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ATIVIDADES V

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BREVES 
FACULDADE DE LETRAS 
 
DISCIPLINA: OFICINA DE COMPREENSÃO E PRODUÇÃO ESCRITA EM 
PORTUGUÊS 
DOCENTE: CINTHIA DE LIMA NEVES 
 
DISCENTE: SAMUEL SOUSA CAVALCANTE 
 
PERÍODO REMOTO EMERGÊNCIAL 2021.3 
 
 
ATIVIDADES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curralinho – PA 
2021 
 
ATIVIDADE I - PARÁGRAFO 
 
É incontrovertível que a vacinação é uma estratégia primordial ao combate do 
covid-19 em nosso país, consoante a isso, a contribuição de toda a sociedade faz-se 
necessária. Nesse contexto, a determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) 
e a adesão da prefeitura a essa medida é viável, porquanto garantirá a segurança dos 
servidores em seu exercício profissional, bem como dos usuários dos serviços 
públicos municipais. O Governo não pode se omitir perante uma pandemia de 
proporções globais e não obedecer às medidas restritivas seria contraproducente. 
 
 
ATIVIDADE II 
 
RESUMO DO MITO Nº 1: 
“A LÍNGUA PORTUGUESA FALADA NO BRASIL APRESENTA UMA UNIDADE 
SURPREENDENTE” 
 
Em seu artigo, Bagno (1999) discorreu sobre vários preconceitos inerentes ao 
português brasileiro, entre eles o de que “A língua portuguesa falada no Brasil 
apresenta uma unidade surpreendente”, o qual citou como o mais preocupante, 
porquanto está solidificado ao ponto de ser acreditado por intelectuais conceituados, 
exemplificando Ribeiro (1995, apud BAGNO, 1999, p.15), que afirma em sua pesquisa 
social que, apesar de o Brasil originar-se da miscigenação, não possui dialetos e não 
apresenta variabilidade linguística ou cultural. 
Entretanto, Bagno (1999) discorda, argumentando que em decorrência da 
extensão territorial, diversidade cultural e discrepâncias socioeconômicas 
evidenciadas no país, diferentes dialetos coexistem e compõem a complexidade 
linguística do idioma brasileiro, resultando nas variedades do dialeto “não-padrão” e 
na variedade “culta” da língua. 
Contudo, de acordo com Bagno (1999), apesar de comprovada a existência de 
diferentes dialetos, a variedade linguística não-padrão é ridicularizada e 
desconsiderada, até mesmo, pelos órgãos públicos, que redigem seus comunicados 
utilizando um vocabulário inacessível àqueles que não dominam a vertente culta 
(aquela ensinada nas escolas), prejudicando-os na compreensão de seus direitos. 
 
Mediante o elencado, Bagno (1999) afirma que este mito é extremamente 
prejudicial ao sistema educacional, afinal, ao acreditar que não existem variações 
linguísticas, a escola passa a desconsiderar a multiplicidade dos cidadãos brasileiros, 
optando por uma didática com eficácia restrita a uma pequena parcela populacional, 
segregando a maioria da sociedade do acesso pleno à educação. 
Segundo Bagno (1999), a estratégia a ser adotada pelas escolas deve ser 
pautada na desconstrução do mito da “unidade linguística” e embasada no 
reconhecimento de que para alcançar toda a população, o sistema educacional deve 
reconhecer e se comunicar com todos os dialetos presentes no país. 
Por fim, o autor do artigo “Preconceito linguístico: o que é, como se faz” assinala 
que a realidade da variabilidade linguística já começou a ser reconhecida pelos órgãos 
competentes brasileiros, enfocando a publicação do Ministério da Educação e 
Desporto (1998, apud BAGNO, 1999, p.19), onde é afirmado que a variação linguística 
é intrínseca a todas as linguagens humanas, de modo que os idiomas são resultado 
da união de muitos dialetos. 
 
