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Processo Penal – Ação Penal 
 
● Conceitos Iniciais: 
A ação penal pode ser compreendida como o direito público subjetivo de 
solicitar ao Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso 
concreto. Trata-se de um procedimento judicial iniciado pelo titular da ação 
quando existem indícios de autoria e materialidade, com o objetivo de que o 
juiz reconheça e defira a pretensão punitiva estatal. 
Existem diferentes espécies de ação penal, divididas em de titularidade pública 
e de titularidade privada. A ação penal pública é promovida pelo Ministério 
Público, enquanto a ação penal privada é exercida pelo próprio ofendido ou por 
seu representante legal. 
A ação penal pública pode ser classificada em três modalidades. A ação penal 
pública incondicionada é aquela em que o Estado pode iniciar a persecução penal 
sem a necessidade de provocação, bastando existir indícios suficientes para a 
investigação. Já a ação penal pública condicionada depende de determinadas 
condições, que podem ser: (1) a representação do ofendido, quando este 
precisa manifestar expressamente seu interesse em ver o ofensor responder 
pelo crime — casos típicos incluem estelionato, perseguição (stalking) e ameaça; 
ou (2) a requisição do Ministro da Justiça, hipótese rara, aplicável a crimes 
contra a ordem política e administrativa, como aqueles contra a ordem do 
Presidente da República. Por fim, existe a ação penal subsidiária da pública, 
prevista por alguns autores no art. 2º, inciso II, do Decreto-Lei nº 201/67, 
relacionada a crimes de responsabilidade praticados por prefeitos e vereadores, 
que permite ao ofendido ou interessado substituir o Ministério Público caso este 
não proponha a ação. 
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A ação penal privada, por sua vez, é exercida por meio da queixa-crime, 
proposta pelo advogado ou defensor público do ofendido. Essa modalidade pode 
se dividir em: (1) ação penal privada exclusiva ou propriamente dita, em que 
outros indivíduos, além do ofendido, podem propor a queixa; (2) ação penal 
privada personalíssima, exclusiva do próprio ofendido; e (3) ação penal privada 
subsidiária da pública, cabível quando o Ministério Público se mantém inerte, 
permitindo ao ofendido iniciar a ação. 
No tocante à forma processual, a peça inicial da ação penal pública é a denúncia, 
enquanto na ação penal privada é a queixa-crime. 
● Ação Penal Pública e de Iniciativa Privada: 
A ação penal pode ser classificada em ação pública e ação de iniciativa privada, 
conforme estabelece o Código Penal e o Código de Processo Penal. O artigo 100 
do Código Penal dispõe que, em regra, a ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
A ação penal pública é promovida pelo Ministério Público e, em alguns casos 
previstos em lei, depende da manifestação do ofendido por meio de 
representação ou de requisição do Ministro da Justiça. Já a ação penal de 
iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha 
qualidade para representá-lo. A doutrina acrescenta que, em casos específicos, o 
companheiro também possui essa prerrogativa — memorizada pelo acrônimo 
“CCADI” (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente e irmão). 
O Código Penal também estabelece que, nos crimes de ação pública, caso o 
Ministério Público não ofereça denúncia no prazo legal, a ação poderá ser 
intentada pelo ofendido, caracterizando a ação penal privada subsidiária da 
pública. No entanto, é importante destacar que, se o Ministério Público entende 
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que não há motivo para oferecer denúncia e determina o arquivamento do 
processo, não se configura inércia, e portanto, não haverá possibilidade de 
ação privada subsidiária. 
Em caso de morte do ofendido ou declaração de ausência por decisão judicial, o 
direito de oferecer queixa ou prosseguir com a ação penal passa ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão, conforme prevê tanto o Código Penal (art. 
100, §4º) quanto o Código de Processo Penal (art. 24, §1º e art. 31). 
O Código de Processo Penal detalha que, nos crimes de ação pública, a 
persecução será promovida por denúncia do Ministério Público, podendo 
depender, conforme a lei, de requisição do Ministro da Justiça ou de 
representação do ofendido. Além disso, estabelece que, independentemente do 
crime, quando este for praticado contra o patrimônio ou interesse da União, 
Estado ou Município, a ação penal será sempre pública. 
O artigo 29 do Código de Processo Penal ainda prevê que será admitida ação 
privada nos crimes de ação pública se esta não for intentada no prazo legal. 
Nesse caso, o Ministério Público poderá aditar a queixa, repudiá-la ou oferecer 
denúncia substitutiva, intervir em todos os atos processuais, fornecer provas, 
interpor recursos e retomar a ação, caso perceba negligência por parte do 
querelante. 
Por fim, o Código estabelece que caberá ao ofendido ou a quem tenha qualidade 
para representá-lo intentar a ação privada (art. 30), reforçando o direito de 
seus sucessores em caso de morte ou ausência do ofendido. 
● Princípios Gerais da Ação Penal: 
Os princípios gerais da ação penal constituem garantias fundamentais previstas na 
Constituição Federal, assegurando que o processo penal observe regras mínimas de 
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justiça, proteção dos direitos individuais e efetividade do Estado de Direito. Entre 
esses princípios destacam-se: 
1. Princípio do Devido Processo Legal — previsto no artigo 5º, inciso LIV, da 
Constituição, garante que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem 
observância das normas processuais legais, assegurando um julgamento justo e 
conforme a lei. 
 
