa,	 o	 atraso	 do	
 5 9
desenvolvimento motor é importante e é possível que 
a criança nunca seja capaz de andar sem apoio. Assim 
como nas formas extrapiramidais de PC, durante o pri-
meiro ano de vida, a alteração observada é a hipotonia. 
A alteração mais frequentemente encontrada é a ataxia 
associada a sinais piramidais (tônus muscular aumentado 
e	reflexos	tendinosos	exacerbados).	Ataxia	pura	em	crian-
ças com PC é rara.
1.2.2. Causas
Desde	que	o	médico	inglês	William	Little,	nos	anos	
1860,	descreveu	pela	primeira	vez	as	alterações	clínicas	en-
contradas em uma criança com PC e relacionou estas alte-
rações	com	hipóxia	(baixa	de	oxigênio),	se	valorizou	muito	
o papel da hipóxia perinatal e dos traumas de parto como 
fatores	determinantes	de	lesões	cerebrais	irreversíveis.	
E	mesmo	depois	de	Sigmund	Freud,	em	1897,	ter	
chamado a atenção para o fato de que se muitas das crian-
ças	apresentavam	além	das	alterações	motoras,	outros	pro-
blemas,	tais	como,	retardo	mental,	convulsões	e	distúrbios	
visuais,	o	mais	provável	é	que	a	causa	pudesse	estar	tam-
bém	relacionada	 com	agressões	ocorridas	 em	 fases	bem	
mais precoces da vida intra-uterina, a hipóxia perinatal foi 
considerada atérecentemente como a principal causa de 
PC. O pensamento de Freud era que em certos casos, os 
problemas	ao	nascer	seriam,	na	realidade,	consequência	de	
um desenvolvimento anormal do cérebro. 
Durante	anos,	essas	observações	de	Freud	não	
6 0
foram	muito	 valorizadas	 até	 que	 no	 final	 dos	 anos	 80,	
pesquisas importantes realizadas nos Estados Unidos e 
na	Austrália	 demonstraram	que	 tanto	 a	hipóxia	 quanto	
outros problemas neonatais não são as principais causas 
de PC e que na maioria das crianças com PC a causa era 
desconhecida.	Desordens	genéticas,	fatores	teratogênicos	
ou	outras	influências	nas	fases	iniciais	da	gravidez	teriam	
que ser mais intensamente investigadas. 
Porém, com os avanços da tecnologia para diag-
nóstico,	principalmente	nas	áreas	da	imagem	e	da	gené-
tica, uma melhor compreensão das causas de PC vem 
sendo	cada	vez	mais	possível.	Um	número	significativo	
de crianças que antes recebiam o diagnóstico de PC por 
hipóxia perinatal porque demoraram a chorar e tiveram 
cianose	(ficaram	roxinhas).	Hoje,	depois	da	ressonância	
magnética, recebem o diagnóstico de uma malformação 
cerebral, e a implicação deste fato é que a causa do pro-
blema é uma desordem genética ou um fator agressivo 
ocorrido nas primeiras semanas ou meses de gestação.
Dentre as causas pré-natais, além das desor-
dens	genéticas,	as	mais	importantes	são	infecções	con-
gênitas	(citomegalia,	toxoplasmose,	rubéola)	e	hipóxia	
fetal	decorrente	de	complicações	maternas,	 como	no	
caso das hemorragias. A exposição da mãe a substân-
cias	tóxicas	ou	agentes	teratogênicos	tais	como	radia-
ção,	álcool,	cocaína	e	certas	medicações	principalmen-
te nos primeiros meses de gestação são fatores de risco 
que	têm	que	ser	considerados.
As causas perinatais estão relacionadas princi-
palmente	com	complicações	durante	o	parto,	prematuri-
 6 1
dade e hiperbilirrubinemia.
As principais causas de paralisia cerebral pós-na-
tal	são	infecções	do	sistema	nervoso	central	(meningites	
e	encefalites),	traumatismo	cranioencefálico	e	hipóxia	ce-
rebral	grave	(quase	afogamento,	convulsões	prolongadas	
e parada cardíaca).
