No final de 2015, um grande incêndio atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Por conta disso, as visitações foram temporariamente inter...

No catálogo da exposição, para explicar as diferenças entre literatura popular e literatura erudita nesses dois textos, alguns elementos que poderiam ser abordados são: 1. Origem e tradição: A literatura popular geralmente tem origem na tradição oral, transmitida de geração em geração, enquanto a literatura erudita é mais associada a escritores consagrados e acadêmicos. 2. Linguagem e estilo: A literatura popular pode apresentar uma linguagem mais coloquial, com expressões regionais e populares, enquanto a literatura erudita tende a utilizar uma linguagem mais formal e elaborada. 3. Temas e personagens: A literatura popular muitas vezes aborda temas do cotidiano, com personagens folclóricos e populares, como Pedro Malazarte, que são reconhecidos pelo seu caráter astuto e malandro. Já a literatura erudita pode explorar temas mais complexos e personagens mais profundos e psicologicamente desenvolvidos. 4. Influências e referências: A literatura popular pode ser influenciada por tradições culturais e folclóricas específicas, enquanto a literatura erudita pode ser influenciada por movimentos artísticos, filosóficos e literários mais amplos. Esses são apenas alguns exemplos de elementos que poderiam ser abordados no catálogo da exposição para destacar as diferenças entre literatura popular e literatura erudita nos textos em questão.

Em ambos os textos, temos o mesmo personagem - Pedro Malazarte, sem dinheiro e sem trabalho. Na literatura popular, são muitas as histórias associadas a ele, que se vale de sua astúcia para conseguir dinheiro sem ter que trabalhar.

Percebemos, então, que o autor erudito Erico Verissmo, no conto, destaca esse personagem popular. No entanto, o modo como a narrativa se apresenta evidencia seus aspectos eruditos.

Nos dois trechos, são referidas aventuras românticas de Malazarte. Enquanto, na versão popular, as atitudes do personagem levam ao riso, porque ele consegue fugir do marido traído, na versão erudita, ele apresenta-se como melancólico e triste, reflexivo, pensativo.

Erico Verissimo evidencia os aspectos psicológicos do personagem - sua decepção ao ser trocado por um homem mais rico.

No cordel, Malazarte também tem problemas com dinheiro - é sustentado pela amante, que não pretende deixar o marido. São enfocadas as ações e as atitudes do personagem e sua habilidade em sair de confusões. O personagem popular aparece em ambas as histórias, porém com traços diferentes:

No texto erudito, busca-se uma reflexão - da parte do leitor - sobre o destino infeliz do personagem.

No texto popular, enfatiza-se a identificação do interlocutor, que provavelmente sentirá imediata empatia pelo personagem.

Quanto à forma, embora nem toda narrativa popular seja em verso, percebemos que o cordelista José Costa Leite enfatiza a rima e o ritmo, bem como uma descrição direta dos acontecimentos, valendo-se, para isso, de expressões e referências da cultura popular, como o "esconjuro" e as referências religiosas.

O texto erudito sugere mais, é mais reticente. O leitor precisa entender os subentendidos e interpretá-lo a seu modo e com base em suas experiências individuais. Há um narrador que comenta e direciona a história e seleciona os diálogos dos personagens.