2. Princípio do Contraditório e Princípio da Ampla Defesa — previstos no artigo 
5º, inciso LV, asseguram aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral, o direito de se manifestarem sobre todas as provas e 
argumentos apresentados contra si, utilizando meios técnicos de defesa ou 
autodefesa. 
 
3. Princípio da Vedação de Prova Ilícita — previsto no artigo 5º, inciso LVI, 
estabelece que são inadmissíveis, no processo, provas obtidas por meios ilícitos, 
garantindo a legitimidade da prova apresentada em juízo. 
 
4. Princípio da Presunção de Inocência — previsto no artigo 5º, inciso LVII, 
determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. Esse princípio também está reforçado pelo Pacto 
de São José da Costa Rica, no artigo 8º, que assegura que toda pessoa acusada 
de delito seja presumida inocente até prova legal em contrário. 
 
5. Princípio “in dubio pro reo” (favor rei) — previsto no artigo 386, inciso VII, do 
Código de Processo Penal, assegura que, na ausência de prova suficiente, o juiz 
deve absolver o réu, garantindo que a dúvida beneficie o acusado. 
 
6. Princípio da Duração Razoável do Processo — previsto no artigo 5º, inciso 
LXXVIII, assegura a todos os litigantes uma tramitação célere dos processos 
judiciais e administrativos, evitando demora excessiva na resolução das 
demandas. 
 
7. Princípio do “nemo tenetur se detegere” — previsto no artigo 5º, inciso LXIII, 
garante ao preso o direito de permanecer calado, bem como o direito à 
assistência da família e de advogado, assegurando que não seja obrigado a 
produzir prova contra si mesmo. 
 
8. Princípio do Juiz Natural — previsto no artigo 5º, incisos XXXVII e LIII, 
garante que ninguém será processado ou sentenciado por juízo ou tribunal de 
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exceção, assegurando que o julgamento seja realizado pela autoridade 
competente previamente estabelecida por lei. 
 
9. Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição e da Correlação — previsto no 
artigo 5º, inciso XXXV, assegura que nenhuma lesão ou ameaça a direito ficará 
sem apreciação pelo Poder Judiciário. 
 
10. Princípio da Igualdade Processual (Paridade de Armas) — previsto no artigo 5º, 
assegura que todos são iguais perante a lei, garantindo inviolabilidade dos 
direitos à vida,liberdade, igualdade, segurança e propriedade. 
 
11. Princípio da Intranscendência — previsto no artigo 5º, inciso XLV, determina 
que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, embora possa haver 
obrigação de reparação do dano ou perda de bens, até o limite do patrimônio 
transferido aos sucessores. 
 
12. Princípio da Motivação das Decisões Judiciais — previsto no artigo 93, inciso 
IX, exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, garantindo 
transparência e possibilidade de contestação. 
 
