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Estatística II – Antonio Roque – Aula 10 
 
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Exemplos de Testes de Hipóteses para Médias Populacionais 
 
Vamos considerar exemplos de testes de hipóteses para a média de uma 
população para os dois casos mais importantes na prática: 
• O tamanho da amostra selecionada é grande (maior do que 30); 
• O tamanho da amostra selecionada é pequeno (menor do que 30), mas a 
distribuição populacional é aproximadamente normal. 
 
1. A cervejaria BebeBier vende cervejas em embalagens cujos rótulos indicam 
um conteúdo de 600 ml. O Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) 
seleciona aleatoriamente 50 garrafas de cerveja produzidas pela companhia, 
mede seu conteúdo e obtém uma média amostral igual a 596,25 ml com desvio 
padrão de 14,06 ml. Com um nível de significância de 0,01, teste a hipótese de 
que a cervejaria esta enganando seus consumidores. 
 
O que o INPM quer testar é se a quantidade média de cerveja nas garrafas é 
diferente de 600 ml. Portanto, vai se adotar como hipótese nula a hipótese de 
que a quantidade média de cerveja por garrafa é igual a 600 ml. A hipótese 
alternativa é que a quantidade média de cerveja por garrafa é diferente de 600 
ml: 
H0: µ = 600 ml 
H1: µ ≠ 600 ml. 
 
Portanto, o teste a ser feito é do tipo bilateral. 
 
Como a amostra escolhida é grande (n > 30), o Teorema Central do Limite nos 
diz que a distribuição amostral das médias é aproximadamente normal. 
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Como o desvio padrão da população σ é desconhecido, podemos estimá-lo 
pelo desvio padrão da amostra. Desta forma, a distribuição amostral dos 
volumes médios de cerveja por garrafa será normal com, 
ml; 600=xµ 
.99,1
50
06,14
===
n
s
xσ 
A variável normal reduzida associada a x = 596,25 é: 
z = (596,25 – 600)/1,99 = −1,88. 
Utilizando a tabela da distribuição normal padrão, obtemos que a área sob a 
curva à direita de −z vale 0,5 – 0,4699 = 0,03. 
 
Portanto 
P = 2x0,03 = 0,06. 
 
Como o valor P é maior que 0,01, não se pode rejeitar a hipótese nula. Deve-
se concluir que não há base suficiente para se mover um inquérito contra a 
cervejaria. 
 
O que se deve fazer num caso assim é repetir o estudo com uma nova amostra 
maior. 
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2. Um nutricionista faz propaganda na televisão afirmando: “você perderá 
peso em uma semana seguindo a minha dieta”. O PROCON faz um teste sobre 
esta afirmação selecionando 33 pessoas que se submeteram à dieta do 
nutricionista. Após uma semana de dieta essas pessoas perderam, em média, 
510 g com um desvio padrão de 984 g. Com um nível de significância de 0,05, 
o PROCON pode dizer que a afirmação do anuncio é enganosa? 
 
A afirmação do anuncio diz que o peso médio das pessoas que fazem a dieta 
diminui após uma semana. Representando a média da perda de peso da 
amostra por µ, a afirmação do nutricionista corresponde a dizer que µ > 0. 
Vamos adotar como hipótese nula a afirmação contrária, ou seja, que a média 
da perda de peso é nula ou negativa (note que um valor negativo para a perda 
de peso corresponde, de fato, a um ganho de peso): 
 
H0: µ ≤ 0 g; 
H1: µ > 0 g. 
 
Portanto, temos que fazer um teste unilateral. 
 
Como o tamanho da amostra é grande (maior do que 30), a distribuição 
amostral da perda de peso será aproximadamente normal. Não conhecemos o 
desvio padrão da população de perdas de peso, mas podemos usar o desvio 
padrão da amostra, s, para estimá-lo. 
 
Temos então que a distribuição amostral da perda de peso é normal com 
parâmetros: 
g; 0=xµ 
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g. 29,171
33
984
===
n
s
xσ 
A variável normal reduzida associada a x = 510 g é: 
 
z = (510 – 0)/171,29 = 2,98. 
 
Utilizando a tabela da distribuição normal padrão, obtemos que a área sob a 
curva à direita de z vale 0,5 – 0,4986 = 0,0014. 
 
Portanto 
P = 0,014. 
 
Como o valor P é menor que 0,05, rejeita-se a hipótese nula. As evidencias 
experimentais não permitem dizer que o nutricionista está fazendo propaganda 
enganosa. 
 