 
ATIVIDADE III - ARTIGO DE OPINIÃO 
 
ESTOU VIVO, CONSCIENTE E NÃO SOU UM JACARÉ 
 
A recusa de grande parte da população brasileira em tomar a vacina preventiva 
ao covid-19 é alarmante e tem me causado revolta e, sobretudo, preocupação. Muitas 
pessoas afirmam, inclusive em tom de superioridade, que não irão submeter-se à 
vacinação, apresentando motivos diversos, entre eles as seguintes alegações: as 
reações adversas levam à morte; no ato da vacinação o Governo implanta um chip 
nos cidadãos, o qual é um recurso de controle total dos indivíduos; e, finalmente, a 
que mais me chamou atenção, aqueles que forem vacinados se transformarão em 
jacaré. Por um momento me imaginei no livro “A metamorfose”, do escritor tcheco 
Franz Kafka, onde em certo dia, sem nenhum motivo aparente, o personagem 
principal acorda transformado em um inseto gigante. 
Pergunto-me em que circunstâncias um país que não possui recursos 
financeiros suficientes para oferecer serviços públicos satisfatórios conseguiria 
aparatos tecnológicos capazes de criar chips para controle em massa ou transformar 
 
a natureza biológica de um ser humano. Entretanto, apesar de ignorantes e, até certo 
ponto, cômicas, essas crenças são extremamente danosas a saúde de toda a 
sociedade, porquanto fazem persistentes os elevados índices de mortes e 
contaminações por covid-19 em nosso país. 
Recentemente, em um vilarejo na zona rural do município de Anajás, localizado 
no arquipélago do Marajó, presenciei uma situação lamentável: a equipe de saúde 
responsável pela imunização contra o covid-19 desembarcou no local a fim de vacinar 
a população, ao que me alegrei, por representar segurança a saúde daquela 
comunidade. Contudo, para a minha surpresa, a comunidade não os recebeu com a 
mesma alegria, ao contrário, com receio e insatisfação. Muitos moradores se 
recusaram a receber a vacina e os profissionais de saúde retornaram frustrados, com 
as fichas de controle vacinal quase vazias. 
Naquele momento, parei para refletir sobre os possíveis motivos para tamanha 
aversão à imunização e o resultado de meu questionamento pairou entre a influência 
de autoridades políticas que disseminam as crenças acima elencadas e notícias falsas 
compartilhadas em redes sociais, ambas culminando na desinformação a respeito da 
forma como são produzidas e do grau de imprescindibilidade das vacinas, sobretudo 
na situação atual. 
 Com total certeza afirmo que, se ao invés de utilizar a internet para 
compartilhar informações inverídicas, os cidadãos pesquisassem a respeito do tema 
e exercessem seu direito ao questionamento, saberiam que a matéria-prima das 
vacinas são vírus inativados ou inofensivos ao organismo humano, de modo que são 
utilizados apenas para “enganar” nosso sistema de defesa, fazendo com que no 
contato com o vírus real e ativo a manifestação da doença seja branda ou inexistente, 
porquanto nossas células de defesa “entendem” que já o conhecem. 
O motivo de minha plena discordância a respeito das crenças sem 
embasamento supracitadas e minha revolta no que concerne a relutância de cerca de 
20% da população brasileira em relação à vacina (dado fornecido por Margareth 
Dalcomo, pesquisadora do instituto Fiocruz) são diversos, e entre eles estão as 
informações acima destacadas, o número crescente de contaminações por covid-19 
em nosso país e principalmente, o fato de ter sido vacinado e não ter me transformado 
em um jacaré alienado pelo Governo, tampouco em um morto imunizado. 
Considero suma a importância da conscientização coletiva a respeito da 
importância da vacinação e aspiro pelo dia em que a ignorância dará lugar ao 
 
pensamento crítico e questionador, afinal, enquanto os cidadãos apenas aceitarem as 
mentiras que lhes são contadas, a estagnação continuará sendo observada não 
somente na saúde da população, mas em todas as esferas da nossa sociedade 
enferma. 
 
 
ATIVIDADE IV 
 
RESENHA DOS ENSAIOS DA OBRA “DO MUNDO DA LEITURA PARA A 
LEITURA DO MUNDO” 
 Marisa Lajolo 
 
LAJOLO, Marisa, 1944 - Do mundo da leitura para a leitura do mundo / Marisa Lajolo 
- 1.ed. - São Paulo: Ática, 2011. (Educação em ação) 
 