13. Princípio da Identidade Física do Juiz — previsto no artigo 399, §2º, assegura 
que o juiz que presidir a fase de instrução deverá proferir a sentença, 
garantindo continuidade e imparcialidade no julgamento. 
 
14. Princípio da Persuasão Racional ou do Livre Convencimento Fundamentado — 
previsto no artigo 155, garante que o juiz formará sua convicção a partir das 
provas produzidas em contraditório judicial, não podendo se basear 
exclusivamente em informações preliminares obtidas na investigação, salvo 
exceções legais. 
 
15. Princípio da Imparcialidade do Juiz — previsto no artigo 8º, assegura que toda 
pessoa tenha direito a ser ouvida por um juiz independente, imparcial e 
previamente estabelecido por lei. 
 
16. Princípio do “ne/non bis in idem” — previsto no artigo 8º, estabelece que o 
acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser processado 
novamente pelos mesmos fatos. 
 
● Princípios da Ação Penal Pública: 
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● 1 - Princípio da Obrigatoriedade — previsto na Constituição e na legislação 
processual, determina que o Ministério Público é obrigado a oferecer a denúncia 
sempre que houver prova de materialidade e indícios de autoria. Contudo, esse 
dever pode ser mitigado em situações específicas, como nos casos de infração 
de menor potencial ofensivo, quando o agente pode receber uma transação 
penal ou celebrar um acordo de não persecução penal (ANPP). 
 
● 2 – Princípio da Indisponibilidade — estabelece que o Ministério Público não 
pode desistir da ação penal após oferecida a denúncia. Esse princípio assegura 
que a ação penal pública não esteja sujeita à vontade individual do representante 
do Ministério Público. No entanto, ele não impede que o Ministério Público peça a 
absolvição do acusado, mas veda a concessão de perdão ao infrator. 
 
● 3 - Princípio da Oficialidade — significa que o Ministério Público, como titular 
da ação penal pública, está vinculado a um órgão oficial, atuando sempre em nome 
do Estado e garantindo a representação da sociedade na persecução penal. 
 
Já na ação penal privada, também existem princípios específicos, que conferem maior 
autonomia ao ofendido: 
1. Princípio da Oportunidade — garante ao titular da ação privada a faculdade de 
decidir se ingressará ou não com a queixa-crime. Essa escolha é inteiramente 
discricionária, cabendo exclusivamente ao ofendido avaliar a conveniência de 
iniciar o processo. 
 
2. Princípio da Disponibilidade — confere ao ofendido o direito de desistir da ação 
penal privada, a qualquer momento, ainda que esta já tenha sido proposta. Isso 
reflete a natureza personalíssima dessa modalidade de ação penal. 
 
3. Princípio da Indivisibilidade — estabelece que a ação penal privada deve 
abranger todos os envolvidos na infração penal, não sendo possível limitar a 
persecução apenas a alguns dos agentes responsáveis pelo delito. 
 