1.2.3. Prevenção
Um acompanhamento pré-natal regular e boa 
assistência	ao	recém-nascido	na	sala	de	parto	diminuem	a	
possibilidade de certas crianças desenvolverem lesão ce-
rebral permanente. Por outro lado, muitas das crianças 
que	superam	situações	críticas	com	a	ajuda	de	recursos	
sofisticados	das	 terapias	 intensivas	neonatais	modernas,	
principalmente os prematuros, sobrevivem, mas com se-
quelas neurológicas. 
Apesar de ter havido uma evolução importante 
em termos de atendimento à gestante e ao recém-nascido 
na	sala	de	parto,	nos	últimos	40	anos	não	houve	nenhuma	
redução	 significativa	 da	 prevalência	 da	 PC	mesmo	 nos	
países desenvolvidos. 
De	 qualquer	 forma,	 houve	 uma	modificação	
da história natural. Muitas das formas graves de PC 
estão relacionadas com causas que podem ser preve-
nidas	 como	hipóxia	 perinatal,	 infecções	 congênitas	 e	
hiperbilirrubinemia	 neonatal,	 e	 a	 prematuridade	 está	
relacionada	à	diplegia	espástica,	tipo	de	paralisia	cere-
bral de melhor prognóstico. 
62
Todo esforço para que o período gestacional seja 
o	mais	saudável	possível	deve	ser	feito.	Com	a	manutenção	
da	nutrição	e	da	eliminação	do	álcool,	fumo,	drogas	e	me-
dicações	teratogênicas,	a	gestante	estará	contribuindo	para	a	
prevenção	de	alguns	tipos	de	PC.	A	rubéola	congênita	pode	
ser prevenida se a mulher for vacinada antes de engravidar. 
Quanto	à	toxoplasmose	materna,	medidas	de	higiene,	como	
não ingerir carnes mal cozidas ou verduras que possam estar 
contaminadas com fezes de gato são importantes.
No período pós-natal, uma das principais causas 
de	PC	é	o	traumatismo	cranioencefálico	que	pode	ser	pre-
venido, em algumas circunstâncias, com o uso de cadeiras 
de segurança especiais para crianças pequenas, ajustadas 
nos bancos dos automóveis. 
Outra causa importante é a anóxia cerebral grave 
por	afogamento,	sendo	o	número	de	crianças	com	lesão	ce-
rebral	relativamente	elevado,	justificando	a	urgência	por	uma	
campanha	de	prevenção.	Algumas	das	infecções	cerebrais	po-
dem	ser	prevenidas	com	vacinas,	como	por	exemplo:	contra	
o sarampo, a meningite meningogócica e a Haemophilus in-
fluenza,	a	gripe	HN1.
1.2.4. Diagnóstico
Dificuldade	de	sucção,	tônus	muscular	diminu-
ído,	alterações	da	postura	e	atraso	para	firmar	a	cabeça,	
sorrir e rolar são sinais precoces que chamam a atenção 
para	a	necessidade	de	avaliações	mais	detalhadas	e	acom-
panhamento neurológico. 
 6 3
A história clínica deve ser completa e o exame 
neurológico	deve	incluir	a	pesquisa	dos	reflexos	primitivos	
(próprios	do	recém-nascido),	pois	a	persistência	de	certos	
reflexos	além	dos	seis	meses	de	idade	pode	indicar	presença	
de	lesão	cerebral.	Os	reflexos	são	movimentos	automáticos	
que	o	corpo	faz	em	resposta	a	um	estímulo	específico.	
O	reflexo	primitivo	mais	conhecido	é	o	reflexo	
de	Moro	que	pode	ser	assim	descrito:	quando	a	criança	é	
colocada deitada de costas em uma mesa sobre a palma 
da mão de quem avalia, a retirada brusca da mão causa 
um	movimento	súbito	da	região	cervical,	o	qual	inicia	a	
resposta que consiste inicialmente em abdução (abertura) 
e extensão dos braços com as mãos abertas seguida de 
adução (fechamento) dos braços como em um abraço. 
