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NINGUÉM NASCE FEITO: É EXPERIMENTANDO-NOS NO MUNDO QUE NÓS NOS FAZEMOS
 
 Guajará-Mirim, 05 de outubro de 2021
Estimado Paulo,
Meu nome é Vanessa Inuma, estudante de psicologia, e sou uma admiradora de suas obras. Sinto grande emoção ao escrever-lhe esta carta, sua pratica é de grande relevância e inspiração para muitos, principalmente a classe dos professores. Nos dias atuais passamos por algo inimaginável, uma pandemia que assolou o mundo, no Brasil foram mais de 600 mil pessoas que perderam sua vida para esse vírus.
Em virtude disso meu caro amigo eu me pergunto como pensar na pratica docente nesse cenário caótico, com um governo negacionista que se empenha no desmonte da educação? A realidade não é fácil e é dolorosa, nesses momentos lembro-me sobre ter esperança, a esperança do verbo esperançar tão brilhantemente escrito no seu livro a pedagogia da esperança. 
Sabemos que a educação é a nossa ferramenta de resistência e libertária, para que esse processo ocorra se faz necessário uma pratica dialógica, como você bem diz a educação é um processo de humanização, “O diálogo é o encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que dialogam, orientam-se para o mundo que é preciso transformar e humanizar.” (Freire, 1992, p ).
Quero ressaltar como as suas indagações até hoje em dia servem como base para esse processo de aprender a “pedagogia da pergunta”, por exemplo, é fundamental que o professor tenha esse aporte teórico para com isso instigar seus alunos a perguntarem dos mais diversos temas tais como, politica, religião da sociedade em que vive. É muito linda a forma poética que Rubem Alves fala do papel do educador, ele diz que o professor deve causar “espantos” despertar no educando a curiosidade que o objetivo da educação é “criar a alegria de pensar”.
Eugênia Puebla é uma professora argentina, especialista em educação em valores humanos, nos diz (1997, p. 19).
A educação é um processo contínuo, permanente de interação, que tem início antes do nascimento do indivíduo, com a educação de seus pais, e dura toda a vida, desenvolvendo-se em instituições específicas e além delas. Nesse encontro com a sabedoria interior, nós, educadores, podemos ser meros transmissores de informação ou estabelecer como objetivo um verdadeiro conceito de educação. Se assumirmos ser EDUCADORES, poderemos contribuir para a mudança social a partir do desenvolvimento individual e coletivo. Para isso temos que participar da mudança e vivê-la como um desafio essencial.
Você diz que não nasceu marcado para ser um professor, se tornou através das suas vivencias, observação crítica, leituras, na reflexão sobre a ação, aqui eu entendo a importância da práxis, somente através dela construímos um caminho para a libertação dos oprimidos, essa pratica efetiva-se na responsabilidade do ensinar os sujeitos a transformar o mundo em sua volta, Zitkoski (2008, p. 130) nos diz que:
[...] o diálogo implica uma práxis social, que é o compromisso entre a palavra dita e nossa ação humanizadora. Essa possibilidade abre caminhos para repensar a vida em sociedade, discutir sobre nosso ethos cultural, sobre nossa educação, a linguagem que praticamos e a possibilidade de agirmos de outro modo de ser, que transforme o mundo que nos cerca. (ZITKOSKI, 2008, p. 130)
Pensando no cenário atual muito educador teve que se reinventar, com o isolamento social o ensino remoto foi implantado como forma de impedir a propagação do vírus, esse regime de ensino era novo para muitos professores, portanto, ele e o aluno, todos tiveram que aprender juntos, vários a relação professor/aluno se mostrou horizontal da forma que idealmente deve ser. Behrens (2005, p. 73) reforça “O professor progressista, como educador e também sujeito do processo, estabelece uma relação horizontal com os alunos e busca no diálogo sua fonte empreendedora na produção do conhecimento”. 
E apesar de governo atual fazer de tudo para diminuir e sucatear a educação e o papel dela na sociedade muitos profissionais não desistem do seu papel de formar cidadãos críticos com direitos sujeitos de voz e não alienados. 
Querido Paulo tenho grande orgulho de você e sinto a sua falta, acredito que essa saudade não é só minha, obrigada por representar tanto a classe dos educadores do Brasil e do mundo, o seu legado jamais será esquecido, sua luta por mais justiça social para os marginalizados, garantia de direitos, democracia, desafios que valem a pena lutar.
 É com tristeza que chego ao fim desta carta, mas foi muito muita alegria que escrevi, espero ter outras oportunidades, um abraço meu grande mestre Paulo Freire.
Referencias 
BEHRENS, Marilda. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Petrópolis: Vozes, 2006
Freire, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a 46 Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Rubem Alves o papel do professor https://www.youtube.com/watch?v=qjyNv42g2XU acessado dia 05 de outubro de 2021
ZITKOSKI, J. J. Diálogo/Dialogicidade. In: Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. p. 130-131.

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