● Denúncia: 
A denúncia constitui a peça inicial da ação penal pública e deve atender a 
requisitos formais previstos no Código de Processo Penal. De acordo com o artigo 
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41, ela deve conter a exposição do fato criminoso com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou elementos suficientes para sua 
identificação, a classificação jurídica do crime e, quando necessário, o rol de 
testemunhas, cujo número pode variar conforme o caso. Além disso, é 
fundamental que a denúncia observe prazos legais específicos. 
Conforme o artigo 46 do Código de Processo Penal, quando o réu estiver preso, o 
Ministério Público dispõe de cinco dias para oferecer a denúncia, contados da 
data em que receber os autos do inquérito policial. Se o réu estiver solto ou 
afiançado, o prazo será de quinze dias. No caso de devolução do inquérito à 
autoridade policial, o prazo volta a contar a partir da data de seu novo 
recebimento. Quando o Ministério Público dispensa a instauração do inquérito 
policial, o prazo será contado da data em que tiver recebido as peças de 
informação ou a representação. 
No âmbito da ação penal pública condicionada, a denúncia depende de uma 
condição de procedibilidade, que, em regra, é a representação da vítima. Essa 
representação deve ser apresentada em até seis meses, sob pena de 
decadência, podendo haver retratação por parte do ofendido até o 
oferecimento da denúncia. Inclusive, é possível a retratação da retratação, 
desde que não tenha ocorrido a extinção da punibilidade. Segundo o artigo 24 do 
Código de Processo Penal, nos crimes de ação pública, a denúncia será 
promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei exigir, de 
requisição do Ministro da Justiça ou de representação do ofendido ou de 
quem tenha qualidade para representá-lo. O §1º desse artigo estabelece que, 
no caso de morte do ofendido ou de sua declaração de ausência judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Além 
disso, o §2º afirma que, independentemente do crime, se este for cometido em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado ou Município, a ação 
penal será sempre pública. 
O artigo 25 determina que a representação se torne irretratável depois de 
oferecida a denúncia. Já o artigo 39 disciplina como a representação pode ser 
exercida, seja pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, por 
declaração escrita ou oral ao juiz, ao Ministério Público ou à autoridade policial. 
A representação deve conter informações que possibilitem a apuração do fato e 
da autoria. Quando recebida, a autoridade policial dará início ao inquérito ou 
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remeterá o caso à autoridade competente. Se o Ministério Público entender 
dispensar o inquérito, ele poderá oferecer a denúncia no prazo de quinze dias, 
desde que haja elementos suficientes. 
Além da representação da vítima, outra condição de procedibilidade possível é a 
requisição do Ministro da Justiça, necessária para determinados crimes em 
razão da natureza do objeto jurídico da tutela penal, como crimes políticos 
contra a honra ou situações de extraterritorialidade. Essa requisição é um ato 
administrativo discricionário, não possui prazo decadencial e não admite 
retratação. 
● Queixa-crime: 
A ação penal privada é aquela em que o titular da ação é o próprio ofendido ou 
seu representante legal, sendo exercida por meio da queixa-crime. Nesse 
procedimento, o ofendido assume o papel de querelante, enquanto o acusado 
figura como querelado. 
A queixa-crime deve respeitar requisitos formais semelhantes aos da denúncia, 
conforme previsto no artigo 41 do Código de Processo Penal, devendo conter: (1) 
nome e qualificação das partes; (2) descrição do fato criminoso com todas as 
suas circunstâncias; (3) classificação jurídica do fato; e (4) apresentação do 
rol de testemunhas, cujo número pode variar conforme o caso. De acordo com o 
artigo 44, a queixa poderá ser apresentada por procurador com poderes 
especiais, devendo constar no instrumento do mandato o nome do querelante 
e a descrição do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem 
de diligências que devem ser previamente requeridas ao juízo criminal. 
O direito de oferecer queixa é sujeito a prazo decadencial. Conforme o artigo 
38 do Código de Processo Penal, salvo disposição em contrário, o ofendido ou 
seu representante legal decairá no direito de queixa ou representação se 
não o exercer dentro do prazo de seis meses, contados do dia em que vier a 
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do artigo 29, do dia em que se 
esgotar o prazopara oferecimento da denúncia. Essa decadência está prevista 
também no artigo 103 do Código Penal. O artigo 104 acrescenta que o direito de 
queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente, sendo 
que a renúncia tácita ocorre pela prática de ato incompatível com a vontade de 
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exercê-lo. Receber indenização do dano causado pelo crime, no entanto, não 
caracteriza renúncia. 
A ação penal de iniciativa privada possui alguns princípios e particularidades 
importantes: 
1. Decadência — perda do direito de queixa quando não exercido dentro do 
prazo legal de seis meses. 
 
