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<p>Direito Civil II – obrigações</p><p>Alexandre Levin</p><p>▪ Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito</p><p>ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o</p><p>cumprimento de determinada prestação</p><p>▪ Relação de natureza pessoal (crédito e débito), de caráter</p><p>transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste</p><p>numa prestação economicamente aferível</p><p>▪ Patrimônio do devedor responde por suas obrigações – é a</p><p>garantia do adimplemento para o credor</p><p>Conceito de obrigação</p><p>▪ Obrigação deve ser cumprida espontaneamente: se sobrevém</p><p>o inadimplemento, surge a responsabilidade</p><p>▪ Obrigação X responsabilidade</p><p>▪ Responsabilidade é a consequência jurídica patrimonial do</p><p>descumprimento da obrigação</p><p>Conceito de obrigação</p><p>▪ Obs.: há casos de obrigação em que não pode advir a</p><p>responsabilidade (obrigação sem responsabilidade).</p><p>▪ Ex: dívidas prescritas e dívidas de jogo</p><p>▪ Obs.: há casos de responsabilidade sem obrigação</p><p>▪ Ex.: fiador: responsável apenas se o afiançado não cumprir sua obrigação</p><p>Conceito de obrigação</p><p>I. Elemento subjetivo: credor e devedor (pessoa física ou jurídica)</p><p>II. Vínculo jurídico: liame entre credor e devedor (divide-se em</p><p>débito e responsabilidade)</p><p>▪ Débito: vínculo espiritual ou pessoal</p><p>▪ Responsabilidade: vínculo material (confere ao credor não satisfeito o direito</p><p>de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, submetendo àquele os</p><p>bens do devedor)</p><p>III. Elemento objetivo: objeto da relação jurídica</p><p>▪ Sempre uma conduta humana: dar, fazer ou não fazer (prestação ou objeto</p><p>imediato)</p><p>▪ Objeto da prestação (objeto mediato – dar, fazer ou não fazer o quê?)</p><p>Elementos constitutivos da obrigação</p><p>▪ Objeto da prestação (objeto mediato da obrigação): deve ser lícito, possível,</p><p>determinado ou determinável (CC, art. 104, inc. II) e suscetível de apreciação econômica</p><p>▪ Objeto lícito: não contraria a lei, a moral e os bons costumes (nula será a obrigação se</p><p>o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável (CC, art. 166, II)</p><p>I. Impossibilidade física: prestação ultrapassa as forças humanas</p><p>II. Impossibilidade jurídica: prestação proibida por lei (ex.: alienação de bens</p><p>públicos de uso comum – CC, art. 100)</p><p>▪ Obs.: impossibilidade deve ser real (não mera dificuldade) e absoluta (atingir</p><p>a todos) – não deve ser relativa somente ao devedor (CC, art. 106)</p><p>▪ CC, art. 243: coisa incerta será indicada ao menor pelo gênero e quantidade</p><p>▪ Admite-se contrato de safra futura (CC, art. 458 e 459)</p><p>▪ Economicamente apreciável: obrigações jurídicas sem conteúdo patrimonial</p><p>são excluídas do direito das obrigações (ex.: direito de família)</p><p>Elementos constitutivos da obrigação</p><p>❑ Código Civil:</p><p>I. Contratos</p><p>II. Declarações unilaterais de vontade (testamento, promessa de</p><p>recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento</p><p>sem causa – CC, arts. 854 a 886)</p><p>III. Atos ilícitos (dolosos ou culposos)</p><p>▪ Obs.: há obrigações que derivam diretamente da lei (lei como fonte</p><p>imediata – Ex.: prestar alimentos aos parentes (CC, art. 1.694); indenizar</p><p>os danos causados pelo empregado (CC, art. 932, III)</p><p>Fontes das obrigações</p><p>❑ Classificação quanto ao objeto:</p><p>CC (inspirado na técnica romana), classifica as obrigações em 3 espécies quanto ao objeto:</p><p>I. Obrigação de dar (coisa certa ou incerta)</p><p>II. Obrigação de fazer</p><p>III. Obrigação de não fazer</p><p>▪ Todas as obrigações que venham a se constituir na vida jurídica compreenderão sempre uma</p><p>dessas condutas (objeto da prestação)</p><p>▪ Obs.: em alguns casos, essas condutas caminham juntas – Ex.: CC, art. 610, parte final –</p><p>contrato de empreitada)</p><p>▪ Diverso é o processo de execução, cfe. se tratar de execução para entrega de coisa certa</p><p>(obrigação de dar – CPC, art. 621/631), ou de execução de obrigações de fazer e de não fazer</p><p>(CPC, arts. 632/645)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Classificação quanto aos elementos da obrigação:</p><p>I. Simples – apresenta um sujeito ativo, um passivo e um único objeto</p><p>II. Composta ou complexa - um desses elementos está no plural – ex.: Tício obrigou-se a entregar a Caio um</p><p>veículo e um animal</p><p>❑ Obrigações compostas pela multiplicidade de objetos:</p><p>I. Cumulativas (conjuntivas): conjunção e (entregar um veículo e um animal) – cumprimento somente pela</p><p>prestação de todos eles</p><p>II. Alternativas (disjuntivas): objetos estão ligados pela disjuntiva ou (entregar um veículo ou um animal) -</p><p>cumprimento pela entrega de um dos objetos</p><p>Obs: obrigação facultativa: é obrigação simples (é devida uma única prestação), mas fica facultado ao devedor (e</p><p>somente a ele) exonerar-se mediante obrigação diversa e predeterminada</p><p>(obrigação com faculdade de substituição – credor somente pode exigir a prestação obrigatória, mas o devedor se</p><p>exonera com a entrega da facultativa)</p><p>▪ ≠ entre obrigação alternativa e facultativa – alternativa: se um dos objetos perece, resta o outro; facultativa:</p><p>se perece o objeto principal, obrigação é extinta (ainda que o acessório persista)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações compostas pela multiplicidade de sujeitos:</p><p>I. Divisíveis (objetos podem ser divididos entre os sujeitos)</p><p>II. Indivisíveis (objetos não podem ser divididos entre os sujeitos)</p><p>▪ Ambas podem ser ativas (vários credores) ou passivas (vários devedores)</p><p>▪ Só há interesse em saber se uma obrigação é divisível ou indivisível quando há multiplicidade de credores ou</p><p>devedores</p><p>▪ Vínculo obrigacional entre um só credor e um só devedor – não interessa saber se a prestação é divisível ou</p><p>indivisível (devedor deverá cumpri-la por inteiro) – Ex.: Tício obrigou-se a entregar a Caio duas sacas de café –</p><p>devedor somente se exonera mediante a entrega de todas as sacas – o mesmo se o objeto for indivisível (um cavalo)</p><p>▪ Se 2 foram os credores ou 2 os devedores:</p><p>a. obrigações divisíveis: cada credor somente tem direito à sua parte – pode reclamá-la independentemente do outro</p><p>– cada devedor responde exclusivamente por sua cota Ex.: 2 sacas de café: credor somente pode exigir de um dos</p><p>devedores a entrega de uma delas – se quiser as duas, deve exigi-las dos dois devedores (CC, art. 257)</p><p>b. obrigações indivisíveis: cada devedor só deve sua quota-parte, mas se em razão da