Este	reflexo	é	normalmente	observado	no	recém-nasci-
do,	mas	com	a	maturação	cerebral,	respostas	automáticas	
como esta são inibidas. 
Após	 a	 identificação	da	 história	 clínica	 e	 reali-
zado o exame neurológico, o próximo procedimento é 
afastar	 a	 possibilidade	 de	 outras	 condições	 clínicas	 ou	
doenças que também evoluem com atraso do desenvolvi-
mento	neurológico	ou	alterações	do	movimento	como	as	
descritas anteriormente.
Exames de laboratório (sangue e urina) ou 
neuroimagem	 (tomografia	 computadorizada	 ou	 res-
sonância magnética) poderão ser indicados de acordo 
com	 a	 história	 e	 as	 alterações	 encontradas	 ao	 exame	
neurológico.	Estes	exames,	em	muitas	situações,	escla-
recem	a	causa	da	paralisia	cerebral	ou	podem	confir-
mar o diagnóstico de outras doenças. 
6 4
1. Conceitue Paralisia Cerebral.
2. Relacione as possíveis causas de Paralisia Cerebral.
3. Fazer uma síntese do diagnóstico de Parali-
sia Cerebral na forma de história em quadrinhos.
4. Resuma os Tipos de Paralisia Cerebral em 
uma	frase	ou	parágrafo.
Atividade 1.2.
 6 5
1.3. Deficiências múltiplas
Deficiências	 múltiplas	 são	 aquelas	 afetadas	
em	 duas	 ou	mais	 áreas,	 caracterizando	 uma	 associação	
entre	diferentes	deficiências,	com	possibilidades	bastante	
amplas	 de	 combinações.	 Dois	 exemplos	 seriam	 os	
portadores de surdocegueira	e	os	portadores	de	deficiên-
cia mental e física ao mesmo tempo. 
Considera-se	 uma	 criança	 com	múltipla	 defici-
ência	sensorial	aquela	que	apresenta	deficiência	visual	e	
auditiva	associadas	a	outras	condições	de	comportamen-
to	e	comprometimentos,	sejam	eles	na	área	física,	intelec-
tual	ou	emocional,	e	dificuldades	de	aprendizagem.	
Quase	sempre	os	canais	de	visão	e	audição	não	
são	 os	 únicos	 afetados,	 mas	 também	 outros	 sistemas,	
como:	os	sistemas	tátil	(toque),	vestibular	(equilíbrio),	pro-
prioceptivo (posição corporal), olfativo (aromas e odores) 
ou	gustativo	(sabor).	Limitações	em	uma	dessas	áreas	po-
dem ter um efeito singular no funcionamento, aprendiza-
gem e desenvolvimento da criança. (Perreault, 2002).
Crianças que apresentam graves comprometi-
mentos	múltiplos	e	condições	médicas	frágeis:
I.	Apresentam	mais	dificuldades	no	entendimen-
to	das	rotinas	diárias,	gestos	ou	outras	habilidades	de	co-
municação;
II.	Demonstram	dificuldades	acentuadas	no	re-
conhecimento	das	pessoas	significativas	no	seu	ambiente;
III. Realizam movimentos corporais sem propósito;
IV. Apresentam resposta mínima a barulho, mo-
vimento, toque, odores e/ou outros estímulos.
6 6
1.3.1. Surdocegueira
É	uma	deficiência	única	que	apresenta	a	perda	
da audição e visão de tal forma quea combinação das 
duas	deficiências	impossibilita	o	uso	dos	sentidos	de	dis-
tância, cria necessidades especiais de comunicação, causa 
extrema	dificuldade	na	conquista	de	metas	educacionais,	
vocacionais,	recreativas,	sociais,	para	acessar	informações	
e compreender o mundo que o cerca.