Nos ensaios apresentados em “No mundo da leitura”, primeira metade da obra 
“Do mundo da leitura para a leitura do mundo”, Lajolo (1994) desenvolve análises a 
respeito da importância do ensino da literatura nas escolas, afirmando indubitávelque 
no ambiente escolar se aflore o interesse dos alunos pelas obras literárias, visto que 
as experiências vivenciadas por leitores auxiliam na sua compreensão da realidade. 
Ademais, a autora enfoca os obstáculos enfrentados para a implantação efetiva da 
literatura infantojuvenil no cotidiano escolar, contemplando a contemporaneidade e a 
historicidade das problemáticas elucidadas. 
Em seu primeiro ensaio, denominado “A leitura literária na escola”, Lajolo 
(1994) aponta que existem numerosos educadores que, erroneamente, acreditam 
ensinar com eficácia aos seus alunos o que é literatura, porém, não percebem que 
por meio de ferramentas contraproducentes transformam possíveis e prazerosas 
experiências literárias em fardos pesados, que os alunos anseiam devolver ao fim das 
aulas. Há, ainda, educadores que guardam o conhecimento literário para si, 
acomodados em clichês e amedrontados pelo desafio de ensinar alunos que, 
supostamente, não são despertados pela leitura. Outrossim, a autora chamou a 
atenção para a possibilidade de o desinteresse dos discentes pela literatura ser 
apenas um reflexo de professores que também não possuem o hábito de ler. 
 
Conforme pontua Lajolo (1994), outras intempéries que se contrapõem à 
inserção produtiva da literatura nas escolas são os livros didáticos e paradidáticos 
utilizados como ferramentas de ensino (uma vez que a decisão de quais metodologias 
utilizar na abordagem dos textos foi transferida das mãos dos educadores para a 
responsabilidade das editoras) e alguns modelos pedagógicos modernos (porquanto 
simplificam e interferem nos textos literários ao ponto de tocarem em sua essência), 
ambas comprometendo a experiência de ensino-aprendizagem, desafios para os 
quais a autora sugere entendimento e elaboração de estratégias por parte do corpo 
educacional. 
No segundo ensaio de sua obra, Lajolo (1994) afirma que a introdução da 
literatura infantojuvenil enquanto competência curricular aos professores da língua 
pátria é relevante, entretanto, não conseguirá solucionar sozinha todos os problemas 
da educação literária deste público restrito, destarte, as didáticas de ensino devem 
permanecer em estado de transformação contínua, visto que se trata de um grupo 
mutável de acordo com a época na qual está inserido. 
A relevância da adição curricular é evidenciada, segundo Lajolo (1994), ao se 
considerar que ainda hoje observam-se as consequências de uma realidade 
antepassada em nosso país, na qual durante séculos não se valorizou o ensino da 
língua portuguesa, tampouco esforçou-se em ensiná-la (ou aprendê-la). Notam-se os 
reflexos da antiga situação educacional brasileira desde a já mencionada indefinição 
das competências curriculares necessárias ao professor de língua portuguesa, até o 
dessaber do grau de conhecimento da língua que os discentes devem dominar ao 
concluir o aprendizado escolar. 
Para mais, há outras situações que reafirmam o histórico e deficiente sistema 
educacional do qual somos provenientes, expostas pela autora no quinto de seus 
ensaios: a primeira ocorreu durante o século XIX, onde a língua portuguesa não era 
listada no currículo escolar e o regulamento francês era trabalhado nas escolas e a 
outra, datada no século XX, no qual a língua portuguesa era apresentada como língua 
estrangeira no sistema escolar brasileiro. 
No terceiro de seus ensaios, Lajolo (1994) disserta sobre a relação entre 
leitores e autores, declarando que são personagens interdependentes, em que o 
primeiro exerce o papel de avaliador, enquanto o segundo apresenta-se como 
portador das palavras capazes de proporcionar as emoções e reflexões almejadas por 
aquele que o lê. A autora se apresenta como ávida leitora de obras clássicas e, 
 