indivisibilidade física do</p><p>objeto (um carro, por ex.), a prestação deve ser cumprida por inteiro – se 2 os credores, um só pode exigir a entrega</p><p>do animal, devendo prestar conta ao outro credor (CC, art. 259 a 261)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigação solidária: independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto</p><p>da prestação – resulta da vontade das partes ou da lei</p><p>▪ Pode ser ativa ou passiva</p><p>▪ Vários devedores solidários passivos: cada um deles responde pela dívida</p><p>inteira</p><p>▪ Ex.: contrato para a entrega de 2 sacas de café em que há cláusula contratual</p><p>a dispor que a obrigação assumida é solidária – credor pode exigi-la de apenas</p><p>um deles – devedor que cumprir sozinho a prestação pode cobrar,</p><p>regressivamente, a quota-parte de cada um dos codevedores (CC, art. 283)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações de meio e de resultado</p><p>▪ Obrigação de meio: devedor promete empregar seus conhecimentos,</p><p>meios e técnicas para obtenção de determinado resultado, mas não se</p><p>responsabiliza por ele (Ex.: advogados, médicos)</p><p>▪ Obrigação de resultado: devedor se exonera somente quando o fim</p><p>prometido é alcançado – se não for, é considerado inadimplente, devendo</p><p>responder pelos prejuízos – Ex.: transportador</p><p>Questão: Maria decide realizar uma cirurgia plástica no nariz. Contrata o melhor cirurgião da cidade e diz</p><p>exatamente como pretende ficar após a cirurgia. Ocorre que o resultado não sai como esperado; nesse</p><p>caso, o cirurgião plástico pode ser responsabilizado? Deverá indenizar a paciente? Por qual valor?</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações civis e naturais</p><p>I. Obrigação civil é a que encontra respaldo no direito positivo – seu cumprimento pode</p><p>ser exigido pelo credor por meio de ação</p><p>II. Obrigação natural: credor não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não está</p><p>obrigado a</p><p>pagar – se o devedor efetua o pagamento de forma voluntária, não tem o</p><p>direito de repeti-lo (não cabe a restituição da quantia paga) – credor pode reter o</p><p>pagamento – único efeito legal da obrigação natural</p><p>▪ CC, art. 564, inc. III (não se revogam por ingratidão doações feitas em cumprimento a</p><p>obrigação natural), art. 814 (dívidas de jogo) e art. 882 (dívida prescrita)</p><p>Obs.1: não é possível revitalizar obrigação natural por novação e não se admite possa ser objeto de</p><p>compensação (ocorre somente entre dívidas vencidas/exigíveis) e não comporta fiança ou ônus reais</p><p>Obs.2: não tem eficácia a simples promessa de cumpri-la – seu pagamento parcial não autoriza o credor a</p><p>reclamar cumprimento do restante</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais (com encargo)</p><p>▪ Elementos acidentais: condição, termo e encargo (modo) – modificam os efeitos naturais</p><p>da obrigação</p><p>I. Obrigações puras e simples – não se sujeitam a condição, termo ou encargo</p><p>II. Obrigações condicionais – efeito está subordinado a um evento futuro e incerto (CC,</p><p>art. 121 a 130)</p><p>III. Obrigações a termo: eficácia está subordinada a evento futuro e certo (data) – termo</p><p>pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem)</p><p>IV. Obrigações modais ou com encargo: não suspende a aquisição ou o exercício do</p><p>direito, salvo se previsto como condição suspensiva (CC, art. 136) Ex.: doação com</p><p>encargo ou nos testamentos; promessa de recompensa e contratos de compra e venda</p><p>de imóvel com ônus de passagem ou utilização por terceiros</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>QUESTÃO</p><p>João e Maria firmam uma obrigação em que o primeiro se compromete a</p><p>pagar o valor de R$800,00 (oitocentos reais) em troca de a segunda dar</p><p>a ele seu celular ou sua câmera. Considere as situações a seguir,</p><p>separadamente uma da outra.</p><p>a) Antes da tradição, Maria briga com o namorado e joga seu celular na</p><p>direção dele. O objeto atinge a parede e cai no chão destruído. Quais os</p><p>desdobramento jurídicos neste caso?</p><p>b) Certo dia, Maria resolve fazer um passeio ao Cristo Redentor e leva a</p><p>câmera para registrar os momentos. Na volta, ela é assaltada e o</p><p>bandido leva a câmera e também seu celular. Quais as consequências</p><p>jurídicas deste ocorrido?</p><p>c) Suponha agora que no momento em que firmaram a obrigação, ficou</p><p>decidido que quem escolheria o objeto a ser entregue seria João.</p><p>Mudaria alguma coisa nos casos anteriores? Explique.</p><p>❑ Obrigações de execução instantânea, diferida e periódica</p><p>▪ Quanto ao momento em que devem ser cumpridas:</p><p>I. Momentâneas (execução instantânea): consumam-se em um só ato – são</p><p>cumpridas imediatamente após sua constituição (Ex.: compra e venda)</p><p>II. De execução diferida: cumprimento deve ser realizado em um só ato, mas</p><p>em momento futuro (entrega de um objeto em determinada data)</p><p>III. De execução continuada (trato sucessivo): cumpre-se por meio de atos</p><p>reiterados (ex.: prestação de serviços; compra e venda a prazo ou em</p><p>prestações periódicas)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações líquidas e ilíquidas</p><p>▪ Obrigação líquida: obrigação certa quanto à sua existência e determinada</p><p>quanto ao seu objeto – expressa por uma cifra, um número</p><p>▪ Obrigação ilíquida: depende de prévia apuração – seu valor é incerto</p><p>❑ CC, art. 397: inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,</p><p>constitui de pleno direito em mora o devedor (se não houver termo, a mora se</p><p>constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações líquidas e ilíquidas</p><p>▪ CC, art. 407: Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos</p><p>juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às</p><p>prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor</p><p>pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes</p><p>▪ CC, art. 369: a compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de</p><p>coisas fungíveis.</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações principais e acessórias</p><p>▪ Principais: subsistem por si – não dependem de qq outra (Ex.: entregar a</p><p>coisa, no contrato de compra e venda)</p><p>▪ Acessórias: têm sua existência subordinada a outra relação jurídica</p><p>(dependem da obrigação principal) – Ex.: fiança, cláusula penal, juros etc.</p><p>▪ Acessório segue o principal: nulidade da obrigação principal implica a</p><p>nulidade das obrigações acessórias – mas a nulidade das acessórias não</p><p>induz a da principal (CC, art. 184, 2ª parte)</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações principais e acessórias</p><p>▪ CC, art. 92: Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;</p><p>acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.