A criança surdocega é portadora de caracterís-
ticas	únicas,	que	 resultam	do	efeito	combinado	das	de-
ficiências	auditiva	e	visual.	As	características	clínicas	que	
definem	a	criança,	do	ponto	de	vista	oftalmológico	e	au-
diológico,	são	insuficientes	para	prever	o	quanto	poderá	
se desenvolver quando imersa num ambiente que pro-
porcione uma estimulação adequada às suas necessidades 
(CADER & COSTA, 2001).
As crianças surdocegas podem frequentemente 
apresentar	os	seguintes	comportamentos:
I)	dificuldades	em	elaborar	a	consciência	da	rela-
ção dos segmentos corporais em si e destes com objetos 
(fase comum a todas as crianças); 
II)	limitações	para	o	movimento	e	funcionamen-
to do próprio corpo; 
III) insegurança pessoal;
IV) atraso no desenvolvimento motor e afeti-
vo, pode ser atribuído à qualidade e quantidade das in-
terações	mantidas	com	o	ambiente.	Afinal,	enquanto	as	
crianças normais usam a audição e a visão para direcio-
nar sua ação, e com isso aprendem, por exemplo, que 
 67
seu	 comportamento	 e	movimento	 têm	 consequências	
determinadas e que objetos e crianças que não podem 
ser vistos continuam a existir, a criança surdocega não 
possui	condições	para	responder	e	compreender	as	de-
mandas do meio, precisando, por isso, que esses aspec-
tos lhes sejam ensinados.
O papel do professor, intérprete ou guia-intérpre-
te	junto	à	criança	surdocega	será	o	de	suprir	sua	carência	
de funcionamento sensorial com estímulos organizados e 
significativos,	promovendo	a	construção	de	sua	consciên-
cia e imagem corporal, seu desenvolvimento motore afeti-
vo, e também sua autonomia (ERIKSON, 2002).
1.3.2. Múltipla deficiência sensorial
Deficiência	múltipla	é	o	termo	usado	para	classi-
ficar	a	condição	do	individuo	que	é	portador	de	mais	de	
uma	deficiência	associadas.	Segundo	a	Política	Nacional	
de	Educação	Especial	do	Ministério	da	Educação	(1994),	
múltipla	deficiência	é	“a	associação,	no	mesmo	individuo	
de	 duas	 ou	mais	 deficiências	 primárias...	 com	 compro-
metimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento 
global	e	capacidade	adaptativa.”	(p.15).
A	múltipla	 deficiência	 pode	 se	 manifestar	 por	
combinações	entre	deficiências	física,	intelectual	e	senso-
rial.	Essas	associações	trazem	prejuízos	socioeducativos,	
já	que	muitas	vezes,	o	indivíduo	será	privado	de	uma	per-
cepção	integral	do	mundo	que	o	rodeia	e	com	isso	terá	
poucas possibilidades de interagir com seu meio social.
6 8
O	 indivíduo	 com	 uma	múltipla	 deficiência	 terá	
seu comprometimento agravado, ou não, dependendo do 
grau	de	cada	deficiência	e	da	forma	de	suas	associações.	
Portanto	o	individuo	que	tiver	em	associação	a	deficiência	
sensorial, pode estar mais alienado de seu meio físico e 
social	que	outro,	cuja	associação	envolve	deficiência	física	
e intelectual. Segundo Nunes (2001), os sentidos da visão 
e audição, são os principais canais para se receber e inter-
pretar	informações	externas,	sendo	assim,	quando	há	uma	
deficiência	sensorial	associada,	o	indivíduo	possui	menos	
capacidade de interagir com o ambiente do qual participa.
 6 9
1. Pesquise na internet o alfabeto manual 
para surdocego.
2.	Defina	surdocegueira.
3.	Faça	uma	 síntese	de	Deficiência	Múltipla	
em verso.
