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Seria uma subversão da estrutura organizacional escalonada do Poder Judiciário entregar o julgamento da demanda a um juiz de primeiro grau (AgRg na...

Seria uma subversão da estrutura organizacional escalonada do Poder Judiciário entregar o julgamento da demanda a um juiz de primeiro grau (AgRg na Sd 208/AM). Aqui, tem-se caso de competência originária do tribunal posicionado imediatamente acima daquele ao qual o acusado se encontra vinculado. Porém, havendo cessação da atividade do magistrado por aposentadoria, desaparece o “foro privilegiado”. Nessa mesma esteira, o Supremo Tribunal Federal decidiu que tem competência para o julgamento de ação de improbidade contra um de seus membros (Pet. 3.211/DF). Em outra oportunidade, o STJ entendeu também que por simetria ao que ocorre em relação aos crimes comuns há competência implícita do STJ para julgar originariamente a ação de improbidade administrativa, com possível aplicação da pena de perda do cargo, ajuizada contra governador do Estado (Rcl 2.790). Quanto à legitimidade ativa, somente o Ministério Público pode propor ação de improbidade administrativa. A entidade estatal vítima do ato ímprobo deve ser intimada para, caso queira, intervir no processo (art. 17, § 14). A ausência no feito da pessoa jurídica de direito público não gera, por si, vício processual. É possível o deferimento de medida cautelar de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa nos autos da ação principal sem oitiva do réu, sempre que o contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida (art. 16, § 4º, da Lei 8.429/92; STJ: AgRG no AREsp 460.279/MS). Nos termos do art. 17-B da LIA, com redação dada pela Lei n. 14.230/2021, a ação de improbidade admite celebração de acordo de não persecução cível, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: I – o integral ressarcimento do dano; ou II – a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes privados. Para realização do acordo de não-persecução civil devem ainda ser observados cumulativamente os seguintes requisitos (art. 17-B, § 1º): a) oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à propositura da ação; b) aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da ação; c) homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade administrativa. No bojo do acordo de não persecução, poderá haver previsão de “compliance”, isto é, a adoção de mecanismos e procedimentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas (art. 17-B, § 6º, da LIA). Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que contestem no prazo comum de 30 dias (art. 17, § 7º). Não há mais a figura da defesa prévia (o antigo art. 17, § 7º, foi revogado pela Lei n. 14.230/2021). Cabe lembrar que, tanto na inicial quanto na sentença, para cada ato de improbidade administrativa, deverá necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11. “A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos autoriza o recebimento fundamentado da petição inicial (...) devendo prevalecer, no juízo preliminar, o princípio do in dubio pro societate” (STJ, AgRg no AREsp 604.949/RS; art. 16, § 6º, II, da LIA). Se houver a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 dias. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar o fato principal e a cap