</p><p>▪ CC, art. 233: A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela</p><p>embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações com cláusula penal</p><p>▪ Aquelas em que há cominação de uma multa ou pena para o caso de</p><p>inadimplemento ou de atraso do cumprimento da avença</p><p>▪ Cláusula penal tem caráter acessório – meio de coerção</p><p>❑ 2 espécies:</p><p>▪ Compensatória: estipulada para o caso de total inadimplemento da obrigação</p><p>▪ Moratória: destinada a evitar a mora</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações propter rem</p><p>▪ Obrigações híbridas: misto de direito pessoal e direito real</p><p>▪ Recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real – só existe em</p><p>razão da situação jurídica do obrigado (titular do domínio ou detentor de</p><p>determinada coisa)</p><p>▪ Ex.: CC, art. 1.277: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de</p><p>fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde</p><p>dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha</p><p>▪ Ex.: CC, art. 1.315: O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a</p><p>concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar</p><p>os ônus a que estiver sujeita.</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigações propter rem</p><p>▪ CC, art. 1.336, inc. III: São deveres do condômino: (...) III - não alterar a</p><p>forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas</p><p>▪ CC, art. 1.297, §1º: Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios,</p><p>tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou</p><p>banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os</p><p>proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com</p><p>os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as</p><p>despesas de sua construção e conservação.</p><p>Modalidades das obrigações</p><p>❑ Obrigação de dar coisa certa: coisa individualizada, com características</p><p>próprias, móvel ou imóvel – credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber</p><p>outra, ainda que mais valiosa, e nem pode exigir coisa diferente, ainda que</p><p>menos valiosa</p><p>▪ CC, art. 313: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é</p><p>devida, ainda que mais valiosa. (Ex.: comodato – quero de volta a coisa que</p><p>emprestei e não outra, ainda que mais valiosa)</p><p>▪ Mas pode haver concordância do credor em receber uma coisa por outra (Ex.:</p><p>dação em pagamento – entrega de um objeto como pagamento de dívida em</p><p>dinheiro)</p><p>▪ CC, art. 356: O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é</p><p>devida.</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Obrigação de dar coisa certa: confere ao credor simples direito</p><p>pessoal e não real – anteriormente, o adquirente não podia reivindicar a</p><p>coisa, por não ter o seu domínio – devida se contentar com ação de</p><p>perdas e danos</p><p>❑ Atualmente: CPC, art. 538: Não cumprida a obrigação de entregar</p><p>coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de</p><p>busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor,</p><p>conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ CC, art. 233: obrigação de dar coisa certa: abrange os acessórios</p><p>dela, ainda que não mencionados, salvo se o contrário resultar do</p><p>título ou de circunstâncias do caso</p><p>❑ Acessório segue o principal</p><p>▪ Ex.: venda de terreno com árvores frutíferas inclui os frutos</p><p>pendentes; alienação de imóvel</p><p>inclui a dívida tributária; venda de</p><p>veículo abrange os acessórios</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Obrigação de entregar e de restituir: tradição</p><p>▪ A obrigação de dar é cumprida mediante a entrega (ex.: compra e venda) ou</p><p>restituição (comodato)</p><p>▪ No direito brasileiro o contrato por si só não transfere o domínio – apenas gera a</p><p>obrigação de entregar a coisa alienada</p><p>▪ Enquanto não ocorre a tradição, a coisa continuará pertencendo ao devedor</p><p>▪ CC, art. 237: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus</p><p>melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o</p><p>credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.</p><p>▪ Ex.: objeto da obrigação for um animal e este der cria, devedor não é obrigado a</p><p>entregá-la – pelo acréscimo, pode exigir aumento do preço (CC, art. 237, § único)</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Perda ou deterioração da coisa: CC, art. 234 e 238:</p><p>I. Coisa se perde sem culpa do devedor antes da tradição ou pendente condição</p><p>suspensiva – obrigação fica resolvida para ambas as partes (vendedor devolve o</p><p>preço ao comprador, se já se recebeu a coisa – mas não é obrigado a pagar</p><p>perdas e danos)</p><p>❑ Res perit domino – a coisa perece para o dono – continua sendo proprietário até a</p><p>tradição</p><p>❑ Obrigação de restituir coisa certa ao credor: credor será o prejudicado. (Ex.:</p><p>carro emprestado é roubado, a obrigação do comodatário está resolvida (CC, art.</p><p>238) – não responderá por perdas e danos (exceto se estiver em mora: art. 399)</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Perda ou deterioração da coisa:</p><p>II. Coisa se perde com culpa do devedor</p><p>▪ Responsabilidade pelo pagamento das perdas e danos</p><p>▪ Perecimento do objeto: credor tem o direito a receber o equivalente em dinheiro +</p><p>perdas e danos comprovadas</p><p>▪ Perdas e danos: danos emergentes e lucros cessantes</p><p>▪ CC, art. 234, 2ª parte e art. 239</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Deterioração da coisa: perda parcial da coisa</p><p>▪ Sem culpa do devedor:</p><p>▪ obrigação de entregar:</p><p>I. Credor pode resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o bem</p><p>danificado – partes voltam ao estado anterior</p><p>II. Credor pode aceitar o bem no estado em que se acha, com abatimento do preço,</p><p>proporcional à perda (CC, art. 235)</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ Deterioração da coisa: perda parcial da coisa</p><p>▪ Sem culpa do devedor: obrigação de restituir:</p><p>▪ Credor recebe o bem no estado em que estiver, sem direito a qualquer</p><p>indenização (CC, art. 240)</p><p>▪ Com culpa do devedor: CC, art. 236 e 240, 2ª parte</p><p>▪ Em resumo:</p><p>I. Sem culpa: obrigação é resolvida – partes repostas ao estado anterior sem</p><p>perdas e danos</p><p>II. Com culpa: perdas e danos são devidas e responde o culpado pelo equivalente</p><p>em dinheiro da coisa</p><p>Obrigações de dar</p><p>❑ CC, art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela</p><p>quantidade.