4. Relacione os comportamentos mais comuns 
apresentados	por	crianças	surdocegas:
Atividade 1.3.
o2Capítulo
o
Lesão Cerebral do Sistema Nervoso 
Central, Lesões Nervosas Periféricas e 
Outras Deficiências Motoras
2
Capítulo
 7 3
O cérebro é o órgão que controla todas as fun-
ções	do	organismo	e	para	isso	necessita	do	oxigênio.	A	
falta deste nutriente é uma das maiores causas de lesão 
cerebral, trazendo prejuízo para o desenvolvimento. 
Conhecida	 como	 Paralisia	 cerebral	 (“PC”)	 define-se	
como	um	conjunto	de	lesões	permanentes	no	cérebro	
que	podem	ocorrem	nos	seguintes	períodos:
A) Pré-natal:	através	de	infecções,	rubéola, sífi-
lis, listeriose, citomegalovirus, toxoplasmose, AIDS, uso 
de drogas, tabagismo, álcool, desnutrição materna; alte-
rações	cardiocirculatórias	maternas.
B) Peri-natal: através de anóxia, hemorragias intra-
cranianas, trauma obstétrico.
C) Pós-natal: traumas cerebrais, meningites, con-
vulsões,	desnutrição,	falta	de	estímulo,	hidrocefalia.
Nesse processo podem ocorrer também outras 
alterações	mentais,	 visuais,	 auditivas,	 de	 linguagem	ou	
de	movimentos	físicos.	As	lesões	cerebrais	variam	con-
forme	a	área	atingida.	
Paralisia cerebral é uma desordem do movimen-
to	e	da	postura,	persistente,	porém	variável,	surgida	nos	
primeiros	anos	de	vida	pela	interferência	no	desenvolvi-
mento do sistema nervoso central, causada por uma de-
sordem cerebral não progressiva.
Barraquer Bordas	(1999)	conceitua	como:
PC” é a sequela de uma agressão cerebral que se 
caracteriza primordialmente por um transtor-
no persistente, porém não invariável, do tônus, 
da postura e do movimento, que surge na pri-
7 4
meira infância e que não é somente secundária a 
esta lesão não evolutiva do encéfalo, mas se deve 
também à influência que a referida lesão exerce 
sobre a maturação neurológica.
Atualmente a utilização do termo paralisia cere-
bral (PC) não é o mais tão utilizado na literatura especia-
lizada, embora seja usualmente falado, pois caracterizaria 
desta	forma	uma	perda	total	das	funções	cerebrais,	o	que	
não	define	as	lesões	focais	ocorridas	com	consequências	
no desenvolvimento neurológico do paciente.
Os pacientes com PC possuem principalmen-
te	comprometimento	motor,	influenciando	no	seu	de-
sempenho	 funcional.	Segundo	Schwartzman	 (1993)	e	
Souza	&	Ferraretto	 (1998)	a	PC	pode	ser	classificada	
por:	Tipo	de	disfunção	motora	extrapiramidal	ou	dis-
cinético	(Atetoide,	coreico	e	distônico),	atáxico,	misto	
e	espástico;	ou	pela	topografia	das	lesões	(Localização	
no corpo), que inclui tetraplegia, monoplegia, diplegia 
e	hemiplegia.	Na	PC,	a	forma	espástica	é	a	mais	encon-
trada e frequente em 88% dos casos.
2.1.1. Quanto à disfunção motora
	 Atetoide:	 Caracterizada	 por	 movimentos	
involuntários.	Neste	 tipo,	 os	movimentos	 são	 invo-
luntários	devido	a	um	estímulo	 ineficaz	e	exagerado	
que	o	cérebro	envia	ao	músculo	não	sendo	capaz	de	
manter um padrão.
 7 5
	Coreico:	Acomete	crianças	e	jovens	do	sexo	fe-
minino	com	movimentos	involuntários	e	descoordenados	
dos	membros	e	dos	músculos	da	face	(Dança	de	S.	Guido).
