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ENUNCIADO PEÇA 3- ESTAGIO III Marcos de Carvalho foi denunciado pela prática do crime de corrupção ativa (333. Cp), eis que, segundo narra a peça acusatória, teria oferecido vantagem indevida a um funcionário público, a fim de que ele deixasse de praticar ato de ofício. Recebida a denúncia, Marcos foi citado e sua defesa apresentou Resposta à Acusação no prazo legal. Não entendendo ser o caso de absolvição sumária, o juiz determinou o prosseguimento do feito. Na audiência de instrução, as testemunhas de defesa apenas informaram sobre a boa conduta social de Marcos. Por sua vez, as testemunhas de acusação, ouvidas em seguida, limitaram-se a dizer que viram o réu e o funcionário público conversando, mas não ouviram o teor do diálogo travado entre eles. O réu, ao ser interrogado, fez uso de seu direito ao silêncio. Finda a instrução e após a apresentação de memoriais escritos pelas partes, o Magistrado proferiu sentença condenatória, entendendo comprovada a acusação, pois as testemunhas viram a conversa, bem como porque se o réu fosse inocente, ele não permaneceria calado. A pena-base foi fixada em 3 anos de reclusão, ao argumento de que a corrupção deve ser combatida com vigor. Como advogado de Marcos, adote a medida cabível. QUAL É A PEÇA? Cliente Marcos de Carvalho (réu) Crime Pena Corrupção ativa. art. 333 do CP - pena• 2 a 12 anos em abstrato, sendo 3 anos em concreto. AçãoPenal Pública Incondicionada Rito Comum ordinário. a pena máxima (12 anos) é superior a 4 anos - art. 394, S | 0 do CP Suspensão condi- Clonal do processo (art .89 da Lei 9.099/1995) Não é cabível: a peno mínima (2 anos) é superior a I ano. Momento processual Logo após a condenação em primeiro grau, apresentar o recurso cabível em favor de Marcos de Carvalho. ESQUELETO DA PEÇA Recurso de APELAÇÃO - 593, inc I, do CPP Competência Interposição: Juiz de Direito da . Vara Criminal da Comarca de Razões.' Tribunal de Justiça do Estado de Teses (APRESENTAÇÃO DA TESE) O presente feito padece de nulidade, conforme se demonstrará a seguir. (PREMISSA MAIOR) Segundo a ordem prevista no art. 400 do CPP, as testemunhas de acusação do devem ser ouvidas antes das testemunhas de defesa na audiência de instrução. (PREMISSA MENOR) No caso, as testemunhas de acusação foram ouvidas após as de defesa, em manifesta contrariedade ao mencionado dispositivo legal, bem como em desrespeito à ampla defesa, prevista no art. 5. 0, inc. LV, da CF/1 988. (CONCLUSÃO) Destarte, deve ser anulado o presente feito desde a audiência de instrução, nos termos do art. 564, inc IV, do CPP. (APRESENTAÇÃO DA TESE) Ainda que não se entenda pela anulação, não deve prevalecer a condenação de Marcos pela prática do crime de corrupção ativa. Vejamos. (PREMISSA MAIOR) Nos termos do art. 386, inc. II, do CPP, em obediência ao princípio "in dúbio pro reo- , a sentença deve ser absolutória no caso em que não houver prova da existência do fato Por sua vez, a condenação depende de efetiva comprovação do crime narrada na inicial acusatória. (PREMISSA MENOR) No caso, Marcos de Carvalho é acusado da prática do crime de corrupção ativa, pois teria oferecido vantagem indevida a funcionário público, a fim de que ele deixasse de praticar ato de ofício. Ocorre que as testemunhas de acusação, apesar de terem visto que o réu e o funcionário público conversaram, não ouviram o teor do diálogo, ou seja, não foram capazes de atestar que houve, de fato, o oferecimento de vantagem indevida. Jó as testemunhas de defesa atestaram a boa conduta social do réu. Por fim, o fato de Marcos de Carvalho não ter pronunciado-se no seu interrogatório não pode ser usado em seu desfavor, tendo em vista o direito ao silêncio, previsto no art. 5.0, inc. LXIII, da CF/1988, bem como no art. 8.0, item 2, letra g, da Convenção Americana de Direitos Humanos. Teses (CONCLUSÃO) Diante desse quadro, verifica-se que, diferentemente do quanto entendeu o Juízo sentenciante, não há provas suficientes para a condenação de Marcos de Carvalho, razoo pela qual deve ele ser absolvido, nos termos do art 386, Inc. II, do CPP (APRESENTAÇÃO DA TESE) Subsidiariamente. em caso de confirmação da condenação, deve a pena-base ser reduzida ao patamar mínimo legal (PREMISSA MAIOR) Segundo dispõe o art 59 do CP, a pena-base deve ser fixada em atenção culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, d personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima" (PREMISSA MENOR) No caso em tela. o Juízo de primeiro grau exasperou a pena de Marcos em 1 ano, por entender que a corrupção deve ser combatida com vigor, fundamento que não se mostra idóneo para a exasperação da pena-base. De fato, o argumento apresentado em sentença para a elevação da pena na primeiro fase da dosimetria não diz respeito ao caso concreto, sendo abstrato e genérico, e não é suficiente para embasar o aumento operado, eis que não se enquadro na previsão do art, 59 do CP (CONCLUSÃO) Portanto, a pena-base imposta a Marcos deve ser reduzida ao patamar mínimo legal. Pedidos e requerimen- tos Ante o exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, com a anulação da presente ação penal desde a audiência de instrução. nos termos do art. 564, inc. IV do CPR ou com a absolvido do recorrente, com fulcro no art 386, inc. II, do CPP. Subsidiariamente, requer-se a diminuição da pena imposta ao patamar mínimo legal. Por fim, requer que seja assegurado ao réu o direito de permanecer em liberdade até o trânsito em julgado.
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