</p><p>❑ Coisa incerta: objeto indeterminado, mas não totalmente</p><p>▪ Coisa deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade – falta</p><p>apenas determinar sua qualidade (coisa indeterminada, mas determinável)</p><p>▪ Se faltar o gênero ou a quantidade: indeterminação é absoluta e não haverá</p><p>obrigação. (Ex.: “entregar sacas de café” – falta a quantidade; “entregar dez</p><p>sacas” – falta o gênero) – mas é obrigação de dar coisa incerta: “entregar dez</p><p>sacas de café” – falta somente a qualidade.</p><p>▪ Enquanto a qualidade não for escolhida: coisa permanece incerta</p><p>Obrigações de dar coisa incerta</p><p>❑ Coisa incerta: determinação se dá pela escolha</p><p>▪ CC, art. 244: Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a</p><p>escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da</p><p>obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar</p><p>a melhor.</p><p>▪ Determinação se dá pela escolha – ato unilateral denominado</p><p>concentração</p><p>▪ Feita a escolha e cientificado o credor: coisa torna-se certa – passam a</p><p>vigorar as regras da seção anterior do CC (art. 245)</p><p>Obrigações de dar coisa incerta</p><p>❑ Coisa incerta: determinação se dá pela escolha</p><p>▪ Não basta a escolha: é necessário que ela se exteriorize: a) pela entrega; b)</p><p>pelo depósito em pagamento; c) pela constituição em mora; d) outro ato</p><p>jurídico que importe a cientificação do credor</p><p>▪ Devedor deve escolher (na ausência de disposição contratual diversa) – mas</p><p>não poderá dar a coisa pior e nem será obrigado a prestar a melhor (meio-</p><p>termo entre os congêneres da melhor e da pior qualidade): CC, art. 244</p><p>▪ Determinada a qualidade: a coisa torna-se individualizada: definição somente</p><p>se completa com a cientificação do credor</p><p>Obrigações de dar coisa incerta</p><p>❑ Antes da escolha: devedor não pode alegar perda ou deterioração da coisa,</p><p>ainda que por força maior e caso fortuito (CC, art. 246) – “gênero nunca</p><p>perece”</p><p>▪ Ex.: alguém se obriga a entregar dez sacas de café: não se exime da</p><p>obrigação, ainda que se percam todas as sacas que possui – pode obter no</p><p>mercado o café prometido;</p><p>▪ Ex.: obrigações em dinheiro – devedor não se exonera se perde as cédulas</p><p>que havia separado para solver a dívida.</p><p>Obrigações de dar coisa incerta</p><p>❑ Obrigações de fazer: prestação consiste em atos ou serviços a serem executados pelo</p><p>devedor</p><p>▪ ≠ da obrigação de dar: nesta se admite a entrega por terceiro (CC, art. 305)</p><p>▪ Obrigação de fazer personalíssima: devedor deve cumprir pessoalmente a prestação (intuitu</p><p>personae, infungível ou imaterial) – (CC, art. 247)</p><p>▪ Infungibilidade pode decorrer da natureza da prestação – qualidades artísticas ou</p><p>profissionais do contratado (cirurgião plástico famoso) – ou por convenção</p><p>▪ Quando se trata de serviço cuja execução não depende de qualidades pessoais do devedor:</p><p>obrigação de fazer é impessoal, fungível ou material (CC, art. 249)</p><p>▪ Obrigações de fazer pode derivar de contrato preliminar e consistir em emitir declaração de</p><p>vontade – Ex.: outorgar escritura definitiva em contrato de compra e venda de imóvel</p><p>Obrigações de fazer</p><p>❑ Inadimplemento: impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação de fazer ou recusa em</p><p>executá-la</p><p>a. Sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação, desde que a impossibilidade seja absoluta</p><p>(CC, art. 106)</p><p>b. Com culpa do devedor: perdas e danos (CC, art. 248, 2ª parte)</p><p>▪ Impossibilia nemo tenetur: ninguém pode fazer o impossível – obrigação é resolvida: a) sem</p><p>consequências para o devedor sem culpa e b) com responsabilidade pela satisfação das</p><p>perdas e danos para o culpado</p><p>▪ Ex.: cantor que não comparece a um show em razão de acidente a que não deu causa (sem</p><p>culpa): não responde por perdas e danos, mas deve restituir eventual adiantamento da</p><p>remuneração. Ex.: cantor que não comparece em razão de impossibilidade por ele criada:</p><p>viajou para lugar distante um dia antes do show: responde por perdas e danos</p><p>Obrigações de fazer</p><p>❑ CC, art. 247: incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a</p><p>prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.</p><p>▪ Ex.: ator que se recusa a se apresentar no espetáculo</p><p>▪ Recusa ao cumprimento se resolve em perdas e danos – não se pode constranger o</p><p>devedor fisicamente a executar a obrigação</p><p>▪ CPC, art. 499: A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o</p><p>requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático</p><p>equivalente.</p><p>▪ CPC, art. 536: imposição de multa (astreinte), a busca e apreensão, a remoção de</p><p>pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo,</p><p>caso necessário, requisitar o auxílio de força policial</p><p>▪ CDC (Código de Defesa do Consumidor), art. 84</p><p>Obrigações de fazer</p><p>❑ CC, art. 249: obrigação de fazer fungível – credor pode mandar executá-la à custa do</p><p>devedor, havendo recusa ou mora, sem prejuízo da indenização cabível</p><p>▪ Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou</p><p>mandar executar o fato, sendo depois ressarcido (parágrafo único)</p><p>▪ Para o credor de obrigação de fazer fungível, não importa que a prestação venha a ser</p><p>cumprida por terceiro, a expensas do substituído – interessa-lhe o cumprimento</p><p>▪ Inadimplemento</p><p>da obrigação de emitir declaração de vontade: pode ser proposta ação de</p><p>adjudicação compulsória (se se tratar de compromisso de compra e venda de imóvel</p><p>vendido em prestações, irretratável e irrevogável, ainda que não registrado no CRI – CC, art.