Respostas
A prerrogativa da autotutela é o poder da administração de exercer controle sobre a legalidade e mérito de seus próprios atos. Através do exercício da autotutela, um ato ilegal pode ser anulado e atos inconvenientes ou intempestivos podem ser revogados. A ação da administração pública deve ser estritamente baseada nos comandos da lei. Em conformidade com o princípio da legalidade, o poder de autotutela é conferido à administração pública, que é responsável por rever seus próprios atos quando estes forem nulos e de nenhum efeito, em conformidade com os princípios inseridos no artigo 37 da Constituição Federal, respeitando o devido processo administrativo e garantias individuais. A princípio da autotutela está previsto na Lei nº 9.784/1999 e nas seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal: a) Súmula 346: "A administração pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos"; b) Súmula 473: "A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial"; c) Lei nº 9.784/1999, artigo 53. A Administração deve anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. No exercício da autotutela, a administração pode agir de ofício ou mediante provocação, podendo anular seus próprios atos quando ilegais ou revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e sujeitos a controle judicial (por outro lado, o Poder Judiciário só pode exercer controle judicial mediante provocação de parte interessada). FORMAS DE EXERCÍCIO DA AUTOTUTELA: 1) Anulação, que alguns preferem chamar de invalidação, é, nas palavras de Maria Sylvia Zanella di Pietro, a desconstituição do ato administrativo por razões de ilegalidade. Como o descumprimento da lei afeta o ato em sua origem, a anulação produz efeitos retroativos à data em que foi expedido (efeitos ex tunc). (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17ª edição. São Paulo: Atlas, 2004, p. 226-227). A invalidação de atos administrativos que tenham efeitos concretos sobre os indivíduos deve ser precedida de processo administrativo regular. 2) Revogação de atos inconvenientes ou intempestivos: a revogação é a forma de desfazer um ato válido, legítimo, que não mais se mostra conveniente, útil ou oportuno. Somente a própria administração pública pode revogar um ato administrativo que não mais lhe interessa, e o Poder Judiciário não pode fazê-lo. A revogação do ato administrativo tem efeito ex nunc, e todas as situações afetadas antes da revogação são válidas. Se a revogação for total, chama-se ab-rogação; se for parcial, chama-se derrogação. 3) Cancelamento: o cancelamento é outra forma de desfazer o ato administrativo na atividade de autotutela, em que o ato administrativo desfaz outro e se fundamenta no descumprimento posterior de requisitos legais do objeto do primeiro ato (exemplo dado por Odete Medauar: "Assim, o cancelamento de um alvará de construção pode se fundamentar no descumprimento do projeto."). MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 1ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p.183). 4) Validade: O exercício da autotutela também inclui a prerrogativa da administração pública de validar o ato administrativo, ou seja, corrigir vícios sanáveis nos atos administrativos que pratica. No entanto, ao lado da anulação, também será possível validar o ato, desde que ele...
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