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1 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período SP1- Sinais diferenciais e de atenção IVAS • Epidemiologia As infecções das vias aéreas superiores são tipicamente benignas e autolimitadas na maioria das vezes, extremamente frequentes, ocorrendo a uma frequência de quatro a oito episódios/ano em menores de cinco anos (principalmente a faixa etária entre seis e vinte e quatro meses) e dois a quatro episódios/ano em adultos. Elas estão entre as causas mais comuns de consulta a profissionais da atenção primária, e, embora os quadros de doença sejam caracteristicamente leves, suas altas taxas de incidência e de transmissão as colocam entre as principais causas de absenteísmo no trabalho e na escola. As principais síndromes clínicas das vias aéreas superiores são: - Resfriado comum - Faringite - Otites - Sinusites - Laringites - Epiglotites Os principais fatores de risco para aquisição de infecções de vias aéreas superiores são: -Baixa idade (6-24 meses, principalmente); -Sexo masculino; -Atopia; -Deficiência imunológica; -Anomalias craniofaciais e de palato; -Creches; -Irmãos mais velhos; -Fumo passivo; -Uso de chupeta; -Aleitamento artificial. Podem ser causadas por uma grande variedade de agentes, principalmente vírus e bactérias. • Fisiopatologia Do ponto de vista prático, as “vias aéreas superiores” são: - Fossas nasais; - Faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe); - Seios paranasais; - Laringe; - Traqueia. O trato respiratório superior é composto por 2 tipos distintos de superfície epitelial. Um epitélio escamoso estratificado reveste a orofaringe e a nasofaringe. Estas regiões normalmente abrigam uma flora microbiana variada e abundante, sendo que muitos patógenos podem colonizar estas superfícies epiteliais durante algum tempo, sem produzir uma infecção verdadeira. É fácil obter culturas bacteriológicas a partir destas áreas. Um epitélio respiratório, constituído por células colunares ciliadas, células globosas, além de glândulas mucosas e serosas, reveste os seios paranasais, a orelha 2 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período média e as vias aéreas situadas abaixo da epiglote. Estas regiões, em contraste com a orofaringe e a nasofaringe, normalmente são estéreis. Como estas áreas são inacessíveis para a realização de culturas de rotina, costuma ser necessário diagnosticar e tratar as infecções com base em achados clínicos e probabilidades estatísticas, em vez de considerar os dados bacteriológicos derivados de um paciente individual. Muitos mecanismos de defesa do hospedeiro protegem as vias aéreas superiores contra a infecção. As defesas mecânicas tendem a prevenir a penetração de organismos oriundos da nasofaringe e da cavidade oral em áreas mais vulneráveis. Estas defesas consistem nos em: - Reflexos de tosse - Ânsia e espirro - Secreções de muco viscoso, que capturam material particulado; - Ação ciliar, que impulsiona para fora as partículas capturadas. Além disso, as defesas imunológicas locais tentam lidar com os organismos que conseguiram passar pelas barreiras mecânicas. Estas defesas incluem um abundante tecido linfoide, anticorpos IgA secretórios presentes nas secreções respiratórias e uma rica vasculatura que pode transportar rapidamente os leucócitos fagocíticos. • Quadro clínico As características clínicas são bem conhecidas: - Congestão nasal acompanhada de descarga aquosa; - Espirros - Garganta seca com pequenas feridas (sensação de arranhada) - Leve aumento de temperatura, mais pronunciado nas crianças. • Estratégia de prevenção e terapêutica • Vacina da gripe -Anual → de preferência nos meses de outono para atingir sua titulação máxima nos meses de inverno -Vírus influenza inativos ou atenuados -Efeito de proteção tem início 10 a 15 dias após a aplicação e dura 1 ano -Títulos máximos de anticorpos são obtidos 1-2 meses após a imunização -Contraindicação: Pessoas com alergia grave (anafilaxia), a ovo de galinha, a algum componente da vacina ou a dose anterior. • Tratamento • Prevenção - Higiene das mãos: A transmissão viral pelo contato mão a mão parece ser altamente eficiente. Indivíduos podem também se infectar no contato da mão contaminada com a secreção nasal. Portanto, a interrupção do contato direto na transmissão viral apresenta um potente alvo de intervenção. - Higienização ambiental Crianças expostas à poeira em suas casas têm maior número de infecções das vias aéreas superiores. Soluções salinas intranasais - A lavagem nasal promove a limpeza do muco nasal e de secreções patológicas. Também promove a melhora da função mucociliar e aumenta a aeração da mucosa, diminuindo a inflamação local. - Amamentação: A amamentação exclusiva por pelo menos três meses reduz a incidência de otite em 13% e por seis meses para 50%, proporcionando, assim, uma medida protetora ao longo do primeiro ano de vida. A alimentação o mais próximo possível da posição sentada é uma tentativa de diminuir o refluxo, prevenindo a otite. - Não uso de chupetas O uso de dispositivos como a chupeta induz pressão prejudicial na nasofaringe, aumentando o refluxo de suas secreções para a tuba auditiva, o que é associado a maior risco de otite. Vacina pneumocócica A vacinação é um fator efetivo na diminuição da colonização nasofaríngea pelo pneumococo 3 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período RINOSSINUSITE processos infecciosos que acometem os seios paranasais, uma vez que, quase sempre, a rinite e a sinusite são doenças em continuidade. A rinite pode ocorrer isoladamente (alérgica ou infecciosa), entretanto, a sinusite raramente se desenvolve sem que haja rinite. Os seios frontal, etmoidal, esfeoidal e maxilar são cavidades situadas ao redor das fossas nasais, com as quais se comunicam através de canais e óstio. Embora a infecção dos seios paranasais envolva vários fatores locais, regionais ou sistêmicos, o fator predisponente mais comum da rinossinusite aguda é a infecção viral das vias respiratórias superiores. A inflamação e o edema do complexo ostiomeatal podem levar à obstrução dos óstios de drenagem dos seios paranasais, acarretando diminuição da oxigenação do seio, do movimento dos cílios e, consequentemente, do clearance mucociliar, estase de secreção e infecção. A maior dificuldade na prática diária é diferenciar