</p><p>1.418)</p><p>Obrigações de fazer</p><p>❑ Obrigação de não fazer (ou obrigação negativa) impõe ao devedor um dever de abstenção:</p><p>não praticar o ato que poderia livremente praticar se não se houvesse obrigado (Ex.:</p><p>adquirente se obriga a não modificar o imóvel adquirido; cabeleireira alienante que se obriga</p><p>a não abrir outro salão no mesmo bairro)</p><p>▪ Se o devedor pratica o ato que obrigou a não praticar: torna-se inadimplente – credor</p><p>pode exigir que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado por</p><p>perdas e danos</p><p>▪ Ou o devedor desfaz pessoalmente (e responde por perdas e danos) ou poderá vê-lo</p><p>desfeito por terceiros, por determinação judicial (tb com perdas e danos)</p><p>Obrigações de não fazer</p><p>❑ Credor pode pedir somente perdas e danos: há casos em que apenas isso lhe resta</p><p>(Ex.: alguém que divulga segredo industrial que prometera não revelar) – não há como</p><p>voltar ao statu quo ante</p><p>▪ CC, art. 250: obrigação de não-fazer é extinta se lhe torne impossível abster-se do ato que</p><p>se obrigou a não praticar (sem culpa do devedor) (Ex.: devedor se obriga a não construir</p><p>muro ao redor de seu terreno, mas autoridade pública o obriga a isso)</p><p>▪ Obrigação de não-fazer com prestação tornada impossível – não há perdas e danos</p><p>(ausência de culpa do devedor)</p><p>Obrigações de não fazer</p><p>❑ Obrigações alternativas: compostas pela multiplicidade de objetos – têm por conteúdo</p><p>duas ou mais prestações, mas apenas uma será escolhida para pagamento ao credor e</p><p>liberação do devedor</p><p>▪ ≠ obrigações cumulativas: há uma pluralidade de prestações, mas todas devem ser</p><p>solvidas, sem excluir nenhuma delas, sob pena de ser considerada não cumprida</p><p>▪ ≠ obrigações de dar coisa incerta: (têm um ponto em comum, a escolha, mas na</p><p>obrigação alternativa há vários objetos – apenas um deles deve ser escolhido; na obrigação</p><p>de dar coisa incerta, o objeto é um só, apenas indeterminado quanto à sua qualidade)</p><p>I. obrigação alternativa: escolha recai sobre um dos objetos</p><p>II. obrigação de dar coisa incerta: escolha recai sobre a qualidade</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Direito de escolha: no direito pátrio, o direito de escolha cabe ao devedor, salvo</p><p>disposição em sentido contrário (CC, 252)</p><p>▪ Opção pode ser deferida a terceiros, desde que de comum acordo – se o terceiro não puder</p><p>ou não aceitar a incumbência, caberá ao juiz a escolha (CC, art. 252, §4º)</p><p>▪ Cientificada a escolha, ocorre a concentração</p><p>▪ Com a concentração: fica o objeto da obrigação determinado de forma definitiva, sem</p><p>possibilidade de retratação unilateral – as obrigações alternativas se reduzem a uma só e a</p><p>obrigação torna-se simples</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Direito de escolha: no direito pátrio, o direito de escolha cabe ao devedor, salvo</p><p>disposição em sentido contrário (CC, 252)</p><p>▪ CC, art. 252, §1º: Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma</p><p>prestação e parte em outra – pois o devedor deve uma ou outra</p><p>▪ Ex.: o devedor se obriga a entregar duas sacas de café ou duas sacas de arroz – não</p><p>pode compelir o credor a receber uma saca de café e uma de arroz</p><p>▪ Obs.: se a obrigação for de prestações periódicas – faculdade será exercida em cada</p><p>período (CC, art. 252, §2º) – Ex.: em um dos períodos, entre saca de café, no outro</p><p>somente saca de arroz – mas mesmo aqui não pode misturar um de café com outro de</p><p>arroz.</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Direito de escolha: contrato deve estabelecer prazo para a opção – se não o fizer, o</p><p>devedor será notificado, para ser constituído em mora</p><p>▪ mas a mora não afasta o direito de escolha do devedor, salvo se o contrato dispuser</p><p>que caberá ao credor</p><p>▪ Se escolha cabe ao credor e o contrato não fixar prazo, será ele citado para exercer o seu</p><p>direito, ou aceitar que o devedor faça a escolha, depositando a coisa</p><p>▪ CPC, art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao</p><p>credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não</p><p>constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao</p><p>despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de</p><p>depósito.</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Impossibilidade das prestações</p><p>▪ CC, art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se</p><p>tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra – impossibilidade material (Ex.:</p><p>uma das coisas a que obrigou o devedor não mais ser fabricada)</p><p>▪ Impossibilidade jurídica por ilícito de um dos objetos (praticar um crime, p.ex.) – toda a</p><p>obrigação fica contaminada de nulidade – são inexigíveis ambas as prestações</p><p>▪ Se uma delas, desde o momento da celebração do contrato, não puder ser cumprida em</p><p>razão de impossibilidade física – obrigação, na verdade, é simples (apenas na aparência</p><p>é alternativa)</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Impossibilidade das prestações</p><p>▪ Impossibilidade superveniente e sem culpa do devedor: concentração da dívida se dá na outra, ou nas</p><p>outras (CPC, art. 253)</p><p>▪ Ex.: alguém se obriga a entregar um veículo ou um animal (se animal morrer, concentra-se o débito no veículo)</p><p>I. Impossibilidade de todas as prestações sem culpa do devedor – obrigação é extinta por falta de objeto,</p><p>sem ônus (CC, art. 256)</p><p>II. Impossibilidade por culpa do devedor – cabendo-lhe a escolha, ficará obrigado a pagar o valor da que</p><p>por último se impossibilitou, mais perdas e danos (CC, art. 254): com o perecimento do primeiro objeto, o</p><p>débito se concentrou na que pereceu por último</p><p>III. Impossibilidade por culpa do devedor – mas escolha cabe ao credor: pode o credor exigir o valor de qq</p><p>uma das prestações (e não somente da última, porque a escolha é sua), além das perdas e danos</p><p>IV. Se apenas uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor: credor pode exigir ou a</p><p>prestações subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos (CC, art. 255) – credor não é obrigado a</p><p>ficar com o objeto remanescente, pois a escolha era sua – pode exigir que pretendia escolher justamente o</p><p>objeto que pereceu – opta por exigir seu valor, mais perdas e danos</p><p>Obrigações alternativas</p><p>❑ Compostas pela multiplicidade de sujeitos: tal classificação só oferece interesse jurídico se houver</p><p>pluralidade de credores ou de devedores – havendo um único devedor obrigado a um único credor, a obrigação</p><p>é indivisível (prestação deve ser cumprida por inteiro, seja divisível ou indivisível o seu objeto)</p><p>▪ CC, art. 258: obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis</p><p>de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio</p><p>jurídico</p><p>▪ Ex.: dois devedores prometem entregar duas sacas de café – obrigação é divisível (cada um deve uma saca);</p><p>mas se objeto for cavalo, a obrigação será indivisível, pois não podem fracioná-lo</p><p>▪ CC, art. 87: bens divisíveis - Ex..: partindo-se um relógio em duas partes, cada uma delas não marcará as</p><p>horas; mas uma saca de milho pode ser dividida entre dois indivíduos (depois de dividido, objeto continua a</p><p>existir em seu essência)</p><p>▪ Indivisibilidade decorre, em geral, da natureza das coisas – mas bem naturalmente divisíveis podem se</p><p>tornar indivisíveis por determinação legal – Ex.: CC, art. 1.386 (servidão