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Sylmara Sarmento Gastronomia Disciplina: PLANEJAMENTO E GESTÃO EM GASTRONOMIA Atividade 1: descreva as principais mudanças organizacionais nos sistemas de alimentação com a Revolução Industrial, não esquecendo das transformações sofridas nos hábitos alimentares da população. 12/05/2022 A Revolução Industrial criou, entre outras coisas, a possibilidade de se comer mais e melhor trazendo novas formas de se produzir, transportar, cozinhar e comer. A partir daí, a indústria alimentícia possibilita ampla produtividade na agropecuária; aperfeiçoa as técnicas de conservação já existentes e cria novas maneiras de fazer a comida durar mais; desenvolve embalagens que conservam esses alimentos por mais tempo e são resistentes ao transporte por longas distâncias; permite a distribuição mais eficaz, com estradas de ferro e navios frigoríficos, por exemplo; e traz uma abundância quantitativa e qualitativa para nossas mesas. Com o tempo, a indústria alimentícia toma para si, ao mesmo tempo em que recebe dos consumidores, a responsabilidade sobre o alimento, do beneficiamento do ingrediente ao prato pronto. Embora a industrialização e a modernização tenham trazido eficiência para o trabalho dos profissionais do ramo gastronômico, elas acabaram colocando em risco seus saberes tradicionais, que há séculos são transmitidos de geração em geração. Atualmente as pessoas têm à disposição produtos alimentares industrializados de diversos tipos: comida congelada, desidratada, hortifrutigranjeiros industrializados, carne recheada de enzimas e produtos químicos para modificar o gosto dos alimentos. A industrialização é também uma das responsáveis pelo distanciamento das pessoas em relação aos alimentos no sentido em que dificulta a percepção da origem e/ou dos ingredientes que compõem um prato. A intensificação do desenvolvimento tecnológico, que propiciou alterações no modo de vida dos indivíduos e revolucionou a cozinha, colabora nesse sentido. Aliado ao avanço e ao crescimento da indústria, outro fator acarretou em alteração no comportamento alimentar: a urbanização. Essa combinação proporcionou a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e, consequentemente, favoreceu o processo de transferência da alimentação para fora de casa. O que foi chamado por Ariovaldo Franco, no livro de Caçador a Gourmet, de “dessacralização da refeição em família”, com relevante perda de importância da cozinha materna e dos hábitos alimentares na formação do gosto. Com isso, nos grandes centros urbanos, a tendência é que este encontro à mesa seja semanal, principalmente no jantar. Como um efeito cascata, a saída da mulher do cotidiano da casa para voltar-se ao trabalho impulsionou a indústria na busca de inovações tecnológicas no que diz respeito às embalagens e conservação de alimentos, por exemplo, a fim de simplificar o trabalho doméstico com as refeições. Fischler destaca o aumento crescente do uso de alimentos pré-processados, como legumes e verduras já cortadas, pré-cozidos e congelados, em detrimento aos frescos. Assim, este novo estilo de vida impôs novas expectativas de consumo, que acabam orientando, entre outras coisas, as escolhas de alimentos. A Revolução Industrial, uma das responsáveis por tais mudanças, criou maneiras mais eficientes de produzir, transportar e cozinhar, oferecendo à humanidade a possibilidade de se alimentar com mais variedade e quantidade. Ao tornar-se mercadoria, no entanto, a comida afasta tanto o produtor quanto o consumidor de seu processo produtivo, deixando apenas pistas de como funcionam algumas de suas etapas. Assim, as mesmas ganham novos significados inseridos nas complexas relações estabelecidas entre os seres humanos e entre esses e as mercadorias. Se o comer antes era resultado direto do cozinhar, que por sua vez podia começar na produção do alimento, hoje encontra-se isolado do processo. Convivemos hoje com a inconstância, o individualismo e a abundância possibilitados por essa época, e continuamos tentando nos acostumar com as mudanças ao mesmo tempo em que elas acontecem, seja na mesa ou for dela. Revolução Industrial pode ser considerada a precursora do desenvolvimento de alimentos industrializados em todo o mundo, e este período histórico contribuiu intensamente com o estímulo de escolha por alimentos processados. E toda essa busca por comidas industrializadas é movida pela praticidade, pelo baixo custo e pela influência da mídia em nossa sociedade e em nossos hábitos alimentares. Nos últimos tempos, no entanto, temos visto cada vez mais aumentar a preocupação por comer mais saudável, retorno a cozinhar em casa maior mesmo que só aos finais de semana e com isto uma visão mais crítica tem questionado a qualidade dos alimentos industriais e valorização dos naturais e pequenos produtores. Fontes de pesquisa: < https://www.projetoredacao.com.br/ https://entresabores.com.br/ Anais da VI Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia - ISSN: 2358-5684>