	Distônico:	Incoordenação	do	tônus	muscular
Atáxico:	 Dificuldade	 de	 coordenação	 motora	
(Tremores ao realizar um movimento).
	Mistos:	Quando	apresentam	pelo	menos	dois	
tipos	associados	de	alteração	do	movimento	(Exemplo:	
espástico	e	atetoide)
	Espástico:	Ocorre	uma	lesão	do	córtex	cere-
bral, diminuindo a força muscular e aumentando o tônus 
muscular. A tensão muscular encontra-se aumentada no-
tada ao realizar algum alongamento da musculatura ou 
mesmo um estiramento.
2.1.2. Quanto à topografia da lesão
 Tetraplegia (Hemiplegia bilateral ou quadri-
plegia):	Ocorrendo	 em	9	 a	 43%	dos	 casos,	 com	 lesões	
difusas bilaterais no sistema piramidal apresentando te-
traparesia	espástica	com	retrações	em	semiflexão	severas,	
síndrome pseudobulbar (hipomimia, disfagia e disartria) 
e	até	microcefalia,	deficiência	mental	e	epilepsia.
	Diplegia:	Surge	em	10	a	30	%	dos	pacientes,	
sendo mais comum em prematuros, comprometendo 
os membros inferiores, podendo apresentar hipertonia 
dos	músculos	Adutores,	denominado	Síndrome	de	Little	
(cruzamento dos membros inferiores e marcha «em te-
soura»).	Existem	vários	graus	para	classificar	a	intensida-
76
de	do	distúrbio,	podendo	ser	pouco	afetado	 (com	um	
prognóstico	bom,	sendo	capaz	de	se	adaptar	à	vida	diá-
ria)	ou	graves	com	limitações	funcionais.	
 Ao 1º ano de vida, a criança podese apre-
sentar hipotônica, passando para distonia intermiten-
te,	 com	 tendência	 ao	 opistótono	 quando	 estimulada.	
Nos casos mais graves a criança pode permanecer num 
destes	estágios	por	toda	a	sua	vida,	porém	geralmente	
passa	a	exibir	hipertonia	espástica,	inicialmente	exten-
sora	e,	finalmente,	com	graves	retrações	semiflexoras.
	Hemiplegia:	É	a	mais	comum	de	todas,	com-
prometendo mais o membro superior; acompanhada 
de	 espasticidade,	 hiper-reflexia	 e	 sinal	 de	 Babinski.	O	
padrão	hemiplégico	caracteriza-se	pela	postura	semifle-
xora do membro superior, com o membro inferior hi-
perestendido e aduzido, e o pé em postura equinovara, 
podendo	 aparecer	 ser	 encontrado	 hipotrofia	 dos	 seg-
mentos acometidos, hemi-hipoestesia ou hemianopsia.
O	diagnóstico	está	ligado	ao	atraso	no	desen-
volvimento neuropsicomotor com associação ou não 
de	outros	sintomas.	A	criança	apresenta	alguns	 refle-
xos	indevidos	para	sua	idade	e	dificuldade	em	adquirir	
outros próprios de sua idade atual.
Os	 profissionais	 que	 atendem	 este	 tipo	 de	
criança	devem	dispor	de	várias	técnicas	e	recursos	com	
objetivos de melhorar a espasticidade, eliminar os fa-
tores agravantes, reabilitar através do uso de órteses, 
farmacoterapia, cirurgias ortopédicas e neurocirurgia.
 7 7
2.1.3. Tratamento
O tratamento da PC visa controlar as crises con-
vulsivas,	as	complicações	decorrentes	das	lesões	e	a	pre-
venção de outras doenças, contraturas ou problemas.
O tratamento medicamentoso baseia-se no uso 
de	anticonvulsivantes	e	psiquiátricos,	quando	necessários	
para	obter	controle	dos	distúrbios	afetivo-emocionais	e	
da agitação psicomotora.
O	 tratamento	 cirúrgico	 envolve	 cirurgias	 orto-
pédicas para corrigir deformidades e estabilizar a articu-
lação, além de preservar a função e aliviar a dor.