predial)</p><p>Obrigações divisíveis e indivisíveis</p><p>❑ Divisibilidade e indivisibilidade nas obrigações de dar, fazer e não fazer</p><p>I. Obrigação de dar será divisível ou indivisível, a depender da natureza do objeto – objeto</p><p>divisível (Ex.: entregar dez sacas de café a dois credores, sendo cinco para cada um),</p><p>obrigação também será</p><p>II. Obrigação de fazer: pode dividir-se ou não: (Ex.: fazer uma estátua: indivisível; fazer dez</p><p>estátuas, divisível)</p><p>III. Obrigação não fazer: em geral, são indivisíveis:</p><p>(Ex.: alguém que se obriga a não construir</p><p>além de certa altura – bastará que inicia e construção além da altura convencionada para que</p><p>se torne inadimplente); mas pode ser indivisível: devedor se obriga a não praticar atos</p><p>independentes (Ex.: não vender e não alugar)</p><p>Obrigações divisíveis e indivisíveis</p><p>❑ Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade</p><p>▪ Obrigação divisível: dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores ou</p><p>devedores (CC, art. 257) – cada devedor só deve a sua cota-parte – a insolvência de um não</p><p>aumenta a cota dos demais</p><p>▪ Havendo vários credores e um só devedor, cada credor receberá somente a sua parte – (Ex.:</p><p>Caio se obriga a entregar duas sacas de café a dois credores – cada credor receberá uma</p><p>saca)</p><p>▪ Obrigação indivisível (Ex.: entregar um animal) – cada devedor será obrigado pela dívida</p><p>toda (CC, art. 259) – mas somente porque o objeto não pode ser dividido, sob pena de perecer</p><p>– o que paga a dívida se sub-roga no direito do credor em relação aos outros coobrigados</p><p>(ação regressiva)</p><p>Obrigações divisíveis e indivisíveis</p><p>❑ Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos, em caso</p><p>de perecimento com culpa do devedor (CC, art. 263)</p><p>▪ No lugar do objeto desaparecido o devedor entregará o seu equivalente em dinheiro –</p><p>pode ser dividido</p><p>▪ Se houver culpa de todos os devedores, respondem todos por partes iguais (CC, art. 263,</p><p>§1º)</p><p>▪ Culpa é meramente pessoal: se for culpa de um só, somente esse ficará responsável pelo</p><p>pagamento das perdas e danos – os demais ficam exonerados da responsabilidade – mas</p><p>devem pagar suas cotas (§2º)</p><p>Obrigações divisíveis e indivisíveis</p><p>❑ Obrigações solidárias: há vários devedores e cada um responde pela dívida</p><p>inteira – como se fosse o único devedor</p><p>▪ Credor pode escolher qualquer credor e obrigá-lo a pagar a dívida toda</p><p>▪ Pluralidade de credores: qq deles pode exigir a prestação integral, como se</p><p>fosse o único credor</p><p>▪ CC, art. 264: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de</p><p>um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida</p><p>toda – solidariedade passiva e ativa</p><p>Obrigações solidárias</p><p>❑ Solidariedade não se presume: resulta da lei ou da vontade das partes (CC,</p><p>art. 265)</p><p>▪ Ex.: CC, art. 942, parágrafo único: solidariedade passiva – Ex.: vítima pode</p><p>escolher o patrão para cobrar somente dele o ressarcimento total do dano</p><p>causado por seu empregado</p><p>▪ Ex.: Caio e Tício obrigam-se a entregar 2 sacas de café a alguém (obrigação</p><p>divisível) – se houver cláusula estabelecendo a solidariedade passiva, o credor</p><p>pode cobrar de um deles as 2 sacas – se não houver cláusula, será divisível, e</p><p>o credor somente pode cobrar 1 saca de cada um (solidariedade não se</p><p>presume)</p><p>Obrigações solidárias</p><p>❑ Características das obrigações solidárias:</p><p>I. Pluralidade de credores ou de devedores (ativa ou passiva)</p><p>II. Integralidade da prestação (devedor responde pela dívida toda e qq credor</p><p>pode exigi-la integralmente)</p><p>III. Corresponsabilidade dos interessados (aquele que paga pode reaver dos</p><p>demais as quotas de cada um e o credor que recebe sozinho o pagamento</p><p>fica obrigado perante aos demais, aos quais deve prestar contas pelas quotas</p><p>de cada um)</p><p>▪ Obs.: solidariedade pode advir de ato separado e posterior, desde que faça</p><p>referência à obrigação originária – Ex.: aval e endosso nos títulos de crédito</p><p>Obrigações solidárias</p><p>❑ Semelhanças entre indivisibilidade e solidariedade: em ambos os casos o credor pode exigir de um só</p><p>dos devedores o pagamento da totalidade do objeto devido</p><p>❑ Diferenças entre indivisibilidade e solidariedade:</p><p>a. Cada devedor solidário pode ser compelido a pagar, sozinho, a dívida inteira – é devedor do todo – (Ex.:</p><p>avalista escolhido pelo credor para responder pela execução pode ser condenado a pagar a dívida inteiram</p><p>mesmo havendo um devedor principal e outros avalistas); mas nas indivisíveis, o codevedor só deve a</p><p>sua quota-parte – pode ser obrigado ao pagamento da totalidade do objeto somente porque é</p><p>impossível fracioná-lo (Ex.: devedor do animal deve apenas a sua cota, mas pode ser obrigado a</p><p>responder sozinho por sua entrega, se escolhido pelo credor – em razão da indivisibilidade)</p><p>b. Obrigação indivisível perde essa qualidade se resolvida em perdas e danos (CC, art. 263); já na</p><p>obrigação solidária o objeto não perde sua indivisibilidade se transformado em perdas e danos –</p><p>cada devedor continua responsável pelo pagamento integral do equivalente em dinheiro do objeto perecido</p><p>(Ex.: animal perece por culpa de um dos devedores e obrigação é solidária: qq devedor pode ser obrigado</p><p>a pagar sozinho o equivalente em dinheiro do animal – mas perdas e danos somente pelo culpado (CC,</p><p>art. 263, §2º)</p><p>Obrigações solidárias X Obrigações indivisíveis</p><p>I. Devedor solidário que satisfizer a dívida por inteiro tem direito de exigir de cada</p><p>um dos codevedores a sua quota – divide-se igualmente por todos a cota do</p><p>insolvente, se houver – presumem-se iguais, no débito, as partes de todos os</p><p>codevedores (CC, art. 283)</p><p>II. Dívida solidária interessa exclusivamente a um dos devedores (Ex.: emitente da</p><p>nota promissória) – responde este por toda a dívida para com aquele que pagar (CC,</p><p>art. 285) Ex.: avalista que paga sozinho tem ação regressiva contra o emitente, mas</p><p>contra os outros avalistas somente pode cobrar a cota de cada um.</p><p>III. Qualquer alteração posterior do contrato, estipulada entre um dos devedores</p><p>solidários e o credor que agrave a situação dos demais: só tem validade se for</p><p>realizada com a concordância destes (CC, art. 278)</p><p>Efeitos da solidariedade passiva</p><p>❑ Cessão de crédito: crédito é bem de caráter patrimonial suscetível de</p><p>transferência – cessão de crédito é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor</p><p>transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional – Ex.: comerciante</p><p>transfere seus créditos ao banco.