a rinossinusite viral das rinossinusites alérgica e bacteriana secundária, principalmente nas crianças, que naturalmente são acometidas por infecções de vias respiratórias superiores com maior frequência que os adultos. A diferenciação entre os quadros viral e bacteriano é importante, pois, no segundo caso, pode ser indicado o tratamento com antibióticos. Durante o curso de uma infecção viral das vias respiratórias superiores, duas apresentações clínicas indicam infecção bacteriana secundária aguda: a persistência e a gravidade dos sintomas. A apresentação mais comum é a persistência dos sintomas. Em geral, o décimo dia de sintomas separa uma infecção viral de uma bacteriana, e o trigésimo dia separa a rinossinusite aguda de uma rinossinusite subaguda ou crônica. A maiorias das rinossinusites virais tem duração máxima de 5 a 7 dias. Embora o paciente possa não estar assintomático no décimo dia, já apresenta melhora significativa no quadro clínico. Pacientes com rinossinusite subaguda ou crônica apresentam história mais protraída, com sintomas respiratórios por mais de 30 dias. A obstrução nasal e a tosse (diurna e noturna) são os sintomas mais comuns. A maioria dos pacientes costuma relatar dor de garganta, em geral decorrente da respiração bucal secundária à obstrução nasal. Esta e a rinorreia são menos comuns, e afebre é infrequente. No exame otorrinolaringológico de um paciente com rinossinusite aguda bacterina, é comum se observar rinorreia mucopurulenta anterior ou posterior, edema e hiperemia da mucosa nasal. A orofaringe pode estar hiperemiada e com aumento dos folículos linfoides. Ocasionalmente, pode haver dor à palpação dos seios da face. Os agentes etiológicos mais comuns das rinossinusites agudas bacterianas, tanto em adultos como em crianças, são: Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Em menor frequência Moraxella catarrhalis, S taphylococcus aureus e estreptococo beta-hemolítico. Para a maioria dos casos de rinossinusite aguda, tanto em adultos quanto em crianças, recomenda-se o tratamento com amoxicilina (5 a 10 dias), principalmente se a rinossinusite não for complicada e o paciente não tiver utilizado antibióticos previamente. Antibióticos de maior espectro de ação devem ser indicados nos seguintes casos: quando não há resposta clínica aos tratamentos com amoxicilina ou prévio e na vigência sem melhora de áreas com alta prevalência de agentes produtores de betalactamases, rinossinusite esfenoidal, com suspeita de rinossinusite complicada ou com sintomas persistentes por mais de 30 dias. Nas sinusites crônicas, o antibiótico dever ser eficaz contra as bactérias aeróbias comuns às sinusites agudas, contra S. aureus e contra bactérias anaeróbias. Podem ser utilizados cefalosporinas de segunda geração, clindamicina, metronidazol asssociado a cefosporina de primeira geração (cefalexina). Em adultos, as quinolonas respiratórias (levofloxacino e moxifloxacino) podem ser uma opção de tratamento. Nesses casos, o tempo de tratamento deve se estender por no mínimo 3 semanas, lembrando-se da importância de uma investigação mais minuciosa dos fatores associados ou desencadeantes. O tratamento medicamentoso também pode incluir corticosteroides orais, que vão reduzir o edema, principalmente em pacientes alérgicos. Para alívio dos sintomas obstrutivos nos primeiros dias de tratamento, pode-se utilizar descongestionantes tópicos e sistêmicos, mas por curto período de tempo. O tratamento cirúrgico na rinossinusite aguda só é indicado em caso de complicações orbitárias e intracranianas. Nas rinossinusites crônicas, a cirurgia deve ser considerada em casos selecionados e quando não há resposta ao tratamento medicamentoso, ou seja, 4 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período em caso de alterações anatômicas (pólipos, desvios septais, alterações ostiomeatais), sinusites fúngicas e concomitância de doença sistêmica associada (mucoviscidose, imunodeficiência, doença mucociliar). RINOFARINGITES VIRAIS A nasofaringite viral ou resfriado comum é a desordem infecciosa mais comum da infância, de natureza benigna e autolimitada. A definição anatômica de resfriado comum é de uma nasofaringite (ou rinofaringite) de etiologia viral que leva à inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais. O resfriado comum predispõe a criança a complicações bacterianas, como a otite média aguda e a sinusite. A faringite bacteriana, por sua vez, não é uma complicação do resfriado comum. RESFRIADO X GRIPE a gripe é uma doença sistêmica epidêmica causada pelo vírus influenza, caracterizada clinicamente por febre alta, mialgias e prostração. No resfriado, os sinais e sintomas são mais restritos às vias aéreas superiores. A sazonalidade depende do agente, por exemplo: - Rinovírus – início do outono e final da primavera; - Influenza e VSR – inverno; parainfluenza – final do outono; - Cocksackievírus – verão (“resfriado do verão”) • Etiologia O agente etiológico mais frequente é o rinovírus A imunidade adquirida contra este agente pode ser duradoura. Porém não há imunidade cruzada entre os sorotipos e, infelizmente, são conhecidos cerca de 100 sorotipos, o que na prática se traduz por mais de um episódio de resfriado em uma mesma criança ou adulto durante o ano. • Período de incubação O período de incubação dos agentes que mais comumente causam a nasofaringite viral gira em torno de dois a cinco dias. • Transmissão Os vírus são transmitidos sob a forma de aerossol e partículas maiores, que são levados ao meio ambiente através de tosse e coriza de crianças afetadas e, principalmente, por contato com mãos e objetos (fômites) que contenham secreções infectadas. A principal forma de transmissão dos vírus causadores do resfriado, principalmente o rinovírus e VSR, é o contato direto, e não a via inalatória • Patogênese Os vírus invadem as células epiteliais colunares ciliadas das vias aéreas superiores, promovendo uma resposta inflamatória local. ➜ A bradicinina é um importante mediador ➜ A mucosa torna-se congesta (edemaciada, eritematosa) por vasodilatação, enquanto a produção de muco exacerba-se. ➜ As citoquinas atraem neutrófilos (PMN) para o local, explicando a coriza purulenta, mesmo na ausência de superinfecção bacteriana. ➜ A rinorreia e a tosse resultam de estimulação de fibras colinérgicas locais. ➜ A lesão dos cílios do epitélio dificulta a limpeza adequada das secreções. ➜ A dor de garganta e a sensação de “garganta arranhando” são ocasionadas por lesão direta do epitélio da nasofaringe pelo vírus. O rinovírus não provoca destruição celular, a o passo que os vírus influenza e adenovírus já o fazem. Dentro de 24 horas após o início da infecção, uma IgA específica encontra-se presente nas secreções e, após uma semana, anticorpos das classes IgG e IgM contra o vírus são encontrados no soro, conferindo imunidade, principalmente para o sorotipo de rinovírus responsável pelo quadro clínico. A infecção por rinovírus e por adenovírus traz imunidade permanente sorotipo- específica. 