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Processo Civil | Tutela Provisória 
 
● Conceitos Fundamentais: 
A tutela provisória tem por objetivo antecipar um pronunciamento judicial antes da 
decisão final do processo. Ela é concedida de forma sumária, ou seja, não exauriente, e de 
caráter provisório, podendo ser revogada ou modificada a qualquer momento. Um exemplo 
comum é quando uma pessoa necessita de uma cirurgia emergencial: em casos assim, é 
possível requerer a tutela provisória. Sua concessão pode ocorrer a qualquer momento do 
processo — antes da sentença, juntamente com ela ou até mesmo antes do início da ação. 
O Código de Processo Civil (CPC) prevê dois tipos principais de tutela provisória: a tutela 
provisória de urgência e a tutela provisória de evidência. 
A tutela provisória de urgência é utilizada em situações nas quais a demora poderia causar 
um dano irreparável ou comprometer o resultado útil do processo. Para sua concessão, 
são necessários dois requisitos: o fumus boni iuris — que corresponde à verossimilhança das 
alegações ou probabilidade do direito — e o periculum in mora — risco da demora. 
Dentro da tutela de urgência, há subdivisões quanto ao momento em que ela é requerida e ao 
seu objetivo. Quanto ao momento, ela pode ser: 
– Antecedente: requerida antes da ação principal; 
– Incidental: requerida após a ação principal ter sido proposta. 
 
Quanto ao objetivo, a tutela de urgência pode ser: 
– Cautelar: destinada a resguardar a utilidade do processo; 
– Antecipada ou satisfativa: destinada a antecipar os efeitos do provimento final, como no 
caso de pedidos emergenciais, por exemplo, uma cirurgia. 
 
● Disposições Gerais sobre a Tutela Provisória: 
A tutela provisória concedida em caráter incidental — ou seja, após a propositura da 
ação — independe do pagamento de custas processuais. Sua eficácia se mantém durante toda 
a pendência do processo e, como regra, também durante eventual suspensão processual. No 
entanto, ela pode ser revogada ou modificada a qualquer momento, conforme as necessidades 
do caso. 
As decisões que concedem, negam, revogam ou modificam a tutela provisória não são 
tomadas de forma arbitrária pelo juiz. É obrigatória a apresentação de fundamentação, ou 
seja, o juiz deve expor claramente as razões que justificam sua decisão. Quanto ao momento 
de requerer a tutela provisória, ela será pleiteada ao próprio juiz da causa no caso de 
tutela incidental, ou ao juiz competente para o pedido principal no caso de tutela 
antecedente. 
● Disposições Gerais sobre a Tutela de Urgência: 
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A tutela de urgência exige dois requisitos essenciais para sua concessão: o fumus boni iuris, 
que corresponde à verossimilhança das alegações ou probabilidade do direito, e o 
periculum in mora, que corresponde ao risco decorrente da demora. Essa tutela pode ser 
solicitada tanto na forma antecedente quanto incidental, e a pretensão pode ter caráter 
cautelar ou antecipado/satisfativo, sendo vedada em situações de perigo de 
irreversibilidade. 
Ao conceder a tutela de urgência, o juiz pode exigir uma caução, que funciona como garantia 
destinada a ressarcir eventuais danos causados pela medida. Essa caução pode ser de natureza 
real — como a oferta de imóvel ou dinheiro — ou fidejussória, quando um fiador assume a 
responsabilidade pelo cumprimento da obrigação. Contudo, a caução não é obrigatória em 
todos os casos, podendo ser dispensada pelo juiz quando a parte se encontra em situação de 
hipossuficiência econômica. 
A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente, sem ouvir a parte contrária, ou após 
justificação prévia, quando não é possível comprovar os requisitos apenas por meio de 
documentos. 
Por fim, a parte beneficiada pela tutela responde pelo prejuízo decorrente de sua efetivação 
independentemente de eventual reparação processual nas seguintes hipóteses: quando a 
sentença for desfavorável, quando houver concessão de tutela antecipada liminar e a 
parte responsável não providenciar a citação da outra parte no prazo de cinco dias, em 
caso de cessação da eficácia da tutela, ou quando for requerida tutela antecipada e 
constatada decadência ou prescrição. 
● Tutela Antecipada – Caráter Antecedente: 
A tutela antecipada em caráter antecedente é requerida quando a urgência surge já no 
momento da propositura da ação. Nesse caso, a petição inicial pode limitar-se ao 
requerimento da tutela provisória antecipada, acompanhada da indicação do pedido final. 
Esse requerimento deve conter o valor da causa e a pretensão, especialmente quando a parte 
pretende valer-se do benefício da estabilização da tutela. 
Se o juiz conceder a tutela provisória antecipada em caráter antecedente, a parte autora 
deverá aditar a petição inicial no prazo de quinze dias úteis. O aditamento consiste em 
incluir todos os elementos e fundamentos necessários para dar seguimento ao processo. Caso 
a parte não efetue o aditamento nesse prazo, o juiz poderá determinar a extinção do 
processo sem resolução do mérito. 
Por outro lado, se a tutela não for concedida pelo juiz, a parte deverá emendar a petição 
inicial no prazo de cinco dias, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito. 
Concedida a tutela antecipada, o recurso cabível contra a decisão é o agravo de 
instrumento. Se a parte beneficiada não interpuser recurso, haverá a estabilização da tutela, 
ou seja, ela se tornará estável, conservando seus efeitos enquanto não for revista, reformada 
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ou invalidada. Nesse caso, a parte terá um prazo de até dois anos para requerer a revisão 
da tutela estabilizada. 
● Tutela Cautelar – Caráter Antecedente: 
Na tutela cautelar em caráter antecedente, a parte deve indicar claramente a lide, os 
fundamentos e atender aos requisitos necessários para sua concessão, quais sejam o 
fumus boni iuris (FBI) e o periculum in mora (PIM). Se o juiz entender que o pedido possui 
natureza de tutela antecipada, ele verificará se foram cumpridas as exigências legais para sua 
concessão. 
Uma vez deferida a tutela cautelar antecedente, o réu será citado para, no prazo de cinco dias, 
contestar o pedido formulado e apresentar as provas cabíveis. Caso o réu não conteste, 
presume-se que aceitou os fatos alegados pelo autor. Se houver contestação, o processo 
seguirá seu trâmite pelo procedimento comum. 
Quando a tutela cautelar é efetivada, o autor terá o prazo de trinta dias para formular o 
pedido principal nos mesmos autos, sem a necessidade de pagamento de novas custas 
processuais. 
A eficácia da tutela cautelar concedida em caráter antecedente cessará nas seguintes 
situações: 
1. Quando o autor não deduzir o pedido principal dentro do prazo legal; 
 