</p><p>▪ Cessão de crédito pode configurar tanto alienação onerosa como gratuita</p><p>▪ Cessão de crédito pode caracterizar dação em pagamento (transferência do</p><p>crédito é feita em pagamento de um dívida)</p><p>▪ Alienação onerosa: semelhante à compra e venda – mas cessão tem por objeto</p><p>bem incorpóreo (crédito) e a compra e venda destina-se à alienação de bens</p><p>corpóreos</p><p>Transmissão das obrigações – Cessão de Crédito</p><p>▪ Credor que transfere seus direitos: cedente</p><p>▪ Terceiro a quem são os direitos transmitidos: cessionário</p><p>▪ Devedor da obrigação: cedido (não participa da cessão – pode ser</p><p>realizada sem sua anuência, mas precisa ser comunicado, para</p><p>pagar para a pessoa certa)</p><p>Transmissão das obrigações – Cessão de Crédito</p><p>▪ Cessão importa em alienação: cedente deve ser pessoa capaz e legitimada a</p><p>praticar atos de alienação – Ex.: CC, art. 1.691</p><p>▪ Objeto da cessão de crédito: todos os créditos podem ser objeto de cessão –</p><p>constem de título ou não, vencidos ou não – salvo se a isso se opuser a</p><p>obrigação, a lei ou a convenção com o devedor (CC, art. 286) – Ex. de créditos</p><p>que não podem ser cedidos: direito ao nome; direito a alimentos; benefício de</p><p>justiça gratuita (Lei 1060/50, art. 10); indenização de acidente do trabalho etc.</p><p>▪ Cessão pode ser total ou parcial e abrange todos os acessórios: Ex.: juros e</p><p>direitos de garantia (CC, art. 287); Ex.: se crédito é garantido por hipoteca:</p><p>cessionário torna-se credor hipotecado; se crédito é garantido por penhor:</p><p>cedente é obrigado a entregar o objeto empenhado ao cessionário.</p><p>Transmissão das obrigações – Cessão de Crédito</p><p>▪ Regra: cessão de crédito não exige forma especial</p><p>▪ Exceção: cessão que tenha por objeto direitos em que a escritura</p><p>pública seja da substância do ato – nesse caso, cessão será por escritura</p><p>pública – Ex.: cessão de crédito hipotecário ou de direitos hereditários</p><p>▪ Obs.: cessão de títulos de créditos é feita por endosso (endosso</p><p>posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anterior – CC, art.</p><p>920)</p><p>Formas da Cessão de Crédito</p><p>▪ CC, art. 290: a cessão do crédito não tem eficácia</p><p>em relação ao devedor,</p><p>senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em</p><p>escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.</p><p>▪ Cessionário ou cedente podem efetuar a notificação do devedor – pode ser</p><p>judicial ou extrajudicial</p><p>▪ Maior interessado em notificar é o cessionário: o devedor fica desobrigado se</p><p>pagar ao credor primitivo antes de saber da cessão (CC, art. 292)</p><p>▪ Se devedor não for notificado: cessão é inexistente para ele e válido será o</p><p>pagamento feito ao cedente – mas se pagar depois de cientificado não se</p><p>desobrigará</p><p>▪ Obrigação solidária: todos os codevedores devem ser notificados</p><p>Notificação do devedor na cessão de crédito</p><p>▪ Citação inicial para ação de cobrança e habilitação de crédito na falência: equivale à</p><p>notificação da cessão</p><p>▪ Há créditos que dispensam a notificação: transmissão obedece forma especial – ex.:</p><p>títulos ao portador: simples tradição manual (CC, art. 904)</p><p>▪ Devedor pode opor ao cessionário exceções que lhe competirem e as que tinha contra o</p><p>cedente no momento em que soube da cessão (CC, art. 294)</p><p>▪ Devedor notificado da cessão não opõe, no momento da cessão, exceções pessoais</p><p>que tiver contra o cedente – não poderá mais arguir contra o cessionário as exceções</p><p>cabíveis contra o primeiro (Ex.: pagamento da dívida, compensação)</p><p>▪ Exceções oponíveis contra o cessionário podem ser arguidas a qq tempo</p><p>Notificação do devedor na cessão de crédito</p><p>▪ CC, art. 295: cedente fica responsável apenas pela existência do crédito ao tempo da cessão</p><p>– cedente que transfere onerosamente título nulo ou inexistente deve ressarcir os prejuízos</p><p>causados ao cessionário</p><p>▪ Obs.: cessão título gratuito: cedente responde somente se tiver procedido de má-fé</p><p>▪ Responsabilidade imposta pela lei ao cedente não se refere à solvência do devedor - pela</p><p>solvência do devedor o cedente não responde – conta e risco do cessionário – salvo</p><p>estipulação em contrário (CC, art. 296)</p><p>▪ Se houver convenção expressa: responsabilidade do cedente limita-se ao que recebeu</p><p>do cessionário (Ex.: crédito de R$ 20.000,00, cedido por R$ 16.000,00, o cessionário só tem</p><p>direito a esta última importância, como os acréscimos)</p><p>Responsabilidade do cedente</p><p>▪ Novidade do CC de 2002: antes, nada impedia sua celebração (autonomia da</p><p>vontade e liberdade contratual)</p><p>▪ Negócio jurídico por meio do qual o devedor transfere a outrem sua</p><p>posição na relação jurídica (Ex.: venda do fundo comércio em que o adquirente</p><p>declara assumir o passivo; cessão de financiamento para aquisição e casa</p><p>própria)</p><p>▪ CC, art. 299: terceiro pode assumir obrigação do devedor, com consentimento</p><p>expresso do credor – devedor primitivo fica exonerado, salvo se o terceiro que</p><p>assumiu a dívida era insolvente ao tempo da assunção e o credor o ignorava</p><p>Assunção de dívida</p><p>▪ Assunção exige consentimento do credor: mas partes pode lhe assinar prazo</p><p>para que consinta – silêncio se interpreta como recusa (CC, art. 299, parágrafo</p><p>único)</p><p>▪ CC, art. 300: salvo consentimento expresso do devedor primitivo, ficam extintas, a</p><p>partir da assunção da dívida as garantias especiais por ele dadas ao credor</p><p>originário</p><p>▪ CC, art. 301: substituição anulada: débito é restaurado com todas suas garantias,</p><p>salvo as que foram prestadas por terceiros (exceto se sabia do vício)</p><p>▪ CC, art. 303: adquirente de imóvel hipotecado pode assumir o pagamento do</p><p>crédito garantido – se o credor não impugnar em 30 dias a transferência do débito,</p><p>entende-se dado o consentimento</p><p>Assunção de dívida</p><p>▪ Obrigações nascem de diversas fontes: lei, contrato, declarações unilaterais de</p><p>vontade e atos ilícitos</p><p>▪ Obrigações vivem por várias modalidades: dar, fazer, não fazer</p><p>▪ Obrigações morrem pelo pagamento, em regra.</p><p>▪ Pagamento, para o CC, não é somente a solução em dinheiro – execução de qq.</p><p>espécie de obrigação (Ex.: escultor que entrega a estátua encomendada; pintor que</p><p>realiza o trabalho etc)</p><p>▪ Pagamento é adimplemento da obrigação</p><p>Pagamento – Noções e espécies</p><p>I. Meio normal de extinção da obrigação: pagamento (direto ou indireto)</p><p>▪ Meios indiretos de pagamento: pagamento por consignação, novação, compensação,</p><p>transação etc.