5 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período Há mais de 100 sorotipos diferentes de rinovírus, o paciente ainda poderá ter muitos resfriados por rinovírus ao longo de sua vida. O vírus influenza apresenta alta capacidade automutagênica e, por isso, mesmo o desenvolvimento de imunidade específica não é suficiente para prevenir novas infecções. A infecção por parainfluenza e o VSR não conferem imunidade específica. • Manifestações clínicas O período de incubação é de um a três dias. Inicia-se com uma sensação de garganta “arranhando”, de duração máxima de três dias, evolui com espirros, obstrução nasal e rinorreia. A coriza (rinorreia) e a obstrução nasal (congestão dos cornetos) estão sempre presentes, definindo clinicamente a síndrome da nasofaringite. A coriza é abundante, sendo clara nos primeiros três dias, mas frequentemente se torna purulenta nos últimos dias. Esta modificação na cor da secreção de maneira alguma deve ser interpretada como resultado de infecção bacteriana secundária, refletindo apenas a descamação epitelial e a presença de polimorfonucleares. A obstrução nasal piora à noite (posição deitada) e prejudica muito a alimentação dos lactentes, que são respiradores nasais preferenciais. Os vírus influenza, VSR e adenovírus podem cursar com sintomas gerais como febre e mialgias. A ocorrência desses sintomas é incomum quando a síndrome é causada por rinovírus • Complicações ➔ otite média aguda ➔ sinusite ➔ pneumonia ➔ piora da asma • Diagnóstico A avaliação laboratorial com hemograma, VHS, cultura e isolamento de vírus de secreções de orofaringe ou nasais não é necessária, sendo o diagnóstico clínico. • Tratamento Tratamento sintomático: Algumas vezes, antivirais O tratamento da maioria dos pacientes com influenza é sintomático; é feito com repouso, hidratação e antitérmicos como necessário, mas evita-se o ácido acetilsalicílico para os pacientes com ≤ 18 anos de idade. Infecções bacterianas complicadas requeremantibióticos apropriados. Fármacos para influenza: Fármacos antivirais diminuem ligeiramente a duração da febre, a gravidade dos sintomas e o tempo para retornar às atividades normais quando administradas dentro de 1 a 2 dias após o início dos sintomas. Geralmente, recomenda-se o tratamento com antivirais para os pacientes de alto risco (incluindo todos os pacientes hospitalizados) com sintomas gripais; essa recomendação baseia-se em dados que sugerem que o tratamento precoce pode evitar complicações nesses pacientes. Os fármacos para influenza compreendem: - Oseltamivir, zanamivir e peramivir (inibidores de neuraminidase) - Baloxavir (novo i nibidor da endonuclease) Os inibidores de neuraminidase interferem na liberação do vírus influenza de células infectadas e, assim, detêm a disseminação da infecção. O baloxavir, um inibidor da endonuclease, interfere na replicação viral bloqueando a transcrição do RNA viral. É ativo contra influenza A e B e pode ser uma nova opção terapêutica importante caso ocorra resistência aos inibidores de neuraminidase. Administrar zanamivir por inalação, 2 borrifos (10 mg), 2 vezes ao dia; pode ser usado em adultos e crianças com ≥ 7 anos de idade. Zanamivir algumas vezes causa broncospasmo e não deve ser administrado a pacientes com doenças das vias respiratórias reativas; algumas pessoas não podem usar o inalador. Prescrever oseltamivir 75 mg VO de 12/12 h para pacientes com > 12 anos de idade; pode-se utilizar doses mais baixas em crianças com 1 ano de idade. Oseltamivir pode produzir náuseas e vômitos ocasionais. Em crianças, o oseltamivir pode diminuir a incidência de otite média; entretanto, nenhum outro dado indica que o tratamento da influenza previna complicações. O peramivir é administrado I V em dose única e pode ser usado para os pacientes > 2 anos que não toleram medicamentos orais ou i nalatórios. Estudos sobre seu uso contra a i nfluenza B são l imitados. 6 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período O baloxavir é administrado em dose única de 40 mg por via oral para pacientes ≥ 12 anos e 40 a 80 kg ou em dose única de 80 mg para pacientes > 80 kg. Pode ser usado em pacientes ≥ 12 anos com i nfluenza não complicada que tiveram sintomas há ≤ 48 horas, saudáveis e não são de alto risco . Não foi estudado em pacientes hospitalizados, imunocomprometidos ou gestantes ou com pneumonia grave. Adamantanos (amantadina e rimantadina) foram previamente utilizados; no entanto, mais de 99% dos vírus circulantes atuais e de circulação recente da influenza são resistentes aos adamantanos, portanto, essas substâncias não são recomendadas atualmente. Adamantanos inibem o canal do íon M2 e a perda de invólucro viral. São eficazes apenas contra o vírus influenza tipo A (o vírus i nfluenza B não t em a proteína M2). Vacina contra influenza: As vacinas contra influenza são modificadas anualmente de modo a incluir as cepas mais prevalentes (em geral, 2 cepas da influenza A e 1 ou 2 cepas da influenza B). Às vezes, vacinas ligeiramente diferentes são usadas nos hemisférios norte e sul. Há 2 t ipos básicos de vacina contra i nfluenza: ● Vacina inativada contra influenza (IIV) ● Vacina de vírus vivo atenuado contra influenza (LAIV l ive-attenuated influenza vaccine) Vacinas trivalentes estão sendo gradualmente substituídas por vacinas tetravalentes que abrangem um cepa adicional do vírus B. Uma vacina recombinante trivalente contra influenza (RIV3) e uma vacina baseada em cultura de células (ccIIV3) que não contêm proteína de ovo estão disponíveis. Uma dose alta da vacina trivalente está disponível para pacientes ≥ 65 anos. A vacinação anual contra influeza é recomendada para ● Todas as pessoas ≥ 