sobretudo, de livros didáticos e paradidáticos, enquanto personalidade cujas opiniões 
assumem relevância devido a seu conhecimento e contribuições literárias. 
Por conseguinte, declara Lajolo (1994), os educadores são retratados de forma 
lisonjeira nos livros didáticos na tentativa de influenciá-los a utilizar e recomendar as 
coletâneas enviadas pelas editoras, ao que alerta que haja posicionamento crítico na 
avaliação dos referidos livros, de modo que a visão não seja deturpada por elogios 
permeados de intenções de lucro. 
Posteriormente, em seu quarto ensaio sobre as mazelas da literatura nas 
escolas, Lajolo (1994) aludiu a precariedade da poesia no âmbito escolar, alegando 
que os textos disponíveis nas instituições são poucos em número e qualidade em 
decorrência da crise de leitura vivenciada no país, a qual apresenta dois fatores: o 
baixo número de circulação de livros entre os estudantes e a inadequada didática de 
introdução à leitura oferecida aos alunos. Assim sendo, o problema está tão 
relacionado ao índice qualitativo dos textos, quanto à metodologia de ensino adotada 
pelo sistema educacional. 
Em seu sexto ensaio, Lajolo (1994) conclui que os conteúdos escolares 
direcionados ao público infantil tiveram uma mudança significativa, trazendo materiais 
mais aprimorados que garantem a durabilidade dos livros didáticos e, com a 
modernização, maior consumo desse conteúdo foi observado, aumentando sua 
produção e imprimindo aos livros um elevado valor financeiro, o que denotou mais 
importância ao gênero. 
Por fim, Lajolo (1994) salienta que os profissionais responsáveis pela 
elaboração dos livros didáticos têm participado de congressos, campanhas e eventos 
que os tornam cada vez mais capacitados para a produção de materiais com 
compromisso pedagógico, fazendo-os condizentes com os valores da instituição 
escolar. Isto posto, reafirma que a maior problemática que o sistema educacional 
enfrenta é a metodologia ineficiente empregada pelos professores na implantação da 
leitura nas escolas. 
Lajolo desenvolveu reflexões válidas e coerentes a respeito da necessidade e 
importância da introdução efetiva da literatura no sistema de ensino, com as quais 
consinto, afinal, a literatura é uma forte ferramenta de questionamento e 
transformação social, através da qual se pode contextualizar e compreender as 
situações vivenciadas cotidianamente. Ademais, fomentar o hábito da leitura na 
população infantojuvenil não somente incentiva seu pensamento crítico, como 
 
também proporciona experiências agradáveis com as histórias e aprendizado 
enriquecedor com as palavras. 
A autora também tem minha concordância quando afirma que a substituição da 
didática de ensino dos professores pelos moldes ofertados nos livros didáticos 
prejudica o processo de introdução da literatura no ambiente escolar, porquanto tira a 
autonomia do docente de oferecer sua metodologia aos alunos, comprometendo o 
processo de ensino-aprendizagem, visto que quem conhece as propensões e 
necessidades dos discentes é o educador que os ensina diariamente. 
Outra problemática evidenciada pela autora foi a simplificação das obras 
literárias por meio de pedagogias modernas, com a qual concordo parcialmente, uma 
vez que considero válida a aproximação inicial descomplicada entre obra e aluno, 
desde que avaliações aprofundadas sejam introduzidas de forma gradativa na 
metodologia de ensino. Afinal, como é afirmado no ensaio “A leitura literária na escola” 
e reiterado no decorrer dos demais ensaios, a maior deficiência na inserção da leitura 
no sistema educacional é a didática improdutiva, afirmação com a qual concordo. 
A autora ainda expõe, no decorrer de sua obra, o contexto histórico da situação 
educacional braseira, o que é extremamente instigante e elucidativo, porquanto revela 
que hoje colhemos os frutos amargos de uma árvore que fincou raízes há séculos em 
nossa sociedade. O conjunto de reflexões e questionamentos presentes na obra de 
Lajolo fazem a sua leitura recomendável tanto para profissionais e discentes da área 
educacional, quanto para os produtores de materiais didáticos. 
Marisa Philbert Lajolo (São Paulo,São Paulo, 1944) é pesquisadora, ensaísta, 
crítica literária, escritora de literatura juvenil e professora universitária. Tem 
bacharelado e licenciatura em Letras (USP), mestrado e doutorado em Teoria Literária 
e Literatura Comparada (USP) e pós-doutorado em Linguística, Letras e Artes (Brown 
University). Atualmente é professora na Universidade Presbiteriana Mackenzie e 
professora colaboradora do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) na UNICAMP. 
Samuel Sousa Cavalcante é acadêmico do curso de Letras – Português da 
Universidade Federal do Pará – UFPA. 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE V – RESENHA DO ORAL PARA O ESCRITO 
 
ABRALIN. Carlos Faraco. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3kS-
RHie0Zw. Acesso em: 07/07/2021. 
 