3. Pesquisadores coletaram valores de amilase no soro de uma amostra 
aleatória de 15 pessoas aparentemente saudáveis. Os pesquisadores desejam 
saber, com um nível de significância de α = 0,05, se é possível concluir que o 
valor médio de amilase no soro da população de pessoas saudáveis é diferente 
de 120 unidades/ml. O valor médio para a amostra foi de 96=x unidades/ml 
e o seu desvio padrão foi de s = 35 unidades/ml. 
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Como a hipótese que se quer verificar é que µ ≠ 120, a hipótese nula a ser 
adotada é que µ = 120: 
H0: µ = 120 unidades/ml; 
H1: µ ≠ 120 unidades/ml. 
 
O teste a ser feito é bilateral. 
 
Neste caso, o tamanho da amostra é pequeno (menor do que 30), mas é 
razoável supor que a distribuição dos valores de amilase entre a população é 
normal. Portanto, pode-se usar a distribuição t de Student com o desvio padrão 
populacional σ sendo estimado pelo desvio padrão amostral s. 
 
Com os dados fornecidos, obtemos o seguinte valor para t: 
.65,2
04,9
4,2
15
35
12096
−=
−
=
−
=
−
=
n
s
x
t
µ
 
 
Consultando a tabela da distribuição t de Student para gl = n – 1 = 14, vemos 
que na linha para gl = 14 não existe um valor de t igual a –2,65 ou +2,65. 
Porém, existem valores maiores e menores do que 2,65, de maneira que se 
pode calcular um intervalo dentro do qual o valor P deve estar. O valor 2,65 é 
maior que 2,5096, que está na tabela (na linha de gl = 14) e é o valor de t para 
o qual a área pintada abaixo da distribuição t (o valor P) é igual a 0,025. O 
valor 2,65 é menor que 2,9768, que está na tabela (na linha de gl = 14) e é o 
valor de t para o qual o valor P é igual a 0,01. Portanto, o valor P para t = 2,65 
deve estar entre 0,025 e 0,01 (veja a figura a seguir). 
 
0,01 < P < 0,025. 
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O valor P é menor do que 0,05. Logo, deve-se rejeitar a hipótese nula com um 
nível de significância de 0,05. Sendo assim, a conclusão dos pesquisadores 
deve ser a de que o valor médio de amilase no soro da população de pessoas 
saudáveis não é igual a 120 unidades/ml. 
 
4. Um fabricante de pisos afirma que uma lajota de um certo tipo de piso 
produzido por ele pode agüentar um peso superior a 800 kg sem trincar. Uma 
agência de controle de qualidade seleciona uma amostra de 7 lajotas 
produzidas pela fábrica e determina que o peso médio suportado pela amostra 
sem trincar é de 1225,2 kg com desvio padrão de 425,8 kg. Esse estudo 
experimental permite concluir, com um nível de significância de 0,05, que a 
afirmação do fabricante de pisos esta correta? 
 
A afirmação da fábrica de pisos corresponde a dizer que o peso médio 
suportado por uma lajota é maior que 800 kg. Portanto, a afirmação contrária 
será utilizada como hipótese nula: 
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H0: µ ≤ 800 kg; 
H1: µ > 800 kg. 
 
Portanto, o teste a ser feito é do tipo unilateral. 
 
Neste caso, o tamanho da amostra é pequeno (n = 7). Porém, é razoável supor 
que a distribuição dos pesos suportados pelas lajotas é normal. Neste caso, 
podemos usar a distribuição t de Student com o desvio padrão populacional 
sendo estimado pelo desvio padrão amostral. 
 
Temos então que: 
.64,2
7
8,425
8002,1225
=
−
=
−
=
n
s
x
t
µ
 
 
Consultando a tabela da distribuição t de Student para gl = 7 – 1 = 6, vemos 
que não existe o valor 2,64. Existem apenas os números 2,4469, 
correspondendo a um valor de P = 0,05, e 2,9687, correspondendo a um valor 
de P = 0,025. Note que os valores de P dados pela tabela são para um teste 
bilateral (eles são dados pela soma das áreas à esquerda e à direita de – t e t, 
respectivamente). Como no nosso caso estamos interessados em um teste 
unilateral, devemos dividir esses valores de P por 2 para obter a área apenas à 
direita de t.Portanto, temos que: 
2,4469 < t < 2,9687 ⇒ 0,0125 < P < 0,025, 
ou seja, o valor P para o nosso caso é menor que 0,05. Isto implica que a 
hipótese nula deve ser rejeitada. Deve-se concluir que as evidências 
experimentais indicam que as lajotas podem suportar mais que 800 kg. 
 