2. Quando, concedida a tutela, ela não for efetivada em trinta dias; 
 
3. Quando o juiz julgar o pedido principal como improcedente; 
 
4. Quando houver extinção do processo sem resolução do mérito. 
 
É vedada a renovação do pedido cautelar pela parte, salvo se houver novo fundamento para 
tal. Além disso, o indeferimento da tutela cautelar não implica a perda do direito de ação, não 
obstando o prosseguimento do pedido principal e não influindo no julgamento final, salvo nos 
casos em que o indeferimento decorrer do reconhecimento da prescrição ou decadência. 
● Tutela de Evidência: 
A tutela de evidência é uma medida que ocorre no curso do processo e possui 
características específicas. Diferentemente da tutela de urgência, ela não exige a 
demonstração do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, ou seja, não é 
necessário comprovar o periculum in mora. Essa forma de tutela está prevista em 
hipóteses específicas no Código de Processo Civil e só pode ser concedida de forma 
incidental, não sendo cabível em caráter antecedente. 
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As principais hipóteses em que a tutela de evidência pode ser concedida são: 
1. Quando houver abuso do direito de defesa; 
 
2. Quando ficar evidente o propósito protelatório por parte de quem atua no 
processo, visando postergar sua resolução; 
 
3. Quando houver tese firmada emvirtude de casos repetitivos ou súmula 
vinculante, em que as alegações possam ser comprovadas documentalmente; 
 
4. Quando o pedido for reipersecutório (para reaver algo), sendo necessária prova 
documental adequada, como contrato de depósito; 
 
5. Quando, na própria petição inicial, houver prova documental suficiente e o réu 
não consiga apresentar dúvida razoável sobre o conteúdo dessa prova. 
 
Nas hipóteses previstas nos itens 3 e 4, não é necessária a oitiva do réu para a concessão da 
tutela de evidência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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