A	Terapia	Ocupacional	 é	 indispensável	 para	 o	
indivíduo	com	PC,	visto	que	estes	apresentam	dificulda-
des em níveis variados na realização de suas atividades de 
vida	diária,	como	alimentação,	banho,	vestuário,	higiene	
pessoal,	 mobilidade	 e	 transferências.	 O	 terapeuta	 ocu-
pacional trabalha com a rotina do indivíduo e o auxilia 
a desempenhar suas atividades de maneira autônoma e 
independente, buscando o melhor nível de desempenho 
em todas suas atividades, incluindo autocuidado, lazer, 
trabalho, participação social e educação.
A	fisioterapia	tem	por	objetivo	inibir	a	atividade	
reflexa	 anormal,	 normalizando	 o	 tônus	 muscular	 e	 fa-
cilitando o movimento normal, consequentemente me-
lhorando	a	força,	flexibilidade,	amplitude	de	movimento	
(ADM)	e	as	capacidades	motoras	básicas	para	a	mobili-
dade funcional. As metas de um programa de reabilitação 
são reduzir a incapacidade, prevenir contraturas e defor-
midades e otimizar a função. 
78
Os	 alongamentos	 músculo-tendinosos	 devem	
ser lentos e realizados diariamente para manter a amplitu-
de de movimento e reduzir o tônus muscular. Exercícios 
de	grande	 resistência	podem	auxiliar	no	 fortalecimento	
muscular,	mas	com	as	devidas	precauções	em	pacientes	
com	 lesões	 centrais,	 pois	 reforçarão	 as	 reações	 tônicas	
anormais	já	existentes	aumentando	a	espasticidade.
Há	quatro	categorias	de	intervenção,	as	quais	
devem apresentar uma combinação para suprir to-
dos	os	aspectos	das	disfunções	dos	movimentos	nas	
crianças	com	PC:	
a) Enfoque biomecânico; 
b)	Enfoque	neurofisiológico;	
c) Enfoque do desenvolvimento; 
d) Enfoque sensorial.
O enfoque biomecânico aplica os princípios da 
cinética	e	cinemática	para	os	movimentos	do	corpo	hu-
mano.	Incluem	movimento,	resistência	e	as	forças	neces-
sárias	para	melhorar	as	atividades	de	vida	diária.
O	 neurofisiológico	 e	 do	 desenvolvimento	 são	
realizados juntos, recebendo o nome de neuroevolutivo. 
Inclui	uma	combinação	de	técnicas	neurofisiológicas	e	do	
conhecimento	da	 sequência	do	desenvolvimento,	como	
se observa no tratamento de Rood, de Brunnstrom, na 
facilitação neuromuscular proprioceptiva (Kabat) e no 
tratamento neuroevolutivo Bobath.
As técnicas de tratamento sensorial promovem 
experiências	sensoriais	apropriadas	e	variadas	(Tátil,	pro-
prioceptiva, cinestésica, visual, auditiva, gustativa etc.) 
para as crianças com espasticidade, facilitando assim uma 
 7 9
aferência	motora	apropriada.
O acompanhamento psicológico familiar é im-
portante no tratamento da ECNPI, pois ajuda os pais a 
entenderem melhor, podendo assim auxiliar no atendi-
mento	e	prevenir	complicações.
Deve-se	reconhecer	quando	as	deficiências	são	
muito	graves,	sendo	desnecessário	a	utilização	de	recur-
sos caros e demorados que geram ansiedade e expectativa 
da família, sem alterar o quadro clínico do paciente.
8 0
Atividade 2.1.
1.	Definir	os	períodos	em	que	ocorrem	as	lesões	
cerebrais do sistema nervoso central.
2.	Quais	são	as	formas	de	tratamento?
3. Completar os quadros conforme as infor-
mações	do	texto.