</p><p>II. Meios anormais de extinção das obrigações: impossibilidade de execução</p><p>sem culpa do devedor; advento do termo; prescrição; nulidade ou anulação etc.</p><p>Obs.: a) pagamento voluntário; b) pagamento por meio de execução forçada (sentença</p><p>judicial)</p><p>Pagamento – Noções e espécies</p><p>I. Existência de vínculo obrigacional: se não existe, o pagamento é indevido e</p><p>obriga à restituição de quem o recebeu</p><p>II. Intenção de solver o vínculo (animus solvendi): não basta entregar numerário ao</p><p>credor com outra intenção que não a de pagar</p><p>III. Cumprimento da prestação:</p><p>IV. Pessoa que efetua o pagamento: deve ser feito pelo devedor, por seu sucessor</p><p>ou por terceiro (CC, ar. 304/305) – feito por erro – dá ensejo à repetição de</p><p>indébito</p><p>V. Pessoa que recebe o pagamento: credor, sucessor ou quem de direito os</p><p>represente (CC, art. 308) – pagamento feito a quem não desfruta de nenhuma</p><p>dessas qualidades é indevido e dá direito à repetição</p><p>Pagamento – Requisitos de validade</p><p>▪ CC, art. 304: qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la – se o</p><p>credor se opuser, pode usar dos meios conducentes à exoneração do devedor</p><p>▪ Interessado: quem tem interesse jurídico na extinção da dívida (fiador, avalista,</p><p>solidariamente obrigado, herdeiro, adquirente do imóvel hipotecado, sublocatário</p><p>etc.) – podem ter seu patrimônio afetado se o pagamento não ocorrer</p><p>▪ Principal interessado : devedor – mas quem se encontra em algumas situações</p><p>(fiador, p. ex.) são a ele equiparados e têm legítimo interesse no cumprimento da</p><p>obrigação – pode efetuar o pagamento e se subrrogar nos direitos do credor (CC,</p><p>art. 346, inc. III)</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ Subrrogação: transfere a quem pagou todos os direitos, ações, privilégios e</p><p>garantias do primitivo credor em relação à dívida contra o devedor principal e os</p><p>fiadores (CC, art. 349)</p><p>▪ Recusa do credor em receber o pagamento oferecido pelo devedor ou pelo</p><p>interessado – nasce o direito de promover a consignação</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ Não é somente o devedor ou terceiro interessado que pode fazer o pagamento</p><p>▪ Terceiros não interessados que não tem interesse jurídico, mas sim interesse</p><p>moral na solução da dívida – Ex.: pai que paga a dívida do filho; interesse</p><p>decorrente da amizade ou de relacionamento amoroso</p><p>▪ CC, art. 304, parágrafo único</p><p>▪ Terceiros não interessados podem consignar o pagamento em caso de recusa do</p><p>credor em receber – desde que o façam em nome e por conta do devedor</p><p>(representante ou gestor de negócios) – legitimação extraordinária – parte final</p><p>do art. 6º do CPC.</p><p>▪ Terceiros interessados não podem consignar em seu próprio nome por falta de</p><p>interesse</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ Terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome tem direito a reembolsar-se</p><p>do que pagar – mas não se subrroga nos direitos do credor (CC, art. 305)</p><p>▪ 3º interessado que efetuar pagamento antes de vencida a dívida – somente terá direito ao</p><p>reembolso no vencimento (CC, art. 305, parágrafo único)</p><p>▪ CC, art. 305: 3º interessado que paga em nome e por conta do devedor não tem direito a</p><p>reembolso – (doação)</p><p>▪ Credor não pode recusar o pagamento por terceiro: salvo se houver cláusula expressa no</p><p>contrato proibindo ou se tratar de obrigação personalíssima.</p><p>▪ Devedor não pode se opor ao pagamento de sua dívida por 3º interessado, se o credor</p><p>desejar receber</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ Se não houver cláusula proibindo: admite-se o pagamento por terceiro, apesar da oposição ou</p><p>desconhecimento do devedor</p><p>▪ CC, art. 306: se devedor tiver meios para ilidir a ação (prescrição, decadência, compensação,</p><p>novação etc.) – não ficará obrigado a reembolsar aquele que pagou</p><p>▪ 3º tem direito ao reembolso até a importância que realmente aproveite ao devedor: Ex.: dívida</p><p>=</p><p>R$ 100.000,00 e devedor compensou R$ 50.000,00 – se 3º pagar 100.000, terá direito apenas a</p><p>50.000,00 de reembolso.</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ CC, art. 307: Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade,</p><p>quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.</p><p>▪ Casos em que o pagamento da obrigação consistir na entrega de algum objeto (Ex.: dação</p><p>em pagamento) – pagamento somente terá eficácia se feito por quem tinha capacidade</p><p>para alienar</p><p>▪ Mas se a coisa entregue ao credor for fungível e este a tiver recebido de boa-fé e a</p><p>consumido – pagamento terá eficácia – restará ao verdadeiro proprietário voltar-se a quem</p><p>a entregou indevidamente (CC, art. 307, parágrafo único)</p><p>Pagamento – De quem deve pagar</p><p>▪ CC, art. 308: pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o</p><p>represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto</p><p>reverter em seu proveito.</p><p>▪ Obs.: também pode ser efetuado aos sucessores do credor – substituem o</p><p>credor na titularidade do crédito (herdeiro, legatário, cessionário e sub-</p><p>rogado etc)</p><p>▪ Nem sempre quem paga mal paga duas vezes: pagamento é válido se feito a</p><p>terceiro, se for ratificado pelo credor ou se reverter em seu proveito</p><p>Pagamento – A quem se deve pagar</p><p>▪ 3 espécies de representantes do credor:</p><p>a. legal (decorre de lei – pais, tutores e curadores);</p><p>b. judicial (nomeado pelo juiz – inventariante, síndico da falência);</p><p>c. convencional (recebe mandato do credor, com poderes especiais para</p><p>receber e dar quitação)</p><p>▪ CC, art. 301: mandato tácito – quem se apresenta ao devedor portando quitação assinada</p><p>pelo credor – presunção relativa</p><p>Pagamento – A quem se deve pagar</p><p>▪ Válido o pagamento feito ao credor putativo: quem aparenta ser credor (Ex.:</p><p>herdeiro aparente) (Ex.: único herdeiro de alguém é o seu sobrinho, e este</p><p>recebe o pagamento, mas depois se descobre outro herdeiro testamentário)</p><p>▪ CC, art. 309: O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda</p><p>provado depois que não era credor.</p><p>▪ Ex.: locador aparente: credor putativo – recebe o aluguel do locatário de boa-</p><p>fé – a boa-fé valida atos nulos – o verdadeiro credor deve se voltar contra o</p><p>credor putativo, porque o devedor de boa-fé nada mais deve.</p><p>Pagamento – A quem se deve pagar</p>