6 meses Pode-se administrar vacina influenza inativada (IIV) para todas as pessoas ≥ 6 meses de idade, incluindo gestantes. Uma formulação apropriada para a idade deve ser usada. Adultos ≥ 65 anos devem receber uma dose alta de I IV. A dose alta é recomendada apenas para aqueles ≥ 65 anos. Pode-se utilizar vacina influenza recombinante (RIV3) em pessoas de 18 a 49 anos de idade. Pode-se administrar vacina influenza viva atenuada (LAIV) para pessoas saudáveis com 2 a 49 anos de idade que não estão grávidas e que não têm doenças que comprometem a imunidade durante a estação de gripe de 2018 a 2019. A segurança da LAIV não f oi estabelecida em pessoas com doenças que as predispõem a complicações da gripe, incluindo doença pulmonar avançada ou asma. Profissionais de saúde que cuidam de pessoas imunocomprometidas (aqueles que exigem cuidados em um ambiente protegido) devem receber I IV ou RIV3 em vez de LAIV (ou eles devem evitar contato com as pessoas imunocomprometidas por 7 dias depois de receber a vacina). Precauções para LAIV incluem: - Certas doenças crônicas como doenças pulmonares, cardíacas, renais, hepáticas e hematológicas crônicas (p. ex., hemoglobinopatias) ou metabólicos (p. ex., diabetes mellitus) - Asma em pessoas com ≥ 5 anos de idade - Doença aguda moderada ou grave com ou sem febre (a vacinação é adiada até a resolução da doença) - Síndrome de Guillain-Barré 6 semanas após uma dose prévia de uma vacina contra influenza - Uso de fármacos antivirais específicas: e., amantadina, rimantadina, zanamivir, oseltamivir (esses fármacos são interrompidos 48 horas antes da vacinação e não são retomadas por 14 dias após a vacinação) A p rincipal contraindicação para RIV3 é ● História de reação alérgica grave (p. ex., anafilaxia) após uma dose de RIV3 Precauções para RIV3 incluem ● Doença aguda moderada ou grave com ou sem febre (a vacinação é adiada até a resolução da doença) ● Síndrome de Guillain-Barré 6 semanas após uma dose prévia de uma vacina contra influenza • Prevenção Não existe vacina contra o rinovírus, A medida preventiva mais eficaz contra o resfriado é a lavagem frequente das mãos ou pelo menos após o contato direto com algum suspeito de resfriado ou gripe. 7 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período OTITE MÉDIA AGUDA • Evolução de uma rinofaringite • Dor no ouvido de crianças maiores e menores ficam com irritabilidade • Diagnóstico: achados da otoscopia → dim da motilidade, brilho da membrana timpânica, exsudato na membrana, hiperemia • Principais causadores: streptococcus pneumoniae, haemophilus e moraxella. • Iniciar com antibiótico e reavaliar em 48h • Resfriado comum com ventilação prejudicada na tuba auditiva • Amamentação em posição inadequada; • Crianças: tuba auditiva horizontalizada, menor extensão de sua porção ístmica (mais propícia ao refluxo nasal), tem em média 18 mm (no adulto possui de 31 a 38 mm), forma um ângulo com o plano horizontal de 10º (no adulto, o ângulo é de 45º). • Patogênese: Ocorre uma disfunção da trompa de Eustáquio decorrente de obstrução, o que prejudica a ventilação do ouvido médio, estimulando secreção de muco pelo epitélio num espaço fechado pela obstrução. Paralelamente, durante os episódios intermitentes de aspiração, refluxo ou insuflação da tuba, bactérias colonizadoras da nasofaringe podem alcançar a cavidade do ouvido médio e encontra esse meio rico em muco e fechado, o que estimula a proliferação bacteriana e leva à OMA, funcionando como um abscesso. As infecções virais das vias aéreas superiores frequentemente precipitam esse processo de disfunção do ouvido médio, especialmente o resfriado comum. A pressão e o processo inflamatório no ouvido médio é o que gera o sintoma de dor (otalgia). Em alguns dias, a evolução natural da doença seria a drenagem do ‘abscesso’ para o meio externo, por meio de pequenas perfurações na membrana timpânica e o paciente experimenta saída de secreção (otorréia)e melhora da otalgia. • Quadro clínico - Abaulamento da membrana timpânica - Dor - Hipoacusia - Febre • Tratamento - Antibiótico: Amoxicilina 7 a 10 dias; Amoxicilina + clavulanato, Cefalosporinas de 2 geração - Antitérmicos - Antinflamatórios - Evitar exposição a água • Profilaxia - Incentivo ao aleitamento materno - Vacinas - Prorrogar o ingresso a creches - Profilaxia com antibióticos: + de 3 quadros no ano (amoxicilina). FARINGOAMIGDALITE AGUDA A infecção de garganta pode ser causada por infecções bacterianas ou virais. A maioria dos casos é de origem viral. As infecções de garganta por vírus são processos benignos que se resolvem espontaneamente, ao contrário das bacterianas que podem levar a complicações, como abscessos e febre reumática. O principal sintoma desse quadro é a presença de uma dor de garganta, associada, ou não, à dificuldade para engolir (odinofagia). Infecção de garganta com placa nem sempre é sinal de infecção bacteriana. As principais causas de faringoamigdalites são de origem virais (90% dos casos), apenas uma pequena parcela de 10% que é de origem bacteriana. A maioria dessas infecções de origem bacteriana é caracterizada por presença de placas brancoamareladas purulentas, na região da amígdala; hiperemia do palato mole e da região periamigdaliana; odinofagia e ainda pode estar presente linfoadenomegalia cervical bilateral. Entretanto, algumas faringoamigdalites virais, como: Herpes Vírus, Mononucleose Infecciosa, Difteria e Coxsackie do grupo A podem manifestar alguns desses sintomas, simulando uma infecção bacteriana. É importante lembrar que nem toda infecção de garganta é auto-limitada e benigna; sendo necessário, em alguns casos, ir ao atendimento médico para realizar um tratamento adequado. Há um tipo de infecção causada pela bactéria Streptococcuspyogenes do grupo A podem levar a sérias consequências, como: - febre reumática - glomerulonefrite pós-estreptocócica - abscesso periamigdaliano. 