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No livro VII, de A República, Platão se vale do Mito da Caverna e do diálogo entre Sócrates (seu antigo mestre e aqui seu personagem) e Glauco para...

No livro VII, de A República, Platão se vale do Mito da Caverna e do diálogo entre Sócrates (seu antigo mestre e aqui seu personagem) e Glauco para narrar a vida de alguns homens que, na condição de escravos, se encontram presos no interior de uma caverna, dos pés às cabeças, sem que sequer consigam olhar para os lados. Esses mesmos escravos veem imagens projetadas na parede do fundo da caverna, a partir das sombras de objetos que são carregados por outros homens às suas costas, com o uso de títeres (espécie de marionetes). Os homens que carregam tais objetos o fazem entre os escravos e uma pira cujo fogo arde também no interior da caverna. Um dia, um desses escravos se liberta dos grilhões que o mantinha preso. Ele se levanta e, com seus próprios olhos, vê o fogo que ardia às suas costas, quando sofre um incômodo tanto em seu corpo, pelo costume da imobilidade, e em suas vistas. Mas, ainda assim, continua no interior da caverna. Em certo momento, este mesmo homem vislumbra uma luz que vem da entrada da caverna e parte para lá, percorrendo um caminho íngreme. Escala tal caminho, passando por cima do muro sobre o qual as imagens eram carregadas pelos homens com seus títeres. E, tendo chegado à entrada da caverna, vê as coisas que, enquanto estava preso no interior da caverna, somente lhe havia sido reveladas em sombras. Agora, teus olhos ardem mais ainda até que, num dado instante, tem a capacidade de observar o mundo à sua volta. Depois de observar o mundo que se apresenta à sua frente, tal como verdadeiramente é, o homem (ex-escravo) decide retornar ao interior da caverna e contar aos demais homens que lá ainda se encontram presos sobre tudo aquilo que conheceu, mesmo diante do risco de ser zombado, humilhado e até morto por aqueles. Sobre a caverna, lembra Chauí (2002, p. 261), "é o mundo sensível onde vivemos. [...] Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, as quais tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criados por artefatos fabricadoras de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nosso sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética." CHAUí, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 261. Se pudermos estabelecer um paralelo, ou mesmo uma analogia, entre o Mito da Caverna, de Platão, quando se vê os homens presos, dos pés às cabeças, vendo somente as sombras que lhe são projetadas na parede do fundo da caverna, na perspectiva de Chauí (2002) e alguns filósofos que se dedicaram às reflexões acerca da educação, temos o seguinte: 1. Na perspectiva de Kant, o escravo teria saído de sua condição de "menoridade intelectual" e, sendo capaz de mover-se e ver por si mesmo, sem ser tutelado por outra pessoa, consegue atingir o conhecimento. 2. A dialética que faz a quebra dos grilhões e permite ao homem recém liberto escalar o muros e chegar à entrada da caverna é aquela que, em Adorno chama-se de dialética positiva. Uma vez que o homem perceba sua própria condição, histórica aliás, a negatividade dá lugar à mudança, pela emancipação. 3. Na perspectiva educacional de Arendt, os homens presos no fundo da caverna que, vendo somente as sombras das imagens que lhe são projetadas à frente, assim permanecem pois assim desejam, compreendendo, tal como Kant, que aqueles mesmos homens estão numa condição de menoridade e, portanto, são responsáveis por sua própria escolha. 4. A estória do homem no interior da caverna pode ser equiparada à ideia de Foucault sobre a sociedade disciplinar e a docilização dos corpos, graças à posição daquele como escravo e cujo conhecimento, naquele ambiente, dependeria de uma relação hierárquica em função de que detém o saber. 5. Estabelecendo uma relação entre o Mito da Caverna e as teorias crítico-reprodutivistas, podemos dizer que tal mito simboliza o que Bourdieu chama de capital simbólico, ou seja, os homens naquela condição de escravos, presos no fundo da caverna, poderão extrair conteúdos culturais válidos à sua mobilidade social.

Agora, considerando as sentenças apresentadas, assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA:

  • As afirmações 2, 3 e 5 estão corretas.
  • As afirmações 1, 2 e 3 estão corretas.
  • As afirmações 1, 2 e 4 estão corretas.
  • As afirmações 2, 4 e 5 estão corretas.
  • As afirmações 1, 3 e 5 estão corretas.


💡 1 Resposta

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Analisando as sentenças apresentadas, a alternativa correta é: "As afirmações 2, 3 e 5 estão corretas."

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