Quanto à disfunção motora Quanto à topografia da lesão
 8 1
2.2. Lesões nervosas periféricas
As	 lesões	 dos	 nervos	 periféricos	 apresentam	
alterações	funcionais	tanto	sensitivas	quanto	motoras,	
e se não forem adequadamente tratadas, podem provo-
car	um	déficit	importante,	com	prejuízos	na	qualidade	
de vida dos pacientes.
As	 lesões	 nervosas	 periféricas	 se	 dividem	 em	
neuropraxia,	quando	há	perda	da	condutividade	elétrica	
em	determinado	segmento	da	fibra	nervosa;	axonotmese,	
quando	há	degeneração;	walleriana	do	axônio	e	neurot-
mese,	quando	afeta	todas	as	fibras	do	nervo.
A	Neuropatia	 Periférica	 é	 um	 distúrbio	 fun-
cional ou orgânico do sistema nervoso periférico e sua 
apresentação	 clínica	 pode	 ser	 classificada	 em:	mono-
neuropatia,	 mononeuropatia	 múltipla,	 polineuropatia	
e polirradiculoneurítico ou polirradiculopatia. Suas 
causas	podem	ser	diversas,	tais	como:	distúrbios	here-
ditários,	 tumores,	doenças	autoimunes,	dentre	outras.	
Diversos fatores devem ser considerados no momento 
do diagnóstico e do tratamento e este deve ser feito 
por uma equipe multidisciplinar.
2.2.1. Classificação das neuropatias 
periféricas
Embora	o	número	de	 etiologias	 das	Neuropa-
tias Periféricas (NP) seja muito grande, sua apresentação 
clínica é mais limitada. Desse modo, as NP podem ser 
82
classificadas	de	acordo	com	seis	parâmetros	principais:
1.	Velocidade	 de	 instalação:	 aguda	 (menos	 de	
uma	 semana);	 subaguda	 (menos	 de	 um	mês);	 crônica	
(mais	de	um	mês);
2.	Tipo	de	fibra	nervosa	envolvida:	motora,	sen-
sitiva, autonômica ou mista;
3.	Tamanho	de	fibra	nervosa	envolvida:	gros-
sa,	fina	ou	mista;
4.	Distribuição:	proximal,	distal,	difusa;
5.	 Padrão:	 mononeuropatia,	 mononeuropatia	
múltipla,	polineuropatia	e	polirradiculoneurítico;
6.	 Patologia:	 degeneração	 axonal,	 desmieliniza-
ção segmentar e mista.
 8 3
Atividade 2..2.
1.	Conceituar	Lesões	Nervosas	Periféricas:
2. Enumerar as Neuropatias	Periféricas:
84
2.3. Outras deficiências motoras
2.3.1. Artrite reumatoide juvenil
É	 uma	 doença	 sistemática,	 não	 infecciosa,	
que	 afeta	 as	 articulações	 especialmente	 das	 mãos,	
pulsos,	região	cervical	e	joelhos.	A	inflamação	dolorosa	
e crônica que produz, pode dar lugar à destruição 
articular e a outros tecidos de órgãos como o coração 
e o fígado, não é uma condição exclusiva de pessoas 
idosas como se pensava anteriormente e afeta a uma 
maior percentagem de mulheres.
2.3.2. Malformações congênitas
Aqui se agrupam todos os defeitos de tipo con-
gênito	como,	por	exemplo,	pessoas	que	nascem	sem	per-
nas, sem braços, pés, mãos ou dedos e o deslocamento 
dos ossos da cintura, a cabeça, o crânio e o rosto.
	A	cirurgia	reconstrutiva	ou	plástica,	e	emprego	
de prótese e de aparelhos ortopédicos, são as modalida-
des de tratamento e reabilitação mais usadas nestes casos.
2.3.3. Esclerose múltipla
É uma doença crônica do sistema nervoso ca-
racterizada	 pela	 formação	 de	múltiplos	 focos	 de	 escle-
 8 5
roses e falta de mielina, substância existente no tecido 
nervoso,	 consiste	 no	 endurecimento

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