8 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período Essas consequências podem levar a sequelas sérias como cardiopatias graves, insuficiência renal e sepse. Em se tratando de faringoamigdalites estreptocócica (placas brancoamareladas próximas às amígdalas, em associação com vermelhidão e dor para engolir), deve- se procurar atendimento médico rápido, para ser feito o diagnóstico precocemente e se instalar um tratamento adequado, a fim de se evitar consequências sérias futuras. LARINGITE É sinônimo de inflamação laríngea, o que implica uma resposta local a dano tecidual, caracterizado por dilatação capilar e infiltração leucocitária. A laringite aguda é uma condição autolimitada que dura menos de três semanas e geralmente está associada a uma infecção do trato respiratório superior, principalmente viral. As infecções geralmente ocorrem durante um período de até sete dias, com febre e comprometimento das vias aéreas, sendo mais prevalente na infância. Causas não infecciosas incluem tensão vocal excessiva, refluxo gastroesofágico e inalação de irritativos. LARINGITE INFECCIOSA A laringotraqueíte aguda (também denominada de crupe viral) pode ser definida como uma infecção viral subaguda de vias aéreas alta caracterizada por tosse tipo “latido de cachorro”, febre e estridor. Os agentes mais comuns são o vírus parainfluenza 1 e 2, e influenza tipo A. Ocorre mais frequentemente no outono e inverno, com crianças de 1 a 3 anos, e duração média de 3 a 7 dias. Pode ser chamada atípica quando ocorre em menores de 1 ano, duração maior que 7 dias, ou quando não tem curso benigno com resolução espontânea e, nestes casos, deve-se pensar em corpo estranho, estenose subglótica, traqueíte bacteriana. O resfriado comum é a infecção viral do trato respiratório superior manifestado geralmente por coriza, tosse, febre baixa e cefaléia. Ocasionalmente, quando há acometimento inflamatório da laringe, pode ocorrer disfonia. Pode ser causado por diversos agentes como rinovirus (mais frequente), adenovírus (geralmente com maior dificuldade respiratória), picornavirus, entre outros. O quadro é autolimitado e em cerca de 50% dos casos o agente não é identificado. Embora a etiologia da infecção na maioria dos casos seja considerada viral, foram isolados da nasofaringe de adultos com laringite aguda alguns agentes bacterianos como Moraxella catarrhalis , Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae. A difteria, coqueluche, sarampo, rubéola e varicela também podem, eventualmente, causar lesão inflamatória laríngea e traqueal. LARINGITE NÃO-INFECCIOSA A laringe pode ser afetada por mecanismos hiperfuncionais anormais (gritos e tosse persistente) e desequilíbrio da tensão nos músculos envolvidos na produção da voz, levando à disfonia. A lesão resulta de microtrauma submucoso da prega vocal, com edema focal e hemorragia. A doença do refluxo gastroesofágico, devido a proximidade com a laringe, leva a exposição do suco gástrico e bile à região laríngea, que podem causar lesão direta, alteração da função mucociliar, alteração de cicatrização de lesões pré-existentes, alterações da função neuro-muscular, e até metaplasia. Pode ocorrer alteração da qualidade vocal e rouquidão, devido inflamação, edema, formação de granulomas, pólipos, artrite da articulação cricoaritenóidea, entre outros. A laringite aguda catarral é afecção de etiologia viral e acompanha os processos infecciosos das vias respiratórias superiores. O agente etiológico mais comum é o vírus parainfluenza 1. Entretanto, podem estar implicados outros vírus, como parainfluenza 3, influenza A, rinovírus, sincicial respiratório e, mais raramente, Mycoplasma pneumoniae. O diagnóstico se baseia na história clínica e no exame físico. O quadro clínico se caracteriza por tosse rouca, febre baixa, disfonia, dor, irritação na garganta e, menos comumente, dispneia e estridor inspiratório. Para a resolução do processo costumam ser suficientes medidas de apoio, como hidratação, umidificação das vias respiratórias com vapor d’água, repouso vocal e o afastamento de possíveis fatores irritantes (principalmente tabagismo domiciliar e poluentes ambientais). Na laringite aguda, o quadro se inicia com sintomas típicos de infecção de vias ·aéreas superiores, com congestão nasal, febre (mais frequentes nas crianças), 9 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período tosse e pigarro. A sintomatologia é de início abrupto e o tempo de duração é de, em média, 7 dias. Os achados clássicos de rubor, dor e edema são comumente encontrados na mucosa laríngea, o que proporciona alterações da função fonatória, manifestadas pelos pacientes com a queixa de rouquidão (disfonia). A disfonia, independentemente de sua etiologia, pode estar associada a disfagia, odinofagia, odinofonia, que pode ser desde discreta até afonia temporária. Como sinais e sintomas de maior gravidade, podem-se relatar cianose de extremidades, aumento da frequência cardíaca, estridor e dispneia, principalmente em crianças, nas quais as laringites agudas costumam apresentar sintomas mais preocupantes, em virtude da sua anatomia e histologia próprias da idade. · Nos adultos, a laringite aguda costuma ser menos grave e a disfonia é o sintoma dominante nesta faixa etária. • A epiglotite ou laringite supraglótica é infecção bacteriana da laringe supraglótica, causada pelo Haemophilus influenzae b (Hib), que acomete crianças entre 2 e 6 anos de idade. Doença potencialmente fatal, manifesta-se por febre alta, dor de garganta e sialorreia, que em poucas horas progride para dispneia e estridor inspiratório. A radiografia da região cervical pode revelar aumento do volume da epiglote, obliterando a valécula. O paciente deveser encaminhado de imediato a ambiente hospitalar, onde se possa realizar uma laringoscopia, sob supervisão de um anestesiologista, para confirmação do diagnóstico. O tratamento clássico é constituído por intubação orotraqueal durante 48 a 72 h, corticoterapia sistêmica em doses anti-inflamatórias, hidratação intravenosa, nebulizações com oxigênio e soro fisiológico e antibioticoterapia com cefalosporina de terceira geração. A imunização contra Hib assume papel fundamental na profilaxia de epiglotite. • A laringite estridulosa, também conhecida como laringite sufocante da infância ou subglótica, caracteriza-se por episódio súbito de dispneia noturna, progressiva, acompanhada de tosse rouca, cornagem, estridor e retração intercostal. O paroxismo da tosse é seguido de vômitos que provocam a cessação do ataque. Geralmente, acomete crianças entre 1 e 4 anos de idade, em episódios isolados, ou repetindo-se durante duas a três noites. Embora fatores associados, como hiperplasia de vegetações adenoideanas, infecções de vias respiratórias superiores e alergia respiratória, possam