Em entrevista concedida a ABRALIN (Associação Brasileira de Linguística), 
Faraco (2020) abordou a variação linguística em seus diferentes aspectos, desde a 
sua importância para o sistema educacional e a necessidade de seu reconhecimento, 
até os benefícios de sua posterior integração como pedagogia de ensino para a língua 
portuguesa. Segundo o estudioso, a pedagogia da variação linguística é benéfica, 
porquanto é a única capaz de contemplar a sociedade brasileira em sua pluralidade, 
respeitando o idioma em seus diferentes dialetos. 
Contudo, Faraco (2020) afirma que para a pedagogia da variação linguística 
ser integrada de forma efetiva, precisa-se em primeiro lugar compreendê-la em sua 
totalidade, o que pressupõe a atribuição de uma essência heterogênea a todas as 
línguas e o reconhecimento de que as diferenças socioeconômicas, culturais, 
territoriais e etárias são fatores intrínsecos à identidade linguística dos povos. 
Entretanto, segundo o linguista, o conhecimento consistente da influência dos fatores 
supracitados na linguagem é desconsiderado pela sociedade e pouco compartilhado 
entre professores e alunos, o que resulta em muitos acadêmicos concluindo a 
graduação sem uma opinião crítica que se contraponha ao senso comum no que 
respeita à complexidade de sua própria língua. 
Para a finalidade de compreensão e disseminação do verdadeiro conceito da 
multiplicidade linguística, Faraco (2020) declara que a participação dos professores é 
imprescindível, visto que lhes cabe a responsabilidade de transmitir aos seus 
discentes e futuros educadores de língua portuguesa a importância da integração dos 
vários dialetos em suas futuras metodologias, o que também os ajudará a 
compreender esferas sociais que ultrapassam as pedagogias da linguagem. 
De acordo com Faraco (2020), apresentar uma postura crítica mediante os 
estigmas sociais é de suma importância, uma vez que a construção de uma sociedade 
que reconheça e acolha sua diversidade em todas as suas características é 
necessária, afinal, embora o conhecimento e a compreensão sejam passos iniciais e 
cruciais à implementação da pedagogia da variação linguística nas escolas, são 
insuficientes se desacompanhados do respeito. 
https://www.youtube.com/watch?v=3kS-RHie0Zw
https://www.youtube.com/watch?v=3kS-RHie0Zw
 
Posteriormente, Faraco (2020) alega que o terceiro passo primordial à 
introdução da pedagogia da variação linguística vai além da compreensão e do 
respeito e adentra na convivência com os diferentes dialetos, porém, nenhuma das 
etapas foi alcançada até o momento, em parte proveniente do desconhecimento e 
negação social acerca do tema e, em parte, da falta de sua exposição nas 
universidades formadoras dos profissionais de língua portuguesa, tornando a 
implantação da variabilidade linguística como uma das pedagogias de ensino 
presentes nas salas de aula um acontecimento utópico. Não obstante, Faraco (2020) 
conclui declarando que, apesar de se tratar de uma conquista vindoura e incerta, 
continuará a acreditar e trabalhar para que futuramente os diferentes dialetos não 
mais sejam negligenciados pelo sistema educacional. 
Considero os questionamentos e posicionamentos de Faraco plausíveis e muito 
produtivos se colocados em prática, afinal, vivemos em uma sociedade multifacetada 
que necessita ser vista e valorizada em todos os seus aspectos. Não reconhecer 
nossa multiplicidade linguística não somente implica na desvalorização, mas também 
na segregação de grande parte da população do acesso a seus direitos básicos. 
Assistir à entrevista de Faraco é recomendável a todos os profissionais e estudiosos 
da língua portuguesa, bem como aos cidadãos que ainda creem na homogeneidade 
de seu idioma. 
Carlos Alberto Faraco é professor titular (aposentado) de Língua Portuguesa 
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), tendo lecionado Português no ensino 
médio de Curitiba. Formou-se em Letras em 1972. Fez mestrado em Linguística na 
Unicamp em 1978, doutorou-se em Linguística Românica na Inglaterra, em 1982. Foi 
reitor da UFPR de 1990 a 1994. Publicou vários livros e artigos na área. Atualmente, 
é o coordenador da Comissão Nacional do Brasil junto ao Instituto Internacional da 
Língua Portuguesa (IILP), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 
Samuel Sousa Cavalcante é acadêmico do curso de Letras – Português da 
Universidade Federal do Pará – UFPA.

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