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5. Em um estudo sobre as condições de saúde de uma certa comunidade, 
entrevistou-se 150 pessoas. Uma das perguntas dizia respeito à quantidade de 
remédios diferentes consumida por cada pessoa no último ano. Para a amostra 
de 150 pessoas, o número meio de remédios consumidos foi de 5,8 com 
desvio padrão de 3,1. Deseja-se saber se esses dados fornecem evidências 
suficientes para indicar que a média do número de remédios diferentes 
consumidos pela comunidade é maior do que 5. Utilize um nível de 
significância de 0,05. 
 
Neste caso, não se sabe se a distribuição do número de remédios consumidos 
pela comunidade é normal ou não. Em situações como esta, deve-se procurar 
tomar amostras grandes (maiores do que 30) e usar o desvio padrão amostral 
para estimar o desvio padrão populacional. Isto é o que foi feito na pesquisa, 
pois a amostra escolhida contém 150 pessoas. Neste caso o Teorema Central 
do Limite garante que a distribuição amostral de x será aproximadamente 
normal. Como σ é desconhecido, usa-se s em seu lugar. 
 
A pergunta feita pelos pesquisadores é se a média populacional é maior do que 
5. A afirmação contrária a esta é a de que a média populacional é menor ou 
igual a 5. Portanto, as hipóteses nula e alternativa para este caso são: 
H0: µ ≤ 5; 
H1: µ > 5. 
 
O teste a ser feito para este caso é unilateral. 
 
Como a distribuição amostral das médias para este caso é aproximadamente 
normal, vamos calcular o valor z: 
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9 
 
.2,3
25,0
8,0
150
1,3
0,58,5
==
−
=
−
=
n
s
x
z
µ
 
 
Para este valor, a tabela da distribuição normal reduzida nos dá que a área a 
direita de z vale 0,5 – 0,49931 = 0,0007. Este é o valor P para este problema. 
Como ele é menor do que α = 0,05, deve-se rejeitar a hipótese nula e 
considerar que as evidências experimentais apóiam a afirmação de que as 
pessoas da comunidade consumiram, no último ano, um número de remédios 
diferentes maior do que 5. 
 
6. O gerente de uma agência bancária afirma que a média dos saldos dos 
clientes da sua agência no fim do mês é positiva, ou seja, que, em média, os 
seus clientes terminam o mês no positivo. Seleciona-se uma amostra aleatória 
de 15 clientes da agência e a média dos seus saldos bancários no fim do mês é 
de – R$ 126,70 com desvio padrão de R$ 84,30. Suponha que a distribuição 
dos saldos dos clientes da agência no fim do mês seja aproximadamente 
normal e teste a afirmação do gerente com um nível de significância de 0,05. 
 
A afirmação do gerente é a de que µ > 0. A afirmação contrária é a de que µ ≤ 
0. Esta será nossa hipótese nula. Portanto: 
 
H0: µ ≤ 0; 
H1: µ > 0. 
 
O teste a ser feito deve ser do tipo unilateral. 
 
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Supondo que a distribuição populacional é aproximadamente normal, mas 
com uma amostra de tamanho pequeno (menor do que 30) devemos usar a 
distribuição t de Student. O valor de t para este caso é: 
 
.82,5
77,21
70,126
15
30,84
070,126
−=
−
=
−−
=t 
 
Procurando na tabela da distribuição t de Student para gl = 15 – 1 = 14, vemos 
que o menor valor que aparece é t = –3,3257. Para este valor, a área sob a 
curva à sua esquerda vale 0,0025 (metade de 0,005). Como –5,82 é menor do 
que –3,3257, a área sob a curva à esquerda de –5,82 será menor do que 0,0025 
(veja a figura abaixo). 
 
Portanto, o valor P para este caso é menor do que 0,05 e a hipótese nula deve 
ser rejeitada. 
 
Isto significa que, mesmo que a média dos saldos da amostra coletada seja 
negativa, isto não constitui evidência estatisticamente significante para se 
concluir que a afirmação do gerente da agência está errada. Pelo contrário, a 
evidência é compatível com a afirmação do gerente de que a média dos saldos 
dos seus clientes ao fim do mês é positiva.