acompanhar o quadro, sabe-se que a maioria dessas crianças apresenta algum grau de refluxo gastreso fágico. A simples umidificação da vias respiratórias por meio de nebulizações com soro fisiológico é suficiente para aliviar os sintomas da crise, e medidas e tratamento medicamentoso antirrefluxo gastresofágico costumam prevenir suas recidivas. IVAS VIRAIS X IVAS BACTERIANAS A principal diferença entre doenças causadas por vírus e bactérias está na forma como elas vão se desenvolver no organismo. As bactérias, por serem organismos celulares, vão se dividir e multiplicar no seu corpo, causando uma piora no quadro na medida em que ganham mais espaço no organismo. Já os vírus não possuem células e dependem das células do próprio corpo para se desenvolverem. Assim, ele se multiplica no organismo na medida em que contamina outras células. Em geral, especialmente no início da doença, os sintomas de infecções virais e bacterianas são muito parecidos e inespecíficos: febre, náuseas e/ou diarreias, acúmulo de muco nas fossas nasais e no peito, mal-estar generalizado, etc. Na medida em que avançam, algumas doenças podem ter sintomas mais específicos, como a rigidez da nuca no caso das meningites. Mas alguns sintomas podem ser comuns a mais de uma doença, como as manchas vermelhas na pele, presentes nos casos de dengue, sarampo e escarlatina. Nas infecções respiratórias, é possível observar a diferença na textura e na cor do muco quando se trata de vírus ou bactéria. Secreções claras e mais líquidas indicam, em geral, que o mal-estar está sendo causado por vírus. Secreções mais densas, esverdeadas ou amareladas, indicam a infecção por bactéria. A mudança da cor se deve à ação de neutrófilos, que são células de defesa que atacam as bactérias e liberam uma proteína de cor verde. Entre as principais doenças causadas por vírus estão: gripes e resfriados, hepatites, HIV, dengue, rubéola, varíola, etc. As principais doenças causadas por bactérias são: tuberculose, coqueluche, tétano, sífilis, cólera, pneumonia, dentre outras. 10 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período Boa parte das viroses mais comuns como gripes, resfriados e diarreias, vai sumir espontaneamente em até sete dias. Em geral, o tratamento e a medicação têm o objetivo de aliviar os sintomas. Antitérmicos e analgésicos para febre e dor são os mais comuns. Maior ingestão de água e repouso completam os cuidados nesses casos. Para alguns tipos de vírus será prescrito um retroviral específico para neutralizar e eliminar o vírus do organismo do paciente. É o caso, por exemplo, dos antirretrovirais utilizados para tratar o HIV. No caso de doenças causadas por bactérias o tratamento é feito com antibióticos. • Diagnóstico ➞ viriais: diagnóstico é clínico. no leucograma o número de leucócitos pode estar aumentado nas infecções virais ➞ bacterianas: diagnóstico é clínico. O hemograma completo apresenta leucocitose com desvio à esquerda e neutrofilia. o padrão-ouro para confirmação do diagnóstico é a cultura de material de orofaringe, que apresenta sensibilidade em torno de 90-95%, porém tem resultado demorado (18-48 horas). Os IVAS BACTERIANA X VIRAL testes de detecção rápida do antígeno apresentam especificidade de 95% e sensibilidade de 70-95% e, apesar de serem mais caros, permitem diagnóstico rápido, reduzindo o tempo para início do tratamento e os riscos de disseminação. ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA, EMPÍRICA E DIRIGIDA. Considerando o momento ao longo da linha de progressão da doença em que o tratamento é iniciado, este pode ser pode ser profilático, antecipatório ou preventivo, empírico, definitivo ou supressor. A profilaxia consiste em tratar pacientes que ainda não estão infectados ou não desenvolveram a doença. O objetivo é evitar a infecção ou impedir o desenvolvimento de uma doença potencialmente perigosa em indivíduos que já têm evidências de infecção. O tratamento preventivo é usado como substituto à profilaxia universal e como tratamento precoce dirigido aos pacientes de alto risco que já tenham indícios laboratoriais ou outro teste indicando que um paciente assintomático se tomou infectado. O princípio desse tratamento é que sua administração antes do desenvolvimento dos sinais e dos sintomas (pré- sintomático) erradica a doença iminente. Deve ter duração curta e pré-definida. Um exemplo da utilização deste tipo de tratamento é para evitar a doença causada por citomegalovírus (CMV) depois dos transplantes de células-tronco hematopoiéticas e órgãos sólidos. O tratamento empírico consiste na iniciação do tratamento baseado na apresentação clínica, que pode sugerir o microrganismo específico, assim como no conhecimento dos microrganismos mais prováveis de causarem infecções específicas em determina dos hospedeiros, antes da confirmação laboratorial da própria infecção e do patógeno. Sempre deve ser avaliado se o tratamento está realmente indicado. Com algumas doenças, o custo de esperar alguns dias por indícios microbiológicos de infecção é pequeno. Em outro grupo de pacientes, os riscos de esperar são altos, tendo como base o estado imune do indivíduo ou outros fatores de risco que reconhecidamente agravam o prognóstico. Existem técnicas laboratoriais simples e rápidas para auxiliar nessa decisão, como o exame de secreção e líquidos corporais infectados com o corante de Gram. Esses exames auxiliam a reduzir a lista de patógenos possíveis e permitem a escolha mais racional do tratamento inicial. Antes de iniciar o tratamento empírico, deve-se sempre obter os materiais para as culturas apropriadas. O tratamento definitivo consiste no tratamento individualizado com antibiótico específico empregado quando um patógeno é isolado e os resultados dos testes de sensibilidade estão disponíveis. O tratamento com um único fármaco é preferível para reduzir os riscos de toxicidade e seleção de patógenos resistentes, embora haja situações especiais nas quais há evidências inequívocas a favor do tratamento combinado. A duração deve ser a menor possível. Os princípios da utilização de terapia combinada são: evitar resistência, acelerar a rapidez da atividade microbicida, aumentar a eficácia terapêutica ou ampliar a atividade microbicida e reduzir a toxicidade (como nos casos em que a eficácia plena de um antibacteriano pode ser conseguida apenas com doses tóxicas e a administração de um segundo fármaco produz efeitos aditivos). 