2. Indivisibilidade — a queixa proposta contra um dos coautores ou 
partícipes implica ação penal contra todos eles. 
 
3. Renúncia — desistência da ação antes do seu ajuizamento, configurando 
ato unilateral do querelante. 
 
4. Perdão — desistência da ação já ajuizada, caracterizando ato bilateral. 
Conforme o artigo 105 do Código Penal, o perdão do ofendido, nos crimes 
de ação penal privada, impede o prosseguimento da ação. O artigo 106 
detalha que o perdão, expresso ou tácito, beneficia todos os querelados 
se concedido a qualquer deles; não prejudica o direito dos demais 
ofendidos se concedido por apenas um deles; e não produz efeito se 
recusado pelo querelado. O perdão tácito decorre de ato incompatível 
com a vontade de prosseguir na ação, sendo vedado após o trânsito em 
julgado da sentença condenatória. 
 
5. Perempção — extinção da ação penal em razão da inércia do querelante. 
Está prevista no artigo 60 do Código Penal, ocorrendo nos seguintes casos: 
 I. quando o querelante deixar de promover o andamento do processo por 
trinta dias consecutivos; 
 II. quando, falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, 
ninguém comparecer em juízo para prosseguir no processo dentro de 
sessenta dias; 
 III. quando o querelante deixar de comparecer, sem justificativa, a 
qualquer ato processual ou de formular pedido de condenação nas 
alegações finais; 
 IV. quando sendo pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
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Além disso, existem modalidades específicas da ação penal privada: 
● Ação Penal Privada Subsidiária — ocorre quando o Ministério Público não 
oferece denúncia dentro do prazo previsto em lei. Nesse caso, o ofendido 
pode apresentar uma “queixa subsidiária”, que também está sujeita ao 
prazo decadencial. 
 
● Ação Penal Privada Personalíssima — caracterizada pela titularidade 
única e exclusiva do ofendido, não podendo ser transferida. Um exemplo é 
o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, 
previsto no artigo 236 do Código Penal. 
 
● Rejeição da peça acusatória: 
A rejeição da peça acusatória é prevista no Código de Processo Penal como 
medida de controle inicial da ação penal, garantindo que apenas processos com 
condições mínimas de validade prossigam. Conforme o artigo 395, a denúncia ou 
queixa será rejeitada quando: (I) for manifestamente inepta; (II) faltar 
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (III) 
faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
● Condições da ação: 
As condições da ação configuram requisitos essenciais para que o processo 
penal tenha validade e possam ser apreciadas pelo Poder Judiciário. Essas 
condições são: 
1. Legitimidade de parte — refere-se à titularidade da ação penal, ou seja, 
quem tem o direito legal para propor a ação. 
 
2. Interesse de agir — exige que a ação penal seja necessária, adequada e 
útil para atingir seu objetivo, demonstrando que o exercício da ação é 
justificado e relevante. 
 
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3. Possibilidade jurídica do pedido — significa que o fato narrado na peça 
acusatória deve estar amparado pela lei penal como conduta típica e 
punível. Há entendimento doutrinário que também inclui aqui a justa 
causa. 
 
4. Justa causa — representa o lastro probatório mínimo necessário para 
sustentar a ação penal, evidenciando a materialidade do fato e indícios 
suficientes de autoria. 
 
● Ausência de Justa Causa: 
A ausência de justa causa pode ocorrer em três hipóteses principais: 
(I) Atipicidade da conduta — quando o fato narrado não constitui crime segundo 
a lei; 
(II) Presença de causa extintiva da punibilidade — quando existir causa legal 
que impeça a aplicação da pena; 
(III) Ausência de indícios de autoria ou prova da materialidade — quando não 
existirem elementos mínimos que justifiquem a ação penal. 
 
● Pressupostos Processuais: 
Os pressupostos processuais subjetivos referem-se a requisitos ligados às 
pessoas envolvidas no processo: 
1. No caso do juiz — investidura no cargo, imparcialidade e competência. 
 
2. No caso das partes — capacidade de ser parte, capacidade de estar em 
juízo e capacidade postulatória. 
 
Já os pressupostos processuais objetivos referem-se à estrutura e 
regularidade do processo: 
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1. Intrínsecos — adequação formal da denúncia ou queixa, validade da 
citação e regularidade procedimental. 
 
2. Extrínsecos — ausência de causas impeditivas como coisa julgada, 
litispendência e perempção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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