O Setembro Amarelo, que existe no Brasil desde 2014 como uma campanha, tem por objetivo promover a importância do cuidado com a saúde mental e a prevenção ao suicídio.
Para entender melhor esse tema, nós conversamos com a Daniele Nazari, psicóloga e especialista do Zenklub.
Ela explicou a relação do Setembro Amarelo com saúde mental, o impacto das emoções no aprendizado e a importância de certas ações para nos cuidarmos nesse sentido.
Vamos aprender com esse papo?
A origem do Setembro Amarelo
Primeiramente, antes da entrevista, vale o contexto: como surgiu o Setembro Amarelo?
A origem tem a ver com o caso de um jovem que cometeu suicídio dentro do seu automóvel amarelo.
Ele escolheu perder a vida nesse lugar por ser onde ele mais se sentia confortável.
E, no dia do velório, foram distribuídos cartões com fitas amarelas dizendo “se você precisar, peça ajuda”.
Então, após o acontecimento, a família promoveu uma campanha de prevenção e cuidado com a saúde mental.
Aí escolheram o nome “Setembro Amarelo” em função da relação simbólica dessa cor com o fato.
Entrevista com Daniele Nazari, especialista do Zenklub
Passei Direto: Algumas pessoas evitam falar sobre suicídio por entenderem isso como um gatilho.
Qual é a sua visão sobre essa questão?
Daniele Nazari: Eu considero a divulgação na mídia, às vezes, muito expositiva.
Entendo que o objetivo seja informar, mas é preciso ter cautela para não estimular que isso seja repetido.
Uma forma de fazer isso é não detalhar o suicídio, por exemplo.
Porque, de fato, isso realmente pode estimular a ação de quem já está com a ideia na cabeça.
Mas acho importante falar sobre o adoecimento mental e levá-lo a sério, pois ainda existem muitas pessoas que não fazem isso.
Passei Direto: Existem sinais de alerta em relação ao suicídio? Se sim, quais são eles?
Daniele Nazari: Existem 3 transtornos mentais vistos como maiores fatores de risco para o suicídio: a depressão, bipolaridade e dependência química.
Mas o que fica mais estampado é a questão da tristeza.
A pessoa não estar motivada, chorar bastante e dizer que está cansada, não aguenta mais…
Falar frases muito negativas como “não ia mudar nada se eu não estivesse mais aqui” é preocupante.
Quando entra nessa fase, deve-se levar essas falas a sério porque a pessoa já está se desmotivando a viver.
Passei Direto: Como ajudar alguém com depressão? O que fazer e não fazer nessas situações?
Daniele: O que fazer é levar a sério uma pessoa que se abre e diz que não está bem.
Também é importante não levar para o pessoal caso ela não queira se abrir com você, pois isso muitas vezes é reflexo do mal-estar dela e não tem nada a ver contigo.
Por mais que você não entenda aquela realidade, respeite e ajude no que for possível.
Isso é o melhor passo para evitar comportamentos mais destrutivos.
Por outro lado, o que não se deve fazer é estimular uma ideia.
Ou seja: duvidar de uma pessoa quando ela fala sobre ideias suicidas.
Não levar a sério, achando que o outro está exagerando no que está falando.
Isso realmente não deve ser feito porque pode piorar a situação.
Passei Direto: Muitos estudantes passam por grande ansiedade devido às cobranças por notas, aprovações etc.
Como isso pode impactar o próprio aprendizado? E quais ações ajudam a preservar a nossa saúde mental?
Daniele Nazari: Primeiramente, é importante entender que é natural haver autocobrança e insegurança nesse contexto.
Afinal, os estudantes estão sob pressão para atingir certo objetivo.
O problema é quando essa autocobrança trava o seu desenvolvimento.
Ou seja: quando você deixa de fazer outras atividades que também são importantes na sua vida.
Esse excesso dá cansaço e um gasto de energia maior, o que afeta inclusive a concentração. E, consequentemente, o próprio aprendizado.
Portanto, no cuidado com a saúde mental, é importante dar atenção a atividades que proporcionam descanso.
Isso equilibra as energias e evita a exaustão.
Ações nesse sentido são dormir bem, descansar, fazer exercício físico, se alimentar bem… isso leva a um bom desenvolvimento nos estudos e na vida, em geral.
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Onde buscar ajuda profissional?
Muitas pessoas não buscam ajuda por não terem condições financeiras para pagar um profissional da saúde mental.
No entanto, há diversas iniciativas gratuitas e acessíveis em todo o Brasil.
Abaixo, separamos algumas delas:
Atendimentos gratuitos
Você sabia que algumas universidades como a Universidade de São Paulo (USP) oferecem atendimento de graça?
Nesta matéria, você encontra informações sobre essa e outras iniciativas gratuitas online.
Atendimentos a preço popular
Já ouviu falar em Clínica Social?
Ela tem como objetivo oferecer um atendimento psicológico acessível para pessoas de baixa renda.
Para encontrá-la, digite no Google “Clínica Social” e coloque ao lado desse termo a cidade onde você mora.
Assim, o site exibirá resultados mais próximos à sua casa!
Outra boa opção também o Zenklub, plataforma que reúne diversos terapeutas online.
Lá, é possível encontrar sessões a preços acessíveis a partir de R$ 60,00.
Centro de Valorização da Vida (CVV)
Caso esteja passando por sérias angústias e precise de alguém para te escutar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende de forma gratuita todos que precisam conversar.
As conversas são sigilosas e os atendimentos ocorrem 24 horas por dia, todos os dias da semana.
É importante dizer que o CVV não é uma terapia, mas um espaço de escuta. Portanto, ele não substitui o acompanhamento de um profissional, ok?
Os canais de atendimento são telefone, e-mail e chat. Para mais informações, clique aqui.
Conclusão
Embora foque na prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo traz luz à temática da saúde mental como um todo.
Isso porque falar sobre suicídio é também falar sobre emoções, angústias e desejos.
Portanto, busque se conhecer e cuide com carinho da sua saúde emocional.
Não ignore sinais como exaustão, extrema tristeza e apatia pela vida.
Da mesma forma que você presta atenção à sua saúde física, é preciso dedicar à mesma atenção à sua saúde emocional.
Então, lembre-se de que falar sobre o problema é uma solução e peça ajuda sempre que precisar.
Afinal, saúde mental é, acima de tudo, uma questão de saúde ?
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