11 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período O tratamento supressor consiste no tratamento mantido com dose mais baixa após o controle da doença inicial com o antimicrobiano.O objetivo é mais propriamente de profilaxia secundária. Isso ocorre porque, nesses casos, a infecção não foi completamente erradicada e a anormalidade anatômica ou imune que causou a infecção original ainda persiste. Isso é comum, por exemplo, nos pacientes com Aids e nos transplantados. FARMACOLOGIA ANTIBIOTICOS A classificação dos fármacos antibacterianos é realizada de várias maneiras que muitas vezes se sobrepõem. Em primeiro lugar, eles podem ser bacteriostáticos ou bactericidas. Essa categorização depende, em grande parte, da concentração de fármaco que pode ser conseguida, com segurança, no plasma sem causar toxicidade significativa na pessoa que o toma. Os antibacterianos bacteriostáticos inibem o crescimento bacteriano, mas não destroem as bactérias nas concentrações plasmáticas que são seguras para os seres humanos; contudo, a inibição do crescimento bacteriano permite que os mecanismos imunes do hospedeiro eliminem a bactéria. Tais fármacos serão menos eficazes em indivíduos imunocomprometidos ou quando as bactérias estiverem dormentes e não se dividindo. Já os antibacterianos bactericidas matam as bactérias em concentrações plasmáticas seguras para os seres humanos, mas os mecanismos imunológicos ainda desempenham um papel na eliminação final das bactérias. Alguns fármacos bactericidas são mais eficazes quando as células bacterianas estão se dividindo ativamente e, portanto, podem ser menos eficazes se administrados em conjunto com um fármaco bacteriostático. Para que os antibacterianos sejam bactericidas, devem ser administrados na concentração adequada; uma concentração muito baixa pode torná- los apenas bacteriostáticos. Em segundo lugar, os antibacterianos podem ser agrupados de acordo com os seus mecanismos de ação: • Inibição da síntese de peptideoglicanos da parede celular bacteriana ou ativação de enzimas que atuam na parede celular. Exemplos: β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos), glicopeptídeos, fosfomicina. • Aumento da permeabilidade da membrana de fosfolipídios de células bacterianas, levando ao vazamento de conteúdos intracelulares. Exemplos: polimixinas e daptomicina. • Prejuízo à função ribossômica bacteriana, produzindo inibição reversível da síntese proteica. Exemplos: aminoglicosídeos, macrolídeos, lincosamidas, tetraciclinas, glicilciclinas, estreptograminas, oxazolidinonas, cloranfenicol. • Bloqueio seletivo de vias metabólicas bacterianas. Exemplos: trimetoprima e sulfonamidas. • Interferência no metabolismo de DNA ou RNA bacteriano. Exemplos: fluoroquinolonas, rifamicinas, nitromidazóis, nitrofuranos. ANTIBACTERIANOS INIBIDORES DA PAREDE CELULAR E MEMBRANA PLASMÁTICA As β-lactamases podem ser detectadas em Enterobacteriaceae, Haemophilus influenza, Neisseria gonorrhoeae, Vibrio cholerae, Pseudomonas aeruginosa, Moraxella spp., e anaeróbios, tais como as espécies do grupo Bacteroides fragilis, cepas de Prevotella que produzem pigmento, Porphyromonas 12 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período spp., Bilophila wadsworthia, Fusobacterium spp. e Clostridium spp. • BETA-LACTÂMICOS - Penicilina - Cefalosporinas - Monobactâmicos - Carbapenêmicos • VANCOMICINA Os beta-lactâmicos têm em comum o anel lactâmico • Antibacterianos beta-Lactâmicos - Penicilinas - Cefalosporinas - Monobactâmicos - Carbapenêmicos Mecanismo de ação: Liga-se às proteínas ligadoras de penicilina (PLP) → Interrompe a reação de transpeptidação → Interrompe síntese de peptideoglicano → MORTE CELULAR • Gram negativas: Para um antimicrobiano ter efeito, é necessário que ele atravesse as porinas (presentes exclusivamente nas gram negativas) e posteriormente as beta-lactamases, as quais se localizam no espaço periplasmático e são mais concentradas nas bactérias gram negativas. INIBIDORES DE BETA-LACTAMASE- (Penicilinas de amplo espectro, obtidas por associação com inibidores de ß-lactamase) - Amoxi/Ácido Clavulânico - Ampi/Sulbactam - Ticarcilina/Ácido Clavulânico - Pipe/Tazo Os inibidores de beta-lactamase não são penicilinas, no entanto, ao não serem associados às 13 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período penicilinas não possuem efeito. Benzetacil = de depósito = distribuição aos poucos = única administração Se atingir o Sistema Nervoso Central, é indicada utilizar a Penicilina Cristalina ★ O melhor tratamento para uma infecção por MSSA é a oxacilina. ★ Se começar o tratamento com Vancomicina e o laboratório laudar a bactéria como uma MSSA deve ser iniciado tratamento com oxacilina imediatamente.(Este é um caso de descalonamento) GP = Gram Positivas GN = Gram Negativas → Ticarcilina/ácido clavulânico e Piperacilina/Tazobactam: - São utilizados em hospitais, por intravenosa - São utilizadas como tratamento de bactérias pseudomonas (penicilinas antipseudomonas) - pseudomonas são bactérias gram negativas e não fazem parte da microbiota, e são muito frequentes em infecções hospitalares. • Indicações clínicas das penicilinas: - Faringites e epiglotites - Otites e sinusites - Pneumonias - Infecções cutâneas - Meningites bacterianas - Infecções genitais - Endocardites bacterianas - Profilaxia (endocardites, febre reumática) • Mecanismos de resistência : 1. Alteração do sítio de ligação (PLPs): MRSA - gene cromossômico Mec A → produz PLP resistente aos β-lactâmicos Streptococcus pneumoniae não sensível à penicilina (PNSP) 2. Alteração da permeabilidade da membrana externa: Bactérias mutantes sem produção de porinas (P. aeruginosa) 3. Degradação por produção de Beta-lactamases. ANTIVIRAIS • Farmacocinética Absorção: O oseltamivir é prontamente absorvido a partir do trato gastrointestinal após administração oral de fosfato de oseltamivir (pró-fármaco), sendo extensamente convertido pelas esterases, predominantemente hepáticas, no metabolito ativo (carboxilato de oseltamivir). Pelo menos 75 % de uma dose oral alcança a circulação sistémica sob a forma de metabolito ativo. As concentrações plasmáticas do pró fármaco e do metabolito ativo são proporcionais à dose e não são afetadas pela coadministração com alimentos. Distribuição: Uma vez que a atividade da neuraminidase é extracelular, o carboxilato de oseltamivir distribui-se a todos os locais de disseminação do vírus influenza. A ligação do carboxilato de oseltamivir às proteínas do plasma humano é negligenciável (aproximadamente 3 %). Biotransformação: O oseltamivir é extensamente convertido a carboxilato de oseltamivir por esterases localizadas predominantemente no fígado. Ensaios invitro demonstraram que nem o oseltamivir nem o metabolito ativo, são um substrato ou um inibidor das principais isoformas do citocromo P450. Não foram identificados conjugados de fase 2 de qualquer dos compostos, in vivo. Eliminação: é eliminado essencialmente (> 90 %) pela conversão no carboxilato de oseltamivir. Este não sofre metabolização posterior sendo eliminado na urina. A 14 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período concentração plasmática máxima do carboxilato de oseltamivir diminui com uma semivida de 6 a 10 horas, na maior parte dos indivíduos. Menos de 20 % de uma dose oral radio-marcada é eliminada nas fezes. • Farmacodinâmica O fosfato de oseltamivir é um pró-fármaco do metabolito ativo (carboxilato de oseltamivir). O metabolito ativo é um inibidor seletivo das enzimas neuraminidase do vírus influenza, que são glicoproteínas que se encontram na superfície do virião. A atividade da neuraminidase viral é importante quer para a entrada do vírus nas células não infetadas quer para a libertaçãodas partículas virais recentemente formadas em células infetadas e para a posterior disseminação de vírus infeciosos no organismo. O carboxilato de oseltamivir inibe as neuraminidases dos vírus influenza A e B, in vitro. O fosfato de oseltamivir inibe a infeção pelo vírus influenza e a replicação in vitro. O oseltamivir, administrado por via oral, inibe a replicação dos vírus influenza A e B e a sua patogenicidade em modelos animais da infeção pelo influenza, para exposições antivirais semelhantes às alcançadas no Homem com 75 mg, duas vezes por dia. A atividade antivírica do oseltamivir foi apoiada por estudos de infeção experimental com vírus influenza A e B, realizados em voluntários saudáveis. Podem ser administrados VO, inalatória e IV. Dores recomendadas de Oseltamivir 75mg duas vezes ao dia, por 5 dias. E começa com 48h dos sintomas Interações Medicamentosas: Sem interação medicamentosa, no entanto, deve tomar-se cuidado ao prescrever oseltamivir a indivíduos que estejam a tomar fármacos com estreita margem terapêutica, excretados pela mesma via (como por exemplo clorpropamida, metotrexato, fenilbutazona). Não se observaram interações farmacocinéticas entre o oseltamivir ou os seus principais metabolitos ao coadministrar oseltamivir e paracetamol, ácido acetilsalicílico, cimetidina, antiácidos (hidróxidos de magnésio e alumínio e carbonatos de cálcio), rimantadina ou varfarina (em indivíduos estáveis a tomar varfarina e sem gripe). O uso de Tamiflu pode ser considerado durante a gravidez se necessário e após consideração da informação de benefício e segurança disponíveis (para dados relativos ao benefício em mulheres grávidas, ver secção 5.1 “Tratamento da gripe em mulheres grávidas”) e da patogenicidade da estirpe do vírus da gripe em circulação. Efeitos adversos: são náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, insônia e vertigem. Efeitos adversos neuropsiquiátricos, incluindo delírio, comportamento anormal e alucinações foram relatados raramente. A vigilância realizada durante a pandemia de gripe H1N1 2009 detectou incidência esporádica e pouco frequente de cepas oseltamivir resistentes. Todos os vírus resistentes tinham mutações na neuraminidase (mutação mais comum H275Y), que confere resistência ao oseltamivir, mas não para zanamivir. A resistência ao oseltamivir entre vírus da influenza B ocorre menos frequentemente. MINTI • Como os exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico das IVAS Um dos métodos utilizados para a monitoração e inibição da transmissibilidade em surtos epidêmicos/pandêmicos é a avaliação da temperatura da superfície corporal entre os indivíduos de uma comunidade e, em especial, entre viajantes ou em outros locais onde ocorre aglomeração. Sabemos que os quadros infecciosos apresentam frequentemente a febre como um dos 1º sinais clínicos e, baseado nessa premissa, podemos destacar a Termografia Infravermelha como um dos instrumentos úteis para realizar a avaliação da temperatura da superfície corporal. A termografia pode ser utilizada para a detecção precoce de doenças, ou no auxílio de diagnósticos clínicos, pois a termografia tem uma alta sensibilidade para detectar qualquer anomalia de emissão do infravermelho do corpo humano, de tal maneira que é considerado um exame de triagem, mostrando se o paciente tem alguma anomalia, ou não, tendo especial utilização na prevenção e no monitoramento de epidemias. **A utilização de termografia em aeroportos, portos, estações ferroviárias e estações rodoviárias, utiliza apenas uma câmera termográfica colocada nos locais de 15 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período embarque e desembarque para detectar, com muita sensibilidade, alguém que esteja iniciando um quadro infeccioso – como, por exemplo, os ocasionados pelos vírus ebola, H1N1, H5N1 ou Covid-19. **Os sensores térmicos infravermelhos fazem parte dos testes de diagnóstico rápido que ajudam a retardar ou limitar a propagação do vírus antes que um novo contágio ocorra, pela identificação precoce de uma epidemia e fiscalização contínua de viajantes, o que pode levar à implementação de medidas apropriadas, incluindo afastamento social, isolamento das pessoas infectadas, quarentena dos casos suspeitos de contágio ou tratamentos precoces com medicamentos adequados. Os aparelhos utilizados detectam o principal sintoma da doença, a febre, que corresponde ao período em que a doença é altamente transmissível, apontando para uma possível confirmação da doença quando unidas à avaliação clínica e outros exames laboratoriais conforme a necessidade. • Características Técnicas do Sistema de Imagens Infravermelho - Alta sensibilidade térmica e precisão com alta resolução - Sensibilidade térmica >0,03°C - Precisão de leitura ±1% - Foco automático 16 Siwane Isoton Borges | T3 – 5° período .
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