A história começa pela própria vida do autor, Júlio César de Mello e Souza (1985-1974), que maravilhosamente criou um pseudônimo, Malba Tahan, não apenas para título mas como uma experiência viva, com seus credos, costumes, cultura e "vivência".
Leitura leve e fluída, fazendo-me rever muitos conceitos e preconceitos que até então eu tinha sobre a matemática.
Repleto de ensinamentos, parábolas e "improvisos", o livro é separado por contos curtos guiando o leitor por várias aventuras envolvendo cálculos, mas de uma maneira envolvente, simples e exemplificada.
Deveria ser item de leitura obrigatória para todo estudante (de qualquer area/formação) pois "a matemática deve ser útil; não nos esqueçamos, porém, de que essa ciência é, acima de tudo, uma mensagem de Sabedoria e Beleza".*
Finalizo reproduzindo um trecho de um conto, mas que serve como forma de explicitar um dos mais simples segredos da vida:
-"Em verdade, quem não tem, procure adquirir; adquirindo, guarde sem desperdiçar; guardando, aumente convenientemente; aumentando, despenda nos lugares sagrados!"
O Homem Que Calculava, de Malba Tahan, é uma excelente leitura para os que gostam de matemática (como eu) assim como para aqueles que não gostam tanto. A estória é contada do ponto de vista de Hank Tade-Maiá que, em sua viagem de volta a Bagdá, encontra o persa Beremiz Samir. O Bagdali, fascinado pelas habilidades do persa com os números, convida-o para Bagdá, onde tais habilidades seriam adequadamente valorizadas. Esse é o ponto de partida para uma jornada de desafios e mistérios resolvidos pelo domínio da matemática.
Esse livro lembra muito as estórias do Sherlock Holmes: Hank, assim como Dr. Watson, é amigo e testemunha das habilidades de Beremiz que, como Holmes, desvenda inúmeros problemas apresentados a ele como "insolúveis mesmo para os mais sábios". Cada resultado é explicado de forma clara, desmistificando o problema de forma simples. As conclusões do persa, que podem parecer arbitrárias e questionáveis de início, revelam-se óbvias após as ponderações do calculista.
Mas nem só de contas é feito o livro. Entre um desafio e outro, são apresentados fatos curiosos a respeito do grande universo matemático (como a origem do jogo de xadrez, por exemplo) e ensinamentos de moral e respeito mútuo. Como a estória passa-se na Bagdá do século XIII, segue-se a meritocracia, onde as recompensas (e os desafios) são proporcionais à habilidades. A cada desafio solucionado, novos problemas são apresentados, cada um mais complicado que o anterior. Por fim, Beremiz é confrontado pelo desafio do califa Al-Motacém, para poder fazer jus a seu prêmio.
O livro é narrado de forma simples e clara, mas aqueles que não estiverem satisfeitos podem se valer dos apêndices, onde os problemas são melhor detalhados. Os problemas abrangem tanto a álgebra de colégio (como a regra de três), a matemática de faculdade (como a metade de algo que tende ao infinito) e a lógica simples e sem números (como uma divisão de 3 por 2 sem resto ou fração).
Aos que gostam de números, sugiro que, a cada problema, interrompam a leitura e tentem desvendá-lo. É muito interessante descobrir se é tão habilidoso quanto Beremiz. Eu mesmo, que trabalho com números, não consegui solucionar todas as questões de cabeça, precisando de lápis e papel para resolver alguns problemas enquanto outros só entendi depois das explicações do persa.
Este é um clássico nacional que recomendo a quem está no colégio, fazendo vestibular, faculdade ou já tenha se formado (seja em matemática, engenharia, filosofia, letras, ...).
P. M. Zancan
http://ladyweiss.blogspot.com/2011/08/resenha-de-o-homem-que-calculava.html
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